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RELACIONAMENTO-INTERPESSOAL-E-ÉTICA-PROFISSIONAL

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1 
 
 
 
 
 
 
2 
 
SUMÁRIO 
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................... 3 
2 O AMBIENTE ORGANIZACIONAL E AS PESSOAS ................................... 4 
3 SEIS PRINCÍPIOS DA ÉTICA SOCIAL ......................................................... 8 
3.1 Identificando a importância dos princípios que norteiam a ética ................ 10 
3.2 Ética e moral .............................................................................................. 11 
3.3 Ética, moral e lei ........................................................................................ 12 
3.4 A função da ética ....................................................................................... 14 
3.5 Vantagens da implantação do código de ética ........................................... 15 
3.6 O código de ética ....................................................................................... 16 
4 ÉTICA PROFISSIONAL E BASES LEGAIS DA PROFISSÃO ................... 18 
4.1 Ética social, profissional e política ............................................................. 21 
4.2 As relações entre trabalho e ética .............................................................. 22 
4.3 Virtudes da ética profissional ..................................................................... 24 
4.4 O código de ética nas organizações .......................................................... 25 
4.5 Ética na tomada de decisões ..................................................................... 26 
5 QUESTÕES ÉTICAS ATUAIS ..................................................................... 28 
5.1 Os efeitos das transformações contemporâneas nos códigos normativos 31 
5.2 Função social da profissão e ambiência social contemporânea ................ 33 
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................ 37 
 
 
 
 
 
3 
 
1 INTRODUÇÃO 
Prezado(a) aluno(a)! 
 
O Grupo Educacional FAVENI esclarece que o material virtual é 
semelhante ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula é raro – quase 
improvável - um aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao 
professor e fazer uma pergunta para que seja esclarecida uma dúvida sobre o 
tema tratado. O comum é que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos 
ouvirem e todos ouvirão a resposta. No espaço virtual é a mesma coisa. Não 
hesite em perguntar, as perguntas poderão ser direcionadas ao protocolo de 
atendimento que serão respondidas em tempo hábil. 
Os cursos a distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da 
nossa disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e 
execução das avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da 
semana e a hora que lhe convier para isso. 
A organização é o quesito indispensável porque há uma sequência a ser 
seguida e prazos definidos para as atividades. 
 
Bons estudos! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4 
 
2 O AMBIENTE ORGANIZACIONAL E AS PESSOAS 
 
Fonte: shre.ink/mvsc 
As organizações são movidas por pessoas e necessitam delas para 
efetivarem seus objetivos e são úteis as pessoas somente quando podem ser 
usadas para que determinados fins possam ser atingidos. Alguns objetivos são 
conscientes e tangíveis, tais como o sustento e manutenção da sobrevivência 
através da estabilidade, comodidade, segurança. Sobre este tema Silveira 
(2020) esclarece: 
O trabalho, em uma organização, pode desempenhar funções 
psicossociais, servindo para atender necessidades humanas: ele dá 
sentido à vida, prestígio e poder sobre outras pessoas, coisas, dados 
e processos; serve de elemento para configurar a identidade pessoal 
(como somos, como nos vemos e somos vistos por outros), viabiliza 
interação e contatos sociais; oportuniza o desenvolvimento de 
habilidades e competências, transmissão de normas, valores, crenças 
e expectativas sociais (SILVEIRA, 2020, p. 3). 
Conforme Justino (2015), o atual cenário competitivo do mercado exige 
que os gestores corporativos se atentem para o desenvolvimento pessoal 
para gerar as mudanças desejadas no ambiente organizacional, o que é de 
fundamental importância para que as empresas possam se destacar ou mesmo 
se manter no mercado. Assim, cabe aos gestores de pessoas saber lidar com 
os sentimentos, observar a capacidade e reconhecer as emoções próprias e 
daqueles que trabalham na equipe. 
 
 
 
5 
 
O essencial é que o cotidiano profissional seja permeado por 
um relacionamento interpessoal eficiente e positivo. Dentro da rotina de uma 
empresa, os colaboradores precisam trabalhar em conjunto e se comunicar. 
Para isso, é importante que os relacionamentos sejam baseados em confiança, 
transparência e respeito. Assim como na vida pessoal precisamos de pessoas 
ao nosso lado para crescermos e nos desenvolvermos, no meio profissional não 
é diferente. As relações saudáveis entre os funcionários de uma organização são 
benéficas para todos os envolvidos, inclusive para a evolução da empresa como 
um todo. 
A importância das equipes nas atividades de trabalho cresceu 
exponencialmente nas últimas décadas. O trabalho tem sido mais cooperativo 
do que solitário. Equipes mostram maior adaptabilidade, inovação e 
produtividade. A ênfase na cooperação colocou em xeque metodologias 
clássicas de recrutamento, seleção, treinamento e avaliação de desempenho. 
As competências técnicas se mostraram insuficientes para a compreensão do 
desempenho de indivíduos e grupos de trabalho, pois, a sinergia interpessoal 
entre membros de equipe se revelou fundamental para o sucesso. Esta sinergia 
está relacionada à similaridade dos interesses e valores dos participantes de 
equipes de trabalho (BRITO, 2012; MAGALHÃES, 2018). 
Segundo Mendes (2021), mesmo profissionais que trabalham em casa 
dependem de construir boas relações para serem bem-sucedidos. Por isso, 
desenvolver um forte relacionamento interpessoal no trabalho é uma tarefa 
importante. Quando se fala de relacionamento interpessoal no trabalho entende-
se a união de vários indivíduos dentro do ambiente corporativo. É comum que 
essa relação se desenvolva entre profissionais que trabalhem em uma mesma 
organização ou façam parte de um mesmo time. De acordo com Silveira (2020): 
Cresce a prática de contratação de profissional através da sua pessoa 
jurídica, mas que trabalha dentro da empresa em relação comercial 
continuada similar ao empregado. O modelo de sentimento e 
relacionamento pode impregnar também este tipo de ligação 
profissional, visto que o ser humano tende a transpor seus modelos 
internalizados para diferentes convivências (SILVEIRA, 2020, p. 4). 
No entendimento de Justino (2015), perceber a vontade, o empenho, o 
envolvimento de cada funcionário é imprescindível para saber como e onde 
https://www.vittude.com/empresas/confianca-como-construir-dentro-das-empresas
https://www.napratica.org.br/qual-e-a-melhor-forma-de-cobrar-seu-time/
 
 
 
6 
 
pontuar para melhorar. Aos dirigentes cabe tomar a consciência do quanto 
o seu olhar e a sua presença influencia e interfere no comportamento do 
grupo, modelando-o para a direção necessária. Essa atuação promove 
mudanças que refletem no relacionamento com os clientes e fornecedores. 
Melhora a relação interpessoal e aumenta o respeito entre os colaboradores, 
levando-os a executar melhor as tarefas, e construir relacionamentos. Propõe-
se que todos se envolvam, trazendo uma comunicação eficaz, motivando-os a 
compreender e respeitar uns aos outros. 
Menciona ainda Cosenza (2020), em relação ao fato de que o 
relacionamento interpessoal no trabalho nada mais é do que a conexão, ou 
seja, a relação entre duas ou mais pessoas em âmbito profissional. Trata-se de 
como esses indivíduos se relacionam, se tratam e qual é o nível de qualidadede 
suas relações. No trabalho, as relações estão fundadas nas funções de cada 
profissional. Dependendo da área de atuação tem mais contato com uma ou 
outra pessoa e para que o trabalho seja executado da melhor forma muitas vezes 
é necessário ser capaz de cultivar tais relações com maestria. 
Cada ambiente de trabalho tem um modo particular de resolver suas 
questões no âmbito das relações sociais, apresentando estilos de interação 
social e estratégias preferidas de solução de problemas. Quando um trabalhador 
não possui o estilo interpessoal pertinente a determinado contexto, dificilmente 
obterá aceitação e reconhecimento por seus pares, resultando no seu 
afastamento voluntário ou involuntário. Neste sentido, a avaliação psicológica 
para fins de seleção e movimentação de pessoas para ambientes de trabalho 
possui uma longa tradição no uso de medidas de personalidade. Por outro lado, 
ainda se observa a carência de pesquisas que investiguem quais características 
de personalidade são predominantes em contextos laborais específicos. 
Normalmente o relacionamento interpessoal no trabalho ocorre em 
empresas de médio e grande porte, em função do maior número de pessoas que 
integram um sistema de trabalho. As pessoas costumam se aproximar por 
empatia, fator importante para o relacionamento interpessoal no trabalho e 
também para a colocação do indivíduo no mercado, explica o psicólogo Marcelo 
Tozato (2021). 
 
