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UNIVERSIDADE PAULISTA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA ROSELI DEOLA DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM TEORIAS E PRÁTICAS ESCOLARES COMO CAMINHOS DE SOLUÇÃO PORTO ALEGRE – RS 2021 XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX UNIVERSIDADE PAULISTA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA ROSELI DEOLA DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM TEORIAS E PRÁTICAS ESCOLARES COMO CAMINHOS DE SOLUÇÃO PORTO ALEGRE – RS 2021 Trabalho de conclusão de curso apresentado como requisito parcial para a obtenção do título de Pedagogo Universidade Paulista – Polo Porto Alegre Orientação: Professor Doutor Fernando Henrique Cavalcante de Oliveira XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX XXXXXXXXXXXXX AGRADECIMENTOS Agradeço ao Universo, que mesmo em situações difíceis conspirou ao meu favor, me mostrado ser capaz e não deixando desistir. Aos Professores e Tutores, pelo conhecimento adquirido através deles, assim como suas orientações em cada etapa. Aos vários autores que me inspiraram e agregaram com suas maravilhosas obras. A uma amiga em especial, Fernanda, pedagoga, que me fez olhar a pedagogia com outros olhos e acreditar no meu potencial. Aos meus filhos que compreenderam minha reclusão e dedicação ao curso. Além de muitas vezes passarem as noites na faculdade comigo, onde no final, ainda ganhava um abraço de admiração. Ao meu esposo que foi paciente, auxiliando com o trabalho, com a casa, com as crianças e com suporte sempre que solicitado. Gratidão a todos que me apoiaram e contribuíram nesses longos anos para que eu pudesse celebrar esse marco tão importante em minha vida. RESUMO O presente trabalho trata-se de uma pesquisa bibliográfica acerca do tema “Dificuldades de Aprendizagem”. Procurou-se fazer um levantamento das principais dificuldades de aprendi- zagem no ensino fundamental, bem como buscar as causas e origens destas dificuldades. Constatou-se que na maioria dos casos, as causas tem origens neurológicas, mas que também tem-se que considerar o fator psicológico, muitas vezes diretamente ligado ao processo de desenvolvimento familiar e social em que a criança está inserida. Existem vários diagnósticos para estas dificuldades, chamados de “Transtornos de Aprendizagem”, sendo os mais comuns o TDAH, a dislexia, a discalculia e a disgrafia. Para cada transtorno há um método de inter- venção específico e uma criança pode apresentar apenas um ou mais transtornos. Independen- te do tipo de transtorno e do método de intervenção, concluiu-se que o fator familiar e escolar, ou seja, a dedicação dos pais e professores com o aluno que apresenta o problema interfere positivamente no processo de superação do transtorno. Palavras-chave: Dificuldades. Aprendizagem. Transtorno. SUMÁRIO INTRODUÇÃO............................................................................................................ 7 1. DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM................................................................ 8 1.1 . O desenvolvimento da aprendizagem.................................................................... 9 1.2. Transtornos de aprendizagem................................................................................ 14 2. MÉTODO................................................................................................................... 22 3. ANÁLISE E PROPOSTAS DE INTERVENÇÃO..................................................... 23 3.1. Relação professor-aluno.......................................................................................... 23 3.2. Propostas de intervenção.......................................................................................... 25 CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................................ 32 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................................. 34 7 INTRODUÇÃO Trata o presente trabalho de uma pesquisa bibliográfica acerca do tema “Dificuldades de Aprendizagem” no ensino fundamental. Com esta pesquisa busca-se fazer um levantamento dos principais elementos ensejadores das dificuldades de aprendizagem, sejam eles consequências de patologias diagnosticadas ou relacionados a fatores sociais e ambientais aos quais o estudante está sujeito, como ambiente e histórico familiar, condições sociais e escolar da comunidade onde está inserido. Também busca-se relacionar os principais transtornos de aprendizagem, fazendo um levantamento das causas destes transtornos, suas principais característiscas, qual a área de aprendizagem que cada um deles atinge, como é feito o diagnóstico e o tratamento. De posse destas informações, busca-se levantar possibilidades a fim de diminuir ou reverter estas dificuldades de aprendizagem, para que o estudante possa ter a possibilidade de desenvolver-se nas mesmas condições daqueles que não possuem ou não estão sujeitos às mesmas dificuldades. A pesquisa tem por base 3 obras relacionadas às dificuldades de aprendizagem. A primeira delas é o artigo “As dificuldades de aprendizagem no contexto escolar” do Prof Me Glaciene Januario Hottis Lyra”. A segunda é o artigo “Dificuldade de aprendizagem no contexto escolar”, de Mariana de Barros Barbosa. A terceira é o artigo “Dificuldades e transtornos da aprendizagem”, revisão de literatura de Mariluce Paolazi Chiarello. 8 1. DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM O assunto “Dificuldades de Aprendizagem” está muito em voga nos dias atuais. Este interesse parte fundamentalmente por conta da grande ocorrência de alunos com alguma dificuldade escolar específica, que podem tratar-se de transtornos de aprendizagem ou não. Com os atuais enfoques do ensino na educação infantil e séries iniciais, focados na troca de informações, no acompanhamento, na atenção ao desenvolvimento do aprendizado pelo aluno, a atenção às dificuldades de aprendizagem passaram a ser mais valorizadas. Isto não quer dizer que não existia dificuldades de aprendizagem desde tempos remotos. Elas existiam, no entanto não eram consideradas ou não se dava o devido valor, pois o foco do ensino era o professor, que deveria passar o conteúdo e este deveria ser assimilado pelo aluno de qualquer maneira. O processo de aprendizado é complexo, pois envolve vários aspectos cognitivos e de comunicação, considerando ainda a interação da criança com a família e a sociedade. Dentro do desenvolvimento escolar, espera-se um crescimento contínuo, por etapas, de acordo com a idade de criança, e quando isto não acontece, quando a criança não consegue acompanhar este processo, surgem os primeiros sinais de dificuldades de aprendizagem. Neste sentido, e atentos aos diversos fatores que englobam o processo de aprendizagem, bem como as dificuldades e transtornos, alguns autores buscaram analisar as principais dificuldades e também buscar formas de amenizar ou mesmo solucionar o problema. O objetivo é analisar as principais dificuldades das crianças nas séries iniciais. Para tanto, é importante que o professor conheça as manifestações do pensamento infantil, para identificar o estagio que o aluno se encontra e ter uma noção bastante clara do que é uma dificuldade normal, problemático e anormal (ou patológica). O problema de aprendizagem pode ser considerado como um sintoma, no sentido de que o não aprender não configura um quadro permanente, a maneira, a intensidade com que se apresentam, e a duração tornam difícil para o professor diferenciar um problema de aprendizagem de um distúrbio, ficando para um especialista na área a tarefa de diferenciar uma daoutra. Verifica-se a importância do professor como mediador para ajudar os alunos a terem uma formação eficaz e sadia através do preparo do docente que interagindo juntamente com o psicopedagogo e a família, possam identificar as barreiras no processo ensino-aprendizagem e assim traçarem um plano eficaz para obter sucesso. 9 Disso, percebe-se que a solução para as dificuldades de aprendizagem é um processo complexo, que deve ser analisada sob vários angulos, considerando toda a gama de possibilidades que a temática abrange, não se restringindo apenas a uma forma de solucionar o problema, pois cada transtorno é um campo próprio a ser entendido e explorado, bem como cada criança é um universo de vivência, memórias e possibilidades. É preciso entender como o processo de aprendizagem se realiza, quais são as melhores técnicas, como o fator social e ambiental é importante neste processo, e até que ponto a situação psicológica e familiar interfere no tempo de eficácia e no aprendizado. 