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Ética 
 
 02 
 
 
 
1. Ética, Moral e Moralidade 4 
Conceito de Ética 4 
A Ética e a Moral 5 
Reflexões sobre a Moralidade 8 
 
2. A Ética no Pensamento Ocidental, o Mundo do 
Trabalho e a Ética Empresarial 11 
A Ética no Pensamento Ocidental 11 
O Mundo do Trabalho e a Globalização 14 
A Ética Empresarial 21 
Capitalismo, Comércio, Indústria e a Ética do 
Interesse Particular e a Globalização 25 
 
3. A Ética Profissional em um Mundo Globalizado, 
Responsabilidade Social, a Atuação Profissional 
e os Dilemas Éticos 30 
A Ética Profissional 30 
Os Pilares do Relacionamento Profissional 31 
Relacionamento Interpessoal Profissional 33 
 
4. Ética e Moral 41 
O Problema da Ação e dos Valores 41 
Distinção entre Moral e Ética 42 
Moral e Direito 42 
Moral e Liberdade 43 
Liberdade e Responsabilidade 44 
Transformações da Moral 44 
 
5. Referências Bibliográficas 47 
 
 
 03 
 
 
 
 
 
 4 
APOSTILA DE ÉTICA 
1. Ética, Moral e Moralidade 
 
 
 
Conceito de Ética 
 
Iniciaremos nossa jornada 
estudando o conceito de ética e sua 
evolução ao longo de nossa história. 
A origem da palavra é derivada 
do grego “ethos”, significando aquilo 
que pertence ao caráter, ou melhor, 
traduzido, o modo de ser da pessoa. 
Diversas são as suas 
conceituações. 
De início, SIMPLICIO (2.013) 
assim a conceitua: 
A ética pode ser conceituada 
como o estudo do senso, em que se 
refere à conduta humana, avaliando 
o ponto de vista do bem e do mal de 
uma determinada sociedade. 
De acordo com Srour (2005), a 
ética tem por objeto de estudo a 
moralidade; possui conhecimento 
sobre os fundamentos históricos da 
moral; torna adaptáveis os códigos 
morais divulgados pela coletividade; 
dá ênfase às escolhas realizadas em 
situações cotidianas, evitando que 
estas transgridam os padrões 
morais, elaborando regras de análise 
aplicadas universalmente. 
Segundo Sá (2010), o ser 
humano vai construindo sua 
conduta, discernindo entre o certo e 
o errado por meio de respostas aos 
estímulos mentais comandados pelo 
cérebro. 
A ética teve sua origem na 
 
 
5 
APOSTILA DE ÉTICA 
Antiguidade Grega através dos 
estudos de Sócrates, Platão e 
Aristóteles, que se preocuparam em 
refletir sobre as ideias do bem e da 
virtude ética. 
De acordo com Vázquez 
(2006, p. 270), “Resumindo, para 
Sócrates, bondade, conhecimento e 
felicidade se entrelaçam 
estreitamente”. Para ele, a ética é a 
felicidade, mas para alguém ser feliz 
é necessário ser bom e para ser bom 
é preciso ser sábio. 
Aristóteles mencionava que a 
virtude era o hábito do homem agir 
em conformidade com o dever e que 
se manifestava por meio do 
conhecimento, do amor e do esforço 
voluntário, adquiridos ao longo de 
sua existência. Não adiantava o 
homem ter virtudes se não as 
praticasse. 
Para agir de maneira virtuosa, 
deve-se conhecer o dever e o amar. 
Em outras palavras, respeitar, 
acatar de maneira incondicional, e, 
talvez o mais difícil, agir com esforço 
voluntário. 
A ética abrange uma vasta 
área, podendo ser aplicada à 
vertente profissional. Existem 
códigos de ética profissional que 
indicam como o indivíduo deve se 
comportar no âmbito da sua 
profissão. 
Na filosofia, a ética não se 
resume à moral, que geralmente é 
entendida como costume ou hábito, 
mas busca a fundamentação teórica 
para encontrar o melhor modo de 
viver. É a busca do melhor estilo de 
vida. 
O tema da ética no serviço 
público está diretamente 
relacionado com a conduta dos 
funcionários que ocupam os cargos 
públicos. 
Tais indivíduos devem agir 
conforme um padrão ético, exibindo 
valores morais como a boa fé, a 
honestidade, a transparência, a 
humanidade, legalidade, a 
impessoalidade, a razoabilidade, a 
eficiência, a educação e outros 
princípios necessários para uma 
vida saudável no seio da sociedade. 
Feitas essas considerações 
iniciais, vamos agora à distinção 
entre ética e moral. 
 
A Ética e a Moral 
 
Vistos alguns conceitos sobre 
ética, vamos ampliar um pouco mais 
a nossa visão. 
Os valores morais de uma 
sociedade vão sofrendo alterações 
ao longo dos anos. O que em épocas 
passadas era um comportamento 
reprovável, por exemplo o uso de 
uma minissaia na década de 30, hoje 
é visto de maneira natural. Um beijo 
em público entre um casal 
apaixonado, naquela mesma época, 
 
 
6 
APOSTILA DE ÉTICA 
era também considerado uma 
conduta inaceitável. 
Notem que não estamos 
tratando de condutas delituosas. 
Um homicídio sempre foi tratado 
como crime, ou seja, uma conduta 
delitiva e antissocial, sempre 
reprovável. 
SIMPLÍCIO (2.013) menciona 
que na filosofia existem algumas 
diferenças entre a ética e a moral em 
seus conceitos. A ética é a parte da 
filosofia que extrai do comporta-
mento humano o conhecimento 
sobre as noções e princípios que 
fundamentam a vida moral. A moral 
é o conjunto de regras de conduta 
que são estabelecidas dentro dos 
preceitos de cada sociedade. Ambas 
são muito importantes e têm a 
responsabilidade de conduzir e a 
ensinar a melhor maneira de agir e 
de se comportar em sociedade. 
Muitos mencionam que, ao 
longo dos anos, perdemos valores 
morais em nossa sociedade, como o 
respeito pelos professores, pelas 
autoridades, pelos idosos e pelos 
próprios pais. Esses valores são 
essenciais na formação e no 
comportamento do ser humano. A 
noção do certo e do errado vão 
formando o caráter de uma pessoa. 
O respeito às normas, as leis, ao 
meio ambiente são aspectos 
relevantes da vida em sociedade. 
É interessante mencionar que 
alguns valores ainda são mantidos 
de forma rígida em nossa sociedade. 
Um advogado ao participar de uma 
audiência no âmbito do poder 
judiciário deve estar trajado 
socialmente, com terno e gravata. 
Um desembargador em audiência 
está com a sua famosa toga. 
O próprio indivíduo tem os 
seus limites definidos em princípios 
legais e morais. A lei deve refletir o 
valor moral da sociedade. Nesse 
viés, pode-se citar que uma pessoa 
não pode andar nua pelas ruas, não 
pode urinar nos espaços públicos, 
não pode cortar árvores plantadas 
nas ruas da cidade, nem tampouco 
jogar lixo em rodovias, ruas e 
estradas. Por outro lado, notem que 
interessante, em praias de natu-
ralistas, as pessoas, naquele local, 
podem ficar nuas. 
Bernardes (2.019) menciona 
que a ética é uma reflexão 
sistemática sobre o comportamento 
moral. Ela investiga, analisa e 
explica a moral de uma determinada 
sociedade. 
• Ética = Caráter/Reflexão; 
• Moral = Costume. 
 
Define a moral como o 
conjunto de normas, princípios e 
costumes que orientam o 
comportamento humano, tendo 
como base os valores próprios de 
uma comunidade ou grupo social. A 
 
 
7 
APOSTILA DE ÉTICA 
moral é normativa, isto é, um 
conjunto de regras, valores, 
proibições e tabus que provêm de 
fora do ser humano, ou seja, que são 
cultivados ou impostos pela política, 
costumes sociais, religiões ou 
ideologias. 
Como as comunidades ou 
grupos sociais são distintos entre si, 
inclusive no tempo, os valores 
também podem ser distintos, dando 
origem a códigos morais bastante 
diferentes. A moral é mutável e está 
diretamente relacionada com 
práticas culturais. Por exemplo: o 
homem ter mais de uma esposa é 
moral em algumas sociedades, mas 
em outras não. 
A ética é um estudo reflexivo 
das diversas morais, no sentido de 
explicitar os seus pressupostos, ou 
seja, as concepções sobre o ser 
humano e a existência humana que 
sustentam uma determinada moral. 
Desse modo, a ética pensa a moral. 
A ética é uma reflexão 
sistemática sobre o comportamento 
moral, pois investiga, analisa e 
explica a moral de uma determinada 
sociedade. 
Para o professor Mário 
Sergio Cortella: 
 
“Ética é o conjunto de valores e 
princípios que nós usamos 
para decidir as três grandes 
questõesda vida: ‘Quero?’, 
‘Devo?’, ‘Posso?’. Tem coisa que 
eu quero, mas não devo, tem 
coisa que eu devo, mas não 
posso e tem coisa que eu posso, 
mas não quero.” 
 
Compete à ética, por exemplo, 
o estudo da origem da moral, da 
distinção entre comportamento 
moral e outras formas de agir, da 
liberdade e da responsabilidade e de 
questões tais como a prática do 
aborto, eutanásia e da pena de 
morte. 
A ética não diz o que deve e o 
que não deve ser feito em cada caso 
concreto, pois isso é da competência 
da moral, de modo que, a partir dos 
fatos morais, a ética tira conclusões, 
elaborando princípios sobre o 
comportamento moral. 
Cita ainda, a referida autora, 
dez exemplos de ética e moral. 
São exemplos de debates 
éticos na atualidade: 
• Reflexões sobre a legalidade 
do aborto 
• Estudos sobre o uso de 
células-tronco na Medicina, 
• Observações sobre o ato da 
eutanásia 
• Pena de morte 
 
São exemplos de conduta 
moral no nosso cotidiano: 
• Não jogar lixo na rua 
• Ajudar ao próximo 
• Não maltratar animais 
• Não cometer atos ilícitos 
• Não ser corrupto 
• Não usar drogas 
 
 
 
8 
APOSTILA DE ÉTICA 
Reflexões sobre a 
Moralidade 
 
 
 
