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MODELO PEDAGOGIA 6 - DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM TEORIAS E PRÁTICAS ESCOLARES COMO CAMINHOS DE SOLUÇÃO

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UNIVERSIDADE PAULISTA 
EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 
 
ROSELI DEOLA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM 
TEORIAS E PRÁTICAS ESCOLARES COMO CAMINHOS DE SOLUÇÃO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PORTO ALEGRE – RS 
2021 
 
XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX
UNIVERSIDADE PAULISTA 
EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 
 
ROSELI DEOLA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM 
TEORIAS E PRÁTICAS ESCOLARES COMO CAMINHOS DE SOLUÇÃO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PORTO ALEGRE – RS 
2021 
 
 
Trabalho de conclusão de curso apresentado como 
requisito parcial para a obtenção do título de 
Pedagogo 
Universidade Paulista – Polo Porto Alegre 
Orientação: Professor Doutor Fernando Henrique 
Cavalcante de Oliveira 
XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
XXXXXXXXXXXXX
 
AGRADECIMENTOS 
 
 
 
Agradeço ao Universo, que mesmo em situações difíceis conspirou ao meu favor, me 
mostrado ser capaz e não deixando desistir. 
Aos Professores e Tutores, pelo conhecimento adquirido através deles, assim como suas 
orientações em cada etapa. 
Aos vários autores que me inspiraram e agregaram com suas maravilhosas obras. 
A uma amiga em especial, Fernanda, pedagoga, que me fez olhar a pedagogia com 
outros olhos e acreditar no meu potencial. 
 Aos meus filhos que compreenderam minha reclusão e dedicação ao curso. Além de 
muitas vezes passarem as noites na faculdade comigo, onde no final, ainda ganhava um 
abraço de admiração. 
Ao meu esposo que foi paciente, auxiliando com o trabalho, com a casa, com as 
crianças e com suporte sempre que solicitado. 
Gratidão a todos que me apoiaram e contribuíram nesses longos anos para que eu 
pudesse celebrar esse marco tão importante em minha vida. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
RESUMO 
 
O presente trabalho trata-se de uma pesquisa bibliográfica acerca do tema “Dificuldades de 
Aprendizagem”. Procurou-se fazer um levantamento das principais dificuldades de aprendi-
zagem no ensino fundamental, bem como buscar as causas e origens destas dificuldades. 
Constatou-se que na maioria dos casos, as causas tem origens neurológicas, mas que também 
tem-se que considerar o fator psicológico, muitas vezes diretamente ligado ao processo de 
desenvolvimento familiar e social em que a criança está inserida. Existem vários diagnósticos 
para estas dificuldades, chamados de “Transtornos de Aprendizagem”, sendo os mais comuns 
o TDAH, a dislexia, a discalculia e a disgrafia. Para cada transtorno há um método de inter-
venção específico e uma criança pode apresentar apenas um ou mais transtornos. Independen-
te do tipo de transtorno e do método de intervenção, concluiu-se que o fator familiar e escolar, 
ou seja, a dedicação dos pais e professores com o aluno que apresenta o problema interfere 
positivamente no processo de superação do transtorno. 
 
Palavras-chave: Dificuldades. Aprendizagem. Transtorno. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
 
INTRODUÇÃO............................................................................................................ 7 
1. DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM................................................................ 8 
1.1 . O desenvolvimento da aprendizagem.................................................................... 9 
1.2. Transtornos de aprendizagem................................................................................ 14 
2. MÉTODO................................................................................................................... 22 
3. ANÁLISE E PROPOSTAS DE INTERVENÇÃO..................................................... 23 
3.1. Relação professor-aluno.......................................................................................... 23 
3.2. Propostas de intervenção.......................................................................................... 25 
CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................................ 32 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................................. 34 
 
 
 
 
 
7 
 
INTRODUÇÃO 
Trata o presente trabalho de uma pesquisa bibliográfica acerca do tema “Dificuldades de 
Aprendizagem” no ensino fundamental. Com esta pesquisa busca-se fazer um levantamento 
dos principais elementos ensejadores das dificuldades de aprendizagem, sejam eles 
consequências de patologias diagnosticadas ou relacionados a fatores sociais e ambientais aos 
quais o estudante está sujeito, como ambiente e histórico familiar, condições sociais e escolar 
da comunidade onde está inserido. 
Também busca-se relacionar os principais transtornos de aprendizagem, fazendo um 
levantamento das causas destes transtornos, suas principais característiscas, qual a área de 
aprendizagem que cada um deles atinge, como é feito o diagnóstico e o tratamento. 
De posse destas informações, busca-se levantar possibilidades a fim de diminuir ou 
reverter estas dificuldades de aprendizagem, para que o estudante possa ter a possibilidade de 
desenvolver-se nas mesmas condições daqueles que não possuem ou não estão sujeitos às 
mesmas dificuldades. 
A pesquisa tem por base 3 obras relacionadas às dificuldades de aprendizagem. A 
primeira delas é o artigo “As dificuldades de aprendizagem no contexto escolar” do Prof Me 
Glaciene Januario Hottis Lyra”. A segunda é o artigo “Dificuldade de aprendizagem no 
contexto escolar”, de Mariana de Barros Barbosa. A terceira é o artigo “Dificuldades e 
transtornos da aprendizagem”, revisão de literatura de Mariluce Paolazi Chiarello. 
 
 
 
 
 
8 
 
1. DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM 
O assunto “Dificuldades de Aprendizagem” está muito em voga nos dias atuais. Este 
interesse parte fundamentalmente por conta da grande ocorrência de alunos com alguma 
dificuldade escolar específica, que podem tratar-se de transtornos de aprendizagem ou não. 
 Com os atuais enfoques do ensino na educação infantil e séries iniciais, focados na troca 
de informações, no acompanhamento, na atenção ao desenvolvimento do aprendizado pelo 
aluno, a atenção às dificuldades de aprendizagem passaram a ser mais valorizadas. Isto não 
quer dizer que não existia dificuldades de aprendizagem desde tempos remotos. Elas existiam, 
no entanto não eram consideradas ou não se dava o devido valor, pois o foco do ensino era o 
professor, que deveria passar o conteúdo e este deveria ser assimilado pelo aluno de qualquer 
maneira. 
 O processo de aprendizado é complexo, pois envolve vários aspectos cognitivos e de 
comunicação, considerando ainda a interação da criança com a família e a sociedade. Dentro 
do desenvolvimento escolar, espera-se um crescimento contínuo, por etapas, de acordo com a 
idade de criança, e quando isto não acontece, quando a criança não consegue acompanhar este 
processo, surgem os primeiros sinais de dificuldades de aprendizagem. 
Neste sentido, e atentos aos diversos fatores que englobam o processo de aprendizagem, 
bem como as dificuldades e transtornos, alguns autores buscaram analisar as principais 
dificuldades e também buscar formas de amenizar ou mesmo solucionar o problema. 
O objetivo é analisar as principais dificuldades das crianças nas séries iniciais. Para 
tanto, é importante que o professor conheça as manifestações do pensamento infantil, para 
identificar o estagio que o aluno se encontra e ter uma noção bastante clara do que é uma 
dificuldade normal, problemático e anormal (ou patológica). 
O problema de aprendizagem pode ser considerado como um sintoma, no sentido de 
que o não aprender não configura um quadro permanente, a maneira, a intensidade com que se 
apresentam, e a duração tornam difícil para o professor diferenciar um problema de 
aprendizagem de um distúrbio, ficando para um especialista na área a tarefa de diferenciar 
uma daoutra. 
Verifica-se a importância do professor como mediador para ajudar os alunos a terem 
uma formação eficaz e sadia através do preparo do docente que interagindo juntamente com o 
psicopedagogo e a família, possam identificar as barreiras no processo ensino-aprendizagem e 
assim traçarem um plano eficaz para obter sucesso. 
 
 
9 
 
Disso, percebe-se que a solução para as dificuldades de aprendizagem é um processo 
complexo, que deve ser analisada sob vários angulos, considerando toda a gama de 
possibilidades que a temática abrange, não se restringindo apenas a uma forma de solucionar 
o problema, pois cada transtorno é um campo próprio a ser entendido e explorado, bem como 
cada criança é um universo de vivência, memórias e possibilidades. 
É preciso entender como o processo de aprendizagem se realiza, quais são as melhores 
técnicas, como o fator social e ambiental é importante neste processo, e até que ponto a 
situação psicológica e familiar interfere no tempo de eficácia e no aprendizado. 
 