1.1 O Desenvolvimento da Aprendizagem A aprendizagem é o resultado da estimulação do ambiente sobre o indivíduo, abrange os hábitos que formamos, os aspectos de nossa vida afetiva, a assimilação de valores culturais. Enfim, a aprendizagem se refere a aspectos funcionais que são amadurecidas por meio da estimulação recebida pelo indivíduo ao longo de sua vida. (JOSÉ e COELHO, 1997 p.11). Segundo Guista (1985), o professor é o centro do processo de aprendizagem, que organiza as informações do meio externo para serem interligadas pelos alunos, assim estes se tornam apenas receptores de informações. Este é o conceito de Empirismo ou Ambientalismo. A função do aluno é ler livros e escutar o professor, ou seja, apenas sujeito receptor de conhecimentos, nunca emissor de sabedorias. O aluno deve escutar o que professor tem a transmitir, copiar aquilo que ele escreve, perguntar somente o que tem relação direta com o conteúdo, nunca contestar, pois está ali para aprender, não para discutir. Se existe alguma dificuldade, é responsabilidade somente do aluno, pois não presta atenção corretamente, se distrai e não tem interesse no conteúdo. Posteriormente, a psicologia genética aprofundou a compreensão sobre o processo de desenvolvimento na produção do conhecimento. Os conhecimentos, portanto, são construídos através da interação direta da criança com seu meio social, em uma perspectiva psicogenética, trazendo uma enorme contribuição que vai muito além dos grandes estágios de desenvolvimento (GALVÊAS, 2011). Piaget e Vygotsky acreditavam que a criança é um ser ativo, pensante e atento. No entanto Piaget acreditava nos fatores biológicos e Vygotsky no ambiente social em que a criança nasceu. (Lyra). Para Vygotsky citado por Oliveira (1997), desde o nascimento da criança, o aprendizado esta relacionado ao desenvolvimento, sendo um aspecto necessário e universal para que 10 ocorra o desenvolvimento de funções especificamente humanas, o contato com certos ambientes culturais, são importantes para o despertar de processos internos no indivíduo, sem estes contatos o desenvolvimento não ocorreria. Pode-se então entender como construtivismo a corrente teórica que se propõe a conhecer o desenvolvimento da inteligência humana e a ela adequar os métodos de ensino. (LYRA) Vygotsky afirma que a relação entre aprendizado e desenvolvimento do ponto de vista metodológico permanece confusa, todas as concepções correntes da relação a este processo em crianças podem ser reduzidas a três grandes posições teóricas. Uma delas centra-se na suposição de que os processos de desenvolvimento da criança são independentes do aprendizado. Assim o aprendizado torna-se um processo simplesmente sem vinculo com o desenvolvimento que não participa ativamente neste e não o modifica em absoluto, a aprendizagem utiliza os resultados do desenvolvimento, em vez de se adiantar ao seu curso e de mudar a sua direção. Um exemplo desta posição são os princípios teóricos extremamente complexos e interessantes de Piaget, que estuda o desenvolvimento do pensamento da criança de forma pura completamente independente do aprendizado da criança que são extremamente importantes nessa faixa etária. O movimento Escolanovista é uma corrente pedagógica que teve início na metade do século XX. Foi um movimento renovador para a época, pois questionavam o enfoque pedagógico da escola tradicional presente até então, que era centrado na tradição, na cultura intelectual e abstrata, na obediência, na autoridade, no esforço e na concorrência. (LUZURIAGA apud CESÁRIO, 2007) Segundo Maria Montessori (CESÁRIO, 2007), as crianças aprendem melhor pela experiência direta da procura e descoberta, conduzindo-se ao próprio aprendizado, cabendo ao professor acompanhar o processo e detectar o modo particular de cada um manifestar seu potencial. Nesta fase de descobertas, o interesse pelo conhecimento torna o aprendizado mais prazeroso e natural, não sendo forçado, mas algo normal ao gênero humano. Conforme a obra de Lyra, e de acordo com a pesquisa de Ferrero (2001), a construção da escrita inicia-se no nível pré-silábico, que é quando a criança entende aquilo que ela escreveu, pois sabe o que queria transmitir, no entanto não consegue ler o que outra pessoa escreveu. Já no nível silábico, a criança procura dar um valor sonoro a cada uma das letras que compõem a palavra, e surgem conflitos relacionados às quantidades de letras necessárias 11 para formar uma sílaba. A criança ainda não consegue entender porque uma sílaba pode ter 2 letras em vez de 3 letras, por exemplo. No nível silábico-alfabética, a criança começa a perceber que deve existir uma relação entre as letras e o som das sílabas, e que, dessa forma, a quantidade de letras pode mudar. Finalmente, no nível alfabético, a criança consegue perceber que uma palavra poder ser formada por uma ou mais sílabas, e que o som de cada letra contribui para formar aquela sílaba, que junta a outras sílabas, forma uma palavra. Para Coll, Marchesi e Palacios (2004), a partir dos 2 meses de vida, as crianças produzem protoconversas, que são diálogos muito primitivos caracterizados por contato ocular, sorrisos, balbucios e alternâncias nas expressões. Esse padrão de comunicação corresponde ao período pré-verbal. Dos 4 aos 12 meses, a criança procura novas maneiras de se comunicar, tentando ser intencional em relação ao adulto, quando a partir dos 12 meses, ela já consegue mostrar os objetos ao adulto, ser de fato intencional. Na fase pré-verbal é quando se estabelecem as bases da comunicação por meio da linguagem. Mas é a partir dos 2 anos que o vocabulário da criança se desenvolve mais rapidamente. Para que a criança compreenda adequadamente o funcionamento da linguagem escrita é necessário que ela descubra que a língua escrita é um sistema de signos que não tem significado em si, sendo assim o que se escreve, tem uma função instrumental, funcionando como um suporte para a memória, bem como transmissão de ideias e conceitos. (OLIVEIRA, 1997) Segundo José e Coelho (1997), a escrita passa por diferentes estágios de desenvolvimento, a evolução gráfica da criança resulta de uma tendência natural, representativa, expressiva, revelando o seu mundo particular, ainda que a evolução do grafismo acontece no ritmo pessoal, há muitas características comuns nas representações gráficas em varias crianças. Ainda, conforme estes autores, o processo de leitura como algo abrangente que envolve vários aspectos sensoriais, emocionais, intelectuais, fisiológicos, neurológicos, culturais, econômicos e políticos. Para Piaget, a interação entre o indivíduo e o ambiente é responsável pela formação do conhecimento humano. O conhecimento é adquirido através das experiências adquiridas no contexto social em que a pessoa está inserida. O ser humano adapta-seao ambiente interagin- do com ele através de ações necessárias para torná-lo familiar. Este aprendizado se dá através da interação. 