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NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA – NEAD FACULDADES INTEGRADAS DE JACAREPAGUÁ - FIJ CURSO: PSICOPEDAGOGIA Roberta Januth O PSICOPEDAGOGO E SUA INTERVENÇÃO NAS DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM ITAGUAÇU, 2008 ROBERTA JANUTH O PSICOPEDAGOGO E SUA INTERVENÇÃO NAS DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM Trabalho monográfico apresentado junto as Faculdades Integradas de Jacarepaguá, como requisito para obtenção do Certificado de Conclusão do curso de Pós Graduação em Psicopedagogia. Orientadora: Andreia Oliveira Vicente ITAGUAÇU,2008 ROBERTA JANUTH O PSICOPEDAGOGO E SUA INTERVENÇÃO NAS DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM Trabalho monográfico apresentado junto às Faculdades Integradas de Jacarepaguá como requisito para obtenção do Certificado de Conclusão do curso do Pós Graduação em Psicopedagogia com nota igual a ____, conferida pela orientadora. Rio de Janeiro/ES, ________ de _________________ de 2008 ____________________________ Orientadora: Andreia Oliveira Vicente RESUMO O psicopedagogo e sua intervenção nas dificuldades de aprendizagem. Esse tema é muito importante, pois na educação existem vários obstáculos, principalmente na dificuldade que a criança tem de aprender os conteúdos propostos pelo professor. Diante disso o educador deve buscar novos conhecimentos para que ocorra a aprendizagem naquela criança independente da dificuldade que ela se encontra, nesse caso entra a função do psicopedagogo em ajudar a selecionar e buscar novos métodos para enriquecer o trabalho de maneira mais ampla para que aconteça a aprendizagem. Na educação tem níveis de dificuldades de aprendizagem de forma diferentes uma das outras, o professor deve refletir analisar antes de tomar qualquer decisão e levar sempre em consideração esse assunto e pensar na sua função como educador e a importância que você tem na vida de cada ser, no espaço que você ocupa na sala de aula. A educação de qualidade nos leva a conhecer e entender os mais existentes no seu cotidiano escolar no qual você está inserido. Às vezes se torna um pouco desconhecido ou mal entendido por alguns profissionais nessa área. Enfim é fundamental entender e saber lidar com as necessidades de cada um. Palavras-chave: psicopedagogo, intervenção, dificuldade, aprendizagem, educação, conteúdos, educador, enriquecer, analisar, necessidades. SUMMARY Psicopedagogo and its intervention in the learning difficulties. This subject is very important, therefore in the education some obstacles exist, mainly in the difficulty that the child has to learn the contents considered for the professor. Ahead of this the educator must search new knowledge so that the learning in that independent child of the difficulty that it meets, in this occurs in case that the function of psicopedagogo enters in helping to select and to search new methods to enrich the work in ampler way so that the learning happens. In the education he has levels of different difficulties of learning of form one of the others, the professor must reflect to analyze before taking any decision and taking always in consideration this subject and to think about its function as educator and the importance that you have in the life of each being, in the space that you occupy in the classroom. The education of quality in takes them to know and to understand most existing in its daily pertaining to school in which you are inserted. The times if it becomes a little unknown or misunderstanding by some professionals in this area. At last it is basic to understand and to know to deal with the necessities of each one. Word-key: psicopedagogo, intervention, difficulty, learning, education, contents, educator, to enrich, to analyze, necessities. SUMÁRIO INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 07 CAPÍTULO I 1-Dificuldades de Aprendizagem........................................................................... 13 1.1 - Diagnóstico para Alunos com Dificuldades de Aprendizagem ..................... 15 1.1.1- Distúrbios de Aprendizagem: uma rosa com outro nome........................... 18 1.2 - Transtornos de aprendizagem....................................................................... 25 1.2.1- Disgrafia - dificuldade de aprendizagem da escrita..................................... 27 1.2.2 - Discalculia ................................................................................................. 30 1.2.3 – Dislalia....................................................................................................... 33 1.2.4 – Disartria..................................................................................................... 34 1.2.5- Dislexia........................................................................................................ 35 1.2.6- TDAH – Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade....................... 40 1.3-Família: as intervenções e relações interpessoais.......................................... 43 1.3.1 - Que dizer do processo de aprendizagem? Participam as Famílias................................................................................................. 47 1.4 – Aquisição da Leitura e da Escrita................................................................. 48 1.4.1 - Que Fala cabe a Escola Ensinar?.............................................................. 51 CAPÍTULO II 2 - A importância da Psicopedagogia na Prevenção e Diagnostico das Dificuldades de Aprendizagem................................................... 53 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................. 61 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................... 