 
 
7 
 
Por meio do relacionamento interpessoal no trabalho, profissionais 
conseguem mais facilmente feedback honesto, apoio durante momentos de 
crise, uma divisão melhor das tarefas do trabalho e melhora do clima 
organizacional. Silveira (2020) menciona ainda que: 
As relações de emprego ou de prestação de serviço tendem a ser 
pactuadas por contrato formal que especifica direitos e obrigações 
legais, como trabalho a ser desenvolvido e a compensação a ser 
recebida. Esses contratos tendem a não investigar ou tratar aspectos 
subjetivos presentes nesses casos. Para Woolams e Brown (1979), 
"todas as vezes que duas ou mais pessoas se relacionam, há sempre 
alguma expectativa à parte de cada uma em relação ao que deseja tirar 
do relacionamento" (SILVEIRA, 2020, p. 4). 
De acordo com Justino (2015), o autocontrole permite que a pessoa 
reconheça o seu sentimento quando ele ocorre e controle a emoção, 
adequando-se a situação. A automotivação é a capacidade de dirigir o 
sentimento e a emoção com foco no objetivo. Depende de empatia para 
reconhecer as necessidades dos outros como a própria e ser receptivo às 
diferenças. Isso facilita a habilidade do relacionamento interpessoal. O 
profissional que consegue compreender e administrar suas emoções como 
a raiva, o medo e a frustração, além de se reconhecer nos outros, apresenta 
desempenho positivo em situações desafiadoras como cobrança e mudanças 
organizacionais. Coloca-se de forma flexível e madura, controla os 
instintos explosivos e intempestivos. 
O clima organizacional é um indicador que tem como objetivo medir a 
satisfação e percepção dos funcionários de uma empresa em relação ao 
ambiente de trabalho no qual estão inseridos. Quando não há colaboração e 
respeito, o clima organizacional pode ficar mais pesado e negativo. As pessoas 
acabam se sentindo mais isoladas e tristes, afinal, um dia a dia com uma boa 
comunicação e parceria contribui para um clima mais leve e positivo. 
Pesquisadores desde muito tempo se dedicam a compreender o 
funcionamento das relações interpessoais no trabalho em equipe. Os grupos 
humanos tendem a desenvolver um estilo particular para realizar suas 
atividades. As características das tarefas e das pessoas combinam-se para 
formar um padrão de interações sociais que se estabiliza como o modus 
operandi de uma equipe de trabalho. Estes processos envolvem aspectos de 
https://www.napratica.org.br/como-pedir-feedback-e-usar/
 
 
 
8 
 
personalidade dos membros da equipe que interagem entre si e com as 
características do trabalho. 
Em geral, os profissionais que desenvolvem relacionamento interpessoal 
no trabalho são pessoas que possuem metas e objetivos em comum. Eles 
compartilham os mesmos interesses, possuem a mesma linha de raciocínio ou 
vêm de backgrounds parecidos. A linguagem verbal e não verbal e o saber ouvir 
são condições importantíssimas para se estabelecer o vínculo e fortalecê-lo. 
A liderança tem um papel muito importante neste caso, onde deve se 
estabelecer por respeito e admiração. Um relacionamento interpessoal no 
trabalho forte é aquele que, independentemente de posição ou cargo na 
empresa, se estabelece por empatia e equilíbrio, ressalta o profissional. 
Para Silveira (2020): 
 
O diálogo é um recurso para conhecer as vontades e interesses como 
elementos que impactam na motivação e compromisso com o que 
precisa ser realizado. Mando e cobrança não estimulam criatividade e 
comprometimento, mas dependência, rebeldia e até má vontade e 
sabotagem. Tendem a desencadear mal-estar e afastamento, 
conversas paralelas, que é o contrário do que o gestor necessita: foco 
na ação e qualidade para chegar aos resultados em clima favorável 
(SILVEIRA, 2020, p. 15). 
O fortalecimento do relacionamento interpessoal no trabalho é essencial 
para se trabalhar uma comunicação mais assertiva. Pessoas com dificuldade 
para se comunicar podem acabar cometendo mais erros e não conseguem ser 
tão eficientes trabalhando em equipe. Por isso, fomentar boas relações entre os 
colaboradores é essencial para garantir uma comunicação mais eficaz e 
transparente. 
3 SEIS PRINCÍPIOS DA ÉTICA SOCIAL 
A ética social fundamenta-se em seis princípios clássicos, veja quais são: 
Dignidade da pessoa humana: A Convenção Americana sobre Direitos 
Humanos, de 1969, estabelece, em seu art. 11, § 1º, que “Toda pessoa humana 
tem direito ao respeito de sua honra e ao reconhecimento de sua dignidade. ” É 
característica intrínseca e inalienável de cada ser humano, colocando-o como 
https://www.napratica.org.br/metas-smart/
https://www.napratica.org.br/o-que-e-lideranca-e-por-que-e-importante-para-carreira/
 
 
 
9 
 
merecedor do respeito e da consideração do estado e da sociedade (BRASIL, 
1969). 
Direito de propriedade: O direito de propriedade é o direito das pessoas de 
possuírem coisas para atender às suas necessidades, para seu uso; é um direito 
pacificamente reconhecido por todos, conforme institui o art. 5º, XXII, CF/88 
(BRASIL, 1988). 
Primazia do trabalho: O art. 442, da Consolidação das Leis do Trabalho – CLT 
preconiza: o trabalho, atividade que o ser humano realiza para sobreviver, 
ganhar a vida e crescer como pessoa é a atividade de primordial importância, 
sem dúvida a mais expressiva da pessoa humana. A pessoa mesma está em 
seu trabalho. É comum as pessoas apresentarem-se pelo nome e pelo trabalho. 
Não só a subsistência pessoal e de familiares depende do trabalho, mas antes 
a própria pessoa, seu crescimento, seu desenvolvimento (BRASIL, 1943). 
Primazia do bem comum: O interesse do coletivo deve se sobrepor ao 
interesse individual, pois o avanço de uma sociedade depende do esforço 
conjunto das pessoas e só pode ser alcançado com a colaboração de todos os 
integrantes do grupo. Os seres humanos buscam naturalmente a união 
primeiramente porque são essencialmente sociais e em segundo lugar porque 
sentem inúmeras limitações ao agir isoladamente. É o conjunto de condições 
sociais que permite e favorece aos membros da sociedade o seu 
desenvolvimento pessoal e integral (SILVEIRA, 2020). 
Solidariedade: O art. 3º da Constituição Federal de 1988 traz como um de seus 
princípios a solidariedade: Um dos traços mais fortes da natureza humana. A 
pessoa imediatamente identifica o próximo como seu igual, ainda que não o 
conheça, ainda que de outra raça ou de outra língua. A solidariedade entre os 
seres humanos decorre diretamente do fato detodos serem da mesma natureza. 
É a chamada fraternidade humana (BRASIL, 1988). 
Subsidiariedade: A participação ativa das pessoas e de todos os grupos sociais 
nas esferas superiores, econômicas, políticas e sociais, de cada país e do mundo 
é a base desse princípio. Em latim, subsidere significa “sentar-se debaixo”, estar 
na reserva. Subsídio é o auxílio dado; quem recebe é dito subsidiado; quem doa 
é o subsidiário. Devido à presença do sufixo idade, a palavra subsidiariedade 
 
 
 
10 
 
significa o estado ou a qualidade de subsidiário. A organização social funciona 
porque o ser humano a sustenta na base (SILVEIRA, 2020). 
Ética profissional: A ética profissional diz respeito tanto ao comportamento do 
indivíduo em um ambiente de trabalho quanto à atuação de empresas e 
organizações. Para o indivíduo, é a observância dos comportamentos 
adequados ao convívio com colegas, chefias e clientes e dos compromissos 
assumidos com o trabalho. Para as empresas e organizações, é pautar sua 
atuação sempre pensando em algo melhor para a sociedade, pelo uso de boas 
práticas, como transparência, respeito às diversidades, respeito às leis, entre 
outras. Um conceito amplamente utilizado atualmente é o da sustentabilidade. 
Empresas e organizações procuram hoje o título de “sustentáveis”. Para tanto, 
precisam demonstrar suas práticas corretas em três esferas: ambiental, 
econômica e social (SILVEIRA, 2020). 
3.1 Identificando a importância dos princípios que norteiam a ética 
 
Fonte: shre.ink/mvKe 
De acordo com os estudos de Silveira (2020), o código de ética 
profissional é um dos princípios que norteiam a ética com algumas 
diferenciações, pois varia de acordo com os campos de atuação. Porém, alguns 
itens da ética profissional são universais, ou seja, são aplicados 
independentemente da área em que o profissional atua. 
 
