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DESAFIOS DO PROFESSOR FRENTE ÀS DIFICULDADES DE APRENDER DOS ALUNOS NOS ANOS INICIAIS Autor: Gabriela Campos Goulart Tutor externo: Rejane Constantino Barreto Machado1 Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Pedagogia (2381) – Estágio Curricular Obrigatório II (Anos Iniciais do Ensino Fundamental) 02/12/2020 RESUMO Este artigo aborda questões de aprendizagem relacionadas às dificuldades encontradas nas escolas brasileiras, nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental, partindo da necessidade de compreender os ritmos e a dinâmica da aprendizagem desenvolvida dos alunos que apresentam dificuldades em compreender, assimilar, aprender e socializar o conhecimento. Desta forma, na busca de caminhos, melhor entendimento, sugestões de abordagens, indicações e reflexões sobre este tema, percebe-se que diante da nova realidade sentida e conhecida da atual sociedade – acelerada, individualista, com muita concorrência – os educadores precisam assegurar os direitos dos indivíduos com dificuldades de aprendizagem sem preconceitos ou discriminação. É necessário assim, um trabalho voltado ao desenvolvimento de um individuo reflexivo, crítico, independente e confiante em seus conhecimentos, livre para considerar a pluralidade de saberes e valores, de entender-se no mundo aceitando suas dificuldades, seu ritmo, sua identidade, construindo no dia a dia de sala de aula, seu conhecimento com compreensão, esforço e dedicação. Uma reflexão é necessária sobre estes efeitos, e alertando sobre a necessidade de encaminhamento para um diagnóstico e tratamento para os casos mais graves de dificuldades de aprendizagem. Sendo assim, pretende-se ampliar discussões, caminhando no sentido da inclusão de práticas pedagógicas que visem orientar à superação do problema ou a descobrir a melhor forma de lidar com ela. Palavras-chave: Estágio Supervisionado. Ensino Fundamental. Formação Acadêmica. 1 INTRODUÇÃO O estágio é constituído de dilemas, desafios e possibilidades, nos fazendo refletir e compreender o significado da docência e conseguir ampliar 1 Tutor Externo do Curso de Licenciatura em Pedagogia – Polo Tubarão - SC; E-mail: proftiare@gmail.com nossos olhares, de forma sensível e observadora, que vê e compreende o discente como ser histórico e cultural e também como sujeito de direitos. A dificuldade de aprendizagem não deveria ser encarada como algo oposto à aprendizagem, até porque o erro faz parte do processo, e deveria ser encarado como algo construtivo no processo de aprendizagem. Desta maneira, o papel do docente passa a ser fundamental, pois a forma como ele encara a dificuldade de seu aluno pode ser facilitadora ou não do seu processo de aprender. Contudo, não podemos negar a existência de dificuldades advindas de obstáculo de caráter orgânico, afetivo, social ou funcional, devendo alertar para o fato de que tais dificuldades fazem parte do processo de aprendizagem de uma determinada pessoa e o docente, como mediador, deve atentar para este fato com um olhar especial sobre o aluno. Em sala de aula é preciso lidar com as dificuldades de aprendizagens e encará-las de forma processual e não como algo que precisa ser eliminado ou aceito de forma passiva. Desta maneira, a importância do papel docente na percepção do aluno, faz-se indispensável, tanto no acompanhamento diário do mesmo e quanto na busca constante de aprender e melhorar a si mesmo em sua prática, ciente enquanto cidadão responsável por formar outros cidadãos, melhores pessoas e profissionais. Assim, o Estágio Curricular Obrigatório no Ensino Fundamental (Anos Iniciais), configura-se como um espaço de conhecimento, análise, aprendizagem, superação entre a distinção e diferenciação da teoria e a prática e se apresenta como possibilidade real de intervenção na vida da escola e de toda a sua comunidade, contribuindo para uma formação crítica, reflexiva, possibilitando ao discente tomar consciência da importância social do seu papel de educador, e assim proporcionar a busca de novos saberes, num processo contínuo de investigação. 2 ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: FUNDAMENTAÇÃO TÉORICA O presente trabalho fundamentou-se com base na BNCC no Ensino Fundamental, tendo como área de concentração: Dificuldades de Ensino e de Aprendizagem nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental, nos PCNs e ainda em algumas obras de autores discutindo sobre o referido tema. Este tema foi escolhido com base na importância que todas as áreas do conhecimento permeiem a vivência no Ensino Fundamental (Anos Iniciais). DIFICULDADES DE ENSINO E DE APRENDIZAGEM NOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL. Metodologia de ensino é a forma com que o conhecimento é produzido e está presente nas estratégias e ferramentas utilizadas pelos profissionais de educação no processo de ensino aprendizagem de seus educandos. Existem diversas formas de produção e troca de conhecimentos, aonde as escolas procuram aplicar novas estratégias ao seu processo de ensino- aprendizagem e, sendo assim, selecionar algumas metodologias de ensino que são de suma importância para entendermos todo este processo. O primeiro passo é procurar entender a realidade da sua instituição de ensino, compreender os objetivos pedagógicos e de gestão e manter-se alinhado à BNCC, e com isto em mente, veja quais metodologias de ensino mais se adequam as propostas educacionais da instituição, ao perfil dos alunos e alinhe a decisão com as famílias – ou convide-os para uma decisão conjunta. O presente projeto tem como objetivo mostrar e identificar as principais causas da dificuldade de aprendizagem dos alunos em aprender e mostrar que está muito além da sala de aula. Isto porque, por mais que a escola tenha uma equipe qualificada e com todo o aparato didático, muitas crianças podem estar passando por dificuldades, e estas questões estão também associadas ao convívio familiar, pois a aprendizagem está intimamente ligada ao seu meio familiar, e para que haja uma maior interação entre as partes interessadas, deve haver uma cumplicidade entre a escola, família e aluno. Alguns aspectos relacionados à dificuldade de aprendizagem, presentes em sala de aula, principalmente em séries iniciais do Ensino Fundamental I, onde o aluno está na fase de descobertas do aprender e o professor de ensinar, ambos assumindo a responsabilidade de desempenhar suas funções com determinação e êxito. Apresentar a dificuldade de aprendizagem de alguns discentes em algumas situações e está relacionada com a ausência de autoestima e ao despreparo do