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DIREITOS HUMANOS Edição 2022.1 DIREITOS HUMANOS APRESENTAÇÃO .......................................................................................................................... 8 TEORIA GERAL DOS DIREITOS HUMANOS ................................................................................ 9 1. CONCEITO .............................................................................................................................. 9 2. TERMINOLOGIA ..................................................................................................................... 9 2.1. DIREITOS FUNDAMENTAIS ............................................................................................ 9 2.2. DIREITOS DO HOMEM .................................................................................................. 10 2.3. LIBERDADES PÚBLICAS E LIBERDADES FUNDAMENTAIS ....................................... 10 2.4. DIREITOS HUMANOS FUNDAMENTAIS ....................................................................... 10 3. FUNDAMENTOS DOS DIREITOS HUMANOS ...................................................................... 10 3.1. NEGACIONISTA ............................................................................................................. 10 3.2. JUSNATURALISTA ........................................................................................................ 11 3.3. POSITIVISTA.................................................................................................................. 11 4. FONTES ................................................................................................................................ 11 4.1. CONVENÇÕES INTERNACIONAIS ............................................................................... 12 4.2. COSTUME INTERNACIONAL ........................................................................................ 12 4.3. PRINCÍPIOS GERAIS DO DIREITO ............................................................................... 13 4.4. DECISÕES JUDICIAIS E DOUTRINA ............................................................................ 13 4.5. OUTRAS FONTES ......................................................................................................... 13 5. CLASSIFICAÇÃO .................................................................................................................. 14 5.1. CLASSIFICAÇÃO CLÁSSICA – GERAÇÕES DE DIREITOS HUMANOS ...................... 14 5.1.1. 1ª Geração/Dimensão .............................................................................................. 14 5.1.2. 2ª Geração/Dimensão .............................................................................................. 14 5.1.3. 3ª Geração/Dimensão .............................................................................................. 15 5.2. CLASSIFICAÇÃO CONFORME O DIREITO INTERNACIONAL DOS DIREITOS HUMANOS ................................................................................................................................ 15 5.2.1. Direitos Civis ............................................................................................................ 15 5.2.2. Direitos Políticos ...................................................................................................... 19 5.2.3. Direitos Econômicos ................................................................................................ 20 5.2.4. Direitos sociais ......................................................................................................... 21 5.2.5. Direitos Culturais ..................................................................................................... 23 5.3. DIREITOS HUMANOS GLOBAIS ................................................................................... 23 6. PRINCÍPIOS DE INTERPRETAÇÃO ..................................................................................... 23 6.1. PRINCÍPIO PRO HOMINE OU PRO PERSONA............................................................. 24 6.2. PRINCÍPIO DA EFICÁCIA DIRETA OU DA AUTOEXECUTORIEDADE ......................... 24 6.3. PRINCÍPIO DA INTERPRETAÇÃO AUTÔNOMA ........................................................... 25 6.4. PRINCÍPIO DA INTERPRETAÇÃO EVOLUTIVA OU DINÂMICA ................................... 25 6.5. TEORIA DA MARGEM DE APRECIAÇÃO ...................................................................... 25 7. CARACTERÍSTICAS ............................................................................................................. 25 7.1. INERÊNCIA .................................................................................................................... 26 7.2. UNIVERSALIDADE ........................................................................................................ 26 7.3. INDIVISIBILIDADE E INTERDEPENDÊNCIA ................................................................. 27 7.4. TRANSNACIONALIDADE............................................................................................... 27 7.5. PROIBIÇÃO DO REGRESSO OU VEDAÇÃO DO RETROCESSO ................................ 28 7.6. IMPRESCRITIBILIDADE ................................................................................................ 28 7.7. INALIENABILIDADE ....................................................................................................... 28 7.8. IRRENUNCIABILIDADE ................................................................................................. 28 7.9. EFETIVIDADE ................................................................................................................ 28 . 7.10. HISTORICIDADE ............................................................................................................ 28 7.11. LIMITABILIDADE RELATIVIDADE ................................................................................. 28 7.12. ABERTURA, NÃO TIPICIDADE OU INEXAURIBILIDADE .............................................. 29 8. EVOLUÇÃO HISTÓRICA ....................................................................................................... 29 8.1. FASE PRÉ-ESTADO CONSTITUCIONAL ...................................................................... 29 8.1.1. A Antiguidade Oriental e o esboço da construção de direitos ................................... 29 8.1.2. A visão grega e a democracia ateniense.................................................................. 29 8.1.3. A República Romana ............................................................................................... 29 8.1.4. O Antigo e o Novo Testamento e as influências do cristianismo e da Idade Média .. 30 8.1.5. Resumo da ideia dos direitos humanos na Antiguidade: a liberdade dos antigos e a liberdade dos modernos ......................................................................................................... 30 8.2. CRISE DA IDADE MÉDIA, INÍCIO DA IDADE MODERNA E PRIMEIROS DIPLOMAS DE DIREITOS HUMANOS .............................................................................................................. 30 8.3. DEBATE DAS IDEIAS DE HOBBERS, GRÓCIO, LOCKE, ROUSSEAU E OS ILUMINISTAS ............................................................................................................................ 30 8.4. FASE DO CONSTITUCIONALISMO LIBERAL E DAS DECLARAÇÕES DE DIREITOS.31 8.5. FASE DO SOCIALISMO E DO CONSTITUCIONALISMO SOCIAL ................................ 31 8.6. INTERNACIONALIZAÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS ................................................ 31 9. PRECEDENTES HISTÓRICOS DO DIREITO INTERNACIONAL DOS DIREITOS HUMANOS 31 9.1. DIREITO HUMANITÁRIO ............................................................................................... 31 9.2. LIGA DAS NAÇÕES .......................................................................................................32 9.3. ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL DO TRABALHO...................................................... 32 10. EIXOS DE PROTEÇÃO ..................................................................................................... 32 10.1. DIREITO INTERNACIONAL DOS DIREITOS HUMANOS .............................................. 32 10.2. DIREITO INTERNACIONAL HUMANITÁRIO .................................................................. 33 10.3. DIREITO INTERNACIONAL DOS REFUGIADOS ........................................................... 33 TEORIA GERAL DOS SISTEMAS INTERNACIONAIS DE PROTEÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS ................................................................................................................................... 34 1. ELEMENTOS CARACTERIZADORES .................................................................................. 34 1.1. NORMAS ........................................................................................................................ 34 1.2. ÓRGÃOS ........................................................................................................................ 34 1.3. MECANISMOS DE PROTEÇÃO ..................................................................................... 34 2. ESPÉCIES DE SISTEMA INTERNACIONAL ......................................................................... 35 3. PRINCÍPIOS .......................................................................................................................... 35 3.1. PRINCÍPIO DA COEXISTÊNCIA .................................................................................... 35 3.2. PRINCÍPIO DA LIVRE ESCOLHA .................................................................................. 