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DIREITOS 
HUMANOS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Edição 
2022.1 
 
 
 
 
 
 
 
DIREITOS HUMANOS 
APRESENTAÇÃO .......................................................................................................................... 8 
TEORIA GERAL DOS DIREITOS HUMANOS ................................................................................ 9 
1. CONCEITO .............................................................................................................................. 9 
2. TERMINOLOGIA ..................................................................................................................... 9 
2.1. DIREITOS FUNDAMENTAIS ............................................................................................ 9 
2.2. DIREITOS DO HOMEM .................................................................................................. 10 
2.3. LIBERDADES PÚBLICAS E LIBERDADES FUNDAMENTAIS ....................................... 10 
2.4. DIREITOS HUMANOS FUNDAMENTAIS ....................................................................... 10 
3. FUNDAMENTOS DOS DIREITOS HUMANOS ...................................................................... 10 
3.1. NEGACIONISTA ............................................................................................................. 10 
3.2. JUSNATURALISTA ........................................................................................................ 11 
3.3. POSITIVISTA.................................................................................................................. 11 
4. FONTES ................................................................................................................................ 11 
4.1. CONVENÇÕES INTERNACIONAIS ............................................................................... 12 
4.2. COSTUME INTERNACIONAL ........................................................................................ 12 
4.3. PRINCÍPIOS GERAIS DO DIREITO ............................................................................... 13 
4.4. DECISÕES JUDICIAIS E DOUTRINA ............................................................................ 13 
4.5. OUTRAS FONTES ......................................................................................................... 13 
5. CLASSIFICAÇÃO .................................................................................................................. 14 
5.1. CLASSIFICAÇÃO CLÁSSICA – GERAÇÕES DE DIREITOS HUMANOS ...................... 14 
5.1.1. 1ª Geração/Dimensão .............................................................................................. 14 
5.1.2. 2ª Geração/Dimensão .............................................................................................. 14 
5.1.3. 3ª Geração/Dimensão .............................................................................................. 15 
5.2. CLASSIFICAÇÃO CONFORME O DIREITO INTERNACIONAL DOS DIREITOS 
HUMANOS ................................................................................................................................ 15 
5.2.1. Direitos Civis ............................................................................................................ 15 
5.2.2. Direitos Políticos ...................................................................................................... 19 
5.2.3. Direitos Econômicos ................................................................................................ 20 
5.2.4. Direitos sociais ......................................................................................................... 21 
5.2.5. Direitos Culturais ..................................................................................................... 23 
5.3. DIREITOS HUMANOS GLOBAIS ................................................................................... 23 
6. PRINCÍPIOS DE INTERPRETAÇÃO ..................................................................................... 23 
6.1. PRINCÍPIO PRO HOMINE OU PRO PERSONA............................................................. 24 
6.2. PRINCÍPIO DA EFICÁCIA DIRETA OU DA AUTOEXECUTORIEDADE ......................... 24 
6.3. PRINCÍPIO DA INTERPRETAÇÃO AUTÔNOMA ........................................................... 25 
6.4. PRINCÍPIO DA INTERPRETAÇÃO EVOLUTIVA OU DINÂMICA ................................... 25 
6.5. TEORIA DA MARGEM DE APRECIAÇÃO ...................................................................... 25 
7. CARACTERÍSTICAS ............................................................................................................. 25 
7.1. INERÊNCIA .................................................................................................................... 26 
7.2. UNIVERSALIDADE ........................................................................................................ 26 
7.3. INDIVISIBILIDADE E INTERDEPENDÊNCIA ................................................................. 27 
7.4. TRANSNACIONALIDADE............................................................................................... 27 
7.5. PROIBIÇÃO DO REGRESSO OU VEDAÇÃO DO RETROCESSO ................................ 28 
7.6. IMPRESCRITIBILIDADE ................................................................................................ 28 
7.7. INALIENABILIDADE ....................................................................................................... 28 
7.8. IRRENUNCIABILIDADE ................................................................................................. 28 
7.9. EFETIVIDADE ................................................................................................................ 28 
 
. 
7.10. HISTORICIDADE ............................................................................................................ 28 
7.11. LIMITABILIDADE RELATIVIDADE ................................................................................. 28 
7.12. ABERTURA, NÃO TIPICIDADE OU INEXAURIBILIDADE .............................................. 29 
8. EVOLUÇÃO HISTÓRICA ....................................................................................................... 29 
8.1. FASE PRÉ-ESTADO CONSTITUCIONAL ...................................................................... 29 
8.1.1. A Antiguidade Oriental e o esboço da construção de direitos ................................... 29 
8.1.2. A visão grega e a democracia ateniense.................................................................. 29 
8.1.3. A República Romana ............................................................................................... 29 
8.1.4. O Antigo e o Novo Testamento e as influências do cristianismo e da Idade Média .. 30 
8.1.5. Resumo da ideia dos direitos humanos na Antiguidade: a liberdade dos antigos e a 
liberdade dos modernos ......................................................................................................... 30 
8.2. CRISE DA IDADE MÉDIA, INÍCIO DA IDADE MODERNA E PRIMEIROS DIPLOMAS DE 
DIREITOS HUMANOS .............................................................................................................. 30 
8.3. DEBATE DAS IDEIAS DE HOBBERS, GRÓCIO, LOCKE, ROUSSEAU E OS 
ILUMINISTAS ............................................................................................................................ 30 
8.4. FASE DO CONSTITUCIONALISMO LIBERAL E DAS DECLARAÇÕES DE DIREITOS.31 
8.5. FASE DO SOCIALISMO E DO CONSTITUCIONALISMO SOCIAL ................................ 31 
8.6. INTERNACIONALIZAÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS ................................................ 31 
9. PRECEDENTES HISTÓRICOS DO DIREITO INTERNACIONAL DOS DIREITOS HUMANOS 
31 
9.1. DIREITO HUMANITÁRIO ............................................................................................... 31 
9.2. LIGA DAS NAÇÕES .......................................................................................................32 
9.3. ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL DO TRABALHO...................................................... 32 
10. EIXOS DE PROTEÇÃO ..................................................................................................... 32 
10.1. DIREITO INTERNACIONAL DOS DIREITOS HUMANOS .............................................. 32 
10.2. DIREITO INTERNACIONAL HUMANITÁRIO .................................................................. 33 
10.3. DIREITO INTERNACIONAL DOS REFUGIADOS ........................................................... 33 
TEORIA GERAL DOS SISTEMAS INTERNACIONAIS DE PROTEÇÃO DOS DIREITOS 
HUMANOS ................................................................................................................................... 34 
1. ELEMENTOS CARACTERIZADORES .................................................................................. 34 
1.1. NORMAS ........................................................................................................................ 34 
1.2. ÓRGÃOS ........................................................................................................................ 34 
1.3. MECANISMOS DE PROTEÇÃO ..................................................................................... 34 
2. ESPÉCIES DE SISTEMA INTERNACIONAL ......................................................................... 35 
3. PRINCÍPIOS .......................................................................................................................... 35 
3.1. PRINCÍPIO DA COEXISTÊNCIA .................................................................................... 35 
3.2. PRINCÍPIO DA LIVRE ESCOLHA .................................................................................. 35 
3.3. PRINCÍPIO DA SUBSIDIARIEDADE OU DA COMPLEMENTARIEDADE ....................... 35 
3.4. PRINCÍPIO DA COOPERAÇÃO ..................................................................................... 36 
SISTEMA GLOBAL DE PROTEÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS ............................................... 37 
1. EVOLUÇÃO HISTÓRICA ....................................................................................................... 37 
1.1. CARTA DE SÃO FRANCISCO ....................................................................................... 37 
1.2. DECLARAÇÃO UNIVERSAL DE DIREITOS HUMANOS ................................................ 37 
1.3. PACTOS INTERNACIONAIS DE DIREITOS HUMANOS ................................................ 37 
1.4. MECANISMOS DE PROTEÇÃO ..................................................................................... 39 
2. ARQUITETURA NORMATIVA DO SISTEMA GLOBAL.......................................................... 39 
3. ESTRUTURA DA ONU .......................................................................................................... 40 
4. MECANISMOS DE PROTEÇÃO AOS DIREITOS HUMANOS ............................................... 41 
4.1. CONCEITO ..................................................................................................................... 41 
 
. 
4.2. MECANISMOS CONVENCIONAIS x MECANISMOS EXTRACONVENCIONAIS ........... 41 
4.3. MECANISMOS CONVENCIONAIS ................................................................................. 42 
4.3.1. Mecanismos convencionais não contenciosos ......................................................... 43 
4.3.2. Mecanismos convencionais quase-contenciosos ..................................................... 44 
4.3.3. Mecanismos convencional contencioso ................................................................... 44 
4.4. MECANISMOS EXTRACONVENCIONAIS ..................................................................... 45 
4.4.1. Procedimentos especiais ......................................................................................... 45 
4.4.2. Procedimento de queixa .......................................................................................... 45 
4.4.3. Revisão periódica universal ..................................................................................... 46 
5. DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS (DUDH) ....................................... 47 
6. PACTO INTERNACIONAL SOBRE DIREITOS CIVIS E POLÍTICOS ..................................... 50 
6.1. PROTOCOLOS FACULTATIVOS ................................................................................... 57 
6.2. MECANISMO DE PROTEÇÃO: COMITÊ DE DIREITOS HUMANOS ............................. 57 
6.3. CASO LULA ................................................................................................................... 61 
7. PACTO INTERNACIONAL DE DIREITOS ECONÔMICOS, SOCIAIS E CULTURAIS 
(PIDESC) ...................................................................................................................................... 62 
7.1. MECANISMO DE PROTEÇÃO: COMITÊ DE DIREITOS ECONÔMICOS, SOCIAIS E 
CULTURAIS .............................................................................................................................. 65 
7.1.1. Comunicações individuais (queixas ou petições) ..................................................... 65 
7.1.2. Comunicações interestatais ..................................................................................... 66 
7.1.3. Procedimento de investigação ................................................................................. 66 
8. CONVENÇÃO INTERNACIONAL SOBRE A ELIMINAÇÃO DE TODAS AS FORMAS DE 
DISCRIMINAÇÃO RACIAL ........................................................................................................... 66 
8.1. COMITÊ PARA A ELIMINAÇÃO DA DISCRIMINAÇÃO RACIAL .................................... 68 
9. CONVENÇÃO SOBRE A ELIMINAÇÃO DE TODAS AS FORMAS DE DISCRIMINAÇÃO 
CONTRA A MULHER ................................................................................................................... 69 
9.1. PROTOCOLO FACULTATIVO À CONVENÇÃO SOBRE A ELIMINAÇÃO DE TODAS AS 
FORMAS DE DISCRIMINAÇÃO CONTRA A MULHER ............................................................. 71 
9.2. COMITÊ SOBRE A ELIMINAÇÃO DA DISCRIMINAÇÃO CONTRA A MULHER ............ 71 
10. CONVENÇÃO CONTRA A TORTURA E OUTROS TRATAMENTOS OU PENAS CRUÉIS, 
DESUMANOS OU DEGRADANTES ............................................................................................. 73 
10.1. PROTOCOLO FACULTATIVO À CONVENÇÃO CONTRA A TORTURA E OUTROS 
TRATAMENTOS OU PENAS CRUÉIS, DESUMANOS OU DEGRADANTES ........................... 77 
10.2. COMITÊ .......................................................................................................................... 78 
10.3. SUBCOMITÊ PARA PREVENÇÃO DA TORTURA ......................................................... 82 
11. CONVENÇÃO INTERNACIONAL SOBRE OS DIREITOS DA CRIANÇA ........................... 82 
11.1. PROTOCOLO FACULTATIVO À CONVENÇÃO INTERNACIONAL SOBRE OS 
DIREITOS DAS CRIANÇAS, RELATIVO À VENDA DE CRIANÇAS, PROSTITUIÇÃO INFANTIL 
E PORNOGRAFIA INFANTIL .................................................................................................... 86 
11.2. PROTOCOLO FACULTATIVO À CONVENÇÃO INTERNACIONAL SOBRE OS 
DIREITOS DA CRIANÇA, RELATIVO À PARTICIPAÇÃO DE CRIANÇAS EM CONFLITOS 
ARMADOS ................................................................................................................................ 86 
11.3. COMITÊ SOBRE OS DIREITOS DAS CRIANÇAS ......................................................... 86 
12. CONVENÇÃO INTERNACIONAL SOBRE OS DIREITOS DAS PESSOAS COM 
DEFICIÊNCIA ............................................................................................................................... 88 
12.1. PROTOCOLO FACULTATIVO À CONVENÇÃO SOBRE OS DIREITOS DA PESSOA 
COM DEFICIÊNCIA .................................................................................................................. 91 
12.2. COMITÊ DOS DIREITOS DAS PESSOASCOM DEFICIÊNCIAS ................................... 91 
13. CONVENÇÃO PARA A PREVENÇÃO E PUNIÇÃO AO CRIME DE GENOCÍDIO .............. 92 
 
. 
14. CONVENÇÃO INTERNACIONAL PARA A PROTEÇÃO DE TODAS AS PESSOAS 
CONTRA OS DESAPARECIMENTOS FORÇADOS ..................................................................... 93 
14.1. COMITÊ CONTRA DESAPARECIMENTOS FORÇADOS .............................................. 94 
15. CONVENÇÃO PARA A PROTEÇÃO DOS DIREITOS DE TODOS OS TRABALHADORES 
MIGRANTES E MEMBROS DAS SUAS FAMÍLIAS ...................................................................... 96 
15.1. COMITÊ .......................................................................................................................... 97 
SISTEMA INTERAMERICANO DE PROTEÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS ............................. 98 
1. EVOLUÇÃO HISTÓRICA ....................................................................................................... 98 
1.1. 1ª ETAPA: ANTECEDENTES DA CRIAÇÃO .................................................................. 98 
1.2. 2ª ETAPA: INAUGURAÇÃO E FORMAÇÃO DO SISTEMA ............................................ 99 
1.3. 3ª ETAPA: INÍCIO DO PERÍODO DE MONITORAMENTO ........................................... 102 
1.4. 4ª ETAPA: INSTITUCIONALIZAÇÃO CONVENCIONAL DO SISTEMA ........................ 102 
1.5. 5ª ETAPA: CONSOLIDAÇÃO E APERFEIÇOAMENTO DO SISTEMA ......................... 102 
2. DIVISÃO DO SISTEMA INTERAMERICANO ....................................................................... 103 
3. COMISSÃO INTERAMERICANA DE DIREITOS HUMANOS ............................................... 103 
3.1. CONCEITO ................................................................................................................... 103 
3.2. ORIGEM ....................................................................................................................... 103 
3.3. REGIME JURÍDICO ...................................................................................................... 104 
3.4. FUNÇÕES .................................................................................................................... 104 
3.5. COMPOSIÇÃO ............................................................................................................. 107 
3.5.1. Membros................................................................................................................ 107 
3.5.2. Processo de escolha dos membros ....................................................................... 107 
3.5.3. Mandato ................................................................................................................ 109 
3.5.4. Regime de incompatibilidades ............................................................................... 109 
3.5.5. Impedimentos ........................................................................................................ 110 
3.6. FUNCIONAMENTO ...................................................................................................... 110 
3.6.1. Organização interna............................................................................................... 111 
3.6.2. Período de sessões ............................................................................................... 112 
3.6.3. Relatorias e grupos de trabalho ............................................................................. 112 
3.6.4. Quórum de votação ............................................................................................... 114 
3.7. IDIOMAS DE TRABALHO ............................................................................................. 114 
4. CORTE INTERAMERICANA DE DIREITOS HUMANOS ..................................................... 114 
4.1. CONCEITO ................................................................................................................... 114 
4.2. ORIGEM ....................................................................................................................... 116 
4.3. REGIME JURÍDICO ...................................................................................................... 116 
4.4. COMPOSIÇÃO ............................................................................................................. 116 
4.4.1. Membros................................................................................................................ 117 
4.4.2. Requisitos para o cargo ......................................................................................... 117 
4.4.3. Eleição ................................................................................................................... 118 
4.4.4. Mandato ................................................................................................................ 119 
4.4.5. Juiz ad hoc ............................................................................................................ 119 
4.5. JURISDIÇÃO CONSULTIVA DA CORTE ..................................................................... 120 
4.5.1. Previsão normativa ................................................................................................ 120 
4.5.2. Finalidade .............................................................................................................. 120 
4.5.3. Alcance .................................................................................................................. 121 
4.5.4. Características do procedimento consultivo ........................................................... 121 
4.5.5. Objeto da consulta ................................................................................................. 121 
4.5.6. Procedimento de emissão de opinião consultiva .................................................... 123 
4.5.7. Efeitos jurídicos das opiniões consultivas .............................................................. 123 
 
. 
4.5.8. Opiniões consultivas emitidas pela Corte ............................................................... 124 
4.6. JURISDIÇÃO CONTENCIOSA DA CORTE INTERNACIONAL DE DIREITOS HUMANOS 
151 
4.6.1. Conceito ................................................................................................................ 151 
4.6.2. (Im) possibilidade de “retirar” a aceitação da competência contenciosa .................... 152 
4.6.3. Competência em razão da pessoa (ratione personae) ........................................... 152 
4.6.1. Competência em razão da matéria (ratione materiae) ............................................ 152 
4.6.2. Competência ratione temporis ............................................................................... 153 
4.6.3. Competência ratione loci ....................................................................................... 153 
4.6.4. Casos julgados pela Corte ..................................................................................... 153 
5. APURAÇÃO DE RESPONSABILIDADE INTERNACIONAL DO ESTADO ........................... 153 
5.1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS ........................................................................................ 153 
5.2. PROCEDIMENTO PERANTE A COMISSÃO ................................................................ 154 
5.2.1. Tramitação inicial ................................................................................................... 154 
5.2.2. Procedimento de admissibilidade ........................................................................... 154 
5.2.3. Procedimento sobre o mérito ................................................................................. 156 
5.2.4. Relatório preliminar ................................................................................................ 157 
5.2.5. Relatório definitivo ................................................................................................. 157 
5.2.6. Acompanhamento.................................................................................................. 158 
5.3. PROCEDIMENTO PERANTE A CORTE ...................................................................... 158 
5.3.1. Submissão do caso pela CIDH e exame preliminar pela Presidência ..................... 158 
5.3.2. Notificação do caso ................................................................................................ 159 
5.3.3. Apresentação por escrito de petições .................................................................... 159 
5.3.4. Contestação do Estado .......................................................................................... 159 
5.3.5. Outros atos e procedimentos por escrito ................................................................ 160 
5.3.6. Apresentação de amicus curiae ............................................................................. 160 
5.3.7. Procedimento oral .................................................................................................. 160 
5.3.8. Procedimento final escrito ...................................................................................... 160 
5.3.9. Espaços de desistência e consenso ...................................................................... 161 
5.3.10. Sentença ............................................................................................................... 161 
6. MEDIDAS DE URGÊNCIA NO SISTEMA INTERAMERICANO ........................................... 161 
6.1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS ........................................................................................ 161 
6.2. MEDIDAS CAUTELARES DA COMISSÃO INTERAMERICANA DE DIREITOS 
HUMANOS .............................................................................................................................. 162 
6 3. MEDIDAS PROVISÓRIAS DA CORTE INTERAMERICANA DE DIREITO HUMANOS 163 
7. SISTEMA INTERAMERICANO DE PROTEÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS .................... 165 
7.1. DIREITOS HUMANOS E ACESSO À JUSTIÇA ............................................................ 165 
7.2. 100 REGRAS DE BRASÍLIA ......................................................................................... 166 
7.2.1. Finalidade .............................................................................................................. 166 
7.2.2. Natureza jurídica .................................................................................................... 166 
7.2.3. Conceitos relevantes ............................................................................................. 166 
7.3. A DEFENSORIA PÚBLICA E A OEA ............................................................................ 166 
7.4. DEFENSORIA PÚBLICA INTERAMERICANA .............................................................. 167 
7.4.1. Considerações iniciais ........................................................................................... 167 
7.4.2. Conceito ................................................................................................................ 167 
7.4.3. Modelos de oferecimento de assistência jurídica gratuita no âmbito de tribunais 
internacionais ....................................................................................................................... 167 
SISTEMA EUROPEU DE PROTEÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS .......................................... 169 
 
. 
1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS ............................................................................................... 169 
2. CONSELHO DA EUROPA ................................................................................................... 169 
2.1. ESTRUTURA ................................................................................................................ 169 
2.1.1. Secretário-geral ..................................................................................................... 169 
2.1.2. Comitê de Ministros ............................................................................................... 169 
2.1.3. Assembleia Parlamentar ........................................................................................ 169 
2.1.4. Congresso dos Poderes Locais e Regionais .......................................................... 169 
2.1.5. Tribunal Europeu de Direitos Humanos ................................................................. 169 
2.1.6. Comissário para os Direitos Humanos ................................................................... 170 
2.1.7. Conferência de ONGIs ........................................................................................... 170 
2.1.8. Comitê Europeu para a Prevenção da Tortura e Outros Tratamentos ou Penas 
Cruéis 170 
2.1.9. Comitê Europeu dos Direitos Sociais ..................................................................... 170 
3. CONVENÇÃO EUROPEIA DE DIREITOS HUMANOS (CEDH) ........................................... 170 
4. ÓRGÃOS DE MONITORAMENTO ...................................................................................... 171 
5. TRIBUNAL EUROPEU DE DIREITOS HUMANOS (TEDH) ................................................. 171 
SISTEMA AFRICANO DE PROTEÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS ......................................... 172 
1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS ............................................................................................... 172 
2. COMISSÃO AFRICANA DE DIREITOS HUMANOS E DOS POVOS ................................... 172 
3. CORTE AFRICANA DE DH E DOS POVOS ........................................................................ 172 
TRIBUNAL PENAL INTERNACIONAL ........................................................................................ 173 
1. DIREITO INTERNACIONAL PENAL .................................................................................... 173 
2. ANTECEDENTES HISTÓRICOS DO TRIBUNAL PENAL INTERNACIONAL ...................... 173 
2.1. 1º ANTECEDENTE – TRATADO DE VERSAILLES, 1919 ............................................ 173 
2 2. 2º ANTECEDENTE – TRIBUNAL INTERNACIONAL MILITAR DE NUREMBERG, 1945 
174 
2.3. 3º ANTECEDENTE – TRIBUNAL MILITAR INTERNACIONAL PARA O EXTREMO- 
ORIENTE (Tribunal de Tóquio), 1946 ...................................................................................... 174 
2.4. 4º ANTECEDENTE – PRINCÍPIOS DE NUREMBERG, 1946 ...................................... 174 
2.5. 5º ANTECEDENTE – CONVENÇÃO PARA A PREVENÇÃO E A PUNIÇÃO DO CRIME 
DE GENOCÍDIO, 1948 ............................................................................................................ 174 
2.6. 6º ANTECEDENTE – RESOLUÇÕES Nº 827/1993 E 955/1994 DO CONSELHO DE 
SEGURANÇA DA ONU ........................................................................................................... 174 
2.7. 7º ANTECEDENTE – ADOÇÃO DO ESTATUTO DO TP, 1998 ................................... 175 
3. GERAÇÕES DE TRIBUNAIS PENAIS INTERNACIONAIS .................................................. 175 
4. ESTRUTURA E FUNCIONAMENTO DO TPI ....................................................................... 175 
5. COMPOSIÇÃO, CANDIDATURA E ELEIÇÃO DOS JUÍZES ................................................ 176 
6. CRIMES DE COMPETÊNCIA DO TPI ................................................................................. 177 
7. CONDIÇÕES PARA O EXERCÍCIO DA COMPETÊNCIA PELO TPI ................................... 182 
8. DISPOSIÇÕES PENAIS APLICÁVEIS AO JULGAMENTO PELO TPI ................................. 183 
8.1. NULLUM CRIMEN SINE LEGE .................................................................................... 183 
8.2. NULLA POENA SINE LEGE ......................................................................................... 184 
8.3. NÃO RETROATIVIDADE .............................................................................................. 184 
8.4. RESPONSABILIDADE CRIMINAL INDIVIDUAL ...........................................................184 
8.5. EXCLUSÃO DA JURISDIÇÃO RELATIVAMENTE A MENORES DE 18 ANOS ............ 185 
8.6. IRRELEVÂNCIA DA QUALIDADE OFICIAL .................................................................. 185 
8.7. RESPONSABILIDADE DOS CHEFES MILITARES E OUTROS SUPERIORES 
HIERÁRQUICOS ..................................................................................................................... 185 
8.8. IMPRESCRITIBILIDADE .............................................................................................. 186 
8.9. ELEMENTOS PSICOLÓGICOS .................................................................................... 186 
 
. 
8.10. CAUSAS DE EXCLUSÃO DA RESPONSABILIDADE CRIMINAL ................................. 186 
8.11. ERRO DE FATO OU ERRO DE DIREITO .................................................................... 187 
8.12. DECISÃO HIERÁRQUICA E DISPOSIÇÕES LEGAIS .................................................. 187 
9. PENAS APLICADAS ............................................................................................................ 187 
10. PROCEDIMENTO DE INVESTIGAÇÃO, INSTRUÇÃO, JULGAMENTO E EXECUÇÃO DA 
PENA 188 
11. A RELAÇÃO DO BRASIL COM O TPI.............................................................................. 188 
12. DECISÕES DO TRIBUNAL PENAL INTERNACIONAL .................................................... 189 
12.1. CASO THOMAS LUBANGA DYILO .............................................................................. 189 
12.2. CASO MATHIEU NGUDJOLO CHUI ............................................................................ 189 
12.3. CASO GERMAIN KATANGA ........................................................................................ 190 
12.4. CASO JEAN PIERRE BEMBA ...................................................................................... 190 
12.5. CASO AHAMAD AL-FAQI AL-MAHDI ........................................................................... 190 
12.6. CASO OMAR AL BASHIR “CASO DARFUR” ........................................................................ 190 
CONTROLE DE CONVENCIONALIDADE .................................................................................. 191 
1. CONCEITO .......................................................................................................................... 191 
2. CLASSIFICAÇÃO ................................................................................................................ 191 
3. OBJETIVOS......................................................................................................................... 191 
4. DESENVOLVIMENTO DO CONTEÚDO E DO ALCANCE DO CONTROLE DE 
CONVENCIONALIDADE ............................................................................................................ 192 
4.1. PRIMEIRA ETAPA ........................................................................................................ 192 
4.2. SEGUNDA ETAPA ....................................................................................................... 192 
4.3. TERCEIRA ETAPA ....................................................................................................... 192 
5. ELEMENTOS OU CARACTERÍSTICAS DO CONTROLE DE CONVENCIONALIDADE 
CONFORME A JURISPRUDÊNCIA DA CORTE IDH ................................................................. 192 
5.1. DEVE SER EXERCIDO DE OFÍCIO E NO MARCO DE COMPETÊNCIAS E 
REGULAÇÕES PROCESSUAIS CORRESPONDENTES ....................................................... 192 
5.2. O CONTROLE DE CONVENCIONALIDADE É UMA OBRIGAÇÃO DE TODA 
AUTORIDADE PÚBLICA ......................................................................................................... 193 
5.3. PARÂMETRO DO CONTROLE DE CONVENCIONALIDADE ...................................... 193 
5.4. OBJETO DO CONTROLE DE CONVENCIONALIDADE ............................................... 193 
5.5. PRINCÍPIO DA ATIPICIDADE DOS MEIOS DO CONTROLE DE 
CONVENCIONALIDADE ......................................................................................................... 193 
SISTEMA NACIONAL DE DIREITOS HUMANOS....................................................................... 195 
1. INCIDENTE DE DESLOCAMENTO DE COMPETÊNCIA .................................................... 195 
1.1. PREVISÃO E CONSIDERAÇÕES ................................................................................ 195 
1.2. REQUISITOS................................................................................................................ 195 
1.3. LEGITIMIDADE ............................................................................................................ 195 
1.4. COMPETÊNCIA ........................................................................................................... 195 
1.5. JULGAMENTOS ........................................................................................................... 196 
2. PROCESSO DE INCORPORAÇÃO DOS TRATADOS INTERNACIONAIS DE DIREITOS 
HUMANOS ................................................................................................................................. 198 
2.1. PODERES ENVOLVIDOS NO PROCESSO DE INCORPORAÇÃO DO TRATADO NA 
ORDEM JURÍDICA INTERNA ................................................................................................. 198 
2.2. FASES DO PROCESSO DE INCORPORAÇÃO DOS TRATADOS INTERNACIONAIS DE 
DIREITOS HUMANOS ............................................................................................................ 199 
2.2.1. Fase de assinatura ................................................................................................ 199 
2.2.2. Fase de apreciação legislativa ou fase congressual ............................................... 199 
2.2.3. Fase de ratificação ................................................................................................ 199 
2.2.4. Fase de promulgação ............................................................................................ 199 
 
. 
3. HIERARQUIA DOS TRATADOS .......................................................................................... 200 
DIREITOS HUMANOS DOS GRUPOS VULNERÁVEIS ............................................................. 202 
1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS ............................................................................................... 202 
2. MULHERES ......................................................................................................................... 202 
3. PESSOAS NEGRAS ............................................................................................................ 203 
4. CRIANÇA E ADOLESCENTE .............................................................................................. 204 
5. PESSOAS IDOSAS ............................................................................................................. 207 
6. PESSOAS COM DEFICIÊNCIA ........................................................................................... 207 
7. PESSOAS EM SITUAÇÃO DE RUA .................................................................................... 209 
8. POVOS INDÍGENAS ........................................................................................................... 209 
9. LGBTQI+ ............................................................................................................................. 210 
10. QUILOMBOLAS ............................................................................................................... 211 
11. REFUGIADOS ................................................................................................................. 211 
CS – DIREITOS HUMANOS 2022 8 
 
 
. 
APRESENTAÇÃO 
 
 
Olá! 
 
Inicialmente, gostaríamos de agradecer a confiança em nosso material. Esperamos que seja 
útil na sua preparação, em todas as fases. Quanto mais contato temos com uma mesma fontede 
estudo, mais familiarizados ficamos, o que ajuda na memorização e na compreensão da matéria. 
O Caderno Sistematizado de Direitos Humanos possui como base as aulas da Prof. Valério 
Mazzuoli e do Prof. Caio Paiva. Além disso, utilizamos as seguintes obras: Curso de Direitos 
Humanos, André de Carvalho Ramos; Curso de Direitos Humanos, Valério Mazzuoli; Jurisprudência 
Internacional de Direitos Humanos, Caio Paiva e Thimotie Heemann. 
Ademais, no Caderno constam os principais artigos dos tratados, mas, ressaltamos, que é 
necessária leitura conjunta do seu Vade Mecum, muitas questões são retiradas da legislação. 
Como você pode perceber, reunimos em um único material diversas fontes (aulas + doutrina 
+ informativos + súmulas + lei seca + questões) tudo para otimizar o seu tempo e garantir que você 
faça uma boa prova. 
Por fim, como forma de complementar o seu estudo, não esqueça de fazer questões. É muito 
importante!! As bancas costumam repetir certos temas. 
Vamos juntos!! Bons estudos!! 
Equipe Cadernos Sistematizados. 
CS – DIREITOS HUMANOS 2022 9 
 
 
 
 
 
 
. 
TEORIA GERAL DOS DIREITOS HUMANOS 
 
 
 
1. CONCEITO 
 
 
Inicialmente, destaca-se que, a partir do estudo da Teoria Geral dos Direitos Humanos, há 
duas maneiras/técnicas de conceituar Direitos Humanos, quais sejam: generalista e específica. 
a) Generalista 
 
Não há diferença entre direitos humanos e direitos fundamentais. Portanto, direitos humanos 
seriam um conjunto de direito essenciais para a consecução de uma vida digna para todos os seres 
humanos, independentemente de previsão na Constituição ou em tratados internacionais. 
b) Específica 
 
É preciso diferenciar direitos fundamentais de direitos humanos, seja porque os mecanismos 
de proteção são distintos seja porque o Direito Internacional dos Direitos Humanos é ramo 
autônomo quando comparado ao Direito Constitucional. 
Assim, entendem que Direitos Humanos são aqueles necessários para a consecução de 
uma vida digna, previstos em instrumentos internacionais de proteção. 
Observe o conceito adotado por Caio Paiva, seguindo a técnica específica: “direitos 
humanos são o conjunto de direitos previstos em instrumentos internacionais1 que proporcionam a 
todos os seres, independentemente de qualquer condição2, a base essencial3 para que tenham uma 
vida digna e para que se protejam contra violações praticadas ou toleradas pelo Estado4” 
1) Os direitos humanos estão previstos apenas nos instrumentos internacionais. 
Obviamente, que alguns também estarão previstos nas Constituições; 
2) Não dependem de raça, etnia, gênero. Todos possuem direito a ter direitos; 
 
3) Nem todo direito que é essencial para a pessoa é um direito humano, mas apenas a sua 
base essencial (mínimo); 
4) As violações de direitos humanos são praticadas pelo Estado ou toleradas por ele. Por 
exemplo, quando “A” mata “B” não há uma violação de direitos humanos, mas quando 
um Policial mata um civil o direito estará violado. O mesmo ocorre quando o Estado não 
investiga o crime praticado por “A”. 
 
 
2. TERMINOLOGIA 
 
 
Importante, ainda, diferenciar as diversas terminologias que, algumas vezes, são 
confundidas com direitos humanos. 
 
2.1. DIREITOS FUNDAMENTAIS 
CS – DIREITOS HUMANOS 2022 10 
 
Disponibilizado exclusivamente para 
 
 
 
 
. 
A expressão “direitos fundamentais” surgiu no contexto da proteção nacional dos direitos 
humanos (proteção internacional). 
 
2.2. DIREITOS DO HOMEM 
 
Tal expressão é utilizada na Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão (França, 
1789), na Declaração Americana dos Direitos e Deveres do Homem (Bogotá, 1948) e na Convenção 
Europeia dos Direitos do Homem (Roma, 1950). 
Contudo, após a Declaração Universal de Direitos Humanos passou a ser evitada, uma vez 
que possui caráter sexista, excluindo as mulheres. 
 
2.3. LIBERDADES PÚBLICAS E LIBERDADES FUNDAMENTAIS 
 
Maior incidência na doutrina francesa, prioriza os direitos de primeira geração. 
 
2.4. DIREITOS HUMANOS FUNDAMENTAIS 
 
Segue a técnica generalista, não fazendo distinção entre direitos fundamentais e direitos 
humanos. 
 
 
 
3. FUNDAMENTOS DOS DIREITOS HUMANOS 
 
 
Estão relacionados à razão justificadora dos direitos humanos. Há uma série de teorias que 
visam justificar os direitos humanos, algumas até com sub-ramos, abordaremos as três principais: 
negacionista, jusnaturalista e positivistas. 
 
3.1. NEGACIONISTA 
 
Norberto Bobbio é seu maior defensor. 
 
Nega qualquer possibilidade de encontrar um fundamento único ou absoluto para os direitos 
humanos, uma vez que há a expressão “direitos humanos” é muito vaga (não há consenso), 
 
 
 
 
1 Caso queira aprofundar, recomenda-se a leitura do texto de Ingo Sarlet, publicado do site Conjur em 23 de 
janeiro de 2015 (https://www.conjur.com.br/2015-jan-23/direitos-fundamentais-aproximacoes-tensoes- 
existentes-entre-direitos-humanos-fundamentais) 
QP (oral): Qual a proteção mais ampla a dos direitos humanos ou a dos direitos fundamentais1? 
Pela via territorial, a proteção dos direitos humanos é mais ampla que a dos direitos fundamentais, 
tendo em vista que a proteção extravasa as fronteiras dos países. Contudo, sob o aspecto material, 
a proteção dos direitos fundamentais é mais ampla, especialmente no Brasil em que há uma 
Constituição Prolixa, em que se protege o FGTS, o 13º salário que não estão previstos em tratados 
internacionais. 
https://www.conjur.com.br/2015-jan-23/direitos-fundamentais-aproximacoes-tensoes-existentes-entre-direitos-humanos-fundamentais
https://www.conjur.com.br/2015-jan-23/direitos-fundamentais-aproximacoes-tensoes-existentes-entre-direitos-humanos-fundamentais
CS – DIREITOS HUMANOS 2022 11 
 
 
 
 
 
 
. 
ademais o conteúdo é muito variado (direitos políticos, civis, econômicos, sociais, culturais) e, por 
fim, são dotados de heterogeneidade (cada região possui seu bloco de direitos humanos). 
 
3.2. JUSNATURALISTA 
 
Sustenta que o ser humano possui direitos naturais anteriores e superiores ao Estado. 
Divide-se em: 
 
a) Escola de Direito Natural de Razão Divina – os direitos humanos são advindos de Deus. 
 
b) Escola de Direito Natural Moderno – os direitos humanos são inerentes à condição de 
ser humano. A Declaração Universal de Direitos Humanos possui inspiração 
jusnaturalista. 
Há alguns pontos frágeis na Teoria Jusnaturalistas: 
 
• Impossibilidade de comprovação empírica das escolas vistas acima; 
 
• Dificuldade em explicar a imutabilidade dos direitos naturais em razão da constante 
alteração do conteúdo de direitos essenciais ao indivíduo ao longo dos séculos 
 
3.3. POSITIVISTA 
 
A fundamentação dos direitos humanos somente pode ser encontrada no ordenamento 
jurídico internacional, a exemplo de tratados, convenções. 
É criticada, tendo em vista que possui dificuldade de promover a observância aos direitos 
humanos em Estados que tenham se recusado a assinar, ratificar e incorporar na ordem jurídica 
interna os tratados que os preveem. 
 
 
4. FONTES 
 
 
O tema “fontes de direitos humanos” está relacionado à origem do instituto, é tema reservado 
mais ao Direito Internacional Público, tanto que é encontrado no art. 38 do Estatuto da Corte 
Internacional de Justiça, são as mesmas fontes do Direito Internacional. 
 
Artigo 38 
1. A Corte, cuja função seja decidir conforme o direito internacional as 
controvérsias que sejam submetidas, deverão aplicar; 
2. As convenções internacionais, sejam gerais ou particulares, que 
estabeleçam regras expressamente reconhecidas pelos Estados litigantes; 
3. O costume internacional como prova de uma prática geralmente aceita 
como direito; 
4. Os princípios gerais do direito reconhecidos pelas nações civilizadas; 
5. As decisões judiciais e as doutrinas dos publicitários de maior competência 
das diversas nações, como meio auxiliar para a determinação das regras de 
direito, sem prejuízo do disposto no Artigo 59. 
CS – DIREITOSHUMANOS 2022 12 
 
 
 
 
 
 
. 
 
Segundo André de Carvalho Ramos, são fontes do Direito Internacional, apesar de não 
mencionadas no artigo 38, os atos unilaterais e as resoluções vinculantes das organizações 
internacionais. 
Importante ressaltar que não existe hierarquia entre as fontes principais. Embora seja mais 
fácil e prático aplicar um tratado internacional, pois está escrito, do que um costume internacional, 
algo “invisível”. 
 
4.1. CONVENÇÕES INTERNACIONAIS 
 
Tradados são acordos juridicamente obrigatórios e vinculantes, firmados entre sujeitos de 
Direito Internacional, também chamados de Convenções, Pactos, Protocolo (documento adicional, 
tratado anexo a um tratado). Não se confundem com as declarações (DUDH e a Declaração 
Americana dos Direitos e Deveres do Homem, por exemplo) que, por não gerarem efeitos jurídicos 
(direitos e obrigações), não podem ser entendidas como tratados, constituindo categoria diversa. 
A Convenção de Viena, em ser art. 2.1 traz o seguinte conceito de tratado: 
 
 
Entende-se por regime objetivo dos tratados internacionais de direitos humanos, a 
ausência de caráter sinalagmático presente nos tratados ordinários do direito internacional. Ou seja, 
não há acordo de vontades entre os Estados Contratantes, o Estado ao aderir o tratado internacional 
de direitos humanos contrai obrigações, não há nenhum benefício subjetivo, por isso é considerado 
um regime objetivo. 
Nesse sentido, a Opinião Consultiva nº 2 da Corte Interamericana de Direitos Humanos: 
 
“29. A Corte deve enfatizar, porém, que os tratados modernos sobre direitos 
humanos, em geral, e, em particular, a Convenção Americana, não são 
tratados multilaterais do tipo tradicional, concluídos em função de um 
intercâmbio recíproco de direitos, para o benefício mútuo dos Estados 
contratantes. Seu objeto e fim são a proteção dos direitos fundamentais dos 
seres humanos, independentemente de sua nacionalidade, tanto frente a seu 
próprio Estado como frente aos outros Estados contratantes. Ao aprovar 
esses tratados sobre direitos humanos, os Estados se submetem a uma 
ordem geral dentro da qual eles, pelo bem comum, assumem várias 
obrigações, não em relação aos outros Estados, mas sim em relação aos 
indivíduos sob a sua jurisdição”. 
 
4.2. COSTUME INTERNACIONAL 
 
O costume internacional resulta da prática geral e consistente dos Estados de reconhecer 
como válida e juridicamente exigível determinada obrigação. 
6. A presente disposição não restringe a faculdade da Corte para decidir um 
litígio ex aequo et bono, se convier às partes 
Art. 2.1 - tratado significa um acordo internacional concluído por escrito entre 
Estados e regido pelo Direito Internacional, quer conste de um instrumento 
único, quer de dois ou mais instrumentos conexos, qualquer que seja sua 
denominação específica 
CS – DIREITOS HUMANOS 2022 13 
 
 
 
 
 
 
. 
Os costumes aplicam-se a todos os Estados, até àqueles que deliberadamente recusaram- 
se a ratificação de um tratado internacional de direitos humanos, ou que tentaram liberar-se de uma 
das suas disposições por meio de reservas. 
O costume internacional é formado por dois elementos, quais sejam: 
 
a) Elemento objetivo: é a prática geral, ou seja, a conduta oficial de órgãos estatais; referem- 
se aos fatos interestaduais, e, por isso, podem ter relevância para a formação do novo Direito 
Internacional Público. 
b) Elemento subjetivo: é a opinião jurídica dos Estados. Determina que os atos praticados 
pelos Estados sejam uma obrigação jurídica, por isso surgem novos direitos. 
A Corte Internacional de Justiça decidiu expressamente pelo caráter de norma costumeira 
da Declaração Universal de Direitos Humanos, considerada como elemento de interpretação do 
conceito de direitos fundamentais insculpido na Carta da ONU. 
Por fim, salienta-se que um Estado somente pode deixar de cumprir um costume 
internacional quando tiver se comportado como um objetor persistente, que deve ocorrer durante o 
processo de formação do costume internacional, mediante manifestações permanentes e 
inequívocas de sua objeção a serem obrigados pelo respectivo costume. Tal figura não se aplica às 
normas de jus cogens, também conhecidas como normas imperativas ou cogentes, a exemplo do 
acesso à justiça. 
 
4.3. PRINCÍPIOS GERAIS DO DIREITO 
 
Prevalece a posição de que os princípios gerais de direito internacional são aqueles aceitos 
por (quase) todos os ordenamentos jurídicos, a exemplo da boa-fé, do respeito à coisa julgada, do 
direito adquirido e do pacta sunt servanda. 
 
4.4. DECISÕES JUDICIAIS E DOUTRINA 
 
São consideradas fontes auxiliares do Direito Internacional dos Direitos Humanos. 
 
a) Decisões judiciais: são as chamadas jurisprudências internacionais. São reiteradas 
decisões no mesmo sentido. Nota-se que é chamada de fonte auxiliar, pois não criam 
novos direitos, mas sim determinam o modo como devem ser interpretados. 
b) Doutrina: refere-se aos autores de renome. Além disso, inclui-se aqui a Comissão de 
Direito Internacional da ONU, criada pelas Nações Unidas para “incentivar o 
desenvolvimento progressivo do direito internacional e a sua codificação”. 
 
4.5. OUTRAS FONTES 
 
Conforme mencionado, embora não constem no rol do art. 38 do Estatuto da CIJ, são 
considerados como fonte de DIDH: 
a) Atos unilaterais dos Estados: são atos que não possuem normatividade. Contudo, criam 
obrigações aos Estados que os proclamam. Assim, quando assumir unilateralmente um 
CS – DIREITOS HUMANOS 2022 14 
 
 
 
 
 
 
. 
compromisso publicamente, mesmo quando não efetuado no contexto das negociações 
internacionais, o Estado deverá cumpri-lo obrigatoriamente, em respeito à boa-fé. 
b) Decisões de organizações internacionais: a partir do momento que um Estado é parte em 
uma organização internacional, ele assume obrigações para com ela, dentre as quais a de cumprir 
aquilo que vier a ser decidido em suas assembleias ou órgãos deliberativos. 
c) Analogia e equidade: são soluções eficientes para enfrentar o problema da falta de norma 
jurídica regulamentadora a determinado caso concreto, ou ainda para suprir a inutilidade da norma 
existente, a fim de que se possa solucionar, com um mínimo de justiça, o conflito de interesses. 
 
 
5. CLASSIFICAÇÃO 
 
 
5.1. CLASSIFICAÇÃO CLÁSSICA – GERAÇÕES DE DIREITOS HUMANOS 
 
Primeiramente, destaca-se que a doutrina moderna prefere a expressão “dimensões” e não 
“gerações”, pois esta traz a ideia de sucessão, contrariando o caráter complementar dos direitos 
humanos. Assim, com o surgimento de uma nova dimensão a anterior não deixa de existir. 
Bonavides afirma que a melhor expressão é “dimensão”, que se justifica tanto pelo fato de 
não existir realmente uma sucessão ou desaparecimento de uma geração por outra, mas também 
quando novo direito é reconhecido, os anteriores assumem uma nova dimensão, de modo a melhor 
interpretá-los e realizá-los. 
 
5.1.1. 1ª Geração/Dimensão 
 
Surgiu com as revoluções burguesas dos séculos XVI e XIX. Englobam os direitos de 
liberdade, chamados de prestações negativas, nas quais o Estado deve proteger a esfera de 
autonomia do indivíduo. Assim, o Estado não poderia interferir na orbita individual, salvo para 
garantir a prevalência do máximo de liberdade possível para todos. 
Exemplos: direito à liberdade, igualdade perante a lei, propriedade, intimidade e segurança, 
traduzindo o valor de liberdade. 
 
 
5.1.2. 2ª Geração/Dimensão 
 
Surgiu em decorrência da deplorável situação da população pobre das cidades 
industrializadas. Englobam os chamados direitos de igualdade. Impõe aos Estados obrigações 
positivas, defendendo a intervenção estatal, como forma de reparar a iniquidade vigente. 
Exemplos: direito à saúde, educação, previdência social, habitação. 
Obs.: Na concepção contemporânea dos Direitos Humanos, os direitos de 1ª Geração não 
envolvem apenas condutas negativas do Estado. Por exemplo,o direito de não ser torturado envolve 
uma conduta negativa do Estado (não torturar), mas quando o Estado deixa de fornecer condições 
dignas aos presos (água potável, ambiente adequado) também está torturando. Portanto, perceba 
que este direito demanda sim prestações positivas dos Estados. 
CS – DIREITOS HUMANOS 2022 15 
 
 
 
 
 
 
. 
5.1.3. 3ª Geração/Dimensão 
 
Englobam os chamados direitos de solidariedade. 
 
Exemplos: direito ao desenvolvimento, direito à paz (5ª Geração para Bonavides), direito à 
autodeterminação e, em especial, o direito ao meio ambiente equilibrado. 
Além disso, segundo Paulo Bonavides, há os direitos de quarta geração, decorrentes do 
desenvolvimento da globalização política, correspondente à derradeira fase de institucionalização 
do Estado Social. Exemplos: direito à democracia, direito à informação. 
 