COSTA (2.019) destaca que, 
atualmente, moralidade indica um 
fenômeno social e ética designa uma 
disciplina filosófica. Nesse sentido, a 
ética apresenta-se como uma re-
flexão sobre a moralidade, o que faz 
com que ela também receba o nome 
de filosofia moral. Segue o referido 
autor que, por exemplo, falamos de 
ética profissional e nunca de moral 
profissional para nos referirmos aos 
códigos de conduta de cada 
profissão. De toda forma, um 
processo de moralização da política 
parece melhor descrito como um 
incremento da ética na política e não 
da moral na política. 
Essas diferenças apontam 
para um uso preferível do termo 
ética para questões da vida pública e 
moral para questões das relações 
privadas. Tal linha demarcatória 
não funciona bem, pois faz sentido 
falar tanto de uma moralidade 
pública quanto de uma moralidade 
privada. 
Cada cultura ou grupo social 
tem uma moralidade, que envolve 
uma série de padrões morais, que 
são um dos principais elementos 
integradores da vida social. 
Continua o referido autor, 
citando que esses elementos são 
criados dentro da história e, 
portanto, não existe no mundo um 
único modelo abstrato de 
moralidade, mas uma série de 
padrões de moralidade socialmente 
definidos. 
O Bem, a Virtude e a Moral 
não existem em abstrato, mas 
apenas como elementos de 
realidades culturais concretas. 
Apesar disso, falamos da 
Virtude, da Moral e do Bem como se 
eles tivessem uma existência em si, 
como se fossem algo além de 
conceitos abstratos que inventamos 
para dar sentido às nossas próprias 
experiências. 
Dessa forma, a moral antecede 
a ética. A pergunta sobre o que devo 
fazer é um questionamento moral 
relevante e presente em todas as 
culturas. Porém, a resposta a essa 
questão normalmente é dada por 
meio de um discurso interno, que 
esclarece os padrões de 
comportamento obrigatórios dentro 
da tradição. 
Somente quando a moralidade 
é posta em questão é que a ética 
encontra seu espaço. Isso ocorre 
 
 
9 
APOSTILA DE ÉTICA 
normalmente em momentos de 
crise, quando a recusa dos critérios 
tradicionais impele os homens e 
mulheres com pendores filosóficos a 
inventar novos conceitos, mais 
capazes de mediar suas relações 
consigo mesmos e com o mundo que 
os cerca. 
Assim, a ética não envolve 
tipicamente a afirmação de uma 
relatividade absoluta, mas sim a 
elaboração de critérios objetivos de 
validade, que podem ser utilizados 
para avaliar os padrões morais 
existentes. 
Para a filosofia ocidental, o 
critério fundamental de objetividade 
é a razão. Somos herdeiros do logos 
grego, dessa capacidade que os 
homens têm de diferenciar o ver-
dadeiro do falso. Assim, se somos 
capazes de criticar as tradições 
culturais que nos envolvem, é 
porque existe em nós esse elemento 
racional que nos iguala e nos 
permite escapar da caverna de 
sombras para observar o mundo 
como ele realmente é. 
Como vimos, podemos definir 
moralidade como “princípios que 
nos fazem distinguir, diferenciar 
entre o certo e o errado, o bom e o 
mau comportamento, o justo e o 
injusto, o verdadeiro e falso, o legal 
do ilegal”. 
 
 
 
 
 
 
 10 
 
 
 
 
 11 
APOSTILA DE ÉTICA 
2. A Ética no Pensamento Ocidental, o Mundo do 
Trabalho e a Ética Empresarial 
 
 
 
A Ética no Pensamento 
Ocidental 
 
Como citado, os princípios 
éticos só podem ser compreendidos 
no seio de uma comunidade, na 
complexidade de suas relações, de 
suas aspirações etc. A história revela 
que as discussões sobre a ética 
remontam o chamado período 
clássico. 
O berço da civilização 
ocidental, isto é, o modo de 
compreender a realidade que cerca o 
homem, é a Grécia. Foram os gregos 
que cunharam e moldaram os 
termos, os conceitos e as palavras 
nos seus significados, aos quais fa-
zem referência os estudos do mundo 
ocidental. 
A vida é um exemplo, e hoje a 
preocupação com a sua proteção vai 
até os limites da experiência intra 
uterina, de modo que uma gestante 
pode pedir em juízo uma pensão 
para o filho que está gerando a um 
pai que lhe tem negado amparo. 
A concepção ética do mundo 
ocidental tem origem na Grécia. A 
ética é uma orientação interna que 
se preocupa com a harmonia das 
relações humanas. A ética penetra a 
 
 12 
APOSTILA DE ÉTICA 
ordem moral, mas dela independe, a 
fim de regê-la com padrões seguros 
e autenticamente humanos. A ética 
se materializa no diálogo entre o 
público e o privado. 
BARBOSA (2.015) afirma que 
nem sempre paramos para pensar 
de onde vieram nossos costumes, 
nossos hábitos e a nossa moral. Ao 
contrário de pensarmos a morali-
dade, bradamos que nosso tempo é 
de uma inversão moral, de falta de 
valores, tempos de decadência. Por 
vezes, somos saudosistas por áureos 
tempos em que a vida era mais, di-
gamos, “moralmente correta”, e 
desconsideramos veementemente 
os avanços dos últimos séculos. 
Os defensores da moral e dos 
bons e velhos costumes, como se diz 
popularmente, são os mais exímios 
seguidores dela. Desse modo, o que 
pode ser moral, pode ao mesmo 
tempo passar longe da ética, 
entendida como o bem viver em 
sociedade. Os moralistas, 
defensores da moral, nem sempre 
são pessoas com virtudes éticas, tais 
como a generosidade, a confiança, a 
bondade e a compaixão. 
Contudo, esta mesma verdade 
que nos vinculamos e, por vezes, 
usamos como abrigo da moralidade 
já, outrora, ou não existia ou não 
fazia sentido algum. As verdades que 
nos abrigam podem ter sido 
construídas, criadas, inventadas 
desdobrando-se de princípios 
diversos. 
É neste sentido que o filósofo 
alemão Friedrich Nietzsche escreveu 
um livro chamado Genealogia da 
Moral. A genealogia quer contar 
uma história sobre diversos valores 
que acreditamos ser moralmente 
corretos. Nietzsche, ao nos contar 
tais histórias, nos faz rever nossas 
estruturas ao descobrirmos 
surpreendentemente que nossa 
moral nem sempre surge das 
virtudes que pregamos, mas podem 
ser frutos do ressentimento, da 
inveja, da falta de confiança em si. 
Sócrates leva o sujeito a 
encontrar a verdade que habita no 
seu interior, dissipando-os das 
contradições que envolvem suas 
crenças. Nietzsche leva seu 
interlocutor a uma revisão profunda 
de seus valores morais, buscando 
uma hipótese que explique o modo 
pelo qual nossa consciência foi 
formada. BARBOSA (2.015) diz que, 
enquanto Sócrates encaminha o 
indivíduo para uma coerência 
valorativa, Nietzsche provoca uma 
conversão de afetos. 
Agora mencionaremos como 
os valores legais e morais vão 
mudando ao longo dos séculos. 
SAHÃO (2.014) cita que, há mais ou 
menos 5.000 anos, na Mesopotâmia 
(então consideradoo berço da 
civilização no Ocidente), havia em 
 
 13 
APOSTILA DE ÉTICA 
suas leis que se uma criança dissesse 
a seu pai ou a sua mãe que eles não 
eram seus pais, eles poderiam fazer 
da criança uma escrava, vendê-la 
por dinheiro ou levá-la para longe de 
casa. Portanto, uma rebelião do filho 
contra os pais poderia colocá-lo à 
escravidão. Por outro lado, se um pai 
dissesse ao seu filho que ele não era 
seu filho, a lei dizia que mesmo 
assim o filho deveria sofrer e deixar 
a casa. 
Na mesma cultura, se uma 
mulher fosse infiel ao marido e 
dissesse: “Você não é meu marido”, 
ela poderia ser jogada no rio. Se um 
marido dissesse para a esposa: 
“Você não é minha esposa”, ele 
deveria pagar uma multa. Então, se 
você fosse uma mulher traída nesse 
período de tempo, era legal 
(implicando ética) que você pudesse 
ser jogada no rio – para ser morta. 
Se você fosse um homem, você teria 
apenas que pagar uma multa. 
Se alguém fosse acusado de 
algo ilegal naquela época, teria sido 
dada a opção de pular no rio e, se a 
pessoa não se afogasse, ela seria 
declarada livre – não culpada. 
Aparentemente, a natação não era 
uma grande habilidade naquela 
época, ou talvez os rios fossem 
muito assustadores. 
Os gregos antigos (3.000 anos 
atrás ou mais) não eram muito 
melhores quando se trata de 
derramamento de sangue. A 
maneira como eles lidavam com o 
assassinato era deixando a família 
da vítima fazer sua própria justiça, o 
que levava a vendetas sangrentas. 
Inicialmente, eles não tinham 
leis escritas, mas confiavam em 
“regras” passadas oralmente que 
podiam ser inventadas a qualquer 
hora. Eventualmente eles 
começaram um sistema de leis 
escritas e um notável conjunto de 
leis foi criado por Draco (um 
legislador). 
As leis escritas de Draco 
ficaram conhecidas por sua rigidez, 
e seu nome se tornou o adjetivo 
“draconiano”, que significa “severo” 
ou “rigoroso”. Suas leis eram tão 
drásticas que você poderia ter sido 
morto ao ser pego roubando apenas 
um único repolho. 
O mundo antigo está cheio de 
leis semelhantes, que consideramos 
cruéis e grotescas hoje. Algumas 
coisas que se destacam a partir desta 
época são os castigos físicos (cortar 
a orelha, enforcar, decapitar, 
tortura), castigos materiais (multas 
e impostos, tais como pagamentos 
em moeda e/ou materiais raros, 
como ouro ou prata) e o fato das leis 
serem aplicadas de forma diferente 
pelas classes sociais (mulheres e 
escravos eram mais drasticamente 
punidos, por exemplo). Essas leis 
banalizaram os códigos morais da 
 
 14 
APOSTILA DE ÉTICA 
época. Era algo absolutamente 
moral possuir um escravo (ou 
muitos) ou matar alguém que tinha 
roubado um repolho. A pena de 
morte, ou de execução, tem sido 
uma normalidade entre todas as 
tribos (países) nos últimos 2.000 
anos, quando se trata de conceito da 
justiça. Para ficar ainda mais 
grotesco, a maioria das execuções 
eram públicas. 
Em 1820, na Grã-Bretanha, 
havia 160 crimes puníveis com 
morte, incluindo furtos, roubos, 
roubar gado ou, ainda, o corte de 
árvores em um lugar público. O 
século XX também foi um período 
violento. Dezenas de milhões foram 
mortos em guerras entre Estados-
nação, bem como em genocídios 
perpetrados por Estados-nação 
contra adversários políticos (tanto 
percebidos quanto reais), minorias 
étnicas e religiosas: o ataque turco 
aos Armênios, a tentativa de Hitler 
de exterminar os judeus europeus, 
dentre outros. 
Vimos, de forma sucinta, que, 
ao longo dos últimos séculos, o 
sistema penal e jurídico foi sofrendo 
profundas alterações. Importante 
frisar e deixar bem sedimentado que 
no Brasil o que vigora é o estado 
democrático de direito. Existe o 
Código Penal e outras legislações 
que definem as condutas delituosas. 
A polícia, o ministério público e o 
poder judiciário têm o dever de 
investigar e propiciar ao acusado um 
julgamento justo, contemplado com 
a ampla defesa e o contraditório e ao 
sistema prisional de punir e 
recuperar. 
 