35 3.3. PRINCÍPIO DA SUBSIDIARIEDADE OU DA COMPLEMENTARIEDADE ....................... 35 3.4. PRINCÍPIO DA COOPERAÇÃO ..................................................................................... 36 SISTEMA GLOBAL DE PROTEÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS ............................................... 37 1. EVOLUÇÃO HISTÓRICA ....................................................................................................... 37 1.1. CARTA DE SÃO FRANCISCO ....................................................................................... 37 1.2. DECLARAÇÃO UNIVERSAL DE DIREITOS HUMANOS ................................................ 37 1.3. PACTOS INTERNACIONAIS DE DIREITOS HUMANOS ................................................ 37 1.4. MECANISMOS DE PROTEÇÃO ..................................................................................... 39 2. ARQUITETURA NORMATIVA DO SISTEMA GLOBAL.......................................................... 39 3. ESTRUTURA DA ONU .......................................................................................................... 40 4. MECANISMOS DE PROTEÇÃO AOS DIREITOS HUMANOS ............................................... 41 4.1. CONCEITO ..................................................................................................................... 41 . 4.2. MECANISMOS CONVENCIONAIS x MECANISMOS EXTRACONVENCIONAIS ........... 41 4.3. MECANISMOS CONVENCIONAIS ................................................................................. 42 4.3.1. Mecanismos convencionais não contenciosos ......................................................... 43 4.3.2. Mecanismos convencionais quase-contenciosos ..................................................... 44 4.3.3. Mecanismos convencional contencioso ................................................................... 44 4.4. MECANISMOS EXTRACONVENCIONAIS ..................................................................... 45 4.4.1. Procedimentos especiais ......................................................................................... 45 4.4.2. Procedimento de queixa .......................................................................................... 45 4.4.3. Revisão periódica universal ..................................................................................... 46 5. DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS (DUDH) ....................................... 47 6. PACTO INTERNACIONAL SOBRE DIREITOS CIVIS E POLÍTICOS ..................................... 50 6.1. PROTOCOLOS FACULTATIVOS ................................................................................... 57 6.2. MECANISMO DE PROTEÇÃO: COMITÊ DE DIREITOS HUMANOS ............................. 57 6.3. CASO LULA ................................................................................................................... 61 7. PACTO INTERNACIONAL DE DIREITOS ECONÔMICOS, SOCIAIS E CULTURAIS (PIDESC) ...................................................................................................................................... 62 7.1. MECANISMO DE PROTEÇÃO: COMITÊ DE DIREITOS ECONÔMICOS, SOCIAIS E CULTURAIS .............................................................................................................................. 65 7.1.1. Comunicações individuais (queixas ou petições) ..................................................... 65 7.1.2. Comunicações interestatais ..................................................................................... 66 7.1.3. Procedimento de investigação ................................................................................. 66 8. CONVENÇÃO INTERNACIONAL SOBRE A ELIMINAÇÃO DE TODAS AS FORMAS DE DISCRIMINAÇÃO RACIAL ........................................................................................................... 66 8.1. COMITÊ PARA A ELIMINAÇÃO DA DISCRIMINAÇÃO RACIAL .................................... 68 9. CONVENÇÃO SOBRE A ELIMINAÇÃO DE TODAS AS FORMAS DE DISCRIMINAÇÃO CONTRA A MULHER ................................................................................................................... 69 9.1. PROTOCOLO FACULTATIVO À CONVENÇÃO SOBRE A ELIMINAÇÃO DE TODAS AS FORMAS DE DISCRIMINAÇÃO CONTRA A MULHER ............................................................. 71 9.2. COMITÊ SOBRE A ELIMINAÇÃO DA DISCRIMINAÇÃO CONTRA A MULHER ............ 71 10. CONVENÇÃO CONTRA A TORTURA E OUTROS TRATAMENTOS OU PENAS CRUÉIS, DESUMANOS OU DEGRADANTES ............................................................................................. 73 10.1. PROTOCOLO FACULTATIVO À CONVENÇÃO CONTRA A TORTURA E OUTROS TRATAMENTOS OU PENAS CRUÉIS, DESUMANOS OU DEGRADANTES ........................... 77 10.2. COMITÊ .......................................................................................................................... 78 10.3. SUBCOMITÊ PARA PREVENÇÃO DA TORTURA ......................................................... 82 11. CONVENÇÃO INTERNACIONAL SOBRE OS DIREITOS DA CRIANÇA ........................... 82 11.1. PROTOCOLO FACULTATIVO À CONVENÇÃO INTERNACIONAL SOBRE OS DIREITOS DAS CRIANÇAS, RELATIVO À VENDA DE CRIANÇAS, PROSTITUIÇÃO INFANTIL E PORNOGRAFIA INFANTIL .................................................................................................... 86 11.2. PROTOCOLO FACULTATIVO À CONVENÇÃO INTERNACIONAL SOBRE OS DIREITOS DA CRIANÇA, RELATIVO À PARTICIPAÇÃO DE CRIANÇAS EM CONFLITOS ARMADOS ................................................................................................................................ 86 11.3. COMITÊ SOBRE OS DIREITOS DAS CRIANÇAS ......................................................... 86 12. CONVENÇÃO INTERNACIONAL SOBRE OS DIREITOS DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA ............................................................................................................................... 88 12.1. PROTOCOLO FACULTATIVO À CONVENÇÃO SOBRE OS DIREITOS DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA .................................................................................................................. 91 12.2. COMITÊ DOS DIREITOS DAS PESSOASCOM DEFICIÊNCIAS ................................... 91 13. CONVENÇÃO PARA A PREVENÇÃO E PUNIÇÃO AO CRIME DE GENOCÍDIO .............. 92 . 14. CONVENÇÃO INTERNACIONAL PARA A PROTEÇÃO DE TODAS AS PESSOAS CONTRA OS DESAPARECIMENTOS FORÇADOS ..................................................................... 93 14.1. COMITÊ CONTRA DESAPARECIMENTOS FORÇADOS .............................................. 94 15. CONVENÇÃO PARA A PROTEÇÃO DOS DIREITOS DE TODOS OS TRABALHADORES MIGRANTES E MEMBROS DAS SUAS FAMÍLIAS ...................................................................... 96 15.1. COMITÊ .......................................................................................................................... 97 SISTEMA INTERAMERICANO DE PROTEÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS ............................. 98 1. EVOLUÇÃO HISTÓRICA ....................................................................................................... 98 1.1. 1ª ETAPA: ANTECEDENTES DA CRIAÇÃO .................................................................. 98 1.2. 2ª ETAPA: INAUGURAÇÃO E FORMAÇÃO DO SISTEMA ............................................ 99 1.3. 3ª ETAPA: INÍCIO DO PERÍODO DE MONITORAMENTO ........................................... 102 1.4. 4ª ETAPA: INSTITUCIONALIZAÇÃO CONVENCIONAL DO SISTEMA ........................ 102 1.5. 5ª ETAPA: CONSOLIDAÇÃO E APERFEIÇOAMENTO DO SISTEMA ......................... 102 2. DIVISÃO DO SISTEMA INTERAMERICANO ....................................................................... 103 3. COMISSÃO INTERAMERICANA DE DIREITOS HUMANOS ............................................... 103 3.1. CONCEITO ................................................................................................................... 103 3.2. ORIGEM ....................................................................................................................... 103 3.3. REGIME JURÍDICO ...................................................................................................... 104 3.4. FUNÇÕES .................................................................................................................... 104 3.5. COMPOSIÇÃO ............................................................................................................. 107 3.5.1. Membros................................................................................................................ 107 3.5.2. Processo de escolha dos membros ....................................................................... 107 3.5.3. Mandato ................................................................................................................ 109 3.5.4. Regime de incompatibilidades ............................................................................... 109 3.5.5. Impedimentos ........................................................................................................ 110 3.6. FUNCIONAMENTO ...................................................................................................... 110 3.6.1. Organização interna............................................................................................... 111 3.6.2. Período de sessões ............................................................................................... 112 3.6.3. Relatorias e grupos de trabalho ............................................................................. 112 3.6.4. Quórum de votação ............................................................................................... 