professor em lidar com uma situação tão inusitada em sala de aula, pois este fenômeno da dificuldade de aprendizagem refere-se não a um único problema, mas a um amplo conjunto de problemas que podem afetar qualquer área do desempenho acadêmico. A dificuldade de aprendizagem é uma realidade que vem fazendo parte dos debates e reflexões no âmbito da educação pública brasileira, mas ainda tem pouco destaque no cenário das prioridades das políticas públicas e educacionais, uma vez que os profissionais ainda não estão aptos para identificar quando uma criança realmente apresenta uma dificuldade no aprendizado, pois os programas são escassos para orientá-los neste seguimento ainda rodeado de preconceitos. Por isso a necessidade de se conhecer e escolher qual a melhor metodologia se adequa à realidade em que se irá trabalhar. Veja então, algumas metodologias a seguir: Metodologia de ensino Construtivista: baseada na obra do psicólogo suíço Jean Piaget, que propõe que o conhecimento é adquirido através da interação da criança com o ambiente em que ela vive e aonde o aluno é a peça central na aprendizagem, devendo ser estimulado a conquistar independência, resolver problemas e elaborar hipóteses e perguntas. Nesta metodologiao professor é um auxiliador, o aluno deve ser incentivado a ter suas próprias experiências, os alunos são incentivados a interagir uns com os outros e, além disso, no construtivismo as avaliações são diagnósticas, ou seja, são instrumentos para que o professor entenda os desafios e desenvolva ações para melhorar o aproveitamento dos alunos nas disciplinas. Metodologia de ensino Montessori: criado pela italiana Maria Montessori e tem como pilares, a valorização da autonomia do aluno dentro da escola e o respeito pelo tempo de desenvolvimento de cada criança ou jovem. Em escolas Montessorianas, os materiais didáticos ficam à disposição dos alunos, que podem escolher trabalhar temas que os interessem mais, os estudantes escolhem em que local desejam realizar suas atividades e por quanto tempo desejam se dedicar ao mesmo trabalho e é uma metodologia muito afetiva. O papel do professor é guiar e observar os estudantes, aonde os auxiliadores devem buscar entender as necessidades de cada criança, os professores interferem apenas quando necessário, as classes são formadas por alunos de diferentes idades para que haja troca de experiências, os objetos da vida cotidiana, como copos e talheres, são utilizados com fins pedagógicos e a educação vai desde o desenvolvimento da segurança e da criatividade do aluno até o amadurecimento social, emocional e intelectual dele. Metodologia de ensino Waldorf: desenvolvida pelo filósofo Rudolf Steiner, aonde ele acreditava que a educação deve permitir o desenvolvimento harmônico do aluno, estimulando nele a clareza do raciocínio, equilíbrio emocional e a proatividade, contemplando aspectos físicos, emocionais e intelectuais do estudante. E por estas razões, sua pedagogia dá muito valor ao contato com a natureza, à prática de atividades físicas, à realização de trabalhos manuais (como o tricô, por exemplo) e ao desenvolvimento das habilidades artísticas dos estudantes. Nesta metodologia os professores buscam usar ludicidade na hora de ensinar, estimula-se a imaginação e da memória dos alunos, os professores buscam evitar o estímulo excessivo ao pensamento abstrato, os alunos têm um currículo individualizado, levando em conta o que eles precisam aprender em cada fase da vida, cada classe tem um tutor responsável por todas as atividades, que acompanha a mesma turma durante sete anos, o ensino é dividido em ciclos de sete anos e não há repetência, para que as etapas de aprendizagem possam estar de acordo com o ritmo biológico próprio de cada idade e, além disso, não há provas, as avaliações são baseadas nas atividades do dia-a-dia e resultam em boletins descritivos sobre o comportamento, a maturidade e o aproveitamento do aluno. Metodologia de ensino Freinet: muito conectada às necessidades das crianças da atualidade, essa metodologia foi desenvolvida por Célestin Freinet e tem com o objetivo dar mais autonomia para as crianças no processo de aprendizagem, propondo colocar a criança no centro das atividades para construir o aprendizado em conjunto, com maior conexão com o mundo lá fora. Tem como segmentos: cooperação, afetividade, comunicação e documentação, aonde o ensino se dá em um ambiente de construção de ideias coletivas, estreitando laços e acreditando na capacidade de cada indivíduo. Nesta metodologia é incentivada a experimentação nos alunos, o foco está nos trabalhos práticos e coletivos, alunos e professores envolvem-se mais com a comunidade local e trocam conhecimento, promove-se a formação cidadã participativa, termos como competição, fracasso e ansiedade ficam de fora do processo, diversas ferramentas e formas de expressão são utilizadas, registre-se todo o andamento das etapa da aprendizagem em um “livro da vida”, o aluno é incentivado a criar com auxílio de ferramentas tecnológicas. Metodologias Ativas: nesse conjunto de metodologias de ensino, o aluno se torna protagonista do processo de aprendizagem. Confira alguns exemplos: Sala de aula invertida: aonde o aluno participa ativamente da pesquisa e consumo dos conteúdos antes de chegar à escola, com o apoio de tecnologia, e a sala de aula se torna um espaço de discussão e debate desses assuntos e a construção de saber se dá de forma autônoma, num primeiro momento, e também coletiva, ao inserir os debates em sala de aula. Gamificação: esta estratégia se ampara nas tecnologias e nos jogos para construir conhecimento, aumentando a concentração e o aproveitamento dos alunos, além de motivá-los a estudar de forma lúdica e moderna, incentivando também o trabalho coletivo. Ensino híbrido: voltou ao debate público junto à pandemia de covid-19 e se baseia na integração entre o ensino presencial e o online, permitindo o desenvolvimento de novas habilidades e o uso de ferramentas tecnológicas dentro e fora da sala de aula, fazendo com que o ensino-aprendizagem aconteça em lugares e tempos diversos, de forma contínua e integrada, potencializando os papéis de alunos e professores. OBJETIVOS ALMEJADOS O presente trabalho tem como área de concentração, as Dificuldades de Ensino e de Aprendizagem nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental. A escola precisa lidar diariamente com as dificuldades dos alunos em relação aos conteúdos apresentados e alguns questionamentos vêm à tona: Como é possível compreender quais são as principais dificuldades dos alunos e como pensar intervenções que possamos ajudá-los? Cabe-se