12 O conhecimento da criança é adquirido através de diversas fases, a fim de desenvolver certas habilidades fundamentais para a vida, como o pensamento e a linguagem. De acordo com Jean Piaget, as etapas do processo de aprendizagem para o progresso da mente e para o fortalecimento da capacidade da criança em lidar com os desafios e descober- tas do conhecimento são os seguintes: - Estágio sensório-motor e o começo da percepção – 0 a 2 anos, que é a fase marcada pela consciência de algumas sensações, quando começa a compreender o significado da capacida- de sensitiva e como seus movimentos influenciam alterações no ambiente. Ela só considera aquilo que esteja em seu campo de visão e/ou pode ser tocado - Estágio pré-operatório e a representação – 2 a 7 anos, que é quando a criança começa a criar representações da realidade em que vive. Neste período ela tem o desenvolvimento da fala aprimorado e percebe-se o desempenho do aspecto cognitivo. Começa a se desenvolver o pensamento lógico, no entanto a criança ainda não tem condições de fazer julgamentos entre certo e errado. - Estágio operatório-concreto e o pensamento lógico – 7 a 12 anos, quando a criança conse- gue manipular mentalmente as representações e experiências. Também já consegue distinguir o que é certo e começam a entender as regras. - Estágio operatório-formal e a assimilação de hipóteses – 12 anos, que é a última etapa do processo de aprendizagem, sendo marcada pela capacidade do pré-adolescente em fazer re- presentações abstratas e com conceitos que não utilizam formas físicas. Além disso, outra característica é a compreensão à experiência vivida por outras pessoas. A pessoa passa a en- tender e a enxergar o ponto de vista alheio. Tudo isso como desdobramento do estágio anteri- or. Paralelo a estas etapas, ocorre o processo de alfabetização (a partir dos 6 anos de ida- de). A alfabetização possibilita à criança acessar ideias de outras pessoas (mesmo distantes) e em outros períodos de tempo, não limitado ao seu interlocutor. Quando as crianças conseguem ler e escrever, passam a traduzir sinais e caracteres em sons e significados, podendo usar esta linguagem (escrita) para expressar sentimentos e emoções. O conceito de alfabetização evoluiu para o conceito de letramento, que significa o processo de inserção e participação na cultura escrita. Este processo tem início quando a criança começa a conviver com as diferentes manifesta- ções da escrita na sociedade (placas, rótulos, embalagens comerciais, revistas, etc.) e posteri- 13 ormente, com a crescente possibilidade de participação nas práticas sociais que envolvem a língua escrita, como a leitura e redação de contratos, livros, obras etc. Segundo Skinner, quando uma pessoa é capaz de produzir modificações no ambiente, sig- nifica que ela aprendeu, o que quer dizer que ela é capaz de produzir um novo comportamento em consequência daquilo que aprendeu. Já para outro autor, Vygotsky, o aprendizado é o processo que aquisição de conhecimentos ou ações a partir da interação com o meio ambiente e com o social. É com a experiência, com a prática, com as atitudes e através do estudo que se adquire conhecimento. Mas para ter sucesso, é preciso que seja construído de forma gradativa, etapa por etapa, considerando cada fase do desenvolvimento da criança. Cabe ao professor intermediar situações que estimule a participação ativa do aluno nesse processo, a fim de desenvolver as habilidades necessárias para passar à próxima fase. Assim, a cada etapa superada, o professor pode aumentar a complexidade do ensino, pois o aluno já deverá estar familiarizado com os requisitos necessários para conseguir desenvolver as novas habilidades. A construção do conhecimento é uma atividade compartilhada, onde os mais experientes auxiliam os menos experientes no desenvolvimento das habilidades. Existem três teorias da aprendizagem que explicam o desenvolvimento de experiências de aprendizagem acumuladas: A primeira é o condicionamento clássico, quando os estímulos neutros associados a estí- mulos naturais estimulam a mesma resposta – automática ou condicionada (emoção ou refle- xo), após ter sido combinada diversas vezes com esse estímulo. A segunda é o condicionante operante ou condicionamento instrumental, estimula mudan- ças de comportamento por reforço e punição. A criança entende que deve mudar ou manter um comportamento devido às consequências que ele produz. A terceira teoria, sociocognitiva de Bandura, defende que as pessoas aprendem através de um modelo, de forma que isso depende como interpretam a situação cognitiva e emocional- mente. Nem sempre é necessário um esforço direto, pois também pode ser aprendida por ob- servar alguém realizando uma atividade. Através deste modo de aprendizagem, pode-se reter informação abstrata e habilidades concretas. 14 1.2 Trantornos de Aprendizagem As dificuldades de aprendizagens são difíceis de defini-las, pois formam um grupo heterogêneo, podem ser categorizadas, como transitórios ou permanentes sendo que podem ocorrer em qualquer momento no processo de ensino aprendizagem e correspondem a déficit funcionais superiores como linguagem, percepção, raciocínio logico, cognição, atenção e afetividade (BERMEJO & LLERA, 1997, DOCKRELL & Mc SHANNE, 1997, GARCIA, 1998) Segundo alguns autores, dificuldades de aprendizagem são entendidas como um grupo heterogênio de transtornos que podem afetar crianças, adolescentes e adultos, se manifestando por meio de atrasos ou dificuldades na escrita, leitura e cálculo. Normalmente, o aluno com algum transtorno de aprendizagem é estigmatizado como aluno problema. O aluno problema é tomado, em geral como aquele que padece de certos supostos “distúrbios” psicopedagógico, distúrbios estes que podem ser de natureza cognitiva (os tais distúrbios de aprendizagem) ou de natureza comportamental, e nessa ultima categoria enquadra-se um grande conjunto de ações que chamamos usualmente de indisciplinados”. Dessa forma, a indisciplina e o baixo aproveitamento dos alunos seriam como duas faces de uma mesma moeda, representando os dois principais obstáculos para o trabalho docente. Aquino (1997 p.2) Nunca se falou tanto em dificuldades de aprendizagem como nos dias atuais. Apesar de terem consciência destas dificuldades, pais e professores muitas vezes não sabem como lidar com o problema, um transferindo a culpa para o outro, e vice-versa. É justamente nas séries iniciais que irão começar as dificuldades de aprendizagem, pois é neste período que a criança terá a oportunidade de desenvolver o conhecimento adquirido na convivência familiar e social. Antes disso, apesar de, muitas vezes, os pais perceberem alguma dificuldade da criança numa atividade específica, não conseguem ainda relacionar a distúrbios de aprendizagem, acreditando tratar-se de dificuldades normais do desenvolvimento mental e intelectual. Somente pais que já possuem algum conhecimento e experiências relacionadas a algum transtorno, estando atentos, podem antever estas dificuldades, para que possam iniciar uma intervenção precoce. Conforme José e Coelho (1997), todo e qualquer problema de aprendizagem sugere um cuidadoso e amplo trabalho, além de uma investigação no campo em que se manifesta, este 15 trabalho envolve a participação do professor e da família da criança, para fazerem uma analise da situação e levantar informações sobre o que está representando esta dificuldade ou empecilho para que este aluno não aprenda. O professor precisa estar atento para identificar o estágio de aprendizado em que o aluno se encontra, a fim de perceber se o problema de aprendizagem é uma dificuldadenormal ou patológica. O problema de aprendizagem pode ser considerado como um sintoma, no sentido de que o não aprender não configura um quadro permanente, a maneira e a intensidade com que se apresentam, e a duração tornam difícil para o professor diferenciar um problema de aprendizagem de um distúrbio, ficando para um especialista na área a tarefa de diferenciar uma da outra (JOSÉ E COELHO, 1997) Para Coll, Marchesi e Palacios (2004), as dificuldades podem ser classificadas em gerais ou graves, permanentes, específicas e inespecíficas, além de evolutivas. As dificuldades de aprendizagem gerais afetam todas as aprendizagem, sendo escolares e não escolares. As dificuldades graves afetam a parte motora e cognitiva da criança, consequência de algum dano cerebral, adquirido ou já existente, de alguma má-formação, por exemplo. As dificuldades de aprendizagem permanentes são aquelas de difícil solução, já as inespecíficas não afetam o desenvolvimento a ponto de impedirem a aprendizagem. As dificuldades específicas são aquelas que afetam áreas específicas da aprendizagem, como escrita e leitura. As evolutivas se devem a atrasos no desenvolvimento. Existem diferentes formas de conceber as Dificuldades de Aprendizagem (DAs), segundo as diferentes condições as quais as crianças são expostas, conforme abaixo: “Smith e Strick (2012, p.15 ) define as Dificuldades de Aprendizagem como uma gama de problemas que podem afetar qualquer área do conhecimento do individuo e que raramente elas são atribuídas a uma única causa, pois aspectos diferentes podem prejudicar o bom funcionamento do cérebro.” “Embora muitas crianças com dificuldades de aprendizagem sentem-se felizes e bem ajus- tadas, algumas (até metade delas, de acordo com estudos atuais) desenvolvem problemas emocionais relacionados. Estes estudantes ficam tão frustrados tentando fazer coisas que não conseguem que desistem de aprender e começam a desenvolver estratégias para evitar isso. Eles questionam sua própria inteligência e começam a achar que não podem ser aju- dados. Muitos se sentem furiosos e põem pra fora, fisicamente, tal sensação; outros se sen- tem ansiosos e deprimidos.” As dificuldades de aprendizagem acabam por afastar estas crianças do convívio social, gerando baixa autoestima. Existem muitas pesquisas nos últimos anos a fim de estudar o funcionamento do cérebro, comparando-se cérebros normais com aqueles de pessoas com dificuldades de aprendizagem, no entanto o entendimento é mais complexo do se pensa, pois o desenvolvimento é influenciado também por outros fatores, que não podem ser mensurados, como o ambiente social em que está inserida. 