5.2. CLASSIFICAÇÃO CONFORME O DIREITO INTERNACIONAL DOS DIREITOS 
HUMANOS 
 
5.2.1. Direitos Civis 
 
São os direitos de autonomia do indivíduo contra interferências indevidas do Estado ou de 
terceiros. Assim, o conteúdo de tais direitos é relativo à proteção dos atributos da personalidade e 
dignidade da pessoa humana. Liberdade-autonomia. 
O Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos prevê, expressamente, os seguintes 
direitos civis: 
a) Direito à vida (art. 6º), estabelecendo restrições à prática da pena de morte; 
 
 
b) Direito à integridade física, abolindo os tratamentos cruéis, degradantes e desumanos 
(art. 7º); 
Art. 6º 
1. O direito à vida é inerente à pessoa humana. Este direito deverá ser 
protegido pela lei. Ninguém poderá ser arbitrariamente privado de sua vida. 
2. nos Países em que a pena de morte não tenha sido abolida, esta poderá 
ser imposta apenas nos casos de crimes mais graves, em conformidade com 
legislação vigente na época em que o crime foi cometido e que não esteja em 
conflito com as disposições do presente pacto, nem com a Convenção sobre 
a Prevenção e a Punição do Crime de Genocídio. Poder-se-á aplicar essa 
pena apenas em decorrência de uma sentença transitada em julgado e 
proferida por tribunal competente. 
3. Quando a privação da vida constituir um crime de genocídio, entende-se 
que nenhuma disposição do presente artigo autorizará qualquer Estado Parte 
do presente pacto a eximir-se, de modo algum, do cumprimento de quaisquer 
das obrigações que tenham assumido em virtude das disposições da 
Convenção sobre a Prevenção e a Punição do Crime de Genocídio. 
4. Qualquer condenado à morte terá o direito de pedir indulto ou comutação 
da pena. A anistia, o indulto ou a comutação de pena poderão ser concedidos 
em todos os casos. 
5. A pena de morte não deverá ser imposta em casos de crimes cometidos 
por pessoas menores de 18 anos, nem aplicada a mulheres em estado de 
gravidez. O Pacto de San José da Costa Rica inclui o maior de 70 anos. 
6. Não se poderá invocar disposição alguma do presente artigo para retardar 
ou impedir a abolição da pena de morte por um Estado Parte do presente 
pacto. 
CS – DIREITOS HUMANOS 2022 16 
 
 
 
 
 
 
. 
 Art. 7º ninguém poderá ser submetido à tortura, nem a penas ou tratamentos 
 cruéis, desumanos ou degradantes. Será proibido, sobretudo, submeter uma 
 pessoa, sem seu livre consentimento, a experiências médicas ou científicas. 
 
c) Direito à liberdade (art. 11), admitindo-se os trabalhos forçados como pena, mas 
proibindo-se expressamente a prisão por descumprimento de obrigação contratual; 
 
 
d) Direito ao devido processo legal (art. 9º); 
 
 
e) Direito de locomoção e direito de intimidade (art. 12); 
 
 
f) Direito à igualdade perante a lei (art. 26); 
 
 Art. 26 Todas as pessoas são iguais perante a lei e têm direito, sem 
 discriminação alguma, a igual proteção da lei. A este respeito, a lei deverá 
 proibir qualquer forma de discriminação e garantir a todas as pessoas 
Art. 11 Ninguém poderá ser preso apenas por não poder cumprir com uma 
obrigação contratual. 
Art. 9º 
1. Toda pessoa tem à liberdade e a segurança pessoais. Ninguém poderá 
ser preso ou encarcerado arbitrariamente. Ninguém poderá ser privado de 
sua liberdade, salvo pelos motivos previstos em lei e em conformidade com 
os procedimentos. 
2. Qualquer pessoa, ao ser presa, deverá ser informada das razões da prisão 
e notificada, sem demora, das acusações formuladas contra ela. 
3. Qualquer pessoa presa ou encerrada em virtude de infração penal deverá 
ser conduzida, sem demora, à presença do juiz ou de outra autoridade 
habilitada por lei a exercer funções e terá o direito de ser julgada em prazo 
razoável ou de ser posta em liberdade. A prisão preventiva de pessoas que 
aguardam julgamento não deverá constituir a regra geral, mas a soltura 
poderá estar condicionada a garantias que assegurem o comparecimento da 
pessoa em questão à audiência, a todos os atos do processo e, se necessário 
for, para a execução da sentença. 
4. Qualquer pessoa que seja privada de sua liberdade por prisão ou 
encarceramento terá de recorrer a um tribunal para que este decida sobre a 
legalidade de seu encarceramento e ordene sua soltura, caso a prisão tenha 
sido ilegal. 
5. Qualquer pessoa vítima de prisão ou encarceramento ilegais terá direito à 
reparação. 
Art. 12 
1. Toda pessoa que se ache legalmente no território de um Estado terá o 
direito de nele livremente circular e escolher sua residência. 
2. Toda pessoa terá o direito de sair livremente de qualquer país, inclusive 
de seu próprio país. 
3. Os direitos supracitados não poderão constituir objeto de restrição, a 
menos que estejam previstas em lei e no intuito de proteger a segurança 
nacional e a ordem, a saúde ou a moral pública, bem como os direitos e 
liberdades das demais pessoas, e que sejam compatíveis com os outros 
direitos reconhecidos no presente pacto. 
4. Ninguém poderá ser privado do direito de entrar em seu próprio país. 
CS – DIREITOS HUMANOS 2022 17 
 
 
 
 
 
 
. 
 
g) Garantias de um julgamento justo, o que inclui o direito ao duplo grau de jurisdição (art. 
14); 
 
Art. 14 
1. Todas as pessoas são iguais perante os tribunais e as cortes de justiça. 
Toda pessoa terá o direito de ser ouvida publicamente e com as devidas 
garantias por um tribunal competente, independente e imparcial, estabelecido 
por lei, na apuração de qualquer acusação de caráter penal formulada contra 
ela ou na determinação de seus direitos e obrigações de caráter civil. A 
imprensa e o público poderão ser excluídos de parte ou da totalidade de um 
julgamento, que por motivo de moral pública, de ordem pública ou de 
segurança nacional em uma sociedade democrática, quer quando o interesse 
da vida privada das partes o exija, quer na medida em que isso seja 
estritamente necessário na opinião da justiça, em circunstâncias específicas, 
nas quais a publicidade venha a prejudicar os interesses da justiça; 
entretanto, qualquer sentença proferida em matéria penal ou civil deverá 
tornar-se pública, a menos que o interesse de menores exija procedimento 
oposto, ou o processo diga respeito à controvérsia matrimoniais ou a tutela 
de menores. 
2. Toda pessoa acusada de um delito terá direito a que se presuma sua 
inocência enquanto não for legalmente comprovada sua culpa. 
3. Toda pessoa acusada de um delito terá direito, em plena igualdade, a, 
pelo menos, as seguintes garantias: 
a) de ser informado, sem demora, numa língua que compreenda e de forma 
minuciosa, da natureza e dos motivos da acusação contra ela formulada; 
b) de dispor do tempo e dos meios necessários à preparação de sua defesa 
e a comunicar-se com defensor de sua escolha; 
c) de ser julgado sem dilações indevidas; 
d) de estar presente no julgamento e de defender-se pessoalmente ou por 
intermédio de defender de sua escolha; de ser informado, caso não tenha 
defensor, do direito que lhe assiste de tê-lo e, sempre que o interesse da 
justiça assim exija, de ter um defensordesignado "ex officio" gratuitamente, 
se não tiver meios para remunerá-lo; 
e) de interrogar ou fazer interrogar as testemunhas da acusação e de obter o 
comparecimento e o interrogatório das testemunhas de defesa nas mesmas 
condições de que dispõe as de acusação; 
f) de ser assistida gratuitamente por um intérprete, caso não compreenda ou 
não fale a língua empregada durante o julgamento; 
g) de não ser obrigada a depor contra si mesma, nem a confessar-se culpada. 
4. O processo aplicável a jovens que não sejam maiores nos termos da 
legislação penal levará em conta a idade dos menores e a importância de 
promover sua reintegração social. 
5. Toda pessoa declarada culpada por um delito terá o direito de recorrer da 
sentença condenatória e da pena a uma instância, em conformidade com a 
lei. 
6. Se uma sentença condenatória passada em julgado for posteriormente 
anulada ou se indulto for concedido, pela ocorrência ou descoberta de fatos 
novos que provem cabalmente a existência de erro judicial, a pessoa que 
proteção igual e eficaz contra qualquer discriminação por motivo de raça, cor, 
sexo, língua, religião, opinião política ou de outra natureza, origem nacional 
ou social, situação econômica, nascimento ou qualquer outra situação. 
CS – DIREITOS HUMANOS 2022 18 
 
 
 
 
 
 
. 
 
h) Direito à liberdade religiosa e seus consectários (art. 18); 
 
 
i) Direito à liberdade de expressão (art. 19 e 20); 
 
 
l) Direito à associação (art. 22); 
 
sofreu a pena decorrente dessa condenação deverá ser indenizada, de 
acordo com a lei, a menos que fique provado que se lhe pode imputar, total 
ou parcialmente, não-revelação dos fatos desconhecidos em tempo útil. 
7. Ninguém poderá ser processado ou punido por um delito pelo qual já foi 
absolvido ou condenado por sentença passada em julgado, em conformidade 
com a lei e os procedimentos penais de cada país. 
Art. 18 
1. Toda pessoa terá direito à liberdade de pensamento, de consciência e de 
religião. Esse direito implicará a liberdade de ter ou adotar uma religião ou 
uma crença de sua escolha e a liberdade de professar sua religião ou crença, 
individual ou coletivamente, tanto pública como privadamente, por meio do 
culto, da celebração de ritos, de práticas e do ensino. 
2. Ninguém poderá ser submetido a medidas coercitivas que possam 
restringir sua liberdade de ter ou de adotar uma religião ou crença de sua 
escolha. 
3. A liberdade de manifestar a própria religião ou crença estará sujeita 
apenas a limitações previstas em lei e que se façam necessárias para 
proteger a segurança, a ordem, a saúde ou a moral pública ou os direitos e 
as liberdades das demais pessoas. 
4. Os Estados partes do presente Pacto comprometem-se a respeitar a 
liberdade dos pais - e, quando for o caso, dos tutores legais - de assegurar a 
educação religiosa e moral dos filhos que esteja de acordo com suas próprias 
convicções. 
Art. 19 
1. Ninguém poderá ser molestado por suas opiniões. 
2. Toda pessoa terá direito à liberdade de expressão; esse direito incluirá a 
liberdade de procurar, receber e difundir informações e ideias de qualquer 
natureza, independentemente de considerações de fronteiras, verbalmente 
ou por escrito, em forma impressa ou artística, ou qualquer outro meio de sua 
escolha. 
3. O exercício do direito previsto no § 2º do presente artigo implicará deveres 
e responsabilidades especiais. 
Consequentemente, poderá estar sujeito a certas restrições, que devem, 
entretanto, ser expressamente previstas em lei e que se façam necessárias 
para: 
a) assegurar o respeito dos direitos e da reputação das demais pessoas; 
b) proteger a segurança nacional, a ordem, a saúde ou a moral pública. 
Art. 20 
1. Será proibida por lei qualquer propaganda em favor de guerra. 
2. Será proibida por lei qualquer apologia do ódio nacional, radical, racial ou 
religioso que constitua incitamento à discriminação, à hostilidade ou à 
violência. 
Art. 22 
CS – DIREITOS HUMANOS 2022 19 
 
 
 
 
 
 
. 
 
m) Direito a constituir família (art. 23); 
 
 
n) Direito da criança a medidas de proteção por parte da sociedade e do Estado (art. 24). 
 
 
5.2.2. Direitos Políticos 
 
São direitos de participação, ativa ou passiva, na elaboração das decisões políticas e na 
gestão da coisa pública. Liberdade-participação. 
Estão previstos no art. 25 do PIDCP, garantem o direito de participar na condução dos 
assuntos públicos, bem como de votar e ser votado. 
 
1. Toda pessoa terá o direito de associar-se livremente a outras, inclusive o 
direito de construir sindicatos e de a eles filiar-se, para a proteção de seus 
interesses. 
2. O exercício desse direito estará sujeito apenas às restrições previstas em 
lei e que se façam necessárias, em uma sociedade democrática, no interesse 
da segurança nacional, da segurança e da ordem públicas, ou para proteger 
a saúde ou a moral pública ou os direitos a liberdades das demais pessoas. 
O presente artigo não impedirá que se submeta a restrições legais o exercício 
desse direito por membros das forças armadas e da polícia. 
3. Nenhuma das disposições do presente artigo permitirá que Estados Partes 
da Convenção de 1948 da Organização do Trabalho, relativa à liberdade 
sindical e à proteção do direito sindical, venham a adotar medidas legislativas 
que restrinjam - ou aplicar a lei de maneira a restringir - as garantias previstas 
na referida Convenção. 
Art. 23 
1. A família é o elemento natural e fundamental da sociedade e terá o direito 
de ser protegida pela sociedade e pelo Estado. 
2. Será reconhecido o direito do homem e da mulher de, em idade núbil, 
contrair casamento e construir família. 
3. Casamento algum será sem o consentimento livre e pleno dos futuros 
esposos. 
4. Os Estados Partes do presente Pacto deverão adotar as medidas 
apropriadas para assegurar a igualdade de direitos e responsabilidades dos 
esposos quanto ao casamento, durante o mesmo e o por ocasião de sua 
dissolução. Em caso de dissolução, deverão adotar-se disposições que 
assegurem a proteção necessária para os filhos. 
Art. 24 
1. Toda criança, terá direito, sem discriminação alguma por motivo de cor, 
sexo, religião, origem nacional ou social, situação econômica ou nascimento, 
às medidas de proteção que a sua condição de menor requerer por parte de 
sua família, da sociedade e do Estado. 
2. Toda criança deverá ser registrada imediatamente após seu nascimento e 
deverá receber um nome. 
3. Toda criança terá o direito de adquirir uma nacionalidade. 
Art. 25 
Todo cidadão terá o direito e a possibilidade, sem qualquer das formas de 
discriminação mencionadas no artigo 2° e sem restrições infundadas: 
CS – DIREITOS HUMANOS 2022 20 
 
 
 
 
 
 
. 
 
5.2.3. Direitos Econômicos 
 
Possuem uma dimensão institucional, baseada no poder estatal de regulamentar o mercado, 
em vista do interesse público. 
Estão previstos expressamente no Pacto Internacional de Direitos Econômicos, Sociais e 
Culturais (PIDESC), são eles: 
• Direito à associação sindical (art. 8º); 
 
 
• Direito a gozar de condições justas e dignas de trabalho (art. 7º) 
 
a) de participar da condução dos assuntos públicos, diretamente ou por meio 
de representantes livremente escolhidos; 
b) de votar e de ser eleito em eleições periódicas, autênticas, realizadas por 
sufrágio universal e igualitário e por voto secreto, que garantam a 
manifestação da vontade dos eleitores; 
c) de ter acesso em condições gerais de igualdade, às funções públicas de 
seu país. 
Art. 8º 
1. Os Estados Partes do presente pacto comprometem-se a garantir: 
a) o direito de toda pessoa de fundar com outros sindicatos e de filiar-se ao 
sindicato de sua escolha, sujeitando-se unicamente a organização 
interessada, com o objetivo de promover e de proteger seus interesses 
econômicos e sociais. O exercício desse direito só poderá ser objeto das 
restrições previstas em lei e que sejamnecessárias, em uma sociedade 
democrática, no interesse da segurança nacional ou da ordem pública, ou 
para proteger os direitos e as liberdades alheias; 
b) o direito dos sindicatos de formar federações ou confederações nacionais 
e o direito desta de formar organizações sindicais internacionais ou de filiar- 
se às mesmas; 
c) o direito dos sindicatos de exercer livremente suas atividades, sem 
quaisquer limitações além daquelas previstas em lei e que sejam necessárias, 
em uma sociedade democrática, no interesse da segurança nacional ou da 
ordem pública, ou para proteger os direitos e as liberdades das demais 
pessoas; 
d) o direito de greve, exercido de conformidade com as leis de cada país. 
2. O presente artigo não impedirá que se submeta a restrições legais o 
exercício desses direitos pelos membros das forças armadas, da política ou 
da administração pública. 
3. Nenhuma das disposições do presente artigo permitirá que os Estados 
Partes da Convenção de 1948 da Organização Internacional do Trabalho, 
relativa à liberdade sindical e à proteção do direito sindical, venha a adotar 
medidas legislativas que restrinjam - ou a aplicar a lei de maneira a restringir 
- as garantias previstas na referida Convenção. 
Art. 7º 
Os Estados Partes do presente pacto o reconhecem o direito de toda pessoa 
de gozar de condições de trabalho justas e favoráveis, que assegurem 
especialmente: 
a) uma remuneração que proporcione, no mínimo, a todos os trabalhadores: 
CS – DIREITOS HUMANOS 2022 21 
 
 
 
 
 
 
. 
 
5.2.4. Direitos sociais 
 
São prestações positivas proporcionadas pelo Estado direta ou indiretamente, que 
possibilitam melhores condições de vida dos mais fracos, direitos que tendem a realizar a 
igualização de situações sociais desiguais. 
De acordo com o PIDESC, compreendem: 
 
• Direito à vida digna (art. 11) 
 
 
• Direito à saúde (art. 12) 
 
i) um salário equitativo e uma remuneração igual por um trabalho de igual 
valor, sem qualquer distinção; em particular, as mulheres deverão ter a 
garantia de condições de trabalho não inferiores às dos homens e receber a 
mesma remuneração que ele por trabalho igual; 
ii) uma existência decente para eles e suas famílias, em conformidade com 
as disposições do presente Pacto. 
b) a segurança e a higiene no trabalho; 
c) igual oportunidade para todos de serem promovidos, em seu trabalho, a 
categoria superior que lhes corresponda, sem outras considerações que as 
de tempo de trabalho e capacidade; 
d) o descanso, o lazer, a limitação razoável das horas de trabalho e férias 
periódicas remuneradas. 
Art. 11 
1. Os Estados Partes do presente Pacto reconhecem o direito de toda pessoa 
a um nível vida adequado para si próprio e sua família, inclusive à 
alimentação, vestimenta e moradia adequadas, assim como a uma melhoria 
contínua de suas condições de vida. Os Estados Partes tomarão medidas 
apropriadas para assegurar a consecução desse direito, reconhecendo, 
nesse sentido, a importância essencial da cooperação internacional fundada 
no livre consentimento. 
2. Os Estados Partes do presente pacto, reconhecendo o direito fundamental 
de toda pessoa de estar protegida contra a fome, adotarão, individualmente 
e mediante cooperação internacional, as medidas, inclusive programas 
concretos, que se façam necessárias para: 
a) melhorar os métodos de produção, conservação e distribuição de gêneros 
alimentícios pela plena utilização dos conhecimentos técnicos e científicos, 
pela difusão de princípios de educação nutricional e pelo aperfeiçoamento ou 
reforma dos regimes agrários, de maneira que se assegurem a exploração e 
a utilização mais eficazes dos recursos naturais; 
b) assegurar uma repartição equitativa dos recursos alimentícios mundiais 
em relação às necessidades, levando-se em conta os problemas tanto dos 
países importadores quanto dos exportadores de gêneros alimentícios. 
Art. 12 
1. Os Estados Partes do presente Pacto reconhecem o direito de toda pessoa 
desfrutar o mais elevado nível possível de saúde física e mental. 
2. As medidas que os Estados partes do presente Pacto deverão adotar com 
o fim de assegurar o pleno exercício desse direito incluirão as medidas que 
se façam necessárias para assegurar: 
CS – DIREITOS HUMANOS 2022 22 
 
 
 
 
 
 
. 
 
• Direito à educação (art. 13) 
 
Art. 13 
1. Os Estados Partes do presente Pacto reconhecem o direito de toda pessoa 
à educação. Concordam em que a educação deverá visar o pleno 
desenvolvimento da personalidade humana e do sentido de sua dignidade e 
fortalecer o respeito pelos direitos humanos e liberdades fundamentais. 
Concordam ainda em que a educação deverá capacitar todas as pessoas a 
participar efetivamente de uma sociedade livre, favorecer a compreensão, a 
tolerância e a amizade entre todas as nações e entre todos os grupos raciais, 
étnicos ou religiosos e promover as atividades das Nações Unidas em prol da 
manutenção da paz. 
2. Os Estados partes do Presente Pacto reconhecem que, com o objetivo de 
assegurar o pleno exercício desse direito: 
a) a educação primária deverá ser obrigatória e acessível gratuitamente a 
todos; 
b) a educação secundária em suas diferentes formas, inclusive a educação 
secundária técnica e profissional, deverá ser generalizada e tornar-se 
acessível a todos, por todos os meios apropriados e, principalmente, pela 
implementação progressiva do ensino gratuito; 
c) a educação de nível superior deverá igualmente tronar-se acessível a 
todos, com base na capacidade de cada um, por todos os meios apropriados 
e, principalmente, pela implementação progressiva do ensino gratuito; 
d) dever-se-á fomentar e intensificar, na medida do possível, a educação de 
base para aquelas que não receberam educação primária ou não concluíram 
o ciclo completo de educação primária; 
e) será preciso prosseguir ativamente o desenvolvimento de uma rede 
escolar em todos os níveis de ensino, implementar-se um sistema de bolsas 
estudo e melhorar continuamente as condições materiais do corpo docente. 
2. Os Estados Partes do presente Pacto comprometem-se a respeitar a 
liberdade dos pais - e, quando for o caso, dos tutores legais - de escolher 
para seus filhos escolas distintas daquelas criadas pelas autoridades 
públicas, sempre que atendam aos padrões mínimos de ensino prescritos ou 
aprovados pelo Estado, e de fazer com que seus filhos venham a receber 
educação religiosa ou moral que seja de acordo com suas próprias 
convicções. 
3. Nenhuma das disposições do presente artigo poderá ser interpretada no 
sentido de restringir a liberdade de indivíduos e de entidades de criar e dirigir 
instituições de ensino, desde que respeitados os princípios enunciados no § 
1° do presente artigo e que essas instituições observem os padrões mínimos 
prescritos pelo Estado. 
a) a diminuição da mortalidade infantil, bem como o desenvolvimento das 
crianças; 
b) a melhoria de todos os aspectos de higiene do trabalho e do meio 
ambiente; 
c) a prevenção e tratamento das doenças epidêmicas, endêmicas, 
profissionais e outras, bem como a luta contra essas doenças; 
d) a criação de condições que assegurem a todos assistência médica e 
serviços médicos em caso de enfermidade. 
CS – DIREITOS HUMANOS 2022 23 
 
 
 
 
 
 
. 
5.2.5. Direitos Culturais 
 
Relacionados à participação do indivíduo na vida cultural de uma comunidade, bem como a 
manutenção do patrimônio histórico-cultural, que concretiza sua identidade e a memória. 
Segundo o art. 15 do PIDESC, são os direitos de participar da vida cultural e de conhecer 
os avanços científicos. 
 
 
5.3. DIREITOS HUMANOS GLOBAIS 
 
Tais direitos adquirem sua especificidade, em relação aos demais, diante da titularidade 
coletiva ou difusa, pertencendo aos grupos sociais determinados, a um povo, ou mesmo, à 
Humanidade inteira. Esta titularidade decorre do fato de que esses direitos objetivam proteger osinteresses que transcendem a órbita individual, o que os torna distintos dos civis, políticos, 
econômicos, sociais e culturais, que, direta ou indiretamente, visam estabelecer e garantir a 
liberdade individual. 
Destes novos direitos, os que merecem maior destaque são o direito ao desenvolvimento e 
o direito ao meio ambiente sadio. 
Por ser o mais recente ramo surgindo no direito internacional dos direitos humanos, ele ainda 
se encontra nos estágios iniciais de evolução, encontrando problemas quanto à precisão de seu 
conteúdo. Em primeiro lugar, a noção de “povo” ainda é extremamente vaga, sendo apenas certo 
que o critério quantitativo não é suficiente. Isso é fundamental ao se cuidar do direito à 
autodeterminação, que curiosamente é previsto pelos pactos internacionais de 1966, embora não 
se possa classificá-los como direitos civis e políticos, nem como econômicos, culturais e sociais. 
 
 
6. PRINCÍPIOS DE INTERPRETAÇÃO 
 
 
Há na Convenção de Viena uma regra geral (art. 31) e meios suplementares (art. 32) de 
interpretação dos tratados. Observe: 
Art. 15 
1. Os Estados Partes do presente Pacto reconhecem a cada indivíduo o 
direito de: 
a) Participar da vida cultural; 
b) desfrutar o progresso científico e suas aplicações; 
c) beneficiar-se da proteção dos interesses morais e materiais decorrentes 
de toda a produção científica, literária ou artística de que seja autor. 
2. As medidas que os Estados Partes do presente Pacto deverão adotar com 
a finalidade de assegurar o pleno exercício desse direito aquelas necessárias 
à conservação, ao desenvolvimento e à difusão da ciência e da cultura. 
3. Os Estados Partes do presente Pacto comprometem-se a respeitar a 
liberdade indispensável à pesquisa científica e à atividade criadora. 
4. Os Estados Partes do presente Pacto reconhecem os benefícios que 
derivam do fomento e do desenvolvimento da cooperação e das ralações 
internacionais no domínio da ciência e da cultura. 
CS – DIREITOS HUMANOS 2022 24 
 
 
 
 
 
 
. 
 
A seguir iremos analisar os princípios de interpretação desenvolvidos pela doutrina e pela 
jurisprudência, com base na regra geral. 
 
6.1. PRINCÍPIO PRO HOMINE OU PRO PERSONA 
 
Salienta-se que, inicialmente, tal princípio era chamado de pro homine. Contudo, após 
inúmeras críticas, passou a ser chamado de pro persona, tendo em vista que é direcionado à 
pessoa, independentemente de gênero. 
Significa que todo tratado internacional de direitos humanos deve ser interpretado de forma 
mais favorável à vítima. Perceba que é consequência do regime objetivo dos tratados internacionais 
de direitos humanos, uma vez que a interpretação não deve beneficiar os Estados, os violadores 
de direitos humanos, mas sim aqueles que têm seus direitos violados (vítimas). 
Do princípio pro persona decorrerem dois subprincípios, quais sejam: 
 
 
Primazia da norma 
mais favorável 
Máxima efetividade 
(effet utile) 
 
 
 
Diante do conforto entre uma norma de 
direitos humanos e uma norma de 
direitos fundamentais, prevista na 
Constituição interna dos Estados, deve 
prevalecer a que for mais favorável à 
proteção dos direitos da pessoa. 
 
 
Diante de duas ou mais interpretações 
de uma norma de direitos humanos, o 
interprete deve utilizar a que mais 
proteja e efetive os direitos humanos. 
 
 
 
6.2. PRINCÍPIO DA EFICÁCIA DIRETA OU DA AUTOEXECUTORIEDADE 
 
Os Estados não podem alegar ausência de regulamentação interna para descumprirem uma 
norma de direito internacional dos direitos humanos. 
Art. 31, 1. Um tratado deve ser interpretado de boa-fé segundo o sentido 
comum atribuível aos termos (interpretação gramatical ou semântica) do 
tratado em seu contexto (interpretação sistemática) e à luz de seu objetivo e 
finalidade (interpretação teleológica). 
 
Art. 32 Pode-se recorrer a meios suplementares de interpretação, inclusive 
aos trabalhos preparatórios do tratado e às circunstâncias de sua conclusão, 
a fim de confirmar o sentido resultante da aplicação do artigo 31 ou de 
determinar o sentido quando a interpretação, de conformidade com o artigo 
31: 
a) deixa o sentido ambíguo ou obscuro; ou 
b) conduz a um resultado que é manifestamente absurdo ou desarrazoado. 
CS – DIREITOS HUMANOS 2022 25 
 
 
 
 
 
 
. 
Cita-se, como exemplo, a audiência de custódia. No início das discussões acerca do tema 
(início de 2013), parte da doutrina sustentava que o art. 7.5 da CADH não podia ser diretamente 
aplicado no Brasil, pois dependeria de uma normatização interna. Tal entendimento, claramente, 
violava o princípio da eficácia direta. 
 
6.3. PRINCÍPIO DA INTERPRETAÇÃO AUTÔNOMA 
 
Quando um tratado é redigido, seja no foro regional ou da ONU, deve considerar as diversas 
experiencias jurídicas nacionais, por isso algumas expressões adquirem significado autônomo 
(sentido próprio). Logo, o Estado não pode interpretar a partir de sua experiência interna, mas sim 
com base naquele sentido próprio conferido pelo direito internacional dos direitos humanos. 
Por exemplo, a expressão “comprovação legal da culpa” não pode ser interpretada como 
trânsito em julgado. 
 
6.4. PRINCÍPIO DA INTERPRETAÇÃO EVOLUTIVA OU DINÂMICA 
 
O tratado internacional de direitos humanos um tratado deve ser interpretado não de acordo 
com a época na qual foi redigido, mas de acordo com o momento da sua aplicação. Expressão 
importante e já tratada em jurisprudência internacional, são que os tratados internacionais de 
direitos humanos são instrumentos vivos, ou seja, são interpretados de forma dinâmica e 
evolutiva. 
Como exemplo, cita-se o caso discutido na Corte Interamericana de Direitos Humanos 
(Artavia, Murillo e outros versus Costa Rica) que evolvia discussão acerca da fecundação in vitro. 
Havia na Costa Rica lei proibindo a fecundação in vitro, na Corte entendeu-se que a partir do 
momento em que a CADH protege a vida desde o momento da concepção a prática da fecundação 
in vitro, na interpretação original, o descarte de embriões excedentes violaria o direito à vida. No 
entanto, a Corte invocou o princípio da interpretação evolutiva e afirmou que quando o dispositivo 
foi redigido não se aplicava ou se discutia técnicas de fecundação, mas, agora, deveria ser 
interpretado como um dispositivo que evoluiu. 
 
6.5. TEORIA DA MARGEM DE APRECIAÇÃO 
 
A Teoria da Margem de Apreciação potencializa e prestigia o caráter subsidiário do sistema 
internacional de proteção dos direitos humanos, o que torna excepcional a interferência do sistema 
internacional de proteção na ordem jurídica interna. 
Sustenta que questões polêmicas, relacionadas com as restrições estatais a direitos 
protegidos devem ser discutidas e dirimidas pelas comunidades nacionais, não podendo o juiz 
internacional apreciá-las. 
É aplicada recorrentemente pela Corte Europeia de Direitos Humanos, mas de forma 
excepcional pela Corte Interamericana de Direitos Humanos (Opinião Consultiva 27/2017 - sobre 
questões de gênero e alterações de nome). 
 
 
7. CARACTERÍSTICAS 
CS – DIREITOS HUMANOS 2022 26 
 
 
 
 
 
 
. 
7.1. INERÊNCIA 
 
Decorre do fundamento jusnaturalista, traz a noção de que os direitos humanos são 
inerentes a cada pessoa, pelo simples fato de existir como ser humano. 
O reconhecimento da inerência é premissa racional para a construção da noção de direitos 
humanos, porque a existência do ser humano livre, anterior à criação do estado, permite a limitação 
da ação deste ou seu direcionamento para a criação de condições favoráveis à vida em sociedade. 
Além disso, exerce a função de propiciar a constante alteração do sistema normativo dos 
direitos humanos, sempre que se renovar ou ampliar o entendimento do que seja dignidade inerente 
a todos os membros da família humana. É dizer que neste campo do Direito talvez mais que em 
qualquer outro, a elaboração de suas normas tem em mente consolidar a noção atualizada da 
dignidade fundamental do ser humano, fontede seus direitos positivados, estabelecendo, desta 
forma, um equilíbrio dinâmico entre direito natural e direito positivo. 
Outra consequência fundamental é o caráter não taxativo dos direitos humanos até agora 
reconhecidos, eis que, sendo inerentes aos seres humanos, em grupo ou individualmente, se 
apresentam em constante mutação, acompanhando e interferindo na evolução social, regional e 
global. 
 
7.2. UNIVERSALIDADE 
 
A concepção universal dos direitos humanos decorre da ideia de inerência. Significa que 
estes direitos pertencem a todos os membros da espécie humana, sem qualquer distinção fundada 
em atributos inerentes aos seres humanos ou na posição social que ocupem. 
Tal concepção, embora consagrada nos documentos internacionais, é constantemente 
questionada pelos adeptos do chamado “Relativismo Cultural”, corrente de pensamento minoritário 
que vê os direitos humanos como fruto da evolução e cristalização dos valores da “civilização 
ocidental”. Entendem que conferir ao direito internacional dos direitos humanos caráter cogente 
implicaria uma tentativa de impor aos demais povos uma determinada “cultura”, prevalecente 
apenas diante da conjuntura geopolítica. Em última instância, os direitos humanos universais fariam 
parte de projetos imperialistas das potências ocidentais. 
Porém, a desconsideração da dignidade fundamental de cada ser humano não tem fronteiras 
e não tem lugar na cultura humana. 
De acordo com Carlos Weis, citando José Augusto Alves, as afirmações de que a 
Declaração Universal é um documento de interesse apenas ocidental, irrelevante e inaplicável em 
sociedades com valores histórico-culturais distintos, são falsas e perniciosas. Falsa porque todas 
as Constituições nacionais redigidas após a adoção da Declaração pela Assembleia Geral da ONU 
nela se inspiraram ao tratar dos direitos e liberdades fundamentais, pondo em evidência, assim, o 
caráter hoje universal de seus valores. Perniciosas porque abrem possibilidades à invocação do 
relativismo cultural como justificativa para violações concretas dos direitos já internacionalmente 
reconhecidos. 
A universalidade dos direitos sociais pode ser entendida no contexto mais amplo da 
dignidade humana, a que toda pessoa tem direito. Não há como pensar em respeito aos direitos 
CS – DIREITOS HUMANOS 2022 27 
 
 
 
 
 
 
. 
humanos sem que o Estado tome providências que lhe competem visando a assegurar a elevação 
das condições de vida ao que se convencionou chamar de padrão mínimo de dignidade humana. 
Segundo Caio Paiva, há duas propostas filosóficas para superar o suposto embate entre o 
universalismo e o relativismo. Vejamos: 
1ª Proposta (Boaventura de Souza Santos) – defende uma hermenêutica diatópica (aquilo 
que varia conforme a geografia), partindo da ideia de multiculturalismo a fim de que os valores de 
cada região sejam respeitados. 
2ª Proposta (Herrera Flores) – defende o universalismo de chegada ou de confluência. 
Sustenta que o universalismo não pode ser “de partida”, ou seja, as discussões de direitos humanos 
não podem partir do universalismo, devem percorrer um caminho e assim chegar a tal ponto 
universal. 
 
7.3. INDIVISIBILIDADE E INTERDEPENDÊNCIA 
 
 
A indivisibilidade está ligada ao objetivo maior do sistema internacional de direitos humanos, 
a promoção e garantia da dignidade humana. Não existe meio-termo: só há vida verdadeiramente 
digna se todos os direitos previstos no direito internacional dos direitos humanos estiverem sendo 
respeitados, sejam civis e políticos, sejam econômicos, sociais e culturais. Trata-se de uma 
característica do conjunto de normas e não de cada direito individualmente considerado. 
A interdependência diz respeito aos direitos humanos considerados em espécie, ao se 
entender que certo direito não alcança a eficácia plena sem a realização simultânea de alguns ou 
de todos os outros direitos humanos. E essa característica não distingue direitos civis e políticos 
ou econômicos, sociais ou culturais, pois a realização de um direito específico pode depender (como 
geralmente ocorre) do respeito e promoção de diversos outros, independentemente de sua 
classificação. 
 
7.4. TRANSNACIONALIDADE 
 
Carlos Weiss afirma que esta característica é bem resumida por Dalmo de Abreu Dallari, 
para quem: “os direitos fundamentais da pessoa humana são reconhecidos e protegidos por todos 
os Estados, embora existam variações quanto à enumeração desses direitos, bem como quanto à 
forma de protegê-los. Esses direitos não dependem da nacionalidade ou cidadania, sendo 
assegurados a qualquer pessoa”. 
Também tem como finalidade a proteção do ser humano quando lhe recusam uma 
nacionalidade e a proteção estatal dela decorrente. Se à pessoa não for garantido os direitos 
Conferência Internacional de Teerã 13 – “Como os direitos humanos e as 
liberdades fundamentais são indivisíveis, a realização dos direitos civis e 
políticos sem o gozo dos direitos econômicos, sociais e culturais torna-se 
impossível”. 
 
Viena 1993 “Todos os direitos humanos são universais, indivisíveis, 
interdependentes e inter-relacionados” 
CS – DIREITOS HUMANOS 2022 28 
 
 
 
 
 
 
. 
fundamentais, tem a ordem internacional o dever de intervir, em face do caráter transcendental dos 
direitos humanos. 
 
7.5. PROIBIÇÃO DO REGRESSO OU VEDAÇÃO DO RETROCESSO 
 
Uma vez conferido o Estado não poderá retroceder, diminuir a sua proteção aos direitos 
humanos em relação ao estágio em que esta tutela se encontra. 
 
7.6. IMPRESCRITIBILIDADE 
 
Os direitos humanos não podem ser atingidos pelo lapso temporal. Salienta-se que a 
reparação do dano pode estar sujeita à prescrição. 
Em 2002, o Brasil incorporou o Estatuto de Roma (Decreto 4.388/2002), que elenca como 
crimes imprescritíveis os crimes contra a humanidade, crimes de guerra, genocídio e agressão. 
Desta forma, o rol constitucional de imprescritibilidades é EXEMPLIFICATIVO, pois cuida de 
direito fundamental que estabelece uma proteção mínima aos direitos humanos, podendo ser 
ampliada. Assim, outros crimes imprescritíveis podem ser incluídos no rol do art. 5º da CF, desde 
que o objetivo seja a proteção dos direitos humanos. 
 
7.7. INALIENABILIDADE 
 
Os direitos humanos não podem ser alienados, transferidos, ainda que com anuência de seu 
titular, e qualquer manifestação de vontade nesse sentido é nula de pleno direito. 
 
7.8. IRRENUNCIABILIDADE 
 
Os direitos humanos são irrenunciáveis, não podem ser abdicados, abjurados, e qualquer 
manifestação de vontade nesse sentido é nula de pleno direito. 
 
7.9. EFETIVIDADE 
 
Não basta o singelo reconhecimento pelo Estado dos direitos humanos; ele deve empregar 
medidas efetivas para a sua aplicação. 
 
7.10. HISTORICIDADE 
 
Os direitos humanos são históricos, pois são construídos pela convivência coletiva, que teve 
origem nos direitos civis e políticos – 1ª geração – se desenvolveram como direitos econômicos, 
sociais e culturais – 2ª geração – e chegaram ao seu ápice na institucionalização das garantias 
coletivas – 3ª geração. 
 
7.11. LIMITABILIDADE RELATIVIDADE 
CS – DIREITOS HUMANOS 2022 29 
 
 
 
 
 
 
. 
Ao contrário do que imagina, a maioria dos direitos humanos podem ser relativizados, a 
exemplo da liberdade de expressão, da liberdade de locomoção, dos direitos humanos. Há, 
obviamente, alguns direitos humanos absolutos como, por exemplo, o direito de não ser torturado, 
de não ser escravizado. 
 
7.12. ABERTURA, NÃO TIPICIDADE OU INEXAURIBILIDADE 
 
Sempre há possibilidade de novos direitos humanos surgirem, portanto, não existe um rol 
taxativo de direitos humanos. 
Nesse sentido, a CADH e a Constituição Federal: 
 
 
 
8. EVOLUÇÃO HISTÓRICA 
 
 
O estudo da evolução histórica dos direitos humanos é complexo e extenso. Iremos analisar 
aqui a evolução apresentada por André de Carvalho Ramos. 
Obs.: É cobrado pouco, ficar atento ao edital. 
 
8.1. FASE PRÉ-ESTADO CONSTITUCIONAL8.1.1. A Antiguidade Oriental e o esboço da construção de direitos 
 
Possuíam códigos de comportamento baseados no amor e respeito ao outro. Ex.: o código 
de Hamurabi é considerado o primeiro código de condutas (anteriormente no Antigo Egito o Código 
de Menes reconheceu alguns), preceituando esboços de direitos individuais, como a vida, a 
propriedade; o budismo prega o bem comum e uma sociedade pacífica. 
 
8.1.2. A visão grega e a democracia ateniense 
 
Sua herança para os direitos humanos é expressiva. Ex.: direitos políticos na democracia 
ateniense; ideais de igualdade e justiça em Platão e Aristóteles; reflexão sobre a superioridade de 
determinadas normas. 
 
8.1.3. A República Romana 
CADH – Art. 29. C – Nenhuma disposição desta Convenção pode ser 
interpretada no sentido de excluir outros direitos e garantas que são inerentes 
ao ser humano ou que decorrem da forma democrática representativa de 
governo 
 
CF – Art. 5º, § 2º Os direitos e garantas expressos nesta Constituição não 
excluem outros decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados, ou 
dos tratados internacionais em que a República Federativa do Brasil seja 
parte 
CS – DIREITOS HUMANOS 2022 30 
 
 
 
 
 
 
. 
A Lei das Doze Tábuas, ao estipular a lexscripta sedimentou o princípio da legalidade. 
Ademais foram consagrados direitos como o de propriedade, liberdade, personalidade jurídica. 
Ainda, a aceitação do jus gentium, direito aplicado a todos, foi um passo para a igualdade. 
 
8.1.4. O Antigo e o Novo Testamento e as influências do cristianismo e da Idade 
Média 
 
A Torah apregoa a solidariedade e a preocupação com o bem-estar de todos. No Antigo 
Testamento está clara a necessidade de respeito a todos, especialmente os vulneráveis. O Novo 
Testamento apregoa a igualdade e solidariedade. Dentre os filósofos católicos destaca-se São 
Tomás de Aquino que defendeu a igualdade dos seres humanos e a aplicação justa da lei. 
 
8.1.5. Resumo da ideia dos direitos humanos na Antiguidade: a liberdade dos 
antigos e a liberdade dos modernos 
 
As normas do Estado pré-constitucional não asseguravam ao indivíduo direitos de 
contenção ao poder estatal, inclusive por isso parte da doutrina afirma que não há regras de direitos 
humanos nessa época, contudo se observa que há costumes e instituições sociais que enfatizam o 
respeito a valores que estão contidos em normas atuais de direitos humanos. 
 
8.2. CRISE DA IDADE MÉDIA, INÍCIO DA IDADE MODERNA E PRIMEIROS DIPLOMAS 
DE DIREITOS HUMANOS 
 
O poder dos governantes era ilimitado, por ser fundado na vontade dívida, contudo surgem 
os primeiros movimentos de reivindicação de liberdades a determinados estamentos, surgindo 
limitações aos poderes do rei, por exemplo: Magna Carta, Habeas Corpus Act, Bill of Rights. 
 
8.3. DEBATE DAS IDEIAS DE HOBBERS, GRÓCIO, LOCKE, ROUSSEAU E OS 
ILUMINISTAS 
 
Em Leviatã, Hobbes trata do direito de ser humano, pelo qual no estado da natureza o 
homem é livre de quaisquer restrições e não se submete a qualquer poder, contudo para sobreviver 
(já que todos estão em confronto pelo homem ser lobo do próprio homem) o homem abdica dessa 
liberdade e se submete ao poder estatal. 
Hugo Grócio traz a ideia de reconhecimento de normas inerentes à condição humana. 
 
Locke, em seguida, defende que o Estado exista para preservar os direitos dos homens e 
para isso não precisa ser autocrático, como era para Hobbes. Locke foi um expoente do liberalismo 
emergente. 
Rousseau, na obra “Do contrato social”, defendeu uma vida em sociedade baseada em um 
contrato (o pacto social) entre homens livres e iguais. Assim, o autor defendia um governo que 
representasse a vontade da maioria e a inalienabilidade dos direitos humanos encontra eco em 
seus textos, que, inclusive, combatem a escravidão. Seus ideais estão inseridos no Iluminismo, 
junto com outros como Voltaire, Diderot e D’Alembert, que defendiam o uso da razão para dirigir a 
sociedade em todos os aspectos, questionando o absolutismo e o viés religioso do poder. 
CS – DIREITOS HUMANOS 2022 31 
 
 
 
 
 
 
. 
Kant defendeu a existência da dignidade intrínseca a todo ser racional, de modo que o 
homem é um fim em si mesmo. 
 
8.4. FASE DO CONSTITUCIONALISMO LIBERAL E DAS DECLARAÇÕES DE DIREITOS 
 
As revoluções liberais (inglesa, americana e francesa) e suas declarações de direitos (Bill of 
Rights,1689; só com a aprovação de 10 emendas em 1791 é que foram incluídos direitos na 
Constituição Americana de 1787; Declaração Francesa dos Direitos do Homem e do Cidadão de 
1789) marcaram a primeira clara afirmação histórica dos direitos humanos. A Declaração francesa 
destacou-se por sua vocação universal, sendo o grande alicerce da afirmação dos direitos humanos 
no século XX. 
 
8.5. FASE DO SOCIALISMO E DO CONSTITUCIONALISMO SOCIAL 
 
Os movimentos socialistas surgem no século XIX na Europa. No plano do constitucionalismo 
os direitos sociais são introduzidos em diversas constituições, inicialmente no México em 1917, 
depois na Alemanha em 1919 e no Brasil foi em 1934. Internacionalmente foi criada em 1919, 
através do Tratado de Versailles, a primeira organização internacional voltada à melhoria das 
condições de trabalho, a OIT. 
 
8.6. INTERNACIONALIZAÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS 
 
Antes do pós Segunda Guerra Mundial, os tratados internacionais eram focados na questão 
trabalhista e no combate à escravidão. Em 1945, na Conferência de São Francisco a ONU foi criada, 
porém não foram listados os direitos considerados essenciais, de modo que em 1948 foi elaborada 
a Declaração Universal de Direitos Humanos – doutrinariamente se discute se ela possui caráter 
vinculante por ser uma interpretação do que é direitos humanos, previsto na Carta da ONU, que 
tem caráter vinculante, ou se possui caráter vinculante por representar o costume internacional 
sobre a matéria (opinião do autor); ou ainda há quem defenda que é apenas uma soft law (orientam 
os Estados). 
 
 
9. PRECEDENTES HISTÓRICOS DO DIREITO INTERNACIONAL DOS DIREITOS 
HUMANOS 
 
 
Há, basicamente, dois fatores que proporcionaram a internacionalização dos direitos 
humanos, quais sejam: 
• Superação do conceito tradicional e ilimitado de soberania estatal 
 
• Redefinição do status do indivíduo como sujeito de direito internacional 
 
9.1. DIREITO HUMANITÁRIO 
 
De acordo com Caio Paiva, trata-se de “conjunto de princípios e regras que limitam o recurso 
à violência em período de conflito armado, possuindo os seguintes objetivos: a) proteger as pessoas 
CS – DIREITOS HUMANOS 2022 32 
 
 
 
 
 
 
. 
que não participam diretamente das hostilidades ou que já deixaram de participar, como os 
combatentes feridos, os náufragos, os prisioneiros de guerra e os civis; e b) limitar os efeitos da 
violência nos combates destinados a atingir os objetivos do conflito “. Afirma, ainda, que a doutrina 
também o conceitua como sendo “o elemento de direitos humanos do Direito da guerra”, 
consistindo, portanto, no ramo do DIDH aplicável a conflitos armados internacionais e, em alguns 
casos, a conflitos armados internos”. 
Salientando que “o Direito Humanitário possui como fontes o “Direito de Genebra”, que 
compreende as Convenções e Protocolos internacionais elaborados sob a supervisão do Comitê 
Internacional da Cruz Vermelha (CICV) e que diz essencialmente à respeito à proteção das vítimas 
de conflitos; o “Direito da Haia”, que diz respeito às convenções adotadas durante as Conferências 
de Paz realizadas em Haia (Holanda), tendo como preocupação os meios e métodos de guerra 
autorizados; e o “Direito de Nova Iorque”, que compreende a atuação da ONU com vista a assegurar 
o respeito pelos direitos humanos em caso de conflito armado e a limitar o recurso a certas armas”. 
 
9.2. LIGA DAS NAÇÕES 
 
Criada após o fim da 1ªGM, possuía como objetivo promover a paz, a cooperação e a 
segurança internacional. 
A doutrina considera que a Liga dasNações serviu como uma espécie de “laboratório” para 
a constituição da Organização das Nações Unidas (ONU). 
Entre os motivos para o seu insucesso, estão: 
 
a) a ausência da nova potência mundial (EUA) entre os seus Estados membros; 
 
b) a falta de vontade política entre os países membros; 
 
c) o colonialismo ainda existente em várias partes do mundo; 
 
d) a mudança na política alemã, com a ascensão de Hitler e de sua política de violação de 
direitos humanos em 1933. 
 
9.3. ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL DO TRABALHO 
 
Projeta o ser humano como sujeito de direito internacional, estabelece parâmetros mínimos 
para a proteção do trabalhador, disciplinando a sua condição no plano internacional por meio de 
diversas convenções. 
 
 
10. EIXOS DE PROTEÇÃO 
 
 
10.1. DIREITO INTERNACIONAL DOS DIREITOS HUMANOS 
 
Proteção do ser humano em todos os aspectos, englobando direitos civis e políticos e 
direitos sociais, econômicos e culturais. 
CS – DIREITOS HUMANOS 2022 33 
 
 
 
 
 
 
. 
10.2. DIREITO INTERNACIONAL HUMANITÁRIO 
 
Foca na proteção do ser humano na situação específica dos conflitos armados 
(internacionais e não internacionais) 
 
10.3. DIREITO INTERNACIONAL DOS REFUGIADOS 
 
Age na proteção do refugiado, desde a saída do seu local de residência, concessão do 
refúgio e seu eventual término. 
CS – DIREITOS HUMANOS 2022 34 
 
 
 
 
 
 
. 
TEORIA GERAL DOS SISTEMAS INTERNACIONAIS DE 
PROTEÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS 
 
 
O estudo dos sistemas internacionais de proteção dos direitos humanos é um dos mais 
cobrados em concursos públicos, por isso merece sua atenção. 
 
 
1. ELEMENTOS CARACTERIZADORES 
 
 
Há, pelo menos, três elementos que caracterizam os sistemas de proteção: normas, órgãos 
e mecanismos. 
 
1.1. NORMAS 
 
Um sistema internacional de direitos humanos deve possuir uma codificação de direitos 
humanos por meio de tratados, convenções, declarações, bem como uma organização internacional 
que o constituía. 
Por exemplo, no Sistema Global há a Organização das Nações Unidas que abriga todos os 
órgãos e normas de proteção. 
Segundo Aline Albuquerque e Aléssia Barroso (citadas por Caio Paiva), “as normas são o 
conjunto de tratados, declarações, princípios e outras normativas de direitos humanos que integram 
os Sistemas Internacionais de DH.” 
 
1.2. ÓRGÃOS 
 
Igualmente, não há sistema internacional de direitos humanos quando não existe órgãos que 
monitorem tais direitos. No caso da ONU, por exemplo, há órgãos convencionais e extra 
convencionais. 
De acordo com Aline Albuquerque e Aléssia Barroso (citadas por Caio Paiva), “um órgão se 
caracteriza como político quando não recebe comunicação ou petição individual e, em 
consequência, não profere decisão acerca de casos específicos cujo conteúdo versa sobre a 
responsabilidade do Estado por violação de direitos humanos. Um órgão é quase judicial quando 
processa petições e comunicações individuais e desse processamento resulta uma decisão que 
consubstancia em recomendações, as quais pressupõem a responsabilização internacional do 
Estado. E, por fim, os órgãos judiciais detêm o poder jurisdicional, logo, proferem sentenças” 
 
1.3. MECANISMOS DE PROTEÇÃO 
 
São meios de monitoramento para a observância e a aplicação dos direitos humanos, poderá 
ser convencional ou extra convencional. 
CS – DIREITOS HUMANOS 2022 35 
 
 
 
 
 
 
. 
2. ESPÉCIES DE SISTEMA INTERNACIONAL 
 
 
Atualmente, existem quatro sistemas de proteção internacional dos direitos humanos: um de 
abrangência GLOBAL (sistema ONU) e três de abrangência REGIONAL (Interamericano, Europeu, 
Africano). 
Ainda não há sistemas de proteção nos países da Ásia e Árabes. 
Em momento oportuno, analisaremos cada um deles. 
 