 
 
11 
 
Alguns elementos de ética profissional são válidos para qualquer 
profissão: 
 
 Respeito à vida; 
 Cooperação; 
 Seriedade; 
 Competência; 
 Respeito à hierarquia; 
 Responsabilidade, entre outros. 
 
Os conselhos de representação das profissões têm como 
responsabilidade criar os códigos de ética para cada área de atuação. Os 
códigos de ética servem para padronizar as condutas de comportamento e 
procedimentos operacionais. Dessa maneira, será garantida a segurança dos 
usuários de cada serviço e dos profissionais atuantes (SILVEIRA, 2020). 
3.2 Ética e moral 
 
Fonte: shre.ink/mvKr 
Borges; Rodrigues (2011) esclaresem que no contexto filosófico, ética e 
moral possuem significados distintos. Ética é um conjunto de conhecimentos 
extraídos da investigação do comportamento humano ao tentar explicar as 
 
 
 
12 
 
regras morais de forma racional, fundamentada, científica e teórica, ou seja, é 
uma reflexão sobre a moral. Já a moral é o conjunto de regras aplicadas no 
cotidiano e usadas continuamente por cada cidadão. Essas regras orientam 
cada indivíduo, norteando as suas ações e os seus julgamentos sobre o que é 
moral ou imoral, certo ou errado, bom ou mau. 
A palavra ética vem do grego ethos, que significa morada, habitat, refúgio. 
Contudo, para os filósofos, a palavra se refere a caráter, índole. Sócrates coloca 
o autoconhecimento como a melhor forma de viver com sabedoria. Seguindo a 
máxima de Aristóteles em Ética a Nicômaco e em seu pensamento moral de 
forma geral, “somos o resultado de nossas escolhas”. Aristóteles acreditava que 
a ética se caracteriza pela finalidade e pelo objetivo a ser atingido, isto é, que se 
possa viver bem, ter uma vida boa, com e para os outros, com instituições justas. 
Já Platão entende que a justiça é a principal virtude a ser seguida. 
A palavra “moral” deriva do latim mores, que significa costume. A moral 
existe desde o início, pois as pessoas possuem uma consciência moral que as 
levam a distinguir o bem do mal no meio em que vivem, iniciando de fato quando 
o homem passou a viver em grupos, ou seja, surgiu nas sociedades primitivas. 
3.3 Ética, moral e lei 
 
Fonte: shre.ink/mvQY 
 
 
 
13 
 
Para Cunha (2015), uma questão que dificulta muitas vezes a 
compreensão do conceito e da importância da conduta ética pelos indivíduos 
reside em outro conflito conceitual em relação às seguintes instituições: ética, 
moral e lei. Como não fomos educados a pensar nas questões: Quero? Devo? 
Posso? Assim o comportamento humano segue padrões automáticos, repetindo 
soluções e fórmulas há muito presentes no meio social. 
Esse padrão de comportamento provoca uma sensação de normalidade 
posto que as ações sejam aceitas pelo grupo, sobretudo porque os membros do 
grupo agem da mesma forma quando em situações semelhantes. Ora, isso não 
significa necessariamente que age eticamente, antes, porém; indica que se 
repete um padrão, e isso se configura comportamento de grupo. Por isso, as 
pessoas oferecem grande resistência em romper com os costumes e aceitar as 
mudanças. Cabe então uma reflexão sobre a questão da moral. 
O termo moral vem do latim mores que quer dizer costumes. Portanto 
moral trata-se de um conjunto de hábitos e costumes praticados por um grupo. 
Tais hábitos e costumes são aceitos e incorporados por serem considerados 
bons. Por consequência, os hábitos por serem bons; são considerados justos. 
Finalmente, os hábitos bons e justos cooperam para a realização das pessoas. 
Considerando que um conjunto de hábitos bons e justos se tornam 
imprescindíveis para os indivíduos, os mesmos são convencionados em forma 
de lei. Assim sendo, pode-se dizer que a lei é um conjunto de bons costumes 
(moral) aceitos e praticados por um grupo social. Sintetizando o conceito de lei, 
entende-se que as leis são acordos obrigatórios definidos entre os indivíduos de 
um grupo, cujo objetivo é assegurar o mínimo de justiça ou direitos. Desta forma, 
fica explícito que a lei é um instrumento que possibilita efetuar a justiça. 
Conforme Camargo (1999), toda lei deve ser uma ordenação da razão 
com o propósito de promover o bem comum. Sendo assim, para que a lei atenda 
ao componente ético, ela deve ser justa, de forma a indicar o que está em 
consonância com a natureza e a dignidade do homem, onde a justiça não é uma 
qualidade humana ou um direito adquirido, mas sim um princípio ou pilar da 
fundação de uma sociedade bem estruturada. 
 
 
 
14 
 
3.4 A função da ética 
Cunha (2015), ensina que a ética tem por finalidade investigar e 
esclarecer uma realidade moral e estruturar seus respectivos conceitos. A 
realidade moral sofre variações com o passar do tempo, afetando de igual forma 
seus princípios e normas. As convenções e os princípios éticos doutrinários 
vigentes no passado se alteram em função de vários fatores e influencias que 
vão desde as mudanças culturais até o avanço cada vez mais veloz da 
tecnologia. 
A ética analisa a forma do comportamento humano e da moral, e busca 
explicá-lo. É nesse contexto que se concentra o verdadeiro valor da ética. 
Portanto, a ética fornece a compreensão racional do comportamento humano, o 
qual será posteriormente o elemento formador da consciência, que, por sua vez, 
leva o indivíduo a buscar o que é realmente bom, correto e justo, buscando 
identificar e estabelecer os novos parâmetros que nortearão os limites e 
capacidades. 
É necessário lembrar que as empresas são compostas pelos seus 
colaboradores, pelas pessoas que nela trabalham e onde passam a maior parte 
do seu tempo, portanto quando se diz que uma empresa é ética, na verdade, 
afirma-se que as pessoas de determinada empresa se comportam de forma 
ética. 
Outro ponto importante é a questão da imagem que a corporação 
transmite ao mercado. Uma empresa cujos empregados independentes do setor 
em que trabalham ou do nível hierárquico que ocupam se comportam de maneira 
incorreta no aspecto ético, certamente sofrerá as consequências deste 
comportamento na medida em que os consumidoresdeixarão de adquirir seus 
produtos ou serviços, afetando a sua rentabilidade. 
 Outro fator de grande influência é o acesso à informação. Com o avanço 
das tecnologias de comunicação, o acesso às informações foi facilitado, 
permitindo que as pessoas, aonde quer que estejam, acompanhem praticamente 
em tempo real os fatos ao redor do mundo. Em função disso, as empresas 
estabelecem os códigos de ética no objetivo de regulamentar o comportamento 
dos colaboradores, buscando desta forma evitar problemas que venham afetar 
 
 
 
15 
 
sua imagem no mercado. Mesmo assim, grandes corporações muitas vezes se 
vêem em situações embaraçosas e delicadas perante o mercado no aspecto. 
Isso significa que não basta apenas haver um código formalmente redigido para 
ser obedecido. É necessário que haja a conscientização sobre a importância da 
conduta ética no ambiente e nas ações profissionais. 
3.5 Vantagens da implantação do código de ética 
 
Fonte: shre.ink/mvQv 
 
A implantação do Código promove benefícios que vão além do retorno 
financeiro imediato. Também não se trata de um modismo, pois o código 
estabelece a forma de conduta da empresa, o qual, por sua vez, agregará valor 
à imagem da empresa no mercado. As principais vantagens da implantação do 
código são: 
 Fortalece a imagem da instituição junto à comunidade; 
 Aproxima os profissionais da organização; 
 Enquanto ferramenta soluciona conflitos e problemas internos; 
 Colabora na ordem e transparência da imagem empresarial; 
 Reflete a conduta moral da empresa e como ela é conduzida; 
 Melhora a relação com os stakeholders; 
 
 
 