63 7 INTRODUÇÃO Falar de dificuldades de aprendizagem é algo corriqueiro e comum tanto em nossas escolas como em outros lugares. A necessidade de se considerar o não aprender como um processo, no qual inúmeros fatores estão atuando, deve recair sobre todos os profissionais que acabam sendo envolvidos numa situação de aprendizagem, entre eles: professores, psicopedagogos, fonoaudiólogos, neurologistas etc. Todavia, aos docentes cabe um papel fundamental e primordial, qual seja o de sempre repensar as experiências didáticas que estão sendo oferecidas aos sujeitos que não aprendem e, sobretudo, considerar quais foram as reais chances de interação e de construção dos objetos de conhecimento que essas crianças tiveram. Esse é um tema de muita importância, pois os seres humanos são criaturas sociais. Vivemos em um mundo social em que se faz necessário analisar, compreender as experiências vivenciadas nos mais diversos contextos. Quando nos relacionamos, nos deparamos com a diversidade a qual diferencia e influencia o ambiente, diante disso o indivíduo tem que buscar meios para fazer sua auto-realização colaborando no desenvolvimento e crescimento individual e social da sociedade e no seu cotidiano, porque em todos os momentos de nossas vidas, estamos interligados uns com os outros seja no trabalho, escola, família, no convívio social e no relacionamento pessoal. O título desse trabalho já contém em si mesmo a mensagem de que o tema pode ser examinado sob vários enfoques porque inúmeras são as teorias para explicar a aprendizagem humana e entre elas este trabalho destaca: a 8 comportamentalista, a cognitivista, a da mediação e a humanista com ênfase para a abordagem psicopedagógica. Subjacentes a qualquer uma delas estão no sistema de valores aos quais se pode chamar de filosofias ou visõesde mundo (Moreira, 1999). Mudanças na concepção de como a aprendizagem se dá acarretam mudanças nas explicações acerca das dificuldades enfrentadas pelos alunos. As explicações da psicopedagogia representam importantes contribuições seja para compreender a dificuldades, seja para propor a intervenção adequada. O presente trabalho surgiu da preocupação e da necessidade de melhor compreensão do processo de aprendizagem humana e da identificação das dificuldades no processo de aprender. No entanto, o objetivo deste trabalho centrou- se em discutir aspectos fundamentais do processo psicopedagógico das dificuldades de aprendizagem, tendo em vista a construção do conhecimento e do saber pela criança por meio do uso de brinquedos e jogos. Tomando por base a investigação de vários autores, dentre eles, Vygotsky (1989), Fernández (1991, 2001a, 2001b) e Solé (2001), este estudo inicia-se com uma breve abordagem sobre as dificuldades de aprendizagem. Esses autores mencionam a importância do uso de brinquedos e jogos na intervenção psicopedagógica de crianças com dificuldades de aprendizagem, a relação família-escola e a intervenção psicopedagógica. Considerando a relevância da pesquisa, propõe-se fazer com que os professores, diretores e coordenadores educacionais repensem o papel da escola frente às dificuldades de aprendizagem da criança, resgatando, juntamente com a psicopedagogia, uma visão mais globalizada do processo de aprendizagem e dos problemas decorrentes desse processo. 9 O saber se constrói fazendo próprio o conhecimento do outro, e a operação de fazer próprio o conhecimento do outro só se pode fazer jogando. Aí se encontra uma das interseções entre aprender e jogar. Diz-se que o objetivo do trabalho psicopedagógico é ajudar a recuperar o prazer perdido de aprender e a autonomia do exercício da inteligência e que esta conquista vem de mãos dadas com o recuperar o prazer de jogar. Quando se lida com brinquedos, jogos e materiais pedagógicos deve-se atentar a uma significativa quantidade de estruturas de alienação no saber que cercam esses objetos. Os jogos possibilitam à criança com dificuldades de aprendizagem aprender de forma lúdica, num contexto desvinculado da situação de aprendizagem formal. Facilitam, também, o vínculo terapêutico, fundamental para que qualquer processo tenha êxito. Por meio da aprendizagem do próprio jogo, do domínio das habilidades e raciocínios utilizados, a criança tem a possibilidade de redimensionar sua relação com as situações de aprendizagem. Ramozzi-Chiarottino, que realiza pesquisas nesse enfoque explica: Depois de vários anos de observação do comportamento da criança em situação natural, chegamos à conclusão de que os distúrbios de aprendizagem são determinados por deficiências no aspecto endógeno do processo da cognição e de que a natureza de tais deficiências depende do meio no qual a criança vive e de suas possibilidades de ação neste meio, ou seja, depende das trocas do organismo com o meio, num período crítico de zero a sete anos.(1994, p.83). Assim, para esta autora, há uma causa orgânica para as DA parcialmente determinada pelo ambiente e possível de remediação. A autora também apresenta formas de intervenção conforme as características dos problemas apresentados pelas crianças. Essas intervenções baseiam-se em: construção de esquemas motores e ação/reflexão sobre o meio, observação e experimentação sobre a natureza, construção da representação e construção de estruturas do pensamento. A respeito desta última intervenção, é 10 importante destacar que diferentes pesquisas, baseadas nesse pressuposto, alcançaram bons resultados com crianças que apresentavam dificuldades de aprendizagem. Na convivência na escola percebe-se que os profissionais enfrentam sérias dificuldades em relação à aprendizagem dos alunos, sendo assim os mesmos demonstram que precisam estar atualizados em conhecimentos gerais e específicos para que possam corresponder às exigências do mundo globalizado e também as expectativas do educando. Por outro lado, sabemos que os problemas de aprendizagem não podem ser resolvidos apenas com a instrumentalização dos educadores, não podemos ser ingênuos achando que basta o professor estar bem preparado no campo científico e pedagógico para desempenhar satisfatoriamente o seu papel. Precisamos compreender e analisar a criança, como foi sua infância seu desenvolvimento e a sua adolescência, essas fases requerem novos olhares por parte dos