3. PRINCÍPIOS 
 
 
3.1. PRINCÍPIO DA COEXISTÊNCIA 
 
O sistema global coexiste com os sistemas regionais, ou seja, devem conviver em harmonia, 
tendo em vista que são complementares. 
Conforme Flávia Piovesan (citada por Caio Paiva), “os sistemas global e regional não são 
dicotômicos, mas complementares. Inspirados pelos valores e princípios da Declaração Universal, 
compõem o universo instrumental de proteção dos direitos humanos no plano internacional. Nessa 
ótica, os diversos sistemas de proteção de direitos humanos interagem em benefício dos indivíduos 
protegidos. Ao adotar o valor da primazia da pessoa humana, tais sistemas se complementam, 
somando-se ao sistema nacional de proteção, a fim de proporcionar a maior efetividade possível na 
tutela e promoção de direitos fundamentais. Essa é, aliás, a lógica e a principiologia próprias do 
Direito dos Direitos Humanos” 
 
3.2. PRINCÍPIO DA LIVRE ESCOLHA 
 
A vítima de uma violação de direitos humanos possui a opção de demandar contra o Estado 
no sistema global ou no sistema regional, desde que o país tenha aceitado a competência 
contenciosa dos mecanismos de proteção. 
 
3.3. PRINCÍPIO DA SUBSIDIARIEDADE OU DA COMPLEMENTARIEDADE 
 
Os sistemas internacionais de proteção aos direitos humanos atuam apenas quando não 
houver proteção efetiva no direito interno ou quando a proteção houver falhado. Por isso, é 
caracterizado pela subsidiariedade já que para se acessar um tribunal internacional de direitos 
humanos a vítima deve comprovar que esgotou os recursos internos. 
 
 
FÓRMULA DA QUARTA INSTÂNCIA – a Corte Interamericana não pode funcionar como um 
Tribunal de revisão das decisões dos tribunais internos, ou seja, discutir sobre a justiça ou injustiça 
de uma decisão. Apenas analisa se houve ou não violação de direitos humanos. 
Obs.: Deve-se esgotar todos os recursos, inclusive os extraordinários. Embora a Comissão 
Interamericana já tenha admitido uma petição contra o Brasil na pendência do julgamento de um 
RE, diante da demora injustificada. 
CS – DIREITOS HUMANOS 2022 36 
 
 
 
 
 
 
. 
3.4. PRINCÍPIO DA COOPERAÇÃO 
 
Os Estados devem cooperar com os sistemas internacionais dos direitos humanos para uma 
melhor solução do deslinde. Destaca-se que o Estado pode defender-se, a fim de buscar sua 
absolvição perante os mecanismos de proteção. 
No entender de Aline Albuquerque e Aléssia Barroso (citadas por Caio Paiva), “cabe ao 
Estado envidar o máximo de esforços no sentido de cumprir seus compromissos internacionais e, 
pois, à luz da Convenção de Viena sobre os Direitos dos Tratados, todo tratado em vigor obriga as 
partes e deve ser cumprido por elas de boa-fé, o que implica conferir efeito razoável e útil à norma 
internacional ao qual se vinculou voluntariamente. Desse modo, tendo em conta a adesão de um 
Estado a determinado Sistema Internacional de DH, ele detém a obrigação internacional de respeito 
aos direitos humanos reconhecidos no tratado, convenção ou em qualquer ato normativo ao qual 
se vinculou. Nessa linha, o princípio da cooperação e do diálogo aponta para a atuação do Estado 
e dos órgãos de direitos humanos, ou seja, ambos devem atuar de modo harmônico e amigável em 
prol da efetivação dos direitos humanos, conseguintemente, posturas beligerantes e contenciosas 
não são bem recepcionadas na esfera dos Sistemas Internacionais de DH” 
CS – DIREITOS HUMANOS 2022 37 
 
 
 
 
 
 
. 
SISTEMA GLOBAL DE PROTEÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS 
 
 
 
1. EVOLUÇÃO HISTÓRICA 
 
 
1.1. CARTA DE SÃO FRANCISCO 
 
Em 1945, com o fim da 2ª Guerra Mundial, a comunidade política e jurídica internacional, a 
fim de evitar que novamente os flagelos da guerra atingissem pela terceira vez os direitos humanos, 
criaram o Sistema Global ou Universal dos Direitos Humanos. 
Tal Sistema nasceu com a constituição da ONU (Organização das Nações Unidas), em junho 
de 1945, com a edição da Carta das Nações Unidas (também chamada de Carta de São Francisco 
ou Carta da ONU). 
 
 
Salienta-se que a expressão “direitos humanos” é pouco citada ao longo da Carta de São 
Francisco, não há um catálogo de direitos humanos, a sua intenção principal foi a constituição da 
ONU.1.2. DECLARAÇÃO UNIVERSAL DE DIREITOS HUMANOS 
 
A DUDH faz parte da Carta Internacional de Direitos Humanos, possuindo um catálogo de 
direitos humanos protegidos pela Organização das Nações Unidas e seus mecanismos de proteção. 
Em momento oportuno, iremos analisar a Declaração detalhadamente. 
 
1.3. PACTOS INTERNACIONAIS DE DIREITOS HUMANOS 
 
Os pactos internacionais constituem o mais abrangente catálogo de direitos humanos hoje 
existentes, de aplicação universal, complementando e aprofundando muitos dispositivos da 
Declaração Universal de 1948. 
Para a elaboração de pactos distintos foram utilizados os seguintes argumentos: 
 
1º Direitos civis e políticos têm natureza distinta dos direitos econômicos, culturais e sociais, 
especialmente porque os primeiros seriam de aplicação imediata (passíveis de cobrança), enquanto 
os demais seriam realizáveis progressivamente, sem que se pudesse exigir do Estado a sua 
concretização. 
2º Diz respeito aos mecanismos de supervisão. Os direitos civis e políticos deveriam ser 
implementados imediatamente (referem-se às liberdades individuais), sua violação poderia ser 
denunciada a um órgão fiscalizador (posteriormente denominado de Comitê de Direitos Humanos). 
Por outro lado, os econômicos, sociais e culturais se realizariam apenas diante da cooperação 
internacional e dos esforços de cada Estado, não sendo possível a aplicação do sistema de 
denúncias. 
Obs.: A Carta da ONU é um Tratado, foi aderido pelo Brasil por meio de promulgação do Decreto 
19.841/1945. 
CS – DIREITOS HUMANOS 2022 38 
 
 
 
 
 
 
. 
Contudo, tentativa de partir os direitos humanos em duas categorias com importância 
desigual foi posta por terra menos de dois anos após a adoção dos pactos internacionais, na 
Conferência Mundial realizada em Teerã em 1968, em que se afirmou peremptoriamente a 
indivisibilidade dos direitos humanos: “13 – Como os direitos humanos e as liberdades fundamentais 
são indivisíveis, a realização dos direitos civis e políticos sem o gozo dos direitos econômicos, 
sociais e culturais torna-se impossível”. 
Da análise comparada dos pactos percebem-se a semelhança dos preâmbulos, enfatizando 
a inerência dos direitos humanos aos seres humanos e a inalienabilidade da liberdade e da 
igualdade humana, e a perfeita identidade dos arts. 1º, introduzindo o direito à autodeterminação 
dos povos, ausente no texto da Declaração Universal dos Direitos Humanos, mas decorrente do 
propósito da ONU de desenvolver relações amistosas entre as nações. 
 
 
De outro lado, a diferença fundamental entre os pactos é justamente aquela que originou a 
edição de dois documentos distintos, estampada nos respectivos arts. 2º. Enquanto o PIDCP cria a 
obrigação estatal de “tomar as providências necessárias”, inclusive de natureza legislativa, para 
“garantir a todos os indivíduos que se encontrem no território e que estejam sujeitos à sua jurisdição 
os direitos reconhecidos no presente Pacto”, o tratado referente aos direitos econômicos, sociais e 
culturais, também no art. 2º, prevê a adoção de medidas, tanto por esforço próprio como pela 
cooperação e assistência internacionais, “que visem a segurar, progressivamente, por todos os 
meios apropriados, o pleno exercício dos direitos reconhecidos no presente Pacto”. 
 
ARTIGO 1º 
1. Todos os povos têm direito à autodeterminação. Em virtude desse direito, 
determinam livremente seu estatuto político e asseguram livremente seu 
desenvolvimento econômico, social e cultural. 
2. Para a consecução de seus objetivos, todos os povos podem dispor 
livremente de suas riquezas e de seus recursos naturais, sem prejuízo das 
obrigações decorrentes da cooperação econômica internacional, baseada no 
princípio do proveito mútuo, e do Direito internacional. Em caso algum, 
poderá um povo ser privado de seus meios de subsistência. 
3. Os Estados partes do presente pacto, inclusive aqueles que tenham a 
responsabilidade de administrar territórios não-autônomos e territórios sob 
tutela, deverão promover o exercício do direito à autodeterminação e 
respeitar esse direito, em conformidade com as disposições da Carta das 
nações unidas. 
PIDCP - ARTIGO 2º 
1. Os Estados Partes do presente Pacto comprometem-se a respeitar e a 
garantir a todos os indivíduos que se achem em seu território e que estejam 
sujeito a sua jurisdição os direitos reconhecidos no presente Pacto, sem 
discriminação alguma por motivo de raça, cor, sexo, religião, opinião política 
ou outra natureza, origem nacional ou social, situação econômica, nascimento 
ou qualquer outra condição. 
2. Na ausência de medidas legislativas ou de outra natureza destinadas a 
tornar efetivos os direitos reconhecidos no presente Pacto, os Estados do 
presente Pacto comprometem-se a tomar as providências necessárias com 
vistas a adota-las, levando em consideração seus respectivos procedimentos 
constitucionais e as disposições do presente Pacto. 
3. Os Estados Partes do presente pacto comprometem-se a: 
CS – DIREITOS HUMANOS 2022 39 
 
 
 
 
 
 
. 
 
Porém, ainda que se entenda que tais direitos não possam ser inaugurados imediatamente, 
por demandarem uma série de medidas estatais relacionadas com uma política pública, não se 
pode daí inferir que não surja para os cidadãos de um dado Estado-Parte no Pacto Internacional 
dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais o direito subjetivo de exigir a sua implementação, 
especialmente tendo em vista a melhoria de uma situação específica que viole a dignidade 
fundamental dos seres humanos, ao se mostrar contrária aos patamares mínimos estatuídos pelo 
Pacto ou por outros de natureza semelhante. 
 
1.4. MECANISMOS DE PROTEÇÃO 
 
Assim como a Carta de São Francisco (para corrente minoritária), a Declaração Universal 
dos Direitos Humanos, o Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos e o Pacto Internacional 
de Direitos Econômicos, Sociais e Culturais, os mecanismos de proteção integram a Carta de 
Proteção dos Direitos Humanos. 
Em 1966, editou-se o Protocolo Facultativo ao PIDCP e em 2008, foi editado o Protocolo 
Alternativo ao PIDESC, atribuindo aos respectivos Comitês competências de monitoramento dos 
direitos humanos. 
 
 
2. ARQUITETURA NORMATIVA DO SISTEMA GLOBAL 
a) garantir que toda pessoa, cujos direitos e liberdades reconhecidos no 
presente pacto tenham sido violados, possa dispor de um recurso efetivo, 
mesmo que a violência tenha sido perpetrada por pessoa que agiam no 
exercício de funções oficiais; 
b) garantir que toda pessoa que interpuser tal recurso terá seu direito 
determinado pela competente autoridade judicial, administrativa ou legislativa 
ou por qualquer outra autoridade competente prevista no ordenamento 
jurídico do Estado em questão; e a desenvolver as possibilidades de recurso 
judicial; 
c) garantir o cumprimento, pelas autoridades competentes, de qualquer 
decisão que julgar procedente tal recurso. 
 
PIDESC - ARTIGO 2º 
1. Cada Estados Partes do presente Pacto comprometem-se a adotar 
medidas, tanto por esforço próprio como pela assistência e cooperação 
internacionais, principalmente nos planos econômico e técnico, até o máximo 
de seus recursos disponíveis, que visem assegura, progressivamente, por 
todos os meios apropriados, o, pleno exercício e dos direitos reconhecidos no 
presente Pacto, incluindo, em particular, a adoção de medidas legislativa. 
2. Os Estados Partes do presente pacto comprometem-se a garantir que os 
direitos nele enunciados se exercerão sem discriminação alguma por motivo 
de raça, cor, sexo, língua, religião, opinião política ou de outra natureza, 
origem nacional ou social, situação econômica, nascimento ou qualquer outra 
situação. 
3. Os países em desenvolvimento, levando devidamente em consideração os 
direitos humanos e a situação econômica nacional, poderão determinar em 
que medida garantirão os direitos econômicos reconhecidos no presente 
Pacto àquelesque não sejam seus nacionais 
CS – DIREITOS HUMANOS 2022 40 
 
 
 
 
 
 
. 
O Sistema Global não se esgota na Carta Internacional de Direitos Humanos (DUDH, Pactos 
Internacionais e mecanismos de proteção), possui tratados temáticos específicos (mulher, tortura, 
refugiados etc.). Além disso, incluem-se os documentos soft law, a exemplo de declarações, 
princípios básicos, regras mínimas e diretrizes. 
 
 
3. ESTRUTURA DA ONU 
 
 
A ONU foi criada em 1945, pela Carta das Nações Unidas. Possui natureza jurídica de 
organização internacional e personalidade jurídica de direito internacional público. 
De acordo com o Decreto 19.841/1945, os propósitos da ONU são: 
 
• Manter a paz e a segurança internacionais e, para esse fim: tomar, coletivamente, 
medidas efetivas para evitar ameaças à paz e reprimir os atos de agressão ou outra 
qualquer ruptura da paz e chegar, por meios pacíficos e de conformidade com os 
princípios da justiça e do direito internacional, a um ajuste ou solução das controvérsias 
ou situações que possam levar a uma perturbação da paz; 
• Desenvolver relações amistosas entre as nações, baseadas no respeito ao princípio de 
igualdade de direitos e de autodeterminação dos povos, e tomar outras medidas 
apropriadas ao fortalecimento da paz universal; 
• Conseguir uma cooperação internacional para resolver os problemas internacionais de 
caráter econômico, social, cultural ou humanitário, e para promover e estimular o respeito 
aos direitos humanos e às liberdades fundamentais para todos, sem distinção de raça, 
sexo, língua ou religião; e 
• Ser um centro destinado a harmonizar a ação das nações para a consecução desses 
objetivos comuns. 
A Organização e seus Membros (Estados que tenham assinado e ratificado a Carta de São 
Francisco), para a realização dos propósitos mencionados, agirão de acordo com os seguintes 
Princípios: 
• A Organização é baseada no princípio da igualdade de todos os seus Membros. 
 
• Todos os Membros, a fim de assegurarem para todos em geral os direitos e vantagens 
resultantes de sua qualidade de Membros, deverão cumprir de boa-fé as obrigações por 
eles assumidas de acordo com a presente Carta. 
• Todos os Membros deverão resolver suas controvérsias internacionais por meios 
pacíficos, de modo que não sejam ameaçadas a paz, a segurança e a justiça 
internacionais. 
• Todos os Membros deverão evitar em suas relações internacionais a ameaça ou o uso 
da força contra a integridade territorial ou a dependência política de qualquer Estado, ou 
qualquer outra ação incompatível com os Propósitos das Nações Unidas. 
CS – DIREITOS HUMANOS 2022 41 
 
 
 
 
 
 
. 
• Todos os Membros darão às Nações toda assistência em qualquer ação a que elas 
recorrerem de acordo com a presente Carta e se absterão de dar auxílio a qual Estado 
contra o qual as Nações Unidas agirem de modo preventivo ou coercitivo. 
• A Organização fará com que os Estados que não são Membros das Nações Unidas ajam 
de acordo com esses Princípios em tudo quanto for necessário à manutenção da paz e 
da segurança internacionais. 
• Nenhum dispositivo da presente Carta autorizará as Nações Unidas a intervirem em 
assuntos que dependam essencialmente da jurisdição de qualquer Estado ou obrigará 
os Membros a submeterem tais assuntos a uma solução. 
Por fim, salienta-se que são órgãos principais da ONU a Assembleia Geral, o Conselho de 
Segurança, o Conselho Econômico e Social, o Conselho de Tutela (não está mais em 
funcionamento), a Corte Internacional de Justiça e o Secretariado. Nada impede que outros órgãos, 
de natureza subsidiária, sejam criados, como exemplo cita-se: o Alto Comissariado das Nações 
Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH) e o Programa das Nações Unidas para o Meio 
Ambiente (PNUMA). 
 
 
4. MECANISMOS DE PROTEÇÃO AOS DIREITOS HUMANOS 
 
 
4.1. CONCEITO 
 
Há mecanismos de proteção convencionais e mecanismos de proteção extraconvencionais. 
Observe o conceito de cada um deles: 
 
Mecanismos convencionais encontram sua base normativa, sua estrutura orgânica e seu 
modo de funcionamento em tratados ou convenções internacionais de direitos humanos, a exemplo 
dos mecanismos de relatórios periódicos, de petições individuais previstos no PIDCP, monitorados 
pelo Comitê de Direitos Humanos da ONU. 
Por outro lado, os mecanismos extraconvencionais são aqueles em que a base normativa, 
a estrutura orgânica e seu modo de funcionamento não decorrem diretamente de tratados e 
convenções internacionais de direitos humanos, mas sim de uma resolução ou de um ato normativo 
de Órgãos Políticos das Nações Unidas, a exemplo do mecanismo de revisão periódica universal, 
monitorado pelo Conselho de Direitos Humanos. 
 
4.2. MECANISMOS CONVENCIONAIS x MECANISMOS EXTRACONVENCIONAIS 
 
Antes da análise pormenorizada de cada mecanismo, observe o quadro elaborado pelo 
Professor Caio Paiva com as diferenças entre cada mecanismo. 
 
 
 
MECANISMOS CONVENCIONAIS MECANISMOS EXTRACONVENCIONAIS 
CS – DIREITOS HUMANOS 2022 42 
 
 
 
 
 
 
. 
São criados por tratados internacionais 
específicos. 
São criados a partir de resoluções de órgãos 
políticos da ONU. 
A apresentação de petições individuais 
perante os comitês internacionais depende 
da ratificação do tratado respectivo pelo 
Estado denunciado. 
A apresentação de denúncias por indivíduos 
ou grupos de indivíduos não depende da 
ratificação de convenções específicas 
Usualmente, a apresentação de petições 
depende, ainda, de uma declaração de 
reconhecimento da vigência de uma 
cláusula facultativa do tratado ou da 
ratificação de um protocolo adicional. 
 
Não depende, tampouco, de declaração 
relativa a cláusulas facultativas ou de 
ratificação de protocolo adicional. 
As petições individuais podem versar 
apenas sobre os direitos previstos no 
tratado específico 
A apresentação de denúncias pode versar 
sobre quaisquer direitos humanos 
 
 
4.3. MECANISMOS CONVENCIONAIS 
 
No caso de mecanismos convencionais, os órgãos de monitoramento são os Comitês 
vinculados aos tratados que os criaram, composto por especialistas independentes e não por 
representantes dos Estados, com reconhecida competência na matéria de direitos humanos, eleitos 
por voto secreto dos Estados Partes das respectivas convenções e têm em comum quatro funções: 
• Receber, examinar e emitir pareceres sobre os relatórios dos Estados-Partes acerca dos 
mecanismos implementados em seus territórios para aplicação dos tratados 
internacionais. 
• Elaborar Comentários Gerais para auxiliar os Estados-Partes a aplicar os tratados 
internacionais, determinando suas obrigações. 
• Decidir acerca de denúncias de descumprimento dos tratados internacionais 
apresentadas por um Estado-Parte contra outro; 
• Emitir decisões sobre as denúncias de descumprimento dos tratados internacionais 
constantes das petições ou comunicações individuais a eles apresentadas. 
De acordo com Caio Paiva, atualmente, existem 10 Comitês no Sistema Global. Observe o 
quadro abaixo: 
CS – DIREITOS HUMANOS 2022 43 
 
 
 
 
 
 
. 
TRATADO INTERNACIONAL 
DE DIREITOS HUMANOS 
ÓRGÃO DE MONITORAMENTO ÓRGÃO DE MONITORAMENTO 
Pacto Internacional de Direitos 
Civis e Políticos e seus 
protocolos facultativos 
 
Comitê de Direitos Humanos 
Relatórios, petição individual e 
petição interestatal 
Pacto Internacional de Direitos 
Econômicos, Sociais e 
Culturais 
Comitê de Direitos Econômicos, 
Sociais e Culturais 
Relatórios, inquérito, petição 
individual e petição interestatal. 
Convenção Internacional sobre 
a eliminação de todas as 
formas de discriminação racial 
Comitê para a Eliminação da 
Discriminação Racial 
Relatórios, petição individual e 
petição interestatal 
Convenção sobre a eliminação 
de todas as formas de 
discriminação contra a mulher 
e seu protocolo facultativo 
 
Comitê para a Eliminação da 
Discriminação contra a Mulher 
 
Relatórios, inquéritoe petição 
individual. 
Convenção contra a tortura e 
outros tratamentos ou penas 
cruéis, desumanos ou 
degradantes 
 
Comitê contra a Tortura 
 
Relatórios, inquérito, petição 
individual e petição interestatal. 
Convenção sobre os direitos 
da criança e seus protocolos 
facultativos 
 
Comitê dos Direitos da Criança 
Relatórios, inquérito, petição 
individual e petição interestatal. 
Convenção internacional sobre 
a proteção dos direitos de 
todos os trabalhadores 
migrantes e de suas famílias 
Comitê para a Proteção dos 
Direitos de todos os 
Trabalhadores Migrantes e seus 
Familiares 
 
Relatórios, petição individual e 
petição interestatal. 
Convenção internacional sobre 
os direitos das pessoas com 
deficiência 
Comitê dos Direitos das Pessoas 
com Deficiência 
Relatórios, inquérito e petição 
individual. 
Convenção internacional para 
a proteção de todas as 
pessoas contra os 
desaparecimentos forçados 
 
Comitê contra os 
Desaparecimentos Forçados 
Relatórios, inquérito, ações 
urgentes, petição individual e 
petição interestatal. 
 
Protocolo Facultativo da 
Convenção contra a Tortura 
Subcomitê para a Prevenção da 
Tortura ou outros Tratamentos ou 
Penas Cruéis, Desumanos ou 
Degradantes 
Visitas e recomendações; e 
aconselhamentos, 
recomendações e cooperação 
em relação aos Mecanismos 
Preventivos Nacionais. 
 
 
4.3.1. Mecanismos convencionais não contenciosos 
CS – DIREITOS HUMANOS 2022 44 
 
 
 
 
 
 
. 
O principal mecanismo convencional não contencioso é o relatório periódico, não possui 
natureza coercitiva. 
Os Estados, ao ratificarem os tratados internacionais de direitos humanos produzidos no 
âmbito da ONU, obrigam-se a enviar relatórios aos Comitês, periodicamente (nos prazos informados 
em cada tratado), informando medidas – legislativas, judiciais, administrativas ou de outra natureza 
– realizadas para respeitar e garantir os direitos protegidos Direitos Humanos previstos nos tratados. 
 
É inserido como uma cláusula obrigatória, não se admite que o Estado faça reservas. 
A finalidade é preventiva. 
4.3.2. Mecanismos convencionais quase-contenciosos 
 
As petições interestaduais e individuais são os principais mecanismos convencionais quase- 
contenciosos. 
Por meio das petições interestatais, um Estado pode apresentar contra outro Estado uma 
denúncia perante os comitês, acusando-o da violação de direitos humanos. O procedimento 
desenvolve-se no âmbito de uma Comissão Especial criada para buscar a conciliação entre os 
Estados Partes denunciante e denunciado. A Comissão, ao final do procedimento, apresenta um 
relatório final com recomendações sobre a solução do litígio, sem que possa “impor” uma solução 
concreta aos Estados. 
Por meio das petições individuais, a vítima assume a condição de sujeito de direito perante 
o Direito Internacional dos Direitos Humanos e pode apresentar uma denúncia contra o Estado Parte 
junto aos comitês dos tratados. Trata-se de um mecanismo facultativo para os Estados Partes, que 
podem aceitá-lo, a depender do tratado, mediante declaração especial ou ratificando o protocolo 
facultativo. 
Em regra, para que uma petição individual seja processada pelo comitê, são exigidos os 
seguintes requisitos: 
• Ausência de litispendência internacional (somente entre órgãos convencionais); 
 
• Esgotamento dos recursos internos; 
 
• Nexo causal - a denúncia deve ter como objeto uma violação de direito humanos 
protegido pelo tratado que criou o respectivo comitê); 
• O fato deve ter ocorrido posteriormente ao reconhecimento da competência do comitê. 
 
O procedimento de análise da petição individual possui contraditório e tem três fases: 
admissibilidade, mérito e se procedente a denúncia haverá decisão. 
O Brasil já foi responsabilizado uma vez no mecanismo convencional quase-contencioso das 
petições individuais (Caso Alyne Pimentel, Comitê sobre a Eliminação de Todas as Formas de 
Discriminação contra a Mulher) e responde, atualmente, a uma denúncia formulada pelo ex- 
presidente Lula junto ao Comitê de Direitos Humanos da ONU. 
 
4.3.3. Mecanismos convencional contencioso 
CS – DIREITOS HUMANOS 2022 45 
 
 
 
 
 
 
. 
Não é muito relevante, destaca-se apenas que o principal mecanismo convencional 
contencioso é o processo judicial de apuração de responsabilidade do Estado perante a Corte 
Internacional de Justiça. 
 
4.4. MECANISMOS EXTRACONVENCIONAIS 
 
Como vimos, não decorrerem diretamente de um tratado ou convenção internacional, mas 
sim de resoluções de órgãos políticos da ONU ou deles derivados. Surgiram no contexto de 
ineficácia dos mecanismos convencionais, tendo em vista que estavam sujeitos a diversas 
condicionantes. 
A Comissão de Direitos Humanos, criada em 1947 pelo Conselho Econômico e Social, a 
partir de sua fase intervencionista por meio de dois procedimentos, criados por resolução para 
estabelecer um sistema de controle das violações de direitos humanos praticadas por Estados 
membros da ONU, dá início aos mecanismos extraconvencionais. 
• Resolução nº 1235, de 1967 - autorizou a Comissão de Direitos Humanos a debater 
publicamente, a partir de diversas fontes, inclusive de comunicações individuais, casos 
de violações notórias e sistemáticas de direitos humanos. Também conhecido como 
procedimento público ou especial, se desenvolve com a indicação de grupos especiais 
(natureza coletiva) ou de relatores especiais (natureza unipessoal) para determinados 
temas (natureza temática) ou área geográfica (natureza geográfica). Esses órgãos 
recebem a incumbência de investigar as notícias de violações de direitos humanos, com 
a posterior elaboração de relatórios finais contendo as recomendações para os Estados 
• Resolução nº 1503, de 1970 - autorizou a Comissão de Direitos Humanos a receber e 
processar petições ou queixas individuais. O objetivo desse procedimento, de natureza 
confidencial, era identificar as comunicações que indiquem a existência de um quadro 
persistente de violações manifestas de direitos humanos e das liberdades fundamentais. 
A violação manifesta consiste em uma situação que afete muitas pessoas por um período 
dilatado. 
Em 2006, a Comissão de Direitos Humanos foi extinta, tendo sido criado o Conselho de 
Direitos Humanos. Segundo Caio Paiva, o motivo principal de sua extinção foi a sua grande 
politização. 
 
4.4.1. Procedimentos especiais 
 
O Conselho de Direitos Humanos manteve os procedimentos especiais ou públicos 
conforme foram previstos inicialmente na Resolução nº 1235, tendo havido apenas alterações na 
forma de trabalhar. 
 
4.4.2. Procedimento de queixa 
 
O Conselho de Direitos Humanos manteve o procedimento de queixa, mas alterou a forma 
de trabalho como estava prevista na Resolução nº 1503, visando assegurar que o processamento 
da denúncia seja imparcial, objetivo e eficiente. 
O Conselho aponta como vantagens do uso do seu procedimento de queixa: 
CS – DIREITOS HUMANOS 2022 46 
 
 
 
 
 
 
. 
• Pode-se apresentar uma denúncia contra qualquer país membro da ONU, 
independentemente de que este tenha ratificado algum tratado; 
• A denúncia pode ser examinada no nível mais alto do mecanismo de direitos humanos 
das Nações Unidas; 
• O fato de o procedimento ser confidencial potencializa a cooperação dos Estados 
Ressalta-se que há dois grupos de trabalho, são eles: 
• Grupo de Trabalho sobre Comunicações, que realiza uma triagem no recebimento das 
queixas, examinando o preenchimento dos requisitos de admissibilidade; 
• Grupo de Trabalho sobre Situações, que analisa as queixas e as respostas dos Estados, 
bem como eventuais recomendações do Grupo de Comunicações, apresentando ao final 
um relatório ao Conselho de Direitos Humanos, que irá deliberar sobre a queixa. 
 
4.4.3. Revisão periódica universal 
 
A Revisão Periódica Universal (RPU) foi criada através da Resolução 60/251 da Assembleia- 
Geral das Nações Unidas, queestabeleceu o Conselho de Direitos Humanos. 
Consiste em um mecanismo extraconvencional de proteção dos direitos humanos que se 
baseia no conceito de “revisão pelos pares”, ou seja, os Estados se autoavaliam mutuamente quanto 
a situação dos direitos humanos em seus respectivos territórios, gerando, ao final, um conjunto de 
recomendações. Perceba que a RPU não tem como objetivo assentar a responsabilidade 
internacional dos Estados, mas apenas gerar recomendações mediante um “diálogo construtivo”, 
ressaltando daí a sua natureza essencialmente política. 
Importante consignar que o procedimento da RPU obedece a seguinte ordem: 
 
1) O Estado examinado apresenta relatório nacional sobre a situação dos direitos humanos 
em seu território; 
2) É juntado ao procedimento uma compilação de todas as informações referentes ao Estado 
examinado constante dos procedimentos extraconvencionais; 
3) ONGs e outros atores interessados também podem apresentar seus informes e outros 
documentos relevantes; 
4) É realizada uma sessão de “diálogo construtivo” entre o Estado e os demais Estados 
membros da ONU (membros ou não do Conselho); 
5) São nomeados pelo Conselho três Estados (escolhidos entre os diversos grupos 
regionais, por sorteio), conhecido como “troika”, que atuam como verdadeiros relatores da RPU do 
Estado examinado; 
6) A “troika” resume as discussões e elabora o Relatório de Resultado ou Relatório Final, 
compilando toda a discussão, observações e sugestões aos Estados, bem como as respostas; 
7) O relatório é aprovado pelo CDH. 
CS – DIREITOS HUMANOS 2022 47 
 
 
 
 
 
 
. 
Por sim, destaca Caio Paiva: “a vantagem da RPU é a sua abrangência, que se estende a 
todos os países membros da ONU, no que se diferencia dos procedimentos anteriormente adotados 
pela Comissão de Direitos Humanos, aos quais se atribuía a característica da seletividade, fazendo 
com que países reconhecidamente violadores de direitos humanos ficassem de fora do 
monitoramento. Como desvantagem da RPU, aponta-se o seu caráter essencialmente político, e 
isso porque esse procedimento extraconvencional aposta em algo que contradiz a história da 
evolução dos sistemas internacionais de proteção dos direitos humanos, que diz respeito ao 
julgamento dos Estados por eles mesmos, e não por órgãos ou tribunais compostos por 
especialistas independentes”. 
 
 
5. DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS (DUDH) 
 
 
A DUDH foi aprovada em 10 de dezembro de 1948, não foi subscrita por todos os Países- 
membros das Nações Unidas quando de sua proclamação, sendo notável o silêncio dos Países 
aliados à União Soviética, provocando oito abstenções dentre os 58 Países então membros. 
No preâmbulo da Declaração Universal, de 1948, encontra-se a motivação para a 
elaboração de um documento universal sobre os direitos humanos, sendo a mesma motivação que 
levou a criação da ONU. 
 
Considerando que o reconhecimento da dignidade inerente a todos os 
membros da família humana e de seus direitos iguais e inalienáveis é o 
fundamento da liberdade, da justiça e da paz no mundo, 
Considerando que o desprezo e o desrespeito pelos direitos humanos 
resultaram em atos bárbaros que ultrajaram a consciência da Humanidade e 
que o advento de um mundo em que os homens gozem de liberdade de 
palavra, de crença e da liberdade de viverem a salvo do temor e da 
necessidade foi proclamado como a mais alta aspiração do homem comum, 
Considerando essencial que os direitos humanos sejam protegidos pelo 
Estado de Direito, para que o homem não seja compelido, como último 
recurso, à rebelião contra tirania e a opressão, 
Considerando essencial promover o desenvolvimento de relações amistosas 
entre as nações, 
Considerando que os povos das Nações Unidas reafirmaram, na Carta, sua 
fé nos direitos humanos fundamentais, na dignidade e no valor da pessoa 
humana e na igualdade de direitos dos homens e das mulheres, e que 
decidiram promover o progresso social e melhores condições de vida em uma 
liberdade mais ampla, 
Considerando que os Estados-Membros se comprometeram a desenvolver, 
em cooperação com as Nações Unidas, o respeito universal aos direitos 
humanos e liberdades fundamentais e a observância desses direitos e 
liberdades, 
Considerando que uma compreensão comum desses direitos e liberdades é 
da mais alta importância para o pleno cumprimento desse compromisso, 
A Assembleia Geral proclama 
A presente Declaração Universal dos Diretos Humanos como o ideal comum 
a ser atingido por todos os povos e todas as nações, com o objetivo de que 
cada indivíduo e cada órgão da sociedade, tendo sempre em mente esta 
Declaração, se esforce, através do ensino e da educação, por promover o 
CS – DIREITOS HUMANOS 2022 48 
 
 
 
 
 
 
. 
 
Aliado a isso, havia a necessidade de dar concretude aos direitos humanos e liberdades 
fundamentais referidos na Carta da ONU2 (art. 1ª, 3). 
 
 
Afirma-se que o significado da DUDH decorre dos próprios objetivos da criação das Nações 
Unidas, relacionados com a reconstrução da ordem mundial fundada em novos conceitos de direito 
internacional, contrários à doutrina da soberania nacional absoluta e à exacerbação do positivismo 
jurídico. 
Pretendia-se formular um rol atualizado dos direitos humanos, com a criação de obrigações 
para os Estados em decorrência da normativa internacional. 
Carlos Weis, citando Dalmo Abreu Dallari, afirma que o exame dos artigos da Declaração 
revela que ela consagrou três objetivos fundamentais: 
• A certeza dos direitos, exigindo que haja uma fixação prévia e clara dos direitos e 
deveres, para que os indivíduos possam gozar dos direitos ou sofrer imposições; 
• A segurança dos direitos, impondo uma série de normas tendentes a garantir que, em 
qualquer circunstância, os direitos fundamentais serão respeitados; 
• A possibilidade dos direitos, exigindo que se procure assegurar a todos os indivíduos 
os meios necessários à fruição dos direitos, não se permanecendo no formalismo cínico 
e mentiroso da afirmação de igualdade de direitos aonde grande parte do povo vive em 
condições subumanas. 
 
 
 
2 Também chamada de Carta de São Francisco, é de 1945. É um tratado internacional - fala em DH, mas não define seu 
conteúdo. 
respeito a esses direitos e liberdades, e, pela adoção de medidas 
progressivas de caráter nacional e internacional, por assegurar o seu 
reconhecimento e a sua observância universais e efetivos, tanto entre os 
povos dos próprios Estados-Membros, quanto entre os povos dos territórios 
sob sua jurisdição. 
Artigo 1. Os propósitos das Nações unidas são: 
1. Manter a paz e a segurança internacionais e, para esse fim: tomar, 
coletivamente, medidas efetivas para evitar ameaças à paz e reprimir os atos 
de agressão ou outra qualquer ruptura da paz e chegar, por meios pacíficos 
e de conformidade com os princípios da justiça e do direito internacional, a 
um ajuste ou solução das controvérsias ou situações que possam levar a uma 
perturbação da paz; 
2. Desenvolver relações amistosas entre as nações, baseadas no respeito ao 
princípio de igualdade de direitos e de autodeterminação dos povos, e tomar 
outras medidas apropriadas ao fortalecimento da paz universal; 
3. Conseguir uma cooperação internacional para resolver os problemas 
internacionais de caráter econômico, social, cultural ou humanitário, e para 
promover e estimular o respeito aos direitos humanos e às liberdades 
fundamentais para todos, sem distinção de raça, sexo, língua ou religião; e 
4. Ser um centro destinado a harmonizar a ação das nações para a 
consecução desses objetivos comuns. 
CS – DIREITOS HUMANOS 2022 49 
 
 
 
 
 
 
. 
A DUDH possui natureza jurídica de recomendação da Assembleia-Geral, com caráter 
especial, diante de sua universalidade e solenidade. 
Foi o primeiro documento internacional a tratar dos direitos humanos, tanto civis e políticos 
quanto econômicos, sociais e culturais,de maneira indivisível, ainda que tenha reconhecido sua 
distinta natureza jurídica. 
Apresentou como novidade: a proibição à escravidão e à tortura; o reconhecimento da 
personalidade jurídica; o direito ao asilo e à nacionalidade. Além disso, fez menção ao direito de 
propriedade, seja com titularidade individual, seja coletiva. 
 
 
Conforme se percebe, a DUDH não faz qualquer distinção entre as categorias dos direitos 
humanos, no que diz respeito ao seu reconhecimento e gozo, ainda que o regime de implementação 
das liberdades e dos demais direitos humanos possam ser diferenciados. 
Há na DUDH uma completa ausência de mecanismos de implementação dos direitos 
humanos – o que é explicado pelo contexto político em que se vivia, tendo-se chegado à solução 
pela criação da Carta Internacional dos Direitos Humanos, com a edição dos pactos de 1966. 
A DUDH reflete o conteúdo da dignidade humana auferido no pós-guerra, o qual vem 
sofrendo a ação da História – o que confere aos direitos humanos contemporâneos a característica 
da historicidade. 
Apesar de inúmeros preceitos estarem ultrapassados (ex: casamento entre homem e mulher 
apenas), não retiram o caráter simbólico da Declaração Universal, e sua quase total atualidade 
demonstra a inconveniência política de se alterar seu consagrado texto, até porque a atualização 
do catálogo dos direitos humanos tem se realizado constantemente, por meio de novos tratados, 
declarações e programas de ação, de que fazem exemplo os do Rio de Janeiro sobre o Meio 
Ambiente (1992), de Viena sobre Direitos Humanos (1993), do Cairo sobre População e 
Desenvolvimento (1994) e de Pequim sobre Direitos da Mulher (1995). A vitalidade do Sistema 
Universal dos Direitos Humanos, portanto, mantém em constante afinidade com os valores que 
traduzem a dignidade fundamental do ser humano. 
Artigo IV - Ninguém será mantido em escravidão ou servidão, a escravidão 
e o tráfico de escravos serão proibidos em todas as suas formas. 
Artigo V - Ninguém será submetido à tortura, nem a tratamento ou castigo 
cruel, desumano ou degradante. 
Artigo VI - Toda pessoa tem o direito de ser, em todos os lugares, 
reconhecida como pessoa perante a lei. 
Artigo XIV - 1. Toda pessoa, vítima de perseguição, tem o direito de procurar 
e de gozar asilo em outros países. 2. Este direito não pode ser invocado em 
caso de perseguição legitimamente motivada por crimes de direito comum ou 
por atos contrários aos propósitos e princípios das Nações Unidas. 
Artigo XV - 1. Toda pessoa tem direito a uma nacionalidade. 2. Ninguém será 
arbitrariamente privado de sua nacionalidade, nem do direito de mudar de 
nacionalidade. 
Artigo XVII - 1. Toda pessoa tem direito à propriedade, só ou em sociedade 
com outros. 2. Ninguém será arbitrariamente privado de sua propriedade. 
CS – DIREITOS HUMANOS 2022 50 
 
 
 
 
 
 
. 
 
 
6. PACTO INTERNACIONAL SOBRE DIREITOS CIVIS E POLÍTICOS 
 
 
O PIDCP cuida dos direitos humanos relacionados à liberdade individual, à proteção da 
pessoa contra a ingerência estatal em sua órbita privada, bem como à participação popular na 
gestão da sociedade, foi adotado pela Assembleia das Nações Unidas em 16/12/1966, entrou em 
vigor em 1976 com o depósito do 35º instrumento de ratificação. 
Da análise de suas normas substantivas, vale registrar as alterações feitas pelo PIDCP em 
relação ao texto da Declaração Universal (arts. III a XXI), como: direito à vida (art. 6º); a não ser 
submetido à tortura ou tratamentos cruéis desumanos ou degradantes (art. 7º); de não ser 
escravizado ou submetido à servidão (art. 8º); à liberdade e segurança pessoal – incluindo não ser 
sujeito à prisão ou detenção arbitrária (art. 9º); à igualdade perante a lei (art. 3º); a um julgamento 
justo (art. 14); às liberdades de locomoção (art. 12), consciência, manifestação do pensamento, 
religião (art. 18), associação (inclusive de fundar sindicatos e a eles aderir – art. 22), reunião pacífica 
(art. 21); a casar e constituir família (art. 23); a ter nacionalidade (art. 24); e de votar, tomar parte do 
governo – diretamente ou por meio de representantes – e ter acesso às funções públicas de seu País 
(art. 25). 
 
Pontos Importantes! 
 
• Ano: 1948 
• Primeiro documento que tratou das duas gerações de Direitos Humanos (1ª 
e 2ª) 
• Universalidade, indivisibilidade e interdependência dos direitos civis, 
políticos, econômicos e sociais. 
• Direito de propriedade: reconhecido tanto em caráter individual quanto 
coletivo; 
• Implementação progressiva, de acordo com as possibilidades, dos direitos 
econômicos, sociais e culturais; 
• Família é o núcleo natural e fundamental da sociedade 
 
Novidades 
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Proibição à escravidão e à tortura 
Reconhecimento da personalidade jurídica 
Direito ao asilo 
Direito à nacionalidade 
ARTIGO 3º Os Estados partes do presente pacto comprometem-se a 
assegurar a homens e mulheres igualdade no gozo de todos os direitos civis 
e políticos enunciados no presente pacto. 
 
ARTIGO 6º 
1. O direito à vida é inerente à pessoa humana. Este direito deverá ser 
protegido pela lei. Ninguém poderá ser arbitrariamente privado de sua vida. 
2. Nos Países em que a pena de morte não tenha sido abolida, esta poderá 
ser imposta apenas nos casos de crimes mais graves, em conformidade com 
CS – DIREITOS HUMANOS 2022 51 
 
 
 
 
 
 
. 
legislação vigente na época em que o crime foi cometido e que não esteja em 
conflito com as disposições do presente pacto, nem com a Convenção sobre 
a Prevenção e a Punição do Crime de Genocídio. Poder-se-á aplicar essa 
pena apenas em decorrência de uma sentença transitada em julgado e 
proferida por tribunal competente. 
3. Quando a privação da vida constituir um crime de genocídio, entende-se 
que nenhuma disposição do presente artigo autorizará qualquer Estado Parte 
do presente pacto a eximir-se, de modo algum, do cumprimento de quaisquer 
das obrigações que tenham assumido em virtude das disposições da 
Convenção sobre a Prevenção e a Punição do Crime de Genocídio. 
4. Qualquer condenado à morte terá o direito de pedir indulto ou comutação 
da pena. A anistia, o indulto ou a comutação de pena poderão ser concedidos 
em todos os casos. 
5. A pena de morte não deverá ser imposta em casos de crimes cometidos 
por pessoas menores de 18 anos, nem aplicada a mulheres em estado de 
gravidez. 
6. Não se poderá invocar disposição alguma do presente artigo para retardar 
ou impedir a abolição da pena de morte por um Estado Parte do presente 
pacto. 
 
ARTIGO 7º ninguém poderá ser submetido à tortura, nem a penas ou 
tratamentos cruéis, desumanos ou degradantes. Será proibido, sobretudo, 
submeter uma pessoa, sem seu livre consentimento, a experiências médicas 
ou científicas. 
 
ARTIGO 8º 
1. Ninguém poderá ser submetido à escravidão; a escravidão e o tráfico de 
escravos, em todos as suas formas, ficam proibidos. 
2. Ninguém poderá ser submetido à servidão. 
3. a) Ninguém poderá ser obrigado a executar trabalhos forçados ou 
obrigatórios; 
b) A alínea "a" do presente parágrafo não poderá ser interpretada no sentido 
de proibir, nos países em que certos crimes sejam punidos com prisão e 
trabalhos forçados, o cumprimento de uma pena de trabalhos forçados, 
imposta por um tribunal competente; 
c) Para os efeitos do presente parágrafo, não serão considerados "trabalhos 
forçados ou obrigatórios": 
i) qualquer trabalho ou serviço, não previsto na alínea "b", normalmente 
exigido de um indivíduo que tenha sido encerrado em cumprimento de 
decisão judicial ou que, tendo sido objeto de tal decisão, ache-se em 
liberdade condicional; 
ii) qualquer serviço de caráter militar e, nos países em que se admite a 
isenção por motivo de consciência, qualquer serviço nacional que a lei venha 
a exigir daqueles que se oponha ao serviço militar por motivo de consciência; 
iii) qualquer serviço exigido em casos de emergência ou de calamidadeque 
ameacem o bem-estar da comunidade; 
iv) qualquer trabalho ou serviço que faça parte das obrigações cívicas 
normais. 
 
ARTIGO 9° 
1. Toda pessoa tem à liberdade e a segurança pessoais. 
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. 
Ninguém poderá ser preso ou encarcerado arbitrariamente. Ninguém poderá 
ser privado de sua liberdade, salvo pelos motivos previstos em lei e em 
conformidade com os procedimentos. 
2. Qualquer pessoa, ao ser presa, deverá ser informada das razões da prisão 
e notificada, sem demora, das acusações formuladas contra ela. 
3. Qualquer pessoa presa ou encerrada em virtude de infração penal deverá 
ser conduzida, sem demora, à presença do juiz ou de outra autoridade 
habilitada por lei a exercer funções e terá o direito de ser julgada em prazo 
razoável ou de ser posta em liberdade. A prisão preventiva de pessoas que 
aguardam julgamento não deverá constituir a regra geral, mas a soltura 
poderá estar condicionada a garantias que assegurem o comparecimento da 
pessoa em questão à audiência, a todos os atos do processo e, se necessário 
for, para a execução da sentença. 
4. Qualquer pessoa que seja privada de sua liberdade por prisão ou 
encarceramento terá de recorrer a um tribunal para que este decida sobre a 
legalidade de seu encarceramento e ordene sua soltura, caso a prisão tenha 
sido ilegal. 
5. Qualquer pessoa vítima de prisão ou encarceramento ilegais terá direito à 
reparação. 
 
ARTIGO 12 
1. Toda pessoa que se ache legalmente no território de um Estado terá o 
direito de nele livremente circular e escolher sua residência. 
2. Toda pessoa terá o direito de sair livremente de qualquer país, inclusive 
de seu próprio país. 
3. Os direitos supracitados não poderão constituir objeto de restrição, a 
menos que estejam previstas em lei e no intuito de proteger a segurança 
nacional e a ordem, a saúde ou a moral pública, bem como os direitos e 
liberdades das demais pessoas, e que sejam compatíveis com os outros 
direitos reconhecidos no presente pacto. 
4. Ninguém poderá ser privado do direito de entrar em seu próprio país. 
 
ARTIGO 14 
1. Todas as pessoas são iguais perante os tribunais e as cortes de justiça. 
Toda pessoa terá o direito de ser ouvida publicamente e com as devidas 
garantias por um tribunal competente, independente e imparcial, estabelecido 
por lei, na apuração de qualquer acusação de caráter penal formulada contra 
ela ou na determinação de seus direitos e obrigações de caráter civil. A 
imprensa e o público poderão ser excluídos de parte ou da totalidade de um 
julgamento, que por motivo de moral pública, de ordem pública ou de 
segurança nacional em uma sociedade democrática, quer quando o interesse 
da vida privada das partes o exija, quer na medida em que isso seja 
estritamente necessário na opinião da justiça, em circunstâncias específicas, 
nas quais a publicidade venha a prejudicar os interesses da justiça; 
entretanto, qualquer sentença proferida em matéria penal ou civil deverá 
tornar-se pública, a menos que o interesse de menores exija procedimento 
oposto, ou o processo diga respeito à controvérsia matrimonial ou a tutela de 
menores. 
2. Toda pessoa acusada de um delito terá direito a que se presuma sua 
inocência enquanto não for legalmente comprovada sua culpa. 
3. Toda pessoa acusada de um delito terá direito, em plena igualdade, a, pelo 
menos, as seguintes garantias: 
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. 
a) de ser informado, sem demora, numa língua que compreenda e de forma 
minuciosa, da natureza e dos motivos da acusação contra ela formulada; 
b) de dispor do tempo e dos meios necessários à preparação de sua defesa 
e a comunicar-se com defensor de sua escolha; 
c) de ser julgado sem dilações indevidas; 
d) de estar presente no julgamento e de defender-se pessoalmente ou por 
intermédio de defender de sua escolha; de ser informado, caso não tenha 
defensor, do direito que lhe assiste de tê-lo e, sempre que o interesse da 
justiça assim exija, de ter um defensor designado "ex offício" gratuitamente, 
se não tiver meios para remunerá-lo; 
e) de interrogar ou fazer interrogar as testemunhas da acusação e de obter o 
comparecimento e o interrogatório das testemunhas de defesa nas mesmas 
condições de que dispõe as de acusação; 
f) de ser assistida gratuitamente por um intérprete, caso não compreenda ou 
não fale a língua empregada durante o julgamento; 
g) de não ser obrigada a depor contra si mesma, nem a confessar-se culpada. 
4. O processo aplicável a jovens que não sejam maiores nos termos da 
legislação penal levará em conta a idade dos menores e a importância de 
promover sua reintegração social. 
5. Toda pessoa declarada culpada por um delito terá o direito de recorrer da 
sentença condenatória e da pena a uma instância, em conformidade com a 
lei. 
6. Se uma sentença condenatória passada em julgado for posteriormente 
anulada ou se indulto for concedido, pela ocorrência ou descoberta de fatos 
novos que provem cabalmente a existência de erro judicial, a pessoa que 
sofreu a pena decorrente dessa condenação deverá ser indenizada, de 
acordo com a lei, a menos que fique provado que se lhe pode imputar, total 
ou parcialmente, não-revelação dos fatos desconhecidos em tempo útil. 
7. Ninguém poderá ser processado ou punido por um delito pelo qual já foi 
absolvido ou condenado por sentença passada em julgado, em conformidade 
com a lei e os procedimentos penais de cada país. 
 