16 
 
 O código leva a empresa a se comprometer com seu próprio 
desenvolvimento e o desenvolvimento da sociedade (BORGES; 
RODRIGUES, 2011). 
Portanto, a empresa que projeta a sua ascensão e permanência no 
mercado, promovendo o retorno dos investimentos aos acionistas e cumprindo 
o seu papel social perante a comunidade, jamais poderá prescindir da ética. 
3.6 O código de ética 
De acordo com Sousa (2016), o código de ética é um acordo que 
estabelece os direitos e deveres de uma empresa, instituição, categoria 
profissional, organização não governamental (ONG), entre outros, a partir da sua 
missão, cultura e posicionamento social, que deve ser seguido pelos 
funcionários no exercício de suas funções profissionais. 
O sucesso das organizações está necessariamente atrelado ao processo 
de tomada de decisões. Nas empresas essa rotina ocorre praticamente a todo 
instante, abrangendo decisões de baixo impacto e decisões estratégicas que 
definirão os rumos da empresa no curto, médio e longo prazo. O ambiente 
empresarial é permeado de constantes mudanças e desafios. É neste contexto 
de incertezas, informações e opiniões conflitantes, que as decisões são 
tomadas, e é bem provável que por estas razões, muitas decisões redundam em 
fracasso. 
As decisões são uma forma de identificar e corrigir um ou mais problemas 
de um empreendimento. Inicialmente o processo de decisão é composto de duas 
etapas: 
 Etapa da Identificação do problema: Nesta fase é necessário conhecer as 
condições ambientais e organizacionais, e analisar se o desempenho da 
empresa é favorável, diagnosticando possíveis falhas. 
 Etapa de Solução: identificados os problemas, cabe aos gestores elencar 
dentre as possíveis formas de solução aquela que mais se adéqua à 
empresa para, posteriormente, ser exaustivamente discutida e, se 
aprovada; implantada. 
 
 
 
17 
 
As decisões empresariais variam de acordo com a urgência, intensidade, 
gravidade e complexidade dos problemas. É neste contexto que se torna 
fundamental aliar os fatores inteligência, ação e decisão nos processos de 
tomada de decisão pelos gestores. Abordagem Racional da Tomada de Decisão 
As decisões empresariais são relevantes e por esta razão, devem ser seguir 
critérios técnicos conhecidos como Abordagem Racional de Tomada de Decisão, 
os quais são: 
 Monitorar o ambiente: Controlar as informações internas e externas que 
indiquem os desvios identificados na organização. 
 Definição do problema: Detalhar o problema em toda a sua extensão e 
gravidade. 
 Especificar os objetivos: Apontar os procedimentos aceitáveis para o 
contexto. 
 Desenvolver soluções: Com base no levantamento dos dados, criar o 
maior número possível de alternativas de solução. 
 Decidir: Adotar, dentre as possibilidades apontadas, aquela que melhor 
se aplique à condição de gestão das pessoas da empresa. 
 Aplicar a solução: Aplicar a solução suportada por um plano identificando: 
prazos, pessoas, recursos e mecanismos de avaliação. 
O profissional deve aderir tanto aos padrões éticos da sociedade quanto 
às normas e regimentos internos das organizações. A ética profissional 
possibilita ao profissional um exercício diário e prazeroso de honestidade, 
comprometimento, confiabilidade, entre tantos outros, que conduzem o seu 
comportamento e tomada de decisões em suas atividades. Enfim, a recompensa 
é ser reconhecido não só pelo seu trabalho, mas também por sua conduta 
exemplar. 
Algumas profissões possuem comitês representativos responsáveis por 
definir códigos éticos específicos para cada ramo de atividade, como, por 
exemplo, o Conselho Federal de Medicina (CFM); o Conselho Federal de 
Engenharia e Agronomia (CONFEA). 
Esses códigos de ética formulados pelo conselho de administração visam 
padronizar procedimentos operacionais e comportamentos e garantir a 
 
 
 
18 
 
segurança dos profissionais e usuários de cada serviço. Eles estabelecem 
princípios éticos e morais para ocupações específicas e impõem punições 
disciplinares aos trabalhadores que não cumprem os procedimentos e normas 
de sua área, e protegem a sociedade de injustiças e desrespeito em qualquer 
área. Para tanto, o conselho de administração também é responsável por 
monitorar o cumprimento do código de ética. 
4 ÉTICA PROFISSIONAL E BASES LEGAIS DA PROFISSÃO 
 
Gomes (2017), traz uma percepção relacionada aos conceitos de ética e 
moral que a literatura apresenta por diferentes pontos, mas que tendem a 
convergir, alguns autores debatem determinados aspectos por considerá-los 
mais significativos que outros. Portanto, a concepção de ética é exteriorizada, 
visto que o mundo ético é o mundo do “deve ser” e do “ser”; o primeiro significa 
o mundo dos juízos de valor, e o segundo, o mundo dos juízos de realidade. 
Também é importante mencionar que “a moral é a parte subjetiva da 
ética”. Sendo assim, a moral disciplina o comportamento do homem consigo 
mesmo, pois se trata dos costumes, deveres e modo de proceder dos homens 
com os outros homens segundo a justiça e a equidade natural. Em outras 
palavras, os princípios éticos e morais são, na verdade, os pilares da construção 
de uma identidade profissional e de sua moral, mais do que sua representação 
social contribui com a formação da consciência profissional. 
Refletindo sobre o tema, a moral é o conjunto de regras restritivas de 
conduta consideradas válidas no convívio social. É imperativa, restritiva, 
sujeitando o ato à condenação, à punição e conduzindo à heteronomia. A ética 
é aconselhadora: sujeita o ato à avaliação crítica e conduz à autonomia. 
Ética profissional é um conjunto de normas e valores de relacionamento 
e comportamento, que é adotado no ambiente de trabalho. Ética, em um sentido 
mais amplo, refere-se à ciência da conduta. De origem grega, éthos, a palavra 
ética significa “morada”, “habitat” ou “refugio”. 
Também pode-se trabalhar com o conceito de ética como o conjunto de 
normas tomado pela pessoa que vai adquirindo consciência de como deve se 
portar um profissional, e isso passa a fazer parte de sua conduta. O indivíduo 
 
 
 
19 
 
que possui ética profissional e cumpre com as normas de conduta de uma 
organização é mais valorizado e reconhecido, afinal, ética é a reflexão crítica 
sobrevalores e princípios referentes à conduta humana para o agir consciente, 
o senso crítico e a arte de conviver e de ser feliz. 
Para Gomes (2017), a ética profissional é comparada com a filosofia do 
agir humano, visto que a vida é considerada como o bem em organizações 
humanas. A vida plenamente humana participa da cidadania, assumindo com 
plena consciência a recíproca relação entre direitos e deveres, sem esquecer 
que consiste essa mesma existência na esfera profissional. 
 Esse mundo humano não é uma dádiva da natureza; é uma conquista 
cultural. A ética é aplicada no campo das atividades profissionais; assim, há a 
ética profissional do estudante de gestão ambiental e das demais outras 
profissões. A ética é ainda indispensável ao profissional, porque “o fazer” e “o 
agir” estão interligados na ação humana. O fazer diz respeito à competência, à 
eficiência que todo profissional deve possuir para exercer bem a sua profissão; 
o agir refere-se à conduta do profissional, ao conjunto de atitudes que deve 
assumir no desempenho de sua profissão. 
Trabalhamos com a informação que a moral estabelece regras que são 
assumidas pela pessoa como uma forma de garantir o seu bem-viver. Independe 
das fronteiras geográficas e garante uma identidade entre pessoas que sequer 
se conhecem, mas utilizam este mesmo referencial moral comum. O direito 
busca estabelecer o regramento de uma sociedade delimitada pelas fronteiras 
do Estado. As leis têm uma base territorial; valem apenas para a área geográfica 
onde uma determinada população ou seus delegados vivem. 
 Pode se reafirmar que a ética é o estudo geral do que é bom ou mau, 
correto ou incorreto, justo ou injusto, adequado ou inadequado. Um dos seus 
objetivos é a busca de justificativas para as regras propostas pela moral e pelo 
Direito. Ela é diferente de ambos, moral e Direito porque não estabelece regras. 
Os líderes de empresas defendem a ideia de que as pessoas éticas 
profissionalmente têm mais comprometimento com o trabalho e contribuem para 
o aumento do nível de confiança, resultando em mais produção e 
desenvolvimento da organização. No ambiente profissional, a ética se refere ao 
 
 
 