114 3.7. IDIOMAS DE TRABALHO ............................................................................................. 114 4. CORTE INTERAMERICANA DE DIREITOS HUMANOS ..................................................... 114 4.1. CONCEITO ................................................................................................................... 114 4.2. ORIGEM ....................................................................................................................... 116 4.3. REGIME JURÍDICO ...................................................................................................... 116 4.4. COMPOSIÇÃO ............................................................................................................. 116 4.4.1. Membros................................................................................................................ 117 4.4.2. Requisitos para o cargo ......................................................................................... 117 4.4.3. Eleição ................................................................................................................... 118 4.4.4. Mandato ................................................................................................................ 119 4.4.5. Juiz ad hoc ............................................................................................................ 119 4.5. JURISDIÇÃO CONSULTIVA DA CORTE ..................................................................... 120 4.5.1. Previsão normativa ................................................................................................ 120 4.5.2. Finalidade .............................................................................................................. 120 4.5.3. Alcance .................................................................................................................. 121 4.5.4. Características do procedimento consultivo ........................................................... 121 4.5.5. Objeto da consulta ................................................................................................. 121 4.5.6. Procedimento de emissão de opinião consultiva .................................................... 123 4.5.7. Efeitos jurídicos das opiniões consultivas .............................................................. 123 . 4.5.8. Opiniões consultivas emitidas pela Corte ............................................................... 124 4.6. JURISDIÇÃO CONTENCIOSA DA CORTE INTERNACIONAL DE DIREITOS HUMANOS 151 4.6.1. Conceito ................................................................................................................ 151 4.6.2. (Im) possibilidade de “retirar” a aceitação da competência contenciosa .................... 152 4.6.3. Competência em razão da pessoa (ratione personae) ........................................... 152 4.6.1. Competência em razão da matéria (ratione materiae) ............................................ 152 4.6.2. Competência ratione temporis ............................................................................... 153 4.6.3. Competência ratione loci ....................................................................................... 153 4.6.4. Casos julgados pela Corte ..................................................................................... 153 5. APURAÇÃO DE RESPONSABILIDADE INTERNACIONAL DO ESTADO ........................... 153 5.1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS ........................................................................................ 153 5.2. PROCEDIMENTO PERANTE A COMISSÃO ................................................................ 154 5.2.1. Tramitação inicial ................................................................................................... 154 5.2.2. Procedimento de admissibilidade ........................................................................... 154 5.2.3. Procedimento sobre o mérito ................................................................................. 156 5.2.4. Relatório preliminar ................................................................................................ 157 5.2.5. Relatório definitivo ................................................................................................. 157 5.2.6. Acompanhamento.................................................................................................. 158 5.3. PROCEDIMENTO PERANTE A CORTE ...................................................................... 158 5.3.1. Submissão do caso pela CIDH e exame preliminar pela Presidência ..................... 158 5.3.2. Notificação do caso ................................................................................................ 159 5.3.3. Apresentação por escrito de petições .................................................................... 159 5.3.4. Contestação do Estado .......................................................................................... 159 5.3.5. Outros atos e procedimentos por escrito ................................................................ 160 5.3.6. Apresentação de amicus curiae ............................................................................. 160 5.3.7. Procedimento oral .................................................................................................. 160 5.3.8. Procedimento final escrito ...................................................................................... 160 5.3.9. Espaços de desistência e consenso ...................................................................... 161 5.3.10. Sentença ............................................................................................................... 161 6. MEDIDAS DE URGÊNCIA NO SISTEMA INTERAMERICANO ........................................... 161 6.1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS ........................................................................................ 161 6.2. MEDIDAS CAUTELARES DA COMISSÃO INTERAMERICANA DE DIREITOS HUMANOS .............................................................................................................................. 162 6 3. MEDIDAS PROVISÓRIAS DA CORTE INTERAMERICANA DE DIREITO HUMANOS 163 7. SISTEMA INTERAMERICANO DE PROTEÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS .................... 165 7.1. DIREITOS HUMANOS E ACESSO À JUSTIÇA ............................................................ 165 7.2. 100 REGRAS DE BRASÍLIA ......................................................................................... 166 7.2.1. Finalidade .............................................................................................................. 166 7.2.2. Natureza jurídica .................................................................................................... 166 7.2.3. Conceitos relevantes ............................................................................................. 166 7.3. A DEFENSORIA PÚBLICA E A OEA ............................................................................ 166 7.4. DEFENSORIA PÚBLICA INTERAMERICANA .............................................................. 167 7.4.1. Considerações iniciais ........................................................................................... 167 7.4.2. Conceito ................................................................................................................ 167 7.4.3. Modelos de oferecimento de assistência jurídica gratuita no âmbito de tribunais internacionais ....................................................................................................................... 167 SISTEMA EUROPEU DE PROTEÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS .......................................... 169 . 1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS ............................................................................................... 169 2. CONSELHO DA EUROPA ................................................................................................... 169 2.1. ESTRUTURA ................................................................................................................ 169 2.1.1. Secretário-geral ..................................................................................................... 169 2.1.2. Comitê de Ministros ............................................................................................... 169 2.1.3. Assembleia Parlamentar ........................................................................................ 169 2.1.4. Congresso dos Poderes Locais e Regionais .......................................................... 169 2.1.5. Tribunal Europeu de Direitos Humanos ................................................................. 169 2.1.6. Comissário para os Direitos Humanos ................................................................... 170 2.1.7. Conferência de ONGIs ........................................................................................... 170 2.1.8. Comitê Europeu para a Prevenção da Tortura e Outros Tratamentos ou Penas Cruéis 170 2.1.9. Comitê Europeu dos Direitos Sociais ..................................................................... 170 3. CONVENÇÃO EUROPEIA DE DIREITOS HUMANOS (CEDH) ........................................... 170 4. ÓRGÃOS DE MONITORAMENTO ...................................................................................... 171 5. TRIBUNAL EUROPEU DE DIREITOS HUMANOS (TEDH) ................................................. 171 SISTEMA AFRICANO DE PROTEÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS ......................................... 