O Mundo do Trabalho e a 
Globalização 
 
 
 
Sem dúvida a globalização e o 
uso das tecnologias de comunicação 
aproximaram as pessoas e as 
organizações que, outrora, estavam 
distantes geograficamente. 
ALBUQUERQUE (2.019) 
assim trata tão importante questão: 
 
“O fenômeno da globalização é 
um processo em curso, 
complexo e desafiador, no qual 
estamos imersos e, que, 
portanto, torna árdua a tarefa 
de delimitá-lo.” 
 
O discurso da globalização, 
nessa esteira, promete romper 
fronteiras em prol do 
desenvolvimento de todos os povos 
 
 15 
APOSTILA DE ÉTICA 
com base na auto regulação do 
mercado. 
Na perspectiva de Faria, a 
crise do padrão monetário mundial 
e os choques do petróleo na década 
de 1970 levaram ao esgotamento do 
potencial de expansão do modelo 
produtivo, industrial e comercial até 
então vigente, exigindo respostas 
extremamente rápidas e eficazes 
para contorná-la e que definem hoje 
as peculiaridades da globalização. 
Dentre as respostas está a 
desregulamentação dos mercados 
financeiros, a revogação dos 
monopólios estatais, a abertura do 
comércio mundial de serviços e 
informações, que acarretou a rápida 
integração mundial do sistema fi-
nanceiro; a ênfase à racionalização 
das organizações produtivas, 
criando as corporações 
transnacionais; e, por fim, a 
conversão das ciências em técnicas 
produtivas. A globalização, 
entretanto, não é fruto imediato de 
um fato isolado, e sim o resultado de 
uma longa evolução da sociedade 
capitalista moderna. 
O fenômeno, portanto, não é 
estanque: é um processo dinâmico e 
multidimensional. A globalização 
não encerra um conceito unívoco. As 
diversas linhas teóricas procuram 
explicá-la sob perspectivas distintas, 
o que acarreta a insuficiência de 
conceitos mais abrangentes. Beck 
expressa bem a complexidade do 
fenômeno e a dificuldade de sua 
apreensão quando refere que 
globalização é, com certeza, a 
palavra mais usada e a menos 
definida nos últimos tempos. 
Desde o advento do 
capitalismo, com a separação da 
propriedade dos meios de produção 
e da força de trabalho, que 
engendrou uma verdadeira 
revolução econômica, o processo de 
acumulação do capital vem forjando 
novas técnicas cada vez mais 
eficientes, a fim de maximizar os 
lucros e minimizar os custos. 
Alguns anos após a Revolução 
Francesa, formam-se as condições 
necessárias para a Primeira 
Revolução Industrial, que incorpora 
ao processo produtivo as primeiras 
máquinas capazes de executar 
tarefas antes atribuídas 
exclusivamente ao homem, 
acarretando, como consequência, o 
aumento da produtividade. 
Com esta revolução, a 
apropriação da força de trabalho se 
completa com a transferência do 
domínio humano sobre os processos 
produtivos para as máquinas. 
A utilização da ciência como 
técnica produtiva sustentou a 
Segunda Revolução Industrial no 
início do século XX. Ao contrário da 
primeira – caracterizada pela 
adoção da máquina a vapor –, desta 
 
 16 
APOSTILA DE ÉTICA 
vez não houve a adoção de uma nova 
tecnologia, mas um conjunto de 
alterações técnico-científicas decor-
rentes da cooptação do conhecimen-
to científico pelo capital. 
Nesse contexto, Frederick 
Taylor, no final do século XIX, 
concebeu a denominada organiza-
ção científica do trabalho, ou seja, a 
racionalização do trabalho baseada 
na separação entre concepção – 
engenheiros e técnicos – e execução 
– operários. Ele propunha a 
racionalização das tarefas dos 
operários, combatendo o desperdí-
cio de tempo. Uma das formas de 
racionalização, com o objetivo de 
eliminar os movimentos inúteis e 
diminuir o tempo na execução das 
tarefas, é o parcelamento das 
tarefas: cada operário faz apenas um 
determinado número, diga-se 
limitado, de gestos iguais, repetidos 
durante sua jornada de trabalho. 
Com isso, torna-se responsávelapenas por uma pequena parte do 
processo produtivo, não neces-
sitando de qualificação específica. 
Henry Ford, por sua vez, 
proprietário da indústria au-
tomobilística que leva seu nome, 
criou uma nova estratégia de 
organização da produção utilizando 
os métodos tayloristas de gerencia-
mento. O fordismo – nova organiza-
ção da produção concebida por Ford 
– para responder ao aumento da 
demanda, utiliza a produção em 
massa, o que reduz o custo de 
produção e, em decorrência, o preço 
de venda do automóvel. Enquanto o 
taylorismo decompõe as tarefas, o 
fordismo as recompõe através da 
linha de montagem. 
Ford ainda padroniza as peças, 
com a intenção de reduzir o tempo 
de adaptação dos componentes ao 
automóvel, combatendo o desper-
dício. Feitas estas transformações 
no plano organizacional, Ford 
introduz novas tecnologias. Com as 
linhas automatizadas o tempo de 
produção do veículo é reduzido 
ainda mais, obtendo ganhos 
inimagináveis com os novos 
métodos de produção. 
Nesse contexto, as empresas 
concorrentes são obrigadas a seguir 
o novo modelo, sob pena de serem 
expulsas do mercado. 
O fordismo torna-se 
dominante. Mas quando todas as 
empresas o adotam, já não há 
vantagens essenciais no nível da 
organização. A competição torna-se 
mais acirrada e as empresas já não 
podem destinar recursos à melhoria 
das condições de trabalho. Ao 
contrário, conquista maiores fatias 
do mercado quem impõe custos 
mais baixos de produção, incluindo 
a remuneração dos trabalhadores. 
Os operários, destarte, são 
submetidos a condições degradan-
 
 17 
APOSTILA DE ÉTICA 
tes, desencadeando, nos anos 70, a 
crise do fordismo. 
A partir da década de 80, 
alguns fatores de ordem política e 
econômica alteraram a cena 
mundial: o advento da “sociedade 
informacional” como decorrência 
dos avanços na microeletrônica, na 
robótica, na telemática; a globaliza-
ção econômica; a disseminação do 
neoliberalismo, impulsionado pelas 
mudanças políticas internacionais 
desencadeadas com o 
desaparecimento, no final dos anos 
80, do bloco comunista, solapando a 
ameaça socialista. 
Tais fatores contribuíram para 
desencadear a Terceira Revolução 
Industrial que, novamente, 
acarretará mudanças no mundo do 
trabalho. Esta, sob diversos 
aspectos, difere das anteriores. Além 
da substituição do trabalho humano 
pelo computador, parece provável a 
crescente transferência de uma série 
de operações das mãos de 
funcionários que atendem ao 
público para o próprio usuário, 
muitas atividades desconectadas do 
grande capital monopolista passam 
a ser exercidas por pequenos 
empresários, trabalhadores au-
tônomos, cooperativas de produção 
etc., o que transforma certo número 
de postos de trabalho de “empregos” 
formais em ocupações que deixam 
de oferecer as garantias e os direitos 
habituais e de carregar os custos 
correspondentes. O que dá para 
admitir com razoável segurança é 
que ela afeta profundamente os 
processos de trabalho e, com toda 
certeza, expulsa do emprego 
milhões de pessoas que cumprem 
tarefas rotineiras, que exigem um 
repertório limitado de 
conhecimentos e, sobretudo, 
nenhuma necessidade de improvisar 
em face de situações imprevistas. 
Com o emprego da ciência 
como técnica produtiva, novas 
formas de organização produtiva 
surgem. Dentre as experiências mais 
expressivas, pode-se citar o 
“toyotismo” ou “modelo japonês” ou 
“pós-fordismo”. 
O toyotismo, modelo forjado 
no Japão, foi implantado 
progressivamente na Toyota nas 
décadas de 1950 a 1970 e se 
disseminou pelo mundo na década 
de 1980. Neste novo modelo 
produtivo, a “produção é puxada 
pela demanda e o crescimento, pelo 
fluxo.”. Nessa esteira, a “empresa só 
produz o que é vendido e o consumo 
condiciona toda a organização da 
produção”. Em razão disso, os 
estoques são mínimos. Todo o 
desperdício é combatido na Toyota. 
Nesse contexto, a flexibilidade do 
aparato produtivo, de forma a 
atender às exigências mais 
individualizadas do mercado no 
 
 18 
APOSTILA DE ÉTICA 
menor tempo e com maior 
qualidade possíveis, acarreta a 
flexibilização da organização do 
trabalho. Os trabalhadores atuam 
em equipe e está substitui o 
parcelamento das tarefas, típico do 
fordismo. A relação um 
homem/uma máquina é rompida: 
em média, um trabalhador na 
Toyota opera cinco máquinas. Para 
poder operar várias máquinas 
diferentes, o trabalhador tem de 
tornar-se polivalente, que mais do 
que maior qualificação, significa a 
execução de várias tarefas 
simplificadas no decorrer de sua 
jornada, ensejando maior 
exploração do trabalho. 
A equipe de operários, por 
outro lado, substitui a figura da 
autoridade típica da hierarquia 
vertical fordista. Agora, a falha de 
um membro prejudica toda a 
equipe, que controla, portanto, a 
atuação de seus membros, criando 
uma forma de controle invisível e 
extremamente eficiente. 
Diferentemente do modelo 
fordista, onde ocorre uma 
integração vertical na linha de 
produção, com a aquisição das 
empresas que fabricam as peças, no 
toyotismo há uma integração 
horizontal, com redução do âmbito 
de produção da montadora, 
repassando às subcontratadas a 
produção das peças necessárias à 
confecção do produto final. 
No novo sistema de 
organização da produção intensifica 
a exploração do trabalho: ele exige 
bem mais do trabalhador que o 
sistema fordista. Além da exigência 
de que os operários trabalhem 
simultaneamente com várias máqui-
nas, há o “gerenciamento por 
tensão” através do sistema de luzes. 
Os sinais luminosos são 
implantados em toda a cadeia de 
produção: o verde indica que está 
tudo em ordem; o laranja aponta 
intensidade máxima; e o vermelho 
indica que há um problema e é 
necessário parar a produção para 
resolvê-lo. As luzes devem alternar 
sempre entre o verde e o laranja para 
atingir uma elevação constante do 
ritmo de produção, pois, oscilando 
os sinais entre estas cores, a direção 
pode, antecipadamente, descobrir 
os problemas e acelerar o ritmo até 
que o próximo apareça. 
Além disso, assim como o 
aparato produtivo, as relações de 
trabalho também precisam ser 
flexibilizadas. A força de trabalho é 
explorada em razão da demanda. 
Evita-se, a todo custo, a ociosidade 
da força de trabalho. Há um número 
mínimo de empregados “estáveis”. 
Se o mercado melhora, contratam-
se trabalhadores temporários ou os 
operários são obrigados a fazer 
horas extras. Todavia, “a política 
 