ARTIGO 18 
1. Toda pessoa terá direito à liberdade de pensamento, de consciência e de 
religião. Esse direito implicará a liberdade de ter ou adotar uma religião ou 
uma crença de sua escolha e a liberdade de professar sua religião ou crença, 
individual ou coletivamente, tanto pública como privadamente, por meio do 
culto, da celebração de ritos, de práticas e do ensino. 
2. Ninguém poderá ser submetido a medidas coercitivas que possam 
restringir sua liberdade de ter ou de adotar uma religião ou crença de sua 
escolha. 
3. A liberdade de manifestar a própria religião ou crença estará sujeita 
apenas a limitações previstas em lei e que se façam necessárias para 
proteger a segurança, a ordem, a saúde ou a moral públicas ou os direitos e 
as liberdades das demais pessoas. 
4. Os Estados partes do presente Pacto comprometem-se a respeitar a 
liberdade dos pais - e, quando for o caso, dos tutores legais - de assegurar a 
educação religiosa e moral dos filhos que esteja de acordo com suas próprias 
convicções. 
 
ARTIGO 21 - direito de reunião pacífica será reconhecido. O exercício desse 
direito estará sujeito apenas às restrições previstas em lei e que se façam 
CS – DIREITOS HUMANOS 2022 54 
 
 
 
 
 
 
. 
necessárias, em uma sociedade democrática, no interesse da segurança 
nacional, da segurança ou da ordem públicas, ou para proteger à saúde 
pública ou os direitos e as liberdades das pessoas. 
 
ARTIGO 22 
1. Toda pessoa terá o direito de associar-se livremente a outras, inclusive o 
direito de construir sindicatos e de a eles filiar-se, para a proteção de seus 
interesses. 
2. O exercício desse direito estará sujeito apenas às restrições previstas em 
lei e que se façam necessárias, em uma sociedade democrática, no interesse 
da segurança nacional, da segurança e da ordem públicas, ou para proteger 
a saúde ou a moral pública ou os direitos a liberdades das demais pessoas. 
O presente artigo não impedirá que se submeta a restrições legais o exercício 
desse direito por membros das forças armadas e da polícia. 
3. Nenhuma das disposições do presente artigo permitirá que Estados Partes 
da Convenção de 1948 da Organização do Trabalho, relativa à liberdade 
sindical e à proteção do direito sindical, venham a adotar medidas legislativas 
que restrinjam - ou aplicar a lei de maneira a restringir - as garantias previstas 
na referida Convenção. 
 
ARTIGO 23 
1. A família é o elemento natural e fundamentalda sociedade e terá o direito 
de ser protegida pela sociedade e pelo Estado. 
2. Será reconhecido o direito do homem e da mulher de, em idade núbil, 
contrair casamento e construir família. 
3. Casamento algum será sem o consentimento livre e pleno dos futuros 
esposos. 
4. Os Estados Partes do presente Pacto deverão adota as medidas 
apropriadas para assegurar a igualdade de direitos e responsabilidades dos 
esposos quanto ao casamento, durante o mesmo e o por ocasião de sua 
dissolução. Em caso de dissolução, deverão adotar-se disposições que 
assegurem a proteção necessária para os filhos. 
 
ARTIGO 24 
1. Toda criança, terá direito, sem discriminação alguma por motivo de cor, 
sexo, religião, origem nacional ou social, situação econômica ou nascimento, 
às medidas de proteção que a sua condição de menor requerer por parte de 
sua família, da sociedade e do Estado. 
2. Toda criança deverá ser registrada imediatamente após seu nascimento e 
deverá receber um nome. 
3. Toda criança terá o direito de adquirir uma nacionalidade. 
 
ARTIGO 25 
Todo cidadão terá o direito e a possibilidade, sem qualquer das formas de 
discriminação mencionadas no artigo 2° e sem restrições infundadas: 
a) de participar da condução dos assuntos públicos, diretamente ou por meio 
de representantes livremente escolhidos; 
b) de votar e de ser eleito em eleições periódicas, autênticas, realizadas por 
sufrágio universal e igualitário e por voto secreto, que garantam a 
manifestação da vontade dos eleitores; 
c) de ter acesso em condições gerais de igualdade, às funções públicas de 
seu país. 
CS – DIREITOS HUMANOS 2022 55 
 
 
 
 
 
 
. 
 
Em relação à privação de liberdade (art. 10), o PIDCP, além do respeito à dignidade e 
humanidade, estabelece que o regime penitenciário deve-se fundar em um tratamento, visando à 
reforma e a reabilitação moral dos prisioneiros. Assim, cria para o Estado uma obrigação 
relacionada a um direito de natureza social, no sentido de que deve desenvolver um programa 
voltado ao tratamento do condenado. 
 
 
O Pacto aceita a pena de trabalhos forçados apenas como exceção (art. 8º, 3 – colacionado 
acima), admite como regra a realização de “serviços” ou trabalhos no cárcere como parte das 
atividades regulares deste. 
Não há no PIDCP qualquer dispositivo referente ao direito de propriedade. Além disso, não 
reproduz a referência ao direito de procurar ou gozar de asilo político em outros Países quando a 
pessoa for perseguida. 
O art. 4º do PIDCP trata do chamado direito de crise, ao prever quais direitos não podem ser 
derrogados, em hipótese alguma (chamado de núcleo inderrogável dos direitos humanos), e quais 
as situações especiais que permitem a suspensão dos demais. 
 
 
Deste modo, mesmo que situações excepcionais ameacem a existência da Nação, não são 
passíveis de derrogação: 
ARTIGO 10 
1. Toda pessoa privada de sua liberdade deverá ser tratada com humanidade 
e respeito à dignidade inerente à pessoa humana. 
2. a) as pessoas processadas deverão ser separadas, salvo em circunstância 
excepcionais, das pessoas condenadas e receber tratamento distinto, 
condizente com sua condição de pessoa não-condenada. 
b) as pessoas processadas, jovens, deverão ser separadas das adultas e 
julgadas o mais rápido possível. 
3. O regime penitenciário num tratamento cujo objetivo principal seja a 
reforma e a reabilitação moral dos prisioneiros. Os delinquentes juvenis 
deverão ser separados dos adultos e receber tratamento condizente com sua 
idade e condição jurídica. 
ARTIGO 4º 
1. Quando situações excepcionais ameacem a existência da nação e sejam 
proclamadas oficialmente, os Estados partes do presente Pacto podem 
adotar, na estrita medida exigida pela situação, medidas que suspendam as 
obrigações decorrentes do presente Pacto, desde que tais medidas não 
sejam incompatíveis com as demais obrigações que lhes sejam impostas pelo 
Direito Internacional e não acarretem discriminação alguma apenas por 
motivo de raça, cor, sexo, língua, religião ou origem social. 
2. A disposição precedente não autoriza qualquer suspensão dos artigos 6°, 
7°, 8° (§§1° e 2°), 11, 15, 16 e 18. 
3. Os Estados Partes do presente pacto que fizerem uso do direito de 
suspensão devem comunicar imediatamente aos outros Estados Partes do 
Presente Pacto, por intermédio do Secretário-Geral das Nações Unidas, as 
disposições que tenham suspenso, bem como os motivos de tal suspensão. 
Os Estados Partes deverão fazer uma nova comunicação, igualmente por 
intermédio do Secretário-Geral da Organização das Nações Unidas, na data 
em que terminar tal suspensão. 
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. 
• Direito à vida (art. 6º - acima); 
 
• A proibição contra a tortura e outros tratamentos cruéis, desumanos ou degradantes (art. 7º 
- acima); 
 
• A vedação à escravidão ou servidão (art. 8º - acima); 
 
• A proibição de prisão por descumprimento de obrigação contratual (art. 11); 
 
 
• As garantias penais de tipicidade, anterioridade, legalidade quanto ao tipo e à pena, assim 
como seu abrandamento se norma posterior assim dispuser (art. 15); 
 
 
• O direito ao reconhecimento da personalidade jurídica (art. 16); 
 
 
 
• As liberdades de pensamento, consciência e de religião (art. 18 – acima). 
 
O PIDCP autoriza a derrogação: 
 
• Dos direitos à informação sobre os motivos da prisão (art. 9º - acima); 
 
• A imediata condução a um juiz (art. 9º - acima); 
 
• Ao imediato acesso a um tribunal para evitar uma prisão ilegal (art. 9º - acima); 
 
• Ao tratamento do preso com humanidade (art. 10 - acima); 
 
• Ao duplo grau de jurisdição (art. 14 – acima). 
 
O Tratado entrou em vigor em 23.3.1976, foi ratificado pelo Brasil em 24.1.1992, sem 
qualquer reserva ou objeção. Contudo, o País ainda não fez a declaração expressa, a que se refere 
o art. 41 do Tratado, no sentido de que reconhece a competência do Comitê para receber e 
examinar as comunicações em que um Estado-Parte alegue que outro Estado-Parte não vem 
cumprindo as obrigações que lhe impõe o presente Pacto. Desta forma, o Brasil não pode 
ARTIGO 11 - Ninguém poderá ser preso apenas por não poder cumprir com 
uma obrigação contratual. 
ARTIGO 15 
1. Ninguém poderá ser condenado por atos ou omissões que não constituam 
delito de acordo com direito nacional ou internacional, no momento em que 
foram cometidos. Tampouco poder-se-á impor pena mais grave do que a 
aplicável no momento da ocorrência do delito. Se, depois de perpetrado o 
delito, a lei estipular a imposição de pena mais leve, o delinquente deverá 
beneficiar-se. 
2. nenhuma disposição do presente Pacto impedirá o julgamento ou a 
condenação de qualquer indivíduo por atos ou omissões que, no momento 
em que foram cometidos, eram considerados delituosos de acordo com os 
princípios gerais de direito reconhecidos pela comunidade das nações. 
ARTIGO 16 - Toda pessoa terá direito, em qualquer lugar, ao reconhecimento 
de sua personalidade jurídica. 
CS – DIREITOS HUMANOS 2022 57 
 
 
 
 
 
 
. 
apresentar denúncia, perante o Comitê de Direitos Humanos, ao tempo em que não se vê na 
possibilidade de ser ali questionado por outro Estado signatário do Pacto. 
 
 
6.1. PROTOCOLOS FACULTATIVOS 
 
O PIDCP possui dois protocolos facultativos. 
 
Primeiro Protocolo Facultativo: refere-se à possibilidade de um Estado-membro reconhecer 
a competência do Comitê de Direitos Humanos para receber e analisar comunicações, advindas de 
indivíduos sob a soberania daquele que aleguem serem vítimas de violação de algum direito previsto 
no Pacto, desde que esgotados os remédios de jurisdição interna – salvo os casos de demora 
injustificada para a solução interna da demanda. Não se admite denúncia anônima, deve ser feita 
por escrito. Por fim, só será admitido se não houver litispendência em outro foro internacional. Brasil 
reconheceu em 25 de setembro de 2009. 
Segundo ProtocoloFacultativo: Refere-se à abolição da pena de morte. No art. 2º, ao mesmo 
tempo em que o protocolo veda a realizações de reservas, abre a possibilidade de o Estado Parte, 
apenas no momento da ratificação, excepcionar a regra, para admitir a pena de morte somente em 
tempo de guerra, decorrente de condenação por crime de natureza militar cometido em tempo de 
guerra. Brasil ratificou em 25 de setembro de 2009, com a referida reserva. 
 
 
 
6.2. MECANISMO DE PROTEÇÃO: COMITÊ DE DIREITOS HUMANOS 
 
É um mecanismo convencional de proteção, tendo em vista que se encontrada previsto 
expressamente no PIDCP (art. 28), bem como só é aplicado aos Estados que aderirem. 
 
ARTIGO 41 
1. Com base no presente Artigo, todo Estado parte do presente pacto poderá 
declarar, a qualquer momento, que reconhece a competência do Comitê para 
receber e examinar as comunicações em que um Estado parte alegue que 
outro Estado Parte não vem cumprindo as obrigações que lhe impõe a Pacto. 
As referidas comunicações só serão recebidas e examinadas nos termos do 
presente Artigo no caso de serem apresentadas por um Estado Parte que 
houver feito uma declaração em que reconheça, com relação a si próprio, a 
competência do Comitê. O Comitê não receberá comunicação alguma 
relativa a um Estado Parte que não houver feito uma declaração dessa 
natureza. 
ARTIGO 2.º 
1. Não é admitida qualquer reserva ao presente Protocolo, exceto a reserva 
formulada no momento da ratificação ou adesão prevendo a aplicação da 
pena de morte em tempo de guerra em virtude de condenação por infracção 
penal de natureza militar de gravidade extrema cometida em tempo de 
guerra. 
ARTIGO 28 
1. Constituir-se-á um comitê de Direitos Humanos (doravante denominado o 
"Comitê" no presente pacto). O Comitê será composto de dezoito membros e 
desempenhará as funções descritas adiante. 
CS – DIREITOS HUMANOS 2022 58 
 
 
 
 
 
 
. 
 
É um corpo independente de especialistas, que opera tanto pelo sistema de relatórios dos 
Estados-Partes (devem encaminhar sempre que solicitados – art. 40), quanto pelo recebimento de 
comunicações formuladas pelos países (art. 41), observando o esgotamento dos remédios internos, 
e desde que não se prolonguem indefinidamente. Sua competência para receber comunicações 
depende de aceitação expressa do Estado denunciado (art. 41). Da mesma forma, um estado que 
não se submeta ao sistema não está autorizado a formular denúncias, obedecendo ao critério da 
reciprocidade, vigente no direito internacional. O Brasil até hoje não declarou a sua aceitação, 
estando, portanto, fora desse sistema. 
 
ARTIGO 40 
1. Os Estados Partes do presente Pacto comprometem-se a submeter 
relatórios sobre as medidas por eles adotadas para tornar efetivos os direitos 
reconhecidos no presente Pacto e sobre o progresso alcançado no gozo 
desses direitos: 
a) dentro do prazo de um ano, a contar do início da vigência do presente 
Pacto nos Estados Partes interessados; 
b) a partir de então, sempre que o Comitê vier a solicitar. 
2. Todos os relatórios serão submetidos ao Secretário-Geral da Organização 
das nações Unidas, que os encaminhará. Para exame, ao Comitê. Os 
relatórios deverão sublinhar, caso existam, os fatores e as dificuldades que 
prejudiquem a implementação do presente pacto. 
3. O Secretário-Geral da Organização das Nações Unidas poderá, após 
consulta ao Comitê, encaminhar às agências especializadas cópias das 
partes dos relatórios que digam respeito à sua esfera de competência. 
4. O Comitê estudará os relatórios apresentados pelos Estados partes do 
presente pacto e transmitirá aos Estados Partes seu próprio relatório, bem 
como os comentários gerais que julgar oportunos. O Comitê poderá 
igualmente transmitir ao Conselho Econômico e social os referidos 
comentários, bem como cópias dos relatórios que houver recebido dos 
Estados partes do Presente pacto. 
5. Os Estados Partes no presente pacto poderão submeter ao Comitê as 
observações que desejarem formular relativamente aos comentários feitos 
nos termos do § 4° do presente artigo. 
 
ARTIGO 41 
1. Com base no presente Artigo, todo Estado parte do presente pacto poderá 
declarar, a qualquer momento, que reconhece a competência do Comitê para 
receber e examinar as comunicações em que um Estado parte alegue que 
outro Estado Parte não vem cumprindo as obrigações que lhe impõe a Pacto. 
As referidas comunicações só serão recebidas e examinadas nos termos do 
presente Artigo no caso de serem apresentadas por um Estado Parte que 
houver feito uma declaração em que reconheça, com relação a si próprio, a 
competência do Comitê. O Comitê não receberá comunicação alguma 
relativa a um Estado Parte que não houver feito uma declaração dessa 
2. O Comitê será integrado por nacionais dos Estados partes do presente 
Pacto, os quais deverão ser pessoas de elevada reputação moral e 
reconhecida competência em matéria de direitos humanos, levando-se em 
consideração a utilidade da participação de algumas pessoas com 
experiência jurídica. 
3. Os membros do Comitê serão eleitos e exercerão suas funções a título 
pessoal. 
CS – DIREITOS HUMANOS 2022 59 
 
 
 
 
 
 
. 
natureza. As comunicações recebidas em virtude do presente Artigo estarão 
sujeitas ao procedimento que se segue: 
a) se um Estado Parte do presente Pacto considerar que outro Estado Parte 
não vem cumprindo as disposições da presente Convenção poderá, mediante 
comunicação escrita, levar a questão ao conhecimento deste Estado Parte. 
Dentro de um prazo de três meses, a contar da data do recebimento da 
comunicação, o Estado destinatário fornecerá ao Estado que enviou a 
comunicação explicações ou quaisquer outras declarações por escrito que 
esclareçam a questão, as quais deverão fazer referência, até onde seja 
possível e pertinente, aos procedimentos, nacionais e aos recursos jurídicos 
adotados, em trâmite ou disponíveis sobre a questão; 
b) se, dentro de um prazo de seis meses, a contar da data do recebimento da 
comunicação original pelo Estado destinatário, a questão não estiver dirimida 
satisfatoriamente para ambos os Estados Partes interessados, tanto um 
como o outro terão o direito de submetê-lo ao comitê, mediante notificação 
endereçada ao Comitê ou outro Estado interessado; 
c) o comitê tratará de todas as questões que se lhe submetam em virtude do 
presente Artigo somente após ter-se assegurado de que todos os recursos 
jurídicos internos disponíveis tenham sido utilizados e esgotados, em 
consonância com os princípios do Direito internacional geralmente 
reconhecido. Não se aplicará esta regra quando a aplicação dos 
mencionados recursos se prolongar injustificadamente. 
d) o comitê realizará reuniões confidenciais quando estiver examinando as 
comunicações previstas no presente Artigo; 
e) sem prejuízo das disposições da alínea "c’, o Comitê colocará seus bons 
ofícios à disposição dos Estados Partes interessados no intuito de se alcançar 
uma solução amistosa para a questão, baseada no respeito aos direitos 
humanos e a liberdades fundamentais reconhecidos no presente Pacto. 
f) em todas as questões que se lhe submetem em virtude do presente artigo, 
o Comitê poderá solicitar aos Estados Partes interessados, a que se faz 
referência na alínea b), que lhe forneçam quaisquer informação pertinentes; 
g) os estados Partes interessados, a que se faz referência na alínea "b", terão 
o direito de fazer-se representar quando as questões forem examinadas no 
Comitê e de apresentar suas observações verbalmente e/ou por escrito; 
h) o Comitê, dentro dos doze meses seguintes à data de recebimento da 
notificação mencionada na b), apresentará relatório em que: 
i) se houver sido alcançada uma solução nos termos da alínea e), o comitê 
restringir-se-á, em seu relatório, a uma breve exposição dos fatos e da 
solução alcançada; 
ii) se não houver sido alcançada solução alguma nos termos alínea "e",o 
comitê restringir-se-á, em seu relatório, a uma breve exposição dos fatos; 
serão anexados ao relatório o texto das observações escritas e as atas das 
observações orais apresentadas pelos Estados Partes interessados. 
Para cada questão, o relatório será encaminhado aos Estados partes 
interessados. 
1. As disposições do presente Artigo entrarão em vigor a partir do momento 
em que dez Estados Partes do presente Pacto houverem feito as declarações 
mencionadas no parágrafo §1º deste Artigo. As referidas declarações serão 
depositadas pelos Estados partes junto ao Secretário-Geral da Organização 
Nações Unidas, que enviará cópia das mesmas aos demais Estados Partes. 
Toda declaração poderá ser retirada, a qualquer momento, mediante 
CS – DIREITOS HUMANOS 2022 60 
 
 
 
 
 
 
. 
 
Igualmente, o Comitê pode receber denúncias individuais ou de terceiras pessoas e de 
ONGs, sobre a violação dos direitos estabelecidos no pacto (art. 1º do Protocolo Facultativo ao 
PIDCP). Brasil aderiu em 2009. 
 
 
O procedimento das denúncias individuais perante o Comitê de DH possui quatro fases: 
admissibilidade, instrução probatória, deliberação sobre o mérito, publicação e execução, a seguir 
analisadas. 
A primeira fase, de admissibilidade, exige a comprovação de certos requisitos de forma 
(forma escrita, não anônima, da própria vítima ou representante) e também requer que a 
comunicação não esteja sendo processada simultaneamente em outras instâncias internacionais. 
 
 
Na segunda fase, de instrução probatória, o Estado requerido dispõe de seis meses para 
responder as questões de mérito alegadas na petição do particular. O Estado pode também 
novamente atacar a admissibilidade do caso, que se for considerado inadmissível, enseja o 
encerramento do procedimento. 
Na terceira fase, o Comitê adota uma deliberação sobre o mérito, que consiste na 
indicação de violação ou não de direitos humanos protegidos e na reparação a ser efetuada pelo 
Estado. O Comitê pode decidir ainda publicar o texto com suas decisões e opiniões no informe 
anual à Assembleia Geral da ONU. 
A execução, quarta fase, pode ser realizada através da indicação de um Relator Especial, 
apontado para acompanhar a execução dos ditames do comitê. O Comitê informará à Assembleia 
Geral da Organização das Nações Unidas sobre as atividades deste Relator. 
notificação endereçada ao Secretário-Geral. Far-se-á essa retirada sem 
prejuízo do exame de quaisquer questões que constituam objeto de uma 
comunicação já transmitida nos termos deste artigo; em virtude do presente 
artigo, não se receberá qualquer nova comunicação de um Estado Parte uma 
vez que o Secretário-Geral tenha recebido a notificação sobre a retirada da 
declaração, a menos que o Estado parte interessado haja feito uma nova 
declaração. 
Artigo 1º - Os Estados Partes no Pacto que se tornarem Parte no presente 
Protocolo reconhecerão que o Comitê tem competência para receber e 
examinar comunicações provenientes de indivíduos particulares sujeitos à 
sua jurisdição que aleguem ter sido vítimas de uma violação, por esses 
Estados Partes, de quaisquer dos direitos enunciados no Pacto. O Comitê 
não receberá comunicação alguma relativa a um Estado Parte no Pacto que 
não seja parte no presente Protocolo. 
Artigo 2º 
Ressalvado o disposto no artigo 1º, o indivíduo que se considerar vítima de 
violação de qualquer dos direitos enunciados no Pacto e que tenha esgotado 
todos os recursos internos disponíveis, poderá apresentar uma comunicação 
escrita ao Comitê para que este a examine. 
Artigo 3º 
O Comitê declarará inadmissíveis as comunicações recebidas em 
conformidade com o presente Protocolo que sejam anônimas, ou que, a seu 
juízo, constituam abuso de direito ou sejam incompatíveis com as disposições 
do Pacto. 
CS – DIREITOS HUMANOS 2022 61 
 
 
 
 
 
 
. 
Salienta-se que o Comitê de Direitos Humanos é um organismo de aplicação de um acordo. 
Ele é responsável por fazer com que as obrigações do pacto sejam implementadas pelas partes. 
Para garantir isso, ele necessita de uma interpretação. Isso é feito, por um lado, por meio da 
utilização da disposição do pacto em casos individuais no âmbito do procedimento segundo o 
protocolo facultativo. Por outro lado, a comissão também aprovou “Comentários Gerais”, com os 
quais interpreta as disposições do Pacto. 
 
6.3. CASO LULA 
 
O Comitê de Direitos Humanos acolheu um pedido de medida provisória da defesa do ex- 
presidente Lula para que ele pudesse registrar a sua candidatura, mesmo estando preso. Contudo, 
o TSE não acolheu a decisão do Comitê, observe: 
7. (...) Em atenção aos compromissos assumidos pelo Brasil na ordem 
internacional, a manifestação do Comitê merece ser levada em conta, com o 
devido respeito e consideração. Não tem ela, todavia, caráter vinculante e, no 
presente caso, não pode prevalecer, por diversos fundamentos formais e 
materiais. 7.1. Do ponto de vista formal, (i) o Comitê de Direitos Humanos 
é órgão administrativo, sem competência jurisdicional, de modo que 
suas recomendações não têm caráter vinculante; (ii) o Primeiro 
Protocolo Facultativo ao PIDCP, que legitimaria a atuação do Comitê, 
não está em vigor na ordem interna brasileira” (TSE, Registro de 
candidatura nº 0600903-50.2018.6.00.0000, rel. Min. Roberto Barroso, j. 
01.09.2018). 
 
Acerca da vinculação das decisões do Comitê na ordem nacional, não há consenso na 
doutrina, pode-se identificar duas correntes: 
1ªC – as decisões dos Comitês relacionados aos tratados da ONU são meras 
recomendações, não possuem força vinculante. Sustentam que quando os Estados-Partes aderem 
a um tratado possuem ciência que aceitam a competência de um órgão sem natureza jurisdicional, 
que espede apenas recomendações. 
2ªC – as decisões dos Comitês possuem força vinculante, isto porque os tratados devem ser 
interpretados de boa-fé. Assim, ao aderir o PIDCP e o seu protocolo facultativo o Estado-Parte não 
poderá descumprir as decisões do Comitê, já que anuiu. Ressalta-se que o Comitê entende que 
suas decisões são vinculantes. 
Por fim, o argumento de que o Primeiro Protocolo Facultativo ao PIDCP ainda não está em 
vigor na ordem interna brasileira, segundo Caio Paiva deve ser feito um distinguishing. Assim: 
 
TRATADOS QUE CRIAM OBRIGAÇÕES DE 
TRATADOS QUE APENAS ESTABELECEM 
RESPEITAR E PROTEGER DIREITOS 
MECANISMOS DE PROTEÇÃO SEM CRIAR 
HUMANOS 
NOVAS OBRIGAÇÕES DE RESPEITAR E 
PROTEGER DIREITOS HUMANOS 
Para entrarem em vigor na ordem jurídica 
nacional, precisam passar também pela fase 
do decreto de promulgação 
Entram em vigor, internacional e 
nacionalmente, com a sua ratificação, sendo 
desnecessário o decreto de promulgação 
CS – DIREITOS HUMANOS 2022 62 
 
 
 
 
 
 
. 
7. PACTO INTERNACIONAL DE DIREITOS ECONÔMICOS, SOCIAIS E CULTURAIS 
(PIDESC) 
 
 
O Pacto Social foi elaborado paralelamente ao Pacto Civil, concomitantemente com a 
assembleia geral aprovada em 1966, e entrou em vigor em 1976. Visa estabelecer, sob a forma de 
direitos, as condições sociais, econômicas e culturais para a vida digna. 
Em contraposição à noção de que a realização progressiva dos direitos econômicos, sociais 
e culturais afasta a sua exigibilidade, a interpretação do Pacto é no sentido de que a primeira 
obrigação estatal é adotar medidas, isto é, planejar apropriadamente as políticas públicas, 
tendentes à realização destes direitos. E, ainda, da progressividade decorre a chamada cláusula de 
proibição do retrocesso social, na medida em que é vedado aos Estados retroceder no campo da 
implementação desses direitos. Assim, a progressividade dos direitos econômicos, sociais e 
culturais proíbe o retrocesso ou a redução de políticas públicas voltadas à garantia de tais direitos. 
Houve a fixação de um conteúdo mínimo de direitos, por parte do Comitê de Direitos 
Econômicos, Sociais e Culturais, que dever ser imediatamente implementados, judicialmente,inclusive, quais sejam: 
• Tratamento isonômico ante a lei (art. 3º); 
 
 
• Remuneração igual por trabalho igual, com especial proteção à mulher (art. 7º); 
 
 
• Liberdade sindical e de greve (art. 8º); 
 
ARTIGO 3º - Os Estados partes do presente pacto comprometem-se a 
assegurar a homens e mulheres igualdade no gozo de todos os direitos 
econômicos, sociais e culturais enunciados no presente pacto. 
ARTIGO 7 - Os Estados Partes do presente pacto reconhecem o direito de 
toda pessoa de gozar de condições de trabalho justas e favoráveis, que 
assegurem especialmente: 
a) uma remuneração que proporcione, no mínimo, a todos os trabalhadores: 
i) um salário equitativo e uma remuneração igual por um trabalho de igual 
valor, sem qualquer distinção; em particular, as mulheres deverão ter a 
garantia de condições de trabalho não inferiores às dos homens e receber a 
mesma remuneração que ele por trabalho igual; 
ii) uma existência decente para eles e suas famílias, em conformidade com 
as disposições do presente Pacto. 
b) a segurança e a higiene no trabalho; 
c) igual oportunidade para todos de serem promovidos, em seu trabalho, á 
categoria superior que lhes corresponda, sem outras considerações que as 
de tempo de trabalho e capacidade; 
d) o descanso, o lazer, a limitação razoável das horas de trabalho e férias 
periódicas remuneradas, assim. 
ARTIGO 8º 
1. Os Estados Partes do presente pacto comprometem-se a garantir: 
a) o direito de toda pessoa de fundar com outras sindicatos e de filiar-se ao 
sindicato de sua escolha, sujeitando-se unicamente aos organização 
interessada, com o objetivo de promover e de proteger seus interesses 
CS – DIREITOS HUMANOS 2022 63 
 
 
 
 
 
 
. 
 
• Proteção e assistência em prol de todas as crianças e adolescentes, sem distinção alguma 
por motivo de filiação ou qualquer outra condição contra a exploração econômica e social 
(art. 10); 
 
 
• Obrigatoriedade e gratuidade da educação primária; 
 
econômicos e sociais. O exercício desse direito só poderá ser objeto das 
restrições previstas em lei e que sejam necessárias, em uma sociedade 
democrática, no interesse da segurança nacional ou da ordem pública, ou 
para proteger os direitos e as liberdades alheias; 
b) o direito dos sindicatos de formar federações ou confederações nacionais 
e o direito desta de formar organizações sindicais internacionais ou de filiar- 
se às mesmas; 
c) o direito dos sindicatos de exercer livremente suas atividades, sem 
quaisquer limitações além daquelas previstas em lei e que sejam necessárias, 
em uma sociedade democrática, no interesse da segurança nacional ou da 
ordem pública, ou para proteger os direitos e as liberdades das demais 
pessoas; 
d) o direito de greve, exercido de conformidade com as leis de cada país. 
2. O presente artigo não impedirá que se submeta a restrições legais o 
exercício desses direitos pelos membros das forças armadas, da política ou 
da administração pública. 
3. nenhuma das disposições do presente artigo permitirá que os Estados 
Partes da Convenção de 1948 da Organização Internacional do Trabalho, 
relativa à liberdade sindical e à proteção do direito sindical, venha a adotar 
medidas legislativas que restrinjam - ou a aplicar a lei de maneira a restringir 
- as garantias previstas na referida Convenção. 
ARTIGO 10 Os Estados Partes do presente Pacto reconhecem que: 
1. Deve-se conceder à família, que é o elemento natural e fundamental da 
sociedade, as mais amplas proteção e assistência possíveis, especialmente 
para a sua constituição e enquanto ela for responsável pela criação e 
educação dos filhos. O matrimônio deve ser contraído com livre 
consentimento dos futuros cônjuges. 
2. Deve-se conceder proteção às mães por um período de tempo razoável 
antes e depois do parto. Durante esse período, deve-se conceder às mães 
que trabalhem licença remunerada ou licença acompanhada de benefícios 
previdenciários adequados. 
3. Devem-se adotar medidas especiais de proteção e de assistência em prol 
de todas as crianças e adolescentes, sem distinção por motivo de filiação ou 
qualquer outra condição. Devem-se proteger as crianças e adolescentes 
contra a exploração econômica e social. O emprego de crianças e 
adolescentes em trabalhos que lhes sejam nocivos à saúde ou que lhes 
façam correr perigo de vida, ou ainda que lhes venham a prejudicar o 
desenvolvimento normal, será punido por lei. 
Os Estados devem também estabelecer limites de idade sob os quais fique 
proibido e punido por lei o emprego assalariado da mão-de-obra infantil. 
ARTIGO 13 
1. Os Estados Partes do presente Pacto reconhecem o direito de toda pessoa 
à educação. Concordam em que a educação deverá visar o pleno 
desenvolvimento da personalidade humana e do sentido de sua dignidade e 
CS – DIREITOS HUMANOS 2022 64 
 
 
 
 
 
 
. 
fortalecer o respeito pelos direitos humanos e liberdades fundamentais. 
Concordam ainda em que a educação deverá capacitar todas as pessoas a 
participar efetivamente de uma sociedade livre, favorecer a compreensão, a 
tolerância e a amizade entre todas as nações e entre todos os grupos raciais, 
étnicos ou religiosos e promover as atividades das Nações Unidas em prol da 
manutenção da paz. 
2. Os Estados partes do Presente Pacto reconhecem que, com o objetivo de 
assegurar o pleno exercício desse direito: 
a) a educação primária deverá ser obrigatória e acessível gratuitamente a 
todos; 
b) a educação secundária em suas diferentes formas, inclusive a educação 
secundária técnica e profissional, deverá ser generalizada e tornar-se 
acessível a todos, por todos os meios apropriados e, principalmente, pela 
implementação progressiva do ensino gratuito; 
c) a educação de nível superior deverá igualmente tronar-se acessível a 
todos, com base na capacidade de cada um, por todos os meios apropriados 
e, principalmente, pela implementação progressiva do ensino gratuito; 
d) dever-se-á fomentar e intensificar, na medida do possível, a educação de 
base para aquelas que não receberam educação primária ou não concluíram 
o ciclo completo de educação primária; 
e) será preciso prosseguir ativamente o desenvolvimento de uma rede 
escolar em todos os níveis de ensino, implementar-se um sistema de bolsas 
estudo e melhorar continuamente as condições materiais do corpo docente. 
1. Os Estados Partes do presente Pacto comprometem-se a respeitar a 
liberdade dos pais - e, quando for o caso, dos tutores legais - de escolher 
para seus filhos escolas distintas daquelas criadas pelas autoridades 
públicas, sempre que atendam aos padrões mínimos de ensino prescritos ou 
aprovados pelo Estado, e de fazer com que seus filhos venham a receber 
educação religiosa ou moral que seja de acordo com suas próprias 
convicções. 
2. Nenhuma das disposições do presente artigo poderá ser interpretada no 
sentido de restringir a liberdade de indivíduos e de entidades de criar e dirigir 
instituições de ensino, desde que respeitados os princípios enunciados no § 
1° do presente artigo e que essas instituições observem os padrões mínimos 
prescritos pelo Estado. 
 
• Liberdade de os pais decidirem quanto aos estudos dos filhos (art. 10); 
 
• Liberdade de as escolas fixarem sua orientação pedagógica (art. 10); 
 
Liberdade à pesquisa científica e à atividade criadora; 
ARTIGO 15 
1. Os Estados Partes do presente Pacto reconhecem a cada indivíduo o 
direito de: 
a) Participar da vida cultural; 
b) desfrutar o progresso científico e suas aplicações; 
c) beneficiar-se da proteção dos interesses morais e materiais decorrentes 
de toda a produção científica, literária ou artística de que seja autor. 
2. As medidas que os Estados Partes do presente Pacto deverão adotar com 
a finalidade de assegurar o pleno exercício desse direito aquelas necessárias 
à conservação, ao desenvolvimento e à difusão da ciência e da cultura. 
3. Os Estados Partes do presente Pactocomprometem-se a respeitar a 
liberdade indispensável à pesquisa científica e à atividade criadora. 
CS – DIREITOS HUMANOS 2022 65 
 
 
 
 
 
 
. 
 
O Brasil ratificou o Pacto em 24.1.1992, sem qualquer ressalva. 
 
Em 2008, a Assembleia Geral da ONU, adotou o Protocolo Facultativo ao Pacto Internacional 
de Direitos Econômicos, Sociais e Culturais, o qual instaura a competência do Comitê de Direitos 
Econômicos, Sociais e Culturais para receber e analisar comunicações feitas por ou em benefícios 
de indivíduos ou grupo de pessoas, sob jurisdição de um Estado Parte, alegando serem vítimas de 
violação de quaisquer dos direitos previstos no Pacto, bem como comunicações interestaduais e 
procedimento de investigação das violações graves ou sistemáticas dos DESC. 
O PF-PIDESC foi colocado para assinatura em 2009. Entrou em vigor em 05 de maio de 
2013, com a ratificação do Uruguai (10º país) - se juntando a Argentina, Bolívia, Bósnia- 
Herzegovina, Equador, El Salvador, Mongólia, Portugal, Eslováquia e Espanha. 
 
7.1. MECANISMO DE PROTEÇÃO: COMITÊ DE DIREITOS ECONÔMICOS, SOCIAIS E 
CULTURAIS 
 
Órgão de tratado das Nações Unidas, criado pelo Conselho Econômico e Social, que 
supervisiona a aplicação do PIDESC pelos Estados-Parte, composto por 18 especialistas 
independentes, nomeados e escolhidos pelos Estados Parte, por um período fixo e renovável por 
quatro anos. 
Tem o mandato de examinar os relatórios apresentados periodicamente (dois anos e depois 
a cada cinco anos) pelos Estados-Parte sobre as medidas adotadas para a aplicação das 
disposições do PIDESC. 
Além disso, expressa suas preocupações e recomendações aos Estados-Parte como 
“observações finais”. 
Para facilitar a avaliação, o Comitê adotou orientações sobre a forma e o conteúdo dos 
relatórios. Adota também “observações gerais” para guiar a interpretação e aplicação dos artigos 
do PIDESC. 
A partir da entrada em vigor do PF-PIDESC (05 de maio de 2013), o Comitê terá a faculdade 
de examinar comunicações individuais e interestatais, e investigar supostas violações ao 
PIDESC. 
 
7.1.1. Comunicações individuais (queixas ou petições) 
 
Permite às vítimas de violações de direitos econômicos, sociais e culturais, apresentarem 
reclamações perante o Comitê DESC. Todo Estado-Parte do PIDESC que ratificar o Protocolo 
Facultativo reconhece as atribuições do Comitê para receber e examinar comunicações conforme 
as disposições do Protocolo. Assim o Comitê poderá, por meio de casos específicos, melhorar a 
compreensão dos direitos econômicos, sociais e culturais e requerer aos Estados as reparações. 
Os autores da comunicação devem: esgotar os recursos internos, ou seja, que antes de 
apresentar a comunicação individual devem ter utilizado todos os recursos disponíveis na jurisdição 
4. Os Estados Partes do presente Pacto reconhecem os benefícios que 
derivam do fomento e do desenvolvimento da cooperação e das ralações 
internacionais no domínio da ciência e da cultura. 
CS – DIREITOS HUMANOS 2022 66 
 
 
 
 
 
 
. 
interna e a resolução do caso não deve estar pendente, salvo se os recursos internos não forem 
efetivos, não estiverem à disposição do autor ou se forem objeto de “dilações indevidas”; apresentar 
a comunicação dentro de um ano desde o esgotamento dos recursos internos; e ter certeza de que 
o mesmo caso não foi apresentado perante um mecanismo internacional semelhante. 
O procedimento comporta a possibilidade de pedir medidas provisionais e, como 
características inovadoras, o Protocolo Facultativo inclui também a possibilidade de uma “solução 
amistosa”, estabelece um padrão de revisão particular e dá ao Comitê a faculdade de consultar 
documentação pertinente elaborada por outros órgãos, organismos especializados, fundos, 
programas e mecanismos das Nações Unidas e de outras organizações internacionais, incluindo os 
sistemas regionais ACNUDH - Escritório Regional para América do Sul. 
 
7.1.2. Comunicações interestatais 
 
Permite aos Estados-Parte apresentar comunicações perante o Comitê DESC, denunciando 
outro Estado que não cumpriu suas obrigações segundo o Pacto Internacional de Direitos 
Econômicos, Sociais e Culturais, desde que ambos os Estados tenham feito uma declaração de 
aceitação desse mecanismo. 
 
7.1.3. Procedimento de investigação 
 
Permite ao Comitê DESC começar uma investigação quando receber informação fidedigna 
indicando a existência de violações graves ou sistemáticas dos direitos estabelecidos no Pacto 
Internacional, sempre que o Estado analisado tenha feito uma declaração de aceitação da 
competência do Comitê para tais pesquisas. 
 
 
8. CONVENÇÃO INTERNACIONAL SOBRE A ELIMINAÇÃO DE TODAS AS FORMAS DE 
DISCRIMINAÇÃO RACIAL 
 
 
O art. 1º da Convenção define discriminação racial, de forma bastante abrangente. 
 
 
 
 
 
tomadas como o único objetivo de assegurar progresso adequado de certos 
grupos raciais ou étnicos ou indivíduos que necessitem da proteção que 
ARTIGO I 
1. Nesta Convenção, a expressão "discriminação racial" significará qualquer 
distinção, exclusão, restrição ou preferência baseada em raça, cor, 
descendência ou origem nacional ou étnica que tem por objetivo ou efeito 
anula ou restringir o reconhecimento, gozo ou exercício num mesmo plano, 
(em igualdade de condição), de direitos humanos e liberdades fundamentais 
no domínio político econômico, social, cultural ou em qualquer outro domínio 
de sua vida. 
2. Esta Convenção não se aplicará às distinções, exclusões, restrições e 
preferências feitas por um Estado Parte nesta Convenção entre cidadãos. 
3. Nada nesta Convenção poderá ser interpretado como afetando as 
disposições legais dos Estados Partes, relativa à nacionalidade, cidadania e 
naturalização, desde que tais disposições não discriminem contra qualquer 
nacionalidade particular. 
4. Não serão consideradas discriminações racial as medidas especiais 
CS – DIREITOS HUMANOS 2022 67 
 
 
 
 
 
 
. 
 
Este artigo é complementado pelo art. 4º, “a”, no sentido de que os Estados devem editar 
normas penais para punir atos discriminatórios e racistas, incluindo qualquer difusão de ideias 
baseadas na superioridade ou ódio racial. 
 
 
Outro aspecto interessante da Convenção diz respeito à possibilidade de edição de medidas 
especiais para assegurar o “progresso adequado” de grupos étnicos ou raciais, a fim de criar as 
condições para o pleno exercício, em condições de igualdade, dos direitos humanos – com a 
ressalva de que tais medidas devem ser suspensas após o alcance dos fins pretendidos, evitando 
que conduzam à criação de direitos desiguais e distintos para os diferentes grupos raciais (arts. 1º, 
4, e 2º, 2). É o que se convencionou chamar de discriminação positiva. 
 
possa ser necessária para proporcionar a tais grupos ou indivíduos igual gozo 
ou exercício de direitos humanos e liberdades fundamentais, contanto que, 
tais medidas não conduzam, em consequência , á manutenção de direitos 
separados para diferentes grupos raciais e não prossigam após terem sidos 
alcançados os seus objetivos. 
ARTIGO IV - Os Estados partes condenam toda propaganda e toda as 
organizações que se inspirem em ideias ou teorias baseadas na 
superioridade de uma raça ou de um grupo de pessoas de uma certa cor ou 
de uma certa origem étnica ou que pretendem justificar ou encorajar qualquer 
forma de ódio e de discriminação raciais e comprometem-se a adotar 
imediatamente medidas positivas destinadas a eliminar qualquer incitação a 
uma tal discriminação, ou quaisquer atos de discriminação com este objetivo, 
tendo em vista os princípios formulados na Declaração universal dos direitos 
do homem e os direitos expressamente enunciados no artigo 5 da presente 
convenção, eles se comprometem principalmente: 
a) a declarar delitos puníveis por lei, qualquer difusão de ideias baseadas na 
superioridade ou ódio raciais, qualquer incitamento à discriminação racial,assim como quaisquer atos de violência ou provocação a tais atos, dirigidos 
contra qualquer raça ou qualquer grupo de pessoas de outra cor ou de outra 
origem étnica, como também qualquer assistência prestada a atividades 
racistas, inclusive seu financiamento; 
b) a declarar ilegais e a proibir as organizações assim como as atividades de 
propaganda organizada e qualquer outro tipo de atividades de propaganda 
que incitar à discriminação e que a encorajar e a declara delito punível por lei 
a participação nestas organizações ou nestas atividades. 
c) a não permissão às autoridades públicas nem às instituições públicas, 
nacionais ou locais, o incitamento ou encorajamento à discriminação racial. 
Art. I, 4. Não serão consideradas discriminações racial as medidas especiais 
tomadas como o único objetivo de assegurar progresso adequado de certos 
grupos raciais ou étnicos ou indivíduos que necessitem da proteção que 
possa ser necessária para proporcionar a tais grupos ou indivíduos igual gozo 
ou exercício de direitos humanos e liberdades fundamentais, contanto que, 
tais medidas não conduzam, em consequência , a manutenção de direitos 
separados para diferentes grupos raciais e não prossigam após terem sidos 
alcançados os seus objetivos. 
Art. II, 2. Os Estados Parte tomarão, se as circunstâncias o exigirem, nos 
campos social, econômico, cultural e outros, as medidas especiais e 
concretos para assegurar como convier o desenvolvimento ou a proteção de 
certos grupos raciais de indivíduos pertencentes a estes grupos com o 
CS – DIREITOS HUMANOS 2022 68 
 
 
 
 
 
 
. 
 
Foi ratificado pelo Brasil em 27.3.1968, sem qualquer reserva. 
 
8.1. COMITÊ PARA A ELIMINAÇÃO DA DISCRIMINAÇÃO RACIAL 
 
O Comité (corpo de 18 especialistas independentes) para a Eliminação da Discriminação 
Racial foi criado em virtude do art.º 8.º da Convenção Internacional sobre a Eliminação de Todas 
as Formas de Discriminação Racial com o objetivo de controlar a aplicação, pelos Estados Partes, 
das disposições desta Convenção. 
Cada Estado-Parte deve enviar relatórios periódicos, inicialmente no primeiro ano após a 
ratificação da Convenção, e desde então bienalmente. 
Além do sistema de relatórios, a Convenção estabelece três outros mecanismos através dos 
quais o Comitê realiza o monitoramento, a saber: o exame das reclamações interestatais; o 
daquelas decorrentes dos indivíduos; o procedimento Alerta Rápido, voltado ao envio de 
recomendações urgentes quanto aos procedimentos a serem tomados pelos Estados-Partes para 
prevenir ou limitar a ocorrência de violações à Convenção, em face de situações de conflitos. 
Inovou ao prever o sistema de denúncias individuais, ainda que mediante a concordância 
expressa do Estado Parte, o que não lhe retirou a importância para o desenvolvimento do sistema. 
Em 17.6.2002, o Brasil reconheceu a competência do Comitê sobre a Eliminação da 
Discriminação racial para receber e processar reclamações de violações de direitos humanos, como 
previsto no art. 14 da Convenção. 
 
objetivo de garantir-lhes, em condições de igualdade, o pleno exercício dos 
direitos do homem e das liberdades fundamentais. Essas medidas não 
deverão, em caso algum, ter a finalidade de manter direitos desiguais ou 
distintos para os diversos grupos raciais, depois de alcançados os objetivos 
em razão dos quais foram tomadas. 
ARTIGO XIV 
1. Todo Estado Parte poderá declarar a qualquer momento que reconhece a 
competência do Comitê para receber e examinar comunicações de indivíduos 
ou grupos de indivíduos sob sua jurisdição que se consideram vítimas de uma 
violação pelo referido Estado Parte, de qualquer um dos direitos enunciados 
na presente Convenção. O Comitê não receberá qualquer comunicação de 
um Estado Parte que não houver feito tal declaração 
2. Qualquer Estado Parte que fizer uma declaração de conformidade com o 
parágrafo do presente artigo, poderá criar ou designar um órgão dentro da 
sua ordem jurídica nacional, que terá competência para receber e examinar 
as petições de pessoas ou grupos de pessoas sob sua jurisdição que 
alegarem ser vítimas de uma violação de qualquer um dos direitos 
enunciados na presente Convenção e que esgotaram os outros recursos 
locais disponíveis. 
3. A declaração feita de conformidade com o 1.° do presente artigo e o nome 
de qualquer órgão criado ou designado pelo Estado Parte interessado 
consoante o 2.° do presente artigo será depositado pelo Estado Parte 
interessado junto ao Secretário geral das Nações Unidas que remeterá cópias 
aos outros Estados Partes. A declaração poderá ser retirada a qualquer 
CS – DIREITOS HUMANOS 2022 69 
 
 
 
 
 
 
. 
momento mediante notificação ao Secretário Geral, mas esta retirada não 
prejudicará as comunicações que já estiverem sendo estudadas pelo Comitê. 
4. O órgão criado ou designado de conformidade com o 2.° do presente 
artigo, deverá manter um registro de petições e cópias autenticadas do 
registro serão depositadas anualmente por canais apropriados junto ao 
Secretário Geral das Nações Unidas, no entendimento que o conteúdo dessas 
cópias não será divulgado ao público. 
5. Se não obtiver reparação satisfatória do órgão criado ou designado de 
conformidade com o 2.° do presente artigo, o peticionário terá o direito de 
levar a questão ao Comitê dentro de seis meses. 
6. a) O Comitê, a título confidencial, qualquer comunicação que lhe tenha 
sido endereçada, ao conhecimento do Estado Parte que, pretensamente 
houver violado qualquer das disposições desta Convenção, mas a identidade 
das pessoas ou dos grupos de pessoas não poderá ser revelada sem o 
consentimento expresso da referida pessoa ou grupos de pessoas. O Comitê 
não receberá comunicações anônimas. 
b) Nos três meses seguintes, o referido Estado submeterá, por escrito ao 
Comitê, as explicações ou recomendações que esclareçam a questão e 
indicará as medidas corretivas que por acaso houver adotado 
7. a) O Comitê examinará as comunicações , à luz az informações que lhe 
forem submetidas pelo Estado Parte interessado e pelo peticionário. O Comitê 
só examinará uma comunicação de um peticionário após ter-se assegurado 
que este esgotou todos os recursos internos disponíveis. Entretanto, esta 
regra não se aplicará se os processos de recurso excederem prazos razoáveis. 
b) O Comitê remeterá suas sugestões e recomendações eventuais, ao Estado 
Parte interessado e ao peticionário. 
8. O Comitê incluirá em seu relatório anual um resumo destas comunicações, 
se for necessário, um resumo das explicações e declarações dos Estados 
Partes interessados assim como suas próprias sugestões e recomendações. 
9. O Comitê somente terá competência para exercer as funções previstas 
neste artigo se pelo menos dez Estados Partes nesta Convenção estiverem 
obrigados por declaração feitas de conformidade com o parágrafo deste 
artigo. 
 