psicopedagogos, psicólogos, dos pediatras e lógico dos educadores, isso tudo nos leva inevitavelmente a reavaliação do papel da escola e dos professores diante do ato de ensinar. É importante ressaltar a psicopedagogia como área de atuação que estuda o processo de aprendizagem e as dificuldades apresentadas. A psicopedagogia muito tem contribuído para explicar a causa das dificuldades de aprendizagem, pois tem como objetivo central de seus estudos o processo humano do conhecimento e seus padrões evolutivos normais e patologias bem como a influência no seu desenvolvimento. O psicopedagogo (Piaget) assume papel relevante na abordagem e solução dos problemas de aprendizagem. Não procura culpados e não age com indulgencia. De acordo com Bossa (2000, p.14), é comum na literatura, os professores serem 11 acusados de isentarem de sua culpa e responsabilizar o aluno e/ou sua família pelos problemas de aprendizagem, mais há um processo a ser visto, as vezes, os métodos de ensino devem ser mudados. Nesse caso o psicopedagogo procura avaliar a situação da forma mais eficiente e proveitosa. Portanto a psicopedagogia não lida diretamente com o problema, lida com as pessoas envolvidas. Lida com as crianças, familiares e professores, levando em conta aspectos sociais, culturais, econômicos e psicológicos. Diante do baixo desempenho acadêmico, as escolas estão cada vez mais preocupadas com os alunos que tem dificuldades de aprendizagem, não sabem mais o que fazer com as crianças que não aprendem de acordo com o processo considerado normal e não possuem políticas de intervenção capazes de contribuir para a superação dos problemas de aprendizagem. Os desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituição escolar relacionam-se de modo significativo. A sua formação pessoal e profissional implica a configuração de uma identidade própria e singular que seja capaz de reunir qualidades, habilidades e competências de atuação na instituição escolar. Acredito que se existisse nas escolas psicopedagogo trabalhando com essas dificuldades, o número de crianças com problemas seria bem menor. O psicopedagogo atinge seus objetivos quando tem a compreensão das necessidades de aprendizagem de determinado aluno, abrindo espaço para que a escola viabilize recursos para atender as necessidades de aprendizagem. Dessa forma o psicopedagogo institucional passa a se tornar uma ferramenta poderosa no auxilio da aprendizagem. Pesquisar as dificuldades de aprendizagem e identificar a importância do educador nesse processo é fundamental para que ocorra a aprendizagem de fato e 12 de maneira que os problemas de aprendizagem sejam amenizados. Sabe quando você tem duas taças de cristal? Elas estão em silêncio. Aí a gente bate uma na outra e elas reverberam sonoramente. Uma taça influência a outra. Uma taça faz a outra emitir um som que vivia silencioso no seu cristal. Assim é a educação, um toque para provocar e o outro para fazer soar a música. (Alves 2003 p. 36) 13 Capítulo I 1-Dificuldades de Aprendizagem Quando uma criança ingressa na escola, sua primeira tarefa explícita é aprender a ler e escrever. Embora se espere que a criança aprenda muitas outras coisas em seu primeiro ano na escola, a alfabetização é, sem duvidaalguma, o centro das expectativas de pais e professores. Os pais e a própria criança não tem, em geral, razão para duvidar do sucesso da criança nessa aprendizagem. Uma criança sadia, ao ingressar na escola, já sabe falar, compreende explicações, reconhece objetos e formas desenhadas e é capaz de obedecer a ordens complexas. Não há razão para que ela não aprenda também a ler. No entanto, o que muitas vezes os pais e professores não consideram é que a leitura e a escrita são habilidades que exigem da criança a atenção a aspectos da linguagem aos quais ela não precisa dar importância, até o momento em que começa a aprender a ler. Por isso, toda criança encontra dificuldade na aprendizagem da leitura e da escrita. A leitura e a escrita exigem dela novas habilidades, que não faziam parte de sua vida diária até aquele momento. Moojem (19990 afirma que ao lado do pequeno grupo de crianças que apresenta transtornos de aprendizagem decorrente de imaturidade do desenvolvimento e/ou disfunção psiconeurológica, existe um grupo muito maior de crianças que apresenta baixo rendimento escolar em decorrência de fatores isolados ou em interação. As alterações apresentadas por esse contingente maior de alunos poderiam ser designadas como “dificuldades de aprendizagem”. Participariam dessa conceituação os atrasos no desempenho escolar por falta de interesse, perturbação 14 emocional, inadequação metodológica ou mudanças no padrão de exigência da escola, ou seja, alterações evolutivas normais que foram consideradas no passado como alterações patológicas. Fernández (19910 também considera as dificuldades de aprendizagem como sintomas ou “fraturas” no processo de aprendizagem, onde necessariamente estão em jogo quatro níveis: o organismo, o corpo, a inteligência e o desejo. A dificuldade para aprender segundo o autor seria o resultado da anulação das capacidades e do bloqueamento das possibilidades de aprendizagem de um individuo e a fim de ilustrar essa condição utiliza o termo inteligência aprisionada (atrasada, no idioma original). Para o autor, a origem das dificuldades ou problemas de aprendizagem não se relaciona apenas à estrutura individual da criança, mas também à estrutura familiar a que a criança está vinculada. As dificuldades de aprendizagem estariam relacionadas as seguintes causas: 1ª causas externas à estrutura familiar e individual - originariam o problema de aprendizagem reativo, a qual afeta o aprender, mas não aprisiona a inteligência e, geralmente surge do confronto entre o aluno e a instituição. 2ª causas internas à estrutura familiar e individual – originariam o problema considerado como sintoma e inibição, afetando a dinâmica e desejo, causando o desejo inconsciente de não conhecer e, portanto, de aprender. 