então ressaltar o quão importante é elaborar atividades que possam contribuir de forma significativa para a resolução dos problemas encontrados, sejam eles quais forem. Desta forma, este projeto tem por objetivos: • Ampliar as possibilidades de aprendizagem do aluno, dando-lhes oportunidades de reforçar, aprofundar ou suprir carências dos conteúdos de maior dificuldade. • Oferecer atividades pedagógicas, para alunos com dificuldades de aprendizagem. • Desenvolver a autoestima e a perseverança na busca de soluções. DESAFIOS DO PROFESSOR FRENTE ÀS DIFICULDADES DE APRENDER DOS ALUNOS NOS ANOS INICIAIS A dificuldade de aprendizagem vem sendo um problema bastante debatido e preocupante, isto porque, suas causas podem estar relacionadas a fatores exteriores ao indivíduo ou inerentes a ele, decorrendo de situações adversas à aprendizagem como o déficit sensorial, abandono escolar, baixa condição socioeconômica, problemas cognitivos e neurológicos. Estes são problemas enfrentados pelos professores e alunos do Ensino Fundamental de muitas escolas, por meio desta pesquisa procurou-se demonstrar os problemas que podem ocasionar estas dificuldades de aprendizagem, suas principais causas, as metodologias que podem ser trabalhadas para minimizar esse problema, evidenciando também a importância da participação da família no acompanhamento escolar. Perceber as dificuldades de aprendizagem e atuar de forma apropriada sobre elas é uma forma de fazer acontecer uma aprendizagem significativa, fazendo com que o aluno consiga superar este problema, que muitas vezes são causados por déficits cognitivos, físicos e/ou afetivos. Cabe então ao educador diagnosticar o tipo de problema que aluno está enfrentando, e perceber o porquê que alguma coisa não está dentro da normalidade com o aluno, ao invés de achar que ele é incapaz de aprender, e procurar conhecer as causas dessa dificuldade. O número de alunos com dificuldades em aprender tem aumentado consideravelmente, levando muitos deles a perderem o interesse pela escola, criando um clima de insegurança e a perda da autoestima. A proposta deste projeto é o de identificar, apresentar e analisar os motivos e as implicações que levam esses alunos a sentirem dificuldades em assimilar os conteúdos trabalhados em sala de aula e também obter dados significativos, sobre as crianças com dificuldade de aprendizageme identificar o que está ocasionando a dificuldade e o que pode ser feito para tentar resolver esses problemas. CONCEITO DE APRENDIZAGEM A aprendizagem pode ser definida como uma modificação do comportamento do indivíduo em função da experiência, podendo ser caracterizada pelo estilo sistemático e intencional e pela organização das atividades que a desencadeiam, atividades que se implantam em um quadro de finalidades e exigências determinadas pela instituição escolar, Alves (2007). Na visão de Barros, Pereira e Góes (2008), a aprendizagem é um mecanismo de aquisição de conhecimentos que são incorporados aos esquemas e estruturas intelectuais que o indivíduo dispõe em um determinado momento, tratando-se de um processo contínuo que começa pela convivência familiar, pelas culturas, tradições e vai aperfeiçoando-se no ambiente escolar e na vida social de um indivíduo, sendo assim um processo que valoriza as competências, habilidades, conhecimentos, comportamento e tem como objetivo a elevação da experiência, formação, raciocínio e observação. O processo de aprendizagem traduz a maneira como os seres adquirem novos conhecimentos, desenvolvem competências e mudam o comportamento. Trata-se de um processo complexo que, dificilmente, pode ser explicado apenas através de recortes do todo (Alves 2007, p. 18). Para Piaget (1998) a aprendizagem provém de “equilibração progressiva, uma passagem contínua de um estado de menos equilíbrio para um estado de equilíbrio superior”, sendo assim, diante desta afirmação, nota-se que a aprendizagem parte do equilíbrio e a sequência da evolução da mente, sendo assim um processo que não acontece isoladamente, tanto pode partir das experiências que o indivíduo acumula no decorrer da sua vida, como também por meio da interação social. Aprender é um processo que se inicia a partir do confronto entre a realidade objetiva e os diferentes significados que cada pessoa constrói acerca dessa realidade, considerando as experiências individuais e as regras sociais existentes (Antunes 2008, p. 32). A aprendizagem não parte do zero, mas sim, de experiências anteriores, aonde o indivíduo vai desenvolvendo sua capacidade de assimilação através da organização do esquema cognitivo. Já na perspectiva de Vygotsky (1991) “a aprendizagem é o resultado da interação dinâmica entre a criança com o meio social”, sendo que o pensamento e a linguagem recebem influencias do meio em que convivem e o funcionamento cognitivo da mente está relacionado à reflexão, planejamento e à organização das estruturas lógicas e vai adequando-se a mediação simbólica e social. Assis (1990) menciona que os problemas de aprendizagem podem ser resultado de ambientes familiares que não estimulam a criança a estudar e acredita que um ambiente familiar com pouca influência sociolinguística pode interferir no desenvolvimento das aptidões e habilidades desempenhadas pela criança e muitos fatores podem intervir na vida escolar de uma criança: um ambiente doméstico tranquilo e saudável o proporcionará uma melhor estabilidade emocional. O contexto metodológico engloba tudo o que é ensinado nas escolas e também a sua relação com valores como pertinência e significados, o fator decisivo nesse contexto é a unificação dos objetivos, conteúdos e os métodos, aonde o professor precisa despertar no aluno o interesse em aprender e superar as dificuldades encontradas. Na visão de Carraher e Schliemann (1989), em muitos casos a dificuldade em aprendizagem, não se trata de um problema onde aluno não consiga aprender, ou capaz de raciocinar, mas trata-se de problemas metodológicos, que nesse caso é necessário uma metodologia de ensino diferenciada, apropriada ás reais necessidades do educando, tendo em vista o aprimoramento de suas habilidades e o desenvolvimento de suas potencialidades. Ainda conforme Carraher e Schliemann (1989), uma criança quando não entende o método de ensino trabalhado pelo professor, sente-se frustrada, com problemas de baixa estima, ficando desinteressado, desatento às aulas e em certos casos até agressivos. Por isso a importância de que o professor tenha consciência que o aluno apresenta dificuldades de aprendizagem não por vontade própria. Então, trabalhar as dificuldades, tentar recuperar a autoestima do