16 Em relação aos aspectos psicológicos, Barbosa (2015) faz a seguinte reflexão: “Este aspecto envolve principalmente a autoestima, ansiedade e como a criança conse- gue se autorregular diante de suas vivências sejam elas positivas ou negativas. Levando em consideração que a aprendizagem passa pelo sistema nervoso central Smith e Strick (2012, p. 27) relatam que “[...] especialistas acreditam que alguns indivíduos desenvol- vem dificuldades de aprendizagem porque partes de seus cérebros simplesmente ama- durecem mais devagar que o habitual.”, este aspecto é bastante relevante para ser con- siderado, uma vez que cada ser humano é único e por mais que sejam estabelecidos de- terminados padrões para o desenvolvimento que são semelhantes para a maioria, não serão todos que conseguirão se encaixar dentro destes, pois cada ser humano é dife- rente do outro, ou seja, amadurecemos e respondemos aos estímulos de maneiras dife- rentes. Gómez e Terán (2009) relatam também que algumas disfunções e alterações do sistema nervoso central podem se originar durante a gravidez, através de doenças vi- rais, falta de nutrientes, alcoolismo, tabagismo, drogas, entre outros; durante o parto com a falta de oxigenação, baixo peso, desnutrição, infecções neonatais e prematuri- dade; e após o parto por meio de acidentes e traumas neurológicos, infecções, intox- icações e desnutrição.” Para Sampaio (2009), são muitos os distúrbios que a criança com dificuldades apresenta na aprendizagem, os mais citados no meio escolar são o TDAH (Transtorno do Déficit de Atenção com ou sem Hiperatividade), a Dislexia, a Discalculia, a Disgrafia e a Disortografia. O TDAH é um dos principais motivos relacionado às dificuldades de aprendizagem, no entanto um dos mais difíceis de tratar, devido aos sintomas de desatenção, inquietude e impulsividade. É um transtorno neurobiológico, de causas genéticas, que surge durante a infância e acompanha o indivíduo por toda a vida. É o transtorno mais comum que acomete crianças e adolescentes, afetando de 3 a 5% delas no mundo inteiro, apesar de muitas vezes as pessoas não acreditarem que isto seja um problema de saúde. Caracteriza-se naquela criança que não consegue prestar atenção na aula, vive agitada, não fica quieta, é muito agitada e impulsiva. Estudos científicos mostram que portadores de TDAH apresentam problemas nos neurotransmissores dopamina e noradrenalina, na região frontal do cérebro. Estudos também mostram que mães dependentes de álcool durante a gravidez são mais propícias a gerar filhos com TDAH. As causas do TDAH não são totalmente conhecidas e supõe-se que é a combinação de alguns fatores ambientais, genéticos e biológicos. Para este transtorno especificamente, não se acredita estar relacionado a fatores culturais ou psicológicos, pois aparece igualmente em varias regiões do planeta. Existem alterações na anatomia do cérebro de crianças e adolescentes com TDAH. Entretanto, com o tempo, estas alterações diminuem, e nos adultos quase não são perceptíveis. 17 Os exames de imagem cerebral constatam que o volume cerebral e a espessura do córtex são menores em quem tem TDAH. Além disso, também ocorrem alterações na amígdala (responsável por regular nossas emoções) e no hipocampo (ligado às motivações e à formação da memória). E pesquisas apontam que o transtorno também afeta áreas do cérebro relacionadas ao sistema de recompensas. Portadores de TDAH ativam circuitos cerebrais diferentes das demais pessoas quando precisam manter a atenção em alguma coisa por algum tempo (detectado por exames). Durante a infância, ele se manifesta através de dificuldades na escola e no relacionamento com os colegas, pais e professores. Hiperatividade e impulsividade são os sintomas mais comuns nos meninos e a desatenção é o sintoma mais comum nas meninas. Já na adolescência, o TDAH se manifesta na dificuldade em lidar com regras e imposição de limites. Na fase adulta, os sintomas que prevalecem são a desatenção, a falta de memória e a impulsividade. Muitas pessoas adultas com este transtorno acabam apresentando outros problemas associados, como depressão e ansiedade, além do abuso de álcool e drogas. Alguns pais também possuem o transtorno, no entanto, não sabem disso, devido à época de infância não haver os métodos de hoje para detecção. Uma criança precisa apresentar pelo menos 6 sintomas de desatenção e 6 de hiperatividade ou impulsividade para serem diagnosticados portadores de TDAH. Além disso, estes sintomas devem aparecer antes dos 12 anos, causarem problemas em casa e na escola, por exemplo, no mínimo por seis meses. No caso de uma criança introspectiva, o diagnóstico é mais difícil, pois nem sempre os sintomas são visíveis. Já a Dislexia é caracterizada por dificuldade no reconhecimento preciso e/ou fluente da palavra, na habilidade de decodificação e em soletração. Essas dificuldades normalmente resultam de um déficit no componente fonológico da linguagem e são inesperadas em relação à idade e outras habilidades cognitivas. (IDA – International Dyslexia Association, em 2002). A criança com Dislexia não consegue soletrar as letras como deveria, tendo muita dificuldade neste sentido. A Dislexia podeser identificada através de alguns sinais, tais como: desatenção e dispersão, dificuldade ao copiar textos do quadro ou de livros, dificuldades na coordenação motora, vocabulário pobre. É considerado um distúrbio neurológico e genético. A Dislexia não tem cura, mas pode ser controlada com tratamento psicológico e/ou fonoaudiólogo. Conforme Sampaio (2009) citando Nunes (2003, p.43), Já existe evidência de que as crianças disléxicas têm dificuldades na construção da consciência fonológica. Elas 18 demonstram maior dificuldade em si tornar conscientes da estrutura fonológica das palavras, mesmo quando comparadas a criança mais jovem com igual desempenho em leitura. A dislexia não tem relação com falta de inteligência. A criança com este transtorno não tem Q.I inferior a outra criança sem o transtorno, elas se atrapalham com palavras mas podem se dar bem em outras áreas, como em cálculos por exemplo. É mais comum em meninos do que em meninas. O fato é que como outros transtornos de aprendizagem, pode prejudicar muito o desenvolvimento da criança, causando ansiedade, insegurança e até mesmo depressão. O diagnóstico é feito por neurologistas, fonoaudiólogos e psicólogos, entre os 8 e 9 anos de idade. Testes de audição e visão, bem como testes de fluência verbal são importantes para complementar o diagnóstico. Segundo Hugh Catts, por muitos anos, defendeu-se que a dislexia seria causada por um único déficit subjacente, mais especificamente um problema no processamento fonológico. Dificuldades para armazenar, recuperar e/ou refletir sobre os sons da língua gerariam problemas para as crianças aprenderem a organizar as letras em sons de palavras. Embora as pesquisas mais recentes mostrem que nem todas as crianças com dislexia tenham dificuldades fonológicas e que nem todas as crianças com dificuldades fonológicas tenham dislexia, isso resultou em modelos multifatoriais das causas da dislexia, que defendem que múltiplos fatores funcionam juntos para causar as dificuldades de leitura. O problema fonológico pode ser uma dificuldade primária, mas interage com outros fatores para aumentar ou reduzir a chance de dislexia. Outro transtorno de aprendizagem conhecido é a Discalculia, caracterizado pela dificuldade com os números, com as operações matemáticas básicas, começando bem cedo, afetando em torno de 1% das crianças. Ela pode ser classificada como verbal, practognóstica, léxica, gráfica, ideognóstica ou operacional, dependendo do tipo de dificuldade que a criança apresenta. Não existe cura, nem mesmo medicamentos, exceto quando associado ao TDAH. Nos dias de hoje ainda se procuram entender as causas da discalculia. Desta forma, a buscas se dá por várias frentes: no campo neurológico, a discalculia foi associada com as lesões ao supramarginal e os giros angulares na junção entre os lóbulos temporal e parietal do córtex cerebral. No campo da memória, Adams e Hitch discutem que a memória trabalhando é um fator principal na adição mental. Foi conduzido um estudo que sugerisse que era um deficit de memória para aqueles que sofreram de discalculia. 