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Samir Bazzi Joslaine Chemim Duarte Auri Cesar Pupo Junior 2019 EMPREENDEDORISMO 2ª edição Presidente Frei Thiago Alexandre Hayakawa Reitor Frei Gilberto Gonçalves Garcia, OFM Vice-Reitor Frei Thiago Alexandre Hayakawa, OFM Pró-Reitor de Administração e Planejamento Adriel de Moura Cabral Pró-Reitor de Ensino, Pesquisa e Extensão Dilnei Giseli Lorenzi Coordenador do Núcleo de Educação a Distância - NEAD Renato Adriano Pezenti Desenhista Instrucional Renata Furtado Coordenadora da Editoração Maristela Ferreira de Andrade Gomes da Silva Revisão Carolina Bontorin Ceccon Diagramadores Ana Maria Oleniki (projeto gráfico) Débora Cristina Gipiela Kochani 2ª edição: Tiffany Bittencourt Silva © 2019 Universidade São Francisco Avenida São Francisco de Assis, 218 CEP 12916-900 – Bragança Paulista/SP O S A U T O R E S Samir Bazzi MBA em Direito Tributário pelo Instituto Internacional de Educação e Gerência (2005). Participa atualmente de um programa de pós-graduação stricto sensu em Administração, na Universidad de la Empresa – Montevidéu,Uruguai. Graduado em Administração de Empresas pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (2003). Sócio-gerente da empresa Izzab Assessoria Empresarial, que atua nas áreas de gestão de projetos, consultoria financeira e consultoria tributária. Joslaine Chemim Duarte Mestre em Engenharia de Produção pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Especialista em Contabilidade e Finanças pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). Bacharel em Administração de Empresas pela FAE Centro Universitário. Atua na docência do Ensino Superior desde 2002. Na FAE Centro Universitário, desde 2008, leciona as disciplinas de Introdução à Administração, Introdução à Gestão das Organizações, Princípios de Administração, Administração da Empresa Moderna, Administração Estratégica e Empreendedorismo, dos cursos de Administração de Empresas, Economia, Engenharia Mecânica, Engenharia Ambiental, Engenharia de Produção e Tecnologia em Gestão. Auri Cesar Pupo Junior Mestre em Administração Estratégica pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR). MBA Executivo In Management pela FAE Business School e pela Baldwin Wallace University. Pós-graduado em Finanças. Graduado em Administração, pela FAE Centro Universitário. Experiência na gestão escolar de estabelecimentos de ensino fundamental e superior. Atualmente, atua como analista de projetos da FAE Centro Universitário, auxiliando no desenvolvimento de projetos acadêmicos, com destaque a projetos como Workatona e Expedição FAE. Ainda na FAE Centro Universitário, desde 2013 atua como professor nas disciplinas de Gestão de Projetos e Empreendedorismo. S U M Á R IO DISSEMINAÇÃO DO EMPREENDEDORISMO 13 PERFIL DO EMPREENDEDOR 29 TENDÊNCIAS DO EMPREENDEDORISMO 47 OFICINA DE CRIATIVIDADE 64 DESCONSTRUÇÃO DE MODELOS 79 DESIGN THINKING E MODELO DE NEGÓCIOS 95 Tabela de Ícones 7 Informações gerais sobre a disciplina 9 Apresentação 10 DESENVOLVIMENTO DA IDEIA – BUSINESS MODEL GENERATION 111 BUSINESS MODEL CANVAS: SEGMENTO DE CLIENTES E PROPOSTA DE VALOR 125 BUSINESS MODEL CANVAS: CANAIS, RELACIONAMENTO COM CLIENTES E FONTE DE RECEITAS 141 BUSINESS MODEL CANVAS: RECURSOS PRINCIPAIS, ATIVIDADES-CHAVE E PARCERIAS PRINCIPAIS 157 BUSINESS MODEL CANVAS: ESTRUTURA DE CUSTO, PROTOTIPAÇÃO E CENÁRIOS 171 APLICAÇÃO DA ESTRATÉGIA DO OCEANO AZUL, GERENCIAMENTO DE MÚLTIPLAS IDEIAS, CAPTAÇÃO DE RECURSOS E PITCH 187 ATIVIDADE OBRIGATÓRIA Indica as orientações da Atividade Avaliativa da Unidade de Estudo. BIBLIOTECA DIGITAL Indica que o material está disponível na Biblioteca Digital. CALCULADORA FINANCEIRA Indica a utilização da calculadora HP 12C para resoluções mais precisas. CHECKLIST Indica um conjunto de ações para fins de verificação de uma rotina ou um procedimento (passo a passo) para a realização de uma tarefa. EXEMPLO Será utilizado sempre que houver necessidade de exemplificar um caso, uma situação ou conceito que está sendo descrito ou ensinado. GLOSSÁRIO Utilizado sempre que houver necessidade de entender o significado de uma palavra ou termo desconhecidos. HIPERLINK Indica um link (ligação), seja ele para outra página do módulo impresso ou endereço de Internet. LEIS Indica a necessidade de aprofundamento da lei ou artigo referidos no texto. LEITURA OBRIGATÓRIA Indica os livros e textos de leitura obrigatória. PENSE Indica que você deve refletir sobre o assunto abordado para responder a um questionamento. PESQUISE Indica a exigência de pesquisa a ser realizada na busca por mais informação. PLANILHA Indica a necessidade de se obter resolução utilizando a planilha Excel, tor- nando o trabalho mais rápido. REALIZE Determina a existência de atividade: um exercício, uma tarefa ou prática a ser realizada. Fique atento a ele. REVEJA Indica a necessidade de rever conceitos estudados anteriormente. SAIBA MAIS Apresenta informações adicionais sobre o tema abordado, de forma a pos- sibilitar a obtenção de novas informações ao que já foi referenciado. SUGESTÃO DE LEITURA Indica textos de referência utilizados no curso e também faz sugestões para leitura complementar. VÍDEOS Indica vídeos que lhe ajudarão a aprofundar seus conhecimentos sobre o conteúdo estudado. ÍC O N E S 9Empreendedorismo Informações gerais sobre a disciplina EMENTA Disseminação do empreendedorismo. O perfil do empreendedor. As tendências do empreendedorismo. Oficina de criatividade. Desconstrução de modelos. Materialização da ideia. INTRODUÇÃO À DISCIPLINA O assunto empreendedorismo está muito em voga no Brasil atualmente. Essa conscientização está se disseminando muito rápido, entre todas as áreas, principalmente a educacional. Podemos perceber o grande aumento de palestras, cursos e artigos sobre esse assunto, além de algumas revistas especializadas no assunto. Por causa dessa grande disseminação do assunto, muitas metodologias novas estão surgindo em substituição ao antigo Plano de Negócios, que foi durante muito tempo a única ferramenta utilizada pelos empreendedores. A disciplina de Empreendedorismo é uma disciplina institucional da FAE Centro Universitário, ou seja, faz parte da grade curricular de todos os cursos, e deve ser cumprida com extrema dedicação. Compreende um vasto conjunto de conhecimentos sobre os campos acadêmico e profissional e deve servir para que você obtenha uma visão abrangente da área de business, com um enfoque muito grande em modelagem de negócios, e seu campo de atuação. OBJETIVOS Introduzir o discente no campo do empreendedorismo com o objetivo de despertar uma postura empreendedora que os estimule, de acordo com sua vocação, a gerar, implementar e monitorar ideias e a exercer o intraempreendedorismo, ambos de forma inovadora e sustentável. CARGA HORÁRIA 72 horas 10 Samir Bazzi | Joslaine Chemim Duarte | Auri Cesar Pupo Junior Apresentação Unidade de Estudo 1: DISSEMINAÇÃO DO EMPREENDEDORISMO Apresentaremos uma visão geral do conceito e evolução histórica do empreendedorismo. Também veremos como ocorreu a disseminação do empreendedorismo no Brasil e no Mundo. O empreendedorismo do século XXI, o panorama mundial brasileiro e regional também fazem parte desta Unidade. Unidade de Estudo 2: PERFIL DO EMPREENDEDOR Analisaremos o perfil do empreendedor e quais as suas características comportamentais. Unidade de Estudo 3: TENDÊNCIAS DO EMPREENDEDORISMO Apresentaremos o que é empreendedorismo social, corporativo e de carreira. Também será abordado o que é economia colaborativa, seus objetivos e vantagens. O que é um startup, quando surgiu e como este conceito foi sendo alterado ao longo do tempo também será visto na Unidade. Unidade de Estudo 4: OFICINA DE CRIATIVIDADE Abordaremos a criatividade, que é essencial para gerar ideias, e os seus conceitos,que são importantes para empreendedores e intraempreendedores. Unidade de Estudo 5: DESCONSTRUÇÃO DE MODELOS Abordaremos o que é inovação e a sua importância para o empreendedor na diferenciação de produtos e serviços. Também serão abordados os principais tipos de inovação e as faces da inovação que podem ser observadas e usadas para se tornar mais inovador. Unidade de Estudo 6: DESIGN THINKING E MODELO DE NEGÓCIOS Será apresentado o que é design thinking, as etapas para usá-lo e como aplicar na prática. Também será abordado o modelo de negócios, sua definição, comparação com plano de negócios e a sua importância. Unidade de Estudo 7: DESENVOLVIMENTO DA IDEIA – BUSINESS MODEL GENERATION Será apresentada a metodologia do Business Model Generation, como ocorre o processo de construção de um modelo de negócios, quais são os métodos e técnicas utilizados para o desenvolvimento de modelos de negócios e também os vários modelos de negócios similares, que são chamados de padrões de modelo de negócios. Unidade de Estudo 8: BUSINESS MODEL CANVAS: SEGMENTO DE CLIENTES E PROPOSTA DE VALOR Entenderemos o que é criação de valor para o cliente. Trataremos da identificação dos clientes e de suas principais características, associadas ao modelo de negócio. Utilizaremos, para isso, um quadro chamado Mapa da Empatia. Identificaremos, ainda, os produtos ou serviços a serem oferecidos pela empresa. Descreveremos os benefícios que serão entregues e percebidos pelos clientes. Para tal, preencheremos o Canvas da proposta de valor. 