 19 
APOSTILA DE ÉTICA 
básica é usar o mínimo de operários 
e o máximo de horas extras.” 
As empresas automobilísticas, 
“que adquiriram uma sólida 
liderança no setor, impulsionaram 
esse formidável aceleramento da 
rotação de capital graças a uma 
reestruturação completa da 
organização da produção”. Não resta 
alternativa às empresas 
concorrentes, nesse contexto, senão 
adotar os métodos de produção da 
empresa líder. 
Estas novas formas de 
organização do trabalho, não se 
pode deixar de enfatizar, estão 
plenamente ligadas ao neoli-
beralismo e à globalização. A 
Terceira Revolução Industrial, nesse 
contexto, provocou drásticas 
mudanças no universo do trabalho. 
Todas as revoluções industriais 
desencadearam o aumento da 
produtividade, trazendo, como con-
sequência, o desemprego 
tecnológico. Todavia, a Terceira 
Revolução Industrial foi mais além: 
desencadeou, além do desemprego 
tecnológico, o que Singer denomina 
de “descentralização do capital”. 
Com os avanços na telemática, 
as grandes empresas verticalmente 
integradas têm sido forçadas pelo 
mercado, em nome da diminuição 
dos custos e aumento da produ-
tividade, a desintegrarem-se, 
terceirizando diversos setores 
produtivos, formando uma espécie 
de rede. Com isso, atividades antes 
desempenhadas por empregados 
dessas empresas agora passam a ser 
exercidas por trabalhadoresautônomos, temporários, pequenos 
empresários, sem as garantias e os 
direitos sociais e trabalhistas que 
antes possuíam, diminuindo os 
postos de emprego formais. 
A Terceira Revolução 
Industrial também opera mudanças 
protagonizadas pelo Estado, no 
sentido de flexibilizar direitos, 
desregulamentar a economia, 
privatizar empresas estatais. O que 
se verifica, pois, no capitalismo 
contemporâneo, é a precarização 
das relações de trabalho. Os novos 
postos de trabalho que surgem em 
virtude da divisão internacional do 
trabalho e das inovações tecnológi-
cas não mais oferecem, na sua 
grande maioria, as garantias sociais 
e trabalhistas conquistadas pelos 
trabalhadores ao longo de anos de 
luta operária. Isto porque, 
decorrente da estratégia 
empresarial de eliminar o ócio do 
trabalhador, introduziu-se a 
flexibilidade da organização 
produtiva e, por consequência, do 
próprio trabalhador. 
Outrora, a empresa contratava 
o empregado. Hoje, ela contrata a 
prestação de serviços, forçando os 
antigos operários a jogarem-se na 
 
 20 
APOSTILA DE ÉTICA 
arriscada tarefa de constituírem 
pequenas empresas prestadoras de 
serviços. Com esta estratégia, as 
empresas diminuem o custo do 
trabalho, porquanto não têm de 
pagar o tempo morto e, ao mesmo 
tempo, aumentam a produtividade, 
pois os prestadores de serviço, em 
razão da competitividade, 
trabalham à exaustão para atrair a 
clientela. 
Todas estas transformações 
afetam a “forma de ser” da classe 
trabalhadora. A desconcentração da 
classe operária, com o abismo 
existente entre o núcleo “estável” e a 
periferia precarizada e descartável, 
reduz drasticamente o poder 
sindical, historicamente ligado aos 
empregados estáveis, que hoje é 
incapaz de aglutinar o exército de 
trabalhadores a tempo parcial 
temporários, subcontratados, 
precários, pertencentes à economia 
informal. Os trabalhadores já não se 
identificam mais como classe. 
Perdem a sua consciência de classe, 
dada à extrema heterogeneidade e 
fragmentação existente no mundo 
do trabalho. 
Surge uma nova pobreza, a 
new poor, formada por indivíduos 
que pertenciam à classe média e que 
perderam seus empregos em razão 
da automação ou da divisão 
internacional do trabalho. Como 
decorrência desse quadro, emerge 
uma crescente desigualdade e 
polarização social levando um 
número cada vez maior de 
indivíduos à exclusão social. 
Postos de trabalho foram 
destruídos com a Terceira 
Revolução industrial em 
decorrência do desemprego tecno-
lógico que incrementou a 
produtividade. Esta mão-de-obra 
excedente não foi reabsorvida 
porque os novos empregos exigem 
uma qualificação maior e são em 
menor número, se comparados com 
os que desapareceram. Estes 
indivíduos descartados formam as 
vítimas da pobreza e da exclusão 
social. 
A Terceira Revolução 
Industrial, com a introdução de 
novas tecnologias e a adoção de 
novas técnicas produtivas mais 
flexíveis, aliada à globalização e ao 
neoliberalismo, contribuiu para a 
queda nos níveis de emprego formal, 
elevando os níveis de trabalho 
precário e informal. Como con-
sequência, o indivíduo que é 
afastado do mercado de trabalho 
formal não consegue mais se 
reinserir. 
O acesso ao trabalho (em 
condições dignas), nessa 
perspectiva, é condicionante dos 
demais direitos, visto que é capaz de 
assegurar ao trabalhador a 
manutenção do vínculo social, 
 
 21 
APOSTILA DE ÉTICA 
principalmente pelo acesso à rede de 
proteção social, o que resulta em o 
trabalho formal colocar-se como 
uma das principais formas de 
emancipação social. 
De forma brilhante, 
ALBUQUERQUE (2.019) tratou 
esse tema, nos levando a uma série 
de reflexões. Ao ver que o Brasil 
conta atualmente com milhares de 
desempregados, nota-se que esse 
fenômeno atingiu a grande maioria 
das organizações. É comum cada 
trabalhador comentar que nos 
últimos anos seu setor sofre rígidos 
cortes. Onde havia três funcionários, 
as tarefas, além de ampliadas, fica 
hoje sob a responsabilidade de 
apenas um. É cediço que os encargos 
trabalhistas e a crise que afeta boa 
parte dos países também colaboram 
para esse quadro. 
Além da perda salarial, muitos 
estão se aventurando em vendas 
pela internet, usando essa 
plataforma como forma de se 
reinserir no mercado de trabalho. 
Em síntese, as pessoas também 
estão reinventando-se para se 
adaptar à nova realidade. Empresas 
e funcionários buscam novos 
processos para sobreviverem, 
aguardando essa fase turbulenta 
passar e vão adequando-se às regras 
impostas, procurando cumprir os 
princípios éticos e legais. 
 
A Ética Empresarial 
 
 
 
Feita essa breve exposição 
sobre o mercado de trabalho e a 
globalização, vimos que o 
trabalhador, em especial, sofreu 
uma série de prejuízos no que se 
refere às conquistas trabalhistas. A 
própria legislação trabalhista e a 
Justiça do Trabalho foram 
intensamente modificadas 
recentemente. Sem dúvida, homens 
e mulheres estão readequando-se às 
novas exigências do mercado de 
trabalho e boa parte dos 
profissionais estão sendo 
contratados como pessoa jurídica, 
em face, principalmente, dos 
encargos trabalhistas. 
A busca por concursos 
públicos tornou-se o sonho de 
consumo de muitos profissionais. 
No ingresso à carreira de policiais, 
por exemplo, é muito comum ver 
candidatos que se inscrevem nos 
cursos de formação de soldados, 
com qualificação muito além da 
exigida, ou seja, com nível superior 
 
 22 
APOSTILA DE ÉTICA 
em diversas áreas: fisioterapia, 
psicologia, letras, pedagogia, 
administração, dentre outras, com 
fluência em idiomas como inglês, 
alemão espanhol etc., por um salário 
em torno de R$ 1.900,00, para ter a 
estabilidade de emprego. 
Como o objetivo precípuo de 
nosso trabalho é a ética e o 
relacionamento interpessoal, calha 
agora mencionar, no outro lado 
dessa relação, a ética empresarial. 
Em que pese todas essas mudanças 
no mercado de trabalho, que atingiu 
a classe trabalhadora, é 
imprescindível para um relaciona-
mento salutar a estrita observância 
dos preceitos morais e éticos no 
ambiente de trabalho. Vamos então 
aprender sobre o que vem a ser a 
ética empresarial. 
MARQUES (2.019), assim 
conceitua: 
 
“A ética empresarial envolve os 
valores de uma empresa e seus 
princípios morais dentro da 
sociedade. Esse conceito é 
fundamental para uma 
organização que pretende 
construir uma boa imagem 
perante seus clientes internos e 
externos, parceiros e 
concorrentes.” 
 