172 1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS ............................................................................................... 172 2. COMISSÃO AFRICANA DE DIREITOS HUMANOS E DOS POVOS ................................... 172 3. CORTE AFRICANA DE DH E DOS POVOS ........................................................................ 172 TRIBUNAL PENAL INTERNACIONAL ........................................................................................ 173 1. DIREITO INTERNACIONAL PENAL .................................................................................... 173 2. ANTECEDENTES HISTÓRICOS DO TRIBUNAL PENAL INTERNACIONAL ...................... 173 2.1. 1º ANTECEDENTE – TRATADO DE VERSAILLES, 1919 ............................................ 173 2 2. 2º ANTECEDENTE – TRIBUNAL INTERNACIONAL MILITAR DE NUREMBERG, 1945 174 2.3. 3º ANTECEDENTE – TRIBUNAL MILITAR INTERNACIONAL PARA O EXTREMO- ORIENTE (Tribunal de Tóquio), 1946 ...................................................................................... 174 2.4. 4º ANTECEDENTE – PRINCÍPIOS DE NUREMBERG, 1946 ...................................... 174 2.5. 5º ANTECEDENTE – CONVENÇÃO PARA A PREVENÇÃO E A PUNIÇÃO DO CRIME DE GENOCÍDIO, 1948 ............................................................................................................ 174 2.6. 6º ANTECEDENTE – RESOLUÇÕES Nº 827/1993 E 955/1994 DO CONSELHO DE SEGURANÇA DA ONU ........................................................................................................... 174 2.7. 7º ANTECEDENTE – ADOÇÃO DO ESTATUTO DO TP, 1998 ................................... 175 3. GERAÇÕES DE TRIBUNAIS PENAIS INTERNACIONAIS .................................................. 175 4. ESTRUTURA E FUNCIONAMENTO DO TPI ....................................................................... 175 5. COMPOSIÇÃO, CANDIDATURA E ELEIÇÃO DOS JUÍZES ................................................ 176 6. CRIMES DE COMPETÊNCIA DO TPI ................................................................................. 177 7. CONDIÇÕES PARA O EXERCÍCIO DA COMPETÊNCIA PELO TPI ................................... 182 8. DISPOSIÇÕES PENAIS APLICÁVEIS AO JULGAMENTO PELO TPI ................................. 183 8.1. NULLUM CRIMEN SINE LEGE .................................................................................... 183 8.2. NULLA POENA SINE LEGE ......................................................................................... 184 8.3. NÃO RETROATIVIDADE .............................................................................................. 184 8.4. RESPONSABILIDADE CRIMINAL INDIVIDUAL ...........................................................184 8.5. EXCLUSÃO DA JURISDIÇÃO RELATIVAMENTE A MENORES DE 18 ANOS ............ 185 8.6. IRRELEVÂNCIA DA QUALIDADE OFICIAL .................................................................. 185 8.7. RESPONSABILIDADE DOS CHEFES MILITARES E OUTROS SUPERIORES HIERÁRQUICOS ..................................................................................................................... 185 8.8. IMPRESCRITIBILIDADE .............................................................................................. 186 8.9. ELEMENTOS PSICOLÓGICOS .................................................................................... 186 . 8.10. CAUSAS DE EXCLUSÃO DA RESPONSABILIDADE CRIMINAL ................................. 186 8.11. ERRO DE FATO OU ERRO DE DIREITO .................................................................... 187 8.12. DECISÃO HIERÁRQUICA E DISPOSIÇÕES LEGAIS .................................................. 187 9. PENAS APLICADAS ............................................................................................................ 187 10. PROCEDIMENTO DE INVESTIGAÇÃO, INSTRUÇÃO, JULGAMENTO E EXECUÇÃO DA PENA 188 11. A RELAÇÃO DO BRASIL COM O TPI.............................................................................. 188 12. DECISÕES DO TRIBUNAL PENAL INTERNACIONAL .................................................... 189 12.1. CASO THOMAS LUBANGA DYILO .............................................................................. 189 12.2. CASO MATHIEU NGUDJOLO CHUI ............................................................................ 189 12.3. CASO GERMAIN KATANGA ........................................................................................ 190 12.4. CASO JEAN PIERRE BEMBA ...................................................................................... 190 12.5. CASO AHAMAD AL-FAQI AL-MAHDI ........................................................................... 190 12.6. CASO OMAR AL BASHIR “CASO DARFUR” ........................................................................ 190 CONTROLE DE CONVENCIONALIDADE .................................................................................. 191 1. CONCEITO .......................................................................................................................... 191 2. CLASSIFICAÇÃO ................................................................................................................ 191 3. OBJETIVOS......................................................................................................................... 191 4. DESENVOLVIMENTO DO CONTEÚDO E DO ALCANCE DO CONTROLE DE CONVENCIONALIDADE ............................................................................................................ 192 4.1. PRIMEIRA ETAPA ........................................................................................................ 192 4.2. SEGUNDA ETAPA ....................................................................................................... 192 4.3. TERCEIRA ETAPA ....................................................................................................... 192 5. ELEMENTOS OU CARACTERÍSTICAS DO CONTROLE DE CONVENCIONALIDADE CONFORME A JURISPRUDÊNCIA DA CORTE IDH ................................................................. 192 5.1. DEVE SER EXERCIDO DE OFÍCIO E NO MARCO DE COMPETÊNCIAS E REGULAÇÕES PROCESSUAIS CORRESPONDENTES ....................................................... 192 5.2. O CONTROLE DE CONVENCIONALIDADE É UMA OBRIGAÇÃO DE TODA AUTORIDADE PÚBLICA ......................................................................................................... 193 5.3. PARÂMETRO DO CONTROLE DE CONVENCIONALIDADE ...................................... 193 5.4. OBJETO DO CONTROLE DE CONVENCIONALIDADE ............................................... 193 5.5. PRINCÍPIO DA ATIPICIDADE DOS MEIOS DO CONTROLE DE CONVENCIONALIDADE ......................................................................................................... 193 SISTEMA NACIONAL DE DIREITOS HUMANOS....................................................................... 195 1. INCIDENTE DE DESLOCAMENTO DE COMPETÊNCIA .................................................... 195 1.1. PREVISÃO E CONSIDERAÇÕES ................................................................................ 195 1.2. REQUISITOS................................................................................................................ 195 1.3. LEGITIMIDADE ............................................................................................................ 195 1.4. COMPETÊNCIA ........................................................................................................... 195 1.5. JULGAMENTOS ........................................................................................................... 196 2. PROCESSO DE INCORPORAÇÃO DOS TRATADOS INTERNACIONAIS DE DIREITOS HUMANOS ................................................................................................................................. 198 2.1. PODERES ENVOLVIDOS NO PROCESSO DE INCORPORAÇÃO DO TRATADO NA ORDEM JURÍDICA INTERNA ................................................................................................. 198 2.2. FASES DO PROCESSO DE INCORPORAÇÃO DOS TRATADOS INTERNACIONAIS DE DIREITOS HUMANOS ............................................................................................................ 199 2.2.1. Fase de assinatura ................................................................................................ 199 2.2.2. Fase de apreciação legislativa ou fase congressual ............................................... 199 2.2.3. Fase de ratificação ................................................................................................ 199 2.2.4. Fase de promulgação ............................................................................................ 199 . 3. HIERARQUIA DOS TRATADOS .......................................................................................... 200 DIREITOS HUMANOS DOS GRUPOS VULNERÁVEIS ............................................................. 202 1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS ............................................................................................... 202 2. MULHERES ......................................................................................................................... 202 3. PESSOAS NEGRAS ............................................................................................................ 203 4. CRIANÇA E ADOLESCENTE .............................................................................................. 204 5. PESSOAS IDOSAS ............................................................................................................. 207 6. PESSOAS COM DEFICIÊNCIA ........................................................................................... 207 7. PESSOAS EM SITUAÇÃO DE RUA .................................................................................... 