3ª modalidades de pensamento derivadas de uma estrutura psicótica as quais ocorrem em menor número de casos. 4ª fatores de deficiência orgânica em casos mais raros. 15 1.1- Diagnóstico para Alunos com Dificuldades de Aprendizagem Os primeiros sinais que apontam que o aluno poderá vir a ter dificuldades ou distúrbios de aprendizagem podem aparecer na Educação Infantil. No entanto, até o 1º ano do Ensino Fundamental esses sinais devem ser considerados normais, visto que, o aluno está em fase de adaptação. Mesmo assim, o professor deverá ficar atento, pois podem ser os primeiros indicadores, que, se perpetuarem, ficará concretizado que o aluno tem a dificuldade. Diante disso, o professor da Educação infantil se atentará para a articulação da linguagem, atenção ao ouvir histórias, organização, atenção aos comandos, memória (dificuldade em aprender números, dias da semana, alfabeto), problemas em permanecer sentado. Desenhar, escrever, subir, correr, caminhar, devem ser pontos a serem observados. Esses podem ser alguns indicadores que já se apresentam na Educação Infantil e que, persistindo, indicam que o aluno possa ter alguma dificuldade ou distúrbio de aprendizagem e que necessitará de intervenção do professor, psicopedagogo, psicólogo, neurologista, fonoaudiólogo e de muito apoio da família. Lista de indicadores O professor, após observação contínua e criteriosa do aluno, é o responsável por realizar o diagnóstico, que poderá demorar um ano para ser concluído. Para isso, apresenta-se uma lista de indicadores: 1. ORGANIZAÇÃO: conhecimento das horas, dias da semana e meses do ano. Dificuldade em gerir o tempo. Entregar tarefas no tempo certo Dificuldade na 16 compreensão das tarefas, em encontrar objetos pessoais, tomar decisões, estabelecer conexões. É extremamente agitado, parece perdido; 2. COORDENAÇÃO MOTORA: Dificuldades em manipular objetos pequenos, cortar (motricidade fina); Na Educação Física, por exemplo, não entende as regras dos jogos. Cai muito, tropeça, acontecem acidentes freqüentes, que pode demonstrar falta de atenção. O aluno não pára ou é muito lento. Não consegue fazer absolutamente nada sozinho; 3. ATENÇÃO E CONCENTRAÇÃO: Não se concentra para ouvir O professor e realizar as atividades. Tem dificuldades em compreender o que lhe é proposto. Não pára para ouvir histórias; 4. LINGUAGEM FALADA E ESCRITA: dificuldade em aprender vocábulos novos, inversão de letras, articulação lenta da linguagem; combinação de letras e sons; 5. COMPORTAMENTO SOCIAL: dificuldades em contrair amizades; são alunos menos cooperativos, menos populares, apresentam menor competência na comunicação verbal e não verbal. É preciso enfatizar que, para se afirmar que a criança apresenta dificuldade de aprendizagem, não basta um único indicador ou situações esporádicas. Portanto a avaliação deve ser muito criteriosa e feita durante um período maior. A criança deve ser avaliada num todo. Também, a cada indicador que a criança apresenta, o professor deve fazer as intervenções, pois pode acontecer da dificuldade ser vencida ainda em sala de aula, sem ajuda de especialista. Feito o diagnóstico, a partir de uma observação criteriosa e contínua, a família deve ser informada e o aluno ser encaminhado a um especialista (neurologista, psicólogo, pedagogo, fonoaudiólogo, etc.) 17 É preciso lembrar que independente do diagnóstico, o professor deve realizar o trabalho diversificado, buscando trabalhar com diferentes alternativas pedagógicas para que o aluno aprenda. Enquanto professores temos a competência de avaliar o nosso aluno e realizar o diagnostico, a partir de uma observação continua e criteriosa. Dificuldades de aprendizagem o que observar: alguns sinais iniciais Pré - escola Níveis iniciais Níveis médios Níveis superiores Linguagem Problemas de articulação. Aquisição lenta de vocabulário. Falta de interesse em ouvir histórias. Atraso na codificação da leitura. Dificuldades em seguir instruções. Soletração pobre. Compreensão pobre da leitura. Pouca participação verbal na classe. Problema com palavras difíceis. Dificuldades de argumentar. Problemas na aprendizagem de línguas estrangeiras Expressão escrita fraca. Problemas em Memória Problemas na aprendizagem de números, alfabeto, dias da semana etc. Dificuldades em seguir rotinas. Dificuldade em recordar fatos; Problemas na organização. Aquisição lenta de novas aptidões. Dificuldades em recordar conceitos matemáticos. Dificuldade na memória imediata. Problemas estudar testes Dificuldades na memória de termos longos. Motricidade fina Problemas na aquisição de comportamentos de autonomia. Exemplo: apertar os cadarços do sapato. Relutância para desenhar. Instabilidade na Preensão do lápis. Problemas na escrita das letras. Manipulação inadequada do lápis. Escrita ilegível, lenta ou inconsistente. Relutância em escrever. Diminuição da relevância da motricidade fina. Atenção Problemasem permanecer sentado (quieto). Falta de persistência nas tarefas. Impulsividade, Distração. Difícil autocontrole. Fraca capacidade para perceber pormenores. Problemas de memória devido à fraca atenção. Fadiga mental. 18 As listas apresentadas permitem que bem utilizadas pelo professor, colher informações através da observação direta do aluno em termos educacionais. Essas listas permitem verificar se o aluno apresenta ou não dificuldades de aprendizagem possibilitando para o professor um diagnóstico significativo entre o potencial estimado do aluno e sua realização escolar atual. 