Nesse sentido, uma empresa 
ética é aquela que pratica os 
preceitos coletivos e se preocupa 
com as demandas da população, 
tendo sua conduta orientada pela 
responsabilidade social e ambiental. 
Prezar pela ética empresarial é 
importante para qualquer empresa, 
independentemente do seu porte ou 
se é do setor público ou privado. Ao 
demonstrar que é uma organização 
transparente, esta será reconhecida 
por todos pela sua credibilidade e 
responsabilidade. Assim, essa 
postura ajudará a companhia a ser 
apontada como referência no merca-
do, atraindo clientes, investidores e 
bons profissionais. 
A ética empresarial deve estar 
presente nas atividades internas e 
externas de uma organização, sendo 
que as empresas devem prezar pela 
boa conduta de todos os seus 
funcionários. Quando o 
relacionamento interpessoal é ba-
seado em atitudes e valores 
positivos, há a construção de um 
ambiente de trabalho agradável para 
todos, já que os colaboradores 
passam a respeitar as regras e 
normas da organização e ficam mais 
abertos a cooperar uns com os 
outros. Todos esses fatores 
influenciam no aumento da 
produtividade. 
Mas, em nenhum outro 
campo, a ética empresarial está tão 
envolvida quanto na obtenção do 
lucro. Ter uma boa rentabilidade é 
objetivo de praticamente todas as 
organizações, mas os ganhos devem 
ser baseados emum trabalho 
 
 23 
APOSTILA DE ÉTICA 
honesto e que satisfaça as 
necessidades dos clientes, sem 
prejudicar as pessoas ou o meio 
ambiente. 
Além das atitudes morais que 
devem nortear todas as suas 
atividades, a empresa pode 
demonstrar que é ética à sociedade 
por meio de ações que promovam o 
bem-estar da comunidade em que 
está inserida ou que ajudem a 
preservar o meio ambiente. Esse 
senso de responsabilidade social e 
ambiental revela que a companhia 
não está alienada aos problemas que 
a rodeiam e se interessa em 
contribuir para os combater. 
Em tempos em que os valores 
humanos estão cada vez mais sendo 
colocados de lado em nome de 
maiores lucros, a ética no ambiente 
corporativo tem se tornado um 
grande diferencial competitivo. Isso 
porque as empresas referências de 
boa conduta no mercado conseguem 
agregar valor à sua marca e imagem 
e usufruem de maior credibilidade 
ao pautar suas ações em princípios 
éticos e socioambientais, 
principalmente. Já os profissionais 
que têm uma conduta ética 
destacam-se por ajudarem a 
construir bom relacionamento 
interpessoal em seu ambiente de 
trabalho, uma vez que sabem 
assumir seus erros e têm uma 
postura flexível, tolerante e humilde 
com seus colegas. 
Antes de tudo, é sempre bom 
compreender a ética empresarial e 
profissional como forma de manter 
a consciência positiva ao exercer 
suas atividades sem prejudicar os 
demais ao seu redor. Esse fator é 
indispensável para o nosso 
desenvolvimento enquanto seres e 
empresas em constante evolução. 
Sendo assim, para que tenhamos 
resultados cada vez mais 
expressivos e alcancemos o sucesso 
tanto empresarial quanto em nossas 
carreiras, é importante pensarmos e 
agirmos de forma ética antes de 
tudo. 
Há de se mencionar também a 
ética na administração pública que, 
além da observância dos preceitos 
aqui citados, deve ser dirigida pelos 
princípios constitucionais e legais 
que a norteiam. Nessa vertente 
destacam-se os princípios da 
moralidade, da legalidade, da 
impessoalidade, razoabilidade, 
proporcionalidade, eficiência e 
publicidade. 
A responsabilidade social será 
tratada em um tópico à parte ainda 
no presente trabalho, mas de plano 
tanto a administração pública 
quanto a privada devem ter a preo-
cupação nas questões ambientais. 
A preservação do meio 
ambiente é a responsabilidade desta 
geração, motivo pelo qual os pais 
 
 24 
APOSTILA DE ÉTICA 
devem educar seus filhos na coleta 
do lixo seletivo, no respeito à fauna 
e à flora, em manter as praias, rios, 
lagos e mananciais sempre limpos, 
em não jogar lixos nas ruas, dentre 
outros. Os empresários e 
administradores públicos devem 
tomar as medidas necessárias para 
que sua empresa, seus funcionários 
e colaboradores também tenham 
essa consciência e adotem medidas 
práticas como a coleta seletiva, a 
economia de água e energia elétrica, 
a utilização de equipamentos com o 
selo PROCEL, a economia na 
impressão de documentos etc. 
Outro aspecto a se mencionar 
é como deve ser a gestão de pessoas. 
Para atingir e alcançar esses 
objetivos éticos e morais, inserindo-
os na política empresarial, é 
importante mencionar que a Gestão 
de Pessoas auxilia nesse processo. 
Nesse viés, a gestão de pessoas 
compila todas as atividades da 
Administração de Recursos 
Humanos em seis principais 
processos, que estão interligados 
entre si. Esses processos foram 
desenvolvidos por Chiavenato 
(1999). Vamos a eles: 
• Agregar pessoas: Esse 
processo consiste em incluir 
novas pessoas para a empresa, 
conforme a necessidade de 
mão de obra e o planejamento 
de RH. Aqui a Gestão de 
Pessoas incluiu as atividades 
de RH, como o recrutamento e 
a seleção para integrarem o 
quadro de funcionários da 
empresa. 
• Aplicar Pessoas: Aqui se 
encontra o processo de ensinar 
o novo funcionário conforme o 
perfil esperado da empresa, 
acompanhando a sua 
integração e orientando o seu 
desempenho. Nesse processo 
foram compiladas as ativida-
des da antiga administração 
de pessoal desde a integração 
do novo funcionário, análise 
de cargos e salários e avaliação 
de desempenho. 
• Recompensar Pessoas: 
Nesse processo, o principal 
objetivo é incentivar e motivar 
as pessoas, satisfazendo dessa 
forma as suas necessidades 
individuais. Aqui estão 
agregadas as atividades de 
remuneração de pessoal e a 
política de benefícios. 
• Desenvolver Pessoas: Os 
processos de desenvolver 
pessoas servem para capacitar 
os colaboradores, ou seja, 
treiná-los para desenvolver as 
suas funções. Nesses proces-
sos utilizam-se as rotinas de 
treinamento e de capacitação 
da administração de recursos 
humanos. 
• Manter Pessoas: O 
principal objetivo desse 
processo é fornecer condições 
ambientais agradáveis e 
programas motivacionais e 
psicológicos que estimulem os 
 
 25 
APOSTILA DE ÉTICA 
funcionários a dar o melhor de 
si e a alcançarem os objetivos 
desejados. 
• Monitorar Pessoas: São 
processos que acompanham e 
controlam o desempenho dos 
funcionários, analisando 
resultados. Também são 
utilizados processos de sis-
temas de informações 
gerenciais para a tomada de 
decisões e a consulta ao banco 
de dados. 
 
Capitalismo, Comércio, 
Indústria e a Ética do 
Interesse Particular e a 
Globalização 
 
Como vimos, na ética 
empresarial, as organizações, em 
que pese a busca pelo lucro nas 
atividades do comércio e da 
indústria, devem estar 
comprometidas com os legais e 
éticos, buscando agregar valores a 
sua marca. Um funcionário ou um 
empresário, agindo de forma ética, 
com respeito aos ditames legais, 
com honestidade de propósitos e 
transparência, influencia 
inegavelmente no ambiente de 
trabalho de forma positiva, 
contagiando os outros a agirem da 
mesma maneira. 
O lucro não deve ser a meta 
principal de qualquer organização 
empresarial. Não se admite mais a 
máxima de se lucrar a qualquer 
preço ou a qualquer custo. Os 
valores morais e éticos devem 
permear as organizações e 
incentivar todos a fazerem o certo 
pelo certo, afastando-se de práticas 
costumeiras eivadas de vícios e 
ilegalidade. Mesmo em práticas 
desportivas, precisa ser rechaçada a 
hipótese de um torcedor ficar 
contente porque o seu time ganhou 
com um gol aos 47 minutos do 
segundo tempo, sendo que o jogador 
estava impedido. 
As licitações das empresas 
públicas devem ser regidas dentro 
da legalidade, impessoalidade, 
eficiência, razoabilidade, 
proporcionalidade, publicidade, 
observando-se rigorosamente as 
condições estabelecidas no edital, 
sem favorecimento de quem quer 
que seja. 
MATOS (2.014) nos explica 
que o fenômeno da globalização 
trouxe o mundo para um estágio 
sem precedentes em sua história. 
Jamais foi presenciado um 
desenvolvimento tão acelerado 
quanto esse iniciado na Revolução 
Industrial e que perdura até os dias 
de hoje. O capitalismo, principal 
motor do avanço tecnológico e do 
fenômeno denominado 
globalização, é, também, o 
responsável pelas maiores crises já 
enfrentadas pela humanidade, 
sejam elas ambientais, econômicas 
 
 26 
APOSTILA DE ÉTICA 
e, sobretudo, sociais. 
No mundo de hoje, onde 
predomina a busca pelo poder, 
consumo, desigualdade e 
individualismo, o indivíduo está 
envolto pela dúvida sobre como ser 
ético em um contexto com tantas 
desigualdades. Dessa forma, o bem e 
o mal, o certo e o errado, a justiça e 
a injustiça, são sentimentos 
intrínsecos à humanidade e 
inevitáveis dentro de um corpo 
social. 
Uma leitura descritiva sobre o 
sentimento predominante nos 
indivíduos dos tempos modernos 
pode ser verificada na obra de Marx. 
O sociólogo alemão resume a lógica 
do capitalismo na busca pelo lucro e 
argumenta que à sociedade está 
imposta a obrigação de seguir as leis 
desse sistema. 
Na abordagem de Marx sobre 
o mundo moderno, é possível 
perceber que a sociedade gira em 
torno docapitalismo. O objetivo dos 
indivíduos resume-se, 
exclusivamente, na busca pelo 
capital, com a sociedade dividida em 
duas classes, burguesia e 
proletariado, onde a primeira detém 
o poder das ferramentas de 
produção e à outra resta unicamente 
sua força de trabalho para pôr à 
venda: a desigualdade é 
predominante. Não há a reflexão 
sobre a moral ou, se há, é a de uma 
moral subordinada às relações de 
mercado, também chamada de 
“ética do mercado”. Acima de tudo, 
para os burgueses, está a busca 
insaciável pelo lucro, e, para os 
proletários, a luta pela 
sobrevivência. 
Na concepção clássica, de 
Sócrates e Aristóteles, o sujeito ético 
ou moral é regido apenas pela sua 
consciência e não se submete aos 
vícios e às vontades de outros. A 
ética é obtida em ações que 
considerem o melhor para o 
indivíduo e para o corpo social do 
qual ele faz parte. Entretanto, na 
modernidade, esse conceito é cada 
vez mais difícil de ser aplicado. 
Dentro da sociedade capitalista, 
vestida pela liberdade de mercado, 
as pessoas são escravas do consumo. 
Jean-Paul Sartre, um dos 
expoentes do Existencialismo, 
apresenta uma reflexão sobre a ética 
partindo do princípio de que os 
homens são fadados a viver em 
liberdade. Dessa forma, não importa 
se as forças externas são mais 
poderosas do que a vontade 
subjetiva, sempre há uma opção. Se, 
com efeito, a existência precede a 
essência, não será nunca possível 
referir uma explicação a uma 
natureza humana dada e imutável; 
por outras palavras, não há 
determinismo, o homem é livre, o 
homem é liberdade. Essencialmente 
 