 
9. CONVENÇÃO SOBRE A ELIMINAÇÃO DE TODAS AS FORMAS DE DISCRIMINAÇÃO 
CONTRA A MULHER 
 
 
No art. 1º da Convenção encontra-se o conceito de “discriminação contra a mulher”. 
 
Artigo 1º - Para fins da presente Convenção, a expressão "discriminação 
contra a mulher" significará toda distinção, exclusão ou restrição baseada no 
sexo e que tenha por objeto ou resultado prejudicar ou anular o 
reconhecimento, gozo ou exercício pela mulher, independentemente de seu 
estado civil, com base na igualdade do homem e da mulher, dos direitos 
humanos e liberdades fundamentais nos campos político, econômico, social, 
cultural e civil ou em qualquer outro campo. 
CS – DIREITOS HUMANOS 2022 70 
 
Disponibilizado exclusivamente para 0 
 
 
 
 
. 
O Comitê entendeu, na Recomendação Geral nº 19/92, que a violência contra as mulheres 
(violência dirigida contra uma mulher devido ao fato de ser mulher), encontra-se na definição de 
discriminação contra as mulheres, embora a Convenção não refira expressamente esta questão. 
O art. 2º prevêuma série de obrigações assumidas pelos Estados Partes, com o fim de 
eliminar as descriminações, em virtude da ratificação ou da adesão à Convenção. 
 
 
A Convenção determina que os Estados Partes assegurem o pleno desenvolvimento e 
progresso das mulheres (art. 3º), bem como os obriga a modificar os esquemas e modelos de 
comportamento sociocultural dos homens e das mulheres, baseados na ideia de superioridade ou 
inferioridade de um dos sexos ou em estereótipos de gênero (art. 5º), assim como a assegurar uma 
educação familiar que entenda a maternidade como função social e reconheça a responsabilidade 
comum no cuidado dos filhos. Nos termos do artigo 6.º, deverão ser suprimidos o tráfico de mulheres 
e a exploração da prostituição de mulheres. 
No art. 4º a Convenção prevê a possibilidade de adoção de políticas públicas baseadas na 
discriminação positiva, a fim de que seus fins sejam alcançados. 
 
Artigo 2º - Os Estados-partes condenam a discriminação contra a mulher em 
todas as suas formas, concordam em seguir, por todos os meios apropriados 
e sem dilações, uma política destinada a eliminar a discriminação contra a 
mulher, e com tal objetivo se comprometem a: 
a) consagrar, se ainda não o tiverem feito, em suas Constituições nacionais 
ou em outra legislação apropriada, o princípio da igualdade do homem e da 
mulher e assegurar por lei outros meios apropriados à realização prática 
desse princípio; 
b) adotar medidas adequadas, legislativas e de outro caráter, com as sanções 
cabíveis e que proíbam toda discriminação contra a mulher; 
c) estabelecer a proteção jurídica dos direitos da mulher em uma base de 
igualdade com os do homem e garantir, por meio dos tribunais nacionais 
competentes e de outras instituições públicas, a proteção efetiva da mulher 
contra todo ato de discriminação; 
d) abster-se de incorrer em todo ato ou prática de discriminação contra a 
mulher e zelar para que as autoridades e instituições públicas atuem em 
conformidade com esta obrigação; 
e) tomar as medidas apropriadas para eliminar a discriminação contra a 
mulher praticada por qualquer pessoa, organização ou empresa; 
f) adotar todas as medidas adequadas, inclusive de caráter legislativo, para 
modificar ou derrogar leis, regulamentos, usos e práticas que constituam 
discriminação contra a mulher; 
g) derrogar todas as disposições penais nacionais que constituam 
discriminação contra a mulher. 
Artigo 4º - 1. A adoção pelos Estados-partes de medidas especiais de caráter 
temporário, destinadas a acelerar a igualdade de fato entre o homem e a 
mulher não se considerará discriminação na forma definida nesta Convenção, 
mas de nenhuma maneira implicará, como consequência, a manutenção de 
normas desiguais ou separadas; essas medidas cessarão quando os 
objetivos de igualdade de oportunidade e tratamento houverem sido 
alcançados. 
CS – DIREITOS HUMANOS 2022 71 
 
Disponibilizado exclusivamente para 0 
 
 
 
 
. 
 
O Brasil ratificou a Convenção da Mulher em 1984, formulou reserva aos artigos 15, 
parágrafo 4º, e artigo 16, parágrafo 1º, alíneas (a), (c), (g) e (h), e artigo 29. As reservas aos artigos 
15 e 16, retiradas em 1994, foram feitas devido à incompatibilidade entre a legislação brasileira, 
então pautada pela assimetria entre os direitos do homem e da mulher. A reserva ao artigo 29, que 
não se refere a direitos substantivos, é relativa a disputas entre Estados partes quanto à 
interpretação da Convenção e continua vigorando. 
 
9.1. PROTOCOLO FACULTATIVO À CONVENÇÃO SOBRE A ELIMINAÇÃO DE TODAS 
AS FORMAS DE DISCRIMINAÇÃO CONTRA A MULHER 
 
Entrou em vigor no ano de 2000. O Brasil ratificou em 2002, sem qualquer reserva. 
 
Conferiu ao Comitê duas competências adicionais: exame de comunicações apresentadas 
por pessoas ou grupo de pessoas que aleguem serem vítimas de violação dos direitos enunciados 
na Convenção; e instauração de inquéritos confidenciais em caso de suspeitas de violações graves 
ou sistemáticas da Convenção. 
 
9.2. COMITÊ SOBRE A ELIMINAÇÃO DA DISCRIMINAÇÃO CONTRA A MULHER 
 
É um corpo de 23 especialistas, independentes, de grande prestígio moral e competência 
na área abarcada pela Convenção, eleitos pelos Estados Partes para exercerem o mandato por um 
período de 04 anos. Desempenham sua função a título pessoal e não como delegados ou 
representantes de seu país de origem. 
Possui como função: 
 
a) Examinar os relatórios periódicos apresentados pelos Estados Partes (art. 18 da 
Convenção) 
 
 
De acordo com o artigo 18 da Convenção, os Estados Partes devem apresentar relatórios 
periódicos sobre as medidas legislativas, judiciárias, administrativas ou outras que adotarem para 
tornarem efetivas as disposições desta Convenção e dos progressos alcançados a respeito. O 
primeiro relatório deve ser apresentado um ano após a ratificação da Convenção, os demais a cada 
2. A adoção pelos Estados-partes de medidas especiais, inclusive as contidas 
na presente Convenção, destinadas a proteger a maternidade, não se 
considerará discriminatória. 
Artigo 18 - Os Estados-partes comprometem-se a submeter ao Secretário 
Geral das Nações Unidas, para exame do Comitê, um relatório sobre as 
medidas legislativas, judiciárias, administrativas ou outras que adotarem para 
tornarem efetivas as disposições desta Convenção e dos progressos 
alcançados a respeito: 
a) no prazo de um ano, a partir da entrada em vigor da Convenção para o 
Estado interessado; e 
b) posteriormente, pelo menos a cada quatro anos e toda vez que o Comitê 
vier a solicitar. 
2. Os relatórios poderão indicar fatores e dificuldades que influam no grau de 
cumprimento das obrigações estabelecidas por esta Convenção. 
CS – DIREITOS HUMANOS 2022 72 
 
Disponibilizado exclusivamente para 0 
 
 
 
 
. 
quatro anos e toda vez que o Comitê vier a solicitar. O Comitê adotou algumas recomendações 
(“guidelines”) para os Estados elaborarem seus relatórios. 
Após receber o relatório do Estado Parte, um grupo de trabalho do Comitê, composto por 
cinco Partes reúne-se, antes da sessão, para preparar uma lista de questões e perguntas, as quais 
serão enviadas aos Estados antes da apresentação do relatório. Durante o período de sessão, oito 
dos Estados Partes apresentam oralmente seus relatórios. Após a apresentação, o Comitê faz 
observações e comentários gerais, faz perguntas sobre artigos específicos da Convenção, que são 
posteriormente respondidas pelo Estado. Por fim, o Comitê elabora comentários finais sobre os 
relatórios apresentados, que serão incluídos em seu relatório final à Assembleia Geral. 
b) Formular sugestões e recomendações gerais (art. 21 da Convenção); 
 
 
É facultado ao Comitê elaborar sugestões e recomendações gerais, baseadas no exame 
dos relatórios e de informações recebidas dos Estados Partes. Em geral, as sugestões são 
direcionadas a entidades das Nações Unidas, enquanto as recomendações gerais aos Estados 
Partes. 
As recomendações gerais adotadas tratam de temas abordados pela Convenção e oferecem 
orientações aos Estados Partes sobre suas obrigações, bem como os passos necessários a seu 
cumprimento. Atualmente, a elaboração do conteúdo das recomendações gerais conta com a 
participação não apenas de membros do Comitê, mas de organizações da sociedade civil e de 
agências e órgãos das Nações Unidas, entre outros. 
c) Instaurar inquéritos confidenciais (artigos 8º e 9º do Protocolo Facultativo); 
 
Artigo 21 - O Comitê, através do Conselho Econômico e Social das Nações 
Unidas, informará anualmente a Assembleia Geral das Nações Unidas de 
suas atividades e poderá apresentar sugestões e recomendações de caráter 
geral, baseadas no exame dos relatórios e em informações recebidas dos 
Estados-partes. Essas sugestões e recomendações de caráter geral serão 
incluídas no relatório do Comitê juntamente com as observações que os 
Estados-partes tenham porventura formulado. 
2. O SecretárioGeral das Nações Unidas transmitirá, para informação, os 
relatórios do Comitê à Comissão sobre a Condição da Mulher. 
Artigo 8º 
1. Caso o Comitê receba informação fidedigna indicando graves ou 
sistemáticas violações por um Estado Parte dos direitos estabelecidos na 
Convenção, o Comitê convidará o Estado Parte a cooperar no exame da 
informação e, para esse fim, a apresentar observações quanto à informação 
em questão. 
2. Levando em conta quaisquer observações que possam ter sido 
apresentadas pelo Estado Parte em questão, bem como outras informações 
fidedignas das quais disponha, o Comitê poderá designar um ou mais de seus 
membros para conduzir uma investigação e apresentar relatório 
urgentemente ao Comitê. Sempre que justificado, e com o consentimento do 
Estado Parte, a investigação poderá incluir visita ao território deste último. 
3. Após examinar os resultados da investigação, o Comitê os transmitirá ao 
Estado Parte em questão juntamente com quaisquer comentários e 
recomendações. 
CS – DIREITOS HUMANOS 2022 73 
 
Disponibilizado exclusivamente para 
 
 
 
 
. 
 
O Comitê, ao receber informação viável indicando violações graves ou sistemáticas de 
direitos estabelecidos na Convenção pelos Estados Partes, convidará o Estado a apreciar a 
informação, em conjunto com ele e a apresentar suas observações sobre essa questão. Além disso, 
poderá encarregar alguns membros a efetuar um inquérito e a comunicar com urgência os 
resultados. Caso seja justificável e haja aquiescência do Estado Parte, este inquérito poderá incluir 
visitas ao território deste Estado. 
Após analisar as conclusões do inquérito, o Comitê as comunica ao Estado em questão, que 
disporá de um prazo de seis meses para apresentar suas observações. O procedimento de inquérito 
tem caráter confidencial e a cooperação do Estado Parte poderá ser solicitada em qualquer fase do 
processo. 
d) Examinar comunicações apresentadas por indivíduos ou grupo de indivíduos vítimas de 
violação dos direitos dispostos na Convenção (art. de 2º a 7º do Protocolo Facultativo) 
A partir da adoção do Protocolo Adicional à Convenção, foi facultado ao Comitê examinar 
comunicações apresentadas por indivíduos ou grupos de indivíduos, sob a jurisdição do Estado 
Parte, que afirmem ser vítimas de violação de qualquer um dos direitos abordados pela Convenção. 
Para tanto, o Comitê verifica apenas as comunicações as quais seja verificado o esgotamento dos 
recursos internos, ou seja, que todos os meios processuais na ordem interna tenham sido 
esgotados, a não ser que o meio processual previsto tenha ultrapassado os prazos razoáveis ou 
que seja improvável que conduza a uma reparação efetiva do requerente. 
Caso a comunicação seja admitida, o Comitê comunicará o Estado, que terá seis meses 
para apresentar suas observações. O Comitê escutará os requerentes em sessões fechadas e 
transmitirá suas considerações e recomendações às partes interessadas. O Estado terá mais seis 
meses para apresentar documento escrito dispondo sobre as medidas adotadas. 
 
 
10. CONVENÇÃO CONTRA A TORTURA E OUTROS TRATAMENTOS OU PENAS CRUÉIS, 
DESUMANOS OU DEGRADANTES 
 
 
Trata de um tema específico e não de um grupo social de pessoas vulneráveis. 
4. O Estado Parte em questão deverá, dentro de seis meses do recebimento 
dos resultados, comentários e recomendações do Comitê, apresentar suas 
observações ao Comitê. 
5. Tal investigação será conduzida em caráter confidencial e a cooperação 
do Estado Parte será buscada em todos os estágios dos procedimentos. 
 
Artigo 9º 
1. O Comitê poderá convidar o Estado Parte em questão a incluir em seu 
relatório, segundo o Artigo 18 da Convenção, pormenores de qualquer medida 
tomada em resposta à investigação conduzida segundo o Artigo 18 deste 
Protocolo. 
2. O Comitê poderá, caso necessário, após o término do período de seis 
meses mencionado no Artigo 8.4 deste Protocolo, convidar o Estado Parte a 
informá-lo das medidas tomadas em resposta à mencionada investigação. 
CS – DIREITOS HUMANOS 2022 74 
 
Disponibilizado exclusivamente para 0 
 
 
 
 
. 
A Convenção foi adotada pela Assembleia Geral da ONU em 1984, entrou em vigor em 
1987, sendo ratificada pelo Brasil em 1989. 
Está dividia em três partes: a primeira diz respeito aos sujeitos ativos e passivos da tortura, 
sua definição e as medidas a serem tomadas pelos Estados que a ela aderirem; a segunda trata do 
Comitê e sua atuação: membros, duração do mandato, relatórios, posicionamentos sobre casos 
apresentados; a terceira cuida da adesão dos Estados-partes à Convenção, bem como emendas 
que possam vir a sugerir. 
No art. 1º encontra-se a definição de tortura: 
 
 
A Convenção determina aos Estados-Partes que editem legislação tipificando criminalmente 
a tortura, o que foi atendido pelo Brasil ante a edição da Lei Federal 9.455/97. 
Comparando-se as definições contidas na lei e na Convenção, percebe-se grande 
semelhança, ainda que a lei brasileira amplie o sujeito ativo do delito para qualquer pessoa, 
enquanto a Convenção tem como agente apenas o funcionário público ou outra pessoa no exercício 
de funções públicas ou por sua instigação. Outra diferença diz respeito à motivação baseada em 
preconceito: a lei prevê apenas discriminação racial ou religiosa, enquanto a Convenção fala em 
discriminação de qualquer natureza, certamente mais condizente com o objetivo de proteger a 
integridade física e psíquica do ser humanos, sem as quais não sobrevive sua dignidade. Assim, 
tendo em vista a regra interpretativa própria dos direitos humanos, no sentido de buscar sempre a 
aplicação do instrumento jurídico que garanta maior proteção à pessoa, é possível entender como 
tortura o sofrimento agudo baseado em preconceito de qualquer natureza. 
O art. 2º determina que em nenhum caso, nem mesmo em situações excepcionais, será 
permitida a derrogação a regra de proibição da tortura. 
 
ARTIGO 1º 
1. Para os fins da presente Convenção, o termo "tortura" designa qualquer 
ato pelo qual dores ou sofrimentos agudos, físicos ou mentais, são infligidos 
intencionalmente a uma pessoa a fim de obter, dela ou de uma terceira 
pessoa, informações ou confissões; de castigá-la por ato cometido; de 
intimidar ou coagir esta pessoa ou outras pessoas; ou por qualquer motivo 
baseado em discriminação de qualquer natureza; quando tais dores ou 
sofrimento são infligidos por um funcionário público ou outra pessoa no 
exercício de funções públicas, ou por sua instigação, ou com o seu 
consentimento ou aquiescência. Não se considerará como tortura as dores 
ou sofrimentos consequência unicamente de sanções legítimas, ou que sejam 
inerentes a tais sanções ou delas decorram. 
2. O presente Artigo não será interpretado de maneira a restringir qualquer 
instrumento internacional ou legislação nacional que contenha ou possa 
conter dispositivos de alcance mais amplo. 
ARTIGO 2° 
1. Cada Estado Parte tomará medidas eficazes de caráter legislativo, 
administrativo, judicial ou de outra natureza, a fim de impedir a prática de atos 
de tortura em qualquer território sob sua jurisdição. 
2. Em nenhum caso poderão invocar-se circunstâncias excepcionais tais 
como ameaça ou estado de guerra, instabilidade política interna ou qualquer 
outra emergência como justificação para tortura. 
CS – DIREITOS HUMANOS 2022 75 
 
Disponibilizado exclusivamente para 
 
 
 
 
. 
 
Estabelece a Convenção importantes deveres, a que os Estados (que ratificaram) 
encontram-se obrigados, com vista à eliminação da prática da tortura no âmbito das respectivas 
áreas de jurisdição: 
a) Adopção de medidas legislativas, administrativas, judiciais ou outras que se revelem 
adequadas a cumprir este objetivo (art. 2º, nº 1); 
 
 
b) Proibição de expulsão, de entrega ou de extradição para Estado onde existem motivos 
sérios para crer que a pessoa possa ser sujeita à prática de tortura (art. 3º nº 1); 
 
 
c)Tortura deverá ser considera crime, no âmbito das respectivas legislações internas (art. 
4º nº 1); 
 
 
d) Competência internacional de cada Estado, sempre que houver a prática de atos 
qualificados como tortura (art. 5º); 
 
3. A ordem de um funcionário superior ou de uma autoridade pública não 
poderá ser invocada como justificação para a tortura. 
ARTIGO 2° 
1. Cada Estado Parte tomará medidas eficazes de caráter legislativo, 
administrativo, judicial ou de outra natureza, a fim de impedir a prática de atos 
de tortura em qualquer território sob sua jurisdição. 
ARTIGO 3º 
1. Nenhum Estado parte procederá à expulsão, devolução ou extradição de 
uma pessoa para outro Estado quando houver razões substanciais para crer 
que a mesma corre perigo de ali ser submetida a tortura. 
2. A fim de determinar a existência de tais razões, as autoridades 
competentes levarão em conta todas as considerações pertinentes, inclusive, 
quando for o caso, a existência, no Estado em questão, de um quadro de 
violência sistemáticas, graves e maciças de direitos humanos. 
ARTIGO 4° 
1. Cada Estado Parte assegurará que todos os atos de tortura sejam 
considerados crimes segundo a sua legislação penal. O mesmo aplicar-se-á 
à tentativa de tortura e a todo ato de qualquer pessoa que constitua 
cumplicidade ou participação na tortura. 
2. Cada Estado Parte punirá estes crimes com penas adequadas que levem 
conta a sua gravidade. 
ARTIGO 5º 
1. Cada Estado Parte tomará as medidas necessárias para estabelecer sua 
jurisdição sobre os crimes previstos no Artigo 4° nos seguintes casos: 
a) quando os crimes tenham sido cometidos em qualquer território sob sua 
jurisdição ou a bordo de navio ou aeronave registrada no Estado em questão; 
b) quando o suposto autor for nacional do Estado em questão; 
c) quando a vítima for nacional do Estado em questão e este considerar 
apropriado. 
2. Cada Estado Parte tomará também as medidas necessárias para 
estabelecer sua jurisdição sobre tais crimes nos casos em que o suposto 
autor se encontre em qualquer território sob sua jurisdição e o Estado não 
CS – DIREITOS HUMANOS 2022 76 
 
Disponibilizado exclusivamente para 
 
 
 
 
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e) Os Estados deverão incluir normas aplicáveis a crimes de tortura em qualquer tratado de 
extradição, para que esta seja concedida (art. 8º); 
 
 
f) Colaboração judiciária internacional no âmbito da instrução de processos criminais, 
decorrentes da prática de atos de tortura (art. 9º); 
 
 
g) Adequada formação e informação de quaisquer agentes sobre a proibição de atos de 
tortura (art. 10º); 
 
extradite de acordo com o Artigo 8° para qualquer dos Estados mencionados 
no parágrafo 1 do presente Artigo. 
3. Esta Convenção não exclui qualquer jurisdição criminal exercida de acordo 
com o direito interno. 
ARTIGO 8º 
1. Os crimes a que se refere o artigo 4º serão considerados como 
extraditáveis em qualquer tratado de extradição existente entre os Estados 
Partes. Os Estados Partes obrigar-se-ão a incluir tais crimes como 
extraditáveis em todo tratado de extradição que vierem a concluir entre si. 
2. Se um Estado Parte que condiciona a extradição à existência de tratado 
receber um pedido de extradição por parte de outro Estado Parte com o qual 
mantém tratado de extradição, poderá considerar a presente Convenção com 
base legal para a extradição com respeito a tais crimes. A extradição sujeitar- 
se-á às outras condições estabelecidas pela lei do Estado que receber a 
solicitação. 
3. Os Estados partes que não condicionam a extradição à existência de um 
tratado reconhecerão, entre si, tais crimes como extraditáveis, dentro das 
condições estabelecidas pela lei do Estado que receber a solicitação. 
4. O crime será considerado, para o fim de extradição entre os Estados 
partes, como se tivesse ocorrido não apenas no lugar em que ocorreu, mas 
também nos territórios dos Estados chamados a estabelecerem sua 
jurisdição, de acordo com o parágrafo 1 do Artigo 5°. 
ARTIGO 9° 
1. Os Estados Partes prestarão entre si a maior assistência possível em 
relação aos procedimentos criminais instaurados relativamente a qualquer 
dos delitos mencionados no Artigo 4°, inclusive no que diz respeito ao 
fornecimento de todos os elementos de prova necessários para o processo 
que estejam em seu poder. 
2. Os Estados Partes cumprirão as obrigações decorrentes do parágrafo 1 
do presente Artigo conforme quaisquer tratados de assistência judiciária 
recíproca existente entre si. 
ARTIGO 10 
1. Cada Estado assegurará que o ensino e a informação sobre a proibição 
de tortura sejam plenamente incorporados no treinamento do pessoal civil ou 
militar encarregado da aplicação da lei, do pessoal médico, dos funcionários 
públicos e de quaisquer outras pessoas que possam participar da custódia, 
interrogatório ou tratamento de qualquer pessoa submetida a qualquer forma 
de prisão, detenção ou reclusão. 
2. Cada Estados Parte incluirá a referida proibição nas normas ou instruções 
relativas aos deveres e funções de tais pessoas. 
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Disponibilizado exclusivamente para 
 
 
 
 
. 
h) Instauração de um inquérito sempre que existam motivos para crer que um ato de tortura 
foi praticado (art. 12º); 
 
 
i) Garantia do direito de apresentar queixa por parte de qualquer pessoa que alegue haver 
sido submetida à tortura e exame rigoroso do seu caso (art. 13º); 
 
 
j) Direito da vítima de tortura a obter indemnização (art. 14º); 
 
 
l) Proibição da utilização de declarações obtidas mediante tortura, como elemento de prova 
num processo (art. 15º). 
 
 
10.1. PROTOCOLO FACULTATIVO À CONVENÇÃO CONTRA A TORTURA E OUTROS 
TRATAMENTOS OU PENAS CRUÉIS, DESUMANOS OU DEGRADANTES 
 
Foi adotado pela Assembleia Geral da ONU em 2002, entrou em vigor em 2006. O Brasil 
ratificou, sem reservas, em 2007. 
Seu objetivo é estabelecer um sistema regular de visitas, realizadas por órgãos nacionais e 
internacionais aos locais de custódia de pessoas, a fim de prevenir a ocorrência de tortura e outros 
tratamentos cruéis, desumanos ou degradantes. 
 
 Artigo 1 
ARTIGO 12 
Cada Estado Parte assegurará que suas autoridades competentes 
procederão imediatamente a uma investigação imparcial sempre que houver 
motivos razoáveis para crer que um ato de tortura tenha sido cometido em 
qualquer território sob sua jurisdição. 
ARTIGO 13 
Cada Estado assegurará a qualquer pessoa que alegue ter sido submetido à 
tortura em qualquer território sob sua jurisdição o direito de apresentar queixa 
perante as autoridades competentes do referido Estado, que procederão 
imediatamente e com imparcialidade ao exame de seu caso. Serão tomadas 
medidas para assegurar a proteção do queixoso e das testemunhas contra 
qualquer mau tratamento ou intimidação em consequência da queixa 
apresentada ou depoimento prestado. 
ARTIGO 14 
1. Cada Estado Parte assegurará, em seu sistema jurídico, à vítima de um 
ato de tortura, o direito à reparação e a uma indenização justa e adequada, 
incluídos os meios necessários para a mais completa reabilitação possível. 
Em caso de morte da vítima como resultado de um ato de tortura, seus 
dependentes terão direito a indenização. 
2. O disposto no presente Artigo não afetará direito a indenização que a 
vítima ou outra pessoa tem em decorrência das leis nacionais. 
ARTIGO 15 
Cada Estado Parte assegurará que nenhuma declaração que se demonstre 
ter sido prestada como resultado de tortura possa ser invocada como prova 
em processo, salvo contra uma pessoa acusada de tortura como prova de 
que a declaração foi prestada. 
CS – DIREITOS HUMANOS 2022 78 
 
Disponibilizado exclusivamente par 
 
 
 
 
. 
 
 
10.2. COMITÊ 
 
É um corpo de dez especialistas independentes, de elevada reputação moral e reconhecida 
competência em matéria de direitos humanos. 
Possui como função: 
 
a) Exame dos relatórios apresentados pelos Estadospartes (art. 19); 
 
O objetivo do presente Protocolo é estabelecer um sistema de visitas 
regulares efetuadas por órgãos nacionais e internacionais independentes a 
lugares onde pessoas são privadas de sua liberdade, com a intenção de 
prevenir a tortura e outros tratamentos ou penas cruéis, desumanos ou 
degradantes. 
 
Artigo 3 
Cada Estado-Parte deverá designar ou manter em nível doméstico um ou 
mais órgãos de visita encarregados da prevenção da tortura e outros 
tratamentos ou penas cruéis, desumanos ou degradantes (doravante 
denominados mecanismos preventivos nacionais). 
 
Artigo 4 
1. Cada Estado-Parte deverá permitir visitas, de acordo com o presente 
Protocolo, dos mecanismos referidos nos Artigos 2 e 3 a qualquer lugar sob 
sua jurisdição e controle onde pessoas são ou podem ser privadas de sua 
liberdade, quer por força de ordem dada por autoridade pública quer sob seu 
incitamento ou com sua permissão ou concordância (doravante denominados 
centros de detenção). Essas visitas devem ser empreendidas com vistas ao 
fortalecimento, se necessário, da proteção dessas pessoas contra a tortura e 
outros tratamentos ou penas cruéis, desumanos ou degradantes. 
2. Para os fins do presente Protocolo, privação da liberdade significa qualquer 
forma de detenção ou aprisionamento ou colocação de uma pessoa em 
estabelecimento público ou privado de vigilância, de onde, por força de ordem 
judicial, administrativa ou de outra autoridade, ela não tem permissão para 
ausentar-se por sua própria vontade. 
ARTIGO 19 
1. Os Estados Partes submeterão ao Comitê, por intermédio do Secretário- 
Geral das Nações Unidas, relatórios sobre as medidas por eles adotadas no 
cumprimento das obrigações assumidas em virtude da presente Convenção, 
dentro do prazo de um ano, a contar do início da vigência da presente 
Convenção no Estado Parte interessado, a partir de então, os Estados Partes 
deverão apresentar relatórios suplementares a cada quatro anos sobre todas 
as novas disposições que houverem adotado, bem como outros relatórios que 
o Comitê vier a solicitar. 
2. O Secretário-Geral das Nações Unidas transmitirá os relatórios a todos os 
Estados Partes. 
3. Cada relatório será examinado pelo Comitê, que poderá fazer os 
comentários gerais que julgar oportunos e os transmitirá ao Estado Parte 
interessado. Este poderá, em resposta ao Comitê, comunicar-lhe todas as 
observações que deseje formular. 
CS – DIREITOS HUMANOS 2022 79 
 
Disponibilizado exclusivamente para 
 
 
 
 
. 
 
b) Instauração de inquéritos confidenciais (art. 20); 
 
 
c) Apreciação de comunicações apresentadas contra Estados partes, por outros Estados 
partes (art. 21) 
 
4. O Comitê poderá, a seu critério, tomar a decisão de incluir qualquer 
comentário que houver feito de acordo com o que estipular o parágrafo 3 do 
presente Artigo, junto com as observações conexas recebidas do Estado 
Parte interessado, em seu relatório anual que apresentará em conformidade 
com o Artigo 24. Se assim o solicitar o Estado Parte interessado, o Comitê 
poderá também incluir cópia do relatório apresentado em virtude do parágrafo 
1 do presente Artigo. 
ARTIGO 20 
1. O Comitê, no caso de vir a receber informações fidedignas que lhe 
pareçam indicar, de forma fundamentada, que a tortura é praticada 
sistematicamente no território de um Estado Parte, convidará o Estado Parte 
em Questão a cooperar no exame das informações e, nesse sentido, a 
transmitir as observações que julgar pertinentes. 
2. Levando em consideração todas as observações que houver apresentado 
o Estado parte interessado, bem como quaisquer outras informações 
pertinentes de que dispuser, o Comitê poderá, se lhe parecer justificável, 
designar um ou vários de seus membros para que procedam a uma 
investigação confidencial e informem urgentemente o Comitê. 
3. No caso de realizar-se uma investigação nos termos do parágrafo 2 do 
presente Artigo, o Comitê procurará obter a colaboração do Estado Parte 
interessado. Com a concordância do Estado parte em questão, a investigação 
poderá incluir uma visita a seu território. 
4. Depois de haver examinado as conclusões apresentadas por um ou vários 
de seus membros, nos termos do parágrafo 2 do presente Artigo, o Comitê 
as transmitirá ao Estado Parte interessado, junto com as observações ou 
sugestões que considerar pertinentes em vista da situação. 
5. Todos os trabalhos do Comitê a que se faz referência nos parágrafos 1 ao 
4 do presente Artigo serão confidenciais e, em todas as etapas dos referidos 
trabalhos, procurar-se-á obter a cooperação do Estado Parte. Quando 
estiverem concluídos os trabalhos relacionados com uma investigação 
realizada de acordo com o parágrafo 2, o Comitê poderá, após celebrar 
consultas com o Estado Parte interessado, tomar a decisão de incluir um 
resumo dos resultados da investigação em seu relatório anual, que 
apresentará em conformidade com o Artigo 24. 
ARTIGO 21 
1. Com base no presente Artigo, todo Estado Parte da presente Convenção 
poderá declarar, a qualquer momento, que reconhece a competência do 
Comitê para receber e examinar as comunicações em que um Estado Parte 
alegue que outro Estado Parte não vem cumprindo as obrigações que lhe 
impõe a Convenção. As referidas comunicações só serão recebidas e 
examinadas nos termos do presente Artigo no caso de serem apresentadas 
por um Estado Parte que houver feito uma declaração em que reconheça, 
com relação a si próprio, a competência do Comitê. O Comitê não receberá 
comunicação alguma relativa a um Estado Parte que não houver feito uma 
declaração dessa natureza. As comunicações recebidas em virtude do 
presente Artigo estarão sujeitas ao procedimento que se segue: 
CS – DIREITOS HUMANOS 2022 80 
 
Disponibilizado exclusivamente para 
 
 
 
 
. 
a) se um Estado Parte considerar que outro Estado Parte não vem cumprindo 
as disposições da presente Convenção poderá, mediante comunicação 
escrita, levar a questão ao conhecimento deste Estado Parte. Dentro de um 
prazo de três meses, a contar da data do recebimento da comunicação, o 
Estado destinatário fornecerá ao Estado que enviou a comunicação 
explicações ou quaisquer outras declarações por escrito que esclareçam a 
questão, as quais deverão fazer referência, até onde seja possível e 
pertinente, aos procedimentos, nacionais e aos recursos jurídicos adotados, 
em trâmite ou disponíveis sobre a questão; 
b) se, dentro de um prazo de seis meses, a contar da data do recebimento da 
comunicação original pelo Estado destinatário, a questão não estiver dirimida 
satisfatoriamente para ambos os Estados Partes interessados, tanto um 
como o outro terão o direito de submetê-lo ao comitê, mediante notificação 
endereçada ao Comitê ou outro Estado interessado; 
c) o comitê tratará de todas as questões que se lhe submetam em virtude do 
presente Artigo somente após ter-se assegurado de que todos os recursos 
jurídicos internos disponíveis tenham sido utilizados e esgotados, em 
consonância com os princípios do Direito internacional geralmente 
reconhecido. Não se aplicará esta regra quando a aplicação dos 
mencionados recursos se prolongar injustificadamente ou quando não for 
provável que a aplicação de tais recursos venham a melhorar realmente a 
situação da pessoa que seja vítima de violação da presente convenção; 
d) o comitê realizará reuniões confidenciais quando estiver examinando as 
comunicações previstas no presente Artigo; 
e) sem prejuízo das disposições da alínea (c), o Comitê colocará seus bons 
ofícios à disposição dos Estados Partes interessados no intuito de se alcançar 
uma solução amistosa para a questão, baseada no respeito às obrigações 
estabelecidas na presente Convenção. Com vistas a atingir esse objetivo, o 
comitê poderá constituir, se julgar conveniente, uma comissão de conciliação 
ad hoc; 
f) em todas as questões que se lhe submetem em virtude do presente Artigo,o Comitê poderá solicitar aos Estados Partes interessados, a que se 
referência na alínea (b), que lhe forneçam quaisquer informação pertinentes; 
g) os estados Partes interessados, a que se faz referência na alínea (b), terão 
o direito de fazer-se representar quando as questões forem examinadas no 
Comitê e de apresentar suas observações verbalmente e/ou por escrito; 
h) o Comitê, dentro dos doze meses seguintes à data de recebimento da 
notificação mencionada na (b), apresentará relatório em que: 
i) se houver sido alcançada uma solução nos termos da alínea (e), o comitê 
restringir-se-á, em seu relatório, a uma breve exposição dos fatos e da 
solução alcançada; 
ii) se não houver sido alcançada solução alguma nos termos alínea (e), o 
comitê restringir-se-á, em seu relatório, a uma breve exposição dos fatos; 
serão anexados ao relatório o texto das observações escritas e as atas das 
observações orais apresentadas pelos Estados Partes interessados. 
Para cada questão, o relatório será encaminhado aos Estados partes 
interessados. 
2. As disposições do presente Artigo entrarão em vigor a partir do momento 
em que cinco Estados Partes da presente convenção houverem feito as 
declarações mencionadas no parágrafo 1 deste Artigo. As referidas 
declarações serão depositadas pelos Estados partes junto ao Secretário 
Geral das Nações Unidas, que enviará cópia das mesmas aos demais 
CS – DIREITOS HUMANOS 2022 81 
 
Disponibilizado exclusivamente para 
 
 
 
 
. 
 
d) Apreciação de comunicações apresentadas contra Estados partes, por particulares (art. 
22). 
 
ARTIGO 22 
1. Todo Estado Parte da presente Convenção poderá, em virtude do presente 
Artigo, declarar, a qualquer momento, que reconhece a competência do 
Comitê para receber e examinar as comunicações enviadas por pessoas sob 
sua jurisdição, ou em nome delas, que aleguem ser vítimas de violação, por 
um Estado Parte, das disposições da Convenção. O Comitê não receberá 
comunicação alguma relativa a um Estado parte que não houver feito 
declaração dessa natureza. 
2. O Comitê considerará inadmissível qualquer comunicação recebida em 
conformidade com o presente Artigo que seja anônima, ou seu juízo, 
constitua abuso de direito de apresentar as referidas comunicações, ou que 
seja incompatível com as disposições da presente Convenção. 
3. Sem prejuízo do disposto no parágrafo 2, o Comitê levará todas as 
comunicações apresentadas em conformidade com este Artigo ao 
conhecimento do Estado Parte da presente Convenção que houver feito uma 
declaração nos termos do parágrafo 1 e sobre o qual ter violado qualquer 
disposição da Convenção. Dentro dos seis meses seguintes, o Estado 
destinatário submeterá ao Comitê as explicações ou declarações por escrito 
que elucidem a questão e, se for o caso, indiquem o recurso jurídico adotado 
pelo Estado em questão. 
4. O Comitê examinará as comunicações recebidas em conformidade com o 
presente Artigo à luz de todas as informações a ele submetidas pela pessoa 
interessada, ou em nome dela, e pelo Estado parte interessado. 
5. O Comitê não examinará comunicação alguma de uma pessoa, nos 
termos do presente Artigo, sem que se haja assegurado de que: 
a) a mesma questão não foi, nem está sendo examinada perante outra 
instância internacional de investigação ou solução; 
b) a pessoa em questão esgotou todos os recursos jurídicos internos 
disponíveis; não se aplicará esta regra quando a aplicação dos mencionados 
recursos se prolongar injustificadamente ou quando não for provável que a 
aplicação de tais recursos venha a melhorar realmente a situação da pessoa 
que seja vítima de violação da presente Convenção. 
6. O Comitê realizará reuniões confidenciais quando estiver examinando as 
comunicações previstas no presente Artigo. 
7. O Comitê comunicará seu parecer ao Estado Parte e à pessoa em 
questão. 
8. As disposições do presente Artigo entrarão em vigor a partir do momento 
em que cinco Estado Partes da presente Convenção houverem feito as 
declarações mencionadas no parágrafo 1 deste Artigo. As referidas 
declarações serão depositadas pelos Estados Partes junto ao Secretário- 
Estados Partes. Toda declaração poderá ser retirada, a qualquer momento, 
mediante notificação endereçada ao Secretário-Geral. Far-se-á essa retirada 
sem prejuízo do exame de quaisquer questões que constituam objeto de uma 
comunicação já transmitida nos termos deste Artigo; em virtude do presente 
Artigo, não se receberá qualquer nova comunicação de um Estado Parte uma 
vez que o Secretário-Geral haja recebido a notificação sobre a retirada da 
declaração, a menos que o Estado parte interessado haja feito uma nova 
declaração 
CS – DIREITOS HUMANOS 2022 82 
 
Disponibilizado exclusivamente para 
 
 
 
 
. 
 
10.3. SUBCOMITÊ PARA PREVENÇÃO DA TORTURA 
 
Foi criado pelo artigo 2.º do Protocolo Facultativo, iniciou suas funções em 2007. É composto 
por dez especialistas independentes, eleitos pelos Estados Partes para mandatos de quatro anos, 
podendo ser reeleitos. 
O Subcomité visita, não apenas prisões e delegacias de polícia, mas qualquer local de onde 
a pessoa não possa sair por sua livre vontade (como instituições de saúde mental e centros de 
acolhimento para jovens, imigrantes ilegais e requerentes de asilo). Durante as visitas, os membros 
do Subcomité examinam as condições de vida nos locais de detenção e reúnem-se em privado com 
qualquer preso, funcionário ou outra pessoa que possa fornecer informação relevante. 
 
 
 
 
11. CONVENÇÃO INTERNACIONAL SOBRE OS DIREITOS DA CRIANÇA 
 
 
A Convenção foi adotada em 1989, pela Assembleia Geral da ONU. Em 1990, o Brasil 
ratificou-a, sem qualquer reserva. 
É composta por um preâmbulo e 54 artigos. 
 
O Preâmbulo lembra os princípios fundamentais das Nações Unidas e as disposições de 
vários tratados de direitos humanos. Reafirma o fato de as crianças, devido à sua vulnerabilidade, 
necessitarem de proteção e de atenção especiais. Destaca, ainda, a necessidade de proteção 
jurídica e não jurídica da criança antes e após o nascimento; a importância do respeito pelos valores 
Geral das Nações Unidas, que enviará cópia das mesmas aos demais 
Estados Partes. Toda declaração poderá ser retirada, a qualquer momento, 
mediante notificação endereçada ao Secretário-Geral. Far-se-á essa retirada 
sem prejuízo do exame de quaisquer questões que constituam objeto de uma 
comunicação já transmitida nos termos deste Artigo; em virtude do presente 
Artigo, não se receberá nova comunicação de uma pessoa, ou em nome dela, 
uma vez que o Secretário-Geral haja recebido a notificação sobre retirada da 
declaração, a menos que o Estado parte interessado haja feito uma nova 
declaração. 
Artigo 2.º 
1. Deverá ser criado um Subcomitê para a Prevenção da Tortura e de Outras 
Penas ou Tratamentos Cruéis, Desumanos ou Degradantes do Comitê contra 
a Tortura (doravante denominado o Subcomitê para a Prevenção), que 
deverá desempenhar as funções previstas no presente Protocolo. 
2 - O Subcomitê para a Prevenção deverá realizar o seu trabalho no quadro 
da Carta das Nações Unidas e orientar-se pelos objetivos e princípios da 
mesma, bem como pelas normas das Nações Unidas relativas ao tratamento 
de pessoas privadas de liberdade. 
3 - O Subcomitê para a Prevenção deverá também orientar-se pelos 
princípios da confidencialidade, imparcialidade, não seletividade, 
universalidade e objetividade. 
4 - O Subcomitê para a Prevenção e os Estados Partes deverão cooperar na 
aplicação do presente Protocolo. 
CS – DIREITOS HUMANOS 2022 83 
 
Disponibilizado exclusivamente para 
 
 
 
 
. 
culturais da comunidade da criança, e o papel vital da cooperação internacional para que os direitos 
da criança sejam uma realidade. 
A criança é definida como todo o ser humano com menos de dezoito anos, exceto se a lei 
nacional confere a maioridade mais cedo. 
 
 
Todas as decisões que digamrespeito à criança devem ter plenamente em conta o seu 
interesse superior. O Estado deve garantir à criança cuidados adequados quando os pais, ou outras 
pessoas responsáveis por ela não tenham capacidade para isso. 
 
 
Todas as crianças têm o direito inerente à vida, e o Estado tem obrigação de assegurar a 
sobrevivência e desenvolvimento da criança. 
 
Artigo 1 
Para efeitos da presente Convenção considera-se como criança todo ser 
humano com menos de dezoito anos de idade, a não ser que, em 
conformidade com a lei aplicável à criança, a maioridade seja alcançada 
antes. 
Todos os direitos aplicam-se a todas as crianças, sem exceção. O Estado 
tem obrigação de proteger a criança contra todas as formas de discriminação 
e de tomar medidas positivas para promover os seus direitos. 
Artigo 2 
1. Os Estados Partes respeitarão os direitos enunciados na presente 
Convenção e assegurarão sua aplicação a cada criança sujeita à sua 
jurisdição, sem distinção alguma, independentemente de raça, cor, sexo, 
idioma, crença, opinião política ou de outra índole, origem nacional, étnica ou 
social, posição econômica, deficiências físicas, nascimento ou qualquer outra 
condição da criança, de seus pais ou de seus representantes legais. 
2. Os Estados Partes tomarão todas as medidas apropriadas para assegurar 
a proteção da criança contra toda forma de discriminação ou castigo por 
causa da condição, das atividades, das opiniões manifestadas ou das 
crenças de seus pais, representantes legais ou familiares. 
Artigo 3 
1. Todas as ações relativas às crianças, levadas a efeito por instituições 
públicas ou privadas de bem-estar social, tribunais, autoridades 
administrativas ou órgãos legislativos, devem considerar, primordialmente, o 
interesse maior da criança. 
2. Os Estados Partes se comprometem a assegurar à criança a proteção e o 
cuidado que sejam necessários para seu bem-estar, levando em 
consideração os direitos e deveres de seus pais, tutores ou outras pessoas 
responsáveis por ela perante a lei e, com essa finalidade, tomarão todas as 
medidas legislativas e administrativas adequadas. 
3. Os Estados Partes se certificarão de que as instituições, os serviços e os 
estabelecimentos encarregados do cuidado ou da proteção das crianças 
cumpram com os padrões estabelecidos pelas autoridades competentes, 
especialmente no que diz respeito à segurança e à saúde das crianças, ao 
número e à competência de seu pessoal e à existência de supervisão 
adequada. 
Artigo 6 
1. Os Estados Partes reconhecem que toda criança tem o direito inerente à 
vida. 
CS – DIREITOS HUMANOS 2022 84 
 
Disponibilizado exclusivamente para 
 
 
 
 
. 
 
A criança tem direito a um nome desde o nascimento, também tem o direito de adquirir uma 
nacionalidade e, na medida do possível, de conhecer os seus pais e de ser criada por eles. 
 
 
A criança tem o direito de exprimir livremente a sua opinião sobre questões que lhe digam 
respeito e de ver essa opinião tomada em consideração, tanto na esfera administrativa quanto 
judicial. 
 
 
Além disso, a Convenção consagra a liberdade de pensamento, consciência e religião; 
liberdade de reunião e de associação. 
 
2. Os Estados Partes assegurarão ao máximo a sobrevivência e o 
desenvolvimento da criança. 
Artigo 7 
1. A criança será registrada imediatamente após seu nascimento e terá 
direito, desde o momento em que nasce, a um nome, a uma nacionalidade e, 
na medida do possível, a conhecer seus pais e a ser cuidada por eles. 
2. Os Estados Partes zelarão pela aplicação desses direitos de acordo com 
sua legislação nacional e com as obrigações que tenham assumido em 
virtude dos instrumentos internacionais pertinentes, sobretudo se, de outro 
modo, a criança se tornaria apátrida. 
Artigo 12 
1. Os Estados Partes assegurarão à criança que estiver capacitada a formular 
seus próprios juízos o direito de expressar suas opiniões livremente sobre 
todos os assuntos relacionados com a criança, levando-se devidamente em 
consideração essas opiniões, em função da idade e maturidade da criança. 
2. Com tal propósito, se proporcionará à criança, em particular, a 
oportunidade de ser ouvida em todo processo judicial ou administrativo que 
afete a mesma, quer diretamente quer por intermédio de um representante 
ou órgão apropriado, em conformidade com as regras processuais da 
legislação nacional. 
Artigo 14 
1. Os Estados Partes respeitarão o direito da criança à liberdade de 
pensamento, de consciência e de crença. 
2. Os Estados Partes respeitarão os direitos e deveres dos pais e, se for o 
caso, dos representantes legais, de orientar a criança com relação ao 
exercício de seus direitos de maneira acorde com a evolução de sua 
capacidade. 
3. A liberdade de professar a própria religião ou as próprias crenças estará 
sujeita, unicamente, às limitações prescritas pela lei e necessárias para 
proteger a segurança, a ordem, a moral, a saúde pública ou os direitos e 
liberdades fundamentais dos demais. 
 
Artigo 15 
1 Os Estados Partes reconhecem os direitos da criança à liberdade de 
associação e à liberdade de realizar reuniões pacíficas. 
2. Não serão impostas restrições ao exercício desses direitos, a não ser as 
estabelecidas em conformidade com a lei e que sejam necessárias numa 
sociedade democrática, no interesse da segurança nacional ou pública, da 
ordem pública, da proteção à saúde e à moral públicas ou da proteção aos 
direitos e liberdades dos demais. 
CS – DIREITOS HUMANOS 2022 85 
 
Disponibilizado exclusivamente para 
 
 
 
 
. 
 
Por fim, a criança suspeita, acusada ou reconhecida como culpada de ter cometido um delito 
tem direito a um tratamento que favoreça a sua dignidade e seu valor pessoal, que leve em conta a 
sua idade e que vise a sua reintegração na sociedade. A criança tem direito a garantias 
fundamentais, bem como a uma assistência jurídica ou outra forma adequada à sua defesa. Os 
procedimentos judiciais e a colocação em instituições devem ser evitados sempre que possível. 
 