19 Entretanto, os problemas trabalhando na memória são confundidos com dificuldades de aprendizagem gerais. Assim, os resultados de Geary não podem ser específicos à discalculia mas podem refletir um déficit de aprendizagem maiores. Outras causas relacionadas para a discalculia podem ter relação com a memória de curto prazo (sendo difícil recordar-se dos cálculos), bem como uma desordem congênita ou hereditária, e ainda uma combinação destes fatores. Os sintomas da discalculia podem manifestar-se como extrema dificuldade em trabalhar com números e símbolos matemáticos, fórmulas, e enunciados, apesar do aluno ser capaz de entender conceitos matemáticos, pois seu pensamento lógico está inabalado. Uma representação matemática pode ser entendida, mas surge dificuldades para resolver problemas, mesmo que eles remetam à expressão matemática compreendida. As dificuldades são frequentes com os números, confundindo as operações de adição, subtração, multiplicação e divisão, também para diferenciar entre esquerdo e direito, falta de senso de direção, inabilidade de dizer qual de dois números é o maior, dificuldade com tabelas de tempo e cálculo mental. Apresentam ainda dificuldades quando um nível mais elevado de cálculo é necessário. A discalculia pode ser verbal (quando há dificuldade para nomear as quantidades matemáticas, os números, os termos, os símbolos e as relações), practognóstica (dificuldade para enumerar, comparar e manipular objetos reais ou em imagens matematicamente), léxica (dificuldades na leitura de símbolos matemáticos), gráfica (dificuldades na escrita de símbolos matemáticos), ideognóstica (dificuldades em fazer operações mentais e na compreensão de conceitos matemáticos) ou operacional (dificuldades na execução de operações e cálculos numéricos). Também como distúrbio de aprendizagem temos a Disgrafia, que consiste na dificuldade da escrita, do grafismo das letras. Segundo Lyra, as crianças com disgrafia apresentam ainda, uma Disortografia, quando amontoam letras para esconder os erros ortográficos. O digráfico apresenta algumas características como; lentidão na escrita, letra ilegível, escrita desorganizada, traços muitos fortes chegando a marcar o papel, muita desorganização na folha de escrita, as letras em geral são escritas no sentido contrário, além da escrita em espelho. O processo de aprendizado da leitura e escrita é um processo gradual e a velocidade depende do ritmo e entendimento de cada uma, envolvendo várias fases. Segundo Zorzi 20 (2009, p.153), o desenvolvimento de algumas capacidades são necessárias para que o processo aconteça, são elas: - O desenvolvimento de uma capacidade para segmentar palavras, partindo destas como um todo, passando pelas sílabas e chegando ao nível dos fonemas, identificando-os e gerando um conjunto; - Uma capacidade para compreender, ou constatar que as diferentes palavras constituem-se a partir da combinação dos fonemas que compõem tal conjunto. - Compreender que, para cada fonema existe, no mínimo, uma letra para representa-lo. Isto significa aprender o valor sonoro das letras e estabilizar as correspondências fonemas- grafemas. Desta forma, a um conjunto limitado de fonemas também corresponde um conjunto limitado de símbolos gráficos. - Compreender que, para escrever uma palavra, o ponto de partida é analisar sua estrutura sonora, identificar cada um dos fonemas componentes e atribuir a eles as letras correspondentes. - Compreender que, para ler, deve-se atribuir às letras os sons que elas representam, unir os fonemas em sílabas e as sílabas em palavras. Segundo García, J. (2010), uma pessoa pode possuir mais de um transtorno, o que considera como transtornos sobrepostos. Neste caso, a análise dos transtornos deve ser feita de forma diferenciada. Como exemplo de transtornos sobrepostos, ele enumera os seguintes: o transtorno por déficit de atenção e hiperatividade (ADHD), os transtornos da fala, como a gagueira e a linguagem confusa, outros transtornos da infância, meninice ou adolescência, como o mutismo seletivo ou o transtorno por déficit de atenção indiferenciado, a deficiência mental ou os transtornos generalizados do desenvolvimento. (GARCÍA, J., 2010, p. 73) As principais avaliações a fim de detectar a possibilidade de transtorno de aprendizagem são as seguintes: - Avaliação cognitiva que inclui testes de inteligência verbal e não verbal e normalmente é feita por um psicólogo educacional. Pode-se usar testes psicoeducacionais para descrever a maneira preferida pela criança, de processar informações. Avaliações neuropsicológicas são úteis para detectar lesão cerebral ou doenças, mapear as áreas cerebrais que correspondem a fragilidade e tensões funcionais específicas.Avaliações da fala e linguagem analisam a integridade da compreensão e uso da linguagem, processamento fonológico e memória verbal, e também podem avaliar a linguagem pragmática. 21 - Observação pelos professores do comportamento em sala de aula, bem como avaliação de desempenho e educacional são importantes, pois medem fluência, compreensão, decodificação da palavra e compreensão. Verificar a escrita alerta para as dificuldades de ortografia, sintaxe e fluência de ideias. As habilidades matemáticas a serem avaliadas devem ser em termos de interpretação de conceitos, compreensão de problemas, conhecimento de operações. - Avaliação médica considera histórico da família e da criança. Importe realizar exame físico, neurológico e do desenvolvimento intra-craniano. Alterações físicas e neurológicas detectadas por exames podem ser passíveis de tratamento. No entanto, dificuldades relacionadas à coordenação motora podem estar relacionadas a retardo no desenvolvimento neural. Para estas avaliações, são utilizados critérios padronizados. - Avaliação psicológica, ansiedade, baixa autoestima, distúrbios de conduta, depressão não representam, necessariamente, ligação com dificuldades de aprendizagem. Precisam ser analisados conjuntamente com atitudes na escola, motivação, relacionamentos e autoconfiança. 22 2. MÉTODO O método de realização da pesquisa qualitativa teve como instrumento de análise o levantamento bibliográfico. Neste sentido, buscou-se autores que procuraram analisar o tema proposto, buscando soluções teóricas e/ou práticas para o problema. O foco foi no levantamento das dificuldades e transtornos de aprendizagem, o conhecimento dos fatores de risco para o desenvolvimento das patologias, e as possíveis soluções e interveções a fim de auxiliar o estudante na superação destas dificuldades. Neste sentido, as obras pesquisadas foram as seguintes: Artigo - As dificuldades de aprendizagem no contexto escolar - Prof Me Glaciene Januario Hottis Lyra. Artigo - Dificuldade de aprendizagem no contexto escolar - Mariana de Barros Barbosa. Dificuldades e transtornos da aprendizagem - Revisão de literatura - Mariluce Paolazi Chiarello. 