aluno, analisar os métodos de ensino são de fundamental importância para os educadores que enfrentam problemas relacionados à metodologia. A metodologia está também intimamente ligada à noção de aprendizagem. A estimulação e a atividade em si não garantem que a aprendizagem se opere. Para aprender é necessário estar-se motivado e interessado. A ocorrência da aprendizagem depende não só do estímulo apropriado, como também de alguma condição interior própria do organismo. (Fonseca, 1995, p. 131). O PROBLEMA DA DIFICULDADE DE APRENDIZAGEM NO BRASIL Os problemas relacionados às dificuldades de aprendizagem escolar dos alunos são uma situação preocupante para os professores que atuam no ensino Fundamental I. “Dificuldade de Aprendizagem (D.A.) é um problema que está relacionado a uma série de fatores e podem se manifestar de diversas formas como: transtornos, dificuldades significativas na compreensão e uso da escuta, na forma de falar, ler, escrever, raciocinar e desenvolver habilidades matemáticas. Esses transtornos são inerentes ao indivíduo, podendo ser resultantes da disfunção do sistema nervoso central, e podem acontecer ao longo do período vital. Podem estar também associados a essas dificuldades de aprendizagem, problemas relacionados as condutas do indivíduo, percepção social e interação social, mas não estabelecem, por si próprias, um problema de aprendizagem. (GARCÍA, 1998, p. 31-32)”. O termo dificuldades de aprendizagem não é um problema resultante da falta de inteligência da criança, e sim, pode se resultar do meio social em que a mesma ocupa, podendo partir da natureza emocional ou motora da criança e a mesma poderá apresentar algumas dificuldades nas atividades escolares habituais, sendo que a criança não é um aprendiz vagaroso que não tem habilidade para aprender em ritmo normal, mas sim, uma criança emocionalmente perturbada e emocionalmente mal ajustada. A dificuldade de aprendizagem pode ser vista um problema psicossocial, aonde as crianças em que as famílias incentivam a estudar e recebem acompanhamento dos pais ou responsáveis na vida escolar, são mais positivas, tanto na capacidade em aprender, quanto no relacionamento com os demais colegas. Já onde as crianças que não são estimuladas por suas famílias a estudarem, enfrentam obstáculos, mesmo não tendo deficiências cognitivas ou físicas, elas tendem a desenvolver as habilidades básicas de forma mais lenta e geralmente não apresentam um bom relacionamento com os outros colegas. Para que seja identificada uma dificuldade de aprendizagem é preciso uma avaliação detalhada e a partir dos resultados obtidos, deve-se planejar a aplicação de um programa de intervenção pedagógica, pois problemas de aprendizagem precisam ser identificados e trabalhados, por um profissional que deve conhecer o conjunto das variáveis e a origem do problema para que possa trabalhar de forma específica e tentar resolver. Figura 1: Escola inclusiva na formação do cidadão pleno de direitos e deveres para com a sociedade. Fonte: Os autores (2017). DIFICULDADES NA LEITURA NO ENSINO FUNDAMENTAL I O processo de leitura não se trata apenas de um produto final do processo escolar, mas sim, uma importante conquista para o desenvolvimento de uma sociedade, pois o aluno ao aprender a ler e começa a desenvolver melhor a linguagem tornando-se mais comunicativo, fazendo parte de um grupo social com vida e histórias individuais. A leitura é um de compreensão e interpretação de texto, a partir de seusobjetivos, de seu conhecimento sobre o assunto, sobre o autor, de tudo o que sabe sobre a linguagem. Não se trata de extrair informações decodificando letra por letra, palavra por palavra, mas trata-se de uma atividade que implica estratégia, de seleção, antecipação, inferência e verificação sem as quais não é possível proficiência. E o uso desses procedimentos que possibilita controlar o que vai ser lido, permitindo tomar decisões diante de dificuldades de compreensão, avançar na busca de esclarecimentos, validar no texto suposições feitas. A linguagem conta com uma estrutura que abrange: fonologia, léxico, morfologia, semântica e sintaxe. Lyon (2003) aponta quatro variáveis que podem interferir na aprendizagem da leitura, designadamente: déficits na consciência fonética e na forma de desenvolver o princípio alfabético; déficits na obtenção de estratégias de compreender a leitura e sua aplicação; déficits em desenvolver e manter a motivação para a leitura; e falta de preparação dos professores. As dificuldades na leitura ocorrem geralmente no reconhecimento e na compreensão da palavra escrita, o reconhecimento é o mais básico de todos os processos, ele é anterior à compreensão da palavra, portanto, esse transtorno pode ser apresentado por uma leitura oral lenta, com omissões, distorções e substituições de palavras, com interrupções, correções e bloqueios (DOCKRELL; MCSHANE, 1997). Há crianças que sentem dificuldades apenas no reconhecimento das palavras, e conseguem compreender uma explicação falada. Existem também crianças que sabem ler as palavras, mas sentem dificuldades para compreender o que foi lido. E em casos extremos existem crianças que leem mal as palavras e sentem dificuldades tanto na compreensão oral, quanto na escrita (SÁNCHEZ MIGUEL; MARTÍNEZ MARTÍN, 1998). A leitura é de fundamental importância para a obtenção de novas aprendizagens, sendo necessário observar com atenção os sinais de dificuldades na formação de ideias e opiniões. DIFICULDADES NA ESCRITA A escrita é um elemento de comunicação muito importante para o processo de aprendizagem, ela exerce um papel eficaz na vida em sociedade, representando assim um elemento de fundamental relevância para a cidadania e resulta de uma aprendizagem que está ligada a diversos fatores, especialmente a adaptação afetiva na escola e da individualidade das crianças, entre os quais se podem mencionar o gosto pela escola, às relações entre a família e a escola. A aprendizagem da escrita precisa ser bem trabalhada, já que envolve o domínio de distintas habilidades, tanto no desenvolvimento motor, quanto nas habilidades ortográficas, e trata-se de um processo relacionado com o estilo de aprendizagem, por meio dos níveis estruturais. A escrita para Cruz (1999) é determinada por quatro aspectos fundamentais: O primeiro aborda o processo construtivo, que consiste na elaboração, interpretação e construção do significado; o segundo processo enfatiza a necessidade do sujeito em agir de maneira ativa para aprender o conteúdo, desenvolvendo estratégias cognitivas e metacognitivas que podem ser utilizadas para resolver de problemas e o terceiro trata-se