Artigo 40 
1. Os Estados Partes reconhecem o direito de toda criança a quem se alegue 
ter infringido as leis penais ou a quem se acuse ou declare culpada de ter 
infringido as leis penais de ser tratada de modo a promover e estimular seu 
sentido de dignidade e de valor e a fortalecer o respeito da criança pelos 
direitos humanos e pelas liberdades fundamentais de terceiros, levando em 
consideração a idade da criança e a importância de se estimular sua 
reintegração e seu desempenho construtivo na sociedade. 
2. Nesse sentido, e de acordo com as disposições pertinentes dos 
instrumentos internacionais, os Estados Partes assegurarão, em particular: 
a) que não se alegue que nenhuma criança tenha infringido as leis penais, 
nem se acuse ou declare culpada nenhuma criança de ter infringido essas 
leis, por atos ou omissões que não eram proibidos pela legislação nacional 
ou pelo direito internacional no momento em que foram cometidos; 
b) que toda criança de quem se alegue ter infringido as leis penais ou a quem 
se acuse de ter infringido essas leis goze, pelo menos, das seguintes 
garantias: 
I) ser considerada inocente enquanto não for comprovada sua culpabilidade 
conforme a lei; 
II) ser informada sem demora e diretamente ou, quando for o caso, por 
intermédio de seus pais ou de seus representantes legais, das acusações 
que pesam contra ela, e dispor de assistência jurídica ou outro tipo de 
assistência apropriada para a preparação e apresentação de sua defesa; 
III) ter a causa decidida sem demora por autoridade ou órgão judicial 
competente, independente e imparcial, em audiência justa conforme a lei, 
com assistência jurídica ou outra assistência e, a não ser que seja 
considerado contrário aos melhores interesses da criança, levando em 
consideração especialmente sua idade ou situação e a de seus pais ou 
representantes legais; 
IV) não ser obrigada a testemunharou a se declarar culpada, e poder 
interrogar ou fazer com que sejam interrogadas as testemunhas de acusação 
bem como poder obter a participação e o interrogatório de testemunhas em 
sua defesa, em igualdade de condições; 
V) se for decidido que infringiu as leis penais, ter essa decisão e qualquer 
medida imposta em decorrência da mesma submetidas a revisão por 
autoridade ou órgão judicial superior competente, independente e imparcial, 
de acordo com a lei; 
VI) contar com a assistência gratuita de um intérprete caso a criança não 
compreenda ou fale o idioma utilizado; 
VII) ter plenamente respeitada sua vida privada durante todas as fases do 
processo. 
3. Os Estados Partes buscarão promover o estabelecimento de leis, 
procedimentos, autoridades e instituições específicas para as crianças de 
quem se alegue ter infringido as leis penais ou que sejam acusadas ou 
declaradas culpadas de tê-las infringido, e em particular: 
CS – DIREITOS HUMANOS 2022 86 
 
Disponibilizado exclusivamente para 
 
 
 
 
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11.1. PROTOCOLO FACULTATIVO À CONVENÇÃO INTERNACIONAL SOBRE OS 
DIREITOS DAS CRIANÇAS, RELATIVO À VENDA DE CRIANÇAS, PROSTITUIÇÃO 
INFANTIL E PORNOGRAFIA INFANTIL 
 
Entrou em vigor em 18.1.2002. 
 
Cuida da proibição de venda de crianças, prostituição e pornografia infantil. 
 
Os Estados-Partes deverão prestar apoio integral às vítimas, inclusive em caso de processo 
criminal. Devem tomar medidas para o confisco de bens de pessoas envolvidas nas práticas objeto 
do Protocolo, bem como do material que dela decorrer, e para o fechamento de locais em que as 
práticas tenham sido cometidas. 
Além disso, devem elaborar legislação sobre o tema e implementar políticas públicas para 
prevenir a ocorrência dos atos previstos no Protocolo. 
Foi ratificado pelo Brasil em 27.1.2004, sem qualquer reserva ou declaração. 
 
Por conta disso, os crimes de pedofilia praticados na internet, quando há divulgação na rede 
(e não troca de e-mails), são de competência da Justiça Federal. 
 
11.2. PROTOCOLO FACULTATIVO À CONVENÇÃO INTERNACIONAL SOBRE OS 
DIREITOS DA CRIANÇA, RELATIVO À PARTICIPAÇÃO DE CRIANÇAS EM 
CONFLITOS ARMADOS 
 
Entrou em vigor em 12.2.2002. 
 
Cuida do envolvimento de crianças em conflitos armados. 
 
Estabeleceu que pessoas, menores de 18 anos, não podem tomar parte em conflitos 
armados nem ser recrutadas compulsoriamente, embora, de acordo com a legislação interna de 
cada País, possam integrar as Forças armadas, de maneira voluntária. 
Foi ratificado pelo Brasil em 27.1.2004, sem qualquer reserva ou declaração. 
 
11.3. COMITÊ SOBRE OS DIREITOS DAS CRIANÇAS 
a) o estabelecimento de uma idade mínima antes da qual se presumirá que a 
criança não tem capacidade para infringir as leis penais; 
b) a adoção sempre que conveniente e desejável, de medidas para tratar 
dessas crianças sem recorrer a procedimentos judiciais, contando que sejam 
respeitados plenamente os direitos humanos e as garantias legais. 
4. Diversas medidas, tais como ordens de guarda, orientação e supervisão, 
aconselhamento, liberdade vigiada, colocação em lares de adoção, 
programas de educação e formação profissional, bem como outras 
alternativas à internação em instituições, deverão estar disponíveis para 
garantir que as crianças sejam tratadas de modo apropriado ao seu bem- 
estar e de forma proporcional às circunstâncias e ao tipo do delito. 
CS – DIREITOS HUMANOS 2022 87 
 
Disponibilizado exclusivamente para 
 
 
 
 
. 
Nos termos do art. 43, 2, é um órgão composto de 18 "peritos de alta autoridade moral e de 
reconhecida competência no domínio abrangido pela presente Convenção". 
Possui como função: 
 
a) Examinar os relatórios dos Estados Partes 
 
O primeiro relatório deve ser enviado após 02 anos da ratificação da Convenção. Os demais 
a cada cinco anos. 
Ao acabar de examinar os relatórios, o Comitê emite suas observações finais que realçam 
os aspectos positivos, os fatores e dificuldades que impedem a aplicação da Convenção e os 
principais motivos de preocupação do Comitê, bem como um conjunto de sugestões e 
recomendações dirigidas ao Estado Parte. 
b) Formulação de comentários gerais 
 
Poderá preparar comentários gerais baseados nos artigos e disposições da Convenção, com 
o intuito de promover a sua melhor aplicação e de auxiliar os Estados Partes no cumprimento das 
suas obrigações. 
c) Organização de debates temáticos 
 
d) Pedidos de estudos 
 
O Comitê pode recomendar à Assembleia Geral que solicite ao Secretário-Geral, a 
elaboração de estudos sobre matérias específicas relativas aos direitos da criança. 
e) Fazer recomendações gerais 
 
O Comité pode fazer recomendações de ordem geral com base nas informações recebidas 
dos relatórios estaduais, da autoria de órgãos das Nações Unidas ou outros organismos 
competentes. 
Até dezembro de 2011, o Comité dos Direitos da Criança era o único dos comitês dos 
tratados de direitos humanos das Nações Unidas que não dispunha de competência para examinar 
queixas de particulares (já foi, inclusive, questão de prova). Em dezembro de 2011, a Assembleia 
Geral da ONU aprovou o terceiro Protocolo Facultativo, que permite a apresentação de queixas por 
particulares que se sintam vítimas de violação de qualquer dos direitos previstos na Convenção ou 
seus Protocolos Facultativos (sobre venda de crianças, prostituição infantil e pornografia infantil e 
sobre a participação de crianças em conflitos armados). 
Entre os direitos, cuja alegada violação poderá dar lugar a queixa, encontram-se os direitos 
da criança à vida, sobrevivência e desenvolvimento, a ser ouvida nos processos judiciais e 
administrativos que lhe digam respeito, à saúde e assistência médica, à educação, à segurança 
social, a um nível de vida suficiente e à proteção contra todas as formas de violência e maus tratos, 
exploração econômica e trabalhos perigosos, consumo ilícito de drogas e todas as formas de 
exploração e violência sexuais. 
As queixas serão dirigidas ao Comitê sobre os Direitos da Criança. Com a entrada em vigor 
do terceiro Protocolo Facultativo, o Comitê fica também dotado de competência para instaurar 
CS – DIREITOS HUMANOS 2022 88 
 
Disponibilizado exclusivamente para 
 
 
 
 
. 
inquéritos em caso de violação grave ou sistemática da Convenção e, para os Estados Partes que 
o reconheçam, de competência para examinar queixas apresentadas por outros Estados Partes. 
O Brasil ratificou em 29 de dezembro de 2017, sem qualquer reserva. 
 
 
12. CONVENÇÃO INTERNACIONAL SOBRE OS DIREITOS DAS PESSOAS COM 
DEFICIÊNCIA 
 
 
A Convenção reafirma os princípios universais (dignidade, integralidade, igualdade e não 
discriminação – art. 3º) em que se baseia, define as obrigações gerais dos Estados Partes, relativas 
à integração das várias dimensões da deficiência nas suas políticas, bem como as obrigações 
específicas relativas à sensibilização da sociedade para a deficiência, ao combate aos estereótipos 
e à valorização das pessoas com deficiência. 
 
 
A Convenção trata dos direitos das pessoas com deficiência de maneira integral, seus 
artigos não distinguem as medidas a serem adotadas conforme sejam das chamadas primeira, 
segunda ou terceira dimensões dos direitos humanos, mas estabelecem aquelas que devem ser 
adotadas imediatamente e outras que vão do simples reconhecimento da situação à elaboração de 
programas voltados à superação de preconceitos e à integração de tais pessoas. 
No art. 1º, encontra-se a definição de pessoa com deficiência e o propósito da Convenção. 
 
 
Pessoas com deficiência são aquelas que têm impedimentos de longo prazo de natureza 
física, mental, intelectual ou sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras, podem 
obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdades de condições com as demais 
pessoas. 
O art. 4º traz um rol de obrigações assumidas pelos Estados, ao ratificar a Convenção. 
 
 Artigo4 
Art. 3º - Os princípios da presente Convenção são: 
a) O respeito pela dignidade inerente, a autonomia individual, inclusive a 
liberdade de fazer as próprias escolhas, e a independência das pessoas; 
b) A não-discriminação; 
c) A plena e efetiva participação e inclusão na sociedade; 
d) O respeito pela diferença e pela aceitação das pessoas com deficiência 
como parte da diversidade humana e da humanidade; 
e) A igualdade de oportunidades; 
f) A acessibilidade; 
g) A igualdade entre o homem e a mulher; 
h) O respeito pelo desenvolvimento das capacidades das crianças com 
deficiência e pelo direito das crianças com deficiência de preservar sua 
identidade. 
Art. 1º O propósito da presente Convenção é promover, proteger e assegurar 
o exercício pleno e equitativo de todos os direitos humanos e liberdades 
fundamentais por todas as pessoas com deficiência e promover o respeito 
pela sua dignidade inerente. 
CS – DIREITOS HUMANOS 2022 89 
 
Disponibilizado exclusivamente para 
 
 
 
 
. 
1. Os Estados Partes se comprometem a assegurar e promover o pleno 
exercício de todos os direitos humanos e liberdades fundamentais por todas 
as pessoas com deficiência, sem qualquer tipo de discriminação por causa 
de sua deficiência. Para tanto, os Estados Partes se comprometem a: 
a) Adotar todas as medidas legislativas, administrativas e de qualquer outra 
natureza, necessárias para a realização dos direitos reconhecidos na 
presente Convenção; 
b) Adotar todas as medidas necessárias, inclusive legislativas, para modificar 
ou revogar leis, regulamentos, costumes e práticas vigentes, que constituírem 
discriminação contra pessoas com deficiência; 
c) Levar em conta, em todos os programas e políticas, a proteção e a 
promoção dos direitos humanos das pessoas com deficiência; 
d) Abster-se de participar em qualquer ato ou prática incompatível com a 
presente Convenção e assegurar que as autoridades públicas e instituições 
atuem em conformidade com a presente Convenção; 
e) Tomar todas as medidas apropriadas para eliminar a discriminação 
baseada em deficiência, por parte de qualquer pessoa, organização ou 
empresa privada; 
f) Realizar ou promover a pesquisa e o desenvolvimento de produtos, 
serviços, equipamentos e instalações com desenho universal, conforme 
definidos no Artigo 2 da presente Convenção, que exijam o mínimo possível 
de adaptação e cujo custo seja o mínimo possível, destinados a atender às 
necessidades específicas de pessoas com deficiência, a promover sua 
disponibilidade e seu uso e a promover o desenho universal quando da 
elaboração de normas e diretrizes; 
g) Realizar ou promover a pesquisa e o desenvolvimento, bem como a 
disponibilidade e o emprego de novas tecnologias, inclusive as tecnologias 
da informação e comunicação, ajudas técnicas para locomoção, dispositivos 
e tecnologias assistivas, adequados a pessoas com deficiência, dando 
prioridade a tecnologias de custo acessível; 
h) Propiciar informação acessível para as pessoas com deficiência a respeito 
de ajudas técnicas para locomoção, dispositivos e tecnologias assistivas, 
incluindo novas tecnologias bem como outras formas de assistência, serviços 
de apoio e instalações; 
i) Promover a capacitação em relação aos direitos reconhecidos pela 
presente Convenção dos profissionais e equipes que trabalham com pessoas 
com deficiência, de forma a melhorar a prestação de assistência e serviços 
garantidos por esses direitos. 
2. Em relação aos direitos econômicos, sociais e culturais, cada Estado Parte 
se compromete a tomar medidas, tanto quanto permitirem os recursos 
disponíveis e, quando necessário, no âmbito da cooperação internacional, a 
fim de assegurar progressivamente o pleno exercício desses direitos, sem 
prejuízo das obrigações contidas na presente Convenção que forem 
imediatamente aplicáveis de acordo com o direito internacional. 
3. Na elaboração e implementação de legislação e políticas para aplicar a 
presente Convenção e em outros processos de tomada de decisão relativos 
às pessoas com deficiência, os Estados Partes realizarão consultas estreitas 
e envolverão ativamente pessoas com deficiência, inclusive crianças com 
deficiência, por intermédio de suas organizações representativas. 
4. Nenhum dispositivo da presente Convenção afetará quaisquer disposições 
mais propícias à realização dos direitos das pessoas com deficiência, as 
quais possam estar contidas na legislação do Estado Parte ou no direito 
CS – DIREITOS HUMANOS 2022 90 
 
Disponibilizado exclusivamente para 
 
 
 
 
. 
 
Há, ainda, uma proteção especial às mulheres e às crianças com deficiência. 
Trata, igualmente, da participação na vida política dos Estados partes. 
 
 
Não são admitidas reservas à Convenção (art. 46). 
 
 
O Brasil ratificou a Convenção em 2008, incorporando-a ao ordenamento interno nos ternos 
do art. 5º, §3º da CF. Portanto, possui natureza de emenda constitucional. 
Art. 29 - Os Estados Partes garantirão às pessoas com deficiência direitos 
políticos e oportunidade de exercê-los em condições de igualdade com as 
demais pessoas, e deverão: 
a) Assegurar que as pessoas com deficiência possam participar efetiva e 
plenamente na vida política e pública, em igualdade de oportunidades com 
as demais pessoas, diretamente ou por meio de representantes livremente 
escolhidos, incluindo o direito e a oportunidade de votarem e serem votadas, 
mediante, entre outros: 
i) Garantia de que os procedimentos, instalações e materiais e equipamentos 
para votação serão apropriados, acessíveis e de fácil compreensão e uso; 
ii) Proteção do direito das pessoas com deficiência ao voto secreto em 
eleições e plebiscitos, sem intimidação, e a candidatar-se nas eleições, 
efetivamente ocupar cargos eletivos e desempenhar quaisquer funções 
públicas em todos os níveis de governo, usando novas tecnologias assistivas, 
quando apropriado; 
iii) Garantia da livre expressão de vontade das pessoas com deficiência como 
eleitores e, para tanto, sempre que necessário e a seu pedido, permissão 
para que elas sejam auxiliadas na votação por uma pessoa de sua escolha; 
b) Promover ativamente um ambiente em que as pessoas com deficiência 
possam participar efetiva e plenamente na condução das questões públicas, 
sem discriminação e em igualdade de oportunidades com as demais pessoas, 
e encorajar sua participação nas questões públicas, mediante: 
i) Participação em organizações não-governamentais relacionadas com a 
vida pública e política do país, bem como em atividades e administração de 
partidos políticos; 
ii) Formação de organizações para representar pessoas com deficiência em 
níveis internacional, regional, nacional e local, bem como a filiação de 
pessoas com deficiência a tais organizações. 
internacional em vigor para esse Estado. Não haverá nenhuma restrição ou 
derrogação de qualquer dos direitos humanos e liberdades fundamentais 
reconhecidos ou vigentes em qualquer Estado Parte da presente Convenção, 
em conformidade com leis, convenções, regulamentos ou costumes, sob a 
alegação de que a presente Convenção não reconhece tais direitos e 
liberdades ou que os reconhece em menor grau. 
5. As disposições da presente Convenção se aplicam, sem limitação ou 
exceção, a todas as unidades constitutivas dos Estados federativos. 
Artigo 46 
1. Não serão permitidas reservas incompatíveis com o objeto e o propósito 
da presente Convenção. 
2. As reservas poderão ser retiradas a qualquer momento. 
CS – DIREITOS HUMANOS 2022 91 
 
Disponibilizado exclusivamente para 
 
 
 
 
. 
Em 2018, o Brasil aprovou e promulgou o Tratado de Marraqueche, nos termos do art. 5º, 
§3º, da CF, que havia sido assinado em 2013. Possui como objetivo permitir que pessoas cegas, 
pessoas com deficiência visual e pessoas com outras dificuldades para ter acesso ao texto impresso 
possam ter acesso às obras publicadas (livros, apostilas etc.).Observe o quadro elaborado pelo Professor Márcio Cavalcante: 
 
TRATADOS INTERNACIONAIS EQUIVALENTES A EMENDA CONSTITUCIONAL 
CONVENÇÃO DE NOVA YORK 
(E SEU PROTOCOLO FACULTATIVO) 
TRATADO DE MARRAQUECHE 
 
Convenção Internacional sobre 
os Direitos das Pessoas com 
Deficiência e seu Protocolo Facultativo. 
Tratado firmado com o objetivo 
de facilitar o acesso a obras publicadas 
às pessoas cegas, com deficiência visual 
ou com outras dificuldades para ter 
acesso ao texto impresso. 
Assinados em Nova York, em 30 de 
março de 2007. 
Assinado em Marraqueche, em 27 de 
junho de 2013. 
Aprovado pelo Congresso Nacional por 
meio do Decreto legislativo nº 186/2008 
Aprovado pelo Congresso Nacional por 
meio do Decreto Legislativo nº 261/2015. 
Promulgado pelo Presidente da 
República por meio do Decreto nº 
6.949/2009. 
Promulgado pelo Presidente da 
República por meio do Decreto nº 
9.522/2018. 
 
 
12.1. PROTOCOLO FACULTATIVO À CONVENÇÃO SOBRE OS DIREITOS DA PESSOA 
COM DEFICIÊNCIA 
 
Criou um sistema de denúncias pessoais de violação das disposições da Convenção, 
dirigidas ao Comitê sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência. 
As denúncias, como nos demais casos, não poderão ser anônimas, não sendo ainda 
recebidas se houver litispendência internacional, não tiverem esgotados os remédios jurídicos 
internos, forem manifestadamente contrárias aos objetivos da Convenção, forem mal 
fundamentadas ou estiverem desprovidas de substância ou referirem-se a fatos anteriores à entrada 
em vigor do protocolo, salvo se persistirem desde então. 
Foi ratificado pelo Brasil em 2008, sem qualquer reserva ou declaração. Incorporado ao 
ordenamento interno nos ternos do art. 5º, §3º da CF. 
 
12.2. COMITÊ DOS DIREITOS DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIAS 
 
Foi instituído pela Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência (artigo 34.º) a 
fim de controlar a aplicação, pelos respectivos Estados Partes, das disposições da Convenção. 
O Comitê é formado por 18 especialistas independentes, eleitos pelos Estados Partes na 
Convenção. 
Possui como funções (vale o que já foi dito acima): 
CS – DIREITOS HUMANOS 2022 92 
 
Disponibilizado exclusivamente para 
 
 
 
 
. 
a) Examinar relatórios elaborados pelos Estados Partes (art. 35); 
 
. 
b) Organizar debates temáticos 
 
c) Adotar comentários gerais relacionados aos temas da Convenção 
 
d) Examinar comunicações de particulares 
 
e) Instaurar inquéritos em caso de suspeitas de violações graves ou sistemáticas da 
Convenção 
 
 
13. CONVENÇÃO PARA A PREVENÇÃO E PUNIÇÃO AO CRIME DE GENOCÍDIO 
 
 
É o primeiro tratado internacional específico do sistema das Nações Unidas, adotado um dia 
antes da própria Declaração Universal dos Direitos Humanos. 
O genocídio é reconhecido como crime internacional pelos Estados-Partes, havidos quer em 
tempo de paz, quem em de guerra, envolvendo, a conspiração para a prática de genocídio; o 
incitamento público e direito a tanto; a tentativa e a cumplicidade em praticá-lo. 
Para os Estados-Partes surge a obrigação de criar uma legislação interna e garantir a 
extradição dos criminosos, sendo que o genocídio não deve ser considerado crime político para fins 
de extradição, de modo a impedi-la. 
Segundo o art. 6º da Convenção, “as pessoas acusadas de genocídio serão julgadas pelos 
tribunais competentes do Estado em cujo território foi o ato cometido ou pela corte penal 
internacional competente com relação às Partes Contratantes que lhe tiverem reconhecido a 
jurisdição”. Todos esses eventos convergiram esforços internacionais para a criação de um 
organismo intergovernamental permanente, o Tribunal Penal Internacional (TPI), competente para 
examinar quatro tipos de ilícitos, desde que sejam de maior gravidade e que afetem a comunidade 
internacional em seu conjunto: crimes de guerra, crimes contra a humanidade, crimes de agressão 
e genocídio. 
Artigo 35 
1. Cada Estado Parte, por intermédio do Secretário-Geral das Nações 
Unidas, submeterá relatório abrangente sobre as medidas adotadas em 
cumprimento de suas obrigações estabelecidas pela presente Convenção e 
sobre o progresso alcançado nesse aspecto, dentro do período de dois anos 
após a entrada em vigor da presente Convenção para o Estado Parte 
concernente. 
2. Depois disso, os Estados Partes submeterão relatórios subsequentes, ao 
menos a cada quatro anos, ou quando o Comitê o solicitar. 
3. O Comitê determinará as diretrizes aplicáveis ao teor dos relatórios. 
4. Um Estado Parte que tiver submetido ao Comitê um relatório inicial 
abrangente não precisará, em relatórios subsequentes, repetir informações 
já apresentadas. Ao elaborar os relatórios ao Comitê, os Estados Partes são 
instados a fazê-lo de maneira franca e transparente e a levar em 
consideração o disposto no Artigo 4.3 da presente Convenção. 
5. Os relatórios poderão apontar os fatores e as dificuldades que tiverem 
afetado o cumprimento das obrigações decorrentes da presente Convenção 
CS – DIREITOS HUMANOS 2022 93 
 
Disponibilizado exclusivamente para 
 
 
 
 
. 
Foi ratificado pelo Brasil em 1952, sem qualquer reserva. 
 
 
14. CONVENÇÃO INTERNACIONAL PARA A PROTEÇÃO DE TODAS AS PESSOAS 
CONTRA OS DESAPARECIMENTOS FORÇADOS 
 
 
A definição de desaparecimento forçado encontra-se no art. 2º da Convenção: 
 
 
A Convenção, em seu art. 1º, 2 consagra o direito absoluto de não ser vítima de 
desaparecimento forçado. 
 
 
Apesar de estar previsto um mandado internacional de criminalização, no art. 4º da 
Convenção, o Brasil ainda tipificou o crime de desaparecimento forçado. 
 
 
Nos termos do art. 5º da Convenção, os Estados que praticarem sistematicamente a prática 
de desaparecimento forçado cometem crime contra a humanidade, de acordo com o direito penal 
internacional aplicável – Estatuto de Roma. Deverão ser responsabilizados. 
 
 
De acordo com o art. 24, são consideradas vítimas tanto as pessoas desaparecidas, quanto 
as pessoas atingidas indiretamente pelo ato, como familiares. Além disso, este artigo traz as 
responsabilidades do Estado perante as vítimas. 
 
Artigo 2º Para os efeitos desta Convenção, entende-se por “desaparecimento 
forçado” a prisão, a detenção, o sequestro ou qualquer outra forma de 
privação de liberdade que seja perpetrada por agentes do Estado ou por 
pessoas ou grupos de pessoas agindo com a autorização, apoio ou 
aquiescência do Estado, e a subsequente recusa em admitir a privação de 
liberdade ou a ocultação do destino ou do paradeiro da pessoa desaparecida, 
privando-a assim da proteção da lei. 
Artigo 1 
1. Nenhuma pessoa será submetida a desaparecimento forçado. 
2. Nenhuma circunstância excepcional, seja estado de guerra ou ameaça de 
guerra, instabilidade política interna ou qualquer outra emergência pública, 
poderá ser invocada como justificativa para o desaparecimento forçado. 
Artigo 4 - Cada Estado Parte tomará as medidas necessárias para assegurar 
que o desaparecimento forçado constitua crime em conformidade com o seu 
direito penal. 
Artigo 5º - A prática generalizada ou sistemática de desaparecimento forçado 
constitui crime contra a humanidade, tal como define o direito internacional 
aplicável, e estará sujeito às consequências previstas no direito internacional 
aplicável. 
Artigo 24 
1. Para os fins da presente Convenção, o termo “vítima” se refere à pessoa 
desaparecida e a todo indivíduo que tiver sofrido dano como resultado direto 
de um desaparecimento forçado. 
2. A vítima tem o direito de saber a verdade sobre as circunstâncias do 
desaparecimento forçado, o andamento e os resultados da investigação e o 
CS – DIREITOS HUMANOS 2022 94 
 
Disponibilizado exclusivamente para 
 
 
 
 
. 
 
Em nenhuma hipótese, nem mesmo quanto se tratar de circunstâncias excepcionais, será 
admita a prática do desaparecimento forçado (art. 1º). 
 
 
Entrou em vigor em 23 de dezembro de 2010. O Brasil ratificou em 29 denovembro de 2010, 
sem qualquer reserva, sendo promulgada pelo Decreto 8.767/2016. 
 
 
14.1. COMITÊ CONTRA DESAPARECIMENTOS FORÇADOS 
 
A terceira parte da Convenção trata do Comitê, o qual será formado por 10 especialistas 
independentes. 
Suas funções são: 
 
a) Receber relatórios periódicos dos Estados-Parte sobre medidas tomadas para cumprir 
suas obrigações, além de fazer comentários, observações e recomendações (art. 29). 
destino da pessoa desaparecida. O Estado Parte tomará medidas 
apropriadas a esse respeito. 
3. Cada Estado Parte tomará todas as medidas cabíveis para procurar, 
localizar e libertar pessoas desaparecidas e, no caso de morte, localizar, 
respeitar e devolver seus restos mortais. 
4. Cada Estado Parte assegurará que sua legislação garanta às vítimas de 
desaparecimento forçado o direito de obter reparação e indenização rápida, 
justa e adequada. 
5. O direito a obter reparação, a que se refere o parágrafo 4º deste artigo, 
abrange danos materiais e morais e, se couber, outras formas de reparação, 
tais como: 
a) Restituição; 
b) Reabilitação; 
c) Satisfação, inclusive o restabelecimento da dignidade e da reputação; e 
d) Garantias de não repetição. 
6. Sem prejuízo da obrigação de prosseguir a investigação até que o destino 
da pessoa desaparecida seja estabelecido, cada Estado Parte adotará as 
providências cabíveis em relação à situação jurídica das pessoas 
desaparecidas cujo destino não tiver sido esclarecido, bem como à situação 
de seus familiares, no que respeita à proteção social, a questões financeiras, 
ao direito de família e aos direitos de propriedade. 
7. Cada Estado Parte garantirá o direito de fundar e participar livremente de 
organizações e associações que tenham por objeto estabelecer as 
circunstâncias de desaparecimentos forçados e o destino das pessoas 
desaparecidas, bem como assistir as vítimas de desaparecimentos forçados. 
Artigo 1º 
1. Nenhuma pessoa será submetida a desaparecimento forçado. 
2. Nenhuma circunstância excepcional, seja estado de guerra ou ameaça de 
guerra, instabilidade política interna ou qualquer outra emergência pública, 
poderá ser invocada como justificativa para o desaparecimento forçado. 
Obs.; De acordo com a doutrina e com a jurisprudência internacional de direitos humanos, o crime 
de desaparecimento forçado atinge três níveis: vítima propriamente dita (1º nível), familiares da 
vítima (2º nível) e direito da sociedade de conhecer a verdade sobre os fatos (3º nível). 
CS – DIREITOS HUMANOS 2022 95 
 
Disponibilizado exclusivamente para 
 
 
 
 
. 
 
b) Receber e atender aos pedidos em casos individuais de desaparecimento forçado, e 
comunicar suas observações e recomendações ao Estado para localizar e proteger a pessoa 
desaparecida (art. 31 e 32). 
 
Artigo 29 
1. Cada Estado Parte submeterá ao Comitê, por intermédio do Secretário- 
Geral das Nações Unidas, um relatório sobre as medidas tomadas em 
cumprimento das obrigações assumidas ao amparo da presente Convenção, 
dentro de dois anos contados a partir da data de entrada em vigor da presente 
Convenção para o Estado Parte interessado. 
2. O Secretário-Geral das Nações Unidas disponibilizará o referido relatório a 
todos os Estados Partes. 
3. O relatório será examinado pelo Comitê, que emitirá os comentários, 
observações e recomendações que julgar apropriados. Esses comentários, 
observações e recomendações serão comunicados ao Estado Parte 
interessado, que poderá responder de iniciativa própria ou por solicitação do 
Comitê. 
4. O Comitê poderá também solicitar informações adicionais aos Estados 
Partes a respeito da implementação da presente Convenção. 
Artigo 31 
1. Um Estado Parte poderá declarar, quando da ratificação da presente 
Convenção ou em qualquer momento posterior, que reconhece a 
competência do Comitê para receber e considerar comunicações 
apresentadas por indivíduos ou em nome de indivíduos sujeitos à sua 
jurisdição, que alegam serem vítimas de violação pelo Estado Parte de 
disposições da presente Convenção. O Comitê não aceitará comunicações a 
respeito de um Estado Parte que não tiver feito tal declaração. 
2. O Comitê considerará uma comunicação inadmissível quando: 
a) For anônima; 
b) Constituir abuso do direito de apresentar essas comunicações ou for 
inconsistente com as disposições da presente Convenção; 
c) A mesma questão estiver sendo examinada em outra instância 
internacional de exame ou de solução de mesma natureza; ou 
d) Todos os recursos efetivos disponíveis internamente não tiverem sido 
esgotados. Essa regra não se aplicará se os procedimentos de recurso 
excederem prazos razoáveis. 
3. Se julgar que a comunicação satisfaz os requisitos estipulados no 
parágrafo 2º deste artigo, o Comitê transmitirá a comunicação ao Estado 
Parte interessado, solicitando-lhe que envie suas observações e comentários 
dentro de um prazo fixado pelo Comitê. 
4. A qualquer momento, depois de receber uma comunicação e antes de 
chegar a uma conclusão sobre seu mérito, o Comitê poderá dirigir ao Estado 
Parte interessado um pedido urgente para que tome as medidas cautelares 
necessárias para evitar eventuais danos irreparáveis às vítimas da violação 
alegada. O exercício dessa faculdade pelo Comitê não implica conclusão 
sobre a admissibilidade ou o mérito da comunicação. 
5. O Comitê examinará em sessões fechadas as comunicações previstas 
nesse artigo. O Comitê informará o autor da comunicação das respostas 
apresentadas pelo Estado Parte em consideração. Quando decidir concluir o 
procedimento, o Comitê comunicará seu parecer ao Estado Parte e ao autor 
da comunicação. 
CS – DIREITOS HUMANOS 2022 96 
 
Disponibilizado exclusivamente para 
 
 
 
 
. 
 
Obs.: Brasil, ainda, não reconheceu a competência do Comitê para isso. 
 
c) Receber e analisar os pedidos apresentados por um Estado-Parte relativos à violação de 
outro Estado das suas obrigações segundo a Convenção (art. 31 e 32). 
Obs.: Brasil, ainda, não reconheceu a competência do Comitê para isso. 
 
d) Visitar os Estados, seja a pedido dos mesmos, ou com base em informação fidedigna 
indicando graves violações da Convenção em seu território, e, logo após, apresentar suas 
observações e recomendações (art. 33). 
 
 
e) Por fim, caso o Comitê receba informações de uma prática sistemática de 
desaparecimento forçado, ele poderá apresentar o caso com urgência perante a Assembleia Geral 
das Nações Unidas (art. 34). 
 
 
 
15. CONVENÇÃO PARA A PROTEÇÃO DOS DIREITOS DE TODOS OS TRABALHADORES 
MIGRANTES E MEMBROS DAS SUAS FAMÍLIAS 
 
 
Foi aprovada pela Assembleia Geral da ONU em 1990, entrou em vigor em 2003. 
 
De acordo com a Convenção, migrantes regularizados pelo acordo gozam dos mesmos 
direitos e estão sujeitos às mesmas obrigações de natureza laboral em vigor para os trabalhadores 
nacionais do Estado receptor e da mesma proteção no que se refere à aplicação das leis relativas 
à higiene e à segurança do trabalho. 
 
Artigo 32 
Um Estado Parte da presente Convenção poderá a qualquer momento 
declarar que reconhece a competência do Comitê para receber e considerar 
comunicações em que um Estado Parte alega que outro Estado Parte não 
cumpre as obrigações decorrentes da presente Convenção. O Comitê não 
receberá comunicações relativas a um Estado Parte que não tenha feito tal 
declaração, nem tampouco comunicações apresentadas por um Estado Parte 
que não tenha feito tal declaração. 
Artigo 33 
1. Caso receba informação confiável de que um Estado Parte está incorrendo 
em grave violação do disposto na presente Convenção, o Comitê poderá, 
após consulta com o Estado Parte em questão, encarregar um ou vários de 
seus membros a empreender uma visita a esse Estado e a informá-lo a 
respeito o mais prontamente possível. 
Artigo 34 
Caso receba informação que pareça conter indicações bem fundamentadas 
de que desaparecimentos forçados estão sendo praticadosde forma 
generalizada ou sistemática em território sob a jurisdição de um Estado Parte, 
o Comitê poderá, após solicitar ao Estado Parte todas as informações 
relevantes sobre a situação, levar urgentemente o assunto à atenção da 
Assembleia Geral das Nações Unidas, por intermédio do Secretário-Geral 
das Nações Unidas. 
CS – DIREITOS HUMANOS 2022 97 
 
Disponibilizado exclusivamente para 
 
 
 
 
. 
De todos os tratados do Sistema Global, é o que menos possui adesão. 
O Brasil não assinou a Convenção. 
15.1. COMITÊ 
 
Possui competência para: 
 
a) Examinar relatórios apresentados pelos Estados Partes sobre as medidas adotadas para 
dar cumprimento às obrigações impostas pela Convenção; 
b) Organizar debates e adotar comentários gerais sobre matérias relacionadas à 
Convenção. 
c) Apreciar comunicações apresentadas por outros Estados e por particulares (mas não está 
em vigor, por não se ter atingido o número mínimo de aceitações – dez). 
CS – DIREITOS HUMANOS 2022 98 
 
Disponibilizado exclusivamente para 
 
 
 
 
. 
SISTEMA INTERAMERICANO DE PROTEÇÃO DOS DIREITOS 
HUMANOS 
 
 
1. EVOLUÇÃO HISTÓRICA 
 
 
Conforme leciona Caio Paiva, “a história do sistema interamericano se desenvolve, no início, 
de forma paralela ao princípio da solidariedade panamericana, remontando ao Congresso do 
Panamá, realizado em 1826, que, por sua vez, teve raízes na Carta da Jamaica (1815), que 
apresentava a ideia original de Simón Bolívar, e na Doutrina Monroe, anunciada pelo então 
presidente dos Estados Unidos, James Monroe, em 1823. Tanto Bolívar quanto Monroe, cada um 
a seu modo, o primeiro pelo sul, e o segundo pelo norte, lutaram pela independência dos Estados 
americanos contra a ameaça de recolonização por parte de potências europeias, em especial as 
que integravam a Santa Aliança, uma coligação das monarquias do Império Russo, do Império 
Austríaco e do Reino da Prússia” 
A seguir analisar-se-á as cinco etapas da evolução histórica do Sistema Interamericano. 
 
1.1. 1ª ETAPA: ANTECEDENTES DA CRIAÇÃO 
 
Inicia-se em 1826 e vai até 1948, divide-se em três fases, são elas: 
 
1ª FASE - Congresso do Panamá, em 1826. Trata-se do primeiro de uma série de encontros 
regionais em que se discutiu formas de cooperação entre os Estados americanos, ocasião em que 
se aprovou o Tratado de União Perpétua, Liga e Confederação, que uniu a Grande Colômbia 
(Colômbia, Equador, Panamá e Venezuela), México, América Central e Peru. 
Os principais pontos do Tratado foram: 
 
o Criação de uma confederação dos Estados americanos para a consolidação da paz e 
da defesa solidária dos direitos desses países; 
 
o Defesa da independência política e integridade territorial dos Estados americanos; 
o Princípio da democracia representativa como condição sine qua non para pertencer 
à União; 
 
o Codificação do direito internacional, o princípio da cidadania continental que 
estabelecia a igualdade jurídica entre os nacionais e os estrangeiros de um Estado; 
e 
o Compromisso das altas partes contratantes de cooperarem na abolição da 
escravatura. 
 
Caio Paiva destaca que, embora o tratado não tenha entrado em vigor (foi ratificado somente 
pela Grande Colômbia), é apontado como o grande antecedente do sistema interamericano de 
proteção dos direitos humanos. 
CS – DIREITOS HUMANOS 2022 99 
 
Disponibilizado exclusivamente para 
 
 
 
 
. 
2ª FASE - caracterizada por um ciclo de conferências internacionais americanas realizadas 
a cada quatro anos (até 1938), em diferentes capitais do continente. De forma gradual, as 
conferências foram construindo o que viria a ser o sistema interamericano de proteção dos direitos 
humanos. 
Em virtude da Segunda Guerra Mundial (de 1939 a 1945), os Estados americanos reuniram- 
se em seis ocasiões durante o período de 1936 a 1947 para examinar problemas sobre guerra, paz 
e segurança. 
3ª FASE – inicia-se com a Conferência Interamericana de Chapultepec, realizada após a 
Segunda GM (1945), no México, para discutir os “Problemas da Guerra e da Paz”, em que se 
aprovou diversas resoluções, algumas sobre proteção internacional dos direitos humanos, como a 
que tratava da reorganização, consolidação e fortalecimento do sistema interamericano, 
fornecendo, portanto, as bases concretas para que fosse criada uma organização de Estados 
americanos. 
 
1.2. 2ª ETAPA: INAUGURAÇÃO E FORMAÇÃO DO SISTEMA 
 
Período compreendido entre 1948 e 1959. 
 
Em 1948, na 9ª Conferência Internacional Americana, realizada em Bogotá, é inaugurado o 
sistema interamericano de proteção dos direitos humanos propriamente dito, com a aprovação de 
diversos documentos, mas principalmente da Carta da Organização dos Estados Americanos (Carta 
da OEA) e da Declaração Americana dos Direitos e Deveres do Homem (DADDH). 
A Carta da OEA foi editada em 1948, sofreu reformas em 1967, 1985, 1994 e 1995. Traz, 
em seu art. 2º, os objetivos da OEA. 
 
 
Ao longo de seus artigos, incluindo o preâmbulo, é possível observar diversas menções 
genéricas aos direitos humanos fundamentais. 
Artigo 2º 
Para realizar os princípios em que se baseia e para cumprir com suas 
obrigações regionais, de acordo com a Carta das Nações Unidas, a 
Organização dos Estados Americanos estabelece como propósitos 
essenciais os seguintes: 
a) Garantir a paz e a segurança continentais; 
b) Promover e consolidar a democracia representativa, respeitado o princípio 
da não-intervenção; 
c) Prevenir as possíveis causas de dificuldades e assegurar a solução 
pacífica das controvérsias que surjam entre seus membros; 
d) Organizar a ação solidária destes em caso de agressão; 
e) Procurar a solução dos problemas políticos, jurídicos e econômicos que 
surgirem entre os Estados membros; 
f) Promover, por meio da ação cooperativa, seu desenvolvimento econômico, 
social e cultural; 
g) Erradicar a pobreza crítica, que constitui um obstáculo ao pleno 
desenvolvimento democrático dos povos do Hemisfério; e 
h) Alcançar uma efetiva limitação de armamentos convencionais que permita 
dedicar a maior soma de recursos ao desenvolvimento econômico-social dos 
Estados membros. 
CS – DIREITOS HUMANOS 2022 100 
 
Disponibilizado exclusivamente para 
 
 
 
 
. 
 
Igualmente, a Carta trata de direitos sociais, tais como: direito ao bem-estar material, o direito 
ao trabalho, direito à livre-associação, direito à greve e à negociação coletiva, direito à previdência 
social e à assistência jurídica para fazer valer seus direitos, direito à educação. 
A Declaração Americana dos Direitos e Deveres do Homem foi adota em 1948, na mesma 
Conferência em que se editou a Carta da OEA. É anterior à Declaração Universal de Direitos 
Humanos. É formada por um preâmbulo, consagra os objetivos e deveres, e por 38 artigos, os quais 
tratam de direitos e deveres. 
 
Preâmbulo - Certos de que o verdadeiro sentido da solidariedade americana 
e da boa vizinhança não pode ser outro senão o de consolidar neste 
Continente, dentro do quadro das instituições democráticas, um regime de 
liberdade individual e de justiça social, fundado no respeito dos direitos 
essenciais do Homem; 
 
Artigo 3º – Os Estados americanos reafirmam os seguintes princípios: 
l) Os Estados americanos proclamam os direitos fundamentais da pessoa 
humana, sem fazer distinção de raça, nacionalidade, credo ou sexo. 
 
Artigo 17 Cada Estado tem o direito de desenvolver, livre e 
espontaneamente, a sua vida cultural, política e econômica. No seu livre 
desenvolvimento, o Estado respeitará os direitos da pessoa humana e os 
princípios da moral universal. 
 
Artigo 33 O desenvolvimento é responsabilidade primordial de cada país e 
deve constituir um processo integral e continuado para a criação de uma 
ordem econômica e social justa que permita a plena realização da pessoa 
humana e para isso contribua. 
 
Artigo 45 Os Estados membros, convencidos de que o Homem somente 
pode alcançar a plena realizaçãode suas aspirações dentro de uma ordem 
social justa, acompanhada de desenvolvimento econômico e de verdadeira 
paz, convêm em envidar os seus maiores esforços na aplicação dos 
seguintes princípios e mecanismos. 
Preâmbulo 
Todos os homens nascem livres e iguais em dignidade e direitos e, como são 
dotados pela natureza de razão e consciência, devem proceder 
fraternalmente uns para com os outros. 
O cumprimento do dever de cada um é exigência do direito de todos. Direitos 
e deveres integram-se correlativamente em toda a atividade social e política 
do homem. Se os direitos exaltam a liberdade individual, os deveres 
exprimem a dignidade dessa liberdade. 
Os deveres de ordem jurídica dependem da existência anterior de outros de 
ordem moral, que apoiam os primeiros conceitualmente e os fundamentam. 
É dever do homem servir o espírito com todas as suas faculdades e todos os 
seus recursos, porque o espírito é a finalidade suprema da existência humana 
e a sua máxima categoria. 
É dever do homem exercer, manter e estimular a cultura por todos os meios 
ao seu alcance, porque a cultura é a mais elevada expressão social e histórica 
do espírito. 
CS – DIREITOS HUMANOS 2022 101 
 
Disponibilizado exclusivamente para 
 
 
 
 
. 
 E, visto que a moral e as boas maneiras constituem a mais nobre 
 manifestação da cultura, é dever de todo homem acatar-lhes os princípios. 
 
Trata tanto de direitos civis e políticos quanto dos direitos econômicos, sociais e culturais, 
os quais devem ser implementados progressivamente. 
Destaca-se que ao contrário da DUDH, a DADDH não proíbe a pena de morte, a tortura, a 
escravidão e a servidão, bem como consagra o caráter individual da propriedade. 
Além disso, seu valor jurídico difere do valor conferido à DUDH, na medida em que ao 
documento regional foi indiretamente conferida força obrigatória, especialmente após a reforma da 
Carta da OEA, fazendo com que a Declaração, juntamente com a Convenção Americana, forme um 
conjunto normativo. 
A Corte Interamericana já afirmou que a Declaração deve ser considerada interpretação 
autêntica dos dispositivos genéricos de proteção dos direitos humanos da Carta da OEA. 
São direitos consagrados na Declaração: 
 
• Direito à vida, à liberdade, à segurança e integridade da pessoa. 
• Direito de igualdade perante a lei. 
• Direito de liberdade religiosa e de culto. 
• Direito de liberdade de investigação, opinião, expressão e difusão. 
• Direito à proteção da honra, da reputação pessoal e da vida particular e familiar. 
• Direito à constituição e proteção da família. 
• Direito de proteção à maternidade e à infância. 
• Direito de residência e trânsito. 
• Direito à inviolabilidade do domicílio. 
• Direito à inviolabilidade do domicílio. 
• Direito à preservação da saúde e ao bem-estar. 
• Direito à educação. 
• Direito aos benefícios da cultura. 
• Direito ao trabalho e a uma justa retribuição. 
• Direito ao descanso e ao seu aproveitamento. 
• Direito à previdência social. 
• Direito de reconhecimento da personalidade jurídica e dos direitos civis. 
• Direito à justiça. 
• Direito à nacionalidade. 
• Direito de sufrágio e de participação no governo. 
• Direito de reunião. 
• Direito de associação. 
• Direito de propriedade. 
• Direito de petição. 
• Direito de proteção contra prisão arbitrária. 
• Direito a processo regular. 
• Alcance dos direitos do homem. 
 
A declaração enumera os seguintes deveres: 
CS – DIREITOS HUMANOS 2022 102 
 
Disponibilizado exclusivamente para 
 
 
 
 
. 
• Deveres perante a sociedade. 
• Deveres para com os filhos e os pais. 
• Deveres de instrução. 
• Dever do sufrágio. 
• Dever de obediência à Lei. 
• Dever de servir a coletividade e a nação. 
• Deveres de assistência e previdência sociais. 
• Dever de pagar impostos. 
• Dever do trabalho. 
• Dever de se abster de atividades políticas em países estrangeiros. 
 
1.3. 3ª ETAPA: INÍCIO DO PERÍODO DE MONITORAMENTO 
 
Período compreendido entre 1959 e 1969. 
 
Em 1959, cria-se a Comissão Interamericana de Direitos Humanos que nasce sem base 
convencional e com poderes limitados à “promoção dos direitos humanos”, o que compreendia, 
segundo a interpretação da própria comissão, a formulação de recomendações gerais para os 
estados membros da OEA, a preparação de relatórios geográficos e até mesmo, com a anuência 
do respectivo governo, as visitas in loco. 
 
1.4. 4ª ETAPA: INSTITUCIONALIZAÇÃO CONVENCIONAL DO SISTEMA 
 
Período compreendido entre 1969 e 1978. 
 
Em 1969, realizou a Conferência Especializada Interamericana sobre Direitos Humanos, em 
San José da Costa Rica, ocasião em que foi editada a Convenção Interamericana sobre Direitos 
Humanos (CIDH) também chamada de Pacto de San José da Costa Rica. 
Trata-se de um instrumento normativo de caráter vinculante que estabeleceu um catálogo 
de direitos humanos e os meios de proteção para tais direitos. 
De acordo com Caio Paiva, a 4ª Etapa teve fim em 1978, quando a CADH entrou em vigor, 
após o depósito do 11º instrumento de ratificação na Secretaria-Geral da OEA. 
 
1.5. 5ª ETAPA: CONSOLIDAÇÃO E APERFEIÇOAMENTO DO SISTEMA 
 
Inicia-se em 1978 e vai até os dias atuais. 
 
A consolidação e o aperfeiçoamento do sistema foram marcados pelo início da construção 
jurisprudencial contenciosa e consultiva da Corte IDH, pela ampliação do corpus normativo do 
sistema interamericano e pela proposta ou implementação de medidas para aperfeiçoar o sistema. 
CS – DIREITOS HUMANOS 2022 103 
 
Disponibilizado exclusivamente para 
 
 
 
 
. 
2. DIVISÃO DO SISTEMA INTERAMERICANO 
 
 
O Sistema Interamericano divide-se em dois subsistemas: SUBSISTEMA GERAL e 
SUBSISTEMA EXIGENTE. Observe as diferenças: 
 
 
Nomenclatura 
 
Subsistema da OEA 
Subsistema da Convenção 
Interamericana sobre Direitos 
Humanos 
 
Base normativa 
Carta da OEA, Declaração 
Americana dos Direitos e Deveres 
do Homem e Estatuto da Comissão 
Interamericana de Direitos Humanos 
 
Convenção Americana de Direitos 
Humanos 
Órgão de 
proteção 
Comissão Interamericana de Direitos 
Humanos 
Comissão Interamericana de Direitos 
Humanos e Corte Interamericana de 
Direitos Humanos 
Aplicação 
TODOS os Estados membros da 
OEA 
APENAS aos Estados que tenham 
ratificado a CIDH 
 
Perceba que a Comissão Interamericana de Direitos Humanos participa dos dois 
subsistemas, possuindo um papel dúplice. 
 
 
3. COMISSÃO INTERAMERICANA DE DIREITOS HUMANOS 
 
 
3.1. CONCEITO 
 
Trata-se de um órgão de monitoramento, proteção e promoção dos direitos humanos no 
continente americano. A Comissão possui um papel dúplice, isto porque integra a OEA e a CADH 
(dupla integração orgânica). 
Está sediada em Washington (EUA), podendo também se reunir em qualquer Estado 
americano quando o decidir por maioria absoluta de votos e com a anuência ou a convite do 
respectivo Governo. 
 