23 3. ANÁLISE E PROSPOSTAS DE INTERVENÇÃO 3.1 Relação Professor-Aluno Umas das principais preocupações da comunidade escolar é o relacionamento entre a- luno e professor, em como se dá essa conexão. Muitas vezes, não é dada a devida atenção a este importante fator, que pode ser a causa de sucesso ou fracasso na jornada do aprendizado. É preciso criar condições favoráveis para que alunos e professores possam refletir a- cerca desse relacionamento e da importância de uma boa comunicação e interação. Algumas ferramentas de análise também podem ser importantes para incentivar essa reflexão. Para tanto, é preciso considerar a atual realidade de escola, como ela é administrada, quais recursos possui, como é o ambiente social em que está inserida, ambiente este que tam- bém é o mesmo onde o aluno está realizando suas atividades fora da escola. Então, a comunidade escolar precisa ter conhecimento sobre todos estes fatores a fim de conseguir desenvolver um bom relacionamento com o aluno, inserindo-se no seu mundo, na sua realidade escolar e social. Em muitas escolas, nos dias atuais, percebe-se muita animosidade entre alunos e pro- fessores, os professores reclamando dos alunos difíceis de lidar, e os alunos reclamando dos professores insensíveis e sem didática. Por isso, é muito importante resolver estas questões da melhor forma possível, tendo em vista que a relação aluno-professor pode contribuir muito no processo de ensino- aprendizagem. O papel dos professores na vida dos alunos é muito importante, mas muitos professo- res não tem essa consciência. O professor com uma boa formação consegue ver a dimensão da sua responsabilidade com os alunos. Por isso, a boa formação do professor é muito importan- te. Alguns professores ainda acreditam que ensinar é simplesmente passar o conteúdo e cobrar o conhecimento nas provas posteriormente. É necessário que o professor volte a ter consciência do seu papel de protagonista no desenvolvimento escolar do aluno, não o protagonismo de passar o conteúdo, mas o protago- nismo de ser o mestre do aluno, o exemplo, aquele em que ele pode confiar. Teríamos que conseguir que os outros acreditem no que somos. Um processo social complicado, lento, de desencontros entre o que somos para nós e o que somos para fora [...] Somos a imagem social que foi construída sobre o ofício de mestre, sobre as formas diversas de exercer este ofício. Sa- bemos pouco sobre a nossa história (ARROIO, 2000, p.29). 24 Segundo Lopes, citando Pimenta (2002), faz-se necessário compreender com mais profundidade o conceito de professor reflexivo, pois o que parece estar ocorrendo é que o termo tornou-se mais uma expressão da moda, do que uma meta de transformação propria- mente dita. A formação do professor nunca está acabada, ela é contínua, pois ele precisa estar con- tinuamente se atualizando acerca da realidade social, cultural e organizacional, podendo inter- vir e ser agente transformador. Em todo o processo de aprendizagem, a interação é necessária e essencial. Na escola, ela se torna imprescindível e inevitável, por isso deve ser estimulada. Cabe ao professor inici- ar essa interação e incentivar a participação do aluno, para que ocorra o sucesso no alcance dos objetivos de ensino. Segundo Paulo Freire, [...], o diálogo é uma exigência existencial. E, se ele é o encontro em que se solidarizam o refletir e o agir de seus sujeitos endereçados ao mundo a ser transformado e humanizado, não pode reduzir-se a um ato de depositar idéias de um sujeito no outro, nem tampouco tornar-se simples troca de idéias a se- rem consumidas pelos permutantes. (FREIRE, 2005, p. 91). Freire valoriza o diálogo como um importante instrumento na construção das pessoas. Mas também defende a ideia de que só é possível uma prática educativa dialógica, se os edu- cadores acreditarem no diálogo como um fenômeno capaz de fazer homens e mulheres refleti- rem e agirem. Ele quer dizer que não basta dialogar, é preciso acreditar que o diálogo é capaz de ge- rar resultados satisfatórios, impulsionando as pessoas a buscarem as soluções. Um professor que sabe dialogar com os seus alunos, desenvolve uma relação de confi- ança com eles, não sendo visto como um mero fornecedor de conteúdo, mas alguém disposto a ouvi-los, um mediador de ideias e opiniões. Neste tipo de relação, todos ganham, e os alu- nos acabam tornando-se pessoas capazes de refletir criticamente sobre a realidade, agindo de forma a modificar as situações para melhor. Para Vygotsky, a atuação do professor é de suma importância já que ele exerce o papel de mediador da aprendizagem do aluno. Esse papel mediador irá colaborar para os avanços e conquistas dos alunos relacionados à aprendizagem. Ainda, segundo Vygotsky, a escola é privilegiada por ser um local onde se podem reunir grupos bem diferenciados, que podem ser trabalhados para que a singularidade de cada aluno possa ser respeitada. Através da mediação, considerando o espaço oportuno que a escola ofe- rece, pode-se criar um elo de interação constante no processo de ensino-aprendizagem. 25 3.2 Propostas de Intervenção Considerando-se todo o contexto que envolve o processo de aprendizagem, bem como a complexidade a nível de desenvolvimento envolvida neste processo, tendo em vista ainda os diversos tipos de dificuldades de aprendizagem, faz-se necessário buscar soluções a fim de minimizar estas dificuldades. Intervenções devem ser pontuais voltadas às particularidades de cada caso e tem como objetivo auxiliar na superação e adaptação de limitações e dificuldades, visando impulsionar o pleno desenvolvimento.Num primeiro momento, é necessário identificar quem são as pessoas que apresentam alguma dificuldade de aprendizagem, o que se faz com observação e capacidade de percepção. A partir desta identificação, é importante uma intervenção específica e individual pelos professores, mas também no ambiente familiar, pois é neste local onde as crianças passam a maior parte do seu tempo, segundo Coll, Marchesi e Palacios (2004). Ainda, conforme Coll, Marchesi e Palacios (2004, p.88), o professor deve planejar e aplicar a aula, partindo do interesse e competências das crianças, evitando corrigil-la ou reforçando os seus erros, ao contrário, deve estimular os acertos e elogiá-los. Dessa forma, incetiva a criança a acertar novamente, e tira o foco daquilo que ela errou, para que a mesma não venha a sentir-se fracassada. O professor deve utilizar os meios disponíveis que colobarem para o bom entendimento da criança, como gestos, expressões faciais, vídeos, figuras, enfim, tudo o que julgar importante para estabelecer uma melhor comunicação com o aluno, principalmente quando o aluno já encontra-se desmotivado com aquela disciplina ou conteúdo. Neste caso, o esforço do professor deve ser maior, e contar com a participação da família nesta fase é muito importante. A leitura, por exemplo, permite explorar um mundo de possibilidades. Segundo Souza (1992), ler é interpretar uma percepção sob as influencias de um determinado contexto. Esse processo leva o individuo a uma compreensão particular da realidade. “A criança normalmente já tem conhecimento prévio de seus problemas, porem não sabe quais são nem o porque. Uma explicação ajudará a compreensão de si mesma. Como já tinha sido rotulado como ‘mau aluno’, agora vem a oportunidade para a criança vencer. Ela tem de compreender isto. Algumas vezes ele não esta disposto a fazer suas lições. Existem outras maneiras de ensinar sem usar lápis e papel. Os jogos, por exemplo, podem ajudar. Seja versátil em relação ás necessidades da criança. (JOSÉ E COELHO, 1997)” 26 Caso os métodos e esforços do professor não estejam dando resultado ou este resultado não seja o esperado, é o momento de contar com o apoio de um psicopedagogo, profissional capacitado, para, juntamente com o professor, buscar os melhores meios para solicionar uma dificuldade específica de aprendizagem, mudando a metodologia, se necessário. Segundo Ferreira (2008, p.141), o psicopedagogo articula contribuições de áreas como a Psicologia, Pedagogia e Medicina, entre outras, com o objetivo de por à disposição do indivíduo a construção do seu conhecimento e a retomada do seu processo de aprendizagem. É importante que a avaliação psicopedagógica aconteça com a participação da família, a fim de passar informações do convívio social, das condições a que o aluno está sujeito e das dificuldades apresentadas fora do ambiente escolar, para colaborar com o diagnóstico e na melhor forma de intervenção por meio da escola. De acordo com Silva (2006), o ensino deve ser sem autoritarismo, mas com sabedoria e respeito com as experiências e bagagens de cada indivíduo, utilizando estes saberes a fim de discutir e refletir o que foi proposto. “Sendo assim, todo o trabalho que o professor desenvolve no cotidiano da sala de aula demonstra algum saber pedagógico possuído por ele, ou adquirido em sua formação inicial ou em torno de seu espaço de trabalho: a escola. Este último representa boa parte de conhecimento que vai se consolidando com a prática em seu cotidiano (SILVA, 2006, p. 30).” Mesmo que o professor precise ser o mais didático possível para com o aluno com dificuldades, também é importante estimular a autonomia, para que o mesmo sinta-se capaz de realizar determinada tarefa for si mesmo, sem que