20 
 
caráter e é nela que se baseiam as relações interpessoais, objetivando 
principalmente o bem-estar e respeito no campo laboral. 
Gomes (2017), traz mais uma reflexão importante: afinal, quando se inicia 
a pensar sobre ética profissional? Esta reflexão sobre as ações realizadas no 
exercício de uma profissão deve iniciar bem antes da prática profissional. A 
escolha profissional, muitas vezes, pode acontecer na adolescência e já deve 
ser permeada por esta reflexão. Escolher uma profissão é uma opção, mas, ao 
escolhê-la, o conjunto de deveres profissionais passa a ser obrigatório. Muitas 
vezes, quando somos jovens, escolhemos uma carreira sem conhecer o 
conjunto de deveres que estamos prestes a assumir, tornando-nos, assim, parte 
daquela categoria. 
Voltando a reforçar a ideia da reflexão, esta deve incluir toda a fase de 
formação profissional, o aprendizado das competências e habilidades referentes 
à prática específica em uma determinada área antes do início do trabalho. Ao 
completar a formação em nível superior, a pessoa faz um juramento, que 
significa seu comprometimento com a categoria profissional em que formalmente 
ingressa. A adesão voluntária a um conjunto de regras estabelecidas como 
sendo as mais adequadas para o seu exercício é entendida pelo aspecto moral 
da chamada ética profissional. 
É importante ter sempre em mente que há atitudes que não estão escritas, 
ou mesmo descritas nos códigos de todas as profissões, mas são comuns a 
todas as atividades que uma pessoa pode exercer. Estas atitudes são, por 
exemplo, generosidade e cooperação no trabalho em equipe. Mesmo quando 
exercidas solitariamente em uma sala, fazem parte de um conjunto maior de 
atividades de que depende o bom desempenho desta. Também há atitudes 
consideradas como postura proativa como, por exemplo, não ficar restrito às 
tarefas solicitadas, mas contribuir para o engrandecimento do trabalho, mesmo 
que temporário. 
A pessoa ética segue estritamente todas as tarefas exigidas de seu cargo 
e cumpre os princípios estabelecidos pela sociedade e por sua equipe de 
trabalho. Também se menciona que qualquer profissão possui um conjunto de 
normas que serve de base da conduta dos profissionais, ou seja, a ética 
 
 
 
21 
 
profissional vale para todos os colaboradores de uma empresa. Esse conjunto 
de normas se chama Código de Ética (GOMES, 2017). 
4.1 Ética social, profissional e política 
Conforme Gomes (2017), o convívio social é permeado por regras, 
princípios e noções que fundamentam a vida moral. O papel da ética é fazer a 
reflexão sobre esses princípios e noções. Existem diversas concepções de ética 
que variam de acordo com a ideia de ser humano com que se trabalha, desde a 
noção religiosa até o pragmatismo mais radical. Diferentemente da moral que é 
relativa a um grupo social, uma cultura, a ética pretende ser universal. Enquanto 
a moral pergunta “o que devo fazer?”, a ética pergunta “o que é o bem?”. A 
primeira é normativa, enquanto a segunda é reflexiva. 
Aristóteles (384-322 a.C) considerava a felicidade a finalidade da vida e a 
consequência do único dom humano, a razão. As virtudes intelectuais e morais 
seriam apenas os artifícios destinados à sua consecução. Já o epicurismo, 
doutrina idealizada por Epicuro (341-270 a.C), entretanto, identificava como 
sumo bem o prazer, sobretudo o prazer intelectual, e tal como os adeptos do 
estoicismo, escola fundada por Zenão de Cítio (340-264 a.C) recomendava uma 
vida dedicada à contemplação. 
No fim da Idade Média, São Tomás de Aquino (1225-1274) estabeleceria 
na lógica aristotélica os conceitos agostinianos de pecado original e da redenção 
através da graça divina. À medida que a Igreja Medieval se tornava mais 
poderosa, crescia um modelo de ética que trazia castigos aos pecados e 
recompensa à virtude pela imortalidade. 
Para Baruch Spinoza (1632-1677), a razão humana é o critério para um 
comportamento correto, e apenas as necessidades e interesses do homem 
estabelecem o que pode ser considerado bom e mau, o bem e o mal. Jean-
Jacques Rousseau (1712-1778), por sua vez, em seu Contrato Social (1762), 
conferiu o mal ético aos desajustamentos sociais e declarava que os seres 
humanos eram bons por natureza. 
Uma das maiores cooperações à ética foi a de Emmanuel Kant (1724- 
1804), em fins do século XVIII. Segundo ele, a moralidade de um ato não deve 
 
 
 
22 
 
ser julgada por suas consequências, e sim por sua motivação ética. As teses do 
utilitarismo, formuladas por Jeremy Bentham (1748-1832), recomenda o 
princípio da utilidade como meio de contribuir para aumentar a felicidade da 
comunidade. Já para Georg Wilhelm Friedrich Hegel (1770-1831), a história do 
mundo compreende “disciplinar a vontade natural descontrolada, levá-la a 
obedecer a um princípio universal e facilitar uma liberdade subjetiva”. 
Segundo Gomes (2017), a ética contemporânea é fragmentada, pois se 
abandonam os desejos de montar um conjunto de postulados e passa-se a 
analisar situações, temas e questões pontuais. Ainda se encontram divisões no 
modo de análise, e as duas principais visões são: 
Morais deontológicas (ou do dever ou da lei): que afirmam que o critério 
supremo é o dever ou as leis. O termo deontologia surgiu das palavras gregas 
“déon, déontos”, que significam “dever”, e “lógos”, que significa “discurso” ou 
“tratado”. 
Morais situacionais e relativistas: que se recusam a construir a moral sobre 
um princípio absoluto, seja ele o fim último ou o dever (GOMES, 2017). 
4.2 As relações entre trabalho e ética 
Para que um trabalhador alcance a sua excelência profissional, é 
importante que siga padrões e valores da sociedade e, principalmente, da 
organização em que trabalha. A credibilidadevem da postura ética adotada pelo 
trabalhador, uma vez que a sua atuação deve ser consequência de uma reflexão 
sobre a melhor maneira de agir. A ética proporciona o ganho de confiança e 
respeito dos gestores e colegas. 
A ética no trabalho vai além do ponto de vista do dever, da obrigação, ou 
das normas de conduta que funcionam como um código moral dos funcionários. 
Ela pode ser entendida como um conjunto de (BORGES; RODRIGUES, 2011): 
 Saberes, que forma a moral do trabalho, entendida como algo que define 
a forma como os trabalhadores devem conduzir as suas vidas enquanto 
estiverem trabalhando; 
 
 
 
23 
 
 Normas éticas que devem formar a consciência do profissional e ser 
imperativas para a sua conduta; 
 Princípios morais que devem ser observados no exercício de uma 
profissão; 
 Valores e normas de comportamento e relacionamento adotados no 
ambiente de trabalho, no exercício de uma atividade. 
 
As organizações adotam padrões éticos profissionais, aplicando-os às 
suas regras de comportamento internas, visando o bom andamento de todos os 
processos organizacionais, o atingimento das metas e o alcance dos objetivos 
estratégicos. A ética no trabalho é a ferramenta de exercício cotidiano de 
honestidade, lealdade e comprometimento, que conduzem as ações do indivíduo 
no exercício de suas atividades na empresa. 
A ética no ambiente de trabalho é de fundamental importância para o bom 
funcionamento das atividades da empresa e das relações de trabalho entre os 
colaboradores. Quanto maior a organização, mais se faz necessário um código 
de ética, para que ele sirva para padronizar os procedimentos de trabalho e 
estabeleça regras e valores de conduta para todas as áreas. 
 O código de ética prevê princípios a seguir e penas disciplinares aos 
trabalhadores que não obedecerem aos procedimentos e normas da área. 
Normalmente as organizações disponibilizam canais de comunicação próprios 
para denúncias, em que os funcionários podem relatar fatos de descumprimento 
das normas estabelecidas no código de ética e que tenham sido observados no 
ambiente de trabalho ou na relação com clientes. 
A ética no trabalho serve para construir relações de qualidade com os 
colegas de trabalho, chefes e subordinados, e para contribuir para o bom 
funcionamento das rotinas de trabalho, uma vez que relações amigáveis e 
respeitosas contribuem para o aumento do nível de confiança e 
comprometimento dos funcionários, refletindo no aumento da produção e do 
desenvolvimento da empresa. Os comportamentos antiéticos, por outro lado, 
prejudicam o clima organizacional, afetando o rendimento das equipes. 
A relação entre a ética no trabalho e os processos de subjetivação, ou 
seja, a maneira como podemos pensar a ética e o trabalho de forma mais 
 
 
 
24 
 
abstrata e subjetiva, pode ser compreendida como Bitencourt (2010), demonstra 
a seguir: 
 Um código normativo, que age como um mecanismo disciplinador e 
de submissão dos funcionários; 
 Um processo de identificação, relacionado ao reconhecimento social 
do funcionário como um cidadão; 
 O conjunto de possibilidades trazidas pelo código normativo 
associado ao trabalho, que influencia a ética como prática reflexiva da 
liberdade, ou seja, uma reflexão sobre as decisões dos trabalhadores 
quanto ao próprio destino. 
 