209 8. POVOS INDÍGENAS ........................................................................................................... 209 9. LGBTQI+ ............................................................................................................................. 210 10. QUILOMBOLAS ............................................................................................................... 211 11. REFUGIADOS ................................................................................................................. 211 CS – DIREITOS HUMANOS 2022 8 . APRESENTAÇÃO Olá! Inicialmente, gostaríamos de agradecer a confiança em nosso material. Esperamos que seja útil na sua preparação, em todas as fases. Quanto mais contato temos com uma mesma fontede estudo, mais familiarizados ficamos, o que ajuda na memorização e na compreensão da matéria. O Caderno Sistematizado de Direitos Humanos possui como base as aulas da Prof. Valério Mazzuoli e do Prof. Caio Paiva. Além disso, utilizamos as seguintes obras: Curso de Direitos Humanos, André de Carvalho Ramos; Curso de Direitos Humanos, Valério Mazzuoli; Jurisprudência Internacional de Direitos Humanos, Caio Paiva e Thimotie Heemann. Ademais, no Caderno constam os principais artigos dos tratados, mas, ressaltamos, que é necessária leitura conjunta do seu Vade Mecum, muitas questões são retiradas da legislação. Como você pode perceber, reunimos em um único material diversas fontes (aulas + doutrina + informativos + súmulas + lei seca + questões) tudo para otimizar o seu tempo e garantir que você faça uma boa prova. Por fim, como forma de complementar o seu estudo, não esqueça de fazer questões. É muito importante!! As bancas costumam repetir certos temas. Vamos juntos!! Bons estudos!! Equipe Cadernos Sistematizados. CS – DIREITOS HUMANOS 2022 9 . TEORIA GERAL DOS DIREITOS HUMANOS 1. CONCEITO Inicialmente, destaca-se que, a partir do estudo da Teoria Geral dos Direitos Humanos, há duas maneiras/técnicas de conceituar Direitos Humanos, quais sejam: generalista e específica. a) Generalista Não há diferença entre direitos humanos e direitos fundamentais. Portanto, direitos humanos seriam um conjunto de direito essenciais para a consecução de uma vida digna para todos os seres humanos, independentemente de previsão na Constituição ou em tratados internacionais. b) Específica É preciso diferenciar direitos fundamentais de direitos humanos, seja porque os mecanismos de proteção são distintos seja porque o Direito Internacional dos Direitos Humanos é ramo autônomo quando comparado ao Direito Constitucional. Assim, entendem que Direitos Humanos são aqueles necessários para a consecução de uma vida digna, previstos em instrumentos internacionais de proteção. Observe o conceito adotado por Caio Paiva, seguindo a técnica específica: “direitos humanos são o conjunto de direitos previstos em instrumentos internacionais1 que proporcionam a todos os seres, independentemente de qualquer condição2, a base essencial3 para que tenham uma vida digna e para que se protejam contra violações praticadas ou toleradas pelo Estado4” 1) Os direitos humanos estão previstos apenas nos instrumentos internacionais. Obviamente, que alguns também estarão previstos nas Constituições; 2) Não dependem de raça, etnia, gênero. Todos possuem direito a ter direitos; 3) Nem todo direito que é essencial para a pessoa é um direito humano, mas apenas a sua base essencial (mínimo); 4) As violações de direitos humanos são praticadas pelo Estado ou toleradas por ele. Por exemplo, quando “A” mata “B” não há uma violação de direitos humanos, mas quando um Policial mata um civil o direito estará violado. O mesmo ocorre quando o Estado não investiga o crime praticado por “A”. 2. TERMINOLOGIA Importante, ainda, diferenciar as diversas terminologias que, algumas vezes, são confundidas com direitos humanos. 2.1. DIREITOS FUNDAMENTAIS CS – DIREITOS HUMANOS 2022 10 Disponibilizado exclusivamente para . A expressão “direitos fundamentais” surgiu no contexto da proteção nacional dos direitos humanos (proteção internacional). 2.2. DIREITOS DO HOMEM Tal expressão é utilizada na Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão (França, 1789), na Declaração Americana dos Direitos e Deveres do Homem (Bogotá, 1948) e na Convenção Europeia dos Direitos do Homem (Roma, 1950). Contudo, após a Declaração Universal de Direitos Humanos passou a ser evitada, uma vez que possui caráter sexista, excluindo as mulheres. 2.3. LIBERDADES PÚBLICAS E LIBERDADES FUNDAMENTAIS Maior incidência na doutrina francesa, prioriza os direitos de primeira geração. 2.4. DIREITOS HUMANOS FUNDAMENTAIS Segue a técnica generalista, não fazendo distinção entre direitos fundamentais e direitos humanos. 3. FUNDAMENTOS DOS DIREITOS HUMANOS Estão relacionados à razão justificadora dos direitos humanos. Há uma série de teorias que visam justificar os direitos humanos, algumas até com sub-ramos, abordaremos as três principais: negacionista, jusnaturalista e positivistas. 3.1. NEGACIONISTA Norberto Bobbio é seu maior defensor. Nega qualquer possibilidade de encontrar um fundamento único ou absoluto para os direitos humanos, uma vez que há a expressão “direitos humanos” é muito vaga (não há consenso), 1 Caso queira aprofundar, recomenda-se a leitura do texto de Ingo Sarlet, publicado do site Conjur em 23 de janeiro de 2015 (https://www.conjur.com.br/2015-jan-23/direitos-fundamentais-aproximacoes-tensoes- existentes-entre-direitos-humanos-fundamentais) QP (oral): Qual a proteção mais ampla a dos direitos humanos ou a dos direitos fundamentais1? Pela via territorial, a proteção dos direitos humanos é mais ampla que a dos direitos fundamentais, tendo em vista que a proteção extravasa as fronteiras dos países. Contudo, sob o aspecto material, a proteção dos direitos fundamentais é mais ampla, especialmente no Brasil em que há uma Constituição Prolixa, em que se protege o FGTS, o 13º salário que não estão previstos em tratados internacionais. https://www.conjur.com.br/2015-jan-23/direitos-fundamentais-aproximacoes-tensoes-existentes-entre-direitos-humanos-fundamentais https://www.conjur.com.br/2015-jan-23/direitos-fundamentais-aproximacoes-tensoes-existentes-entre-direitos-humanos-fundamentais CS – DIREITOS HUMANOS 2022 11 . ademais o conteúdo é muito variado (direitos políticos, civis, econômicos, sociais, culturais) e, por fim, são dotados de heterogeneidade (cada região possui seu bloco de direitos humanos). 3.2. JUSNATURALISTA Sustenta que o ser humano possui direitos naturais anteriores e superiores ao Estado. Divide-se em: a) Escola de Direito Natural de Razão Divina – os direitos humanos são advindos de Deus. b) Escola de Direito Natural Moderno – os direitos humanos são inerentes à condição de ser humano. A Declaração Universal de Direitos Humanos possui inspiração jusnaturalista. Há alguns pontos frágeis na Teoria Jusnaturalistas: • Impossibilidade de comprovação empírica das escolas vistas acima; • Dificuldade em explicar a imutabilidade dos direitos naturais em razão da constante alteração do conteúdo de direitos essenciais ao indivíduo ao longo dos séculos 3.3. POSITIVISTA A fundamentação dos direitos humanos somente pode ser encontrada no ordenamento jurídico internacional, a exemplo de tratados, convenções. É criticada, tendo em vista que possui dificuldade de promover a observância aos direitos humanos em Estados que tenham se recusado a assinar, ratificar e incorporar na ordem jurídica interna os tratados que os preveem. 4. FONTES O tema “fontes de direitos humanos” está relacionado à origem do instituto, é tema reservado mais ao Direito Internacional Público, tanto que é encontrado no art. 38 do Estatuto da Corte Internacional de Justiça, são as mesmas fontes do Direito Internacional. Artigo 38 1. A Corte, cuja função seja decidir conforme o direito internacional as controvérsias que sejam submetidas, deverão aplicar; 2. As convenções internacionais, sejam gerais ou particulares, que estabeleçam regras expressamente reconhecidas pelos Estados litigantes; 3. O costume internacional como prova de uma prática geralmente aceita como direito; 4. Os princípios gerais do direito reconhecidos pelas nações civilizadas; 5. As decisões judiciais e as doutrinas dos publicitários de maior competência das diversas nações, como meio auxiliar para a determinação das regras de direito, sem prejuízo do disposto no Artigo 59. CS – DIREITOSHUMANOS 2022 12 . Segundo André de Carvalho Ramos, são fontes do Direito Internacional, apesar de não mencionadas no artigo 38, os atos unilaterais e as resoluções vinculantes das organizações internacionais. Importante ressaltar que não existe hierarquia entre as fontes principais. Embora seja mais fácil e prático aplicar um tratado internacional, pois está escrito, do que um costume internacional, algo “invisível”. 4.1. CONVENÇÕES INTERNACIONAIS Tradados são acordos juridicamente obrigatórios e vinculantes, firmados entre sujeitos de Direito Internacional, também chamados de Convenções, Pactos, Protocolo (documento adicional, tratado anexo a um tratado). Não se confundem com as declarações (DUDH e a Declaração Americana dos Direitos e Deveres do Homem, por exemplo) que, por não gerarem efeitos jurídicos (direitos e obrigações), não podem ser entendidas como tratados, constituindo categoria diversa. A Convenção de Viena, em ser art. 2.1 traz o seguinte conceito de tratado: Entende-se por regime objetivo dos tratados internacionais de direitos humanos, a ausência de caráter sinalagmático presente nos tratados ordinários do direito internacional. Ou seja, não há acordo de vontades entre os Estados Contratantes, o Estado ao aderir o tratado internacional de direitos humanos contrai obrigações, não há nenhum benefício subjetivo, por isso é considerado um regime objetivo. Nesse sentido, a Opinião Consultiva nº 2 da Corte Interamericana de Direitos Humanos: “29. A Corte deve enfatizar, porém, que os tratados modernos sobre direitos humanos, em geral, e, em particular, a Convenção Americana, não são tratados multilaterais do tipo tradicional, concluídos em função de um intercâmbio recíproco de direitos, para o benefício mútuo dos Estados contratantes. Seu objeto e fim são a proteção dos direitos fundamentais dos seres humanos, independentemente de sua nacionalidade, tanto frente a seu próprio Estado como frente aos outros Estados contratantes. Ao aprovar esses tratados sobre direitos humanos, os Estados se submetem a uma ordem geral dentro da qual eles, pelo bem comum, assumem várias obrigações, não em relação aos outros Estados, mas sim em relação aos indivíduos sob a sua jurisdição”. 