 27 
APOSTILA DE ÉTICA 
livres, segundo a concepção de 
Sartre, os valores morais são 
subjetivos para os homens. Ser ético, 
para o filósofo, significa agir no 
mundo consciente de sua ação e das 
consequências proveniente delas, 
pois o homem tem liberdade para 
fazer todo tipo de escolhas. Nesse 
sentido, a ética é sempre uma 
possibilidade, depende de cada 
indivíduo. 
A reflexão de Sartre aponta 
para um cenário revelador sobre o 
conceito de liberdade e ética. No 
entanto, de acordo com a 
perspectiva marxista, a 
emancipação humana e a realização 
plena da moral apenas serão 
possíveis quando a sociedade 
romper com o sistema vigente, e isso 
só será alcançado quando os homens 
conseguirem enxergar o mundo 
como ele realmente é e o quanto eles 
são explorados, ou seja, quando a 
sociedade deixar de ser alienada. 
Conclui a autora que, na era do 
capitalismo, a moral da história é a 
moral do sistema. 
PEQUENO (2019), outro 
autor que trata da ética e da 
cidadania, nos ensina que a ética 
trata do comportamento do homem, 
da relação entre a sua vontade e a 
obrigação de seguir uma norma, do 
bem e do mal, do que é justo e injus-
to, da liberdade e da necessidade de 
respeitar o próximo. É comum 
afirmar que ser cidadão significa 
possuir direito ao voto, à liberdade 
de expressão, à saúde, à educação, 
ao trabalho, à locomoção, à 
alimentação, à habitação, à justiça, à 
paz, a um meio-ambiente saudável, 
à felicidade, dentre outros. A 
cidadania é a condição social que 
confere a uma pessoa o usufruto de 
direitos que lhe permitem participar 
da vida política e social da 
comunidade no interior da qual está 
inserida. A esse indivíduo que pode 
vivenciar tais direitos chamamos de 
cidadão. Ser cidadão, nessa 
perspectiva, é respeitar e participar 
das decisões coletivas, a fim de me-
lhorar sua vida e a da sua 
comunidade. O desrespeito a tais 
direitos, por parte do Estado, de 
Instituições ou pessoas, gera 
exclusão. 
Nessa perspectiva, é somente 
quando cada homem tiver seus 
direitos efetivados e sua dignidade 
reconhecida e protegida que 
poderemos dizer que vivemos numa 
sociedade justa. Até porque, sem o 
princípio de justiça, não pode haver 
sociedade, pois nela deixariam de 
existir a confiança e o respeito 
mútuo entre os indivíduos. A justiça 
é a maneira de reconhecer que todos 
são iguais perante a lei (igualdade) e 
que todos devem receber de acordo 
com seus méritos, qualidades e 
realizações (equidade). A justiça é, 
 
 28 
APOSTILA DE ÉTICA 
desse modo, representada pelos 
princípios de igualdade e equidade. 
Assim, quando a sociedade revela-se 
justa, torna-se possível instituir um 
clima de confiança nas Instituições e 
de liberdade entre os indivíduos. A 
justiça é a condição de um viver 
solidário, responsável, fraterno. 
Quando a mesma deixa de ser 
praticada, os indivíduos ficam 
sujeitos ao arbítrio, à violência e à 
barbárie. A justiça é, antes de tudo, 
um valor moral, podendo ainda ser 
concebida como o principal 
fundamento da vida em sociedade. 
Portanto, é uma virtude que deve ser 
praticada por todo sujeito moral, já 
que sem ela torna-se impossível o 
exercício dos direitos fundamentais 
e de cidadania. 
Eis o grande desafio do ser 
humano, dos empresários e dos 
administradores: buscar o lucro com 
responsabilidade social, dentro dos 
padrões éticos e morais, cumprindo 
os preceitos legais e as normas que 
regem a sociedade. Ou seja, fazer o 
certo pelo certo, cumprir a sua 
missão, a sua tarefa da melhor 
maneira possível, se posicionando 
contrário quando algo se aproxima 
da ilegalidade, não concordando 
com práticas ilícitas, que ferem os 
princípios morais e éticos. É o dizer 
simples de nossos antepassados: 
“Deitar e dormir com a consciência 
tranquila”. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 30 
APOSTILA DE ÉTICA 
3. A Ética Profissional em um Mundo Globalizado, 
Responsabilidade Social, a Atuação Profissional e 
os Dilemas Éticos 
 
 
 
A Ética Profissional 
 
Após tão importante 
explanação sobre a parte conceitual 
e filosófica da ética e da moral, 
abrangendo o mercado de trabalho, 
a globalização e seus efeitos no 
mundo em que vivemos, vamos 
agora a uma parte mais prática de 
nosso estudo. 
A ética profissional, sem 
dúvida, é extremamente importante 
e afeta toda a sociedade. Além do 
código de conduta de cada profissão, 
há os valores éticos e morais que 
devem ser observados por todos. 
A palavra profissão vem do 
latim “professione” e possui 
diversos significados nesse idioma. 
Na atualidade, profissão representa 
a prática constante de um ofício, de 
um labor (SÁ, 2009). De acordo com 
Masiero (2007, p. 455), “ética 
profissional reúne um conjunto de 
normas de conduta, exigida no 
exercício de qualquer atividade 
econômica”. 
No papel de “reguladora” da 
ação, a ética age no desempenho das 
profissões, levando a respeitar os 
 
 31 
APOSTILA DE ÉTICA 
semelhantes no exercício de suas 
funções. Ela envolve o rela-
cionamento de profissionais, a fim 
de resgatar a dignidade humana e a 
construção do bem comum. 
A atuação profissional e 
consequentemente as profissões 
possuem um grande valor para a 
sociedade, seja na área da saúde, 
lazer, habitação, educação, 
administrativa, entre outros. A seus 
profissionais são concedidas 
responsabilidades no campo social 
que trazem benefícios através de 
seus trabalhos, gerando satisfação 
para a comunidade e interagindo 
com essa. Para Camargo (2008, pp. 
31-32), “ética profissional e a 
aplicação da ética geral no campo 
das atividades profissionais; a 
pessoa tem que estar imbuída de 
certos princípios para vivê-los nas 
suas atividades do trabalho”. Para 
que o profissional conduza seu 
trabalho com eficiência, eficácia e 
efetividade, é preciso ter 
responsabilidade individual perante 
seu grupo. De acordo com Sá (2009, 
p. 163), “nem sempre a escolha 
coincide com a vocação, mas feita a 
eleição, inicia-se um compromisso 
entre o indivíduo e o trabalho que se 
propõe a realizar”. 
Quando o ser humano elege 
seu trabalho, ele compromete-se 
com todos os deveres éticos deoferecer com satisfação e qualidade 
suas atividades. Sá (2009) relaciona 
uma série de virtudes chamadas de 
valores necessários e compatíveis à 
prática dos serviços profissionais. 
Algumas delas são: abnegação, 
atitude, benevolência, coerência, 
disciplina, eloquência, fidelidade, 
gratidão, honestidade, idealismo, 
respeito, educação, entre outras. 
Quando as virtudes são realizadas 
com qualidade, é possível identificar 
o caráter do profissional e o 
exercício de sua profissão. Assim 
como as atitudes virtuosas garantem 
o bem, a ética tem sido um caminho 
para o benefício de todos. 
 
Os Pilares do Relaciona-
mento Profissional 
 
 
 
No desempenho de suas 
funções, seja na esfera pública ou 
privada, todo o profissional se 
relaciona com pessoas. 
Para nos ajudar melhor a 
entender como deve se desenvolver 
os nossos relacionamentos 
 
 32 
APOSTILA DE ÉTICA 
profissionais dentro dessa visão 
ética, vamos mencionar os cinco 
pilares, segundo a consultora 
GIANETE (2014): 
• Autoconhecimento: A 
diversidade comportamental 
no ambiente de trabalho é 
muito rica, e antes de conhecer 
os demais, você precisa saber 
como você mesmo funciona. A 
partir do momento que 
conhece as suas características 
positivas, você vai ter boas 
referências na hora de buscar 
que os colegas também as 
tenham. “Além disso, o 
autoconhecimento ajuda a 
elaborar estratégias para mini-
mizar conflitos na hora do 
relacionamento com os 
colegas”. 
• Cordialidade: A 
característica que foi mais 
recentemente adicionada à 
lista, aparentemente, trata de 
algo óbvio: é preciso ser 
cordial na hora de se 
relacionar. “É simples e óbvia 
a necessidade de ser cordial, 
mas nem sempre estamos 
atentos a isso. A cordialidade 
se revela em pequenos gestos 
que vão nos fazer ser vistos 
como simpáticos”, alerta a 
educadora. Segundo ela, 
porém, é comum deixar de 
lado a cordialidade em 
situações corriqueiras, como o 
envio de mensagens de 
trabalho. “Ao enviar um e-
mail, por exemplo, muitas 
vezes as pessoas deixam de 
desejar ‘bom dia’ ou ‘boa 
tarde’”. Pela forma como o e-
mail é usado como ferramenta 
de trabalho, muitas vezes são 
enviadas mensagens secas, 
sem mesmo um “por favor” ou 
um “obrigado”. 
• Empatia: “Esta é a habilidade 
de colocar-se no lugar dos 
outros”, afirma Regina. 
Segundo a educadora, é 
preciso considerar as opiniões 
e sentimentos dos colegas. 
Caso contrário, não é possível 
um relacionamento realmente 
proveitoso para os dois lados. 
“É preciso se colocar no lugar 
do outro para entender o 
ponto de vista dele”. Ouvir, 
entender o colega. Situações 
de trabalho nos colocam 
juntos, e se não tiver 
consciência disso, tudo fica 
mais difícil. 
• Assertividade: Para o 
sucesso de um relacionamen-
to, saber ouvir é essencial, mas 
também é preciso saber falar. 
Por isso, um dos pilares 
listados pela educadora é a 
assertividade. “Ser assertivo é 
se expressar, dizer o que pen-
sa, mostrar o ponto de vista, 
sentimento”. Algumas pessoas 
têm tendência a ser mais 
retraídas, isso é natural. 
• Ética: De nada adianta se 
conhecer bem, ser cordial, ter 
empatia e ser assertivo se 
faltar um dos pilares: a ética. 
“Se você não é ético, não 
conseguirá ter bons 
 
 33 
APOSTILA DE ÉTICA 
relacionamentos. Em algum 
momento vai ter problemas. 
Essa máscara vai cair”. 
 
Cabe, também, citar os três 
tipos de relacionamento interpes-
soal, segundo a mesma autora: 
 
Relacionamento Interpessoal 
Profissional 
 
As habilidades de 
relacionamento interpessoal geral-
mente costumam ser trabalhadas e 
exigidas no ambiente profissional, 
ou seja, no conceito do relaciona-
mento interpessoal profissional. 
Esta habilidade no mundo 
business é cada vez mais relevante, 
por isso vem crescendo o número de 
empresas e organizações que 
investem em palestras sobre esse 
assunto para os seus colaboradores. 
Prezar pela forma como os 
funcionários reagem às conexões 
estabelecidas com os colegas de 
trabalho mais próximos ou como 
eles lidam com os clientes traz lucro 
tanto para a instituição como para o 
funcionário. Isso acontece porque 
em um ambiente de trabalho mais 
harmonioso e fluído, onde os 
funcionários têm uma boa 
comunicação, há menores chances 
de erros e maiores chances de 
crescimento. 
Este tipo de relacionamento 
também está muito ligado à cultura 
organizacional que a empresa 
possui. Normalmente, o setor de 
recursos humanos cria critérios de 
compatibilidade entre a empresa e o 
funcionário antes dele ser 
contratado. 
Se a empresa valoriza o 
dinamismo entre hierarquias de 
trabalho, preza pelo lado criativo de 
seus colaboradores, novidade e 
empreendedorismo, as pessoas que 
serão contratadas terão perfis 
semelhantes: serão eficazes, práti-
cas, dinâmicas e procurarão 
estabelecer um ambiente mais 
competitivo. 
Conhecendo o perfil 
predominante entre seus colabo-
radores, fica mais fácil de gerir e 
estabelecer práticas que facilitem o 
convívio entre eles. Se há um 
consenso entre a equipe de como 
lidar com essas conexões, o processo 
de como o empregador irá lidar com 
seu time é facilitado. 
 