1.1 O Desenvolvimento da Aprendizagem 
 
A aprendizagem é o resultado da estimulação do ambiente sobre o indivíduo, abrange os 
hábitos que formamos, os aspectos de nossa vida afetiva, a assimilação de valores culturais. 
Enfim, a aprendizagem se refere a aspectos funcionais que são amadurecidas por meio da 
estimulação recebida pelo indivíduo ao longo de sua vida. (JOSÉ e COELHO, 1997 p.11). 
Segundo Guista (1985), o professor é o centro do processo de aprendizagem, que 
organiza as informações do meio externo para serem interligadas pelos alunos, assim estes se 
tornam apenas receptores de informações. Este é o conceito de Empirismo ou Ambientalismo. 
A função do aluno é ler livros e escutar o professor, ou seja, apenas sujeito receptor de 
conhecimentos, nunca emissor de sabedorias. 
O aluno deve escutar o que professor tem a transmitir, copiar aquilo que ele escreve, 
perguntar somente o que tem relação direta com o conteúdo, nunca contestar, pois está ali para 
aprender, não para discutir. Se existe alguma dificuldade, é responsabilidade somente do 
aluno, pois não presta atenção corretamente, se distrai e não tem interesse no conteúdo. 
Posteriormente, a psicologia genética aprofundou a compreensão sobre o processo de 
desenvolvimento na produção do conhecimento. Os conhecimentos, portanto, são construídos 
através da interação direta da criança com seu meio social, em uma perspectiva psicogenética, 
trazendo uma enorme contribuição que vai muito além dos grandes estágios de 
desenvolvimento (GALVÊAS, 2011). 
Piaget e Vygotsky acreditavam que a criança é um ser ativo, pensante e atento. No 
entanto Piaget acreditava nos fatores biológicos e Vygotsky no ambiente social em que a 
criança nasceu. (Lyra). 
Para Vygotsky citado por Oliveira (1997), desde o nascimento da criança, o aprendizado 
esta relacionado ao desenvolvimento, sendo um aspecto necessário e universal para que 
 
 
10 
 
ocorra o desenvolvimento de funções especificamente humanas, o contato com certos 
ambientes culturais, são importantes para o despertar de processos internos no indivíduo, sem 
estes contatos o desenvolvimento não ocorreria. Pode-se então entender como construtivismo 
a corrente teórica que se propõe a conhecer o desenvolvimento da inteligência humana e a ela 
adequar os métodos de ensino. (LYRA) 
Vygotsky afirma que a relação entre aprendizado e desenvolvimento do ponto de vista 
metodológico permanece confusa, todas as concepções correntes da relação a este processo 
em crianças podem ser reduzidas a três grandes posições teóricas. Uma delas centra-se na 
suposição de que os processos de desenvolvimento da criança são independentes do 
aprendizado. Assim o aprendizado torna-se um processo simplesmente sem vinculo com o 
desenvolvimento que não participa ativamente neste e não o modifica em absoluto, a 
aprendizagem utiliza os resultados do desenvolvimento, em vez de se adiantar ao seu curso e 
de mudar a sua direção. 
Um exemplo desta posição são os princípios teóricos extremamente complexos e 
interessantes de Piaget, que estuda o desenvolvimento do pensamento da criança de forma 
pura completamente independente do aprendizado da criança que são extremamente 
importantes nessa faixa etária. 
O movimento Escolanovista é uma corrente pedagógica que teve início na metade do 
século XX. Foi um movimento renovador para a época, pois questionavam o enfoque 
pedagógico da escola tradicional presente até então, que era centrado na tradição, na cultura 
intelectual e abstrata, na obediência, na autoridade, no esforço e na concorrência. 
(LUZURIAGA apud CESÁRIO, 2007) 
Segundo Maria Montessori (CESÁRIO, 2007), as crianças aprendem melhor pela 
experiência direta da procura e descoberta, conduzindo-se ao próprio aprendizado, cabendo ao 
professor acompanhar o processo e detectar o modo particular de cada um manifestar seu 
potencial. Nesta fase de descobertas, o interesse pelo conhecimento torna o aprendizado mais 
prazeroso e natural, não sendo forçado, mas algo normal ao gênero humano. 
Conforme a obra de Lyra, e de acordo com a pesquisa de Ferrero (2001), a construção 
da escrita inicia-se no nível pré-silábico, que é quando a criança entende aquilo que ela 
escreveu, pois sabe o que queria transmitir, no entanto não consegue ler o que outra pessoa 
escreveu. Já no nível silábico, a criança procura dar um valor sonoro a cada uma das letras 
que compõem a palavra, e surgem conflitos relacionados às quantidades de letras necessárias 
 
 
11 
 
para formar uma sílaba. A criança ainda não consegue entender porque uma sílaba pode ter 2 
letras em vez de 3 letras, por exemplo. 
No nível silábico-alfabética, a criança começa a perceber que deve existir uma relação 
entre as letras e o som das sílabas, e que, dessa forma, a quantidade de letras pode mudar. 
Finalmente, no nível alfabético, a criança consegue perceber que uma palavra poder ser 
formada por uma ou mais sílabas, e que o som de cada letra contribui para formar aquela 
sílaba, que junta a outras sílabas, forma uma palavra. 
Para Coll, Marchesi e Palacios (2004), a partir dos 2 meses de vida, as crianças 
produzem protoconversas, que são diálogos muito primitivos caracterizados por contato 
ocular, sorrisos, balbucios e alternâncias nas expressões. Esse padrão de comunicação 
corresponde ao período pré-verbal. Dos 4 aos 12 meses, a criança procura novas maneiras de 
se comunicar, tentando ser intencional em relação ao adulto, quando a partir dos 12 meses, ela 
já consegue mostrar os objetos ao adulto, ser de fato intencional. Na fase pré-verbal é quando 
se estabelecem as bases da comunicação por meio da linguagem. Mas é a partir dos 2 anos 
que o vocabulário da criança se desenvolve mais rapidamente. 
Para que a criança compreenda adequadamente o funcionamento da linguagem escrita é 
necessário que ela descubra que a língua escrita é um sistema de signos que não tem 
significado em si, sendo assim o que se escreve, tem uma função instrumental, funcionando 
como um suporte para a memória, bem como transmissão de ideias e conceitos. (OLIVEIRA, 
1997) 
Segundo José e Coelho (1997), a escrita passa por diferentes estágios de 
desenvolvimento, a evolução gráfica da criança resulta de uma tendência natural, 
representativa, expressiva, revelando o seu mundo particular, ainda que a evolução do 
grafismo acontece no ritmo pessoal, há muitas características comuns nas representações 
gráficas em varias crianças. Ainda, conforme estes autores, o processo de leitura como algo 
abrangente que envolve vários aspectos sensoriais, emocionais, intelectuais, fisiológicos, 
neurológicos, culturais, econômicos e políticos. 
Para Piaget, a interação entre o indivíduo e o ambiente é responsável pela formação do 
conhecimento humano. O conhecimento é adquirido através das experiências adquiridas no 
contexto social em que a pessoa está inserida. O ser humano adapta-seao ambiente interagin-
do com ele através de ações necessárias para torná-lo familiar. Este aprendizado se dá através 
da interação. 
 
 
12 
 
 O conhecimento da criança é adquirido através de diversas fases, a fim de desenvolver 
certas habilidades fundamentais para a vida, como o pensamento e a linguagem. 
 De acordo com Jean Piaget, as etapas do processo de aprendizagem para o progresso da 
mente e para o fortalecimento da capacidade da criança em lidar com os desafios e descober-
tas do conhecimento são os seguintes: 
- Estágio sensório-motor e o começo da percepção – 0 a 2 anos, que é a fase marcada pela 
consciência de algumas sensações, quando começa a compreender o significado da capacida-
de sensitiva e como seus movimentos influenciam alterações no ambiente. Ela só considera 
aquilo que esteja em seu campo de visão e/ou pode ser tocado 
- Estágio pré-operatório e a representação – 2 a 7 anos, que é quando a criança começa a 
criar representações da realidade em que vive. Neste período ela tem o desenvolvimento da 
fala aprimorado e percebe-se o desempenho do aspecto cognitivo. Começa a se desenvolver o 
pensamento lógico, no entanto a criança ainda não tem condições de fazer julgamentos entre 
certo e errado. 
- Estágio operatório-concreto e o pensamento lógico – 7 a 12 anos, quando a criança conse-
gue manipular mentalmente as representações e experiências. Também já consegue distinguir 
o que é certo e começam a entender as regras. 
- Estágio operatório-formal e a assimilação de hipóteses – 12 anos, que é a última etapa do 
processo de aprendizagem, sendo marcada pela capacidade do pré-adolescente em fazer re-
presentações abstratas e com conceitos que não utilizam formas físicas. Além disso, outra 
característica é a compreensão à experiência vivida por outras pessoas. A pessoa passa a en-
tender e a enxergar o ponto de vista alheio. Tudo isso como desdobramento do estágio anteri-
or. 
Paralelo a estas etapas, ocorre o processo de alfabetização (a partir dos 6 anos de ida-
de). A alfabetização possibilita à criança acessar ideias de outras pessoas (mesmo distantes) e 
em outros períodos de tempo, não limitado ao seu interlocutor. 
 Quando as crianças conseguem ler e escrever, passam a traduzir sinais e caracteres em sons 
e significados, podendo usar esta linguagem (escrita) para expressar sentimentos e emoções. 
 O conceito de alfabetização evoluiu para o conceito de letramento, que significa o processo 
de inserção e participação na cultura escrita. 
 Este processo tem início quando a criança começa a conviver com as diferentes manifesta-
ções da escrita na sociedade (placas, rótulos, embalagens comerciais, revistas, etc.) e posteri-
 