1.1.1 - Distúrbios de Aprendizagem: uma rosa com outro nome Imagine por um instante que você está visitando um viveiro de plantas, Você percebe uma agitação lá fora e vai investigar. Você encontra um jovem assistente lutando contra uma roseira. Ele está tentado forçar as pétalas da rosa a se abrirem, e resmunga insatisfeito. Você lhe pergunta o quê está fazendo e ele explica: "meu chefe quer que todas essas rosas floresçam essa semana, então na semana passada eu cortei todas as precoces e hoje estou abrindo as atrasadas". Você protesta dizendo que cada rosa floresce a seu tempo, é absurdo tentar retardar ou apressar isso. Não importa quando a rosa vai desabrochar - uma rosa sempre desabrocha no momento mais oportuno para ela. Você olha novamente a rosa e percebe que ela está murchando, mas quando você o alerta, ele responde: "Ah, isso é mau, ela tem disdesabrochamento congênito. Vamos ter que chamar um especialista", Você diz: "Não, não! Foi você quem fez a rosa murchar! Você só precisaria satisfazer as exigências de água e luz da planta e deixar o resto por conta da natureza!" Você mal 19 consegue acreditar no que está acontecendo. Por que o chefe dele é tão mal informado e tem expectativas tão irreais em relação às rosas? Essa cena nunca teria se passado em um viveiro, é claro, mas acontecem todos os dias em nossas escolas. Professores pressionados por seus chefes seguem calendários oficiais que exigem que todas as crianças aprendam no mesmo ritmo e do mesmo jeito. No entanto as crianças não diferem das rosas em seu desenvolvimento: elas nascem com a capacidade e o desejo de aprender, e aprendem em ritmos diferentes e de modos diferentes. Se formos capazes de satisfazer suas necessidades, proporcionar um ambiente seguro e propício e evitar nos intrometer com dúvidas, ansiedades e calendários arbitrários, ai então – como as rosas – as crianças irão desabrochar cada uma a seu tempo. Meu coração gela quando, penso nas crianças classificadas como “TDHD' (sigla norte-americana para 'distúrbio de hiperatividade e falta de atenção), o mais novo tipo de "distúrbio de aprendizagem". Muitos educadores e pesquisadores acreditam que as crianças e suas famílias tenham sido cruelmente enganadas por essa classificação. O Dr. Thomas Armstrong, que já foi especialista em dificuldades de aprendizagem, mudou de profissão quando começou a ver "como essa noção de distúrbios de aprendizagem estava prejudicando todas as nossas crianças, colocando a culpa da dificuldade de aprender em misteriosas deficiências neurológicas, em vez de apontar para as tão necessárias reformas em nosso sistema educacional". O Dr. Armstrong voltou-se então para o conceito de diferenças de aprendizagem e escreveu "In Their Way" ("Do modo deles"), um guia prático e fascinante para os sete "estilos pessoais de aprendizagem" inicialmente propostos por Howard Gardner, psicólogo da Universidade de Harvard. O Dr. Armstrong nos instiga a abandonar rótulos convenientes mas nocivos tais como "dislexia" e nos ater 20 ao problema real do "disensino". Ele adverte que "nossas escolas estão desvalorizando milhões de crianças ao taxá-las de insuficientes quando na realidade elas estão sendo incapacitadas por métodos de ensino ruins". Como Armstrong explica, "as crianças são sobrecarregadas com diagnósticos tais como dislexia, disgrafia, discalculia e assim por diante, dando a impressão de que sofrem de doenças muito raras e exóticas embora o termo dislexia seja apenas uma expressão latina para"dificuldade com palavras, centenas de testes e programas se propõem a identificar e tratar tais 'disfunções neurológicas'. Mas os médicos ainda não conseguiram determinar qualquer tipo de lesão cerebral detectável na maior parte das crianças com esses assim chamados sintomas. Parece evidente para mim, depois de quinze anos de pesquisa e prática no campo da educação, que nossas escolas são as principais culpadas pelo fracasso e pelo tédio enfrentado por milhões de crianças ...” As classificações de distúrbios de aprendizado seriam "as novas roupas do imperador" das escolas? Os filósofos têm um recurso interessante chamado "Navalha de Occam", um expediente prático para liquidar com teorias absurdas: "para resolver um problema, deve-se escolher a teoria mais simples que explique os fatos". Quais são os fatos? É fato que muitos escolares, principalmente do sexo masculino, têm dificuldades de aprendizagem. Mas também é fato que existem centenas de milhares de crianças no mundo, meninos e meninas; entre os quais esse defeito "genético" está ausente: são as crianças escolarizadas em casa. Nesse grupo, praticamente não existem dificuldades de aprendizagem, exceto nas crianças que estão há pouco tempo na escola. Se os "distúrbios de aprendizagem" estão presentes apenas no ambiente escolar e ausente em outros lugares, o problema deve estar no ambiente de 21 aprendizado das escolas e não em algum "distúrbio neurológico" misterioso e não- detectável das crianças, ou estariam igualmente presentes nas crianças escolarizadas em casa. Afinal não é segredo que as escolas não estão conseguindo cumprir sua tarefa: em muitas regiões, os níveis de alfabetização na verdade caíram e não chegaram a atingir os níveis prévios à existência de escolas públicas (nos Estados Unidos). Quando John Gatto, eleito Professor do Ano do Estado de Nova York, chama a escolarização obrigatória de "sentença de doze anos de prisão", percebemos que algo está muito errado e que o erro não é das crianças. Será que as classificações de "hiperatividade", "fobia escolar" e "dificuldade de aprendizagem" não são uma cortina de fumaça para a incapacidade da escola de entender e aceitar o verdadeiro processo de aprendizagem? Uma especialista do porte de Mary Poplin, ex-editora de uma revista sobre distúrbios de aprendizagem ('Learning Disabilities Quarterly'), concluiu recentemente que "apesar de toda a pesquisa quantitativa... não há provas de que os distúrbios de aprendizagem possam ser identificados objetivamente... as tentativas de se estabelecer critérios objetivos para avaliar problemas humanos são uma ilusão que serve para encobrir nossa incompetência pedagógica". Ó educador John Holt relata em 'Teach Vour Own' ('Ensine a Si Mesmo') que o presidente de uma importante associação para tratamento de distúrbios de aprendizagem admitiu que há "poucas provas para confirmar os diagnósticos de distúrbios de aprendizagem". John Holt alerta os pais de crianças em idade escolar para serem "extremamente céticos em relação a qualquer coisa que as escolas e seus especialistas digam sobre a condição e