 
3.2. ORIGEM 
 
A CIDH foi criada em agosto de 1959 (dez anos antes da adoção da Convenção Americana), 
em Santiago, no Chile. Era considerada uma unidade autônoma da OEA, tendo em vista que não 
possuía base convencional, ou seja, não estava prevista em um tratado. 
SUBSISTEMA GERAL SUBSISTEMA EXIGENTE 
Obs.: A Corte Interamericana de Direitos Humanos também é um órgão de monitoramento, proteção 
e promoção dos direitos humanos, mas integra apenas a CADH. 
CS – DIREITOS HUMANOS 2022 104 
 
Disponibilizado exclusivamente para 
 
 
 
 
. 
Em 1960, após a aprovação do primeiro estatuto, ocorreu o primeiro período de sessões, 
com a eleição dos primeiros membros. A partir de 1961, a Comissão deu início à prática das visitas 
in loco para observar a situação geral dos direitos humanos num país ou para investigar um caso 
em particular, publicando posteriormente informes especiais com suas observações. 
Em 1965, os seus poderes foram ampliados, passou a ter competência para receber 
petições ou comunicações individuais sobre violaçõesde direitos humanos. Já em 1967, foi 
aprovado um Protocolo de Reformas à Carta da OEA (Protocolo de Buenos Aires), incluindo a CIDH 
entre os órgãos permanentes da Organização dos Estados Americanos, conferindo-lhe, portanto, a 
base convencional. 
De acordo com Caio Paiva, o processo de institucionalização da CIDH se completa com a 
adoção da CADH em 1969 e com a sua entrada em vigor em 1978, que a previu como órgão 
competente – junto com a Corte – para conhecer de assuntos relacionados com o cumprimento dos 
compromissos assumidos pelos Estados-partes da Convenção, estabelecendo sua organização, 
suas funções, sua competência e também diretrizes procedimentais para processar uma petição ou 
comunicação na qual se alegue uma violação de direitos humanos consagrados na CADH. 
 
3.3. REGIME JURÍDICO 
 
A CIDH está inserida na Carta da OEA como um órgão da Organização (art. 106), é também 
regida juridicamente pela CADH (artigos 34 a 50), e pelo seu Estatuto, elaborado pela própria 
Comissão e aprovado pela Assembleia Geral da OEA em 1979. 
 
 
 
3.4. FUNÇÕES 
 
Em um primeiro momento, a função da Comissão Interamericana se limitava à uma atividade 
de promoção dos direitos humanos por meio da preparação de estudos, de relatórios e de 
recomendações aos Estados. Com o passar dos tempos, a Comissão foi alcançando mais poderes, 
tornando-se, um órgão do sistema interamericano competente para receber e processar as petições 
individuais sobre violação de direitos humanos. 
Destaca-se que as funções da CIDH estão previstas no art. 41 da CADH e nos artigos 18, 
19 e 20 do seu Estatuto (divididas segundo o papel dúplice desempenhado pela Comissão). 
Na prática o papel dúplice ou a dualidade de regime jurídico da CIDH traz a possibilidade de 
a Comissão atuar tanto em face de estados que tenham aderido à CADH (utiliza o seu texto), quanto 
em face de Estados membros da OEA que não tenham aderido à Convenção, contra os quais 
utilizará o texto da Carta da OEA e da Declaração Americana dos Direitos e Deveres do Homem. 
 
Art. 39 da CADH: A Comissão elaborará seu estatuto e submetê-lo-á à 
aprovação da Assembleia Geral e expedirá seu próprio Regulamento. 
Artigo 51. Recebimento da petição - A Comissão receberá e examinará a 
petição que contenha denúncia sobre presumidas violações dos direitos 
humanos consagrados na Declaração Americana dos Direitos e Deveres do 
Homem com relação aos Estados membros da Organização que não sejam 
partes da Convenção Americana sobre Direitos Humanos. 
CS – DIREITOS HUMANOS 2022 105 
 
Disponibilizado exclusivamente para 
 
 
 
 
. 
O papel dúplice da CIDH também determinará a consequência processual nos casos em 
que a apreciação de mérito for no sentido do estabelecimento da violação de direitos humanos pelo 
Estado demandado: 
 
ESTADO ADERIU À CADH E ACEITOU A 
ESTADO NÃO ADERIU À CADH OU ADERIU 
JURISDIÇÃO CONTENCIOSA DA CORTE 
E NÃO ACEITOU A JURISDIÇÃO
 
CONTENCIOSA DA CORTE 
Comissão poderá ajuizar uma ação de 
responsabilidade internacional contra o 
respectivo Estado na Corte Interamericana. 
A CIDH funciona como uma espécie de 
“Ministério Público” no âmbito internacional 
Comissão poderá apenas aplicar ao Estado 
uma medida de caráter não decisória que traz 
consigo apenas um constrangimento político 
internacional, consistente na publicação de 
relatório e na inclusão deste no Relatório 
Anual à Assembleia-Geral da OEA ou em 
qualquer meio que considerar adequado. 
 
 
É possível identificar três categorias de funções da CIDH, são elas: 
 
1ªCategoria: consideração de petições individuais denunciando a violação de algum dos 
direitos protegidos; 
2ªCategoria: preparação e publicação de informes sobre a situação dos direitos humanos 
num determinado país; 
3ªCategoria: outras atividades orientadas à promoção dos direitos humanos, tais como os 
trabalhos de assessoria que pode oferecer aos Estados ou a preparação de projetos de tratados 
que permitam oferecer uma maior proteção aos direitos humanos. 
De acordo com o Estatuto da CIDH (arts. 18 e 20), em relação aos Estados membros da 
OEA que não aderiram à CADH, a Comissão tem as seguintes atribuições: 
• Estimular a consciência dos direitos humanos nos povos da América; 
 
• Formular recomendações aos Governos dos Estados no sentido de que adotem medidas 
progressivas em prol dos direitos humanos, no âmbito de sua legislação, de seus 
preceitos constitucionais e de seus compromissos internacionais, bem como disposições 
apropriadas para promover o respeito a esses direitos; 
• Preparar os estudos ou relatórios que considerar convenientes para o desempenho de 
suas funções; 
• Solicitar aos Governos dos Estados que lhe proporcionem informações sobre as medidas 
que adotarem em matéria de direitos humanos; 
• Atender às consultas que, por meio da Secretaria- Geral da Organização, lhe formularem 
os Estados membros sobre questões relacionadas com os direitos humanos e, dentro de 
suas possibilidades, prestar assessoramento que eles lhe solicitarem; 
CS – DIREITOS HUMANOS 2022 106 
 
Disponibilizado exclusivamente para 
 
 
 
 
. 
• Apresentar um relatório anual à Assembleia Geral da Organização no qual se levará na 
devida conta o regime jurídico aplicável aos Estados Partes da Convenção Americana 
sobre Direitos Humanos e aos Estados que não o são; 
• Fazer observações in loco em um Estado, com a anuência ou a convite do Governo 
respectivo; 
• Apresentar ao Secretário-Geral o orçamento-programa da Comissão, para que o 
submeta à Assembleia Geral; 
• Dispensar especial atenção à tarefa da observância dos direitos humanos mencionados 
nos artigos I, II, III, IV, XVIII, XXV e XXVI da Declaração Americana dos Direitos e 
Deveres do Homem; 
• Examinar as comunicações que lhe forem dirigidas e qualquer informação disponível; 
dirigir-se ao Governo de qualquer dos Estados membros não Partes da Convenção a fim 
de obter as informações que considerar pertinentes; e formular-lhes recomendações, 
quando julgar apropriado, a fim de tornar mais efetiva a observância dos direitos 
humanos fundamentais; e 
• Verificar, como medida prévia ao exercício da atribuição indicada no item anterior, 
anterior, se os processos e recursos internos de cada Estado membro não Parte da 
Convenção foram devidamente aplicados e esgotados. 
Em relação aos Estados que aderiram à CADH, nos termos do art. 19 do Estatuto da CIDH, 
a Comissão ainda terá as seguintes: 
• Atuar com respeito às petições e outras comunicações de conformidade com os artigos 
44 a 51 da Convenção; 
• Comparecer perante a Corte Interamericana de Direitos Humanos nos casos previstos 
na Convenção; 
• Solicitar à Corte Interamericana de Direitos Humanos que tome as medidas provisórias 
que considerar pertinente sobre assuntos graves e urgentes que ainda não tenham sido 
submetidos a seu conhecimento, quando se tornar necessário a fim de evitar danos 
irreparáveis às pessoas; 
• Consultar a Corte a respeito da interpretação da Convenção Americana sobre Direitos 
Humanos ou de outros tratados concernentes à proteção dos direitos humanos dos 
Estados americanos; 
• Submeter à Assembleia Geral projetos de protocolos adicionais à Convenção Americana 
sobre Direitos Humanos, com a finalidade de incluir progressivamente no regime de 
proteção da referida Convenção outros direitos e liberdades; e 
• Submeter à Assembleia Geral para o que considerar conveniente, por intermédio do 
Secretário-Geral, propostas de emenda à Convenção Americana sobre Direitos 
Humanos. 
CS – DIREITOS HUMANOS 2022 107 
 
Disponibilizado exclusivamente para 
 
 
 
 
. 
3.5. COMPOSIÇÃO 
 
3.5.1. Membros 
 
A comissão é composta por sete membros, chamados de Comissários ou de 
Comissionados, os quais devem ter autoridade moral e reconhecido saber em matéria de direitos 
humanos, nos termos do art. 34 da CADH, art. 2.1 do Estatuto da CIDH e do art. 1.3 do Regulamento 
daCIDH. 
 
 
Os membros da Comissão não precisam ter formação jurídica, diferente do que se exige de 
um juiz da Corte Interamericana. De acordo com Caio Paiva, a dispensa está em conformidade com 
a dimensão política de atuação da CIDH. 
Por fim, os membros da Comissão devem ser de países diversos, a fim de que ocorra uma 
maior representatividade geográfica. 
 
 
3.5.2. Processo de escolha dos membros 
 
Está disciplinado no art. 36 da CADH e nos arts. 3º a 5º do Estatuto da Comissão, 
basicamente: 
• Seis meses antes da realização do período ordinário de sessões da Assembleia Geral 
da OEA, antes da expiração do mandato para o qual houverem sido eleitos os membros 
da Comissão, o Secretário-Geral da OEA pedirá, por escrito, a cada Estado membro da 
Organização que apresente, dentro do prazo de 90 dias, seus candidatos (art. 4.1 do 
Estatuto); 
• Cada Estado-membro da OEA pode propor até 3 candidatos, nacionais do Estado que 
os propuser ou de qualquer Estado-membro da OEA, sendo que quando for proposta 
CADH - Artigo 34 A Comissão Interamericana de Direitos Humanos compor- 
se-á de sete membros, que deverão ser pessoas de alta autoridade moral e 
de reconhecido saber em matéria de direitos humanos. 
 
Estatuto - Artigo 2 
1. A Comissão compõe-se de sete membros, que devem ser pessoas de alta 
autoridade moral e de reconhecido saber em matéria de direitos humanos. 
2. A Comissão representa todos os Estados membros da Organização. 
Regulamento Artigo 1. Natureza e composição 
1. A Comissão Interamericana de Direitos Humanos é um órgão autônomo 
da Organização dos Estados Americanos que tem como função principal 
promover a observância e a defesa dos direitos humanos e servir como órgão 
consultivo da Organização em tal matéria. 
2.A Comissão representa todos os Estados membros que compõem a 
Organização. 
3.A Comissão compõe-se de sete membros, eleitos a título pessoal pela 
Assembleia Geral da Organização, que deverão ser pessoas de alta 
autoridade moral e de reconhecido saber em matéria de direitos humanos. 
CADH – Art. 37, 2. Não pode fazer parte da Comissão mais de um nacional 
de um mesmo Estado. 
CS – DIREITOS HUMANOS 2022 108 
 
Disponibilizado exclusivamente para 
 
 
 
 
. 
uma lista de 3 candidatos, pelo menos 1 deles deverá ser nacional de Estado diferente 
do proponente (art. 36 da CADH e art. 3.2 do Estatuto). 
Note que, ao contrário da exigência feita ao Estado que pretenda se qualificar para propor 
candidato ao cargo de juiz da Corte IDH, para indicar candidato ao cargo de membro da CIDH, o 
Estado não precisa ter aderido aos termos da Convenção Americana. 
• O Secretário Geral preparará uma lista em ordem alfabética dos candidatos que forem 
apresentados e a encaminhará aos Estados membros da Organização, pelo menos 30 
dias antes da Assembleia Geral seguinte (art. 4.2 do Estatuto); 
• A eleição dos membros da Comissão será feita dentre os candidatos que figurem na lista, 
pela Assembleia Geral, em votação secreta, e serão declarados eleitos os candidatos 
que obtiverem maior número de votos e a maioria absoluta dos votos dos Estados 
membros. Se, para eleger todos os membros da Comissão for necessário efetuar vários 
escrutínios, serão eliminados sucessivamente, na forma que a Assembleia Geral 
determinar, os candidatos que receberam menor número de votos (art. 5º do estatuto). 
Salienta-se que diferentemente do que ocorre na eleição dos juízes da Corte IDH, em que 
somente Estados-partes da CADH podem votar, todos os Estados-membros da OEA possuem 
direito de voto na escolha dos membros da CIDH. 
De acordo com Caio Paiva, a diferença no processo eleitoral dos membros da Corte IDH e 
da CIDH se justifica porque a Comissão é um órgão da OEA e também da CADH, daí decorrendo 
sua competência dúplice; ao passo que a Corte é uma instituição judicial autônoma vinculada à 
Convenção. 
Salienta-se que ocorrendo vaga na CIDH que não seja decorrente de expiração normal do 
mandato, a exemplo da renúncia ou da morte de um comissário, o processo de eleição para o 
preenchimento deve obedecer ao previsto na CADH (art. 38) e no Estatuto da Comissão (art. 11), 
Eleição de membro para ocupar vaga não decorrente de expiração normal do mandato. 
 
Artigo 38 - As vagas que ocorrerem na Comissão, que não se devam à 
expiração normal do mandato, serão preenchidas pelo Conselho Permanente 
da Organização, de acordo com o que dispuser o Estatuto da Comissão. 
 
Artigo 11 
1. Ao verificar-se uma vaga que não se deva à expiração normal de 
mandato, o Presidente da Comissão notificará imediatamente ao Secretário- 
Geral da Organização, que, por sua vez, levará a ocorrência ao conhecimento 
dos Estados membros da Organização. 
2. Para preencher as vagas, cada Governo poderá apresentar um 
candidato, dentro do prazo de 30 dias, a contar da data de recebimento da 
comunicação do Secretário-Geral na qual informe da ocorrência de vaga. 
3. O Secretário-Geral preparará uma lista, em ordem alfabética, dos 
candidatos e a encaminhará ao Conselho Permanente da Organização, o qual 
preencherá a vaga. 
4. Quando o mandato expirar dentro dos seis meses seguintes à data em 
que ocorrer uma vaga, esta não será preenchida. 
CS – DIREITOS HUMANOS 2022 109 
 
Disponibilizado exclusivamente para 
 
 
 
 
. 
3.5.3. Mandato 
 
O mandato será de quatro anos – contato a partir de 01/01 do ano seguinte ao da eleição – 
, sendo possível apenas uma reeleição. 
 
 
A previsão do art. 37.1 da CADH visa evitar riscos à continuidade dos trabalhos, caso 
ocorresse uma substituição total da composição da CIDH a cada eleição. Por isso, adotou o 
mecanismo da renovação parcial, estabelecendo que o mandato de três dos comissários eleitos 
para a primeira composição expiraria após 2 anos, garantindo assim, sucessivamente, que novos 
membros sempre trabalhem por um período com membros escolhidos na eleição anterior. 
 
3.5.4. Regime de incompatibilidades 
 
A condição de membro da Comissão Interamericana de Direitos Humanos é incompatível 
com o exercício de atividades que possam afetar sua independência e sua imparcialidade, ou a 
dignidade ou o prestígio do cargo na Comissão (art. 8.1 do Estatuto da CIDH). No momento de 
assumir suas funções os membros se comprometerão a não representar a vítima ou seus familiares 
nem Estados em medidas cautelares, petições e casos individuais perante a CIDH, por um prazo 
de dois anos, contados a partir da expiração de seu mandato como membros da Comissão (art. 4.1 
do Regulamento da CIDH). 
O procedimento para verificação da incompatibilidade está previsto no Regulamento (art. 4º) 
e no Estatuto (art. 8.2) da CIDH. Basicamente: 
• A Comissão, com o voto afirmativo de pelo menos 5 de seus membros, determinará se 
existe uma situação de incompatibilidade (art. 4.2 do Regulamento); 
• A Comissão, antes de tomar uma decisão, ouvirá o membro ao qual se atribui a 
incompatibilidade (art. 4.3 do Regulamento); 
• A decisão sobre incompatibilidade, com todos os seus antecedentes, será enviada por 
intermédio do Secretário-Geral à Assembleia-Geral da Organização, que decidirá a 
respeito (art. 4.4 do Regulamento); 
CADH - Artigo 37, 1. Os membros da Comissão serão eleitos por quatro 
anos e só poderão ser reeleitos uma vez, porém o mandato de três dos 
membros designados na primeira eleição expirará ao cabo de dois anos. 
Logo depois da referida eleição, serão determinados por sorteio, na 
Assembleia Geral, os nomes desses três membros. 
 
Estatuto - Artigo 6: Os membros da Comissão serão eleitos por quatro anos e 
só poderão ser reeleitos uma vez. Os mandatos serão contados a partir de 1º 
de janeiro do ano seguinte ao da eleição. 
 
Regulamento - Artigo 2. Duração do mandato 
Os membros da Comissão serão eleitos por quatro anos e só poderão 
ser reeleitos uma vez. 
No caso de não haverem sido eleitos os novos membros da Comissão 
para substituir os membros cujos mandatos expiram,estes últimos 
continuarão no exercício de suas funções até que se efetue a eleição dos 
novos membros. 
CS – DIREITOS HUMANOS 2022 110 
 
Disponibilizado exclusivamente para 
 
 
 
 
. 
• A declaração de incompatibilidade pela Assembleia-Geral será adotada pela maioria de 
2/3 dos Estados membros da Organização e resultará na imediata separação do cargo 
de membro da Comissão sem invalidar, porém, as atuações de que este membro houver 
participado (art. 8.3 do Estatuto). 
De acordo com Caio Paiva, embora não conste no regime jurídico da CIDH quais cargos ou 
atividades são incompatíveis com o exercício do mandato de comissário, implicitamente o 
Regulamento da Comissão admite a compatibilidade das funções de diplomata com o cargo de 
membro da CIDH quando proíbe o comissário de participar na discussão, investigação, deliberação 
ou decisão de assunto submetido à Comissão relacionado ao Estado no qual está acreditado ou 
cumprindo missão especial como diplomata (art. 17.2.a). 
Por fim, conforme prevê o art. 4.1 do Regulamento da CIDH, no momento de assumir suas 
funções os membros se comprometerão a não representar a vítima ou seus familiares nem Estados 
em medidas cautelares, petições e casos individuais perante a CIDH, por um prazo de 2 anos, 
contados a partir da expiração de seu mandato como membros da Comissão. 
 
3.5.5. Impedimentos 
 
Os membros da Comissão não poderão participar na discussão, investigação, deliberação 
ou decisão de assunto submetido à consideração da Comissão, nos seguintes casos: 
• se forem cidadãos do Estado objeto da consideração geral ou específica da Comissão, 
ou se estiverem credenciados ou cumprindo missão especial como diplomatas perante 
esse Estado; 
• se houverem participado previamente, a qualquer título, de alguma decisão sobre os 
mesmos fatos em que se fundamenta o assunto ou se houveram atuado como 
conselheiros ou representantes de uma das partes interessadas na decisão; 
Além disso, o membro da Comissão que for nacional ou que residir no território do Estado 
em que se deva realizar uma observação in loco estará impedido de nela participar. Caio Paiva 
considera que tal previsão é incompatível com a CADH. 
Segundo Ledesma, citado por Caio Paiva, “no que concerne às disposições antes referidas, 
que excluem os comissários de participarem nos assuntos de seus próprios países, há que observar 
que elas não correspondem nem ao espírito nem à letra da Convenção, que ressalta que os 
comissários são eleitos a título pessoal e não representando a um Estado; ademais de não serem 
sinceras, elas são totalmente inúteis, pois não impedem que essa pessoa possa dialogar com seus 
colegas e trocar impressões sobre o caso. Por conseguinte, resultaria mais saudável o abandono 
dessas regras, o que estaria em sintonia com o art. 55 da Convenção, aplicável aos juízes da Corte, 
que não impede o juiz da nacionalidade de algum dos Estados partes no caso de seguir conhecendo 
do mesmo. Obviamente, isso supõe um mecanismo de seleção que assegure plenamente a 
independência dos membros da Comissão”. 
Por fim, a Comissão pode decidir sobre o impedimento a partir de comunicação voluntária 
do comissário que se considera impedido, bem como por pedido fundamentado por outro membro. 
 
3.6. FUNCIONAMENTO 
CS – DIREITOS HUMANOS 2022 111 
 
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. 
Os aspectos gerais do funcionamento da Comissão estão previstos na CADH, já os aspectos 
específicos encontram-se no seu Estatuto e no seu Regulamento. 
 
3.6.1. Organização interna 
 
A Comissão é composta por: 
 
a) DIRETORIA 
 
É formada por um Presidente, um Primeiro Vice-Presidente e um Segundo Vice-Presidente, 
para um mandato de 1 ano, podendo ser reeleitos para seus respectivos cargos apenas uma vez 
em cada 4 anos. 
São atribuições do Presidente: 
 
• representar a Comissão perante os outros órgãos da Organização e outras instituições; 
 
• convocar sessões da Comissão, de conformidade com o Estatuto e o presente 
Regulamento; 
• presidir as sessões da Comissão e submeter à sua consideração as matérias que 
figurem na ordem do dia do programa de trabalho aprovado para o período de sessões 
respectivo; decidir as questões de ordem levantadas nas discussões da Comissão; e 
submeter assuntos a votação, de acordo com as disposições pertinentes deste 
Regulamento; 
• dar a palavra aos membros, na ordem em que a tenham pedido; 
 
• promover os trabalhos da Comissão e velar pelo cumprimento do seu orçamento- 
programa; 
• apresentar relatório escrito à Comissão, ao iniciar esta seus períodos de sessões, sobre 
as atividades desenvolvidas nos períodos de recesso em cumprimento às funções que 
lhe são conferidas pelo Estatuto e pelo presente Regulamento; 
• velar pelo cumprimento das decisões da Comissão; 
 
• assistir às reuniões da Assembleia Geral da Organização e participar nas atividades que 
se relacionem com a promoção e a proteção dos direitos humanos; 
• trasladar-se à sede da Comissão e nela permanecer durante o tempo que considerar 
necessário para o cumprimento de suas funções; 
• designar comissões especiais, comissões ad hoc e subcomissões, constituídas por 
vários membros, para cumprir qualquer mandato relacionado com sua competência; e 
• exercer quaisquer outras atribuições que lhe sejam conferidas neste Regulamento; 
 
b) SECRETARIA EXECUTIVA 
 
A Secretaria Executiva preparará os projetos de relatórios, resoluções, estudos e outros 
trabalhos de que seja encarregada pela Comissão ou o Presidente. Ademais, receberá e fará 
CS – DIREITOS HUMANOS 2022 112 
 
Disponibilizado exclusivamente para 
 
 
 
 
. 
tramitar a correspondência e as petições e comunicações dirigidas à Comissão. A Secretaria 
Executiva também poderá solicitar às partes interessadas a informação que considere pertinente, 
de acordo com o disposto no presente Regulamento. 
É formada por um Secretário Executivo (uma pessoa com independência e alta autoridade 
moral, com experiência e trajetória reconhecida na área de direitos humanos), por pelo menos um 
Secretário Executivo Adjunto e pelo pessoal profissional, técnico e administrativo necessário para 
o desempenho de suas atividades. 
O processo de escolha do Secretário Executivo está disciplinado no art. 11.3 do 
Regulamento. Basicamente: 
• A CIDH abre um concurso público para preenchimento da vaga e publica os critérios e 
as qualificações para o cargo, bem como a descrição das tarefas a serem 
desempenhadas; 
• A CIDH examina as inscrições recebidas e seleciona de 3 a 5 finalistas, os quais são 
entrevistados para o cargo; 
• Os currículos dos finalistas são publicados, inclusive no endereço eletrônico da 
Comissão, um mês antes da seleção final, para que sejam recebidos comentários sobre 
os candidatos; 
• A CIDH determina o candidato mais qualificado, levando em conta os comentários, por 
maioria absoluta dos seus membros; 
• Após, o Secretário-Geral da OEA procede com a nomeação do Secretário Executivo da 
CIDH, que exerce um mandato de 4 anos, podendo ser renovado uma vez. 
Importante consignar que, antes de assumir o cargo e durante o mandato, o Secretário 
Executivo e o Secretário Executivo Adjunto devem revelar à CIDH todo interesse que possa estar 
em conflito com o exercício de suas funções. 
 
3.6.2. Período de sessões 
 
A Comissão realizará pelo menos dois períodos ordinários de sessões por ano, no lapso que 
haja determinado previamente, bem como tantas sessões extraordinárias quantas considerem 
necessárias. Antes do término do período de sessões, a Comissão determinará a data e o lugar do 
período de sessões seguinte. 
As sessões da Comissão serão realizadas em sua sede. Entretanto, a Comissão, pelo voto 
da maioria absoluta dos seus membros, poderá decidir reunir-se em outro lugar, com a anuência 
ou a convite do respectivo Estado. 
O membro que, por doença ou por qualquer motivo grave, se vir impedido de assistir,no 
todo ou em parte, a qualquer período de sessões ou reunião da Comissão, ou de desempenhar 
qualquer outra função, deverá notificá-lo, com a brevidade possível, ao Secretário Executivo, que 
informará o Presidente e fará constar essa notificação em ata. 
 
3.6.3. Relatorias e grupos de trabalho 
CS – DIREITOS HUMANOS 2022 113 
 
Disponibilizado exclusivamente para 
 
 
 
 
. 
De acordo com Caio Paiva, com o intuito de acompanhar o processo natural do direito 
internacional dos direitos humanos, reconhecendo as suas especificidades, seus desafios e as 
demandas de cada grupo de vulneráveis, a Comissão Interamericana passou a criar, a partir de 
1990, relatorias temáticas para fortalecer, impulsionar e sistematizar o seu próprio trabalho. 
O art. 15 do Regulamento da Comissão disciplina a forma de criação. Vejamos: 
 
Artigo 15. Relatorias e grupos de trabalho 
1. A Comissão poderá atribuir tarefas ou mandatos específicos a um dos 
seus membros, ou grupo de membros, para a preparação dos seus períodos 
de sessões ou para a execução de programas, estudos ou projetos especiais. 
2. A Comissão poderá designar um dos seus membros como 
responsável pelas relatorias de país e, neste caso, assegurará que cada 
Estado membro da OEA conte com um relator ou relatora. Na primeira sessão 
do ano ou quando seja necessário, a CIDH considerará o funcionamento e 
trabalho das relatorias de país e decidirá sobre sua designação. Ademais, os 
relatores ou relatoras de país exercerão suas responsabilidades de 
acompanhamento que a Comissão lhes incumba e, ao menos uma vez ao 
ano, informarão ao plenário sobre as atividades realizadas. 
3. A Comissão poderá criar relatorias com mandatos relacionados ao 
cumprimento das suas funções de promoção e proteção dos direitos 
humanos em relação às áreas temáticas de especial interesse para este fim. 
Os fundamentos da decisão serão consignados em uma resolução adotada 
por maioria absoluta de votos dos membros da Comissão, na qual constará: 
a. a definição do mandato conferido, incluindo suas funções e alcances; e 
b. a descrição das atividades a serem desenvolvidas e os métodos de 
financiamento projetados para tal fim. 
Os mandatos serão avaliados periodicamente e serão sujeitos a revisão, 
renovação ou término pelo menos a cada três anos. 
4. As relatorias indicadas no inciso anterior poderão funcionar tanto 
como relatorias temáticas, sob a responsabilidade de um membro da 
Comissão, ou como relatorias especiais, incumbidas a outras pessoas 
escolhidas pela Comissão. As relatoras ou relatores temáticos serão 
designados pela Comissão em sua primeira sessão do ano ou em qualquer 
outro momento que seja necessário. As pessoas a cargo das relatorias 
especiais serão designadas pela Comissão conforme os seguintes 
parâmetros: 
a. chamado a concurso aberto para a ocupação de cargo, com 
publicidade dos critérios a serem utilizados na seleção dos postulantes, dos 
seus antecedentes de idoneidade para o cargo, e da resolução da CIDH 
aplicável ao processo de seleção; 
b. eleição por voto favorável da maioria absoluta dos membros da CIDH 
e publicidade dos fundamentos da decisão. 
Antes do processo de designação e durante o exercício do seu cargo, os 
relatores e relatoras especiais devem revelar à Comissão qualquer interesse 
que possa conflitar com o mandato da relatoria. Os relatores e relatoras 
especiais exercerão seu cargo por um período de três anos renováveis por 
um período adicional, salvo que o mandato da relatoria conclua antes de 
cumprir este período. A Comissão, por decisão da maioria absoluta dos seus 
membros, poderá decidir substituir um relator ou relatora especial por motivo 
razoável. 
CS – DIREITOS HUMANOS 2022 114 
 
Disponibilizado exclusivamente para 
 
 
 
 
. 
 
 
3.6.4. Quórum de votação 
 
Para constituir quórum será necessária a presença da maioria absoluta dos membros da 
Comissão, ou seja, quatro comissários. 
Igualmente, a Comissão, pelo voto da maioria absoluta dos seus membros, decidirá a 
respeito dos seguintes assuntos: 
• Eleição dos membros da Diretoria da Comissão; 
 
• Interpretação do presente Regulamento; 
 
• Aprovação de relatório sobre a situação dos direitos humanos em determinado Estado; 
e 
• Quando essa maioria estiver prevista na Convenção Americana, no Estatuto ou no 
presente Regulamento. 
Em relação a outros assuntos, será suficiente o voto da maioria dos membros presentes. 
 
3.7. IDIOMAS DE TRABALHO 
 
Os idiomas oficiais da Comissão serão o espanhol, o francês, o inglês e o português. Os 
idiomas de trabalho serão os que a Comissão determinar, conforme os idiomas falados por seus 
membros (art. 22.1 Regulamento). 
 
 
4. CORTE INTERAMERICANA DE DIREITOS HUMANOS 
 
 
4.1. CONCEITO 
 
Trata-se de uma instituição judicial autônoma do Sistema Interamericano cujo objetivo é 
aplicar e interpretar a Convenção Americana sobre Direitos Humanos, podendo também, no 
5. As pessoas a cargo das relatorias especiais exercerão suas funções 
em coordenação com a Secretaria Executiva, a qual poderá delegar-lhes a 
preparação de informes sobre petições e casos. 
6. As pessoas a cargo das relatorias temáticas e especiais exercerão 
suas atividades em coordenação com aquelas a cargo das relatorias de país. 
Os relatores e relatoras apresentarão seus planos de trabalho ao plenário da 
Comissão para aprovação. Entregarão um relatório escrito à Comissão sobre 
os trabalhos realizados, ao menos uma vez ao ano. 
7. O exercício das atividades e funções previstas nos mandatos das 
relatorias ajustar-se-ão às normas do presente Regulamento e às diretivas, 
códigos de conduta e manuais que a Comissão possa adotar. 
8. Os relatores e relatoras deverão informar ao plenário da Comissão 
questões que, ao chegar a seu conhecimento, possam ser consideradas 
como matéria de controvérsia, grave preocupação ou especial interesse da 
Comissão. 
CS – DIREITOS HUMANOS 2022 115 
 
Disponibilizado exclusivamente para 
 
 
 
 
. 
exercício da sua competência consultiva, expandir a atividade interpretativa para outros tratados 
concernentes à proteção dos direitos humanos nos estados americanos (art. 1º do Estatuto da Corte 
IDH). 
 
 
Conforme já mencionado, a Corte integra apenas a CADH não integra a OEA. Contudo, a 
OEA participa nos seguintes trabalhos da Corte: 
• Escolha dos juízes da Corte por meio de sua Assembleia-Geral (art. 53.1 da CADH); 
 
 
• Determina o lugar da sede da Corte por meio da sua Assembleia-Geral (art. 58.1 da 
CADH); 
 
 
• Dirige – no que não for incompatível com a independência da Corte – a Secretaria da 
Corte por meio do seu Secretário-Geral (art. 59 da CADH); 
 
 
• Aprova o Estatuto da Corte por meio da sua Assembleia-Geral (art. 60 da CADH); 
 
 
• Auxilia na supervisão do cumprimento das decisões da Corte, devendo esta submeter à 
Assembleia-Geral, em cada período ordinário de sessões, um relatório sobre as suas 
atividades do ano anterior (art. 65 da CADH); 
 
 Artigo 65 - A Corte submeterá à consideração da Assembleia Geral da 
 Organização, em cada período ordinário de sessões, um relatório sobre suas 
 atividades no ano anterior. De maneira especial, e com as recomendações 
Artigo 1. Natureza e regime jurídico 
A Corte Interamericana de Direitos humanos é uma instituição judiciária 
autônoma cujo objetivo é a aplicação e a interpretação da Convenção 
Americana sobre Direitos Humanos. A Corte exerce suas funções em 
conformidade com as disposições da citada Convenção e deste Estatuto. 
Artigo 53, 1. Os juízes da Corte serão eleitos, em votação secreta e pelo voto 
da maioria absoluta dos Estados Partes na Convenção, na Assembleia Geral 
da Organização, de uma lista de candidatos propostos pelos mesmos 
Estados. 
Artigo 58, 1. A Corte terá sua sede no lugar que for determinado, na 
Assembleia Geral da Organização, pelos Estados Partes na Convenção, mas 
poderá realizar reuniões noterritório de qualquer Estado membro da 
Organização dos Estados Americanos em que o considerar conveniente pela 
maioria dos seus membros e mediante prévia aquiescência do Estado 
respectivo. Os Estados Partes na Convenção podem, na Assembleia Geral, 
por dois terços dos seus votos, mudar a sede da Corte. 
Artigo 59 - A Secretaria da Corte será por esta estabelecida e funcionará sob 
a direção do Secretário da Corte, de acordo com as normas administrativas 
da Secretaria-Geral da Organização em tudo o que não for incompatível com 
a independência da Corte. Seus funcionários serão nomeados pelo 
Secretário-Geral da Organização, em consulta com o Secretário da Corte. 
Artigo 60 - A Corte elaborará seu estatuto e submetê-lo-á à aprovação da 
Assembleia Geral e expedirá seu regimento. 
CS – DIREITOS HUMANOS 2022 116 
 
Disponibilizado exclusivamente para 
 
 
 
 
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• Aprova o orçamento da Corte por meio da sua Assembleia-Geral (art. 72 da CADH); 
 
 
• Exerce poder disciplinar e sancionatório sobre os juízes da Corte por meio da sua 
Assembleia-Geral (art. 73 da CADH). 
 
 Artigo 73 - Somente por solicitação da Comissão ou da Corte, conforme o caso, 
 cabe à Assembleia Geral da Organização resolver sobre as sanções aplicáveis 
 aos membros da Comissão ou aos juízes da Corte que incorrerem nos casos 
 previstos nos respectivos estatutos. Para expedir uma resolução, será 
 necessária maioria de dois terços dos votos dos Estados Membros da 
 Organização, no caso dos membros da Comissão; e, além disso, de dois terços 
 dos votos dos Estados Partes na Convenção, se se tratar dos juízes da Corte. 
 
4.2. ORIGEM 
 
A origem da Corte é convencional, tendo em vista que foi criada pela Convenção Americana 
de Direitos Humanos. 
Conforme os ensinamentos de Caio Paiva, a Corte demorou para exercer a sua função 
contenciosa, vindo a proferir a primeira sentença de mérito somente em julho de 1988, quando 
julgou o Caso Velásquez Rodríguez vs. Honduras. Isso deve-se à inércia da Comissão 
Interamericana para submeter casos à Corte e ao lento processo de aceitação da competência 
contenciosa da Corte pelos Estados. 
Salienta-se, portanto, que os primeiros anos da Corte IDH foram marcados pelo exercício 
exclusivo da competência consultiva, tendo emitido nove delas até o ano em que proferiu a primeira 
sentença de mérito. 
 
4.3. REGIME JURÍDICO 
 
A Corte Interamericana é regida juridicamente pela CADH (artigos 52 a 69), pelo seu 
Estatuto (disposições essencialmente orgânica, que desenvolvem e complementam a Convenção 
Americana), elaborado por ela e aprovado pela Assembleia-Geral da OEA em 1979, e pelo seu 
Regulamento (trata predominantemente de questões processuais), expedido por ela própria. 
 
4.4. COMPOSIÇÃO 
pertinentes, indicará os casos em que um Estado não tenha dado 
cumprimento a suas sentenças. 
Artigo 72 - Os juízes da Corte e os membros da Comissão perceberão 
honorários e despesas de viagem na forma e nas condições que 
determinarem os seus estatutos, levando em conta a importância e 
independência de suas funções. Tais honorários e despesas de viagem serão 
fixados no orçamento-programa da Organização dos Estados Americanos, 
no qual devem ser incluídas, além disso, as despesas da Corte e da sua 
Secretaria. Para tais efeitos, a Corte elaborará o seu próprio projeto de 
orçamento e submetê-lo-á à aprovação da Assembleia Geral, por intermédio 
da Secretaria-Geral. Esta última não poderá nele introduzir modificações. 
CS – DIREITOS HUMANOS 2022 117 
 
Disponibilizado exclusivamente para 
 
 
 
 
. 
4.4.1. Membros 
 
A Corte é composta por sete juízes. 
 
 
4.4.2. Requisitos para o cargo 
 
Os juízes integrantes da Corte devem: 
 
• Ter independência 
 
Ao estabelecer que os juízes da Corte IDH são eleitos a título pessoal, a CADH quis ressaltar 
que os juízes não representam os Estados do qual são nacionais ou os Estados que os propuseram 
como candidatos. 
• Ser nacional de algum dos Estados-membros da OEA. 
 
Não se exige que o Estado do qual o candidato é nacional tenha ratificado a CADH e 
aceitado sua jurisdição contenciosa. 
• Ter a mais alta autoridade moral. 
 
Trata-se de um requisito muito genérico e de difícil definição. Segundo Caio Paiva, a 
Convenção parece exigir uma autoridade moral dos juízes da Corte IDH ainda mais elevada do que 
aquela requerida dos membros da CIDH, tanto que a reforça com a expressão “mais”. 
Além disso, segundo Caio Paiva, a dificuldade de se conceituar mais alta autoridade moral 
não impede que se estabeleçam condições essenciais para que alguém dispute a vaga de juiz da 
Corte Interamericana, entre as quais: 
a. ter reconhecimento público pela atuação pessoal e profissional na defesa dos 
direitos humanos; 
b. apoiar uma agenda progressista no campo da proteção de grupos vulneráveis; e 
 
c. não ter participado de violações de direitos humanos nem ter assumido posições 
ideológicas incompatíveis com a dignidade humana e com a proteção dos direitos 
humanos. 
• Ser jurista 
 
Deve reunir as condições requeridas para o exercício das mais elevadas funções judiciais, 
de acordo com a lei do Estado do qual sejam nacionais, ou do Estado que os propuser como 
candidatos. 
Artigo 52 
1. A Corte compor-se-á de sete juízes, nacionais dos Estados membros 
da Organização, eleitos a título pessoal dentre juristas da mais alta autoridade 
moral, de reconhecida competência em matéria de direitos humanos, que 
reúnam as condições requeridas para o exercício das mais elevadas funções 
judiciais, de acordo com a lei do Estado do qual sejam nacionais, ou do 
Estado que os propuser como candidatos. 
2. Não deve haver dois juízes da mesma nacionalidade. 
CS – DIREITOS HUMANOS 2022 118 
 
Disponibilizado exclusivamente para 
 
 
 
 
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Perceba que se exige a formação jurídica para integrar a Corte IDH, diferentemente da 
exigência que se faz para integrar a CIDH. 
• Ter reconhecida competência em matéria de direitos humanos 
 
Não basta ser jurista para integrar a Corte Interamericana. Exige-se um conhecimento 
especializado na matéria de direitos humanos. 
É importante ressaltar que essa competência não está necessariamente ligada à formação 
acadêmica ou à produção doutrinária, podendo decorrer também da atuação profissional da pessoa. 
 
4.4.3. Eleição 
 
O processo de escolha dos juízes da Corte Interamericana está previsto no art. 53 da CADH 
e nos artigos 6º a 9º do seu Estatuto. 
Observe: 
 
Artigo 53 
1. Os juízes da Corte serão eleitos, em votação secreta e pelo voto da 
maioria absoluta dos Estados Partes na Convenção, na Assembleia Geral da 
Organização, de uma lista de candidatos propostos pelos mesmos Estados. 
2. Cada um dos Estados Partes pode propor até três candidatos, 
nacionais do Estado que os propuser ou de qualquer outro Estado membro 
da Organização dos Estados Americanos. Quando se propuser uma lista de 
três candidatos, pelo menos um deles deverá ser nacional de Estado 
diferente do proponente. 
 
Artigo 6. Data de eleição dos juízes 
1. A eleição dos juízes far-se-á, se possível, no decorrer do período de 
sessões da Assembleia Geral da OEA, imediatamente anterior à expiração do 
mandato dos juízes cessantes. 
2. As vagas da Corte decorrentes de morte, incapacidade permanente, 
renúncia ou remoção dos juízes serão preenchidas, se possível, no próximo 
período de sessões da Assembleia Geral da OEA. Entretanto, a eleição não 
será necessária quando a vaga ocorrer nos últimos seis meses do mandato do 
juiz que lhe der origem. 
3. Se for necessário, para preservar o quórum da Corte, os Estados Partes 
da Convenção, em sessão do Conselho Permanente da OEA, por solicitação do 
Presidente da Corte, nomearão um ou mais juízes interinos, que servirão até 
que sejam substituídos pelos juízes eleitos. 
 
Artigo 7. Candidatos 
1. Os juízes são eleitos pelos Estados Partes da Convenção, na 
Assembleia Geral da OEA,de uma lista de candidatos propostos pelos mesmos 
Estados. 
2. Cada Estado Parte pode propor até três candidatos, nacionais do Estado 
que os propõe ou de qualquer outro Estado membro da OEA. 
3. Quando for proposta uma lista tríplice, pelo menos um dos candidatos 
deve ser nacional de um Estado diferente do proponente. 
 
Artigo 8. Eleição: Procedimento prévio 
CS – DIREITOS HUMANOS 2022 119 
 
Disponibilizado exclusivamente para 
 
 
 
 
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4.4.4. Mandato 
 
Os juízes da Corte serão eleitos para um mandato de seis anos e só poderão ser reeleitos 
uma vez. O juiz eleito para substituir outro cujo mandato não haja expirado, completará o mandato 
deste. 
Os mandatos dos juízes serão contados a partir de 1º de janeiro do ano seguinte ao de sua 
eleição e estender-se-ão até 31 de dezembro do ano de sua conclusão. 
O mandato de três dos juízes designados na primeira eleição expirará ao cabo de três anos. 
Imediatamente depois da referida eleição, determinar-se-ão por sorteio, na Assembleia Geral, os 
nomes desses três juízes, visa evitar o risco à continuidade dos trabalhos. 
De acordo com Caio Paiva, o princípio ou a garantia do juiz natural recebe um tratamento 
mais amplo na normativa dos tratados que dispõe sobre o funcionamento de tribunais 
internacionais, projetando um vínculo do julgador com o caso que pode superar o término do 
mandato. Nesse sentido: 
 
 
4.4.5. Juiz ad hoc 
 
Está disciplinado no art. 55 da CADH. Vejamos: 
 
 Artigo 55 
1. Seis meses antes da realização do período ordinário de sessões da 
Assembleia Geral da OEA, antes da expiração do mandato para o qual 
houverem sido eleitos os juízes da Corte, o Secretário-Geral da OEA solicitará, 
por escrito, a cada Estado Parte da Convenção, que apresente seus candidatos 
dentro do prazo de noventa dias. 
2. O Secretário-Geral da OEA preparará uma lista em ordem alfabética dos 
candidatos apresentados e a levará ao conhecimento dos Estados Partes, se 
for possível, pelo menos trinta dias antes do próximo período de sessões da 
Assembleia Geral da OEA. 
3. Quando se tratar de vagas da Corte, bem como nos casos de morte ou 
de incapacidade permanente de um candidato, os prazos anteriores serão 
reduzidos de maneira razoável a juízo do Secretário-Geral da OEA. 
 
Artigo 9. Votação 
1. A eleição dos juízes é feita por votação secreta e pela maioria absoluta 
dos Estados Partes da Convenção, dentre os candidatos a que se refere o artigo 
7 deste Estatuto. 
2. Entre os candidatos que obtiverem a citada maioria absoluta, serão 
considerados eleitos os que receberem o maior número de votos. Se forem 
necessárias várias votações, serão eliminados sucessivamente os candidatos 
que receberem menor número de votos, segundo o determinem os Estados 
Partes. 
Art. 54, 3. Os juízes permanecerão em funções até o término dos seus 
mandatos. Entretanto, continuarão funcionando nos casos de que já 
houverem tomado conhecimento e que se encontrem em fase de sentença e, 
para tais efeitos, não serão substituídos pelos novos juízes eleitos. 
CS – DIREITOS HUMANOS 2022 120 
 
Disponibilizado exclusivamente para 
 
 
 
 
. 
 
Importante consignar que a Corte IDH, na Opinião Consultiva 20/2009, entendeu que a figura 
do juiz ad hoc somente deve ser admitida nas demandas originadas por comunicações interestatais; 
logo, nas demandas iniciadas pela Comissão Interamericana, o Estado demandado não possui o 
direito de indicar juiz nacional ad hoc. Por fim, na mesma OP, a Corte IDH restringiu a possibilidade 
de o juiz que possuir a mesma nacionalidade do Estado réu atuar no caso, somente a admitindo 
nas demandas interestatais. 
 
4.5. JURISDIÇÃO CONSULTIVA DA CORTE 
 
4.5.1. Previsão normativa 
 
Está disciplinada nos arts. 64 e 65 da CADH e nos arts. 70 a 75 do Regulamento da Corte. 
Vejamos: 
 
 
4.5.2. Finalidade 
 
A finalidade da função consultiva da Corte IDH é obter uma interpretação judicial sobre uma 
ou várias disposições da CADH ou de outros tratados concernentes à proteção dos direitos 
humanos nos estados americanos. 
1. O juiz que for nacional de algum dos Estados Partes no caso 
submetido à Corte, conservará o seu direito de conhecer do mesmo. 
2. Se um dos juízes chamados a conhecer do caso for de nacionalidade 
de um dos Estados Partes, outro Estado Parte no caso poderá designar uma 
pessoa de sua escolha para fazer parte da Corte na qualidade de juiz ad hoc. 
3. Se, dentre os juízes chamados a conhecer do caso, nenhum for da 
nacionalidade dos Estados Partes, cada um destes poderá designar um juiz 
ad hoc. 
4. O juiz ad hoc deve reunir os requisitos indicados no artigo 52. 
5. Se vários Estados Partes na Convenção tiverem o mesmo interesse 
no caso, serão considerados como uma só Parte, para os fins das 
disposições anteriores. Em caso de dúvida, a Corte decidirá. 
Artigo 64 
1. Os Estados membros da Organização poderão consultar a Corte 
sobre a interpretação desta Convenção ou de outros tratados concernentes 
à proteção dos direitos humanos nos Estados americanos. Também poderão 
consultá-la, no que lhes compete, os órgãos enumerados no capítulo X da 
Carta da Organização dos Estados Americanos, reformada pelo Protocolo de 
Buenos Aires. 
2. A Corte, a pedido de um Estado membro da Organização, poderá emitir 
pareceres sobre a compatibilidade entre qualquer de suas leis internas e os 
mencionados instrumentos internacionais. 
 
Artigo 65 - A Corte submeterá à consideração da Assembleia Geral da 
Organização, em cada período ordinário de sessões, um relatório sobre suas 
atividades no ano anterior. De maneira especial, e com as recomendações 
pertinentes, indicará os casos em que um Estado não tenha dado 
cumprimento a suas sentenças. 
CS – DIREITOS HUMANOS 2022 121 
 
Disponibilizado exclusivamente para 
 
 
 
 
. 
4.5.3. Alcance 
 
Salienta Caio Paiva que a amplitude da competência consultiva da Corte IDH não se 
confunde com uma ausência de limites. 
De acordo com a Corte o pedido de opinião consultiva: 
 
• não pode ter como objetivo determinar o alcance dos compromissos internacionais 
assumidos por Estados que não sejam membros do sistema interamericano; 
• não pode buscar a interpretação das normas que regulam a estrutura ou o 
funcionamento de órgãos ou organismos internacionais alheios ao sistema 
interamericano; 
• não deve disfarçar um caso contencioso ou pretender de forma prematura um 
pronunciamento sobre um tema ou assunto que poderá eventualmente ser submetido à 
Corte através de um caso contencioso; 
• não deve ser utilizada como um mecanismo para obter um pronunciamento indireto 
sobre um assunto em litígio ou em controvérsia a nível interno; 
• não deve ser utilizada como um instrumento de um debate político interno; 
 
• não deve abranger, exclusivamente, temas sobre os quais a Corte já tenha se 
pronunciado em sua jurisprudência; 
• não deve procurar a resolução de questões de fato, mas sim buscar o sentido, o propósito 
e a razão das normas internacionais sobre direitos humanos e, sobretudo, coadjuvar os 
Estados membros e os órgãos da OEA para que cumpram de maneira efetiva suas 
obrigações internacionais; e 
• não deve partir de especulações abstratas, sem uma previsível aplicação a situações 
concretas que justifiquem o interesse de que seja emitida uma opinião consultiva. Sobre 
essa questão, a Corte IDH já esclareceu, porém, que o mero fato de que existam casos 
contenciosos relacionados com o tema da consulta ou petições ante a CIDH não basta 
para que se inviabilize o pedido de opinião consultiva. 
 