do processo afetivo que engloba o desejo de escrever, a estabilidade emocional e o interesse pela aprendizagem; e o quarto aspecto são os fatores afetivo- motivacionais que estão relacionados ao rendimento do aluno. Para Vygotsky (1991), as dificuldades na escrita são um problema que não significa falta de capacidade de uma criança, mas sim, um problema onde a mesma tem o desenvolvimento da escrita obstaculizado por algum tipo de déficit, pois o desenvolvimento pode estar qualitativamente diferente e não mais lento ou inferior ao das outras crianças. As dificuldades de aprendizagem na são uma realidade que precisa ser analisada, e transformada enfocando a interação ativa e simultânea das características e a natureza dos três elementos básicos dos processos de ensino-aprendizagem: o sujeito que aprende, o professor que intermedia o processo de aprendizagem do aluno e os conteúdos que compõem o objeto de ensino aprendizagem, ou analisar os processos de interação aluno-professor- conteúdo como a unidade de análise mais conexa e relevante, referindo-se à explicação, diagnóstico e interferência nas dificuldades de aprendizagem. Para que as dificuldades de aprendizagem possam ser avaliadas, precisam ser entendidas, não como atribuíveis às propriedades específicas (biológicas e cognitivas), e sim como conhecimentos cuja internalização pode exigir, em determinadas crianças, ajudas educativas individualizadas, diversificadas e diagnosticadas nos processos de influência educativa. DETECÇÃO DE DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM EM SALA DE AULA O professor no dia a dia da sala de aula, convive com as mais diversas dificuldades de aprendizagem e cada aluno é uma peça rara, não somente por suas habilidades, mas também porque aprendem de formas e em tempos diferentes, tendo aqueles que entendem tudo só de ouvir o professor falar, os que precisam escrever com suas próprias palavras para entender melhor e tem os que levam um tempo maior para assimilar o conhecimento, mesmo com “N” tipos diferentes de explicação e este último, por vezes é enxergado como o “aluno problema”, mas nem sempre dá para rotular dessa forma. Existem sem dúvidas, alunos preguiçosos que precisam daquele empurrãozinho extra e uma chamada de atenção para focar na aula; tem também os que não têm incentivos dentro de casa e acabam deixando os estudos de lado e os serelepes, falantes, ligados em 220 volts, mas cada caso é um caso, todos eles influenciam na dificuldade de aprendizado, porém, alguns deles devem ser observados com uma atenção especial, pois podem ser causados por fatores fisiológicos. Mas fica sempre um questionamento em mente: Quais são os indícios reais de algum transtorno? Popularmente falando, “nem tudo o que parece, é” e tirar notas ruins na escola não significa que a criança ou o adolescente não gosta de estudar, isto porque, tendo em vista o avanço da medicina, hoje muitas das dificuldades apresentadas pelos alunos, têm uma causa raiz que vai além da sala de aula ou da família, que não podem ser consideradas doenças, mas sim transtornos neurológicos que podem afetar profundamente o dia a dia na escola, o aprendizado, a interação com os colegas e, dependendo do transtorno, pode acarretar futuramente em frustrações, ansiedade ou depressão. Antes de listar qualquer sintoma desses, é importante salientar o cuidado ao analisar essas pessoas, sejam elas crianças ou adultos, pois a probabilidade de ocorrer algum equívoco não é pequena e preparar o terreno para conversar com o adulto ou os responsáveis pela criança, para que fiquem atentos a outros comportamentos fora do ambiente escolar e que procurem o quanto antes algum especialista. Quanto aos sintomas, de modo geral, a parte mais afetada é a do aprendizado e as características mais observadas são que as crianças se distraem facilmente; não conseguem se concentrar em atividades muito longas, repetitivas ou que não lhes sejam interessantes; pedem muito para sair da sala e falam bastante; sempre estão mexendo os pés ou as mãos; apresentam dificuldades em seguir regras e realizar operações matemática; podem ter dificuldade em associar a fonética das letras às palavras; são bastante impulsivas. ALGUNS TRANSTORNOS, SINTOMAS, CAUSAS E TRATAMENTOS. DISLEXIA: é causada por um transtorno de aprendizagem de origem neurobiológica, ou seja, é uma desordem das células do sistema nervoso, que afetam os circuitos funcionais que processam a informação e medeiam o comportamento. Provoca a dificuldade de leitura e ainda fala que pode causar dificuldades no reconhecimento preciso e/ou fluente da palavra, na habilidade de decodificação e em soletração. Deacordo com a Associação Brasileira de Dislexia (ABD), os sinais apresentados são a dispersão, falta de concentração, atraso do desenvolvimento da fala e da linguagem, dificuldade de aprender rimas e canções, fraco desenvolvimento da coordenação motora, dificuldade com quebra-cabeças e falta de interesse por livros impressos, dificuldade na aquisição e automação da leitura e da escrita, pobre conhecimento de rima e aliteração (sons iguais no início das palavras), desatenção e dispersão, dificuldade em copiar de livros e da lousa, dificuldade na coordenação motora fina e/ou grossa e desorganização geral. Ainda acontecem constantes atrasos na entrega de trabalho escolares e perda de seus pertences, confusão para nomear entre esquerda e direita, dificuldade em manusear mapas, dicionários, listas telefônicas etc, vocabulário pobre, com sentenças curtas e imaturas ou longas e vagas. Propostas de atividades para alunos com dislexia: atividades que trabalhem com a diferenciação de letras similares, rima, segmentação de palavras, percepção de segmentação, lateralidade, direção, letras, palavras e frases, sequenciação. DISORTOGRAFIA: é um transtorno de aprendizagem que tem origem neurobiológica, provocando desordem no sistema nervoso, provocando dificuldades na acentuação e composição de textos. Pessoas acometidas por esse transtorno, apesar de apresentarem funcionamento intelectual e leitura normais, possuem bastante dificuldade na formação de textos escritos, cometem frequentes erros ortográficos ou de pontuação na elaboração de frases e uma organização de texto quase sem parágrafos e junto deste transtorno, normalmente acompanha a dislexia, porém a disortografia pode aparecer separadamente da dislexia. Sugestões de atividades: Construir palavras com massa de modelar; colorir ou pintar letras de papel pronunciando os sons; fazer colagem sobre as letras; confeccionar instrumentos de uma banda rítmica; trabalhar os sons das letras utilizando os