tenha que recorrer ao professor. Este reconhecimento de autonomia dever ser estimulado, mas não quer dizer que o aluno deve ser desamparado caso precise de auxílio. O auxílio sempre deve estar disponível, mas ao mesmo tempo este auxílio deve caminhar juntamente com o incentivo à autonomia. A autonomia é adquirida quando o aluno passa a sentir interesse em aprender, sente-se à vontade com o conteúdo. Sabe da dificuldade, mas ainda assim, sente-se estimulado a continuar. Segundo Fonseca (1995, p. 131): “A noção de motivação está também intimamente ligada à noção de aprendizagem. A estimulação e a atividade em si não garantem que a aprendizagem se opere. Para aprender é 27 necessário estar-se motivado e interessado. A ocorrência da aprendizagem depende não só do estímulo apropriado, como também de alguma condição interior própria do organismo.” O professor, como mediador, deve estimular a interação social, para que os outros alunos tomem consciência da dificuldade do colega, e este sinta-se acolhido e como parte de um grupo. Segundo Sampaio (2009), o professor-mediador é que dará as coordenadas para que as descobertas aconteçam na vida escolar destas crianças, a melhor maneira para orientar seus alunos esta em suas mãos, de modo que possam fazer deste conhecimento algo prazeroso e significativo para toda suas vidas. Para Antunes (2008, p. 23), um verdadeiro mestre usa a sala de aula, mas sabe que seus alunos aprendem dentro e fora da mesma e, dessa forma, quando a esse espaço se restringe faz do mesmo um elo estimulador de desafios, interrogações, proposições e ideias que seus alunos, em outros espaços, buscarão. Uma aula de verdade não se confina à sala de aula e os saberes na mesma, provocados representam desafios para que os alunos os contextualizem na vida que vivem. Professauros adoram salas de aula, pois, confinados em espaço restrito, não contam com a crítica de quem analisa sua repetitiva conduta. O professor pode incentivar o diálogo, estimulando a exposição das diferenças e as semelhanças entre os conhecimentos e vivência de cada criança, sempre com muito respeito e parcimônia, a fim de criar união, empatia e entendimento, nunca com o intuito de segregar. Quando o aluno com dificulades percebe que todos de alguma forma tem as mesmas dificuldades, porque todos tem alguma dificuldade em algo, pode sentir que não está sozinho nesta jornada, servindo de incentivo para esforçar-se no aprendizado. Desta forma, não menos importante é necessidade da escola manter um registro da vida escolar do aluno, desde quando iniciou seus estudos, relacionando no seu cadastro tudo de relevante que possa influenciar no seu desenvolvimento. A família tem delegado a função de educar somente para a escola, e, esta se vê com a obrigação de transmitir conhecimentos ao mesmo tempo que recebe influência do convívio social em que a criança está inserida. Assim, é fundamental a participação dos pais na formação da criança, no acompanhamento do desempenho escolar e das dificuldades apresentadas, pois conhecem o mundo em que ela está se desenvolvendo, podendo colaborar com a escola, passando informações para os professores que possam servir de apoio para o entendimento ou como ferramenta de intervenção. 28 Para Furtado e Borges (2007, p.10-11), família é o primeiro contato social que a criança tem, por isso é essencial a forma como a família direciona a criança. Suas crenças, seus valores sua visão de vida já é internalizado dentro de casa, no convívio com os pais e os irmãos. O comprometimento deve ser mútuo, de todos os envolvidos, tanto escola como família. A escola deve respeitar o tempo e bagagem de cada família e ter a percepção necessária a fim de apoiar aquela família que ainda não entende toda a complexidade do processo de ensino- aprendizagem. Já a família deve confiar no profissionalismo e capacidade dos professores e pedagogos As dificuldades de aprendizagem, conforme relatado em capítulo específico podem ser de vários tipos, desde simples até as mais complexas, envolvendo aspectos emocionaise/ou neurológicos, considerando ainda a disciplina que o aluno sente mais dificuldade, podendo ser em cálculos matemáticos ou somente no desenvolvimento da escrita, ou até mesmo, ambos. Para cada tipo de dificuldade deve haver uma intervenção diferente. Se o diagnóstico for Discalculia, por exemplo, o enfoque pedagógico deve ser voltado para a disciplina de matemática. Se o diagnóstico for problema de escrita, a metodologia deve ser direcionada para o desenvolvimento da escrita. Barbosa (2015), em sua pesquisa sobre as dificuldades de aprendizado de leitura e escrita, informa que, na escola pesquisada, no ano de 2014 estavam matriculados um total de 450 alunos, sendo que dentre estes, 108 apresentavam algum tipo de dificuldade de aprendizagem, o que corresponde a 24% dos alunos. Destes 108 alunos que apresentavam dificuldades 26 estavam matriculados no primeiro ano, 23 no segundo, 13 no terceiro, 26 no quarto e 20 no quinto. As dificuldades dos alunos vão desde o processo inicial de alfabetização com dificuldades para reconhecer as letras, grafá-las e organiza-las no espaço da linha do caderno; outros alunos apesar de já estarem alfabetizados tem dificuldade com a leitura e compreensão dos textos lidos, apresentam um pequeno repertório para a construção de textos e também possuem dificuldades para elaborá-los de forma coerente e coesa. Demonstrou, como exemplo, uma atividade desenvolvida com um aluno do terceiro ano, na qual foi realizado um ditado de campo semântico. Este ditado é composto por dez palavras e se inicia com palavras polissílabas, seguidas de palavras trissílabas, dissílabas e por fim palavras monossílabas. O campo semântico escolhido foi “objetos do material escolar” 29 por este conter palavras e objetos conhecidos pelo aluno e por estas pertencerem e estarem envolvidas em seu cotidiano. Neste ditado, as palavras que não foram escritas corretamente foram: apontador que foi escrito APODADO, ele fez a omissão da letra N e R e trocou a letra T pelo D; calendário foi escrito CALEDAIRO, temos aqui a omissão da letra N e a inversão da posição da letra I; carteira foi escrito CATEIRA, o aluno fez a omissão da letra R; borracha foi escrito BORASA, ele fez a omissão das letras C, H, R e fez a inclusão da letra S, a qual não é utilizada para escrever esta palavra; caderno foi escrito CADANO, houve a omissão da letra E e R e foi incluída uma segunda letra A que não é necessária para a escrita dessa palavra; livro foi escrito LIRO, ele fez a omissão da letra V; lápis foi escrito LASI, o aluno omitiu a letra P e inverteu a letra S de posição; giz foi escrito JIS, houve a troca da letra G pelo J e da letra Z pelo S. “Ao realizar este tipo de atividade diagnóstica recomenda-se que as palavras ditadas sejam do mesmo campo semântico, pois quando a criança ouve a palavra, ela tenta construir mentalmente a imagem da mesma e por conta disso no início da alfabetização é recomendado que utilizemos esse tipo de ditado, pois assim fica mais fácil da criança fazer esta construção mental. Se ditarmos palavras que não pertencem a um mesmo grupo isso poderia confundir a criança, uma vez que ela teria que buscar várias imagens mentais diferentes ao mesmo tempo. Com esta atividade também podemos ver o nível de escrita em que a criança se encontra, apesar de apresentar algumas dificuldades em relação a ortografia o aluno produziu uma escrita inteligível e demonstra compreensão do modo como nosso sistema de escrita funciona, por isso este aluno apresenta uma hipótese alfabética da escrita. (BARBOSA, 2015)” Ainda, considerando-se a dificuldade de aprendizagem em leitura e escrita, apresenta como meio de dignóstico, um instrumento pedagógico de avaliação intitulado ADAPE (Avaliação de Dificuldades na Aprendizagem da Escrita) que detecta as dificuldades de escrita mais comuns em crianças do Ensino Fundamental. Este instrumento é composto por um texto que é constituído por 114 palavras, das quais 60 apresentam algum tipo de dificuldade e 54 não. Ele também avalia o uso correto de parágrafos e da letra maiúscula. Este instrumento pedagógico foi retirado do livro “Dificuldades de aprendizagem no contexto psicopedagógico”, de Sisto (2011). Estes testes relativos às dificuldades de leitura e escrita são alguns exemplos de testes que podem auxiliar no diagnóstico de qual é o titpo de