4.2. COSTUME INTERNACIONAL O costume internacional resulta da prática geral e consistente dos Estados de reconhecer como válida e juridicamente exigível determinada obrigação. 6. A presente disposição não restringe a faculdade da Corte para decidir um litígio ex aequo et bono, se convier às partes Art. 2.1 - tratado significa um acordo internacional concluído por escrito entre Estados e regido pelo Direito Internacional, quer conste de um instrumento único, quer de dois ou mais instrumentos conexos, qualquer que seja sua denominação específica CS – DIREITOS HUMANOS 2022 13 . Os costumes aplicam-se a todos os Estados, até àqueles que deliberadamente recusaram- se a ratificação de um tratado internacional de direitos humanos, ou que tentaram liberar-se de uma das suas disposições por meio de reservas. O costume internacional é formado por dois elementos, quais sejam: a) Elemento objetivo: é a prática geral, ou seja, a conduta oficial de órgãos estatais; referem- se aos fatos interestaduais, e, por isso, podem ter relevância para a formação do novo Direito Internacional Público. b) Elemento subjetivo: é a opinião jurídica dos Estados. Determina que os atos praticados pelos Estados sejam uma obrigação jurídica, por isso surgem novos direitos. A Corte Internacional de Justiça decidiu expressamente pelo caráter de norma costumeira da Declaração Universal de Direitos Humanos, considerada como elemento de interpretação do conceito de direitos fundamentais insculpido na Carta da ONU. Por fim, salienta-se que um Estado somente pode deixar de cumprir um costume internacional quando tiver se comportado como um objetor persistente, que deve ocorrer durante o processo de formação do costume internacional, mediante manifestações permanentes e inequívocas de sua objeção a serem obrigados pelo respectivo costume. Tal figura não se aplica às normas de jus cogens, também conhecidas como normas imperativas ou cogentes, a exemplo do acesso à justiça. 4.3. PRINCÍPIOS GERAIS DO DIREITO Prevalece a posição de que os princípios gerais de direito internacional são aqueles aceitos por (quase) todos os ordenamentos jurídicos, a exemplo da boa-fé, do respeito à coisa julgada, do direito adquirido e do pacta sunt servanda. 4.4. DECISÕES JUDICIAIS E DOUTRINA São consideradas fontes auxiliares do Direito Internacional dos Direitos Humanos. a) Decisões judiciais: são as chamadas jurisprudências internacionais. São reiteradas decisões no mesmo sentido. Nota-se que é chamada de fonte auxiliar, pois não criam novos direitos, mas sim determinam o modo como devem ser interpretados. b) Doutrina: refere-se aos autores de renome. Além disso, inclui-se aqui a Comissão de Direito Internacional da ONU, criada pelas Nações Unidas para “incentivar o desenvolvimento progressivo do direito internacional e a sua codificação”. 4.5. OUTRAS FONTES Conforme mencionado, embora não constem no rol do art. 38 do Estatuto da CIJ, são considerados como fonte de DIDH: a) Atos unilaterais dos Estados: são atos que não possuem normatividade. Contudo, criam obrigações aos Estados que os proclamam. Assim, quando assumir unilateralmente um CS – DIREITOS HUMANOS 2022 14 . compromisso publicamente, mesmo quando não efetuado no contexto das negociações internacionais, o Estado deverá cumpri-lo obrigatoriamente, em respeito à boa-fé. b) Decisões de organizações internacionais: a partir do momento que um Estado é parte em uma organização internacional, ele assume obrigações para com ela, dentre as quais a de cumprir aquilo que vier a ser decidido em suas assembleias ou órgãos deliberativos. c) Analogia e equidade: são soluções eficientes para enfrentar o problema da falta de norma jurídica regulamentadora a determinado caso concreto, ou ainda para suprir a inutilidade da norma existente, a fim de que se possa solucionar, com um mínimo de justiça, o conflito de interesses. 5. CLASSIFICAÇÃO 5.1. CLASSIFICAÇÃO CLÁSSICA – GERAÇÕES DE DIREITOS HUMANOS Primeiramente, destaca-se que a doutrina moderna prefere a expressão “dimensões” e não “gerações”, pois esta traz a ideia de sucessão, contrariando o caráter complementar dos direitos humanos. Assim, com o surgimento de uma nova dimensão a anterior não deixa de existir. Bonavides afirma que a melhor expressão é “dimensão”, que se justifica tanto pelo fato de não existir realmente uma sucessão ou desaparecimento de uma geração por outra, mas também quando novo direito é reconhecido, os anteriores assumem uma nova dimensão, de modo a melhor interpretá-los e realizá-los. 5.1.1. 1ª Geração/Dimensão Surgiu com as revoluções burguesas dos séculos XVI e XIX. Englobam os direitos de liberdade, chamados de prestações negativas, nas quais o Estado deve proteger a esfera de autonomia do indivíduo. Assim, o Estado não poderia interferir na orbita individual, salvo para garantir a prevalência do máximo de liberdade possível para todos. Exemplos: direito à liberdade, igualdade perante a lei, propriedade, intimidade e segurança, traduzindo o valor de liberdade. 5.1.2. 2ª Geração/Dimensão Surgiu em decorrência da deplorável situação da população pobre das cidades industrializadas. Englobam os chamados direitos de igualdade. Impõe aos Estados obrigações positivas, defendendo a intervenção estatal, como forma de reparar a iniquidade vigente. Exemplos: direito à saúde, educação, previdência social, habitação. Obs.: Na concepção contemporânea dos Direitos Humanos, os direitos de 1ª Geração não envolvem apenas condutas negativas do Estado. Por exemplo,o direito de não ser torturado envolve uma conduta negativa do Estado (não torturar), mas quando o Estado deixa de fornecer condições dignas aos presos (água potável, ambiente adequado) também está torturando. Portanto, perceba que este direito demanda sim prestações positivas dos Estados. CS – DIREITOS HUMANOS 2022 15 . 5.1.3. 3ª Geração/Dimensão Englobam os chamados direitos de solidariedade. Exemplos: direito ao desenvolvimento, direito à paz (5ª Geração para Bonavides), direito à autodeterminação e, em especial, o direito ao meio ambiente equilibrado. Além disso, segundo Paulo Bonavides, há os direitos de quarta geração, decorrentes do desenvolvimento da globalização política, correspondente à derradeira fase de institucionalização do Estado Social. Exemplos: direito à democracia, direito à informação. 5.2. CLASSIFICAÇÃO CONFORME O DIREITO INTERNACIONAL DOS DIREITOS HUMANOS 5.2.1. Direitos Civis São os direitos de autonomia do indivíduo contra interferências indevidas do Estado ou de terceiros. Assim, o conteúdo de tais direitos é relativo à proteção dos atributos da personalidade e dignidade da pessoa humana. Liberdade-autonomia. O Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos prevê, expressamente, os seguintes direitos civis: a) Direito à vida (art. 6º), estabelecendo restrições à prática da pena de morte; b) Direito à integridade física, abolindo os tratamentos cruéis, degradantes e desumanos (art. 7º); Art. 6º 1. O direito à vida é inerente à pessoa humana. Este direito deverá ser protegido pela lei. Ninguém poderá ser arbitrariamente privado de sua vida. 2. nos Países em que a pena de morte não tenha sido abolida, esta poderá ser imposta apenas nos casos de crimes mais graves, em conformidade com legislação vigente na época em que o crime foi cometido e que não esteja em conflito com as disposições do presente pacto, nem com a Convenção sobre a Prevenção e a Punição do Crime de Genocídio. Poder-se-á aplicar essa pena apenas em decorrência de uma sentença transitada em julgado e proferida por tribunal competente. 3. Quando a privação da vida constituir um crime de genocídio, entende-se que nenhuma disposição do presente artigo autorizará qualquer Estado Parte do presente pacto a eximir-se, de modo algum, do cumprimento de quaisquer das obrigações que tenham assumido em virtude das disposições da Convenção sobre a Prevenção e a Punição do Crime de Genocídio. 4. Qualquer condenado à morte terá o direito de pedir indulto ou comutação da pena. A anistia, o indulto ou a comutação de pena poderão ser concedidos em todos os casos. 5. A pena de morte não deverá ser imposta em casos de crimes cometidos por pessoas menores de 18 anos, nem aplicada a mulheres em estado de gravidez. O Pacto de San José da Costa Rica inclui o maior de 70 anos. 6. Não se poderá invocar disposição alguma do presente artigo para retardar ou impedir a abolição da pena de morte por um Estado Parte do presente pacto. CS – DIREITOS HUMANOS 2022 16 . Art. 7º ninguém poderá ser submetido à tortura, nem a penas ou tratamentos cruéis, desumanos ou degradantes. Será proibido, sobretudo, submeter uma pessoa, sem seu livre consentimento, a experiências médicas ou científicas. c) Direito à liberdade (art. 11), admitindo-se os trabalhos forçados como pena, mas proibindo-se expressamente a prisão por descumprimento de obrigação contratual; d) Direito ao devido processo legal (art. 9º); e) Direito de locomoção e direito de intimidade (art. 12); f) Direito à igualdade perante a lei (art. 26); Art. 26 Todas as pessoas são iguais perante a lei e têm direito, sem discriminação alguma, a igual proteção da lei. A este respeito, a lei deverá proibir qualquer forma de discriminação e garantir a todas as pessoas Art. 11 Ninguém poderá ser preso apenas por não poder cumprir com uma obrigação contratual. Art. 9º 1. Toda pessoa tem à liberdade e a segurança pessoais. Ninguém poderá ser preso ou encarcerado arbitrariamente. Ninguém poderá ser privado de sua liberdade, salvo pelos motivos previstos em lei e em conformidade com os procedimentos. 