11Empreendedorismo Unidade de Estudo 9: BUSINESS MODEL CANVAS: CANAIS, RELACIONAMENTO COM CLIENTES E FONTE DE RECEITAS Serão abordados os caminhos de comunicação da empresa com o seu segmento de clientes, a entrega de valor e de como esse valor é percebido pelo cliente. Também serão descritos os tipos de relacionamento associados ao modelo de negócio proposto, a sua integração com o produto ou com o serviço e as fontes de receitas. Unidade de Estudo 10: BUSINESS MODEL CANVAS: RECURSOS PRINCIPAIS, ATIVIDADES-CHAVE E PARCERIAS PRINCIPAIS Serão abordados os recursos principais, as atividades-chave e as principais parcerias que uma empresa pode constituir para fazer funcionar o modelo de negócios. Unidade de Estudo 11: BUSINESS MODEL CANVAS: ESTRUTURA DE CUSTO, PROTOTIPAÇÃO E CENÁRIOS Será abordada a estrutura de custos do Canvas do modelo de negócios. Também serão abordadas as técnicas de prototipação e cenários associados ao modelo de negócio. Unidade de Estudo 12: APLICAÇÃO DA ESTRATÉGIA DO OCEANO AZUL, GERENCIAMENTO DE MÚLTIPLAS IDEIAS, CAPTAÇÃO DE RECURSOS E PITCH Será abordada a Estratégia do Oceano Azul e a sua utilização conjunta com o Canvas. Também será abordado como gerenciar vários modelos de negócios, obter recursos e como fazer um pitch. 15Empreendedorismo UNIDADE DE ESTUDO 1 DISSEMINAÇÃO DO EMPREENDEDORISMO INTRODUÇÃO O empreendedorismo tem despertado muito interesse e tem sido tema de palestras e discussões nos meios acadêmico, político e empresarial. Para Cicconi (2013, p. 1), este interesse está diretamente relacionado à relevância do empreendedorismo para o desenvolvimento de uma sociedade ou nação, não se limitando ao desenvolvimento econômico, mas também às ações sociais, culturais e ambientais. Leite (2012) endossa que os países que criarem um ambiente possível para as práticas do empreendedorismo e inovação, certamente, estarão no caminho para obter um status de uma nação desenvolvida. A maneira com que os países facilitam a prática do empreendedorismo pode ser avaliada nas atividades empreendedoras e incentivos que são oportunizados aos atores pequenas e médias empresas. Os incentivos às práticas empreendedoras para estes atores evoluem de contextos locais a cenários mais abrangentes, quando conduzidos e facilitados de forma constante. Estes incentivos podem ser visualizados pelas seguintes ações: • programas de incubação de empresas; • inserção de disciplinas e práticas de empreendedorismo na educação, desde o ensino fundamental ao ensino superior; • criação de agências de capacitações para empreendedores; • oferta de recursos financeiros por meio de linhas de créditos. Um vez descrita a relevância do empreendedorismo para o desenvolvimento de uma sociedade e, consequentemente, de países, o objetivo desta Unidade é entender os principais marcos do empreendedorismo e sua evolução ao longo da história, o seu conceito, assim como obter um panorama geral das tendências que, de certa maneira, impactam nas atitudes dos empreendedores e oportunidades que surgem. Ainda nesta Unidade, em consonância com a parte introdutória, a qual destaca a necessidade da prática de empreendedorismo pelos países, analisaremos os principais indicadores relacionados ao empreendedorismo mundial, com base nos relatórios GEM – Global Entrepreneurship Monitor. 1 CONCEITUANDO EMPREENDEDORISMO Seja qual for a sua área de atuação, você deve ter ouvido falar, lido ou conversado sobre empreendedorismo. Mas afinal, o que é empreendedorismo? Buscando na etimologia ou estudo da origem da palavra, empre- endedorismo é a tradução da expressão inglesa entrepreneurship, que é composta pela palavra francesa entrepreneur e o sufixo inglês ship. Existem muitas definições de empreendedorismo, de vários autores e com abordagens diferentes. Alguns economistas abordam o empreendedorismo sob o ponto de vista econômico, na redução da pobreza, aumento da riqueza, geração de emprego e renda e também vinculam-no com a inovação, que transforma os contextos. Outros autores definem empreendedorismo com um viés comportamental e abordam as motivações e competências necessárias para empreender. Entrepreneur = contratante, que contrata. Ship = perícia ou habilidade. 16 Samir Bazzi | Joslaine Chemim Duarte | Auri Cesar Pupo Junior 2 ORIGEM E EVOLUÇÃO DO EMPREENDEDORISMO Embora todo ser humano seja um empreendedor, pois desde o início da sua existência sempre procurou maneiras de solucionar problemas e modificar ou criar algo que melhorasse o seu viver, o empreendedorismo passou a ser uma preocupação científica evidenciada e estudada por parte de algumas nações a partir da década de 1980 e, no Brasil, desde 1990. Antes desse período, surgiram alguns conceitos que foram evoluindo ao longo do tempo. Segundo Filion (1999 apud DOLABELA, 1999, p. 16), “o empreendedorismo tem conotação prática, mas também aplica atitudes e ideias. Significa fazer coisas novas, ou desenvolver maneiras novas e diferentes de fazer as coisas”. Para Hisrich e Peters (2004, p. 27), “empreendedorismo é o processo de criar algo diferente e com valor, dedicando o tempo e o esforço necessários, assumindo riscos financeiros, psicológicos e sociais correspondentes e obtendo as consequentes recompensas da satisfação”. IM PO RT A N TE Apesar de existirem várias definições sobre empreendedorismo, há alguns aspectos comuns entre elas, tais como ter visão de futuro, identificar e aproveitar oportunidades, aceitar desafios, correr riscos, criar algo novo etc. Veja, a seguir, algumas definições: 17Empreendedorismo FONTE: Dornelas (2008); GEM (2012); Hisrich e Peter (2004); Masiero (2007); Maximiano (2007); Pinchot III e Pellman (2004) (Adaptado) Século XII Século XV Século XVI Surge na França a palavra entreprendre para designar aquela pessoa que incentivava brigas. Entreprendre muda de significado para: contratante, alguém que assumia alguma tarefa. O significado muda para o contexto bélico, como aqueles que assumem responsabilidade e dirigem ações militares. É inserido o conceito de perigo que evolui para o conceito de risco. O economista Richard Cantillon (1725) identifica o empreendedor como alguém que assume riscos ao comprar matéria-prima por preço certo com o objetivo de processá-la e revender mais tarde por um preço incerto e não definido previamente. Para o economista francês Jean Baptiste Say (1888), o empreendedoré aquele capaz de alterar os recursos econômicos de uma área de baixa produtividade para uma de produtividade e lucratividade elevada e cria valor, explorando as variações ou mudanças de tecnologia, materiais e preços. No final do século XIX e início do século XX, o empreendedor era confundido com administrador, que se preocupava em planejar, organizar, dirigir, controlar e obter resultados. O economista Joseph Schumpeter (1928) associa o conceito de empreendedorismo ao de inovação e afirma que, sem a inovação, não há empreende- dores, sem investimentos empreendedores, não há retorno do capital e o capitalismo não se pro- pulsiona. Além disso, afirma que o empreendedor faz a destruição criativa, ou seja, torna os recursos existentes obsoletos e, então, não é necessária a sua renovação. Gifford Pinchot, no início da década de 1980, propõe uma série de conceitos fundamentando a ideia de que não é necessário sair de uma empresa para ser empreendedor. Cria o termo intraem- preendedor, ou empreendedor corporativo, para designar aqueles que assumem a responsabilidade de inovação e empreendedorismo dentro de uma organização. Na década de 1990, o empreendedorismo passa a ser vinculado a muitas empresas de tecnologia que se instalam no Vale do Silício (embora criado em 1956), na Califórnia, produzindo muita inovação, mudanças e práticas de sucesso. A região passa a ser referência em empreendedorismo. No Brasil, na década de 1990, o movimento do empreen dedorismo começa a se desenvolver a partir da criação do Serviço Brasileiro de Apoio à Micro e Pequena Empresa – Sebrae, e do programa Brasil Empreendedor (1999 – 2002), que destinou recursos financeiros e capacitou 6 milhões de empreendedores. É criada a metodologia Empretec e Jovem Empreendedor pelo Sebrae. Em 1999, foi iniciado o Global Entrepreneurship Monitor (GEM), pesquisa em nível mundial com relatórios anuais sobre a atividade empreendedora em vários países, com uma parceria inicialmente entre a London Business School e o Babson College. O Brasil começou a participar a partir do ano 2000. Século XVIII Século XIX Século XX Veja alguns períodos de tempo mais marcantes na evolução do empreendedorismo desde a sua origem. FIGURA 1 _ Evolução do empreendedorismo 18 Samir Bazzi | Joslaine Chemim Duarte | Auri Cesar Pupo Junior 3 O EMPREENDEDORISMO DO SÉCULO XXI No século XXI, a velocidade com que novas tecnologias têm surgido, unindo os mundos físico, digital e biológico, trouxe novas oportunidades e possibilitou também um repensar sobre a maneira de viver e novas maneiras de resolver problemas, com colaboração e compartilhamento de ideias para benefício de todos (SCHWAB, 2016). O mundo em transformação trouxe novas necessidades, desafios e oportunidades para empreender no século XXI, destacam-se: Reinvenção do varejo: a redução das compras em lojas físicas é uma tendência mundial. Com um clique no mouse, os consumidores podem fazer compras de sua preferência, sem sair de casa e, normalmente, com preço menor. As grandes empresas do