instrumentos da banda rítmica. DISGRAFIA: especula-se que possa haver três possíveis causas: o mau desenvolvimento das habilidades psicomotoras, que resultam em uma escrita irregular ao nível da velocidade e traçado; a segunda causa está associada à personalidade e a fatores psicoafetivos da criança e por fim, a última causa é pedagógica e está relacionada com a alteração do tipo de letra e com a qualidade ou rapidez da escrita. Provoca dificuldade no ato da escrita em si, como caligrafia irregular e problemas motores. As pessoas acometidas deste transtorno possuem uma escrita deficiente no traçado e na forma das letras, que se mostram irregulares e disformes, podendo ser observados outros sintomas que são a forma incorreta de segurar o lápis, letras ilegíveis, traçado grosso demais ou leve demais, espaçamento irregular entre palavras e letras, com aparência de desconectadas ou sobrepostas, entre outros. Sendo assim, propor exercícios grafomotores: eles são ideais para que o aluno possa trabalhar a coordenação motora e o domínio das mãos ao movimentar um lápis sobre o papel. Estes exercícios podem conter desenhos pontilhados, que incentivarão a criança a desenvolver a habilidade. Podemos indicar atividades de caligrafia para explorar a habilidade da escrita e traçados; exercícios que induzam a reaprendizagem da forma das letras e o espaçamento necessários entre elas. DISLALIA: resulta de uma má formação ou alterações na língua, na abóbada palatina ou noutro órgão da fonação, que pode ter uma possível causa devido à estimulação com o uso da chupeta, mamadeira ou por chupar o dedo por tempo prolongado, podendo também ser causadas por alterações no sistema nervoso central ou ainda serem manifestadas devido a influência da parte hereditária, por imitação ou alterações emocionais. Provoca a dificuldade na fala, pessoas que trocam palavras por outras parecidas, como aquela criança que ao invés de falar “Coca-Cola” fala “Tota tola”. No Brasil o mais famoso portador de Dislalia é o Cebolinha da Turma da Mônica. É importante ressaltar que até os 4 anos de idade, é normal que essas trocas sejam realizadas, mas após essa idade, deve-se ficar atento às trocas de letras nas palavras que normalmente acontecem são: P por B, F por V, T por D, R por L, F por S, J por Z e X por S. O ideal é procurar por uma fonoaudióloga, que irá trabalhar e estimular o desenvolvimento das sensações e da capacidade de sentir, reconhecer e elaborar os sons e evitar que sempre quando a criança trocar as letrinhas não deixar de corrigi-la, pois mesmo que seja muito fofinho, deve-se orientá-la falar corretamente. Sugestão de atividades: estimular a capacidade da criança para produzir sons, movimentos e posturas de jogo, experimentando com as vogais e consoantes, comparando e diferenciando sons; estimular movimentos necessários para sons da fala: exercícios de lábios e língua. DISLEXIA, DISORTOGRAFIA E DISGRAFIA: para tratamento delas, o primeiro passo é passar por consultas com um profissional especialista nesses transtornos de aprendizado, que irá fazer uma Avaliação Multidisciplinar, Processamento Auditivo e Audiometria, Treinamento Auditivo em Cabine e Exame Neurológico e acompanhamento com neuropsicólogos também podem ajudar a resolver grande parte do problema e ensinar como conviver com essas dificuldades DISCALCULIA: pode ter a origem genética associada a uma perturbação na região intraparietal do córtex cerebral, que é uma área do cérebro que é ativada quando uma pessoa realiza operações matemáticas, o consumo de álcool durante a gravidez ou lesão cerebral provocada na criança por algum tipo de acidente, como uma trombose ou um traumatismo craniano. É a dificuldade em ler e memorizar números, assim como em contar objetos e organizá-los por tamanho e tem como sinais de alerta a facilidade em falar, ler e escrever, mas dificuldades na contagem numérica e na resolução de problemas matemáticos. As pessoas acometidas pela Discalculia possuem boa memória para letras escritas, mas fraca memória na leitura de números, quer individualmente ou em sequência, facilidade em aprender e processar conceitos de matemática básicos, mas muitas dificuldades quando são exigidas capacidades de cálculo e organização mais complexos e específicos, apresentando também baixo sentido de orientação (a criança se desorienta facilmente quando há mudanças na sua rotina) e baixa memória a longo prazo (a criança é capaz de resolver um problema de matemática num determinado dia, mas no dia seguinte já não é capaz de fazer o mesmo exercício). O tratamento deve ser realizado com psicopedagogos e psicólogos educacionais, que devem trabalhar em estreita colaboração com a família e com os professores da criança, com programas de intervenção onde as funções cognitivas e a capacidade de pensar da criança são estimuladas, com particular enfoque nas áreas do cérebro responsáveis pelo raciocínio lógico- matemático (estimulação cognitiva multissensorial). Sugestões de atividades: disponibilizar ao estudante um conjunto de materiais concretos: palitos, tampinhas, pedrinhas, ou outros, durante a realização das atividades; propor atividades de percepção de figuras e formas: percebendo detalhes, semelhanças e diferenças; localização de objetos: em cima, embaixo, no meio, entre, primeiro, último etc.; ordem e sequência: primeiro, segundo etc., dias da semana, ordem dos números, dos meses, das estações do ano; oferecer propostas de representação mental: registrar o tamanho dos objetos de casa com o número de polegadas, mãos, passos, etc., porém com tamanhos diferentes; explorar o conceito de números: trabalhar correspondência um a um, comparação, classificação, seriação, sequenciação, inclusão e conservação; propor atividades com pequenas coleções (pequenos montinhos de pedras ervilhas ou moedas) e adivinhar qualtem mais e qual tem menos; propor problemas e operações aritméticas: inserir no enunciado das propostas informações adicionais, como exemplo: a adição se dá pelo acréscimo; a subtração pela diminuição; a divisão se dá repartindo; e a multiplicação é uma sucessão de somas de parcelas iguais; aumentar o tamanho dos sinais das operações +, -, ÷, × e separá-las, para que o estudante não se confunda na execução; propor a confecção de jogos (exemplo: quebra- cabeça, figuras com tangram, dominó, etc.). TRANSTORNO DE DÉFICIT DE ATENÇÃO E HIPERATIVIDADE (TDAH) Os principais sintomas apresentados segundo a Associação Brasileira de Déficit de Atenção (ABDA),são: a dificuldade para manter atenção em atividades muito longas, repetitivas ou que não lhes sejam interessantes, distraídas tanto por estímulos