 
13 
 
ormente, com a crescente possibilidade de participação nas práticas sociais que envolvem a 
língua escrita, como a leitura e redação de contratos, livros, obras etc. 
 Segundo Skinner, quando uma pessoa é capaz de produzir modificações no ambiente, sig-
nifica que ela aprendeu, o que quer dizer que ela é capaz de produzir um novo comportamento 
em consequência daquilo que aprendeu. 
 Já para outro autor, Vygotsky, o aprendizado é o processo que aquisição de conhecimentos 
ou ações a partir da interação com o meio ambiente e com o social. 
 É com a experiência, com a prática, com as atitudes e através do estudo que se adquire 
conhecimento. Mas para ter sucesso, é preciso que seja construído de forma gradativa, etapa 
por etapa, considerando cada fase do desenvolvimento da criança. 
 Cabe ao professor intermediar situações que estimule a participação ativa do aluno nesse 
processo, a fim de desenvolver as habilidades necessárias para passar à próxima fase. 
 Assim, a cada etapa superada, o professor pode aumentar a complexidade do ensino, pois o 
aluno já deverá estar familiarizado com os requisitos necessários para conseguir desenvolver 
as novas habilidades. 
 A construção do conhecimento é uma atividade compartilhada, onde os mais experientes 
auxiliam os menos experientes no desenvolvimento das habilidades. 
 Existem três teorias da aprendizagem que explicam o desenvolvimento de experiências de 
aprendizagem acumuladas: 
 A primeira é o condicionamento clássico, quando os estímulos neutros associados a estí-
mulos naturais estimulam a mesma resposta – automática ou condicionada (emoção ou refle-
xo), após ter sido combinada diversas vezes com esse estímulo. 
 A segunda é o condicionante operante ou condicionamento instrumental, estimula mudan-
ças de comportamento por reforço e punição. A criança entende que deve mudar ou manter 
um comportamento devido às consequências que ele produz. 
 A terceira teoria, sociocognitiva de Bandura, defende que as pessoas aprendem através de 
um modelo, de forma que isso depende como interpretam a situação cognitiva e emocional-
mente. Nem sempre é necessário um esforço direto, pois também pode ser aprendida por ob-
servar alguém realizando uma atividade. Através deste modo de aprendizagem, pode-se reter 
informação abstrata e habilidades concretas. 
 
 
 
 
 
 
14 
 
1.2 Trantornos de Aprendizagem 
 
As dificuldades de aprendizagens são difíceis de defini-las, pois formam um grupo 
heterogêneo, podem ser categorizadas, como transitórios ou permanentes sendo que podem 
ocorrer em qualquer momento no processo de ensino aprendizagem e correspondem a déficit 
funcionais superiores como linguagem, percepção, raciocínio logico, cognição, atenção e 
afetividade (BERMEJO & LLERA, 1997, DOCKRELL & Mc SHANNE, 1997, GARCIA, 
1998) 
Segundo alguns autores, dificuldades de aprendizagem são entendidas como um grupo 
heterogênio de transtornos que podem afetar crianças, adolescentes e adultos, se manifestando 
por meio de atrasos ou dificuldades na escrita, leitura e cálculo. 
Normalmente, o aluno com algum transtorno de aprendizagem é estigmatizado como 
aluno problema. 
O aluno problema é tomado, em geral como aquele que padece de certos supostos 
“distúrbios” psicopedagógico, distúrbios estes que podem ser de natureza cognitiva (os tais 
distúrbios de aprendizagem) ou de natureza comportamental, e nessa ultima categoria 
enquadra-se um grande conjunto de ações que chamamos usualmente de indisciplinados”. 
Dessa forma, a indisciplina e o baixo aproveitamento dos alunos seriam como duas faces de 
uma mesma moeda, representando os dois principais obstáculos para o trabalho docente. 
Aquino (1997 p.2) 
Nunca se falou tanto em dificuldades de aprendizagem como nos dias atuais. Apesar de 
terem consciência destas dificuldades, pais e professores muitas vezes não sabem como lidar 
com o problema, um transferindo a culpa para o outro, e vice-versa. É justamente nas séries 
iniciais que irão começar as dificuldades de aprendizagem, pois é neste período que a criança 
terá a oportunidade de desenvolver o conhecimento adquirido na convivência familiar e 
social. 
Antes disso, apesar de, muitas vezes, os pais perceberem alguma dificuldade da criança 
numa atividade específica, não conseguem ainda relacionar a distúrbios de aprendizagem, 
acreditando tratar-se de dificuldades normais do desenvolvimento mental e intelectual. 
Somente pais que já possuem algum conhecimento e experiências relacionadas a algum 
transtorno, estando atentos, podem antever estas dificuldades, para que possam iniciar uma 
intervenção precoce. 
Conforme José e Coelho (1997), todo e qualquer problema de aprendizagem sugere um 
cuidadoso e amplo trabalho, além de uma investigação no campo em que se manifesta, este 
 
 
15 
 
trabalho envolve a participação do professor e da família da criança, para fazerem uma analise 
da situação e levantar informações sobre o que está representando esta dificuldade ou 
empecilho para que este aluno não aprenda. 
O professor precisa estar atento para identificar o estágio de aprendizado em que o 
aluno se encontra, a fim de perceber se o problema de aprendizagem é uma dificuldadenormal ou patológica. O problema de aprendizagem pode ser considerado como um sintoma, 
no sentido de que o não aprender não configura um quadro permanente, a maneira e a 
intensidade com que se apresentam, e a duração tornam difícil para o professor diferenciar um 
problema de aprendizagem de um distúrbio, ficando para um especialista na área a tarefa de 
diferenciar uma da outra (JOSÉ E COELHO, 1997) 
Para Coll, Marchesi e Palacios (2004), as dificuldades podem ser classificadas em gerais 
ou graves, permanentes, específicas e inespecíficas, além de evolutivas. As dificuldades de 
aprendizagem gerais afetam todas as aprendizagem, sendo escolares e não escolares. As 
dificuldades graves afetam a parte motora e cognitiva da criança, consequência de algum dano 
cerebral, adquirido ou já existente, de alguma má-formação, por exemplo. As dificuldades de 
aprendizagem permanentes são aquelas de difícil solução, já as inespecíficas não afetam o 
desenvolvimento a ponto de impedirem a aprendizagem. As dificuldades específicas são 
aquelas que afetam áreas específicas da aprendizagem, como escrita e leitura. As evolutivas se 
devem a atrasos no desenvolvimento. 
Existem diferentes formas de conceber as Dificuldades de Aprendizagem (DAs), 
segundo as diferentes condições as quais as crianças são expostas, conforme abaixo: 
“Smith e Strick (2012, p.15 ) define as Dificuldades de Aprendizagem como uma gama de 
problemas que podem afetar qualquer área do conhecimento do individuo e que raramente 
elas são atribuídas a uma única causa, pois aspectos diferentes podem prejudicar o bom 
funcionamento do cérebro.” 
“Embora muitas crianças com dificuldades de aprendizagem sentem-se felizes e bem ajus-
tadas, algumas (até metade delas, de acordo com estudos atuais) desenvolvem problemas 
emocionais relacionados. Estes estudantes ficam tão frustrados tentando fazer coisas que 
não conseguem que desistem de aprender e começam a desenvolver estratégias para evitar 
isso. Eles questionam sua própria inteligência e começam a achar que não podem ser aju-
dados. Muitos se sentem furiosos e põem pra fora, fisicamente, tal sensação; outros se sen-
tem ansiosos e deprimidos.” 
 