as necessidades “de seus filhos". Acima de tudo, eles devem compreender que é quase certo que a própria escola, com todas as suas fontes de tensão e ansiedade, esteja 22 causando as dificuldades e que o melhor tratamento provavelmente seja tirar da escola de uma vez por todas. As famílias que fazem isso ficam aliviadas ao descobrir que seus filhos recuperam o interesse que tinham pelo aprendizado quando eram mais novos. Ao contrário dos professores escolares, que têm apenas uma visão parcial de várias crianças a cada ano, os pais que ensinam em casa observam o aprendizado de umaúnica criança ao longo de vários anos, aprendendo assim a respeitar o estilo singular de aprendizado de cada filho, a confiar na escala de horários individual da criança e a reconhecer que os erros são um componente normal e passageiro do processo de aprendizado de qualquer pessoa. (Não há pressa, de qualquer forma: muitas crianças escolarizadas em casa que começaram a ler aos 10 ou 12 anos saíram-se muito bem na faculdade). Essa atitude de descontração dos pais que ensinam em casa mantém intacto o valor próprio da criança, torna as classificações insignificantes e permite que o aprendizado seja tão fácil quanto entre os pré- escolares: crianças escolarizadas em casa costumam superar aquelas que freqüentam a escola em termos de desempenho acadêmico, socialização, confiança e auto-estima. John Gatto afirma que "em termos de capacidade de pensar, as crianças escolarizadas em casa parecem estar de cinco a dez anos adiante daquelas que freqüentam a escola". Durante alguns anos John Holt desafiou várias escolas a "explicar a diferença entre uma dificuldade de aprendizagem (que todos nós temos uma vez ou outra) e um distúrbio de aprendizagem". Ele perguntou aos professores como eles distinguem entre causas inerentes ao sistema nervoso do aluno e fatores externos – o ambiente escolar, o modo de explicar do professor, o professor em si ou o material didático. Ele relata: "nunca recebi uma resposta coerente a essas perguntas... [ainda 23 assim] essa distinção é tão fundamental que não sei como podemos falar de modo construtivo sobre os. problemas de aprendizagem de uma criança sem ela". Mas como os professores têm tanta certeza da existência tão disseminada de distúrbios neurológicos? Talvez eles estejam apenas confundindo causa e efeito: como John Holt observa, "os professores dizem que deve ser difícil ler, ou não haveria tantas crianças com dificuldade de ler". John Holt argumenta que "as crianças têm dificuldade de ler por que partimos do pressuposto de que ler é difícil... com nossa preocupação, “simplificação”, e pedagogia, tudo o que conseguimos é tornar a leitura cem vezes mais difícil para a criança. do que deveria ser... quando estamos nervosos ou com medo temos dificuldade, ou ficamos mesmo impossibilitados, de pensar e até de perceber... quando amedrontamos as crianças bloqueamos totalmente seu aprendizado". De fato, algumas pesquisas mostram que as expectativas do pr9fessor sobre a capacidade de aprendizado da criança influenciam muito o seu desempenho acadêmico. Outras pesquisas mostram a relação entre a ansiedade da criança e sua dificuldade de percepção - e ainda que o alívio da ansiedade (e o tratamento de alergias alimentares, quando elas existem) reduz em multo a incidência dessas dificuldades. Mas não precisamos que especialistas e pesquisadores nos digam o quê está errado. Precisamos apenas ouvir as próprias crianças, que está há anos tentando expressar sua dor, frustração, confusão e raiva. Quando as crianças se voltam para as drogas, automutilação e suicídio, é evidente que estão, tentando nos comunicar algo muito importante. Será que as dificuldades de aprendizagem são mesmo uma reação compreensível de crianças, normais obrigadas a conformar-se às condições anormais das salas de aula convencionais? Em outras palavras, será que as escolas 24 são incapazes de perceber a diferença entre simples relatos de erros de aprendizagem passageiros, agravados pelo estresse, e uma conclusão científica? Embora as supostas anomalias neurológicas nunca tenham sido identificadas, não é difícil detectar condições anormais no ambiente escolar: competitividade feroz, inatividade física (particularmente difícil para os meninos), matérias fragmentadas que têm pouca relação com os interesses e as experiências individuais da criança, freqüentes avaliações e questionamento do progresso do aprendizado, falta de tempo para o convívio familiar, pouca oportunidade de conhecer pessoas de outras idades, falta de sossego para a privacidade e a reflexão, pouca oportunidade de receber a atenção exclusiva dos professores, desencorajamento a compartilhar idéias e trabalho com os colegas de classe (uma oportunidade valiosa sendo desperdiçada), crianças frustradas caçoando das outras, o desencorajamento de atitudes de auto-valorização e acima de tudo a indignidade de ser um incapaz, uma "não-pessoa"; cujas necessidades legítimas e as tentativas de expressar essas necessidades são abafadas pela defensiva institucional. Todas essas dificuldades podem ser evitadas com a escolarização domiciliar - desde que o governo permita autonomia suficiente. Classificações são incapacitantes, porque as crianças acreditam no que lhes dizemos. Se tivermos que classificar algo, que seja o ambiente de ensino e não o aluno: em vez de "criança hiperativa", vamos nos preocupar com as escolas "restritivas de atividade"; em vez de alunos com "falta de atenção", deveríamos pensar nas aulas com "falta de inspiração"; em vez de "criança com fobia escolar" deveríamos usar palavras mais honestas como "ansiosa" e "amedrontada"; e tomar mais cuidado ao pesquisar o motivo da ansiedade. Usando a Navalha de Occam, vamos procurar a teoria mais simples que explique os fatos e não a mais complicada 25 e obscura. Um ambiente estressante, punitivo e ameaçador é mais do que suficiente para explicar os problemas de aprendizagem. Não precisamos nos confundir com termos técnicos, teorias sem comprovação