4.5.4. Características do procedimento consultivo 
 
No procedimento consultivo há ausência de partes (demandante e demandado), de 
sentença, de sanções e reparações. Existe apenas a emissão de uma opinião consultiva, com 
caráter multilateral e não litigioso. 
Além disso, trata-se de uma competência obrigatória, ativada automaticamente com a 
ratificação pelo Estado.4.5.5. Objeto da consulta 
 
Está disciplinado no art. 64 da CADH. 
 
 Artigo 64 
CS – DIREITOS HUMANOS 2022 122 
 
Disponibilizado exclusivamente para 
 
 
 
 
. 
 
OPINIÃO CONSULTIVA DE 
INTERPRETAÇÃO (art. 64.1 da CADH) 
OPINIÃO CONSULTIVA DE 
COMPATIBILIDADE (art. 64.2 da CADH) 
 
Visa a interpretação da Convenção Americana 
ou de outros tratados concernentes à proteção 
dos direitos humanos nos Estados americanos. 
Obs.: a Corte IDH também já reconheceu a sua 
competência para interpretar a Declaração 
Americana dos Direitos e Deveres do Homem, 
que, mesmo não tendo a natureza jurídica de 
um tratado, contém e define direitos humanos 
referidos na Carta da OEA, podendo a 
Declaração, portanto, ser objeto de opinião 
quando isso seja necessário para que a Corte 
interprete disposições da CADH ou da Carta da 
OEA. 
Visa examinar a compatibilidade entre qualquer 
lei interna e os mencionados instrumentos 
internacionais 
Obs.: abrange toda legislação nacional e todas 
as normas jurídicas de qualquer natureza, 
incluindo disposições constitucionais. Além 
disso, a Corte IDH entende que pode ser 
consultada também sobre a compatibilidade de 
projetos de lei ou de emenda constitucional, 
sob pena de obrigar os Estados a primeiro 
aprovarem uma lei possivelmente contrária a 
tratados internacionais concernentes à 
proteção dos direitos humanos nos Estados 
americanos para, somente depois, solicitarem 
a opinião consultiva. 
São legitimados para solicitar uma opinião 
consultiva de interpretação os estados 
membros da OEA (independentemente de 
terem ratificado a CADH) e os órgãos previstos 
no art. 53 da Carta da OEA, que são os 
seguintes: a Assembleia-Geral; a Reunião de 
Consulta dos Ministros das Relações 
Exteriores; os Conselhos; a Comissão Jurídica 
Interamericana; a Comissão Interamericana de 
Direitos Humanos; a Secretaria-Geral; as 
Conferências Especializadas; e os Organismos 
Especializados. 
 
 
 
 
Somente os estados membros da OEA podem 
solicitar uma opinião consultiva de 
compatibilidade. 
Requisitos (art. 70 do Regulamento): 
 
a) formular com precisão as perguntas; 
 
b) especificar as disposições que devem ser 
interpretadas; 
Requisitos (art. 72 do Regulamento): 
 
a) Instruir o pedido de cópia das disposições 
internas a que se refere a consulta; 
b) indicar as disposições de direito interno, bem 
como as da Convenção ou de outros tratados 
1. Os Estados membros da Organização poderão consultar a Corte 
sobre a interpretação desta Convenção ou de outros tratados concernentes 
à proteção dos direitos humanos nos Estados americanos. Também poderão 
consultá-la, no que lhes compete, os órgãos enumerados no capítulo X da 
Carta da Organização dos Estados Americanos, reformada pelo Protocolo de 
Buenos Aires. 
2. A Corte, a pedido de um Estado membro da Organização, poderá emitir 
pareceres sobre a compatibilidade entre qualquer de suas leis internas 
e os mencionados instrumentos internacionais. 
CS – DIREITOS HUMANOS 2022 123 
 
Disponibilizado exclusivamente para 
 
 
 
 
. 
c) indicar as considerações que a originaram; e 
 
d) informar o nome e endereço do Agente ou 
dos Delegados que comparecerão no 
procedimento perante a Corte. 
concernentes à proteção dos direitos humanos 
que são objeto da consulta; 
c) indicar as perguntas específicas sobre as 
quais se pretende obter o parecer da Corte; e 
d) indicar o nome e endereço do Agente do 
solicitante. 
 
 
4.5.6. Procedimento de emissão de opinião consultiva 
 
Previsto no art. 73 do Regulamento da Corte, observe: 
 
 
Perceba que há cinco fases no procedimento de emissão de opinião consultiva, são elas: 
1ªFase – Admissibilidade; 
2ªFase – Notificação da consulta; 
3ªFase – Observações escritas; 
4ªFase – Audiência pública; 
5ªFase – Pronunciamento da Corte. 
 
Importante salientar que se o solicitante da opinião consultiva decide retirá-la, a Corte IDH 
não fica impedida de exercer a sua competência consultiva, isto porque o solicitante da opinião 
consultiva não é o único titular de um interesse legítimo no resultado do procedimento. Portanto, a 
desistência ou retirada manifestada pelo solicitante não a impede que a Corte exerça a sua 
competência consultiva. 
 
4.5.7. Efeitos jurídicos das opiniões consultivas 
Artigo 73. Procedimento 
1. Uma vez recebido um pedido de parecer consultivo, o Secretário enviará 
cópia deste a todos os Estados membros, à Comissão, ao Conselho 
Permanente por intermédio da sua Presidência, ao Secretário Geral e aos 
órgãos da OEA a cuja esfera de competência se refira o tema da consulta, se 
for pertinente. 
2. A Presidência fixará um prazo para que os interessados enviem suas 
observações por escrito. 
3. A Presidência poderá convidar ou autorizar qualquer pessoa interessada 
para que apresente sua opinião por escrito sobre os itens submetidos a 
consulta. Se o pedido se referir ao disposto no artigo 64.2 da Convenção, 
poderá fazê-lo mediante consulta prévia com o Agente. 
4. Uma vez concluído o procedimento escrito, a Corte decidirá quanto à 
conveniência ou não de realizar o procedimento oral e fixará a audiência, a 
menos que delegue essa última tarefa à Presidência. No caso do previsto no 
artigo 64.2 da Convenção, será realizada uma consulta prévia ao Agente. 
CS – DIREITOS HUMANOS 2022 124 
 
Disponibilizado exclusivamente para 
 
 
 
 
. 
Há divergência acerca do tema: 
 
1ª Posição (entendimento da própria Corte e da doutrina majoritária.) - as opiniões 
consultivas não possuem efeito vinculante, mas sim “efeitos jurídicos inegáveis”. A força das 
opiniões consultivas decorre, segundo o entendimento da doutrina, da autoridade científica e moral 
da Corte. 
2ª Posição (Caio Paiva) – A Corte é soberana e a última intérprete da Convenção, e como 
instituição judicial a quem também foi incumbida a função de interpretar os tratados concernentes 
à proteção dos direitos humanos nos Estados americanos, emite opiniões consultivas com efeito 
vinculante para os Estados-partes da Convenção, independentemente de estes terem solicitado ou 
participado do procedimento consultivo. 
Por fim, o caráter vinculante das opiniões consultivas não as torna executáveis, tendo em 
vista que no procedimento consultivo não há partes nem litígio. 
 
4.5.8. Opiniões consultivas emitidas pela Corte 
 
Até o momento, a Corte emitiu 26 Opiniões Consultivas. A seguir fizemos um pequeno 
resumo de cada uma delas. 
OPINIÃO CONSULTIVA 1/82: 
 
Foi solicitada pelo Peru. 
 
Indagou-se a função consultiva da Corte, definida no art. 64 da CADH, eis que o referido 
artigo, ao contrário do que ocorre na Convenção Europeia, coloca de forma ampla e vaga a 
competência consultiva da Corte. 
 
 
Ressalta-se que a função consultiva da Corte não é ilimitada. Os limites para sua atuação 
são definidos tanto pelo objeto e pela finalidade da CADH quanto pelo traço geral do art. 64. 
Foi feito um profundo estudo acerca do âmbito da função consultiva da Corte, atribuída pela 
CADH, para isso se discutiu sobre: tratados bilaterais e multilaterais; tratados subscritos e não 
subscritos pelos Estados Partes; normas usadas na interpretação da Convenção; a integração do 
sistema regional com o sistema global (universal). 
A Corte concluiu que: 
 
a) Em regra, a competência consultiva pode ser exercida sobre toda disposição concernente 
à proteção de Direitos humanos; 
Artigo 64 - 1. Os Estados-membros da Organização poderão consultar a 
Corte sobre a interpretação desta Convenção ou de outros tratados 
concernentes à proteção dos direitos humanos nos Estados americanos. 
Também poderão consultá-la, no que lhes compete, os órgãos enumerados 
no capítulo X da Carta da Organização dos Estados Americanos, reformada 
pelo Protocolo de Buenos Aires. 
2. A Corte, a pedido de um Estado-membro da Organização, poderá emitir 
pareceres sobre a compatibilidade entre qualquerde suas leis internas e os 
mencionados instrumentos internacionais. 
CS – DIREITOS HUMANOS 2022 125 
 
Disponibilizado exclusivamente para 
 
 
 
 
. 
b) Será exercida sobre qualquer tratado internacional aplicável aos Estados Americanos, 
independentemente de ser bilateral ou multilateral; 
c) Frente a um caso concreto, desde que motivadamente, a Corte pode abster-se de 
manifestar-se, caso entenda que a questão excede os limites de sua função consultiva 
OPINIÃO CONSULTIVA 2/82 
 
Solicitada pela Comissão Interamericana de Direitos Humanos. 
 
Indagou-se em qual momento, efetivamente, um Estado passa a fazer parte da Convenção 
e qual momento da ratificação deve ser considerado. Requereu-se, assim, a interpretação dos 
artigos 74 e 75 da CADH. 
 
 
Analisou-se o procedimento de ratificação e depósito de um tratado, bem como a 
possibilidade de serem feitas reservas à CADH, nos termos dos artigos 19 e 20 da Convenção de 
Viena. 
 
Artigo 74 - 1. Esta Convenção está aberta à assinatura e à ratificação de todos 
os Estados-membros da Organização dos Estados Americanos. 
2. A ratificação desta Convenção ou a adesão a ela efetuar-se-á mediante 
depósito de um instrumento de ratificação ou adesão na Secretaria Geral da 
Organização dos Estados Americanos. Esta Convenção entrará em vigor logo 
que onze Estados houverem depositado os seus respectivos instrumentos de 
ratificação ou de adesão. Com referência a qualquer outro Estado que a 
ratificar ou que a ela aderir ulteriormente, a Convenção entrará em vigor na 
data do depósito do seu instrumento de ratificação ou adesão. 
3. O Secretário Geral comunicará todos os Estados-membros da 
Organização sobre a entrada em vigor da Convenção. 
 
Artigo 75 - Esta Convenção só pode ser objeto de reservas em conformidade 
com as disposições da Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados, 
assinada em 23 de maio de 1969. 
Artigo 19 - Formulação de Reservas Um Estado pode, ao assinar, ratificar, 
aceitar ou aprovar um tratado, ou a ele aderir, formular uma reserva, a não 
ser que: 
a) A reserva seja proibida pelo tratado; 
b) O tratado disponha que só possam ser formuladas determinadas reservas, 
entre as quais não figure a reserva em questão; ou 
c) Nos casos não previstos nas alíneas a e b, a reserva seja incompatível 
com o objeto e a finalidade do tratado. 
Artigo 20 - Aceitação de Reservas e Objeções às Reservas 
1. Uma reserva expressamente autorizada por um tratado não requer 
qualquer aceitação posterior pelos outros Estados contratantes, a não ser que 
o tratado assim disponha. 
2. Quando se infere do número limitado dos Estados negociadores, assim 
como do objeto e da finalidade do tratado, que a aplicação do tratado na 
íntegra entre todas as partes é condição essencial para o consentimento de 
cada uma delas em obrigar-se pelo tratado, uma reserva requer a aceitação 
de todas as partes. 
CS – DIREITOS HUMANOS 2022 126 
 
Disponibilizado exclusivamente para 
 
 
 
 
. 
 
A Corte, unanimemente, concluiu que: 
 
a) A CADH entra em vigor para um Estado que a ratificou, com ou sem reservas, na data do 
depósito de seu instrumento de ratificação ou adesão. 
OPINIÃO CONSULTIVA 3/83 
 
Solicitada pela Comissão Interamericana de Direitos Humanos. 
 
Indagou-se sobre a possibilidade de imposição de pena de morte, bem como para quais 
crimes será admitida. 
Foi feita uma análise minuciosa do art. 4º da CADH, trazendo diversas linhas de 
interpretação, quais sejam: caso de países que aboliram a pena de morte no momento da ratificação 
da CADH; países que, após abolirem a pena de morte, pretendem reintroduzi-la; tipos de crimes 
que admitem a pena de morte. 
 
3. Quando o tratado é um ato constitutivo de uma organização internacional, 
a reserva exige a aceitação do órgão competente da organização, a não ser 
que o tratado disponha diversamente. 
4. Nos casos não previstos nos parágrafos precedentes e a menos que o 
tratado disponha de outra forma: 
a) a aceitação de uma reserva por outro Estado contratante torna o Estado 
autor da reserva parte no tratado em relação àquele outro Estado, se o tratado 
está em vigor ou quando entrar em vigor para esses Estados; 
b) a objeção feita a uma reserva por outro Estado contratante não impede 
que o tratado entre em vigor entre o Estado que formulou a objeção e o 
Estado autor da reserva, a não ser que uma intenção contrária tenha sido 
expressamente manifestada pelo Estado que formulou a objeção; 
c) um ato que manifestar o consentimento de um Estado em obrigar-se por 
um tratado e que contiver uma reserva produzirá efeito logo que pelo menos 
outro Estado contratante aceitar a reserva. 
5. Para os fins dos parágrafos 2 e 4, e a não ser que o tratado disponha 
diversamente, uma reserva é tida como aceita por um Estado se este não 
formulou objeção à reserva quer no decurso do prazo de doze meses que se 
seguir à data em que recebeu a notificação, quer na data em que manifestou 
o seu consentimento em obrigar-se pelo tratado, se esta for posterior. 
Artigo 4º - Direito à vida 
1. Toda pessoa tem o direito de que se respeite sua vida. Esse direito deve 
ser protegido pela lei e, em geral, desde o momento da concepção. Ninguém 
pode ser privado da vida arbitrariamente. 
2. Nos países que não houverem abolido a pena de morte, esta só poderá 
ser imposta pelos delitos mais graves, em cumprimento de sentença final de 
tribunal competente e em conformidade com a lei que estabeleça tal pena, 
promulgada antes de haver o delito sido cometido. Tampouco se estenderá 
sua aplicação a delitos aos quais não se aplique atualmente. 
3. Não se pode restabelecer a pena de morte nos Estados que a hajam 
abolido. 
4. Em nenhum caso pode a pena de morte ser aplicada a delitos políticos, 
nem a delitos comuns conexos com delitos políticos. 
5. Não se deve impor a pena de morte à pessoa que, no momento da 
perpetração do delito, for menor de dezoito anos, ou maior de setenta (no 
CS – DIREITOS HUMANOS 2022 127 
 
Disponibilizado exclusivamente para 
 
 
 
 
. 
 
A Corte concluiu que: 
 
a) Não pode um país aplicar a pena de morte para os delitos que não estivesse, 
expressamente, prevista em sua legislação interna; 
b) O Estado não pode, após a entrada em vigor da CADH, legislar com o intuito de impor a 
pena de morte aos delitos não previstos, no momento da ratificação. Por exemplo, o Estado admite 
a pena de morte para o delito de homicídio. Após a adesão a CADH quer aplicar ao latrocínio (antes 
não prevista). 
c) A possibilidade de reservas não permite a imposição da pena de morte para outros delitos 
que não estiverem previstos no momento da ratificação da CADH; 
d) Estado que aboliu a pena de morte não pode reintroduzi-la. 
 
OPINIÃO CONSULTIVA 4/84 
 
Feita pela Costa Rica. 
 
Indagou-se a compatibilidade da proposta de alteração legislativa sobre nacionalidade com 
as normas que tratam sobre o tema (art. 20) na CADH. 
 
 
A Corte concluiu que: 
 
a) Não contraria a CADH o estabelecimento de critérios diferentes de naturalização para 
pessoas nascidas em países diferentes. 
b) O fato de a Costa Rica ter estabelecido um critério de naturalização para centro 
americanos, um para ibero-americanos e outros para espanhóis, não ofende à CADH. 
OPINIÃO CONSULTIVA 5/85 
 
Feita pela Costa Rica. 
 
Indagou-se sobre a obrigatoriedade da formação de jornalista e sobre a compatibilidade de 
tal exigência (ou não) com as leis internas dos Estados. Requereu-se, para tanto, uma interpretação 
dos artigos 13 e 29 da CADH. 
 
 Artigo 13 - Liberdade de pensamento e de expressão 
PIDCP não consta esta proibição), nem aplicá-la a mulher em estado de 
gravidez. 
6. Toda pessoa condenada à morte tem direito a solicitar anistia, indulto ou 
comutação da pena, os quais podem ser concedidos em todos os casos. Não 
se pode executar a pena de morte enquanto o pedido estiver pendente de 
decisão ante a autoridade competente.Artigo 20 - Direito à nacionalidade 
1. Toda pessoa tem direito a uma nacionalidade. 
2. Toda pessoa tem direito à nacionalidade do Estado em cujo território 
houver nascido, se não tiver direito a outra. 
3. A ninguém se deve privar arbitrariamente de sua nacionalidade, nem do 
direito de mudá-la. 
CS – DIREITOS HUMANOS 2022 128 
 
Disponibilizado exclusivamente para 
 
 
 
 
. 
1. Toda pessoa tem o direito à liberdade de pensamento e de expressão. 
Esse direito inclui a liberdade de procurar, receber e difundir informações e 
ideias de qualquer natureza, sem considerações de fronteiras, verbalmente 
ou por escrito, ou em forma impressa ou artística, ou por qualquer meio de 
sua escolha. 
2. O exercício do direito previsto no inciso precedente não pode estar sujeito 
à censura prévia, mas a responsabilidades ulteriores, que devem ser 
expressamente previstas em lei e que se façam necessárias para assegurar: 
a) o respeito dos direitos e da reputação das demais pessoas; 
b) a proteção da segurança nacional, da ordem pública, ou da saúde ou da 
moral públicas. 
3. Não se pode restringir o direito de expressão por vias e meios indiretos, 
tais como o abuso de controles oficiais ou particulares de papel de imprensa, 
de frequências radioelétricas ou de equipamentos e aparelhos usados na 
difusão de informação, nem por quaisquer outros meios destinados a obstar 
a comunicação e a circulação de ideias e opiniões. 
4. A lei pode submeter os espetáculos públicos a censura prévia, com o 
objetivo exclusivo de regular o acesso a eles, para proteção moral da infância 
e da adolescência, sem prejuízo do disposto no inciso 2. 
5. A lei deve proibir toda propaganda a favor da guerra, bem como toda 
apologia ao ódio nacional, racial ou religioso que constitua incitamento à 
discriminação, à hostilidade, ao crime ou à violência. 
 
Artigo 29 - Normas de interpretação 
Nenhuma disposição da presente Convenção pode ser interpretada no 
sentido de: 
a) permitir a qualquer dos Estados-partes, grupo ou indivíduo, suprimir o gozo 
e o exercício dos direitos e liberdades reconhecidos na Convenção ou limitá- 
los em maior medida do que a nela prevista; 
b) limitar o gozo e exercício de qualquer direito ou liberdade que possam ser 
reconhecidos em virtude de leis de qualquer dos Estados-partes ou em 
virtude de Convenções em que seja parte um dos referidos Estados; 
c) excluir outros direitos e garantias que são inerentes ao ser humano ou que 
decorrem da forma democrática representativa de governo; 
d) excluir ou limitar o efeito que possam produzir a Declaração Americana 
dos Direitos e Deveres do Homem e outros atos internacionais da mesma 
natureza. 
 
Analisou-se a liberdade de expressão e pensamento, fazendo-se, inclusive, uma 
comparação com as previsões da Comissão Europeia. 
A Corte concluiu que: 
 
a) São incompatíveis com o art. 13 da CADH, a exigência de formação obrigatória de 
jornalistas e sua inscrição em ordem profissional, pois isso impede o uso pleno dos meios de 
comunicação, consequentemente, impedem a liberdade de expressão e de transmissão de 
opiniões. 
OPINIÃO CONSULTIVA 6/86 
 
Solicitada pelo Uruguai. 
CS – DIREITOS HUMANOS 2022 129 
 
Disponibilizado exclusivamente para 
 
 
 
 
. 
Indagou-se a possibilidade de restrições ao uso e ao gozo dos direitos e liberdades 
reconhecidos na Convenção Americana. 
Fez-se um estudo detalhado sobre o conceito “leis”, consagrado no art. 30 da CADH. Para 
isso, ponderou-se que alguns Estados se inserem no sistema common law e outros seguem a 
tradição romanista. 
 
 
O debate central da OC nº 6 deu-se em relação ao sistema de crises, ou seja, situações 
extremas e excepcionais em que se admite a restrição de direitos humanos, bem como que tipo de 
“lei” (qualquer norma jurídica) pode autorizar as restrições. 
A Corte concluiu que: 
 
a) A expressão “lei”, prevista no art. 30 da CADH, significa norma jurídica de caráter geral, 
emanada de órgãos legislativos constitucionalmente previstos e democraticamente eleitos, 
elaboradas segundo procedimento previamente estabelecido nas Constituições dos Estados. 
b) Além disso, a Corte interpretou o significado de termos vagos, como: “bem comum” e 
“ordem pública”, fazendo um paralelo com o Estado Democrático de Direito e suas finalidades. 
OPINIÃO CONSULTIVA 7/86 
 
Feita pela Costa Rica. 
 
Solicitou-se uma interpretação e a delimitação do alcance do art. 14.1 da CADH, em relação 
ao art. 11, 1 e 2 da CADH. Além disso, indagou-se a compatibilidade da lei interna do Estado com 
a CADH quando estabelecer outras formas de exercer o direito de resposta e retificação, previstos 
na CADH. 
 
Artigo 30 - Alcance das restrições 
As restrições permitidas, de acordo com esta Convenção, ao gozo e exercício 
dos direitos e liberdades nela reconhecidos, não podem ser aplicadas senão 
de acordo com leis que forem promulgadas por motivo de interesse geral e 
com o propósito para o qual houverem sido estabelecidas. 
Artigo 14 - Direito de retificação ou resposta 
1. Toda pessoa, atingida por informações inexatas ou ofensivas emitidas em 
seu prejuízo por meios de difusão legalmente regulamentados e que se 
dirijam ao público em geral, tem direito a fazer, pelo mesmo órgão de difusão, 
sua retificação ou resposta, nas condições que estabeleça a lei. 
2. Em nenhum caso a retificação ou a resposta eximirão das outras 
responsabilidades legais em que se houver incorrido. 
3. Para a efetiva proteção da honra e da reputação, toda publicação ou 
empresa jornalística, cinematográfica, de rádio ou televisão, deve ter uma 
pessoa responsável, que não seja protegida por imunidades, nem goze de 
foro especial. 
 
Artigo 11 - Proteção da honra e da dignidade 
1. Toda pessoa tem direito ao respeito da sua honra e ao reconhecimento de 
sua dignidade. 
2. Ninguém pode ser objeto de ingerências arbitrárias ou abusivas em sua 
vida privada, em sua família, em seu domicílio ou em sua correspondência, 
nem de ofensas ilegais à sua honra ou reputação. 
CS – DIREITOS HUMANOS 2022 130 
 
Disponibilizado exclusivamente para 
 
 
 
 
. 
 
 
Concluiu a Corte que: 
 
a) Os direitos estabelecidos no art. 14 da CADH devem ser observados e respeitados, 
obrigatoriamente pelos Estados. 
b) A obrigatoriedade ocorre mesmo que tais direitos não se encontrem positivados no 
ordenamento interno. 
OPINIÃO CONSULTIVA 8/87 
 
Solicitada pela Comissão Interamericana de Direitos Humanos. 
 
Tratou-se da prisão realizada em período de exceção (estado de sítio ou defesa) e sobre a 
possiblidade de suspensão do habeas corpus em tais caos. Por fim, sobre a admissibilidade de 
incomunicabilidade do preso. 
Analisou-se de forma detalhada o art. 25 e do art. 7º, 6, da CADH. 
 
3. Toda pessoa tem direito à proteção da lei contra tais ingerências ou tais 
ofensas. 
Obs.: Antes de expor a conclusão da Corte, é importante destacar que a admissibilidade da OC nº 
7 não foi unanime (4x3). A minoria entendeu que a pergunta não foi formulada em relação à 
compatibilidade ou incompatibilidade, bem como que tal questão estava fora das funções 
consultivas da Corte, pois visa definir se tais direitos (respostas e retificação) estão ou não 
garantidos pela ordem interna do Estado. 
Artigo 25 - Proteção judicial 
1. Toda pessoa tem direito a um recurso simples e rápido (moldes do habeas 
corpus) ou a qualquer outro recurso efetivo, perante os juízes ou tribunais 
competentes, que a proteja contra atos que violem seus direitos fundamentais 
reconhecidos pela Constituição, pela lei ou pela presente Convenção, mesmo 
quando tal violação seja cometida por pessoas que estejam atuando no 
exercício de suas funções oficiais. 
2. Os Estados-partes comprometem-se: 
a) a assegurar que a autoridade competente prevista pelo sistema legal do 
Estado decida sobre os direitos de toda pessoa que interpuser tal recurso; 
b) a desenvolver as possibilidades de recursojudicial; e 
c) a assegurar o cumprimento, pelas autoridades competentes, de toda 
decisão em que se tenha considerado procedente o recurso. 
Artigo 7º - Direito à liberdade pessoal 
1. Toda pessoa tem direito à liberdade e à segurança pessoais. 
2. Ninguém pode ser privado de sua liberdade física, salvo pelas causas e 
nas condições previamente fixadas pelas Constituições políticas dos 
Estados-partes ou pelas leis de acordo com elas promulgadas. 
3. Ninguém pode ser submetido a detenção ou encarceramento arbitrários. 
4. Toda pessoa detida ou retida deve ser informada das razões da detenção 
e notificada, sem demora, da acusação ou das acusações formuladas contra 
ela. 
5. Toda pessoa presa, detida ou retida deve ser conduzida, sem demora, à 
presença de um juiz ou outra autoridade autorizada por lei a exercer funções 
judiciais e tem o direito de ser julgada em prazo razoável ou de ser posta em 
CS – DIREITOS HUMANOS 2022 131 
 
Disponibilizado exclusivamente para 
 
 
 
 
. 
 
Concluiu a Corte que: 
 
a) Os procedimentos jurídicos consagrados nos artigos 25.1 e 7º, 6 da CADH não podem 
ser suspensos, conforme o artigo 27.2 da mesma, porque constituem garantias judiciais 
indispensáveis para proteção dos direitos e liberdades, que também não podem ser suspensas, 
conforme a mesma disposição. 
 
 
OPINIÃO CONSULTIVA 9/87: 
 
Formulada pelo Uruguai. 
 
Indagaram-se quais os direitos não podem ser suspensos em caso de guerra, perigo público 
ou emergência, com o intuito que fosse dado uma interpretação harmônica dos artigos 27 (2), 25 e 
8º da CADH. 
liberdade, sem prejuízo de que prossiga o processo. Sua liberdade pode ser 
condicionada a garantias que assegurem o seu comparecimento em juízo. 
6. Toda pessoa privada da liberdade tem direito a recorrer a um juiz ou 
tribunal competente, a fim de que este decida, sem demora, sobre a 
legalidade de sua prisão ou detenção e ordene sua soltura, se a prisão ou a 
detenção forem ilegais. Nos Estados-partes cujas leis preveem que toda 
pessoa que se vir ameaçada de ser privada de sua liberdade tem direito a 
recorrer a um juiz ou tribunal competente, a fim de que este decida sobre a 
legalidade de tal ameaça, tal recurso não pode ser restringido nem abolido. 
O recurso pode ser interposto pela própria pessoa ou por outra pessoa. 
7. Ninguém deve ser detido por dívidas. Este princípio não limita os 
mandados de autoridade judiciária competente expedidos em virtude de 
inadimplemento de obrigação alimentar. 
Artigo 27 - Suspensão de garantias 
1. Em caso de guerra, de perigo público, ou de outra emergência que ameace 
a independência ou segurança do Estado-parte, este poderá adotar as 
disposições que, na medida e pelo tempo estritamente limitados às 
exigências da situação, suspendam as obrigações contraídas em virtude 
desta Convenção, desde que tais disposições não sejam incompatíveis com 
as demais obrigações que lhe impõe o Direito Internacional e não encerrem 
discriminação alguma fundada em motivos de raça, cor, sexo, idioma, religião 
ou origem social. 
2. A disposição precedente não autoriza a suspensão dos direitos 
determinados nos seguintes artigos: 3 (direito ao reconhecimento da 
personalidade jurídica), 4 (direito à vida), 5 (direito à integridade pessoal), 6 
(proibição da escravidão e da servidão), 9 (princípio da legalidade e da 
retroatividade), 12 (liberdade de consciência e religião), 17 (proteção da 
família), 18 (direito ao nome), 19 (direitos da criança), 20 (direito à 
nacionalidade) e 23 (direitos políticos), nem das garantias indispensáveis 
para a proteção de tais direitos. 
3. Todo Estado-parte no presente Pacto que fizer uso do direito de suspensão 
deverá comunicar imediatamente aos outros Estados-partes na presente 
Convenção, por intermédio do Secretário Geral da Organização dos Estados 
Americanos, as disposições cuja aplicação haja suspendido, os motivos 
determinantes da suspensão e a data em que haja dado por terminada tal 
suspensão. 
CS – DIREITOS HUMANOS 2022 132 
 
Disponibilizado exclusivamente para 
 
 
 
 
. 
Artigo 8º - Garantias judiciais 
1. Toda pessoa terá o direito de ser ouvida, com as devidas garantias e dentro 
de um prazo razoável, por um juiz ou Tribunal competente, independente e 
imparcial, estabelecido anteriormente por lei, na apuração de qualquer 
acusação penal formulada contra ela, ou na determinação de seus direitos e 
obrigações de caráter civil, trabalhista, fiscal ou de qualquer outra natureza. 
2. Toda pessoa acusada de um delito tem direito a que se presuma sua 
inocência, enquanto não for legalmente comprovada sua culpa. Durante o 
processo, toda pessoa tem direito, em plena igualdade, às seguintes 
garantias mínimas: 
a) direito do acusado de ser assistido gratuitamente por um tradutor ou 
intérprete, caso não compreenda ou não fale a língua do juízo ou tribunal; 
b) comunicação prévia e pormenorizada ao acusado da acusação formulada; 
c) concessão ao acusado do tempo e dos meios necessários à preparação 
de sua defesa; 
d) direito do acusado de defender-se pessoalmente ou de ser assistido por 
um defensor de sua escolha e de comunicar-se, livremente e em particular, 
com seu defensor; 
e) direito irrenunciável de ser assistido por um defensor proporcionado pelo 
Estado, remunerado ou não, segundo a legislação interna, se o acusado não 
se defender ele próprio, nem nomear defensor dentro do prazo estabelecido 
pela lei; 
f) direito da defesa de inquirir as testemunhas presentes no Tribunal e de 
obter o comparecimento, como testemunhas ou peritos, de outras pessoas 
que possam lançar luz sobre os fatos; 
g) direito de não ser obrigada a depor contra si mesma, nem a confessar-se 
culpada; e 
h) direito de recorrer da sentença a juiz ou tribunal superior. 
3. A confissão do acusado só é válida se feita sem coação de nenhuma 
natureza. 
4. O acusado absolvido por sentença transitada em julgado não poderá ser 
submetido a novo processo pelos mesmos fatos. 
5. O processo penal deve ser público, salvo no que for necessário para 
preservar os interesses da justiça. 
 
Artigo 25 - Proteção judicial 
1. Toda pessoa tem direito a um recurso simples e rápido ou a qualquer outro 
recurso efetivo, perante os juízes ou tribunais competentes, que a proteja 
contra atos que violem seus direitos fundamentais reconhecidos pela 
Constituição, pela lei ou pela presente Convenção, mesmo quando tal 
violação seja cometida por pessoas que estejam atuando no exercício de 
suas funções oficiais. 
2. Os Estados-partes comprometem-se: 
a) a assegurar que a autoridade competente prevista pelo sistema legal do 
Estado decida sobre os direitos de toda pessoa que interpuser tal recurso; 
b) a desenvolver as possibilidades de recurso judicial; e 
c) a assegurar o cumprimento, pelas autoridades competentes, de toda 
decisão em que se tenha considerado procedente o recurso. 
 
Artigo 27 - Suspensão de garantias 
1. Em caso de guerra, de perigo público, ou de outra emergência que ameace 
a independência ou segurança do Estado-parte, este poderá adotar as 
CS – DIREITOS HUMANOS 2022 133 
 
Disponibilizado exclusivamente para 
 
 
 
 
. 
 
Antes de externar suas conclusões, a Corte percorreu uma série de direitos e garantias 
consagrados na CADH. Destaque-se a preocupação voltada à proteção da liberdade individual da 
pessoa; a lisura e a imparcialidade diante dos remédios processuais adequados (que devem ser 
efetivos) à proteção de tais garantias. Para a Corte, a simples previsão de tais direitos no 
ordenamento interno, sem que o Estado forneça os meios para o seu exercício efetivo, é ineficaz. 
A Corte concluiu que: 
 
a) As garantias judiciais indispensáveis para a proteção dos direitos humanos não 
suscetíveis de suspensão, segundo o disposto no artigo 27.2 da Convenção, são aquelas as quais 
se refere expressamente nos artigos 7º(6) e 25.1, consideradas dentro do âmbito e segundoos 
princípios do artigo 8º e também as inerentes às liberdades individuais. 
OPINIÃO CONSULTIVA 10/89: 
 
Feita pela Colômbia. 
 
Indagou-se a possibilidade da Corte, nos termos do art. 64 da CADH, emitir opiniões 
consultivas acerca da interpretação das normas contidas na Declaração Americana dos Direitos e 
Deveres do Homem, a qual não se trata de um tratado propriamente dito. 
 
disposições que, na medida e pelo tempo estritamente limitados às 
exigências da situação, suspendam as obrigações contraídas em virtude 
desta Convenção, desde que tais disposições não sejam incompatíveis com 
as demais obrigações que lhe impõe o Direito Internacional e não encerrem 
discriminação alguma fundada em motivos de raça, cor, sexo, idioma, religião 
ou origem social. 
2. A disposição precedente não autoriza a suspensão dos direitos 
determinados nos seguintes artigos: 3 (direito ao reconhecimento da 
personalidade jurídica), 4 (direito à vida), 5 (direito à integridade pessoal), 6 
(proibição da escravidão e da servidão), 9 (princípio da legalidade e da 
retroatividade), 12 (liberdade de consciência e religião), 17 (proteção da 
família), 18 (direito ao nome), 19 (direitos da criança), 20 (direito à 
nacionalidade) e 23 (direitos políticos), nem das garantias indispensáveis 
para a proteção de tais direitos. 
3. Todo Estado-parte no presente Pacto que fizer uso do direito de suspensão 
deverá comunicar imediatamente aos outros Estados-partes na presente 
Convenção, por intermédio do Secretário Geral da Organização dos Estados 
Americanos, as disposições cuja aplicação haja suspendido, os motivos 
determinantes da suspensão e a data em que haja dado por terminada tal 
suspensão 
Artigo 64 - 1. Os Estados-membros da Organização poderão consultar a 
Corte sobre a interpretação desta Convenção ou de outros tratados 
concernentes à proteção dos direitos humanos nos Estados americanos. 
Também poderão consultá-la, no que lhes compete, os órgãos enumerados 
no capítulo X da Carta da Organização dos Estados Americanos, reformada 
pelo Protocolo de Buenos Aires. 
2. A Corte, a pedido de um Estado-membro da Organização, poderá emitir 
pareceres sobre a compatibilidade entre qualquer de suas leis internas e os 
mencionados instrumentos internacionais. 
CS – DIREITOS HUMANOS 2022 134 
 
Disponibilizado exclusivamente para 
 
 
 
 
. 
Ao longo da análise, a Corte afirmou que, diante de uma interpretação sistematizada, os 
Estados-Parte entendem que a Declaração contém e define os direitos humanos essenciais 
contidos na Carta da OEA. Assim, não se pode interpretar e aplicar a Carta da OEA, em matéria de 
direitos humanos, sem integrar as normas com ela pertinente, constantes na Declaração. 
Concluiu a Corte: 
 
a) O art. 64 da CADH autoriza a Corte a emitir opiniões consultivas sobre a interpretação da 
Declaração, dentro dos limites de sua competência em relação à Carta da OEA e a Convenção. 
OPINIÃO CONSULTIVA 11/90. 
 
Feita pela Comissão Interamericana de Direitos Humanos. 
 
Indagou-se a possibilidade de aplicação das exceções sobre o esgotamento interno, 
previstas no art. 46 da CADH, aos casos de miserabilidade do requerente e a inexistência de 
advogado que defenda os interesses do requerente, tendo em vista o temor de represálias. 
 
 
Concluiu a Corte que: 
 
a) Por razoes de indigência ou por temor do advogado para representar legalmente um 
reclamante ante a Comissão, for impedido de utilizar os recursos internos necessários para proteger 
um direito garantido pela Convenção, não pode exigir seu esgotamento. 
b) Se um Estado provar a disponibilidade dos recursos internos o reclamante deverá 
demonstrar que a ele deverá ser aplicada as exceções do artigo 46.2 e que foi impedido de obter a 
assistência legal necessária para a proteção dos direitos garantidos pela Convenção. 
OPINIÃO CONSULTIVA 12/91 
Artigo 46 - Para que uma petição ou comunicação apresentada de acordo 
com os artigos 44 ou 45 seja admitida pela Comissão, será necessário: 
a) que hajam sido interpostos e esgotados os recursos da jurisdição interna, 
de acordo com os princípios de Direito Internacional geralmente 
reconhecidos; 
b) que seja apresentada dentro do prazo de seis meses, a partir da data em 
que o presumido prejudicado em seus direitos tenha sido notificado da 
decisão definitiva; 
c) que a matéria da petição ou comunicação não esteja pendente de outro 
processo de solução internacional; e 
d) que, no caso do artigo 44, a petição contenha o nome, a nacionalidade, a 
profissão, o domicílio e a assinatura da pessoa ou pessoas ou do 
representante legal da entidade que submeter a petição. 
2. As disposições das alíneas "a" e "b" do inciso 1 deste artigo não se 
aplicarão quando: 
a) não existir, na legislação interna do Estado de que se tratar, o devido 
processo legal para a proteção do direito ou direitos que se alegue tenham 
sido violados; 
b) não se houver permitido ao presumido prejudicado em seus direitos o 
acesso aos recursos da jurisdição interna, ou houver sido ele impedido de 
esgotá-los; e 
c) houver demora injustificada na decisão sobre os mencionados recursos. 
CS – DIREITOS HUMANOS 2022 135 
 
Disponibilizado exclusivamente para 
 
 
 
 
. 
Solicitada pela Costa Rica. 
 
Indagou-se a compatibilidade de projeto de lei que reforma a garantia do duplo grau de 
jurisdição com o art. 8, 2, h da CADH. 
 
Artigo 8º - Garantias judiciais 
1. Toda pessoa terá o direito de ser ouvida, com as devidas garantias e 
dentro de um prazo razoável, por um juiz ou Tribunal competente, 
independente e imparcial, estabelecido anteriormente por lei, na apuração de 
qualquer acusação penal formulada contra ela, ou na determinação de seus 
direitos e obrigações de caráter civil, trabalhista, fiscal ou de qualquer outra 
natureza. 
2. Toda pessoa acusada de um delito tem direito a que se presuma sua 
inocência, enquanto não for legalmente comprovada sua culpa. Durante o 
processo, toda pessoa tem direito, em plena igualdade, às seguintes 
garantias mínimas: 
a) direito do acusado de ser assistido gratuitamente por um tradutor ou 
intérprete, caso não compreenda ou não fale a língua do juízo ou tribunal; 
b) comunicação prévia e pormenorizada ao acusado da acusação formulada; 
c) concessão ao acusado do tempo e dos meios necessários à preparação 
de sua defesa; 
d) direito do acusado de defender-se pessoalmente ou de ser assistido por 
um defensor de sua escolha e de comunicar-se, livremente e em particular, 
com seu defensor; 
e) direito irrenunciável de ser assistido por um defensor proporcionado pelo 
Estado, remunerado ou não, segundo a legislação interna, se o acusado não 
se defender ele próprio, nem nomear defensor dentro do prazo estabelecido 
pela lei; 
f) direito da defesa de inquirir as testemunhas presentes no Tribunal e de 
obter o comparecimento, como testemunhas ou peritos, de outras pessoas 
que possam lançar luz sobre os fatos; 
g) direito de não ser obrigada a depor contra si mesma, nem a confessar-se 
culpada; e 
h) direito de recorrer da sentença a juiz ou tribunal superior. 
3. A confissão do acusado só é válida se feita sem coação de nenhuma 
natureza. 
4. O acusado absolvido por sentença transitada em julgado não poderá ser 
submetido a novo processo pelos mesmos fatos. 
5. O processo penal deve ser público, salvo no que for necessário para 
preservar os interesses da justiça. 
 
Concluiu a Corte que: 
 
a) Diante da faculdade de não se manifestar, optou por não responder à consulta, a fim de 
que não desvirtuasse a aplicação de sua jurisdição contenciosa, pois havia petições contra o Estado 
solicitante tratando sobre o tema. 
OPINIÃO CONSULTIVA 13/93 
 
Feita pelos Estados da Argentina e Uruguai. 
 
Requereu-se, à luz da interpretação da CADH, uma delimitação de determinadas atribuições 
da Comissão Interamericana de Direitos Humanos. 
CS – DIREITOS HUMANOS 2022 136 
 
Disponibilizadoexclusivamente para 
 
 
 
 
. 
Formularam três questões: 
 
• Pode a Comissão manifestar-se sobre a regularidade jurídica de leis internas adotadas 
em consonância com as respectivas Constituições, quanto a razoabilidade, conveniência 
ou autenticidade? 
• Pode a Comissão, após ter declarado inadmissível uma solução, pronunciar-se sobre o 
mérito dela? 
• Podem-se condensar, em um só, os relatórios previstos nos artigos 50 e 51 da CADH. É 
possível o relatório do art. 50 ser publicado antes do previsto no art. 51? 
 
 
A Corte concluiu que: 
 
a) A Comissão, nos termos dos artigos 41 e 42, é competente para qualificar qualquer norma 
de direito interno de um Estado, como violadora de obrigações que este tenha assumida ao ratificar 
a CADH. No entanto, não possui competência para determinar se determinada norma contradiz ou 
não o ordenamento jurídico interno. 
 
Artigo 50 - 1. Se não se chegar a uma solução, e dentro do prazo que for 
fixado pelo Estatuto da Comissão, esta redigirá um relatório no qual exporá 
os fatos e suas conclusões. Se o relatório não representar, no todo ou em 
parte, o acordo unânime dos membros da Comissão, qualquer deles poderá 
agregar ao referido relatório seu voto em separado. Também se agregarão 
ao relatório as exposições verbais ou escritas que houverem sido feitas pelos 
interessados em virtude do inciso 1, "e", do artigo 48. 
2. O relatório será encaminhado aos Estados interessados, aos quais não 
será facultado publicá-lo. 
3. Ao encaminhar o relatório, a Comissão pode formular as proposições e 
recomendações que julgar adequadas. 
Artigo 51 - 1. Se no prazo de três meses, a partir da remessa aos Estados 
interessados do relatório da Comissão, o assunto não houver sido 
solucionado ou submetido à decisão da Corte pela Comissão ou pelo Estado 
interessado, aceitando sua competência, a Comissão poderá emitir, pelo voto 
da maioria absoluta dos seus membros, sua opinião e conclusões sobre a 
questão submetida à sua consideração. 
2. A Comissão fará as recomendações pertinentes e fixará um prazo dentro 
do qual o Estado deve tomar as medidas que lhe competir para remediar a 
situação examinada. 
3. Transcorrido o prazo fixado, a Comissão decidirá, pelo voto da maioria 
absoluta dos seus membros, se o Estado tomou ou não as medidas 
adequadas e se pública ou não seu relatório. 
Artigo 41 - A Comissão tem a função principal de promover a observância e 
a defesa dos direitos humanos e, no exercício de seu mandato, tem as 
seguintes funções e atribuições: 
a) estimular a consciência dos direitos humanos nos povos da América; 
b) formular recomendações aos governos dos Estados-membros, quando 
considerar conveniente, no sentido de que adotem medidas progressivas em 
prol dos direitos humanos no âmbito de suas leis internas e seus preceitos 
constitucionais, bem como disposições apropriadas para promover o devido 
respeito a esses direitos; 
CS – DIREITOS HUMANOS 2022 137 
 
Disponibilizado exclusivamente para 
 
 
 
 
. 
 
b) Após a declaração de inadmissibilidade de uma petição ou comunicação individual, a 
Comissão não pode mais manifestar-se sobre ela, em respeito ao princípio da segurança jurídica, 
bem como ao propósito e objeto da CADH. 
c) Os artigos 50 e 51 da CADH contemplam relatórios diferentes, embora tenham conteúdos 
similares. Por isso, o primeiro não pode ser publicado. 
OPINIÃO CONSULTIVA 14/94. 
 
Feita pela Comissão Interamericana de Direitos Humanos. 
 
Perguntaram-se as consequências da edição de uma lei contrária à CADH, tanto em relação 
ao Estado quanto aos seus agentes (responsabilização). 
Concluiu a Corte que: 
 
a) A expedição de uma lei manifestadamente contraria as obrigações assumidas por um 
Estado, ao ratificar ou aderir a Convenção, constitui sua violação. Quando a violação afetar os 
direitos e as liberdades dos indivíduos, gera a responsabilidade internacional de tal Estado. 
b) O cumprimento, por parte de agentes ou funcionários do Estado, de uma lei 
manifestamente contrária a Convenção, gera responsabilidade internacional para o Estado. Quando 
o ato constituir, por si só, um crime internacional, gera também a responsabilidade internacional dos 
agentes ou funcionários que o executaram. 
OPINIÃO CONSULTIVA 15/97. 
 
Feita pelo Chile. 
c) preparar estudos ou relatórios que considerar convenientes para o 
desempenho de suas funções; 
d) solicitar aos governos dos Estados-membros que lhe proporcionem 
informações sobre as medidas que adotarem em matéria de direitos 
humanos; 
e) atender às consultas que, por meio da Secretaria Geral da Organização 
dos Estados Americanos, lhe formularem os Estados-membros sobre 
questões relacionadas com os direitos humanos e, dentro de suas 
possibilidades, prestar-lhes o assessoramento que lhes solicitarem; 
f) atuar com respeito às petições e outras comunicações, no exercício de sua 
autoridade, de conformidade com o disposto nos artigos 44 a 51 desta 
Convenção; e 
g) apresentar um relatório anual à Assembleia Geral da Organização dos 
Estados Americanos. 
 
Artigo 42 - Os Estados-partes devem submeter à Comissão cópia dos 
relatórios e estudos que, em seus respectivos campos, submetem 
anualmente às Comissões Executivas do Conselho Interamericano 
Econômico e Social e do Conselho Interamericano de Educação, Ciência e 
Cultura, a fim de que aquela zele para que se promovam os direitos 
decorrentes das normas econômicas, sociais e sobre educação, ciência e 
cultura, constantes da Carta da Organização dos Estados Americanos, 
reformada pelo Protocolo de Buenos Aires. 
CS – DIREITOS HUMANOS 2022 138 
 
Disponibilizado exclusivamente para 
 
 
 
 
. 
Indagou-se acerca da competência para propor e exercer o direito de consulta e à 
possibilidade do Estado que formula a consulta ter legitimidade para dela desistir, retirando a 
matéria consultiva da esfera de competência jurisdicional da Corte. Além disso, sobre a 
interpretação do art. 51 da CADH. 
 
Na apreciação de tais pontos, foi desenvolvida uma profunda interpretação acerca do artigo 
64 da Convenção e dos princípios norteadores da jurisdição internacional, no sentido de se 
estabelecer qual o pressuposto de atuação da jurisdição internacional e quais os alicerces em que 
se fundamenta. Afirmando-se o procedimento consultivo internacional, que não se mostra relevante 
apenas às partes envolvidas no caso que ensejou a consulta, mas a todos os Estados membros da 
OEA, que podem se valer do parecer e votos dissidente e concorrente emitidos, formando um 
verdadeiro juízo de valor, norteador de sua atuação no cumprimento das obrigações 
internacionalmente assumidas. 
A Corte concluiu que: 
 
Obs.: Não foi uma decisão unanime. 
 
a) O Estado que solicita uma opinião consultiva não é o único interessado nela e mesmo 
quando pode dela desistir, sua desistência não é vinculativa para a Corte, que pode continuar a 
tramitação do assunto. 
b) A Comissão, no exercício das funções conferidas pelo artigo 51, não está autorizada a 
modificar opiniões, conclusões e recomendações transmitidas a um Estado Membro, salvo nas 
circunstâncias excepcionais previstas nos artigos 54 a 59. 
c) O pedido de modificação somente se dará pelas partes interessadas, os peticionários e 
os Estados, antes da publicação do próprio informe, dentro de um prazo razoável contado a partir 
de sua notificação. Nessas hipóteses, deve ser conferida a parte oportunidade de se manifestar, de 
acordo com o princípio da equidade processual. De qualquer forma, sob nenhuma hipótese fica 
autorizada a expedição de um terceiro parecer. 
OPINIÃO CONSULTIVA 16/99: 
 
Formulada pelo México. 
 
Indagou-se acerca do direito de informação sobre a possibilidade de assistência consular, 
no âmbito das garantias processuais penais. 
Artigo 51 - 1. Se no prazo de três meses, a partir da remessa aos Estados 
interessados do relatório da Comissão, o assunto não houver sido

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