O grau de liberdade para a reflexão ética vai depender dos valores morais 
que envolvem as formas de gestão e a cultura das empresas, bem como as 
restrições impostas pelo mercado de trabalho. 
Algumas profissões têm conselhos de representação que têm a 
responsabilidade de criar os códigos de ética específicos de cada área de 
atuação e, também, de fiscalizar o seu cumprimento. Esse código, chamado de 
código de ética profissional, é o conjunto de normas éticas que devem ser 
seguidas pelos profissionais enquanto exercem seu trabalho, 
independentemente da empresa em que estiverem. Ele existe para padronizar 
procedimentos operacionais e condutas de comportamento, garantindo a 
segurança dos profissionais e dos usuários de serviços específicos. Ele também 
prevê princípios a seguir e penas disciplinares aos trabalhadores que não 
obedecerem aos procedimentos e normas da área (BORGES; RODRIGUES, 
2011). 
4.3 Virtudes da ética profissional 
 Algumas virtudes são ressaltadas como primordiais para o bom 
desenvolvimento profissional, como (Quadro 1): 
 
Quadro 1 – Virtudes da ética profissional 
 
 
 
25 
 
Comprometimento 
 O compromisso do profissional se aplica 
sistemicamente. Em primeiro lugar, ele deve se 
comprometer com o próprio desenvolvimento 
contínuo e se comportar de maneira 
congruente com sua linha de pensamento, ou 
seja, agir para alcançar suas metas e objetivos, 
e o único caminho é a entrega dos resultados 
solicitados pela empresa. Em segundo lugar e 
não menos importante, ele deve estar 
comprometido com os colegas de trabalho, com 
os líderes e com o público da marca. Ao 
desempenhar sua função com excelência, 
automaticamente estará contribuindo para o 
todo. 
Responsabilidade 
Para a preservação de uma marca ou produto, 
o profissional deve manter uma postura 
congruente com seu trabalho e manter para si 
os dados que lhe foram confiados, a fim de 
garantir o sigilo necessário. 
Integridade 
 É indispensável manter a transparência nas 
atividades exercidas, ser honesto com o gestor 
direto e demais profissionais, garantindo que 
todos sejam influenciados positivamente por 
seu trabalho, de forma direta ou indireta. 
Fonte: Adaptado de BORGES; RODRIGUES, 2011. 
4.4 O código de ética nas organizações 
O código de ética, ou manual de conduta ética empresarial, é um 
documento que espelha os valores, princípios e a missão das organizações. O 
código permite que se conheça o posicionamento da corporação perante a 
sociedade com a qual interage direta e indiretamente. Através do Código é 
possível compreender e avaliar a função da empresa no mercado e a sua 
expectativa para com os seus colaboradores. 
O Código de Ética das organizações é baseado na legislação vigente no 
país, e versa sobre: 
 As relações internas na organização; 
 As relações com o consumidor; 
 A proteção dos Direitos dos Trabalhadores; 
 
 
 
26 
 
 O Repúdio às práticas ilegais (corrupção, assédio moral e sexual); 
 Outros temas vigentes (BORGES; RODRIGUES, 2011). 
4.5 Ética na tomada de decisões 
 
Fonte: shre.ink/mvL0 
Em relação a tomada de decisão no ambiente profissional, Consenza 
(2020), esclerece que os códigos de conduta, a responsabilidade sócio 
ambiental, políticas, regulamentos, contratos e gestão, são algumas das 
principais formas de como as corporações podem e devem praticar sua ética na 
tomada das decisões empresariais e nas relações institucionais com a 
sociedade. 
As organizações buscam o máximo lucro como forma de acumulação de 
riqueza e sua distribuição aos acionistas e colaboradores. Contudo, o que vai 
possibilitar que esta meta seja alcançada, é a forma como a empresa atua e 
mobiliza a sua estrutura, respeitando seus valores morais, princípios e conduta 
ética. A competitividade do mercado é um dos fatores que leva as empresas a 
compreenderem que a ética e o respeito às leis, são valores inegociáveis e 
necessários no mundo atual. 
As decisões empresariais pautadas em princípios éticos refletem o 
comprometimento das empresas em respeitar as leis com transparência de tal 
modo que atendam as expectativas da sociedade. Nas tomadas de decisão 
 
 
 
27 
 
baseadas em princípios éticos é fundamental a clareza e a objetividade, pois é 
a partir destes procedimentos que os colaboradores se motivam e se sentem 
realmente partes integrantes da corporação. 
Consenza (2020), pontua que quando as decisões dos gestores respeitam 
os valores éticos, os consumidores, fornecedores, parceiros, governo e a 
sociedade de forma geral se sentem seguros e confiantes quanto aos produtose ou serviços prestados por esta organização. Através da conduta ética a 
empresa fideliza e atrai novos clientes, solidificando a confiança destes junto à 
empresa, além de agregar credibilidade aos negócios. Ao aplicar padrões éticos 
na gestão da organização e nas decisões empresariais, a organização obtém 
melhores resultados ao enfrentar a concorrência. 
Um fator muito importante é o momento ou o quadro conjuntural em que 
as decisões serão tomadas. Decidir corretamente não é o suficiente, por isso a 
ética atua como uma bússola na tomada de decisões no mundo corporativo. Ao 
administrador compete a responsabilidade de tomar importantes decisões 
empresariais que causarão impactos relevantes em toda a corporação. Isso 
implica que suas decisões não devem apenas focar as questões da lucratividade 
e retorno financeiro aos investidores. As decisões também envolvem pessoas, 
e, por esta razão devem ser pautadas pela ética. 
 Muitas empresas elaboram sua declaração de missão, visão e valores, 
porém, no momento de decidir sobre determinadas questões acabam por não 
observar tais princípios o que se configura em atitude incorreta sob o foco da 
ética. 
A crise americana de 2008, que se transformou numa grave crise global, 
foi provocada também pela ausência de uma conduta ética nas empresas que 
avalizavam financiamentos aos consumidores do mercado imobiliário 
considerados de alto risco. A empresa quebrou o código de ética no momento 
em que omitiu as reais condições da carteira que já indicava a possibilidade de 
inadimplência generalizada, como de fato ocorreu. Este exemplo mostra como 
as decisões tomadas sem amparo ético comprometem a imagem e o resultado 
das organizações, podendo inclusive causar danos irreparáveis à sociedade 
(CONSENZA, 2020). 
 
 
 
28 
 
5 QUESTÕES ÉTICAS ATUAIS 
 
Fonte: shre.ink/mvLJ 
Para Sá (2019), a atualidade tem exposto desafios e problematizações 
éticas que se configuram como um grande obstáculo para as sociedades, mas 
também como um grande aprendizado. A pluralidade entre os indivíduos traz 
questões muitas vezes pensadas no campo moral e, portanto, valorativo e mais 
subjetivo, que necessitam de uma intervenção ética. Ou seja, questões como a 
ética em relação à política, a aceitação do outro diferente e o reconhecimento de 
direitos compõem a reflexão ética contemporânea que, de modo mais universal, 
tem o papel de ponderar os posicionamentos e deliberar sobre o bem comum. 
Os dilemas éticos que se apresentam atualmente formam uma espécie de 
bifurcação. Se de um lado temos uma “crise ética” no campo da política e da 
organização social, por outro temos um avanço discursivo relacionado a campos 
como a bioética, questões de gênero e igualdade racial, entre outras questões. 
Não que essas áreas não necessitem de muitas conquistas, mas elas ocupam 
lugares de debate, o que anteriormente não era tão problematizado na 
sociedade. 
 Na contemporaneidade a humanidade vivencia o resgate de certos ideais 
que colocam em risco o pacto democrático ao redor do mundo. Desse modo, ao 
mesmo tempo, em que se observa um avanço nos debates sobre alguns temas, 
 
 
 