comércio eletrônico, tais como Aliexpress e Amazon, têm visto seus faturamentos aumentarem constantemente. Além disso, há opor tunidade para outras empresas ofertarem produtos em seus sites por meio do chamado marketplace que, segundo Kepler (2013, p. 28), trata-se de “local onde se faz o comércio de bens e serviços de terceiros. A palavra é uma junção dos termos ingleses market, que significa ‘mercado’, e place, que significa ‘lugar’”. Uso das redes sociais: por meio de sites e aplicativos que dinamizam o relacionamento, o compartilhamento e a disseminação de informações são realizados on-line por Facebook, Instagram, Snapchat, Twitter, Linkedin etc. Esse uso possibilitou novos relacionamentos com clientes e novas oportunidades. Mobilidade digital: o uso de smartphones para comunicação integrada em rede modificou a maneira de pensar e viver, trazendo novas necessidades, oportunidades e desafios. A mobilidade digital está diretamente associada ao incremento da Internet das Coisas, uma vez que potencializa as possibilidades de sua utilização. Desenvolvimento de aplicativos específicos: usados para todos os tipos de necessidades, tornou a vida mais fácil, por meio da mobilidade e da agilidade, aumentando a produtividade, reduzindo desperdícios de tempo e financeiros. Uber; WhatsApp, Waze, OLX etc. 19Empreendedorismo Espaços compartilhados: o aumento de coworking é uma tendência porque otimiza a logística, os custos e, normalmente, a possibilidade de boa infraestrutura à disposição. Além desses benefícios, pode-se contar com uma rede de relacionamentos, facilidade de comunicação, compartilhamento de ideias e parcerias. Novas fontes de energia: para atender às novas e crescentes demandas, há necessidade de novas fontes, principalmente limpas e renováveis, em substituição aos combustíveis fósseis como derivados de petróleo, carvão, recursos hídricos, entre outros. Necessidade de inovações no desenvolvimento de novas matrizes energéticas. Negócios sociais: tendências para negócios que busquem criar benefícios e bem-estar social, principalmente atendendo a uma parcela da população de baixa renda que não tem sido atendida, reduzindo as desigualdades e aumentando todas as suas oportunidades, de modo a fornecer infraestrutura básica para viver. Busca por alimentação saudável: o aumento da demanda por alimentação mais saudável, vegana, vegetariana, funcional, sem glúten, sem lactose, sem açúcar, é uma tendência e tem demonstrado oportunidade para empreender de forma crescente, com alimentos mais adequados às características e às rotinas de cada pessoa. Inovações em biotecnologia: atuam na matriz energética, na produção de bens de consumo, com o objetivo de preservação da vida do ser humano, reduzindo assim a causa geradora das doenças. 20 Samir Bazzi | Joslaine Chemim Duarte | Auri Cesar Pupo Junior Sustentabilidade ambiental e social, além da econômica: preocu- pação com a sociedade, com a necessidade de gerar empregos e renda, reduzindo a dependência do Estado com programas assistenciais. Há necessidade também de desenvolver atividades que impactem minimamente o meio ambiente ou não consumam os recursos não renováveis, desenvolvendo mecanismos que não afetem a vida no planeta. Blockchain: a utilização das moedas digitais ou criptomoedas tem sido adotada para comprar e vender produtos ou serviços a taxas menores. Isso é possível devido ao sistema de segurança, denominado blockchain, que consiste em um sistema que reduz os intermediários nas transações e, consequentemente, os custos inerentes. Para um melhor entendimento, Vieira (2017) faz analogia de que o blockchain funciona como um livro de registros contábil, que todos podem ver, mas não pode ser alterado. Fabricação de produtos em impressoras 3D: uma ideia desenhada em um computador pode ser facilmente materializada, em um tempo e custo menores do que os esperados atualmente. Na indústria, vêm sendo utilizadas para a fabricação de protótipos, dando vazão à criatividade. Além disso, esse tipo de impressão oferece inúmeras possibilidades e personalização, como por exemplo, na área de saúde, para a fabricação de próteses. Internet das coisas (IoT, na sigla em inglês): remete às ações e rotinas comuns do nosso dia a dia, que estão cada vez mais conectadas, sem as intervenções diretas do homem. Assim, internet das coisas está associada ao fato de que os objetos estejam conectados à internet. O que ainda fortalece esta tendência é o aumento da conectividade limitada das pessoas, por meio de dispositivos móveis. É só pensar no controle de eletrodomésticos, sistemas de segurança, sistema de iluminação e veículos, por meio de smartphones (SEBRAE, 2016). Economia colaborativa: Consiste na conexão entre pessoas com os mesmos interesses, para que que assim possam oferecer produtos ou serviços unsaos outros, de forma compartilhada. De forma geral, é um modelo que prega a redução de despesas, seja para os usuários seja para as empresas. Os exemplos clássicos de economia colaborativa são: Uber, Airbnb, Wikipedia, Bliive e Blablacar. 21Empreendedorismo Além dessas tendências, o antropólogo e sociólogo holandês Carl Rohde, diretor da Science of Time, agência de inovação que faz consultoria para empresas como Nike, Toyota e Unilever, em entrevista para a revista Pequenas Empresas e Grandes Negócios (GIL, 2017), traz outras contribuições. Rohde (apud GIL, 2017) afirma que “os empreendedores do século XXI precisam optar entre dois caminhos: trabalhar para atender às necessidades de um mundo digital, ou voltar-se para as coisas que os computadores não conseguem fazer, que são a experiência, empatia, hospitalidade etc.”. O estudioso contribui com sete tendências para o empreendedorismo do século XXI: FIGURA 2 _ Tendências para o empreendedorismo do século XXI Inteligência artificial: de forma geral, esta tendência é um meca- nismo que propõe, por meio de dispositivos, o ato de simular a inteligência humana. A evolução no desenvolvimento desta tendência tem mostrado uma efetividade na relação entre estes dispositivos e o ser humano. Recomendações de filmes no seu serviços de streaming como Netflix e Net Now, ou ainda, aque- les anúncios de itens de pesquisas anteriores, que saltam na sua navegação diária na internet, são exemplos de aplicações de inteligência artificial. Globalização: qualquer empreendedor, em qualquer parte do mundo, com uma boa ideia e utilizando a internet, pode entrar em um mercado de muitas oportunidades, mas também desafios por causa do aumento da competição. Império do software: foram e estão sendo criados softwares e aplicativos para todo tipo de coisa que facilita a vida. Então, a opção é se alinhar e contribuir com a cultura digital ou ir no sentido contrário, trabalhando com experiência. Economia da experiência: focar em todas as coisas que os computadores não podem fazer, tais como empatia, criatividade, afetividade. Então, existem possibilidades para quem souber investir em hospitalidade, autenticidade, trabalhos feitos à mão, turismo de experiência, comidas típicas etc. Formação de identidade: no passado, a sociedade dizia o que você teria que ser, estabelecendo coisas diferentes para homens e mulheres. Hoje, existe flexibilidade e liberdade para cada um fazer escolhas dentro de uma cesta enorme de possibilidades. Lucram todos os negócios que ajudam esse usuário a encontrar o seu lugar e se expressar de maneira criativa. Corpos tecnológicos: há várias indústrias desenvolvendo tecnologias para aprimorar o ser humano, sua saúde e bem-estar. Há muitas pesquisas no campo da genética, com algoritmos que ajudam a programar como será o seu bebê e evitar que desenvolva determinadas doenças. O trabalho nessa área será muito promissor no futuro. Cidadãos engajados: as pessoas não ficam esperando por soluções das instituições públicas, elas mesmas se organizam para resolver os problemas e, muitas vezes, usam as redes sociais para isso. Millenials: estão no topo da pirâmide, com boas condições financeiras e podem se preocupar com coisas como propósito, experiência, autenticidade etc., mas são uma minoria. A grande maioria das pessoas, ignorada pelas pesquisas, é formada por pessoas sem recursos, que casaram cedo e têm que batalhar muito para sobreviver. Elas não têm emprego, não têm perspectivas. É preciso que a sociedade se organize para acolher esse grupo, e o empreendedorismo faz parte disso. 1 2 3 4 5 6 7 FO N TE: Rohd e (ap ud G IL, 2017) 22 Samir Bazzi | Joslaine Chemim Duarte | Auri Cesar Pupo Junior Para o século XXI, caracterizado pela velocidade de mudanças constantes em todas as áreas, o empreendedorismo tem sido essencial para a resolução de problemas para pessoas e sociedade. Ao empreendedor, cabe o exercício de visualizar e pensar de maneira diferente a realidade em que vive, usar da criatividade para propor soluções e inovações para acompanhar o mundo mutável e também para ser sustentável. 