Relacionamento Interpessoal 
Pessoal 
 
O relacionamento interpessoal 
pessoal envolve a forma como 
lidamos com as pessoas mais 
próximas a nós. Familiares, 
cônjuges, amigos, namorado ou 
namorada, enfim, como encaramos 
as situações que se revelam nessas 
relações. 
 
 
 34 
APOSTILA DE ÉTICA 
Relacionamento Interpessoal 
Virtual 
 
 
 
Já o relacionamento interpes-
soal virtual é visto como algo mais 
recente. Mesmo que não estejamos 
presentes fisicamente, diretamente 
ao lado das pessoas, no momento de 
criar uma conexão virtual com 
alguém precisamos lembrar que, 
ainda assim, devemos seguir 
algumas regras das normas 
comportamentais que rege nossa 
sociedade. 
No ambiente de trabalho ou 
pessoalmente, as consequências de 
utilizarmos mal uma ferramenta 
digital pode ser altamente 
prejudicial, por isso ainda devem 
predominar o uso do respeito, 
empatia, responsabilidade, dentre 
outras diversas características 
morais que conduziriam a uma re-
lação agradável e coerente. 
Nesse sentido, procure ser 
simpático também nos meios 
digitais e sempre leia o que escreveu 
antes de enviar. 
 
Responsabilidade Social 
 
A importância da Responsabi-
lidade Social nas empresas é uma 
das maiores preocupações, 
inclusive, pelo impacto que tem na 
sociedade em geral e nas 
comunidades mais necessitadas. 
Após a Segunda Guerra 
Mundial, tiveram início mani-
festações de preocupação com 
questões sociais, ambientais e o 
futuro das organizações no mundo. 
No Brasil, o discurso sobre as 
questões sociais cresceu a partir da 
reforma do Estado, no final dos anos 
80, descentralizando ao mercado a 
responsabilidade pelo crescimento 
econômico e atendimento às 
necessidades sociais (ESTIGARA, 
2009). 
O processo econômico 
decorrente da globalização, as 
transformações políticas e sociais 
mundiais, a inovação tecnológica e 
científica e os impactos das 
 
 35 
APOSTILA DE ÉTICA 
mudanças climáticas têm ressaltado 
a necessidade de revisão dos atuais 
padrões insustentáveis de produção 
e consumo e dos modelos eco-
nômicos adotados pelos países 
desenvolvidos e economias 
emergentes, como é o caso do Brasil. 
Este cenário tem conduzido 
Inúmeros debates sobre o papel dos 
indivíduos, das empresas e das 
instituições na promoção de práticas 
e atitudes que conduzam ao desen-
volvimento sustentável. 
No âmbito das instituições 
(públicas, privadas ou do terceiro 
setor), o conceito utilizado é o de 
responsabilidade social ou 
responsabilidade socioambiental, 
visando a identificar e estruturar 
ações para atender as demandas da 
sociedade (TAVARES, 2012). 
As questões relacionadas à 
responsabilidade socioambiental 
são globais e, dependendo do 
contexto, sua compreensão por 
parte das empresase demais 
instituições pode acontecer de 
formas diferentes, levando-se em 
consideração os impactos e 
influências dos desafios 
econômicos, sociais e ambientais a 
serem enfrentados, e dos padrões in-
ternacionais e nacionais adotados 
como referência para o 
desenvolvimento nos diferentes 
países (BRASIL, 2009). 
Empresas que investem em 
práticas de responsabilidade 
socioambiental elevam os níveis de 
desenvolvimento social, proteção ao 
meio ambiente e respeito aos 
direitos humanos, os quais se 
traduzem em uma gestão 
responsável. 
As cooperativas, assim como 
todas as organizações, se 
caracterizam como sistemas 
abertos, que interagem com o meio 
onde estão inseridas e que, com o 
decorrer do tempo, adotam práticas 
para se adaptar à realidade e manter 
a competitividade no mercado. 
 
 
 
A responsabilidade social e a 
ética estão presentes nos negócios 
desde o século XIX, mas foi a partir 
de 1919 que esses conceitos 
ganharam maior atenção como o 
caso Dodge versus Ford. O 
presidente e acionista majoritário da 
Ford, Henry Ford, contrariou os 
interesses dos demais acionistas 
John e Dodge, alegando objetivos 
sociais. Ele defendia a não 
distribuição de uma parte dos 
 
 36 
APOSTILA DE ÉTICA 
dividendos, os quais reverteriam 
para uma série de ações, como 
investimentos na produção e 
aumentos de salários. No entanto, o 
julgamento foi favorável a Dodge, 
justificado pelo fato de que a 
organização existia para beneficiar 
os acionistas, e que o lucro não 
deveria ser utilizado para outros fins 
que não fosse em benefício dos 
mesmos. Nesse caso, o investimento 
em filantropia e na imagem da 
organização só poderia ser feito se 
beneficiasse o lucro dos acionistas. 
Barbieri (2011) menciona que 
as primeiras manifestações de 
gestão ambiental foram estimuladas 
pelo esgotamento de recursos, como 
a escassez de madeira para a cons-
trução de moradias, fortificações, 
móveis, instrumentos ecombustível, 
cuja exploração havia se tornada 
intensa desde a era medieval. 
Nos anos de 1980, as 
indústrias começaram a ter uma 
mudança de pensamento e com isso 
entendeu que era preciso uma 
mudança nos seus processos de 
produção. Um dos pontos principais 
estava na minimização de resíduos e 
na reciclagem. Pode-se dizer que 
naquela década o empresariado 
começava a ver o tema Meio 
Ambiente com outros olhos. 
Nos anos de 1990, uma nova 
onda veio para mudar o cenário 
ambiental no mundo. Os códigos 
voluntários de conduta da família 
ISO 14000 tornava-se um 
diferencial para as empresas, não só 
no cenário nacional, mas também no 
internacional, além da 
responsabilidade com uma pro-
dução mais limpa. Para minimizar 
os impactos, procuravam identificar 
as falhas e trabalhar pela melhoria 
contínua. 
O termo sustentabilidade ou 
desenvolvimento sustentável trata, 
basicamente, de algo que devemos 
preservar aqui e agora, para garantir 
um futuro de qualidade às gerações 
que estão por vir. Nesse sentido, 
vejam algumas providências que são 
sugeridas pelo autor Marques, 
disponíveis em http:// 
marcusmarques.com.br/estrategias
-de-negocio/10-praticas-
sustentaveis-empresas/, para mini-
mizar os impactos no meio 
ambiente: 
• Nada de copos 
descartáveis: Empresas 
sustentáveis incentivam seus 
colaboradores a eliminarem o 
uso de copos ou qualquer tipo 
de material descartável, pois, 
quanto mais eles são 
utilizados, mais lixo eles 
geram. 
• Economize papel, água e 
energia: Lembre-os de 
sempre pensarem duas vezes 
antes de fazerem uma impres-
são, de fecharem a torneira 
quando não estiverem usando 
 
 37 
APOSTILA DE ÉTICA 
a água e de desligarem as luzes 
e os equipamentos todos os 
dias ao final do expediente. 
• Invista na reciclagem: 
Espalhar pela empresa lixeiras 
para facilitar a separação do 
lixo orgânico do reciclável. 
• Utilize equipamentos 
econômicos: Ar condicio-
nado, geladeira, impressora, 
computadores, entre outros 
equipamentos, podem ajudá-
lo a economizar energia e tor-
nar a sua empresa ainda mais 
sustentável. 
• Incentive o uso de 
transportes alternativos: 
Incentive o uso de transporte 
coletivo ou a irem trabalhar de 
bicicleta, caso seja possível. 
• Invista em treinamentos 
sobre sustentabilidade: 
Promova treinamentos sobre 
sustentabilidade para todas as 
suas equipes de trabalho, 
mostrando a elas a impor-
tância de adotar práticas 
sustentáveis, não só no 
ambiente empresarial, mas 
também em casa e nas ruas 
das cidades onde cada um 
reside. 
• Crie projetos de 
preservação do meio 
ambiente: Crie dentro de sua 
empresa, com a ajuda de seus 
colaboradores, projetos de 
preservação do meio 
ambiente. Esta é uma maneira 
eficiente de ser ainda mais 
sustentável e de agregar valor 
diante de seus clientes e 
stakeholders. 
• Respeite as leis 
ambientais: Muitos países 
têm leis ambientais que 
precisam ser cumpridas não só 
por empresas, mas também 
pela sociedade como um todo. 
Neste sentido, é primordial 
que você conheça a lei, como 
ela funciona, bem como quais 
são suas obrigações enquanto 
empresário e empreendedor, 
para não ferir qualquer uma 
de suas normas. 
• Não polua: Essa é uma das 
formas que mais degrada o 
meio ambiente e que impacta 
diretamente no nosso modo de 
viver, pois, a partir do 
momento que uma empresa 
lança produtos químicos nos 
rios, por exemplo, ela está 
poluindo o lugar em que 
muitos animais vivem e, 
consequentemente, tiram o 
sustento de muitas famílias. 
• Utilize fontes de energia 
renováveis: Nos processos 
de produção da sua empresa, 
verifique a possibilidade de 
utilizar fontes de energia 
renovável, como energia solar, 
por exemplo, que já é uma 
realidade em muitas orga-
nizações ao redor do mundo, e 
sua instalação deixou de ter 
um alto custo para a empresa 
que adota esta medida. 
• Deve se mencionar também 
as cores representativas da 
coleta seletiva de lixos: 
a. Azul: Papel E Papelão 
 