2. Qualquer pessoa, ao ser presa, deverá ser informada das razões da prisão e notificada, sem demora, das acusações formuladas contra ela. 3. Qualquer pessoa presa ou encerrada em virtude de infração penal deverá ser conduzida, sem demora, à presença do juiz ou de outra autoridade habilitada por lei a exercer funções e terá o direito de ser julgada em prazo razoável ou de ser posta em liberdade. A prisão preventiva de pessoas que aguardam julgamento não deverá constituir a regra geral, mas a soltura poderá estar condicionada a garantias que assegurem o comparecimento da pessoa em questão à audiência, a todos os atos do processo e, se necessário for, para a execução da sentença. 4. Qualquer pessoa que seja privada de sua liberdade por prisão ou encarceramento terá de recorrer a um tribunal para que este decida sobre a legalidade de seu encarceramento e ordene sua soltura, caso a prisão tenha sido ilegal. 5. Qualquer pessoa vítima de prisão ou encarceramento ilegais terá direito à reparação. Art. 12 1. Toda pessoa que se ache legalmente no território de um Estado terá o direito de nele livremente circular e escolher sua residência. 2. Toda pessoa terá o direito de sair livremente de qualquer país, inclusive de seu próprio país. 3. Os direitos supracitados não poderão constituir objeto de restrição, a menos que estejam previstas em lei e no intuito de proteger a segurança nacional e a ordem, a saúde ou a moral pública, bem como os direitos e liberdades das demais pessoas, e que sejam compatíveis com os outros direitos reconhecidos no presente pacto. 4. Ninguém poderá ser privado do direito de entrar em seu próprio país. CS – DIREITOS HUMANOS 2022 17 . g) Garantias de um julgamento justo, o que inclui o direito ao duplo grau de jurisdição (art. 14); Art. 14 1. Todas as pessoas são iguais perante os tribunais e as cortes de justiça. Toda pessoa terá o direito de ser ouvida publicamente e com as devidas garantias por um tribunal competente, independente e imparcial, estabelecido por lei, na apuração de qualquer acusação de caráter penal formulada contra ela ou na determinação de seus direitos e obrigações de caráter civil. A imprensa e o público poderão ser excluídos de parte ou da totalidade de um julgamento, que por motivo de moral pública, de ordem pública ou de segurança nacional em uma sociedade democrática, quer quando o interesse da vida privada das partes o exija, quer na medida em que isso seja estritamente necessário na opinião da justiça, em circunstâncias específicas, nas quais a publicidade venha a prejudicar os interesses da justiça; entretanto, qualquer sentença proferida em matéria penal ou civil deverá tornar-se pública, a menos que o interesse de menores exija procedimento oposto, ou o processo diga respeito à controvérsia matrimoniais ou a tutela de menores. 2. Toda pessoa acusada de um delito terá direito a que se presuma sua inocência enquanto não for legalmente comprovada sua culpa. 3. Toda pessoa acusada de um delito terá direito, em plena igualdade, a, pelo menos, as seguintes garantias: a) de ser informado, sem demora, numa língua que compreenda e de forma minuciosa, da natureza e dos motivos da acusação contra ela formulada; b) de dispor do tempo e dos meios necessários à preparação de sua defesa e a comunicar-se com defensor de sua escolha; c) de ser julgado sem dilações indevidas; d) de estar presente no julgamento e de defender-se pessoalmente ou por intermédio de defender de sua escolha; de ser informado, caso não tenha defensor, do direito que lhe assiste de tê-lo e, sempre que o interesse da justiça assim exija, de ter um defensordesignado "ex officio" gratuitamente, se não tiver meios para remunerá-lo; e) de interrogar ou fazer interrogar as testemunhas da acusação e de obter o comparecimento e o interrogatório das testemunhas de defesa nas mesmas condições de que dispõe as de acusação; f) de ser assistida gratuitamente por um intérprete, caso não compreenda ou não fale a língua empregada durante o julgamento; g) de não ser obrigada a depor contra si mesma, nem a confessar-se culpada. 4. O processo aplicável a jovens que não sejam maiores nos termos da legislação penal levará em conta a idade dos menores e a importância de promover sua reintegração social. 5. Toda pessoa declarada culpada por um delito terá o direito de recorrer da sentença condenatória e da pena a uma instância, em conformidade com a lei. 6. Se uma sentença condenatória passada em julgado for posteriormente anulada ou se indulto for concedido, pela ocorrência ou descoberta de fatos novos que provem cabalmente a existência de erro judicial, a pessoa que proteção igual e eficaz contra qualquer discriminação por motivo de raça, cor, sexo, língua, religião, opinião política ou de outra natureza, origem nacional ou social, situação econômica, nascimento ou qualquer outra situação. CS – DIREITOS HUMANOS 2022 18 . h) Direito à liberdade religiosa e seus consectários (art. 18); i) Direito à liberdade de expressão (art. 19 e 20); l) Direito à associação (art. 22); sofreu a pena decorrente dessa condenação deverá ser indenizada, de acordo com a lei, a menos que fique provado que se lhe pode imputar, total ou parcialmente, não-revelação dos fatos desconhecidos em tempo útil. 7. Ninguém poderá ser processado ou punido por um delito pelo qual já foi absolvido ou condenado por sentença passada em julgado, em conformidade com a lei e os procedimentos penais de cada país. Art. 18 1. Toda pessoa terá direito à liberdade de pensamento, de consciência e de religião. Esse direito implicará a liberdade de ter ou adotar uma religião ou uma crença de sua escolha e a liberdade de professar sua religião ou crença, individual ou coletivamente, tanto pública como privadamente, por meio do culto, da celebração de ritos, de práticas e do ensino. 2. Ninguém poderá ser submetido a medidas coercitivas que possam restringir sua liberdade de ter ou de adotar uma religião ou crença de sua escolha. 3. A liberdade de manifestar a própria religião ou crença estará sujeita apenas a limitações previstas em lei e que se façam necessárias para proteger a segurança, a ordem, a saúde ou a moral pública ou os direitos e as liberdades das demais pessoas. 4. Os Estados partes do presente Pacto comprometem-se a respeitar a liberdade dos pais - e, quando for o caso, dos tutores legais - de assegurar a educação religiosa e moral dos filhos que esteja de acordo com suas próprias convicções. Art. 19 1. Ninguém poderá ser molestado por suas opiniões. 2. Toda pessoa terá direito à liberdade de expressão; esse direito incluirá a liberdade de procurar, receber e difundir informações e ideias de qualquer natureza, independentemente de considerações de fronteiras, verbalmente ou por escrito, em forma impressa ou artística, ou qualquer outro meio de sua escolha. 3. O exercício do direito previsto no § 2º do presente artigo implicará deveres e responsabilidades especiais. Consequentemente, poderá estar sujeito a certas restrições, que devem, entretanto, ser expressamente previstas em lei e que se façam necessárias para: a) assegurar o respeito dos direitos e da reputação das demais pessoas; b) proteger a segurança nacional, a ordem, a saúde ou a moral pública. Art. 20 1. Será proibida por lei qualquer propaganda em favor de guerra. 2. Será proibida por lei qualquer apologia do ódio nacional, radical, racial ou religioso que constitua incitamento à discriminação, à hostilidade ou à violência. Art. 22 CS – DIREITOS HUMANOS 2022 19 . m) Direito a constituir família (art. 23); n) Direito da criança a medidas de proteção por parte da sociedade e do Estado (art. 24). 5.2.2. Direitos Políticos São direitos de participação, ativa ou passiva, na elaboração das decisões políticas e na gestão da coisa pública. Liberdade-participação. Estão previstos no art. 25 do PIDCP, garantem o direito de participar na condução dos assuntos públicos, bem como de votar e ser votado. 1. Toda pessoa terá o direito de associar-se livremente a outras, inclusive o direito de construir sindicatos e de a eles filiar-se, para a proteção de seus interesses. 2. O exercício desse direito estará sujeito apenas às restrições previstas em lei e que se façam necessárias, em uma sociedade democrática, no interesse da segurança nacional, da segurança e da ordem públicas, ou para proteger a saúde ou a moral pública ou os direitos a liberdades das demais pessoas. O presente artigo não impedirá que se submeta a restrições legais o exercício desse direito por membros das forças armadas e da polícia. 3. Nenhuma das disposições do presente artigo permitirá que Estados Partes da Convenção de 1948 da Organização do Trabalho, relativa à liberdade sindical e à proteção do direito sindical, venham a adotar medidas legislativas que restrinjam - ou aplicar a lei de maneira a restringir - as garantias previstas na referida Convenção. Art. 23 1. A família é o elemento natural e fundamental da sociedade e terá o direito de ser protegida pela sociedade e pelo Estado. 2. Será reconhecido o direito do homem e da mulher de, em idade núbil, contrair casamento e construir família. 3. Casamento algum será sem o consentimento livre e pleno dos futuros esposos. 