As dificuldades de aprendizagem acabam por afastar estas crianças do convívio social, 
gerando baixa autoestima. Existem muitas pesquisas nos últimos anos a fim de estudar o 
funcionamento do cérebro, comparando-se cérebros normais com aqueles de pessoas com 
dificuldades de aprendizagem, no entanto o entendimento é mais complexo do se pensa, pois 
o desenvolvimento é influenciado também por outros fatores, que não podem ser mensurados, 
como o ambiente social em que está inserida. 
 
 
16 
 
Em relação aos aspectos psicológicos, Barbosa (2015) faz a seguinte reflexão: 
“Este aspecto envolve principalmente a autoestima, ansiedade e como a criança conse-
gue se autorregular diante de suas vivências sejam elas positivas ou negativas. Levando 
em consideração que a aprendizagem passa pelo sistema nervoso central Smith e Strick 
(2012, p. 27) relatam que “[...] especialistas acreditam que alguns indivíduos desenvol-
vem dificuldades de aprendizagem porque partes de seus cérebros simplesmente ama-
durecem mais devagar que o habitual.”, este aspecto é bastante relevante para ser con-
siderado, uma vez que cada ser humano é único e por mais que sejam estabelecidos de-
terminados padrões para o desenvolvimento que são semelhantes para a maioria, não 
serão todos que conseguirão se encaixar dentro destes, pois cada ser humano é dife-
rente do outro, ou seja, amadurecemos e respondemos aos estímulos de maneiras dife-
rentes. Gómez e Terán (2009) relatam também que algumas disfunções e alterações do 
sistema nervoso central podem se originar durante a gravidez, através de doenças vi-
rais, falta de nutrientes, alcoolismo, tabagismo, drogas, entre outros; durante o parto 
com a falta de oxigenação, baixo peso, desnutrição, infecções neonatais e prematuri-
dade; e após o parto por meio de acidentes e traumas neurológicos, infecções, intox-
icações e desnutrição.” 
 
Para Sampaio (2009), são muitos os distúrbios que a criança com dificuldades apresenta 
na aprendizagem, os mais citados no meio escolar são o TDAH (Transtorno do Déficit de 
Atenção com ou sem Hiperatividade), a Dislexia, a Discalculia, a Disgrafia e a Disortografia. 
O TDAH é um dos principais motivos relacionado às dificuldades de aprendizagem, no 
entanto um dos mais difíceis de tratar, devido aos sintomas de desatenção, inquietude e 
impulsividade. É um transtorno neurobiológico, de causas genéticas, que surge durante a 
infância e acompanha o indivíduo por toda a vida. É o transtorno mais comum que acomete 
crianças e adolescentes, afetando de 3 a 5% delas no mundo inteiro, apesar de muitas vezes as 
pessoas não acreditarem que isto seja um problema de saúde. Caracteriza-se naquela criança 
que não consegue prestar atenção na aula, vive agitada, não fica quieta, é muito agitada e 
impulsiva. 
Estudos científicos mostram que portadores de TDAH apresentam problemas nos 
neurotransmissores dopamina e noradrenalina, na região frontal do cérebro. Estudos também 
mostram que mães dependentes de álcool durante a gravidez são mais propícias a gerar filhos 
com TDAH. 
 As causas do TDAH não são totalmente conhecidas e supõe-se que é a combinação de 
alguns fatores ambientais, genéticos e biológicos. Para este transtorno especificamente, não se 
acredita estar relacionado a fatores culturais ou psicológicos, pois aparece igualmente em 
varias regiões do planeta. 
 Existem alterações na anatomia do cérebro de crianças e adolescentes com TDAH. 
Entretanto, com o tempo, estas alterações diminuem, e nos adultos quase não são perceptíveis. 
 
 
17 
 
 Os exames de imagem cerebral constatam que o volume cerebral e a espessura do córtex 
são menores em quem tem TDAH. Além disso, também ocorrem alterações na amígdala 
(responsável por regular nossas emoções) e no hipocampo (ligado às motivações e à formação 
da memória). E pesquisas apontam que o transtorno também afeta áreas do cérebro 
relacionadas ao sistema de recompensas. 
Portadores de TDAH ativam circuitos cerebrais diferentes das demais pessoas quando 
precisam manter a atenção em alguma coisa por algum tempo (detectado por exames). 
 Durante a infância, ele se manifesta através de dificuldades na escola e no 
relacionamento com os colegas, pais e professores. Hiperatividade e impulsividade são os 
sintomas mais comuns nos meninos e a desatenção é o sintoma mais comum nas meninas. 
 Já na adolescência, o TDAH se manifesta na dificuldade em lidar com regras e 
imposição de limites. Na fase adulta, os sintomas que prevalecem são a desatenção, a falta de 
memória e a impulsividade. Muitas pessoas adultas com este transtorno acabam apresentando 
outros problemas associados, como depressão e ansiedade, além do abuso de álcool e drogas. 
Alguns pais também possuem o transtorno, no entanto, não sabem disso, devido à época de 
infância não haver os métodos de hoje para detecção. 
Uma criança precisa apresentar pelo menos 6 sintomas de desatenção e 6 de 
hiperatividade ou impulsividade para serem diagnosticados portadores de TDAH. Além disso, 
estes sintomas devem aparecer antes dos 12 anos, causarem problemas em casa e na escola, 
por exemplo, no mínimo por seis meses. No caso de uma criança introspectiva, o diagnóstico 
é mais difícil, pois nem sempre os sintomas são visíveis. 
Já a Dislexia é caracterizada por dificuldade no reconhecimento preciso e/ou fluente da 
palavra, na habilidade de decodificação e em soletração. Essas dificuldades normalmente 
resultam de um déficit no componente fonológico da linguagem e são inesperadas em relação 
à idade e outras habilidades cognitivas. (IDA – International Dyslexia Association, em 2002). 
A criança com Dislexia não consegue soletrar as letras como deveria, tendo muita 
dificuldade neste sentido. A Dislexia podeser identificada através de alguns sinais, tais como: 
desatenção e dispersão, dificuldade ao copiar textos do quadro ou de livros, dificuldades na 
coordenação motora, vocabulário pobre. É considerado um distúrbio neurológico e genético. 
A Dislexia não tem cura, mas pode ser controlada com tratamento psicológico e/ou 
fonoaudiólogo. 
Conforme Sampaio (2009) citando Nunes (2003, p.43), Já existe evidência de que as 
crianças disléxicas têm dificuldades na construção da consciência fonológica. Elas 
 
 
18 
 
demonstram maior dificuldade em si tornar conscientes da estrutura fonológica das palavras, 
mesmo quando comparadas a criança mais jovem com igual desempenho em leitura. 
A dislexia não tem relação com falta de inteligência. A criança com este transtorno não 
tem Q.I inferior a outra criança sem o transtorno, elas se atrapalham com palavras mas podem 
se dar bem em outras áreas, como em cálculos por exemplo. É mais comum em meninos do 
que em meninas. O fato é que como outros transtornos de aprendizagem, pode prejudicar 
muito o desenvolvimento da criança, causando ansiedade, insegurança e até mesmo 
depressão. O diagnóstico é feito por neurologistas, fonoaudiólogos e psicólogos, entre os 8 e 9 
anos de idade. Testes de audição e visão, bem como testes de fluência verbal são importantes 
para complementar o diagnóstico. 
Segundo Hugh Catts, por muitos anos, defendeu-se que a dislexia seria causada por um 
único déficit subjacente, mais especificamente um problema no processamento fonológico. 
Dificuldades para armazenar, recuperar e/ou refletir sobre os sons da língua gerariam 
problemas para as crianças aprenderem a organizar as letras em sons de palavras. 
Embora as pesquisas mais recentes mostrem que nem todas as crianças com dislexia 
tenham dificuldades fonológicas e que nem todas as crianças com dificuldades fonológicas 
tenham dislexia, isso resultou em modelos multifatoriais das causas da dislexia, que defendem 
que múltiplos fatores funcionam juntos para causar as dificuldades de leitura. 
O problema fonológico pode ser uma dificuldade primária, mas interage com outros 
fatores para aumentar ou reduzir a chance de dislexia. 
Outro transtorno de aprendizagem conhecido é a Discalculia, caracterizado pela 
dificuldade com os números, com as operações matemáticas básicas, começando bem cedo, 
afetando em torno de 1% das crianças. Ela pode ser classificada como verbal, practognóstica, 
léxica, gráfica, ideognóstica ou operacional, dependendo do tipo de dificuldade que a criança 
apresenta. Não existe cura, nem mesmo medicamentos, exceto quando associado ao TDAH. 
Nos dias de hoje ainda se procuram entender as causas da discalculia. Desta forma, a 
buscas se dá por várias frentes: no campo neurológico, a discalculia foi associada com as 
lesões ao supramarginal e os giros angulares na junção entre os lóbulos temporal e parietal do 
córtex cerebral. No campo da memória, Adams e Hitch discutem que a memória trabalhando é 
um fator principal na adição mental. Foi conduzido um estudo que sugerisse que era um 
deficit de memória para aqueles que sofreram de discalculia. 
 