29 
 
observa-se também um regresso sobre os mesmos temas engendrado por uma 
moral mais conservadora em alguns aspectos. 
Gomes (2017), menciona ainda que o fascismo surgiu na Europa, 
especificamente nos anos 1920, e serviu como modelo político para governos 
com o viés totalitário. Foi com Benito Mussolini que o Partido Nacional Fascista 
surgiu e ocupou o poder em 1922, na Itália. Tal partido, de viés socialista, adotou 
práticas antidemocráticas e de repressão para se manter no poder e acabou por 
servir de modelo a Hitler para a imposição do nazismo na Alemanha, com viés à 
extrema-direita. Ou seja, após a Primeira Guerra Mundial, tanto a Itália quanto a 
Alemanha ficaram devastadas, o que levou à ascensão de líderes ditadores que 
vinham com a promessa de revitalização social e econômica. 
Independentemente da orientação ideológica, ambos tinham práticas ditas 
fascistas. Ou seja, enquanto Mussolini tinha como inimigo qualquer oposição aos 
seus ideais e governo, Hitler tinha como inimigos comunistas, judeus e qualquer 
oposição. 
Não se pode dizer que o fascismo esteja ressurgindo na sua versão 
clássica, a imposição de um partido único, mobilização das massas em torno de 
tal partido ou, ainda, a repressão e o extermínio de opositores. Entretanto, a 
recombinação de elementos totalitários nas sociedades atuais é perceptível. Por 
exemplo, o controle sobre a mídia em certos países, ou ainda a descredibilização 
de informações, a fim de que haja uma “verdade” vinculada ao governo, como 
se pode observar na Rússia, sob a governança de Vladimir Putin. 
Outro elemento é a responsabilização de crises que se dão no mercado 
financeiro a um inimigo comum, como ocorreu na Alemanha nazista, quando a 
má situação econômica foi atribuída ao sucesso financeiro dos judeus. Assim, 
assistiu-se ao surgimento de novos líderes em contextos de crise, com 
esperanças messiânicas por parte da população e eles utilizam como agência 
de poder o ódio ao outro, ao escolherem um grupo para responsabilizar pelos 
resultados negativos. 
No tocante ao racismo e à xenofobia, eles sempre existiram na Europa, 
mas cada vez mais se tornam instrumentos políticos para mobilizar as pessoas 
em direção ao medo e à desconfiança. Ao invés do ódio ao judeu ou ao 
comunismo entre outros. Nesse contexto, ressalta-se o risco democrático atual, 
 
 
 
30 
 
tendo como exemplo o número crescente de neonazistas na Alemanha ou a 
fundação do Partido CasaPound (em homenagem ao poeta Ezra Pound, que 
apoiou Mussolini) na Itália, que tem como proposta o antissistema, o 
ultranacionalismo, a anti-União Europeia e a anti-imigração, e se declara de 
extrema-direita. 
Vale ressaltar que o avanço de debates éticos em diversos campos fica 
condicionado à abertura cultural de determinadas sociedades, o que passa pela 
abertura política. Por exemplo, a discussão atrelada ao gênero. Os números de 
mulheres que reivindicam igualdade salarial e social só têm aumentado; 
entretanto, um dos obstáculos que se fazem presentes é a relativização dos 
problemas enfrentados pelas mulheres, tais como feminicídio, agressão, abusos 
físicos e psicológicos, jornada dupla ou tripla, entre outros. 
Assim, diante da importante conquista de tal tema estar sendo discutido e 
problematizado, também há a descredibilização da importância desse debate. O 
mesmo se dá em torno da discussão sobre identidade de gênero, em que se tem 
um grande avanço na discussão sobre a imposição heteronormativa sobre os 
corpos e, do mesmo modo, uma grande repressão em torno dessa discussão. 
Já no campo das ciências, que também são afetadas pela política, tem-
se uma vida dupla em relação os avanços e retrocessos, tais como: ao mesmo 
tempo que descobertas são feitas e debatidas sobre aplicabilidade e respeito à 
vida, tem-se, principalmente no Brasil, o questionamento sobre o investimento 
na pesquisa ser importante ou não. 
Muitas das obstaculizações ocorrem por parte de setores conservadores, 
o que gera um impasse entre moral e ética. Uma vez que a tarefa da ética é 
buscar um consenso em vista de um bem comum, muitos dos avanços científicos 
são interpelados pelos discursos religiosos, a exemplo das discussões sobre 
anticoncepcionais, transfusão sanguínea, clonagem, entre outros. Dessa forma, 
é possível concluir que as questões éticas estão inseridas em todos os setores 
da sociedade e estão em constante mutação (GOMES, 2017). 
 
 
 
31 
 
5.1 Os efeitos das transformações contemporâneas nos códigos 
normativos 
 
Fonte: shre.ink/mvLF 
Em relação aos efeitos das transformações contemporâneas nos códigos 
normativos Bitencourt (2010), traz uma discussão em torno das transformações 
da ética no trabalho, criando duas definições sobre o tema: 
 é umcódigo antigo, com origem na doutrina protestante e que se associou 
ao espírito capitalista da modernidade; 
 é a discussão sobre a remodelação desse código devido às 
transformações sociais, que possibilitam a reflexão sobre o lugar que o 
trabalho exerce na vida das pessoas. 
O autor ainda menciona que o termo ética no trabalho, ou ética protestante 
do trabalho, surgiu no Brasil em 1967, depois da tradução brasileira da obra A 
ética protestante e o “espírito” do capitalismo, de Max Weber. Ele faz referência 
às condições morais para o surgimento do capitalismo, condições essas que 
estavam presentes na ética protestante. O protestantismo foi um movimento 
religioso que eclodiu na Europa Central, no início do século XVI, como reação 
contra as doutrinas e práticas do catolicismo romano medieval. A motivação 
psicológica para o trabalho era uma forma de a doutrina protestante se 
assegurar. O trabalho passou a ser visto como obrigação moral para as pessoas 
 
 
 
32 
 
e o capitalismo passou, então, a não precisar mais da religião como um suporte. 
No princípio, os fundamentos da ética no trabalho eram: 
 A busca individual do sucesso; 
 A capacidade de o indivíduo postergar o seu prazer e divertimento em prol 
do acúmulo de dinheiro; 
 A aceitação da existência de uma obrigação moral de trabalhar de forma 
disciplinada, mesmo que o trabalho fosse árduo e difícil; 
 A obediência às ordens do patrão, sempre com o devido sentimento de 
obrigação em relação a elas; 
 A importância do trabalho em todos os aspectos da vida, significando 
valorização pessoal. 
 
Ainda conforme Bitencourt (2010), na sociedade industrial, a ética no 
trabalho passou a ser considerada como um elemento essencial para a 
modernização da sociedade, e muitos estudos tentaram estabelecer a relação 
existente entre a ética no trabalho e as transformações possivelmente trazidas 
pelo capitalismo. 
No Brasil, o trabalho passou a ser valorizado com a criação da carteira de 
trabalho, documento que demonstra o exercício da cidadania do indivíduo e o 
esforço do país em atribuir ao trabalho um caráter essencial na vida dos 
indivíduos. O trabalho passou a ser visto então como uma fonte de dignidade e 
de moralidade e uma ferramenta de ascensão na sociedade, além de uma forma 
de servir ao sustento do país por meio da submissão e da obediência. 
Atualmente, a relação entre trabalho e cidadania e a associação dos 
valores ligados ao trabalho e à família passam por modificações radicais na nova 
estruturação do capitalismo. Nos países capitalistas, os códigos normativos 
começaram a passar por transformações contemporâneas devido ao aumento 
do individualismo, à diminuição dos laços sociais, à cultura do narcisismo, à 
perspectiva de incerteza generalizada na sociedade, à competição extremada, à 
destruição das garantias das estabilidades e à consideração do código moral 
como algo de importância relativa. 
 