dificuldade de apredizagem 30 apresentado. Claro que existem outros, direcionados a outros tipos de dificuldades. Com o diagnóstico correto, pode-se desenvolver a melhor forma de intervenção. No caso do TDAH, por exemplo, durante a infância, ele se manifesta através de dificuldades na escola e no relacionamento com os colegas, pais e professores. Hiperatividade e impulsividade são os sintomas mais comuns nos meninos e a desatenção é o sintoma mais comum nas meninas. Já na adolescência, o TDAH se manifesta na dificuldade em lidar com regras e imposição de limites. Na fase adulta, os sintomas que prevalecem são a desatenção, a falta de memória e a impulsividade. Muitas pessoas adultas com este transtorno acabam apresentando outros problemas associados, como depressão e ansiedade, além do abuso de álcool e drogas. Alguns pais também possuem o transtorno, no entanto, não sabem disso, devido à época de infância não haver os métodos de hoje para detecção. Uma criança precisa apresentar pelo menos 6 sintomas de desatenção e 6 de hiperatividade ou impulsividade para serem diagnosticados portadores de TDAH. Além disso, estes sintomas devem aparecer antes dos 12 anos, causarem problemas em casa e na escola, por exemplo, no mínimo por seis meses. No caso de uma criança introspectiva, o diagnóstico é mais difícil, pois nem sempre os sintomas são visíveis. O tratamento é feito basicamente por uma equipe multidisciplinar incluindo psicólogo, psiquiatra, pedagogo, pais e professores. “O transtorno não é curável, mas tratável. Há propostas terapêuticas eficazes que, em mais de 70% dos casos, trazem alívio dos sintomas”, afirma o neuropediatra Giuseppe Pastura, da Faculdade de Medicina da UFRJ. As intervenções mais eficazes para este transtorno são as cognitivo-comportamentais (que ajudam a administrar e minimizar as manifestações, dificuldades e tensões), muitas vezes associadas a medicamentos específicos receitados por médico psiquiatra (que atuam no córtex pré-frontal, que causa alterações biológicas no cérebro. Tratamento com fonoaudiólogos e terapia ocupacional podem auxiliar, caso a criança apresente dificuldade com leitura e aprendizado. O entendimento dos pais acerca dos sintomas e de como devem agir, orientados pelos profissionais de saúde, irá colaborar sobremaneira para a melhora do paciente. Os professores também devem estar engajados a fim de garantir o melhor desempenho possível da criança. 31 No caso da discalculia esse prognóstico depende de variáveis tais como: severidade do transtorno, grau de deficiência da criança na execução de provas neuropsicológicas, prontidão para iniciar o tratamento e a cooperação dos pais como coadjuvantes do tratamento. Um desenvolvimento matemático insuficiente reflete na vida cotidiana e social, causando uma série de problemas para o indivíduo, o que pode influenciar sua autoestima e determinação. Dessa forma, é muito importante um diagnóstico precoce, quanto mais cedo melhor, pois assim, os profissionais responsáveis podem intervir mais rapidamente, minimizando os sintomas da discalculia. Baseado no diagnóstico, pode-se traçar qual é o melhor tratamento e de que forma ele deve ser aplicado, com quais profissionais e recursos. Como consequência, a criança poderá desenvolver-se com menos dificuldades, melhorando seu desempenho escolar e sua autoestima. Assim, cada dificuldade requer cuidados e direcionamentos específicos. Não se pode generalizar uma dificuldade,entendendo a origem do problema somente num aspecto, neurológico, por exemplo, pois podem haver outros gatilhos ou situações que tenham colaborado para o surgimento do problema, que acabam somando-se a um problema neurológico, agravando a situação. Então, num primeiro momento, deve-se estar ciente da dificuldade e de como ela ocorre, em qual situação se manifesta, para que seja feita a intervenção mais adequada. Muitas vezes, é necessário a participação de outros profissionais além de professores e psicopedagogos, como médicos neurologistas, psicólogos e fonoaudiólogos. Um diagnóstico correto pode levar tempo, o que acaba prejudicando o desenvolvimento da criança, pois pode-se pensar que ela possui um tipo de dificuldade específica, quando na verdade é outra, ou mesmo mais de uma. O processo de descoberta e intervenção é um processo demorado e desgastante, tanto para a escola como para os pais, mas, principalmente para a criança, onde se deposita toda a carga de espectativas e cobranças. Por isso é importante o incentivo constante, a compreensão, a aceitação, não criticar. E como já colocado, este papel é de todos os envolvidos (escola, família, médicos, colegas de aula). 32 CONSIDERAÇÕES FINAIS Esta pesquisa procurou buscar informações sobre as principais dificuldades de aprendizagem e todas as consequências à que as crianças acometidas estão sujeitas, bem como levantar as causas e origem destas difculdades e as possibilidades de intervenção, a fim de minimizar as consequências e potencializar o desenvolvimento escolar. Assim, pode-se perceber, que apesar das causas destas dificuldades estarem presentes bem cedo, somente mais tarde, no início da vida escolar, é que elas são detectadas. E, para que sejam detectadas, é necessária atenção por parte das pessoas envolvidas diretamente no processo de aprendizagem, como pais e professores. Também há de se considerar a grande dificuldade inicial para o correto diagnóstico, tendo em vista a grande quantidade de patologias envolvidas, que muitas vezes remetem a mais de um tipo de dificuldade, pois a criança pode ter dificuldades em apenas uma área do conhecimento, mas pode também ter dificuldades em mais de uma área. Além disso, muitos cientistas ainda não tem total segurança para idendificar a origem do problema para alguns tipos de dificuldades de aprendizagem. Todo este processo traz um imenso desgaste para os pais e professores, mas principalmente para os alunos com dificuldades, sendo necessário paciência e compreensão por parte dos responsáveis, pois não se trata de preguiça ou falta de vontade, mas de uma dificuldade de que o aluno não tem controle. Caso não haja nenhum tipo de intervenção, eles não conseguem acompanhar o desenvolvimento esperado da turma a qual está inserido, o que lhe causa sentimento de inferioridade, fazendo o mesmo se sentir incapaz. Quanto ao diagnóstico, constatou-se que existem várias maneiras de realizar, dependendo do tipo de problema apresentado. Podem ser realizados testes específicos ou até mesmos exames médicos com complexidade, considerando ainda o histórico familiar e social da criança, pois na maioria das vezes o aspecto psicológico está inserido. Partindo do diagnóstico, é feito o planejamento dos procedimentos de intervenção, onde são realizadas as atividades e comportamentos necessários para minimizar as dificuldades de aprendizagem, ajudando o aluno a superar as suas limitações e conseguir adquirir o conhecimento necessário para seguir em frente no seu desenvolvimento escolar. Considerando toda a complexidade que as dificuldes de aprendizagem envolvem, o que se pode concluir a respeito do tema é que elas podem ser superadas, desde que haja 33 envolvimento dos pais e professores, bem como dos outros profissionais necessários para desenvolver habilidades que venham a suprir determinada dificuldade apresentada pelo aluno. 34 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANTUNES, Celso. Professores e professauros: reflexões sobre a aula e prática pedagógica diversas. 2ª. Ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2008. AQUINO, Júlio Grappa. ERRO e fracasso na escola alternativa e práticas. 2ª Ed. São Paulo: Summus, 1997. BARBOSA, Mariana de Barros. 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Vygotsky: Aprendizado e desenvolvimento: Um processo sócio-historico. São Paulo: Scipione, 1997. PIAGET, J. O nascimento da inteligência na criança. Trad. Álvaro Cabral. Rio de Janeiro: Zahar, 1975. SAMPAIO, Simaia. Dificuldades de aprendizagem: a psicopedagogia na relação sujeito, família e escola. Rio de Janeiro: Wak, 2009. SKINNER B.F. Tecnologia do ensino. São Paulo, 1972. VYGOTSKY, L. S. A formação social da mente: o desenvolvimento dos processos psicológicos superiores. COLE, Michael et al(org.). 7ª Ed. São Paulo: M. Fontes, 2007 VYGOTSKY, L. S. Pensamento e Linguagem. São Paulo: Martins Fontes, 1983.
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