 
19 
 
Entretanto, os problemas trabalhando na memória são confundidos com dificuldades de 
aprendizagem gerais. Assim, os resultados de Geary não podem ser específicos à discalculia 
mas podem refletir um déficit de aprendizagem maiores. 
Outras causas relacionadas para a discalculia podem ter relação com a memória de curto 
prazo (sendo difícil recordar-se dos cálculos), bem como uma desordem congênita ou 
hereditária, e ainda uma combinação destes fatores. 
Os sintomas da discalculia podem manifestar-se como extrema dificuldade em trabalhar 
com números e símbolos matemáticos, fórmulas, e enunciados, apesar do aluno ser capaz de 
entender conceitos matemáticos, pois seu pensamento lógico está inabalado. Uma 
representação matemática pode ser entendida, mas surge dificuldades para resolver 
problemas, mesmo que eles remetam à expressão matemática compreendida. 
 As dificuldades são frequentes com os números, confundindo as operações de adição, 
subtração, multiplicação e divisão, também para diferenciar entre esquerdo e direito, falta de 
senso de direção, inabilidade de dizer qual de dois números é o maior, dificuldade com 
tabelas de tempo e cálculo mental. Apresentam ainda dificuldades quando um nível mais 
elevado de cálculo é necessário. 
A discalculia pode ser verbal (quando há dificuldade para nomear as quantidades 
matemáticas, os números, os termos, os símbolos e as relações), practognóstica (dificuldade 
para enumerar, comparar e manipular objetos reais ou em imagens matematicamente), léxica 
(dificuldades na leitura de símbolos matemáticos), gráfica (dificuldades na escrita de símbolos 
matemáticos), ideognóstica (dificuldades em fazer operações mentais e na compreensão de 
conceitos matemáticos) ou operacional (dificuldades na execução de operações e cálculos 
numéricos). 
Também como distúrbio de aprendizagem temos a Disgrafia, que consiste na 
dificuldade da escrita, do grafismo das letras. Segundo Lyra, as crianças com disgrafia 
apresentam ainda, uma Disortografia, quando amontoam letras para esconder os erros 
ortográficos. O digráfico apresenta algumas características como; lentidão na escrita, letra 
ilegível, escrita desorganizada, traços muitos fortes chegando a marcar o papel, muita 
desorganização na folha de escrita, as letras em geral são escritas no sentido contrário, além 
da escrita em espelho. 
O processo de aprendizado da leitura e escrita é um processo gradual e a velocidade 
depende do ritmo e entendimento de cada uma, envolvendo várias fases. Segundo Zorzi 
 
 
20 
 
(2009, p.153), o desenvolvimento de algumas capacidades são necessárias para que o 
processo aconteça, são elas: 
- O desenvolvimento de uma capacidade para segmentar palavras, partindo destas como 
um todo, passando pelas sílabas e chegando ao nível dos fonemas, identificando-os e gerando 
um conjunto; 
- Uma capacidade para compreender, ou constatar que as diferentes palavras 
constituem-se a partir da combinação dos fonemas que compõem tal conjunto. 
- Compreender que, para cada fonema existe, no mínimo, uma letra para representa-lo. 
Isto significa aprender o valor sonoro das letras e estabilizar as correspondências fonemas-
grafemas. Desta forma, a um conjunto limitado de fonemas também corresponde um conjunto 
limitado de símbolos gráficos. 
- Compreender que, para escrever uma palavra, o ponto de partida é analisar sua 
estrutura sonora, identificar cada um dos fonemas componentes e atribuir a eles as letras 
correspondentes. 
- Compreender que, para ler, deve-se atribuir às letras os sons que elas representam, unir 
os fonemas em sílabas e as sílabas em palavras. 
Segundo García, J. (2010), uma pessoa pode possuir mais de um transtorno, o que 
considera como transtornos sobrepostos. Neste caso, a análise dos transtornos deve ser feita 
de forma diferenciada. Como exemplo de transtornos sobrepostos, ele enumera os seguintes: o 
transtorno por déficit de atenção e hiperatividade (ADHD), os transtornos da fala, como a 
gagueira e a linguagem confusa, outros transtornos da infância, meninice ou adolescência, 
como o mutismo seletivo ou o transtorno por déficit de atenção indiferenciado, a deficiência 
mental ou os transtornos generalizados do desenvolvimento. (GARCÍA, J., 2010, p. 73) 
 As principais avaliações a fim de detectar a possibilidade de transtorno de aprendizagem 
são as seguintes: 
 - Avaliação cognitiva que inclui testes de inteligência verbal e não verbal e normalmente 
é feita por um psicólogo educacional. Pode-se usar testes psicoeducacionais para descrever a 
maneira preferida pela criança, de processar informações. Avaliações neuropsicológicas são 
úteis para detectar lesão cerebral ou doenças, mapear as áreas cerebrais que correspondem a 
fragilidade e tensões funcionais específicas.Avaliações da fala e linguagem analisam a 
integridade da compreensão e uso da linguagem, processamento fonológico e memória verbal, 
e também podem avaliar a linguagem pragmática. 
 
 
21 
 
 - Observação pelos professores do comportamento em sala de aula, bem como avaliação 
de desempenho e educacional são importantes, pois medem fluência, compreensão, 
decodificação da palavra e compreensão. Verificar a escrita alerta para as dificuldades de 
ortografia, sintaxe e fluência de ideias. As habilidades matemáticas a serem avaliadas devem 
ser em termos de interpretação de conceitos, compreensão de problemas, conhecimento de 
operações. 
 - Avaliação médica considera histórico da família e da criança. Importe realizar exame 
físico, neurológico e do desenvolvimento intra-craniano. Alterações físicas e neurológicas 
detectadas por exames podem ser passíveis de tratamento. No entanto, dificuldades 
relacionadas à coordenação motora podem estar relacionadas a retardo no desenvolvimento 
neural. Para estas avaliações, são utilizados critérios padronizados. 
 - Avaliação psicológica, ansiedade, baixa autoestima, distúrbios de conduta, depressão 
não representam, necessariamente, ligação com dificuldades de aprendizagem. Precisam ser 
analisados conjuntamente com atitudes na escola, motivação, relacionamentos e 
autoconfiança. 
 
 
 
22 
 
2. MÉTODO 
O método de realização da pesquisa qualitativa teve como instrumento de análise o 
levantamento bibliográfico. Neste sentido, buscou-se autores que procuraram analisar o tema 
proposto, buscando soluções teóricas e/ou práticas para o problema. 
O foco foi no levantamento das dificuldades e transtornos de aprendizagem, o 
conhecimento dos fatores de risco para o desenvolvimento das patologias, e as possíveis 
soluções e interveções a fim de auxiliar o estudante na superação destas dificuldades. 
Neste sentido, as obras pesquisadas foram as seguintes: 
Artigo - As dificuldades de aprendizagem no contexto escolar - Prof Me Glaciene Januario 
Hottis Lyra. 
Artigo - Dificuldade de aprendizagem no contexto escolar - Mariana de Barros Barbosa. 
Dificuldades e transtornos da aprendizagem - Revisão de literatura - Mariluce Paolazi 
Chiarello. 
 