4 PANORAMA MUNDIAL, BRASILEIRO E REGIONAL DO EMPREENDEDORISMO Uma das pesquisas mais aprofundadas sobre empreendedorismo é a do GEM, que emite relatórios anuais sobre a atividade empreendedora e teve início em 1999 com uma parceria inicialmente entre a London Business School e o Babson College, abrangendo dez países no primeiro ano. A fim de analisar e comparar os índices relacionados ao empreendedorismo das nações, nossa análise será com base nos dois últimos relatórios do GEM: o GEM Global Report 2016/ 2017, o qual também chamaremos de primeiro relatório, que tem como base o ano de 2016; e o GEM Global Report 2017/2018, o qual chamaremos de segundo relatório, que tem como base os dados do ano de 2017. O relatório GEM 2016/2017 tem como objeto de análise a população adulta de 64 países, compreendendo a idade de 18 a 64 anos, enquanto o GEM 2017/2018 analisa as atividades empreendedoras de 54 países, sob a mesma população adulta, entre 18 a 64 anos. A população adulta no primeiro relatório representa 69,2% da população mundial e 84,9% do PIB mundial, enquanto o segundo relatório apresenta respectivamente os percentuais de 67,8% e 86,0%. Observa-se que, embora a quantidade de países tenha reduzido na análise do ano de 2017, os percentuais descritos acima encontram-se em patamares similares. Veja alguns outros dados apresentados nos dois relatórios citados: Análise Empreendedorismo no Mundo em 2016 Empreendedorismo no Mundo em 2017 Status Em 61 economias ao redor do mundo, mais de dois terços da população acredita que os empreendedores são bem considerados e têm alto status. Em 52 economias, quase 70% da população acredita que empreendedores são bem considerados e têm alto status. Oportunidade Em média, 42% dos adultos em idade de trabalhar veem boas oportunidades para iniciar negócios em sua área. 43% da população enxerga boas oportunidades para iniciar um negócio dentro de 6 meses, ou seja, avalia que tem condições de se tornarem empreendedores em um prazo de 6 meses. FONTE: GEM (2017, traduzid e adaptado); GEM (2018, traduzido e adaptado) QUADRO 1 _ Analisando o empreendedorismo globalmente 23Empreendedorismo TABELA 1 _ Ranking das dez maiores _ taxa mundial de empreendedorismo em estágio inicial (nascentes e novos) em 2016 País % TEA Classificação/64 Burkina Faso 33,5 1 Equador 31,8 2 Belize 28,8 3 Camarões 27,6 4 Colômbia 27,4 5 Peru 25,1 6 Chile 24,2 7 Líbano 21,2 8 Guatemala 20,1 9 Brasil 19,6 10 FONTE: GEM (2017, traduzido e adaptado) Empreendedores nascentes = até 3 meses TABELA 2 _ Ranking das dez maiores _ taxa mundial de empreendedorismo em estágio inicial (nascentes e novos) em 2017 País % TEA Classificação/54 Equador 29,6 1 Guatemala 24,8 2 Peru 24,6 3 Líbano 24,1 4 Chile 23,8 5 Vietnã 23,3 6 Madagascar 21,8 7 Malásia 21,6 8 Reino Unido 5,8 9 Brasil 20,3 10 FONTE: GEM (2018, traduzido e adaptado) Empreendedores nascentes = até 3 meses Empreendedores novos = até 3,5 anos Os dados apresentados nos quadros acima convergem com resultados provenientes de um estudo feito no ano de 2016, por uma startup americana, localizada no Texas, a Expert Market, que buscou identificar os países mais determinados em praticar empreendedorismo, ou seja, aqueles que, mesmo com as dificuldades, apresentam um alto número de negócios criados. O ranking desse estudo aponta o Brasil em 5° lugar e Belize em 6° lugar. O destaque para a classificação destes países, que nos chama a atenção, explica-se pela alternativa que o empreendedorismo fornece a estas populações, como uma saída para buscar o desenvolvimento, driblar a necessidade e almejar oportunidades por meio da abertura de novos negócios. Ano de 2016 Maior TEA — Burkina Faso (África) — TEA: 33,5% Menor TEA — Itália (Europa)— TEA: 4,4% Ano de 2017 Maior TEA — Equador (América do Sul) 29,6% Menor TEA — Bulgária TEA: 3,7% 24 Samir Bazzi | Joslaine Chemim Duarte | Auri Cesar Pupo Junior TABELA 3 _ Comparação do ranking da taxa mundial de empreendedorismo em estágio inicial (nascentes e novos) nos anos de 2016 e 2017 — Amércia Latina País da América Latina % TEA (GEM 2016) %TEA (GEM 2017) Classificação/64 (2016) Classificaçâo/54 (2017). Equador 31,8 29,6 2 1 Peru 25,1 24,6 6 3 Chile 24,2 23,8 7 5 Brasil 19,6 20,3 10 10 Colômbia 27,4 18,7 5 13 Uruguai 14,1 14,7 10 15 Argentina 14,5 6 16 47 FONTE: GEM (2017, traduzido e adaptado); GEM (2018, traduzido e adaptado) Empreendedores nascentes = até 3 meses Empreendedores novos = até 3,5 anos Analisando os indicadores relativos ao TEA, chama a atenção o fato de o Equador apresentar os maiores percentuais. De acordo com o relatório Observatório Internacional, elaborado pelo Sebrae, ainda que seja datado de 2012, há alguns facilitadores que explicam estes índices em relação ao Equador: o ambiente econômico propicia uma maior promoção do empreendedorismo, lembrando que o empreendedorismo por necessidade é o mais frequente; existem programas governamentais que concedem subvenções, além de linhas de crédito, principalmente para as empreendedoras do sexo feminino. Embora o Equador apresente índices elevados, comparados aos países vizinhos da América do Sul, de acordo com o relatório do Sebrae (2012), ainda há uma necessidade de políticas que promovam a atividades empresarial, principalmente aquelas inovadoras, que possuem um potencial de crescimento maior. A seguir, apresentamos alguns dados relativos a uma análise mais específica do Brasil, analisando assim dados provenientes dos relatórios GEM Brasil com base nos anos de 2016 e 2017. Estes dados fornecem um panorama do percentual e quantidades de empreendedores considerando seus estágios. Os estágios correspondem ao tempo em que o negócio ou empreendimento está em funcionamento. Além dos negócios novos, ou seja, aqueles que estão em funcionamento em um curto espaço de tempo (período inferior a 3 meses), a análise considera ainda os negócios nascentes, aqueles que funcionam há 3 meses, os novos, que funcionam entre 3 e 42 meses, e os estabelecidos, que são aqueles empreendimentos que funcionam há mais de 42 meses. Com base nos dados expostos na TAB. 4 e em análises citadas nos relatórios GEM Brasil, nos anos de 2016 e 2017, identificou-se que no ano de 2016, 36% da população brasileira, entre 18 e 64 anos, Estes índices causam uma certa estranheza, mas se considerarmos a saturação de um ambiente empreendedor começa a fazer sentido. Países como Burkina Faso e Equador possuem uma estrada maior a ser percorrida, frente a países como Itália e Bulgária. Programas governamentais recentes e a população iniciando um engajamento e um novo comportamento na abertura de negócios fazem seus países se destacarem no empreendedorismo, lembrando que é o empreendedorismo por necessidade que alavanca estes índices. A seguir, apresentamos a taxa de empreendedorismo em estágio inicial (TEA) dos países da América Latina que participaram da pesquisa em 2017. 25Empreendedorismo estava envolvida em uma atividade empreendedora, ou seja, a cada 100 brasileiros ou brasileiras adultos nesta faixa etária, 36 destes estavam envolvidos em atividades relacionadas ao empreendedorismo, tais como: criação ou aperfeiçoamento de um novo negócio, ou ainda na manufatura de um negócio já estabelecido. No ano de 2017, este índice cresceu, como podemos ver na TAB. 4, para 36,4%. Assim, podemos concluir, com base nas estimativas efetuadas pelos relatórios GEM, que, em 2016, 48.239.059 brasileiros ou brasileiras estavam envolvidos em uma atividade empreendedora, e que, em 2017, a população envolvida em atividades empreendedoras foi de 49.332.360. TABELA 4 _ Comparação entre as taxas e estimativas de empreendedorismo segundo estágio do empreendimento no Brasil (anos de 2016 e 2017) Estágio TAXA — GEM BRASIL 2016 TAXA — GEM BRASIL 2017 Estimativas GEM BRASIL 2016 ¹ Estimativas GEM BRASIL 2017 ² Iniciais (nascentes e novos) _ TEA 19,6 20,3 26.191.876 27.482.078 Nascentes (até 3 meses) 6,2 4,4 8.350.471 6.010.858 Novos (de 3 a 42 meses) 14,0 16,3 18.793.132 22.093.966 Estabelecidos (acima 42 meses) _ TEE 16,9 16,5 22.674.916 22.337.649 Total de empreendedores _ TTE 36,0 36,4 48.239.058 49.332.360 Ainda com base nos dados expostos na TAB. 4, considerando a evolução entre os anos de 2016 e 2017, observa-se o aumento da taxa de empreendedores novos cresceu de 14,0% para 16,3% e o movimento contrário quando compara-se a evolução dos empreendedores nascentes, uma vez que o índice sofreu uma redução de 6,2% em 2016 para 4,4% em 2017. Segundo análise do relatório GEM 2017, a diminuição dos empreendedores nascentes supõe que os brasileiros estavam considerando menos a possibilidade de adentrar em atividades empreendedoras, hipótese fortemente relacionada a recuperação da economia brasileira em 2017. O relatório GEM ainda associa que a esperança por um trabalho formal foi mais forte que a iniciativa em ser empreendedor, principalmente naquelas atividades caracterizadas pelo empreendedorismo por necessidade, o qual entenderemos mais adiante. Já na análise dos empreendedores novos, segundo o GEM (2018, p 9), o aumento entre os dois anos evidencia que os empreendedores nesta classificação mantiveram suas atividades empreendedoras; “Os empreendedores nascentes, de períodos anteriores, mantiveram suas atividades, tornando-se novos, e os empreendedores novos permaneceram com os seus empreendimentos ativos”. A evolução da taxa de empreendedorismo (2002 a 2017), segundo o estágio de empreendimento, da taxa de empreendedores em estágio inicial (nascentes e novos) – TEA, da taxa de empreendedores estabelecidos (acima de 42 meses ou 3,5 anos) – TEE, e da taxa total de empreendedores – TTE, desse período de tempo estão dispostas no GRÁF. 1. FONTE: GEM (2017); GEM (2018) Percentual de população de 18 a 64 anos. ¹ Estimativas calculadas com base em dados da população brasileira