do ambiente externo, quanto por pensamentos “internos”. As pessoas acometidas deste transtorno também tendem a ser impulsivas, não esperam a sua vez, não leem a pergunta até o final e já respondem, interrompem os outros, agem antes de pensar e frequentemente também apresentam dificuldades em se organizar e planejar aquilo que querem ou precisam fazer. Estudos demonstram claramente que o TDAH é um transtorno neurobiológico e que a genética é o fator básico na determinação do aparecimento dos sintomas e possíveis causas para esse distúrbio: toxinas, problemas no desenvolvimento, alimentação, ferimentos, má formação, problemas familiares e hereditariedade que provocam desatenção, inquietude e impulsividade ao portador. O tratamento do TDAH deve ser com a combinação entre medicamentos, orientação aos pais e professores, além de técnicas específicas que são ensinadas para a pessoa diagnosticada. A psicoterapia que é indicada para o tratamento do TDAH chama-se Terapia Cognitivo Comportamental e no Brasil é uma atribuição exclusiva de psicólogos, mas pode ter também como tratamento o auxílio de um fonoaudiólogo, recomendado em casos específicos onde existem, simultaneamente, Dislexia e Disortografia. Sugestões de trabalho para Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH): - Colocar o aluno para sentar bem próximo do professor; - Utilizar recursos como apagar e acender a luz para chamar a atenção do aluno; - Mudar tom de voz de acordo com a necessidade, dando ênfase em momentos mais importantes do assunto; - Dizer frases do tipo: “Atenção, todo mundo!”, “Vamos lá, turma!”; - Bater palmas; - Utilizar giz ou marcadores coloridos no quadro; - Começar a aula com algum tipo de motivação/desafio (quiz); - Quando possível, combinar premiação ao final da aula final/assunto; - Associar o assunto da aula a alguma situação do contexto que interessa ao aluno ou que tenha uma aplicação prática; - Fazer contato visual durante todo o tempo; - Ser mais emocional na transmissão da aula, menos cópia e menos texto; - Sintetizar textos e avaliações em especial para os alunos do grupo TDAH; - As provas devem ser enxutas, objetivas, curtas, sem pegadinhas; - Realizar leitura da prova antes de aplicá-la; - Ao final da prova deve ser dado um tempo complementar para o aluno do grupo TDAH; - Caso o aluno não consiga concluir a prova, avaliar somente as questões que realizou, atribuindo ao total destas questões o valor máximo da prova; - Atribuir funções ao aluno como: apagar o quadro, escrever no quadro, buscar equipamento para a aula, etc; - Deixá-lo sair para beber água; - Dar elogio verbal; - Registrar elogios no caderno; - Falar de forma clara e objetiva evitando prolongar a conversa. As atividades a seguir, partindo do concreto para o abstrato (letras e numerais), fazem a criança desenvolver a habilidade de saber "ver", concentrar-se e ter mais atenção. 1. Jogos da Memória; 2. Memorex: mostrar um cartaz contendo uma paisagem, virar o cartaz e pedir para a criança citar os detalhes do desenho. 3. Onde está a lógica: objetivo é desenvolver a capacidade de analisar, ordenar, classificar, pedindo para a criança olhar atentamente os rostos abaixo e observar que eles têm uma lógica e podem ser ordenados do primeiro ao sexto rosto. 4. Olho vivo: iniciar atividades feitas em folhas avulsas quadriculadas, onde as crianças continuam o desenho já iniciado, dando preferência aos geométricos que são mais simples. 5. Descobrindo a Sequência: pedir para encontrar num quadro a sequência em destacada. AUTISMO: CAUSAS E TRATAMENTO O autismo é um problema psiquiátrico que costuma ser identificado na infância, entre 1 ano e meio e 3 anos, embora os sinais iniciais às vezes apareçam já nos primeiros meses de vida, afetando a comunicação e capacidade de aprendizado e adaptação da criança, apresentando o desenvolvimento físico normal, mas tendo grande dificuldade para firmar relações sociais ou afetivas e dão mostras de viver em um mundo isolado e não interage, vivendo repetindo movimentos e apresenta atraso mental. Há uma categoria denominada savant, que é marcada por déficits psicológicos, só que com uma memória fora do comum, além de talentos específicos. O autismo não possui causas totalmente conhecidas, porém há evidências de que haja predisposição genética e há ainda outros que reportam o suposto papel de infecções durante a gravidez e mesmo fatores ambientais, como poluição, infecções como rubéola durante a gravidez no desenvolvimento do distúrbio. E é de duas a quatro vezes mais frequente em meninos do que em meninas. Quanto ao diagnóstico não existem exames laboratoriais ou de imagem que ajudem a identificar o autismo, mas em geral, o médico considera o histórico do paciente, a observação de seu comportamento e os relatos dos pais e a partir daí, ele costuma seguir critérios estabelecidos pelo Manual de Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais ou pela Classificação Internacional de Doenças da Organização Mundial da Saúde observando traços como inabilidade para interagir socialmente e comportamento restritivo e repetitivo. Sinais e sintomas: bebês que evitam o contato visual com a mãe, inclusive durante a amamentação; choro ininterrupto; apatia; inquietação exacerbada; pouca vontade para falar; surdez aparente: a criança não atende aos chamados; transtorno de linguagem, com repetição de palavras que ouve; movimentos pendulares e repetitivos de tronco, mãos e cabeça; agressividade; resistência a mudanças na rotina: recusa provar alimentos ou aceitar um novo brinquedo, por exemplo e ansiedade. Sugestões de trabalho: - Trabalhar por períodos curtos, de cinco a dez minutos, em atividades de complexidade crescente, incorporando gradativamente mais materiais, pessoas ou objetivos. - Falar pouco, somente as palavras mais importantes (geralmente um autista não processa muita linguagem cada vez). - Utilizar gestos simples e imagens para apoiar o que é falado e permitir a compreensão (os autistas são mais visuais que verbais). - Esclarecer a cada início de aula aquilo que será trabalhado, evitando surpresas. - Estimular a participação em tarefas de arrumar a sala, ajudar a entregar materiais; - Entregar objetos no canal visual. - Respeitar a necessidade de estar um momento sozinho, de caminhar para se acalmar; - Tentar conhecer as capacidades da aluna para utilizá-las como entrada para as atividades de ensino (toca piano, gosta de músicas); - Evitar falar muito e muito alto; - Perguntar sempre como foi a tarde ou o dia anterior, a qualidade do sono ou se houver alguma alteração da rotina para se antecipar a estados emocionais de ansiedade. As atividades com jogos para crianças com autismo tem uma solução: traga cores, formas e objetos grandes que possam chamar a atenção do pequeno. Algumas ideias podem ser elencadas como: Jogo da memória; Quebra cabeça; Montagem de esculturas com formas geométricas; Jogo de adivinhação; Jogo dos sentidos –reconhecendo o objeto pelo tato, olfato ou paladar; Circuito com bambolês e cones; Bola na cesta. Criar atividades com brincadeiras para crianças com autismo é uma solução, assim, incluir ao aluno recursos que são confortáveis para ele como: Bolinha de sabão; Apresentações musicais e com dança; Pintura de telas; Montagem com peças geométricas; Esculturas na areia; Massinha de modelar. 