 
 
 
 
 
 
23 
 
3. ANÁLISE E PROSPOSTAS DE INTERVENÇÃO 
3.1 Relação Professor-Aluno 
Umas das principais preocupações da comunidade escolar é o relacionamento entre a-
luno e professor, em como se dá essa conexão. Muitas vezes, não é dada a devida atenção a 
este importante fator, que pode ser a causa de sucesso ou fracasso na jornada do aprendizado. 
É preciso criar condições favoráveis para que alunos e professores possam refletir a-
cerca desse relacionamento e da importância de uma boa comunicação e interação. Algumas 
ferramentas de análise também podem ser importantes para incentivar essa reflexão. 
Para tanto, é preciso considerar a atual realidade de escola, como ela é administrada, 
quais recursos possui, como é o ambiente social em que está inserida, ambiente este que tam-
bém é o mesmo onde o aluno está realizando suas atividades fora da escola. 
Então, a comunidade escolar precisa ter conhecimento sobre todos estes fatores a fim 
de conseguir desenvolver um bom relacionamento com o aluno, inserindo-se no seu mundo, 
na sua realidade escolar e social. 
Em muitas escolas, nos dias atuais, percebe-se muita animosidade entre alunos e pro-
fessores, os professores reclamando dos alunos difíceis de lidar, e os alunos reclamando dos 
professores insensíveis e sem didática. 
Por isso, é muito importante resolver estas questões da melhor forma possível, tendo 
em vista que a relação aluno-professor pode contribuir muito no processo de ensino-
aprendizagem. 
O papel dos professores na vida dos alunos é muito importante, mas muitos professo-
res não tem essa consciência. O professor com uma boa formação consegue ver a dimensão da 
sua responsabilidade com os alunos. Por isso, a boa formação do professor é muito importan-
te. Alguns professores ainda acreditam que ensinar é simplesmente passar o conteúdo e cobrar 
o conhecimento nas provas posteriormente. 
É necessário que o professor volte a ter consciência do seu papel de protagonista no 
desenvolvimento escolar do aluno, não o protagonismo de passar o conteúdo, mas o protago-
nismo de ser o mestre do aluno, o exemplo, aquele em que ele pode confiar. 
Teríamos que conseguir que os outros acreditem no que somos. Um 
processo social complicado, lento, de desencontros entre o que somos para 
nós e o que somos para fora [...] Somos a imagem social que foi construída 
sobre o ofício de mestre, sobre as formas diversas de exercer este ofício. Sa-
bemos pouco sobre a nossa história (ARROIO, 2000, p.29). 
 
 
 
24 
 
Segundo Lopes, citando Pimenta (2002), faz-se necessário compreender com mais 
profundidade o conceito de professor reflexivo, pois o que parece estar ocorrendo é que o 
termo tornou-se mais uma expressão da moda, do que uma meta de transformação propria-
mente dita. 
A formação do professor nunca está acabada, ela é contínua, pois ele precisa estar con-
tinuamente se atualizando acerca da realidade social, cultural e organizacional, podendo inter-
vir e ser agente transformador. 
Em todo o processo de aprendizagem, a interação é necessária e essencial. Na escola, 
ela se torna imprescindível e inevitável, por isso deve ser estimulada. Cabe ao professor inici-
ar essa interação e incentivar a participação do aluno, para que ocorra o sucesso no alcance 
dos objetivos de ensino. 
 Segundo Paulo Freire, 
[...], o diálogo é uma exigência existencial. E, se ele é o encontro em que se 
solidarizam o refletir e o agir de seus sujeitos endereçados ao mundo a ser 
transformado e humanizado, não pode reduzir-se a um ato de depositar idéias 
de um sujeito no outro, nem tampouco tornar-se simples troca de idéias a se-
rem consumidas pelos permutantes. (FREIRE, 2005, p. 91). 
Freire valoriza o diálogo como um importante instrumento na construção das pessoas. 
Mas também defende a ideia de que só é possível uma prática educativa dialógica, se os edu-
cadores acreditarem no diálogo como um fenômeno capaz de fazer homens e mulheres refleti-
rem e agirem. 
Ele quer dizer que não basta dialogar, é preciso acreditar que o diálogo é capaz de ge-
rar resultados satisfatórios, impulsionando as pessoas a buscarem as soluções. 
Um professor que sabe dialogar com os seus alunos, desenvolve uma relação de confi-
ança com eles, não sendo visto como um mero fornecedor de conteúdo, mas alguém disposto 
a ouvi-los, um mediador de ideias e opiniões. Neste tipo de relação, todos ganham, e os alu-
nos acabam tornando-se pessoas capazes de refletir criticamente sobre a realidade, agindo de 
forma a modificar as situações para melhor. 
Para Vygotsky, a atuação do professor é de suma importância já que ele exerce o papel 
de mediador da aprendizagem do aluno. Esse papel mediador irá colaborar para os avanços e 
conquistas dos alunos relacionados à aprendizagem. 
Ainda, segundo Vygotsky, a escola é privilegiada por ser um local onde se podem reunir 
grupos bem diferenciados, que podem ser trabalhados para que a singularidade de cada aluno 
possa ser respeitada. Através da mediação, considerando o espaço oportuno que a escola ofe-
rece, pode-se criar um elo de interação constante no processo de ensino-aprendizagem. 
 
 
 
25 
 
 
3.2 Propostas de Intervenção 
 Considerando-se todo o contexto que envolve o processo de aprendizagem, bem como a 
complexidade a nível de desenvolvimento envolvida neste processo, tendo em vista ainda os 
diversos tipos de dificuldades de aprendizagem, faz-se necessário buscar soluções a fim de 
minimizar estas dificuldades. Intervenções devem ser pontuais voltadas às particularidades de 
cada caso e tem como objetivo auxiliar na superação e adaptação de limitações e dificuldades, 
visando impulsionar o pleno desenvolvimento.Num primeiro momento, é necessário identificar quem são as pessoas que apresentam 
alguma dificuldade de aprendizagem, o que se faz com observação e capacidade de 
percepção. A partir desta identificação, é importante uma intervenção específica e individual 
pelos professores, mas também no ambiente familiar, pois é neste local onde as crianças 
passam a maior parte do seu tempo, segundo Coll, Marchesi e Palacios (2004). 
Ainda, conforme Coll, Marchesi e Palacios (2004, p.88), o professor deve planejar e 
aplicar a aula, partindo do interesse e competências das crianças, evitando corrigil-la ou 
reforçando os seus erros, ao contrário, deve estimular os acertos e elogiá-los. Dessa forma, 
incetiva a criança a acertar novamente, e tira o foco daquilo que ela errou, para que a mesma 
não venha a sentir-se fracassada. 
 O professor deve utilizar os meios disponíveis que colobarem para o bom entendimento 
da criança, como gestos, expressões faciais, vídeos, figuras, enfim, tudo o que julgar 
importante para estabelecer uma melhor comunicação com o aluno, principalmente quando o 
aluno já encontra-se desmotivado com aquela disciplina ou conteúdo. Neste caso, o esforço do 
professor deve ser maior, e contar com a participação da família nesta fase é muito 
importante. A leitura, por exemplo, permite explorar um mundo de possibilidades. Segundo 
Souza (1992), ler é interpretar uma percepção sob as influencias de um determinado contexto. 
Esse processo leva o individuo a uma compreensão particular da realidade. 
 
“A criança normalmente já tem conhecimento prévio de seus problemas, porem não sabe 
quais são nem o porque. Uma explicação ajudará a compreensão de si mesma. Como já 
tinha sido rotulado como ‘mau aluno’, agora vem a oportunidade para a criança vencer. 
Ela tem de compreender isto. Algumas vezes ele não esta disposto a fazer suas lições. 
Existem outras maneiras de ensinar sem usar lápis e papel. Os jogos, por exemplo, podem 
ajudar. Seja versátil em relação ás necessidades da criança. (JOSÉ E COELHO, 1997)” 
 
 
 
26 
 
Caso os métodos e esforços do professor não estejam dando resultado ou este resultado 
não seja o esperado, é o momento de contar com o apoio de um psicopedagogo, profissional 
capacitado, para, juntamente com o professor, buscar os melhores meios para solicionar uma 
dificuldade específica de aprendizagem, mudando a metodologia, se necessário. Segundo 
Ferreira (2008, p.141), o psicopedagogo articula contribuições de áreas como a Psicologia, 
Pedagogia e Medicina, entre outras, com o objetivo de por à disposição do indivíduo a 
construção do seu conhecimento e a retomada do seu processo de aprendizagem. 
É importante que a avaliação psicopedagógica aconteça com a participação da família, a 
fim de passar informações do convívio social, das condições a que o aluno está sujeito e das 
dificuldades apresentadas fora do ambiente escolar, para colaborar com o diagnóstico e na 
melhor forma de intervenção por meio da escola. 
De acordo com Silva (2006), o ensino deve ser sem autoritarismo, mas com sabedoria e 
respeito com as experiências e bagagens de cada indivíduo, utilizando estes saberes a fim de 
discutir e refletir o que foi proposto. 
 