de 18 a 64 anos para o Brasil em 2016: 133,9 milhões. ² Estimativas calculadas a partir de dados da população brasileira de 18 a 64 anos para o Brasil em 2017: 135,4 milhões. TEA – taxa de empreendedores em estágio inicial (nascentes e novos) TEE – taxa de empreendedores estabelecidos TTE – taxa total de empreendedores 26 Samir Bazzi | Joslaine Chemim Duarte | Auri Cesar Pupo Junior GRÁFICO 1 _ Taxas¹ de empreendedorismo segundo estágio do empreendimento – TEA, TEE, TTE – Brasil – 2002 a 2017 FONTE: GEM Brasil (2018) ¹ Percentual da população de 18 a 64 anos. Com base no relatórios GEM Brasil, comparando os anos de 2016 e 2017, observa-se um incremento principalmente na taxa de empreendedores iniciais por oportunidade, considerando a população na faixa entre 18 e 64 anos. Em 2016, a taxa da população brasileira de empreendedores por oportunidade foi de 11,2%, enquanto a de empreendedores por necessidade foi de 8,3%. Já em 2017, a taxa de empreendedores por oportunidade evoluiu para 12,1%, enquanto a taxa de empreendedores por necessidade reduziu para 8,1%. Estes são importantes indicadores que indicam que os brasileiros estão empreendendo pois estão percebendo oportunidades de negócios, frente a falta de opções e complementos de renda, situação que caracteriza o empreendedorismo por necessidade. Com base no relatório GEM Executivo 2017, que pergunta aos entrevistados sobre de como eles se vêem empreendedores, podemos afirmar que: • Empreendedorismo por Oportunidade: São considerados empreendedores por oportunidade aqueles que, quando indagados na entrevista, afirmam ter iniciado o negócio principalmente pelo fato de terem percebido uma oportunidade no ambiente. • Empreendedorismo por Necessidade: Ao contrário, o empreendedorpor necessidade é aquele que afirma ter iniciado o negócio pela ausência de alternativas para a geração de ocupação e renda. FONTE: GEM Brasil (2017) 27Empreendedorismo CONCLUSÃO Nesta Unidade de Estudo, foram abordadas as definições de empreendedorismo além da apresentação de tendências que potencializam a inovação e o incremento em atividades empreendedoras. Ainda, foi feita uma comparação com os dados de outros países, com base nos relatórios GEM Global e GEM Brasil, correspondentes aos anos de 2016 e 2017. Destacou-se que o empreendedorismo é vital para o país, pois tem se mostrado uma ferramenta de desenvolvimento econômico, e o empreendedor tem o papel principal como agente de mudanças. 28 Samir Bazzi | Joslaine Chemim Duarte | Auri Cesar Pupo Junior REFERÊNCIAS CAMBRIDGE DICTIONARY. Disponível em <https://dictionary.cambridge.org/pt/dicionario/ingles/entrepreneur>. Acesso em: dez. 2017. CICCONI, Eduardo G. Empreendedorismo. In: PORTO, Geciane et al. Gestão da inovação e empreendedorismo. 1. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2013. p. 1-14. DEGEN, Ronald Jean. 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Neste contexto, Leite (2012) destaca que os empreendedores são como ativos de grande relevância para qualquer economia, basta analisar a geração de empregos e colaboração com o PIB (Produto Interno Bruto), fomentadas pelas pequenas e médias empresas em países desenvolvidos. Outra constatação sobre os empreendedores, além da relação com o desenvolvimento de um cenário, é que eles não podem estar associados somente à abertura de negócios. Absolutamente não. Hashimoto (2014) endossa o discurso de Schumpeter de que o empreendedor não se limita à criação de negócios, mas também pode estender-se a outras ações como: • criação de um método de produção; • abertura de um novo mercado; • busca por alternativas de materiais; • promoção de mudanças estruturais na organização; • novas redes de relacionamentos para apoiar nos negócios, entre outras. “Nem sempre o empreendedor gera a ideia ou inova, mas tem papel fundamental na transformação de qualquer ideia , dele ou de terceiro, em um projeto ou produto de sucesso” (HASHIMOTO, 2012 p. 35). Com base nestes questionamentos, discutiremos as características do perfil do empreendedor, assim como as atitudes deste profissional que estão em voga nos dias atuais. 1 EMPREENDER E EMPREENDEDOR Empreender é um verbo e, portanto, denomina uma ação. O ato de empreender nasce com a curiosidade humana e é desenvolvido pela evolução das necessidades, que, impondo uma nova realidade de vida, geram ações de mudanças. Para Dolabela (2012), empreender é uma manifestação da liberdade humana. Neste contexto, empreender é natural à evolução do ser humano, pois, desde criança, impulsionado por esta curiosi- dade, ou desde o começo da sua existência, o homem está buscando soluções, desenvolvendo ou alterando algo que necessita para facilitar ou entreter a vida. Ao longo do tempo e com a evolução crescente das necessidades, ocorreu o momento da meca- nização e os processos industriais mudaram e foram se tornando mais complexos, conduzindo a evolu- ção tecnológica. Estes fatos levaram à necessidade de obtenção de maior produtividade e qualidade, Empreender é o ato de decidir, tentar, por em exe- cução, realizar tarefa difícil e trabalhosa (DICIO, 2017). Neste sentido, com base no que vimos nos parágrafos anteriores, quais características são necessárias para atuar como um agente de mudança em diferentes cenários? Ou seja quais características são inerentes a um perfil empreendedor? 32 Samir Bazzi | Joslaine Chemim Duarte | Auri Cesar Pupo Junior então o conceito de empreendedor foi ampliado e aprofundado. Por algum tempo, entendia-se como empreendedor apenas aquele que abria uma empresa e procurava produzir bens e serviços para obter resultados e era confundido com o administrador. Com a globalização, passamos por mudanças cons- tantes, principalmente na parte tecnológica, aumentando assim a competitividade que impulsiona a necessidade de ampliar o conceito de empreender. É um agente de mudanças, que imagina e desenvolve novas ideias e que pensa em mudar tudo o que existe. É otimista, planeja e estabelece objetivos, calcula os riscos e persegue o alvo, pois é motivado a desafios. Coloca suas visões em prática e faz com que se tonem reais. Tem iniciativa e possui atitudes e comportamentos que fazem com que seja criativo. Busca constantemente informações, percebe e aproveita oportunidades, faz uma rede de relações, administra recursos com eficiência, preocupa-se com a qualidade de produtos e serviços e tem satisfação em atender a necessidade do mercado e ser sustentável. Pinchot, na década de 1980, colabora com a ampliação do conceito de que o empreendedor não é só aquele que abre um negócio, mas também aquele que trabalha dentro de uma organização, voltado para inovações e mudanças. Surge então o termo intraempreendedor, ou empreendedor corporativo. Você já deve ter ouvido alguém questionar se o empreendedor é fruto de herança genéti- ca. Esta é uma questão discutível, pois há várias concepções entre autores,pesquisadores e estu- diosos. Veja algumas linhas de raciocínio: Há uma convergência de ideias de que ser empreendedor depende de inúmeros fatores, entretanto, alguns nascem com caraterísticas e habilidades que quando bem desenvolvidas são favoráveis a empreender. É possível, então, que uma pessoa aprenda a ser empreendedora. Na aprendizagem empreendedora, as pessoas aprendem com a prática, com suas próprias experiências e com as dos O intraempreendedor é um colaborador da empresa que inova, identifica e cria opor- tunidades de negócios, monta e coordena novas combinações ou arranjos de recursos para agregar valor (WUNDERER, 2001 apud HASHIMOTO, 2012). Todos nascemos empreendedores e é possível libertar esse potencial. Empreendedores já nascem com algumas característi cas, como o desejo de abrir um negócio, de realização, assumir r iscos etc. Empreendedor é fruto do meio onde vive. Um ambiente empreendedor pode motivar uma pessoa a empreender. Empreendedor não é nato, mas resultado de trabalho, comportamento, atitude, habilidade e aprendizagem. O empreendedor é “alguém que concebe, desenvolve e realiza visões” (FILION, 1991, p. 64). 