3 VIVÊNCIA DO ESTÁGIO O estágio é um momento de pensar o nosso fazer pedagógico, aprendendo e ensinando ao mesmo tempo, compreendendo que o processo de ensino aprendizagem exige envolvimento, discussões, reflexões, saber ouvir, respeitar as vivências e contribuições do aluno e sua família. A vivência durante o Estágio Curricular Obrigatório II (Ensino Fundamental –Anos Iniciais) serve de formação para a atuação do futuro docente, e possibilita a este a apropriação da realidade presente no cotidiano da escola. Neste período de estágio, foram trabalhados aspectos importantes acerca de algumas DIFICULDADES DE ENSINO E DE APRENDIZAGEM NOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL e suas especificidades, tendo o cuidado de procurar elaborar e oferecer atividades que se encaixassem com a atual realidade que estamos enfrentando perante a pandemia da COVID-19 e a necessidade específica dos alunos proporcionando o envolvimento de todos na realização das atividades propostas, buscando sempre se aprimorar fazendo com que eles tenham cada vez mais interesse e curiosidade na realização das atividades propostas. 4 IMPRESSÕES DO ESTÁGIO (CONSIDERAÇÕES FINAIS) O papel do estágio é oferecer ao discente, perspectivas de análise sobre a atividade docente para ele possa compreender e aprender a desenvolver os saberes e as habilidades adquiridos durante a formação, de forma a lidar com as diferentes situações que permeiam a sala de aula. Ele ainda nos leva a pensar sobre a prática educativa nas escolas, proporcionando vivências entre a relação teoria - prática, deixando claro que ambos não podem ser separados no processo de formação. A metodologia utilizada foi através pesquisa de diversos documentos, entrevista com a diretora da instituição de ensino estagiada, pesquisas em livros didáticos, a elaboração de um Projeto de Estágio nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental, um Roteiro de Observação Virtual, a elaboração de um slide explicativo, uma Trilha Pedagógica, direcionada discentes e também aos docentes da Educação Básica e relacionada ao tema escolhido da área de concentração do curso, de acordo com o Estágio Curricular Obrigatório II, além ainda de um Paper de Estágio Supervisionado nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental que teve o suporte indispensável e cuidadoso da tutora do curso de Pedagogia. No estágio supervisionado, aprendemos e ao mesmo tempo ensinamos, e isso envolve aspectos que permitem contribuir para a criação de oportunidades de aprendizagem, sendo assim, cabe ao educador ser o mediador deste processo, criando oportunidades e estratégias que poderão ser elaborados com os alunos, e assim enriquecer ainda mais o processo de ensino aprendizagem. O estágio contribuiu demasiadamente para minha formação acadêmica e também como futura docente. Durante a prática, procurei desempenhar o papel de uma educadora consciente de suas atribuições, dedicada, que busca formar cidadãos críticos e atuantes na sociedade acima de tudo respeitando cada uma de suas especificidades. REFERÊNCIAS AGOSTINE, Taise. 5 ideias para utilizar em atividades de alfabetização. Portabilis, 2020. Disponível em: <https://blog.portabilis.com.br/5-ideias-para-utilizar-em- atividades-de-alfabetizacao/>. Acesso em: 10 set.2020. ALVES, Doralice Veiga. Psicopedagogia: Avaliação e Diagnóstico. 1 Ed. Vila Velha- ES, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil, 2007. ANTUNES, Celso. Professores e professauros: reflexões sobre a aula e prática pedagógica diversas. 2.ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2008. ASSIS, M.B.A.C. Aspectos afetivos do desempenho escolar: alguns processos inconscientes. Boletim da Associação Brasileira de Psicopedagogia, n. 20, p. 35-48, 1990. AJURIAGUERRA, J. & GRAJAN, A. Manual de Psicopatologia. Porto Alegre: Artes Médicas, 1995. BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Base Nacional Comum Curricular: Educação é a Base. Brasília, DF, 2017. BRASIL. LDB – Lei de Diretrizes e Bases da Educacional. Lei 9394/96 BRASIL, Parâmetros Curriculares Nacionais: Ensino Fundamental: Língua portuguesa / Secretaria de Educação Fundamental – Brasília: MEC/SEF, 1998 pp 69- 70. COMO PROMOVER UMA EDUCAÇÃO INCLUSIVA COM TECNOLOGIA? W Pensar Blog, 2020. Disponível em: <https://blog.wpensar.com.br/pedagogico/educacao- inclusiva/?utm_source=wpensar-blog&utm_medium=post- link&utm_campaign=pedagogico&utm_term=&utm_content=metodologias-de-ensino >. Acesso em: 15 de ago. de 2020. COMO IDENTIFICAR AS DIFICULDADES DOS ALUNOS? W Pensar Blog, 2020. Disponível em: <https://blog.wpensar.com.br/pedagogico/como-identificar-as- dificuldades-dos-alunos/>. Acesso em: 15 de ago. de 2020. COLL, César, MARCHESI, Álvaro e PALÁCIOS, Jesús. Desenvolvimento Psicológico e Educação- Transtornos do Desenvolvimento e Necessidades Educativas Especiais. Trad. Fátima Murad- 2 Ed. Porto Alegre: Artmed, 2004, 3v. CRUZ, V. Dificuldades de Aprendizagem Específicas: Lidel - Edições Técnicas. Lisboa, 2009. https://blog.portabilis.com.br/5-ideias-para-utilizar-em-atividades-de-alfabetizacao/ https://blog.portabilis.com.br/5-ideias-para-utilizar-em-atividades-de-alfabetizacao/ https://blog.wpensar.com.br/pedagogico/educacao-inclusiva/?utm_source=wpensar-blog&utm_medium=post-link&utm_campaign=pedagogico&utm_term=&utm_content=metodologias-de-ensino https://blog.wpensar.com.br/pedagogico/educacao-inclusiva/?utm_source=wpensar-blog&utm_medium=post-link&utm_campaign=pedagogico&utm_term=&utm_content=metodologias-de-ensino https://blog.wpensar.com.br/pedagogico/educacao-inclusiva/?utm_source=wpensar-blog&utm_medium=post-link&utm_campaign=pedagogico&utm_term=&utm_content=metodologias-de-ensino https://blog.wpensar.com.br/pedagogico/como-identificar-as-dificuldades-dos-alunos/ https://blog.wpensar.com.br/pedagogico/como-identificar-as-dificuldades-dos-alunos/ ANEXO I ANEXO II
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