“Sendo assim, todo o trabalho que o professor desenvolve no cotidiano da sala de aula 
demonstra algum saber pedagógico possuído por ele, ou adquirido em sua formação 
inicial ou em torno de seu espaço de trabalho: a escola. Este último representa boa parte 
de conhecimento que vai se consolidando com a prática em seu cotidiano (SILVA, 2006, p. 
30).” 
 
 Mesmo que o professor precise ser o mais didático possível para com o aluno com 
dificuldades, também é importante estimular a autonomia, para que o mesmo sinta-se capaz 
de realizar determinada tarefa for si mesmo, sem que tenha que recorrer ao professor. Este 
reconhecimento de autonomia dever ser estimulado, mas não quer dizer que o aluno deve ser 
desamparado caso precise de auxílio. O auxílio sempre deve estar disponível, mas ao mesmo 
tempo este auxílio deve caminhar juntamente com o incentivo à autonomia. 
 A autonomia é adquirida quando o aluno passa a sentir interesse em aprender, sente-se à 
vontade com o conteúdo. Sabe da dificuldade, mas ainda assim, sente-se estimulado a 
continuar. 
Segundo Fonseca (1995, p. 131): 
 
“A noção de motivação está também intimamente ligada à noção de aprendizagem. A 
estimulação e a atividade em si não garantem que a aprendizagem se opere. Para aprender é 
 
 
27 
 
necessário estar-se motivado e interessado. A ocorrência da aprendizagem depende não só do 
estímulo apropriado, como também de alguma condição interior própria do organismo.” 
 
O professor, como mediador, deve estimular a interação social, para que os outros 
alunos tomem consciência da dificuldade do colega, e este sinta-se acolhido e como parte de 
um grupo. 
Segundo Sampaio (2009), o professor-mediador é que dará as coordenadas para que as 
descobertas aconteçam na vida escolar destas crianças, a melhor maneira para orientar seus 
alunos esta em suas mãos, de modo que possam fazer deste conhecimento algo prazeroso e 
significativo para toda suas vidas. 
Para Antunes (2008, p. 23), um verdadeiro mestre usa a sala de aula, mas sabe que seus 
alunos aprendem dentro e fora da mesma e, dessa forma, quando a esse espaço se restringe faz 
do mesmo um elo estimulador de desafios, interrogações, proposições e ideias que seus 
alunos, em outros espaços, buscarão. Uma aula de verdade não se confina à sala de aula e os 
saberes na mesma, provocados representam desafios para que os alunos os contextualizem na 
vida que vivem. Professauros adoram salas de aula, pois, confinados em espaço restrito, não 
contam com a crítica de quem analisa sua repetitiva conduta. 
O professor pode incentivar o diálogo, estimulando a exposição das diferenças e as 
semelhanças entre os conhecimentos e vivência de cada criança, sempre com muito respeito e 
parcimônia, a fim de criar união, empatia e entendimento, nunca com o intuito de segregar. 
Quando o aluno com dificulades percebe que todos de alguma forma tem as mesmas 
dificuldades, porque todos tem alguma dificuldade em algo, pode sentir que não está sozinho 
nesta jornada, servindo de incentivo para esforçar-se no aprendizado. 
 Desta forma, não menos importante é necessidade da escola manter um registro da vida 
escolar do aluno, desde quando iniciou seus estudos, relacionando no seu cadastro tudo de 
relevante que possa influenciar no seu desenvolvimento. 
A família tem delegado a função de educar somente para a escola, e, esta se vê com a 
obrigação de transmitir conhecimentos ao mesmo tempo que recebe influência do convívio 
social em que a criança está inserida. Assim, é fundamental a participação dos pais na 
formação da criança, no acompanhamento do desempenho escolar e das dificuldades 
apresentadas, pois conhecem o mundo em que ela está se desenvolvendo, podendo colaborar 
com a escola, passando informações para os professores que possam servir de apoio para o 
entendimento ou como ferramenta de intervenção. 
 
 
28 
 
Para Furtado e Borges (2007, p.10-11), família é o primeiro contato social que a criança 
tem, por isso é essencial a forma como a família direciona a criança. Suas crenças, seus 
valores sua visão de vida já é internalizado dentro de casa, no convívio com os pais e os 
irmãos. 
 O comprometimento deve ser mútuo, de todos os envolvidos, tanto escola como família. 
A escola deve respeitar o tempo e bagagem de cada família e ter a percepção necessária a fim 
de apoiar aquela família que ainda não entende toda a complexidade do processo de ensino-
aprendizagem. Já a família deve confiar no profissionalismo e capacidade dos professores e 
pedagogos 
 As dificuldades de aprendizagem, conforme relatado em capítulo específico podem ser 
de vários tipos, desde simples até as mais complexas, envolvendo aspectos emocionaise/ou 
neurológicos, considerando ainda a disciplina que o aluno sente mais dificuldade, podendo ser 
em cálculos matemáticos ou somente no desenvolvimento da escrita, ou até mesmo, ambos. 
Para cada tipo de dificuldade deve haver uma intervenção diferente. Se o diagnóstico for 
Discalculia, por exemplo, o enfoque pedagógico deve ser voltado para a disciplina de 
matemática. Se o diagnóstico for problema de escrita, a metodologia deve ser direcionada 
para o desenvolvimento da escrita. 
Barbosa (2015), em sua pesquisa sobre as dificuldades de aprendizado de leitura e 
escrita, informa que, na escola pesquisada, no ano de 2014 estavam matriculados um total de 
450 alunos, sendo que dentre estes, 108 apresentavam algum tipo de dificuldade de 
aprendizagem, o que corresponde a 24% dos alunos. Destes 108 alunos que apresentavam 
dificuldades 26 estavam matriculados no primeiro ano, 23 no segundo, 13 no terceiro, 26 no 
quarto e 20 no quinto. 
As dificuldades dos alunos vão desde o processo inicial de alfabetização com 
dificuldades para reconhecer as letras, grafá-las e organiza-las no espaço da linha do caderno; 
outros alunos apesar de já estarem alfabetizados tem dificuldade com a leitura e compreensão 
dos textos lidos, apresentam um pequeno repertório para a construção de textos e também 
possuem dificuldades para elaborá-los de forma coerente e coesa. 
Demonstrou, como exemplo, uma atividade desenvolvida com um aluno do terceiro 
ano, na qual foi realizado um ditado de campo semântico. Este ditado é composto por dez 
palavras e se inicia com palavras polissílabas, seguidas de palavras trissílabas, dissílabas e por 
fim palavras monossílabas. O campo semântico escolhido foi “objetos do material escolar” 
 
 
29 
 
por este conter palavras e objetos conhecidos pelo aluno e por estas pertencerem e estarem 
envolvidas em seu cotidiano. 
Neste ditado, as palavras que não foram escritas corretamente foram: apontador que foi 
escrito APODADO, ele fez a omissão da letra N e R e trocou a letra T pelo D; calendário foi 
escrito CALEDAIRO, temos aqui a omissão da letra N e a inversão da posição da letra I; 
carteira foi escrito CATEIRA, o aluno fez a omissão da letra R; borracha foi escrito 
BORASA, ele fez a omissão das letras C, H, R e fez a inclusão da letra S, a qual não é 
utilizada para escrever esta palavra; caderno foi escrito CADANO, houve a omissão da letra E 
e R e foi incluída uma segunda letra A que não é necessária para a escrita dessa palavra; livro 
foi escrito LIRO, ele fez a omissão da letra V; lápis foi escrito LASI, o aluno omitiu a letra P 
e inverteu a letra S de posição; giz foi escrito JIS, houve a troca da letra G pelo J e da letra Z 
pelo S. 
 