33Empreendedorismo outros, desenvolvem seus próprios conceitos, que são propagados e aprendidos por outros, em virtude de terem obtido êxito, e também aprendem com os insucessos. Para aprender a ser empreendedor, é necessário desenvolver a capacidade de observação e curiosidade, estar atento às necessidades humanas, aberto a mudanças, disposto a pensar diferente ou “fora da caixa”, em fazer algo novo etc. 2 PERFIL DO EMPREENDEDOR Existem diversos estudos que analisaram o comportamento do empreendedor e que procuraram traçar um perfil ideal, formando um conjunto de características distintivas e competências que fazem com que tenha sucesso. Alguns professores e pesquisadores do Babson College afirmaram que não há evidências de que empreendedores possuam um conjunto especial de características de personalidade que os distingue do restante das pessoas, mas algumas pesquisas, mesmo sem comprovação científica, identificaram quatro características principais que poderiam ser atribuídas aos empreendedores: • um forte desejo de realização; • um sentido inato de ter a capacidade de influenciar eventos; • a tendência de assumir riscos; e • uma tolerância para a incerteza. Nas duas últimas décadas, os pesquisadores se preocuparam em verificar como os empreendedores pensam e agem e descobriram que existem padrões de como eles pensam. Isso significa que, com a prática, todo ser humano tem uma capacidade de agir e pensar de forma empreendedora e de mudar a forma como pensa (NECK; NECK; MURRAY, 2018). Outra visão vem da pesquisadora Saras Sarasvathy (professora da Darden School of Business, da Virginia University) que, em 2001, efetuou um estudo científico, descobrindo padrões de pensamento e adicionou uma nova dimensão para a compreensão da mentalidade empreendedora, a effectuation, que pode ser traduzida para efetuação, ou o ato de realizar as coisas. Para a pesquisadora, o empreendedor eficaz se concentra em primeiramente criar, ou melhor, cocricar o futuro com uma ideia genérica do que pretende fazer e utilizar os recursos disponíveis para se relacionar com os vários stakeholders (partes interessadas que de alguma forma participam: clientes, parceiros, governo etc.) e colocar em prática. Vai aprendendo com o fracasso e, se necessário, ajusta o curso de ação. Esta ideia surge em oposição à de que o primeiro passo para empreender é fazer um plano de negócios, estabelecer os objetivos, depois buscar e aproveitar as oportunidades para alcançar os objetivos traçados. A teoria defendida por Sarasvathy, resposta de seus estudos, é o “aprender fazendo” na base da tentativa de acertos e aprendendo com os erros (HISRICH; PETER; SHEPHERD, 2014; PINHO, 2017). Mas, será que existe um perfil ideal de empreendedor que faz com que tenha sucesso? Perfil é um conjunto de características o u c o m p e t ê n c i a s n e c e s s á r i a s ao desempenho de uma atividade. Entende-se por competência um conjunto de qualificações de uma pessoa para a execução de um trabalho. 34 Samir Bazzi | Joslaine Chemim Duarte | Auri Cesar Pupo Junior Na primeira alternativa, inicia-se um negócio com um objetivo traçado previamente, utilizam-se ações de marketing (analisar as oportunidades de longo prazo, escolher o cliente-alvo, a segmentação de mercado, elaborar estratégias etc.) e buscam-se os meios para alcançar este objetivo. Esta escolha despende grande tempo e energia até que vire realidade e pode não assegurar o sucesso almejado. A segunda opção é baseada na Teoria da Efetuação, que aborda o aprendizado do empreendedor com a prática, com tentativa de erro e acertos, ajustando rapidamente o curso de ação para obter sucesso. Por outro lado, o psicólogo David McClelland, nas décadas de 1960 e 1970, fez vários estudos, pesquisas e experimentos em sua empresa de consultoria e com o apoio do governo americano. Para McClelland (1972), não havia relação entre herança genética e empreendedor, mas sim entre este e o meio ambiente. O estudo resultou em dez características de comportamento do empreendedor de sucesso, que foram agrupadas em três categorias de competências: realização, poder e planejamento. “O processo de efetuação inicia com o que tem (quem são, o que conhecem e quem conhecem) e seleciona entre os possíveis resultados” (HISRICH; PETER; SHEPHERD, 2014, p. 9). Se você quer abrir uma loja de roupas femi- ninas, teria duas opções para fazer: a. Elaborar pesquisa de mercado, ver o público- -alvo, fazer planejamento prévio de que objetivos quer alcançar e as estratégias que vai usar. b. Oferecer roupas para pessoas próximas e colegas de trabalho e ir percebendo se seria uma boa opção. Se as vendas e o retorno forem favoráveis, é um indicativo que você pode tomar mais um passo e alugar ou comprar um local para estabelecer a loja. Caso contrário, deve mudar de ideia e, neste caso, a perda de recursos futuros, tais como dinheiro e tempo, assim como energia, seriam evitados. 35Empreendedorismo Veja, na FIG. 1, esta classificação: FIGURA 1 – Características comportamentais empreendedoras FONTE: McClelland (1972, adaptado) Veja um detalhamento das características comportamentais empreendedoras segundo os estudos de McClelland (1972) nas três competências: realização, poder e planejamento: FIGURA 2 – Detalhamento das características comportamentais empreendedoras REALIZAÇÃO Busca de oportunidades e iniciativa É procurar e aproveitar todas as oportunidades de negócio, na criação e expansão, novas áreas, produtos e/ou serviços. Iniciativa é a capacidade de se antecipar, ser proativo quanto às situações, apresentando soluções para problemas atuais e principalmente futuros e ter coragem para enfrentar o desconhecido, agir antes de ser forçado pelas circunstâncias. Persistência Perseverar, não desistir, agir repetidamente ou efetuar mudança de estratégia para superar os obstáculos e se esforçar para atingir os objetivos e obter sucesso. Correr riscos calculados Procurar as alternativas de solução de problemas, compará-las, avaliá-las e optar por aquelas que com desafios moderados reduzem os riscos e têm boas chances de sucesso, sem colocar tudo a perder. Exigência de qualidade e eficiência Ser rigoroso e exigente com o negócio, produtos e serviços que oferta, fazer melhor e mais rápido, cumprindo prazos e padrões, de maneira que atendam ou até excedam a expectativa do cliente e também usar bem os recursos que tem, otimizando-os, ou fazer mais com menos, reduzindo custos, tempo etc. Continua REALIZAÇÃO PODER PLANEJAMENTO Busca de oportunidade e iniciativa Persistência Correr riscos calculados Exigência de qualidade e eficiência Comprometimento Independência e autoconfiança Persuasão e rede de contatos Busca de informações Estabelecimentode metas Planejamento e monitoramento sistemáticos 36 Samir Bazzi | Joslaine Chemim Duarte | Auri Cesar Pupo Junior REALIZAÇÃO Comprometimento Significa empenho pessoal, engajamento e responsabilidade sobre sucesso e fracasso, atuação em conjunto com a equipe para alcançar os resultados e priorização do relacionamento com os clientes ao invés das necessidades de curto prazo. PODER Independência e autoconfiança É ter autonomia para agir e estar sempre confiante no sucesso das decisões e na sua capacidade, é ser otimista e determinado. Persuasão e rede de contatos Usar de estratégia para influenciar e persuadir pessoas, constituir uma rede de relações com pessoas-chave, que possam apoiar e auxiliar no atingimento dos objetivos. PLANEJAMENTO Busca de informações Investigar e estar em constante atualização de dados e informações sobre o mercado, clientes, fornecedores, concorrentes e sobre o negócio em que atua. Também procurar orientação de especialistas e órgãos de apoio para tomada de decisão. Estabelecimento de metas Estipular objetivos e metas que sejam desafiadores, de curto e longo prazo, que sejam claros, específicos, mensuráveis e com indicadores de resultado. Registrar tudo o que se quer fazer e alcançar. Esta é a principal característica e o motor de empreendedores. FONTE: McClelland (1972, adaptado) Estes estudos foram e estão sendo usados pela ONU e muitos países, entre eles o Brasil, para treinamento de quem quer ser empreendedor. O Sebrae tem ofertado o curso Empretec, que ensina como desenvolver as dez características comportamentais empreendedoras dos estudos de McClelland. Vários autores fazem uma lista das principais características e competências que um empreendedor deve possuir para obter sucesso. Estas competências são importantes para quem deseja ser empreendedor e estão presentes em maior ou menor proporção em cada pessoa, de acordo com a sua trajetória de vida e nível cultural. Conclusão 37Empreendedorismo Dornelas (2010) elabora algumas competências: FIGURA 3 – Competências do empreendedor COMPETÊNCIA ATITUDE OU COMPORTAMENTO Compromisso e determinação Tenacidade e decisão, capaz de se comprometer rapidamente; intensamente competitivo para atingir metas; persistente na resolução de problemas, disciplinado; disposto a assumir sacrifícios pessoais; imerso na missão. Coragem Força moral; experimento destemido; não tem medo de conflitos, fracassos; intensa curiosidade ao enfrentar riscos. Liderança Obsessão pela oportunidade Liderança para moldar a oportunidade; tem um conhecimento íntimo das necessidades e dos desejos dos clientes; voltado para o mercado; obcecado com a criação de valor e a melhoria. Tolerância ao risco, à ambiguidade e à incerteza Assume riscos calculados; minimiza o risco; compartilha o risco; administra paradoxos e contradições; tolera a incerteza e a ausência de estrutura; tolera o estresse e o conflito. Criatividade, autossuficiência e adaptabilidade Motivação para se destacar FONTE: Dornelas (2010, adaptado) Automotivado; altos padrões, mas sem ser perfeccionista; criador de equipes e gerador de heróis; inspira outras pessoas; trata os outros como gostaria de ser tratado; compartilha a riqueza com todas as pessoas que ajudaram a criá-la; honesto e confiável; constrói confiança; pratica a integridade; não é um lobo solitário; excelente aprendiz e professor; paciente e insistente. Voltado para metas e resultados; objetivos altos, mais realistas; dinamismo para realizar e crescer; baixa necessidade de status e poder; apoio interpessoal (versus competição); consciente dos pontos fracos e dos pontos fortes; tem perspectiva e senso de humor. Pensador lateral, não convencional, de mente aberta; impaciente com o status quo; capaz de se adaptar e mudar; criatividade para resolver problemas; aprende rápido; não tem medo do fracasso; capaz de conceitualizar e “entender os detalhes”. 