 38 
APOSTILA DE ÉTICA 
b. Vermelho: Plástico 
c. Verde: Vidro 
d. Amarelo: Metal 
e. Preto: Madeira 
f. Laranja: Resíduos 
Perigosos 
g. Branco: Resíduos 
Ambulatoriais E De 
Serviços De Saúde 
h. Roxo: Resíduos 
Radioativos 
 
Para melhor compreensão, 
segue uma figura ilustrativa 
contendo as lixeiras recicláveis: 
 
 
 
Cabe ressaltar que na relação 
entre a ética privada e a ética 
pública, a organização não deve 
admitir comportamentos ilegais ou 
antiéticos, primando por um 
ambiente onde deve permanecer a 
ordem jurídica e o tratamento com 
urbanidade a todos. A 
responsabilidade social dos empre-
gadores perante os empregados 
deve ser permeada por um 
tratamento digno, remunerando 
bem e cumprindo com todas as 
obrigações trabalhistas. 
As empresas, na medida do 
possível, devem apoiar as artes, os 
museus, a ópera, a orquestra 
sinfônica, os desportos, dentre 
outras, além de contribuir, 
financeiramente, com as causas 
filantrópicas e comunitárias. 
A afirmação mais radical da 
responsabilidade social das 
empresas talvez tenha sido a do 
prefeito da cidade de Nova Iorque, 
John Lindsay, na década de 
sessenta. Ele exortou as maiores 
empresas da cidade de Nova Iorque 
a adotar um gueto negro, garantindo 
aos habitantes da área condições 
mínimas para satisfazer as 
necessidades básicas, a educação e a 
conseguir emprego aquela 
comunidade. 
É importante ressaltar o 
Sistema de Gestão Integrado, 
também conhecido como SGI, que é 
basicamente um software que 
organiza as operações da empresa, 
tornando possível a execução de 
tarefas e processos internos. (fonte: 
www.magistech.com.br) É aplicado 
a organizações de todos os portes e 
não carece de certificação, tendo 
aplicabilidade no mais amplo 
 
 39 
APOSTILA DE ÉTICA 
espectro setorial, indo desde o setor 
governamental até ONG’s e 
empresas privadas. Tem os se-
guintes objetivos: 
• Redução de custos. 
• Controle das informações de 
dados. 
• Reduçãodo trabalho 
funcional. 
• Informações mais confiáveis. 
• Aumento de produção. 
• Controle à distância. 
• Total segurança. 
• Melhor comunicação interna. 
 
 
 
 
 
 
40 
 
 
 
 41 
APOSTILA DE ÉTICA 
4. Ética e Moral 
 
 
O Problema da Ação e dos 
Valores 
 
Na vida diária, nos deparamos 
com situações em que temos de fazer 
escolhas e tomar decisões. 
Geralmente elas dependem daquilo 
que consideramos bom, justo ou 
correto. Quando isto acontece 
estamos diante de uma decisão que 
envolve um julgamento moral, a 
partir do qual vamos orientar nossa 
ação ou ações de outras pessoas. 
 
Aristoteles 
 
A característica especifica do 
homem em comparação com os 
outros animais é que somente ele 
tem o sentimento do bem e do mal, 
do justo e do injusto e de outras 
qualidades morais. (Política, p.15) 
Sendo assim, o ser humano 
age no mundo de acordo com 
valores, isto é, a partir daquilo que 
tem maior importância ou é 
prioridade para ele segundo certos 
códigos morais. 
Isto significa que as coisas e as 
ações que um individuo realiza 
podem ser hierarquizadas conforme 
as noções de bem e de justo 
compartilhadas por um grupo de 
 
 42 
APOSTILA DE ÉTICA 
pessoas em determinado momento 
histórico. 
Em outras palavras, o ser 
humano é um ser moral: um ser 
capaz de avaliar sua conduta a partir 
de valores morais. 
 
Distinção entre Moral e 
Ética 
 
Embora os termos moral e 
ética por vezes sejam usados como 
sinônimos, é possível fazer uma 
distinção entre eles. 
A palavra moral vem do latim 
mos, mor, “costumes”, e refere-se ao 
conjunto de normas que orientam o 
comportamento humano tendo 
como base os valores próprios a uma 
comunidade ou cultura. 
Como as comunidades 
humanas são distintas entre si, tanto 
no espaço quanto no tempo, os 
valores também podem ser distintos 
de uma comunidade para outra, o 
que origina códigos morais 
diferentes. 
A palavra ética por sua vez, 
vem do grego ethikos, “modo de 
ser”, “comportamento”. Portanto, 
etimologicamente os dois termos 
querem dizer quase a mesma coisa. 
No entanto, ética designa mais 
especificamente disciplina filosófica 
que investiga o que é a moral, como 
ela se fundamenta e se aplica, ou 
seja, a ética ou filosofia moral estuda 
os diversos sistemas morais 
elaborados pelos seres humanos. 
Busca compreender a 
fundamentação das normas e 
interdições (proibições) próprias a 
cada um e explicitar seus 
pressupostos, isto é, as concepções 
sobre o ser humano e a existência 
humana que os sustentam. 
 
Moral e Direito 
 
 
 
Eis uma pergunta que talvez 
você esteja se fazendo: “normas 
morais e normas jurídicas são a 
mesma coisa? Há diferença entre 
elas? 
Sabemos que as normas 
morais e jurídicas são estabelecidas 
pelos membros da sociedade e que 
ambas se destina a regulamentar as 
relações nesse grupo de pessoas. 
Há, então, vários aspectos 
comuns entre normas morais e 
jurídicas: 
• São imperativas, ou seja, 
devem ser seguidas por todos. 
• Buscam promover um 
 
 43 
APOSTILA DE ÉTICA 
convivência melhor entre os 
indivíduos. 
• Orientam-se por valores 
culturais próprios de uma 
sociedade. 
• Tem caráter histórico, isto é, 
se modificam de acordo com 
as transformações historico-
sociais. 
 
Existem , no entanto, 
diferenças fundamentais entre a 
moral e o direito: 
• Normas morais são seguidas a 
partir de convicções 
individuais e grupais 
enquanto normas jurídicas são 
cumpridas sob pena de 
punição. 
• Punição no campo do direito 
esta prevista na legislação 
enquanto no campo moral a 
eventual sanção varia por que 
depende da consciência moral 
do sujeito que infringe o 
código moral vigente da 
sociedade em que vive. 
 
A esfera da moral é mais 
ampla e abrange diversos aspectos 
da vida humana, enquanto a esfera 
do direito restringe-se a questões 
especificas nascidas da interferência 
de condutas sociais. O direito 
costuma ser regido pelo principio de 
que tudo é permitido, exceto aquilo 
que a lei expressamente proíbe. 
A moral não se traduz em um 
código formal, enquanto o direito 
sim. O direito mantém um relação 
estreita com o Estado, enquanto a 
moral não apresenta necessaria-
mente essa vinculação. 
 
Moral e Liberdade 
 
 
 
Parece estranho vincular a 
ideia de norma moral com 
liberdade. Existe, no entanto, uma 
relação intima entre ambas. 
A consciência talvez seja a 
melhor característica que distingue 
o ser humano dos outros animais. 
Ela permite o desenvolvimento do 
saber e da racionalidade, que se 
empenha em separar o falso do 
verdadeiro. 
Além dessa consciência 
racional, lógica, o ser humano 
possui também consciência moral, 
isto é, a faculdade de observar a 
própria conduta e julgar (isto é, 
formular juízos) sobre os atos 
passados, presentes e as intenções 
futuras. Observemos que a palavra 
julgar vem do latim judicare, 
“avaliar”, “ponderar” – ou seja, 
 
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APOSTILA DE ÉTICA 
julgar é atribuir um valor, um peso 
para cada coisa que se apresenta. 
Nota-se ainda que é somente 
depois de julgar que a pessoa tem 
condições de escolher, entre as 
circunstancias possíveis, suas ações 
e seu próprio caminho para a vida. E 
é justamente essa possibilidade que 
cada individuo tem de escolher seu 
caminho, de construir sua maneira 
de ser e sua historia que chamamos 
liberdade. 
 
Liberdade e Responsabili-
dade 
 
 
 
Sendo assim, se a consciência 
moral e a liberdade estão 
intimamente relacionadas, só tem 
sentido julgar moralmente a ação de 
uma pessoa se essa ação foi 
praticada em liberdade. Quando não 
se tem escolha(liberdade), quando 
se é coagido a praticar uma ação, é 
impossível decidir entre o bem e o 
mal (que é o que faz a consciência 
moral). 
A decisão, nesse caso, é 
imposta pelas forças coativas, isto é, 
que determinam uma conduta. 
Quando, porém, estamos livres para 
escolher entre esta ou aquela ação e 
fazemos uma escolha, tornamo-nos 
responsáveis pelo que praticamos e 
podemos ser julgado moralmente 
por isso. 
Observemos que o termo 
responsabilidade vem do latim 
respondere “responder”, e significa 
estar em condições de responder 
pelos atos praticados, isto é, de 
justificá-los e assumi-los. É essa 
responsabilidade, enfim, que pode 
ser julgado pela consciência moral 
do próprio individuo ou do seu 
grupo social. 
 
Transformações da Moral 
 
Dissemos que o sistema moral 
de cada grupo social é elaborado ao 
longo do tempo de acordo com os 
valores reconhecidos por aquele 
grupo como significativos para a 
convivência social. Num primeiro 
momento, esses valores são 
adquiridos pelos indivíduos como 
uma herança cultural. Cada pessoa 
assimila, desde a infância, as noções 
do que e bom e desejável, assim 
como do que e ruim, desa-
conselhável ou repugnante. De 
acordo com esses valores, passará a 
 
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APOSTILA DE ÉTICA 
julgar como bom ou mau seu 
próprio comportamento e o dos 
outros. 
 
 
 
No entanto, é importante 
notar que, apesar desse caráter 
social, a moral tem também um 
aspecto pessoal, como salientaram 
vários filósofos. Ou seja, embora 
herdemos um conjunto estabelecido 
de normas morais, chega um mo-
mento em nossas vidas em que 
podemos refletir sobre elas, aceita-
las consciente e livremente ou 
rejeitá-las. 
Por isso dissemos 
anteriormente, na comparação entre 
normas morais e jurídicas, que o 
comportamento moral caracteriza-
se essencialmente pela livre escolha 
do indivíduo. Isso significa que a 
liberdade é a base, a condição de 
possibilidade de conduta 
verdadeiramente moral. 
Em sua relação com a 
sociedade, o indivíduo pode 
reafirmar e consolidar a moralidade 
existente. Mas pode também negá-la 
e, dessa forma, contribuir para a 
transformação dessa moralidade. 
Assim, podemos caracterizar essa 
relação entre sociedade e indivíduo 
como dialética, ou seja, de

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