“Ao realizar este tipo de atividade diagnóstica recomenda-se que as palavras ditadas 
sejam do mesmo campo semântico, pois quando a criança ouve a palavra, ela tenta 
construir mentalmente a imagem da mesma e por conta disso no início da alfabetização é 
recomendado que utilizemos esse tipo de ditado, pois assim fica mais fácil da criança fazer 
esta construção mental. Se ditarmos palavras que não pertencem a um mesmo grupo isso 
poderia confundir a criança, uma vez que ela teria que buscar várias imagens mentais 
diferentes ao mesmo tempo. Com esta atividade também podemos ver o nível de escrita em 
que a criança se encontra, apesar de apresentar algumas dificuldades em relação a 
ortografia o aluno produziu uma escrita inteligível e demonstra compreensão do modo 
como nosso sistema de escrita funciona, por isso este aluno apresenta uma hipótese 
alfabética da escrita. (BARBOSA, 2015)” 
 
Ainda, considerando-se a dificuldade de aprendizagem em leitura e escrita, apresenta 
como meio de dignóstico, um instrumento pedagógico de avaliação intitulado ADAPE 
(Avaliação de Dificuldades na Aprendizagem da Escrita) que detecta as dificuldades de escrita 
mais comuns em crianças do Ensino Fundamental. Este instrumento é composto por um texto 
que é constituído por 114 palavras, das quais 60 apresentam algum tipo de dificuldade e 54 
não. Ele também avalia o uso correto de parágrafos e da letra maiúscula. Este instrumento 
pedagógico foi retirado do livro “Dificuldades de aprendizagem no contexto 
psicopedagógico”, de Sisto (2011). 
Estes testes relativos às dificuldades de leitura e escrita são alguns exemplos de testes 
que podem auxiliar no diagnóstico de qual é o titpo de dificuldade de apredizagem 
 
 
30 
 
apresentado. Claro que existem outros, direcionados a outros tipos de dificuldades. Com o 
diagnóstico correto, pode-se desenvolver a melhor forma de intervenção. 
No caso do TDAH, por exemplo, durante a infância, ele se manifesta através de 
dificuldades na escola e no relacionamento com os colegas, pais e professores. Hiperatividade 
e impulsividade são os sintomas mais comuns nos meninos e a desatenção é o sintoma mais 
comum nas meninas. 
Já na adolescência, o TDAH se manifesta na dificuldade em lidar com regras e 
imposição de limites. Na fase adulta, os sintomas que prevalecem são a desatenção, a falta de 
memória e a impulsividade. Muitas pessoas adultas com este transtorno acabam apresentando 
outros problemas associados, como depressão e ansiedade, além do abuso de álcool e drogas. 
Alguns pais também possuem o transtorno, no entanto, não sabem disso, devido à época de 
infância não haver os métodos de hoje para detecção. 
Uma criança precisa apresentar pelo menos 6 sintomas de desatenção e 6 de 
hiperatividade ou impulsividade para serem diagnosticados portadores de TDAH. Além disso, 
estes sintomas devem aparecer antes dos 12 anos, causarem problemas em casa e na escola, 
por exemplo, no mínimo por seis meses. No caso de uma criança introspectiva, o diagnóstico 
é mais difícil, pois nem sempre os sintomas são visíveis. 
O tratamento é feito basicamente por uma equipe multidisciplinar incluindo psicólogo, 
psiquiatra, pedagogo, pais e professores. 
“O transtorno não é curável, mas tratável. Há propostas terapêuticas eficazes que, em 
mais de 70% dos casos, trazem alívio dos sintomas”, afirma o neuropediatra Giuseppe 
Pastura, da Faculdade de Medicina da UFRJ. 
As intervenções mais eficazes para este transtorno são as cognitivo-comportamentais 
(que ajudam a administrar e minimizar as manifestações, dificuldades e tensões), muitas vezes 
associadas a medicamentos específicos receitados por médico psiquiatra (que atuam no córtex 
pré-frontal, que causa alterações biológicas no cérebro. Tratamento com fonoaudiólogos e 
terapia ocupacional podem auxiliar, caso a criança apresente dificuldade com leitura e 
aprendizado. 
O entendimento dos pais acerca dos sintomas e de como devem agir, orientados pelos 
profissionais de saúde, irá colaborar sobremaneira para a melhora do paciente. Os professores 
também devem estar engajados a fim de garantir o melhor desempenho possível da criança. 
 
 
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No caso da discalculia esse prognóstico depende de variáveis tais como: severidade do 
transtorno, grau de deficiência da criança na execução de provas neuropsicológicas, prontidão 
para iniciar o tratamento e a cooperação dos pais como coadjuvantes do tratamento. 
Um desenvolvimento matemático insuficiente reflete na vida cotidiana e social, 
causando uma série de problemas para o indivíduo, o que pode influenciar sua autoestima e 
determinação. Dessa forma, é muito importante um diagnóstico precoce, quanto mais cedo 
melhor, pois assim, os profissionais responsáveis podem intervir mais rapidamente, 
minimizando os sintomas da discalculia. 
Baseado no diagnóstico, pode-se traçar qual é o melhor tratamento e de que forma ele 
deve ser aplicado, com quais profissionais e recursos. 
Como consequência, a criança poderá desenvolver-se com menos dificuldades, 
melhorando seu desempenho escolar e sua autoestima. 
Assim, cada dificuldade requer cuidados e direcionamentos específicos. Não se pode 
generalizar uma dificuldade,entendendo a origem do problema somente num aspecto, 
neurológico, por exemplo, pois podem haver outros gatilhos ou situações que tenham 
colaborado para o surgimento do problema, que acabam somando-se a um problema 
neurológico, agravando a situação. 
Então, num primeiro momento, deve-se estar ciente da dificuldade e de como ela ocorre, 
em qual situação se manifesta, para que seja feita a intervenção mais adequada. Muitas vezes, 
é necessário a participação de outros profissionais além de professores e psicopedagogos, 
como médicos neurologistas, psicólogos e fonoaudiólogos. 
Um diagnóstico correto pode levar tempo, o que acaba prejudicando o desenvolvimento 
da criança, pois pode-se pensar que ela possui um tipo de dificuldade específica, quando na 
verdade é outra, ou mesmo mais de uma. 
 O processo de descoberta e intervenção é um processo demorado e desgastante, tanto 
para a escola como para os pais, mas, principalmente para a criança, onde se deposita toda a 
carga de espectativas e cobranças. 
 Por isso é importante o incentivo constante, a compreensão, a aceitação, não criticar. E 
como já colocado, este papel é de todos os envolvidos (escola, família, médicos, colegas de 
aula). 
 
 
 
 
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CONSIDERAÇÕES FINAIS 
Esta pesquisa procurou buscar informações sobre as principais dificuldades de 
aprendizagem e todas as consequências à que as crianças acometidas estão sujeitas, bem como 
levantar as causas e origem destas difculdades e as possibilidades de intervenção, a fim de 
minimizar as consequências e potencializar o desenvolvimento escolar. 
Assim, pode-se perceber, que apesar das causas destas dificuldades estarem presentes 
bem cedo, somente mais tarde, no início da vida escolar, é que elas são detectadas. E, para que 
sejam detectadas, é necessária atenção por parte das pessoas envolvidas diretamente no 
processo de aprendizagem, como pais e professores. 
Também há de se considerar a grande dificuldade inicial para o correto diagnóstico, 
tendo em vista a grande quantidade de patologias envolvidas, que muitas vezes remetem a 
mais de um tipo de dificuldade, pois a criança pode ter dificuldades em apenas uma área do 
conhecimento, mas pode também ter dificuldades em mais de uma área. Além disso, muitos 
cientistas ainda não tem total segurança para idendificar a origem do problema para alguns 
tipos de dificuldades de aprendizagem. 
Todo este processo traz um imenso desgaste para os pais e professores, mas 
principalmente para os alunos com dificuldades, sendo necessário paciência e compreensão 
por parte dos responsáveis, pois não se trata de preguiça ou falta de vontade, mas de uma 
dificuldade de que o aluno não tem controle. Caso não haja nenhum tipo de intervenção, eles 
não conseguem acompanhar o desenvolvimento esperado da turma a qual está inserido, o que 
lhe causa sentimento de inferioridade, fazendo o mesmo se sentir incapaz. 
Quanto ao diagnóstico, constatou-se que existem várias maneiras de realizar, 
dependendo do tipo de problema apresentado. Podem ser realizados testes específicos ou até 
mesmos exames médicos com complexidade, considerando ainda o histórico familiar e social 
da criança, pois na maioria das vezes o aspecto psicológico está inserido. 
Partindo do diagnóstico, é feito o planejamento dos procedimentos de intervenção, onde 
são realizadas as atividades e comportamentos necessários para minimizar as dificuldades de 
aprendizagem, ajudando o aluno a superar as suas limitações e conseguir adquirir o 
conhecimento necessário para seguir em frente no seu desenvolvimento escolar. 
Considerando toda a complexidade que as dificuldes de aprendizagem envolvem, o que 
se pode concluir a respeito do tema é que elas podem ser superadas, desde que haja 
 
 
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envolvimento dos pais e professores, bem como dos outros profissionais necessários para 
desenvolver habilidades que venham a suprir determinada dificuldade apresentada pelo aluno. 
 
 
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