38 Samir Bazzi | Joslaine Chemim Duarte | Auri Cesar Pupo Junior Será que estas características e competências estão presentes nos empreendedores brasileiros? Depois de vários estudos, vem um questionamento: 3 PERFIL DO EMPREENDEDOR BRASILEIRO A Endeavor, que é uma organização global sem fins lucrativos com a missão de multiplicar o poder de transformação do empreendedor, efetuou uma pesquisa no Brasil, em 2014, com 3.917 entrevistas on-line, em 14 cidades brasileiras, 33 entrevistas com empreendedores e 2 especialistas, para procurar entender a cultura empreendedora brasileira. Veja as principais conclusões que o estudo trouxe: Cinco aspectos comuns e indispensáveis do empreendedor brasileiro Otimismo: espera sempre o melhor e acredita que tudo vai dar certo. Autoconfiança: acredita em si mesmo, nas suas ideias e decisões. Coragem para aceitar riscos: faz o possível para reduzir os riscos, mas considera correr risco algo que dá energia e faz crescer. O sonho de realizar é maior que o medo de fracasso e este é considerado como aprendizagem. Desejo de ser protagonista: grande vontade de ser reconhecido, conduzir a própria vida e ser pleno. Resiliência e persistência: acredita no potencial do sonho, luta e não desiste. A pesquisa também evidenciou um detalhamento dos perfis do empreendedor e encontrou: Nato: tem alma de empreendedor, busca realizar seus sonhos, procura empreender sempre. Meu jeito: quer fazer as coisas do jeito que acredita que devem ser e quer ser reconhecido por isso. Situacionista: é levado a empreender por circunstâncias, oportunidade “caiu no colo”, grande insatisfação com o mercado atual, recebeu convite (em geral, a maioria feminina). Herdeiro: incentivado a ser empreendedor, cresceu próximo a um modelo empreendedor e foi incentivado a seguir este caminho. Idealista: quer mudar o mundo. Empreender é uma forma de garantir seus valores e ideais. A motivação principal é contribuir, fazer a sua parte. Busca do milhão: empreender para conquistar fortuna, o maior foco é o lucro. 39Empreendedorismo A seguir, são apresentados os percentuais do total dos entrevistados Brasil (geral) e apenas dos empreendedores. QUADRO 1 – Perfis: empreendedores x total dos entrevistados PERFIL EMPREENDEDOR BRASIL – GERAL 27% Busca do milhão 31% Situacionista 21% Nato 25% Busca do milhão 17% Meu Jeito 14% Meu jeito 13% Idealista 12% Idealista 13% Herdeiro 12% Nato 9% Situacionista 7% Herdeiro Base: Empreendedores Base: Total FONTE: Endeavor (2017) No Brasil, temos muitos empreendedores de sucesso: Robson Shiba (China in Box), Ricardo Sayon (Rihappy), Romero Rodrigues (Buscapé), Luiza Trajano (Magazine Luiza), Jorge Paulo Lemann (3 G Capital, Ambev, entre outras), Alexandre Costa (Cacau Show). Estes estudos existentes, sobre o perfil dos empreendedores, vêm colaborar para a avaliação e desenvolvimento deste importante agente de mudanças que contribui de maneira significativa nos aspectos socioeconômicos do país. Para aquele que quer ser empreendedor, servem como orientação pois indicam características que devem ser observadas e desenvolvidas para a maior probabilidade de obter sucesso. 4 VERDADES SOBRE O EMPREENDEDOR Na leitura desta Unidade, ao nos depararmos com as características do perfil do empreendedor, podemos ficar desanimados, caso não apresentemos alguma delas. Uma abordagem bem interessante é explorada pelo autores Heidi M. Neck, Christopher P. Neck e Emma L. Murray, no livro Entrepreneurship: the practice and mindset (2018). Na obra, eles apresentam verdades sobre o empreendedorismo que animam aqueles que querem embarcar neste mundo. Analisando as verdades, fica claro que não há uma leitura determinista sobre o perfil do empreendedor, mas sim, atitudes que podem ser trabalhadas e desenvolvidas. Ainda, estas verdades remetem ao cenário atual e a concepção do que se pensa fortemente sobre o empreendedorismo. 40 Samir Bazzi | Joslaine Chemim Duarte | Auri Cesar Pupo Junior Estas verdadesquebram estereótipos, como: • de que o empreendedor não pode conversar com concorrentes; • de que o empreendedorismo não pode ser ensinado nas salas de aula; • de que é considerado empreendedor apenas aquele que abre um novo negócio; • de que os empreendedores são tomadores de riscos a todo momento e ao extremo; • de que o planejamento é uma prática constante e conduzido de forma sistemática na vida dos empreendedores; • de que os empreendedores têm traços de personalidade. Na FIG 4 e no detalhamento sobre cada verdade apresentados a seguir, temos a ideia de como o empreendedor deve agir no cenário contemporâneo segundo Neck et al. (2018). FIGURA 4: As 7 verdades sobre o empreendedorismo Verdades sobre o Empreendedorismo Empreendedorismo não é exclusivo para startups. Empreendedores não têm traços especiais de personalidade. Emp reen ded ores não são agen tes d e risco s ext remo s. Empreendedores colaboram mais do que competem. Empresários agem mais do que planejam. Em pre end edo rism o é u ma hab ilida de de vida . Empreendedores podem ser ensinados é um método que requer prática. 1 2 3 4 5 6 7 FONTE: Neck et al. (2018, adaptado) 41Empreendedorismo Vamos analisar mais detalhadamente sobre o que se refere cada uma dessas verdades: VERDADE N° 1: EMPREENDEDORISMO NÃO É EXCLUSIVO PARA STARTUPS Esta verdade trata da desmitificação de que o empreendedorismo é alusivo somente ao universo das startups, e que considera-se somente o indivíduo como empreendedor aquele que está inserido neste meio. Assim como a quantidade de negócios considerados startups vem aumentando, a quantidade de publicações acerca do tema também tem apresentando um crescimento. Nestas publicações, é natural a correlação com conceitos de empreendedorismo e inovação, o que muitas vezes podemos achar que é a única associação que pode existir: empreendedorismo e startups. De acordo com Neck et al. (2018), a atuação dos empreendedores é bem mais ampla do que o limite para startups. Segundo os autores, os empreendedores podem estar nas empresas, de qualquer porte ou de qualquer ramo (e não necessariamente aquelas correlacionadas à tecnologia), nas empresas familiares, nas franquias, nas organizações com ou sem fins lucrativos e ainda nos negócios sociais. Podemos assim cravar que o empreendedor não está limitado ao universo das startups. VERDADE N° 2: EMPREENDEDORES NÃO TÊM UM CONJUNTO ESPECIAL DE TRAÇOS DE PERSONALIDADE Havia uma tendência no campo científico em estudar os traços acerca do comportamento do empreendedor. Nas últimas décadas, segundo Neck et al. (2018), esta tendência foi sendo substituída à medida que padrões de como os empreendedores pensam ou agem foram sendo identificados. Um desses padrões, por exemplo, foi identificado nos estudos da pesquisadora Saras Sarasvathy e apresentados por Neck et al. (2018), que concluiu que o empreendedor tem a visão do futuro como algo imprevisível e controlável. Esta característica não seria uma regra efetiva ao comportamento empreendedor, mas sim uma característica relacionada a um estudo de análise de padrões. Portanto, absolutamente não é verdade o fato de pensarmos que os empreendedores têm um conjunto específico de traços ou características cravadas. Imaginem se todos os empreendedores pensassem exatamente igual. Não é possível. Que bom que somos diferentes! VERDADE N° 3: O EMPREENDEDOR PODE SER ENSINADO (É UM MÉTODO QUE REQUER PRÁTICA) Não pensem que o empreendedorismo não pode seguir o caminho da educação formal. Muito pelo contrário. Cada vez mais as instituições de ensino superior e até mesmo do ensino fundamental e médio, ofertam em suas matrizes curriculares disciplinas de empreendedorismo. O empreendedorismo neste contexto não é uma fórmula mágica, em que o aluno ao final da disciplina é formado um empreendedor. Seria muito bom se fosse assim! O que acontece é que as disciplinas de empreendedorismo funcionam para ensinar a aplicação de métodos. São abordados passos e etapas que, quando seguidas, permitem um entendimento maior sobre todo o processo de empreendedorismo. Conhecer o cliente, validar o produto, entender a proposta de valor, identificar os recursos são ações que fazem parte de um método. E saber sobre tudo isso é muito válido, pois são meios utilizados por empreendedores e que ajudam os alunos a entenderem a problemática na busca de soluções para determinados cenários. Entre esses métodos, encontram-se o Business Model Canvas, Design Thinking, Design Sprint e o Mapa da Proposta de Valor, que fomentam o pensar por meio do empreendedorismo. 