 
 
33 
 
5.2 Função social da profissão e ambiência social contemporânea 
Sá (2019), menciona que o trabalho individual influencia ao mesmo 
tempo, em que recebe intervenções do meio, sendo, que em seu grupo o 
profissional compartilha sua contribuição ou a sonega. Quando ele adquire o 
senso do valor social de suas ações, de sua vontade em relação ao comum, ele 
é capaz de realizar atos importantes de ampla influência. Quando o Estado, 
como organização motivada pela sociedade, desperta as ideias da coletividade, 
quando as administrações públicas são sinceras com seu povo, quando a justiça 
se aplica sem garantir e não esconde as falhas dos mais poderosos, a 
consciência da sociedade é exercido com maior influência. 
Diante, todavia, de um exercício ineficaz da autoridade e de um poder 
corrupto, oligárquico e incompetente, abala-se a vontade de uma ação de 
cooperação para com o Estado. Nas circunstâncias descritas, podem ocorrer 
atitudes mentais adversas para a nação e para a sociedade. Assim, por exemplo, 
a corrupção e o roubo podem implantar-se como conduta justificável diante 
daquelas praticadas pelo poder. 
Como afirmou Spengler, a ideia do Estado que requer a participação 
igualitária de todos é consequência de todo um processo histórico e de 
uma cultura que se consolida nessas áreas do ideal. Como isso nega, 
em parte, a ideia de que a contribuição seja uma índole e que tenha 
força para sobrepujar o interesse individual. Idealmente, entretanto, é 
imprescindível que as profissões se preocupem com o social, mas, se 
não são induzidas a isto, o que tende a ocorrer é a ação irresponsável 
de todos (SÁ, 2019, p.138). 
A ausência de responsabilidade para com o coletivo gera, como 
consequência natural, a irresponsabilidade para com a qualidade do trabalho. 
Ofertas indiscriminadas de “pacotes de propostas”, com rótulos mercadológicos, 
invadem os mercados de serviços e de bens, sem nenhum compromisso com a 
utilidade. Apresentam-se ideias antigas, fracassadas em suas épocas, mas com 
outra rotulagem, cercadas de vasta propaganda e literatura (como o caso da 
“reengenharia”, para citar-se um só exemplo), preocupadas apenas com a 
“venda de serviços”, para promoverem receitas profissionais, sem 
responsabilidades em relação aos efeitos sociais das medidas derivadas. 
 
 
 
34 
 
Planos econômicos são elaborados para efeitos políticos, sem atenção 
aos danos sociais que causam, sobrepondo interesses monetários 
àqueles humanos e do bem-estar. Vendem-se pareceres profissionais 
para certificar situações estáveis de empresas onde já há plena 
instabilidade, atos de corrupção e decadência. Todo esse quadro de 
atentados das profissões ao ambiente social, praticado em todos os 
níveis e em todas as classes, não por todos, mas por grupos 
minoritários dominantes, mostram-nos a distância entre o ideal social 
e o egoísmo acentuado no desempenho de um trabalho de cunho 
apenas lucrativo e de proveito individual. Essa mesma falta de 
responsabilidade e de visão para com o social também se espelha na 
elaboração e aprovação de leis, como amplamente e há mais de um 
século já reclamava e expunha Spencer em seus trabalhos (SÁ, 2019, 
p. 140). 
Outra questão delicada, em face do social, diz respeito à filosofia que um 
Estado segue, impelido pela decisão totalitária de grupos do poder, deixando-se 
guiar por “verdades relativas”, ou “critérios de conveniência política”. O 
movimento das cruzadas, na Idade Média, e as Guerras Mundiais, na Idade 
Contemporânea, são apenas dois exemplos que poderiam ser evocados para 
evidenciar que o destino dos povos nem sempre segue um puro interesse moral 
e que o social pode estar encasulado e envolvido por essas “bandeiras de 
verdades aparentes”. 
Como conceber o verdadeiramente moral perante a sociedade, ou mesmo 
diante do Estado, se trata de um tema complexo, uma vez que o Ético perante o 
Estado deva ser encontrado dentro de uma filosofia de virtudes, de prática do 
bem, de encontro com a felicidade, como preconizou Aristóteles, ou com o 
prazer, como admitiu Bentham, mas custa-me aceitar que as “bandeiras” ou 
“filosofias subjetivas de grupos do poder” possam ser a parametria verdadeira 
do social, do que se deve aspirar como conduta humana. 
A contribuição profissional, todavia, é, muitas vezes, compulsoriamente 
exigida e, quando está de acordo com a lei, ganha aparência de ética, mas, na 
essência, de acordo com o autor mencionado anteriormente, não pode ser aceita 
como tal. Entre a vontade ética, aquela da concepção de Kant, de Espinosa, e 
aquela que se toma para satisfazer tais “bandeiras”, parece-lhe existir um conflito 
ideológico de profundidade. 
Até que ponto a vontade do ser, para ser ética, deva seguir os princípios 
de uma ciência ou de uma vontade exigível que se ajusta ou amolda a critérios 
de conveniências de “bandeiras” políticas, mascarada como social, em um 
 
 
 
35 
 
momento histórico, entendo como valioso distinguir-se, pois custo aaceitar a 
referida mescla conforme a circunstância, se a política fere os princípios éticos, 
estabelecidos pela ciência, o que nesse sentido se produzir como conduta, pode 
ser do interesse do Estado, mas não o será daquele social, em sentido absoluto, 
ou seja, pode ser bom para o Estado, mas não o ser para os indivíduos. 
As linhas entre a conduta perante a nação e aquela perante os princípios 
científicos da Ética, nesse caso, e também entre os próprios interesses sociais 
que em tese devem coincidir com os do Estado, embora isto nem sempre ocorra, 
parecem árduas de traçar. Questiona-se até que ponto o profissional deve 
atender a uma ética científica ou a uma conduta volvida ao cumprimento das leis 
de seu país, que espelham a política do governo das minorias dominantes, na 
atualidade. 
É absolutamente justo e criterioso admitir-se a vontade ética volvida a 
realizar uma conduta em prol do social, mas o que entender verdadeiramente 
por social faz-se exigível para uma orientação sadia. 
Não se trata de fazer apologia de uma desobediência civil, mas de 
reconhecer que o poder, nas mãos de minorias dominantes, há muito 
tempo, em quase todo o mundo, deixou de praticar uma política 
verdadeiramente em favor da sociedade, e isto se comprova pelas 
estatísticas que indicam o progresso da miséria no mundo, 
paralelamente a um progresso da má distribuição da renda (SÁ, 2019, 
p.142). 
As profissões que derivam da aplicação de conhecimentos classificados 
como sociais, do homem, diante das realidades contemporâneas, encontram 
sérias dificuldades. Tais barreiras evidenciam-se inclusive diante de sentenças 
e de acórdãos, de juízes e de tribunais que se rebelam contra as próprias leis 
aprovadas pelo governo, produzindo decisões que são autênticos gritos de 
evocações morais, diante de uma ambiência política do legislativo e do executivo 
que consideram volvida contra o interesse do povo. 
Outras vezes, tais rebeldias têm-se consubstanciado na desobediência 
civil diante de medidas do governo que ferem a ética profissional. Tais atitudes 
são bastante evidentes para comprovar a tese de que na conduta humana, na 
aplicação dos preceitos éticos, não se pode negar a parcela de cooperação do 
indivíduo ao social, nem confundir o Estado com a sociedade, nem um governo 
com o próprio sentimento individual e nacional. 
 
 
 
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Não se pode negar que o Estado nasceu de uma vontade das sociedades 
de se organizarem, mas não é menor verdade que a autoridade e o poder 
exercidos em nome de tal instituição nem sempre têm se comportado dentro dos 
interesses das próprias sociedades. 
O objetivo do Estado é o bem público, mas nem sempre os dirigentes, 
incumbidos de cumprir tais propósitos, se comportaram dentro de uma filosofia 
sadia e motivadora da ética. O direito pode legitimar um poder e este legitimar 
outras situações de direito, mas nada disso legitima a conduta que se processa 
contra os princípios éticos. Não se confundem, pois, as formas legais com as 
essências éticas, e nisso pode residir uma colisão entre as ações do poder e 
aquelas da real prática das virtudes. 
O social em si, o Estado como decorrência do social, as classes, os 
grupos e as relações próximas entre os seres criam deveres éticos específicos 
e definidos em relação à conduta relativa a cada um. A realidade, entretanto, 
mostra, também, que não existem sociedades constituídas total e 
exclusivamente por virtuosos, nem só por células sociais eficazes. 
Tarefa da ciência ética e das ciências sociais é contribuir para que tais 
estágios desejáveis sejam alcançados, pelo menos, quase totalmente. Isto 
implica a produção de modelos científicos que podem ser construídos para 
serem paradigmas de uma nova sociedade, conquistada pelos esforços do 
aperfeiçoamento das condutas e da consecução da felicidade. 
Não se trata de desejos vãos, mas de esforços da razão no sentido da 
produção de máximas para uma convivência humana fundada em critérios de 
condutas e procedimentos competentes para a consagração do respeito humano 
e da vitória do amor sobre todos os vícios, em sua modéstia de vida, mas em 
sua grandeza de alma (SÁ, 2019). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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