4. Os Estados Partes do presente Pacto deverão adotar as medidas apropriadas para assegurar a igualdade de direitos e responsabilidades dos esposos quanto ao casamento, durante o mesmo e o por ocasião de sua dissolução. Em caso de dissolução, deverão adotar-se disposições que assegurem a proteção necessária para os filhos. Art. 24 1. Toda criança, terá direito, sem discriminação alguma por motivo de cor, sexo, religião, origem nacional ou social, situação econômica ou nascimento, às medidas de proteção que a sua condição de menor requerer por parte de sua família, da sociedade e do Estado. 2. Toda criança deverá ser registrada imediatamente após seu nascimento e deverá receber um nome. 3. Toda criança terá o direito de adquirir uma nacionalidade. Art. 25 Todo cidadão terá o direito e a possibilidade, sem qualquer das formas de discriminação mencionadas no artigo 2° e sem restrições infundadas: CS – DIREITOS HUMANOS 2022 20 . 5.2.3. Direitos Econômicos Possuem uma dimensão institucional, baseada no poder estatal de regulamentar o mercado, em vista do interesse público. Estão previstos expressamente no Pacto Internacional de Direitos Econômicos, Sociais e Culturais (PIDESC), são eles: • Direito à associação sindical (art. 8º); • Direito a gozar de condições justas e dignas de trabalho (art. 7º) a) de participar da condução dos assuntos públicos, diretamente ou por meio de representantes livremente escolhidos; b) de votar e de ser eleito em eleições periódicas, autênticas, realizadas por sufrágio universal e igualitário e por voto secreto, que garantam a manifestação da vontade dos eleitores; c) de ter acesso em condições gerais de igualdade, às funções públicas de seu país. Art. 8º 1. Os Estados Partes do presente pacto comprometem-se a garantir: a) o direito de toda pessoa de fundar com outros sindicatos e de filiar-se ao sindicato de sua escolha, sujeitando-se unicamente a organização interessada, com o objetivo de promover e de proteger seus interesses econômicos e sociais. O exercício desse direito só poderá ser objeto das restrições previstas em lei e que sejamnecessárias, em uma sociedade democrática, no interesse da segurança nacional ou da ordem pública, ou para proteger os direitos e as liberdades alheias; b) o direito dos sindicatos de formar federações ou confederações nacionais e o direito desta de formar organizações sindicais internacionais ou de filiar- se às mesmas; c) o direito dos sindicatos de exercer livremente suas atividades, sem quaisquer limitações além daquelas previstas em lei e que sejam necessárias, em uma sociedade democrática, no interesse da segurança nacional ou da ordem pública, ou para proteger os direitos e as liberdades das demais pessoas; d) o direito de greve, exercido de conformidade com as leis de cada país. 2. O presente artigo não impedirá que se submeta a restrições legais o exercício desses direitos pelos membros das forças armadas, da política ou da administração pública. 3. Nenhuma das disposições do presente artigo permitirá que os Estados Partes da Convenção de 1948 da Organização Internacional do Trabalho, relativa à liberdade sindical e à proteção do direito sindical, venha a adotar medidas legislativas que restrinjam - ou a aplicar a lei de maneira a restringir - as garantias previstas na referida Convenção. Art. 7º Os Estados Partes do presente pacto o reconhecem o direito de toda pessoa de gozar de condições de trabalho justas e favoráveis, que assegurem especialmente: a) uma remuneração que proporcione, no mínimo, a todos os trabalhadores: CS – DIREITOS HUMANOS 2022 21 . 5.2.4. Direitos sociais São prestações positivas proporcionadas pelo Estado direta ou indiretamente, que possibilitam melhores condições de vida dos mais fracos, direitos que tendem a realizar a igualização de situações sociais desiguais. De acordo com o PIDESC, compreendem: • Direito à vida digna (art. 11) • Direito à saúde (art. 12) i) um salário equitativo e uma remuneração igual por um trabalho de igual valor, sem qualquer distinção; em particular, as mulheres deverão ter a garantia de condições de trabalho não inferiores às dos homens e receber a mesma remuneração que ele por trabalho igual; ii) uma existência decente para eles e suas famílias, em conformidade com as disposições do presente Pacto. b) a segurança e a higiene no trabalho; c) igual oportunidade para todos de serem promovidos, em seu trabalho, a categoria superior que lhes corresponda, sem outras considerações que as de tempo de trabalho e capacidade; d) o descanso, o lazer, a limitação razoável das horas de trabalho e férias periódicas remuneradas. Art. 11 1. Os Estados Partes do presente Pacto reconhecem o direito de toda pessoa a um nível vida adequado para si próprio e sua família, inclusive à alimentação, vestimenta e moradia adequadas, assim como a uma melhoria contínua de suas condições de vida. Os Estados Partes tomarão medidas apropriadas para assegurar a consecução desse direito, reconhecendo, nesse sentido, a importância essencial da cooperação internacional fundada no livre consentimento. 2. Os Estados Partes do presente pacto, reconhecendo o direito fundamental de toda pessoa de estar protegida contra a fome, adotarão, individualmente e mediante cooperação internacional, as medidas, inclusive programas concretos, que se façam necessárias para: a) melhorar os métodos de produção, conservação e distribuição de gêneros alimentícios pela plena utilização dos conhecimentos técnicos e científicos, pela difusão de princípios de educação nutricional e pelo aperfeiçoamento ou reforma dos regimes agrários, de maneira que se assegurem a exploração e a utilização mais eficazes dos recursos naturais; b) assegurar uma repartição equitativa dos recursos alimentícios mundiais em relação às necessidades, levando-se em conta os problemas tanto dos países importadores quanto dos exportadores de gêneros alimentícios. Art. 12 1. Os Estados Partes do presente Pacto reconhecem o direito de toda pessoa desfrutar o mais elevado nível possível de saúde física e mental. 2. As medidas que os Estados partes do presente Pacto deverão adotar com o fim de assegurar o pleno exercício desse direito incluirão as medidas que se façam necessárias para assegurar: CS – DIREITOS HUMANOS 2022 22 . • Direito à educação (art. 13) Art. 13 1. Os Estados Partes do presente Pacto reconhecem o direito de toda pessoa à educação. Concordam em que a educação deverá visar o pleno desenvolvimento da personalidade humana e do sentido de sua dignidade e fortalecer o respeito pelos direitos humanos e liberdades fundamentais. Concordam ainda em que a educação deverá capacitar todas as pessoas a participar efetivamente de uma sociedade livre, favorecer a compreensão, a tolerância e a amizade entre todas as nações e entre todos os grupos raciais, étnicos ou religiosos e promover as atividades das Nações Unidas em prol da manutenção da paz. 2. Os Estados partes do Presente Pacto reconhecem que, com o objetivo de assegurar o pleno exercício desse direito: a) a educação primária deverá ser obrigatória e acessível gratuitamente a todos; b) a educação secundária em suas diferentes formas, inclusive a educação secundária técnica e profissional, deverá ser generalizada e tornar-se acessível a todos, por todos os meios apropriados e, principalmente, pela implementação progressiva do ensino gratuito; c) a educação de nível superior deverá igualmente tronar-se acessível a todos, com base na capacidade de cada um, por todos os meios apropriados e, principalmente, pela implementação progressiva do ensino gratuito; d) dever-se-á fomentar e intensificar, na medida do possível, a educação de base para aquelas que não receberam educação primária ou não concluíram o ciclo completo de educação primária; e) será preciso prosseguir ativamente o desenvolvimento de uma rede escolar em todos os níveis de ensino, implementar-se um sistema de bolsas estudo e melhorar continuamente as condições materiais do corpo docente. 2. Os Estados Partes do presente Pacto comprometem-se a respeitar a liberdade dos pais - e, quando for o caso, dos tutores legais - de escolher para seus filhos escolas distintas daquelas criadas pelas autoridades públicas, sempre que atendam aos padrões mínimos de ensino prescritos ou aprovados pelo Estado, e de fazer com que seus filhos venham a receber educação religiosa ou moral que seja de acordo com suas próprias convicções. 3. Nenhuma das disposições do presente artigo poderá ser interpretada no sentido de restringir a liberdade de indivíduos e de entidades de criar e dirigir instituições de ensino, desde que respeitados os princípios enunciados no § 1° do presente artigo e que essas instituições observem os padrões mínimos prescritos pelo Estado. a) a diminuição da mortalidade infantil, bem como o desenvolvimento das crianças; b) a melhoria de todos os aspectos de higiene do trabalho e do meio ambiente; c) a prevenção e tratamento das doenças epidêmicas, endêmicas, profissionais e outras, bem como a luta contra essas doenças; d) a criação de condições que assegurem a todos assistência médica e serviços médicos em caso de enfermidade. CS – DIREITOS HUMANOS 2022 23 . 5.2.5. Direitos Culturais Relacionados à participação do indivíduo na vida cultural de uma comunidade, bem como a manutenção do patrimônio histórico-cultural, que concretiza sua identidade e a memória. Segundo o art. 15 do PIDESC, são os direitos de participar da vida cultural e de conhecer os avanços científicos. 5.3. DIREITOS HUMANOS GLOBAIS Tais direitos adquirem sua especificidade, em relação aos demais, diante da titularidade coletiva ou difusa, pertencendo aos grupos sociais determinados, a um povo, ou mesmo, à Humanidade inteira. Esta titularidade decorre do fato de que esses direitos objetivam proteger os
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