científica e bodes expiatórios para preservar uma instituição social que falhou com nossos filhos. Como devemos agir então? Norman Henchey, professor da Universidade MacGill, recomenda "repensar totalmente a escolarização compulsória". Norman Henchey defende a volta à escolarização em casa e a "outras vias de amadurecimento... programas de formação de aprendizes, serviços de ensino formais e informais, serviço público". Talvez assim possamos honrar o estilo individual de aprendizado de cada criança e, como pede o Dr. Armstrong, "dar às crianças a motivação de que necessitam para se\sentirem seres humanos competentes e bem-sucedidos". As crianças nasceram para aprender. Elas merecem ter um ambiente de ensino seguro e estimulante, onde possam aprender em uma atmosfera de paciência, respeito, delicadeza e confiança, sem ameaças, coerção ou cinismo. Como Einstein nos alertou muitos anos atrás, "é um grave erro acreditar que o prazer de observar e pesquisa r possam ser incutidos pela coerção". Toda criança é uma criança bem-dotada. 1.2 - Transtornos de Aprendizagem Outra terminologia recorrente na literatura especializada é a palavra "transtorno". Segundo a Classificação de Transtornos Mentais e de Comportamento 26 da Classificação Internacional de Doenças - 10, elaborado pela Organização Mundial de Saúde: “O termo "transtorno" é usado por toda a classificação, de forma a evitar problemas ainda maiores inerentes ao uso de termos tais como "doença" ou "enfermidade”. "Transtorno" não é um termo exato, porém é usado para indicar a existência de um conjunto de sintomas ou comportamentos clinicamente reconhecível associado, na maioria dos casos, a sofrimento e interferência com funções pessoais (CID - 10, 1992 p. 5).” Cada um dos transtornos mentais é conceituado como uma síndrome ou padrão comportamental ou psicológico clinicamente importante, que ocorre em um indivíduo e que está associado a: • Ao sofrimento (sintomas dolorosos); • A incapacidade (prejuízo em uma ou mais das áreas mais importantes do sofrimento • Ao risco significativamente aumentado de sofrimento atual: morte, dor, deficiência ou uma perda importante da liberdade. Os transtornos de aprendizagem são diagnosticados quando os resultados do indivíduo em testes padronizados e individualmente administrados de leitura, matemática ou expressão escrita estão substancialmenteabaixo do esperado para sua idade, escolarização ou nível de inteligência. Nesse caso, os problemas de aprendizagem interferem significativamente no desempenho escolar ou nas atividades diárias que exigem habilidades de leitura, matemática ou escrita. Dentre os transtornos de aprendizagem, são descritos: • Transtorno específico de leitura; • Transtorno da Aritmética; • Transtorno da expressão escrita; • Transtorno na leitura, escrita e matemática 27 Alguns fatores como: falta de interesse, um ensino deficiente, perturbações emocionais ou aumento ou mudança no padrão de exigência das tarefas, não podem ser considerados transtornos específicos do desenvolvimento das habilidades escolares. 1.2.1- Disgrafia - dificuldade de aprendizagem da escrita Trata-se de uma dificuldade significativa no desenvolvimento das habilidades relacionadas com a escrita. Esse transtorno não se explica pela presença de uma deficiência mental, por escolarização insuficiente, por déficit visual ou auditivo nem por alteração neurológica. Denomina-se, por meio das alterações relevantes na soletração até erros de sintaxe, estruturação ou pontuação das frases, ou na organização de parágrafos. Costuma apresentar-se com outras alterações superpostas, como os transtornos do desenvolvimento na leitura. Esse tipo de dificuldade propõe segundo Gregg (1992) uma análise das características condutuais dos déficits cognitivos em relação aos transtornos gramaticais, fonológicos, visuais e espaciais da criança. Segue abaixo uma adaptação de Gregg relacionada às dificuldades na escrita. 28 Transtornos Gramaticais Transtornos Fonológicos Transtornos Viso Espaciais Substituições, omissões ou adições de nomes, verbos, adjetivos ou advérbios. Substituições de morfemas Omissão de morfemas Confusão de letras Lentidão da percepção visual Substituições, omissões ou adições de preposições pronomes e conjunções. Substituições de fonemas Omissão de fonemas Inversão de letras Ordem de palavra alterada. Substituições de silabas Transposição de morfemas Fonemas e silabas. Transposição de letras Substituição de letras Percebe-se pelo quadro apresentado que esse transtorno costuma evidenciar diversas áreas alteradas, tais como o soletrar, a sintaxe escrita em contraste com os resultados da sintaxe oral, a organização do texto, a coesão, as conexões gramaticais e lexicais. A disgrafia e as suas divisões De acordo com a divisão tradicional da dificuldade ligada à escrita, a disgrafia pode estar dividida em: Disgrafia específica ou propriamente dita - quando a criança não estabelece uma relação entre o sistema simbólico e as grafias que representam os sons, as palavras e frases. Disgrafia motora - quando a motricidade da criança está particularmente em jogo e não o sistema simbólico. A isso se denomina discaligrafia, não só como alteração motora, mas também fatores emocionais (restrição do eu), o que altera a forma da letra. Os indicadores que se consideram para a disgrafia recebem mesmos nomes que os indicadores de dislexia, Abaixo segue um quadro com alguns indicadores da disgrafia. 29 INDICADORES DE DISGRAFIA EXEMPLOS Inversão de letras ne x en; areonautas x aeronautas Inversão de sílabas penvasa x pensava Inversão de números 89 x 98; 123 x 213 Substituição de letras gogar x jogar; imão x irmão Substituição de sílabas ponta x pomba Substituição de palavras Substituição de números menino x ninho; lindo x grande 3225 x 325 Existem outros casos de disgrafia que se justificam pela: Omissão de Letras tabém x também Omissão de sílabas prinpal x principal Omissão de palavras por não voltar ... x por favor, não voltar Omissão de números 32 x 302 Dissociação de palavras ci ne x cine Contaminação de letras fortese x fortes Contaminação de sílabas sedeitou x se deitou Contaminação de palavras haviaúma x havia uma A disgrafia e os casos especiais 1- Agregado por reiteração: quando se agrega uma mesma letra, sílaba, palavra ou número. Ex: (passarada por passada). 