42 Samir Bazzi | Joslaine Chemim Duarte | Auri Cesar Pupo Junior VERDADE N° 4: EMPREENDEDORES NÃO SÃO AGENTES DE RISCOS EXTREMOS De acordo com Neck et al. (2018), o risco é muito relativo. Não se pode associar de forma obrigatória o risco extremo ao perfil do empreendedor. “Na verdade, a maioria dos empreendedores é tomador de risco muito calculado e avalia que está disposto a perder a cada passo dado” (NECK, 2018). VERDADE N° 5: EMPREENDEDORES COLABORAM MAIS DO QUE COMPETEM Observa-se nos eventos de fomento ao empreendedorismo e inovação, como promoções de ecossistemas, espaços de inovação, coworking e fóruns de discussões, um ambiente diversificado quanto à participação de diferentes profissionais. A interdisciplinaridade tem sido promovida justamente para provocar a inovação. Assim, podemos observar, nestes eventos, um processo de colaboratividade, um grande compartilhamento de informações que ocorre mesmo em empresas do mesmo ramo. De acordo com Neck et al. (2018), os empreendedores recorrem à experiência compartilhada e desejam aprender com outros que enfrentam ou enfrentaram desafios semelhantes. Um exemplo que elucida a colaboração entre empreendedores é o processo de colaboração entre dois gênios: Bill Gates e Steve Jobs. Bill Gates colaborou com Steve Jobs na concepção do Apple Mac. Portanto, a verdade n° 5 tem sido praticada! VERDADE N° 6: EMPREENDEDORES AGEM MAIS DO QUE PLANEJAM O planejamento é uma ação importante em uma atividade profissional, principalmente quando se propõe uma mudança. Acontece que a forma do planejamento tem sido demandada de forma diferente. No caso do empreendedor, é necessário evidenciar efetivamente o que o seu produto/ideia vem solucionar, pois investidores e a sociedade em geral querem entender de forma rápida como funciona tal produto, além de entender como os clientes lidam com o produto. Muitas vezes, um planejamento formal leva muito tempo e o timing da ideia pode ficar pelo caminho. A dinâmica deve ser muito mais rápida. Adotando essa perspectiva, Eric Ries, em seu livro A Startup enxuta, defende a utilização do MVP (do inglês, Minimum Viable Product e adotado em português como produto mínimo viável), a fim de testar rapidamente o mercado. É uma alternativa, pois, se optássemos por montar um produto novo após um processo de planejamento tradicional, provavelmente não conseguiríamos testar o produto em tempo (RIES, 2018). Os empreendedores em geral têm este perfil de fomentar que os processos aconteçam, a fim de que seu respectivo produto/serviço/ideia/ mudança de cenário seja logo colocado à prova. Com a adesão ao MVP, “agir mais do que planejar” tem se tornando cada vez mais real. VERDADE N°7: EMPREENDEDORISMO É UMA OPÇÃO DE VIDA Esta verdade está diretamente relacionada ao fato de que o empreendedor não deve estar limitado somente à abertura de um novo negócio/produto. Neck et al. (2018) endossam esta verdade, ao descreverem que instituições e indivíduos estão percebendo o empreendedorismo como algo que ajuda as pessoas a lidarem com um futuro incerto, uma vez que fornece métodos para pensar, agir, identificar oportunidades, abordar problemas de uma maneira específica, adaptar-se a novas condições, e assumir o controle das suas ações e ambições. 43Empreendedorismo Ainda, esta verdade está ligada muitoao comportamento empreendedor que pode ser aplicado em diferentes campos. 5 HABILIDADES PARA A PRÁTICA DO EMPREENDEDORISMO Na mesma linha da abordagem sobre as verdades a respeito do empreendedorismo, analisamos as habilidades para a prática dele, as quais estão relacionadas ao comportamento e ao modo agir dos empreendedores, principalmente no cenário atual. Estas práticas são como fatores que potencializam o empreendedorismo, uma vez que apoiam o empreendedor a experimentar o que está se desejando empreender, a lançar-se a utilizar jogos, desafios e novas metodologias (como o design sprint, Canvas, design thinking, proposta de valor) FIGURA 5: Cinco habilidades para a prática do empreendedorismo Habilidade de Brincar/Jogar Habilidade da Experimentação Habilidade da Criatividade Habilidade da Empatia FONTE: Neck et al. (2018, adaptado) Vamos conhecê-las melhor! Habilidade da Reflexão 44 Samir Bazzi | Joslaine Chemim Duarte | Auri Cesar Pupo Junior HABILIDADE DE BRINCAR/JOGAR Esta habilidade funciona como um mecanismo que potencializa o empreendedorismo e a inovação. A ação lúdica, que remete a uma brincadeira tende a consolidar o processo de aprendizado sobre os temas de empreendedorismo e inovação, além de potencializar a criatividade, interação, surgimento de ideias e aprendizado por tentativa e erro. Para Neck et al. (2018), a habilidade de jogar libera a imaginação, abrindo as mentes para uma riqueza de oportunidades e possibilidades para impulsionar o empreendedorismo e a inovação. HABILIDADE DA CRIATIVIDADE A habilidade da criatividade remete a abertura para o mundo, a fim de desencadear a capacidade de criação, identificação de oportunidades e solução de problemas. Neck et al. (2018) relacionam a criatividade como algo que fomenta principalmente a criação de oportunidades, ao invés de descobri-las ou procurá-las. O grau correspondente à habilidade da criatividade também está relacionado a princípios como: quantidade de recursos disponíveis para execução, capacidade de colaborar ao invés de competir, esforço para construir relacionamentos, entre outros. HABILIDADE DA EXPERIMENTAÇÃO A habilidade para promover a experimentação é melhor descrita em como agir para empreender (NECK et al. 2018) Esta habilidade remete a empreender a experimentação. Se você almeja lançar um produto, você deve proporcionar a interação deste produto com o cliente desejado, a fim deste contribuir com insights sobre ele. Neck et al. (2018) reforçam a necessidade de fazer perguntas, validar suposições, a fim de esgotar o entendimento de como os clientes interagem com o seu produto. Esta é uma habilidade que estreita com o perfil do empreendedorismo, uma vez que o empreendedor não deve estar limitado a pesquisas de opinião, mas sim ir a campo e entender como o cliente consome seu produto. Assim, esta ação fornecerá subsídios para o aprendizado em relação a sua ideia ou produto. 45Empreendedorismo HABILIDADE DA EMPATIA A habilidade da empatia é se colocar no lugar do outro. Compreende a ação de entender e empreender a leitura das emoções, intenções, pensamentos e necessidades das outras pessoas. Assim, a empatia permite o entendimento sobre o que as pessoas estão passando e, por isso, esta habilidade auxilia muito na prática do empreendedorismo. HABILIDADE DA REFLEXÃO A habilidade da reflexão impulsiona todas as outras habilidades. Consiste no momento de pensar sobre o que você, como empreendedor, tem desenvolvido por meio da empatia, do brincar, da criatividade e experimentação. De acordo com Neck et al. (2018), a reflexão fomenta o sentimento de desconforto, ajudando a análise crítica do próprio sentimento, contribuindo para a ação do autoconhecimento. Desta maneira, este processo de reflexão favorece a identificação de novas perspectivas, assim como a avaliação de resultados. CONCLUSÃO Estudar sobre diferentes visões sobre o perfil dos empreendedores vem colaborar para a avaliação e desenvolvimento deste importante agente de mudanças que contribui de maneira significativa nos aspectos socioeconômicos dos países. Para aqueles que querem empreender, servem como orientação as características que devem ser observadas e desenvolvidas para a maior probabilidade de obter sucesso. 46 Samir Bazzi | Joslaine Chemim Duarte | Auri Cesar Pupo Junior REFERÊNCIAS DOLABELA, Fernando. O segredo de Luísa. Rio de Janeiro: Sextante, 2012. DORNELAS, José C. A. Empreendedorismo: transformando ideias em negócios. Rio de Janeiro: Campus, 2010. FILION, L. J. O planejamento do seu sistema de aprendizagem empresarial: identifique uma visão e avalie o seu sistema de relações. RAE, São Paulo, v. 31, n. 3, p. 63-71, jul./set. 1991. HASHIMOTO, Marcos. Espírito empreendedor nas organizações: aumentando a competitividade através do intraempreendedorismo. São Paulo: Saraiva, 2014. HISRICH, R. D.; PETER, M. P.; SHEPHERD, D. A. Empreendedorismo. Porto Alegre: AMGH, 2014. EMPREENDER. In: Dicio: Dicionário online de Português. Disponível em: <https://www.dicio.com.br/ empreender/>. Acesso em: 29 dez. 2017. KEPLER, João. 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O banqueiro dos pobres: a revolução do microcrédito que ajudou os pobres. São Paulo: Ática, 2000. YUNUS Negócios Sociais Brasil. Muhammad Yunus. Disponível em: <https://www.yunusnegociossociais.com/ muhammad-yunus>. Acesso em: 02 jan. 2018. 49Empreendedorismo UNIDADE DE ESTUDO 3 TENDÊNCIAS DO EMPREENDEDORISMO INTRODUÇÃO As transformações constantes do mundo em que vivemos conduziram a novas maneiras de empreender que não só a de abrir novos negócios com objetivo de resultados. Empreender passou a ser uma preocupação social, com a maneira com que bens e recursos são usados e compartilhados, de inovar dentro da organização, também se voltando para carreira e profissão. 1 EMPREENDEDORISMO SOCIAL Antes de apresentarmos o conceito sobre o empreendedorismo social, podemos tomar como base a contextualização de Silva, Moura e Junqueira (2015), os quais descrevem que, devido à variedade de problemas sociais, esforços são exigidos da sociedade na busca de soluções para estes problemas. A grande questão, segundo os autores, é que vencer a adversidade dos problemas sociais não é simplesmente criar práticas pontuais para aqueles que necessitam possam passar a ser consumidores, mas sim criar condições para a emancipação e o desenvolvimento humano, tais como: proporcionar educação, formação, saúde, lazer e cultura. Desta forma, a criação destas políticas públicas convergem com as necessidades da população, e facilitam o acesso dos mais carentes que se encontram à margem da sociedade. Neste contexto, na busca das soluções, há uma nova configuração, uma vez que o Estado (esfera pública) não é o único solucionador dos problemas sociais, mas também a esfera privada. Além disso há uma nova onda, visto que os problemas ultrapassam as possibilidades da esfera pública ou privada atuarem com efetividade, por mais eficientes
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