2- Agregado por translação: pode ser prospectiva ou retrospectiva. Ex: prospectiva: “toma tosopa” por “toma sopa”. 30 Ex: retrospectiva: “mea aproximei” por “me aproximei”. 3- Discaligrafia: consiste na dificuldade de escrever em forma legível. Os indicadores mais comuns da discaligrafia são: � Micrografia; � Macrografia; � Ambas combinadas; � Distorções ou deformações; � Dificuldades nos enlaces; � Traçados reforçados, filiformes, tremidos; � Inclinação inadequada; � Aglomerações 1.2.2 - Discalculia É uma dificuldade de aprendizagem específica, caracterizada por um baixo desempenho nas tarefas que envolvem competências aritméticas. Essa dificuldade geralmente acontece na escola, através da estruturação organizada de textos escritos, compreensão de tabelas e gráficos, entre outras atividades. A discalculia é um transtorno estrutural da maturação das habilidades matemáticas referentes, sobretudo as crianças, e que se manifesta pela quantidade de erros variados na compreensão de números, habilidades de contagem, habilidades computacionais e soluções de problemas verbais. Na escola esse transtorno, pode ser encontrado em seis subtipos como: 31 1- A discalculia verbal: com manifestação em dificuldades em nomear as quantidades matemáticas, os números, os termos, os símbolos e as relações. 2- A discalculia practognóstica: dificuldades para enumerar, comparar, manipular objetos reais ou em imagens, matematicamente. 3- A discalculia léxica: dificuldades na leitura de símbolos matemáticos. 4- A discalculia gráfica: dificuldades na escrita de símbolos matemáticos. 5- A discalculia ideognóstica: dificuldades em fazer operações mentais e na compreensão de conceitos matemáticos. 6- A discalculia operacional: dificuldade na execução de operações e cálculos numéricos. Esses subtipos da discalculia fazem com que muitas crianças tendam a não gostar das aulas dessa área do conhecimento, pois acham difícil, chatas e pouco estimulantes. Mas, não é por esse motivo isolado que classificaremos essas crianças tendo transtorno de matemática. Os pais e professore devem ficar atentos para detalhes que servem para diagnosticar a "DA". O transtorno interfere significativamente no rendimento escolar ou em atividades da vida diária que exigem habilidades matemáticas. Não se pode deixar de mencionar que o transtorno de matemática, conhecido como discalculia, é em geral encontrado em combinações com o transtorno de leitura ou com o de escrita. Este transtorno não é causado· por deficiência mental, por déficits visuais ou auditivos, nem por má escolarização. Simplesmente, as crianças que sofrem deste transtorno não conseguem compreender as relações de quantidade, ordem, espaço, distância e tamanho que a professora ensina, com também não sabem: somar, diminuir, multiplicar e dividir. 32 É importante salientar que as crianças não sentem preguiça nas aulas como pensam pais e professores. Elas realmente não entendem o que está sendo proposto nas atividades. Assim, para o melhor conhecimento da discalculia, seguem alguns indicativos que podem ser encontrados nas crianças que sofrem desse transtorno. Chamamos a atenção para que não ocorra confusão entre uma didática errada, que ensina na base da memorização, de forma mecânica, com uma dificuldade neurológica. • Dificuldade em executar operações matemáticas; • Dificuldade em ler mapas e gráficos; • Dificuldade em compreender o significado de sinais de operação (+, -, x e :) • Dificuldade em seqüenciar números (antecessor e sucessor); • Dificuldade em compreender o princípio de conservação de quantidade; • Dificuldade em compreender os princípios de medida; • Dificuldade em classificar números; Verificandoesses indicadores, é importante salientar que os alunos com discalculia precisam contar com a ajuda do professor, uma vez que realizado o diagnóstico por especialistas, para que a aprendizagem ocorra de forma mais tranqüila e com maior entendimento por parte dos alunos. Assim, quando o professor suspeitar de discalculia na sua turma, deve encaminhar o aluno ou os alunos para avaliação, a profissionais especializados na área. O professor também pode auxiliar no tratamento seguindo algumas sugestões como estas: 33 1.2.3 - Dislalia De acordo com José e Coelho (1999), fala e a escrita não podem ser consideradas como funções autônomas e isoladas, mas sim como manifestações de um mesmo sistema, que é o sistema funcional de linguagem. Causas dos distúrbios da expressão verbal (linguagem verbal/fala) a) Causas anatômicas ou funcionamento fisiológico anormal dos maxilares, da língua e do véu palatal. b) Sentimentos, emoções ou atitudes perturbadoras. c) Conceitos inadequados do eu. d) Hábitos de linguagem defeituosa. e) Dificuldade de adaptação ao ambiente. Características dos distúrbios da fala Dislalia é a omissão, substituição, distorção ou acréscimo de sons na palavra. Trata- se de falhas na articulação. Dislalia Tipos Características Exemplos Omissão Não pronuncia alguns sons. “Omei ao ola”. (tomei coca –cola) Acréscimo Introduz mais um som “Atelântico” (Atlântico Distorção Deixa a língua entre os dentes ao emitir os fonemas (s) e (z), deformando-os. (s): sol, assar, peça, cebola, descer, aproximar. (z): azedo, asa, exame. Substituição Troca alguns sons por outros “Telo a boneta.” (Quero a boneca.) Gamacismo Omite ou substitui os fonemas (K) e (g) pelas letras d e t. “tadeira” (cadeira) “dato” (gato) Lambdacismo Pronuncia o l de maneira defeituosa “palanta” (planta) “confilito” (conflito) Rotacismo Substitui o r, como faz o Cebolinha, personagem de Mauricio d Souza. “tleis” (três) Sigmatismo Usa d forma errada ou tem dificuldades em pronunciar as letras (s) e (z) (as vezes não consegue nem soprar ou assobiar). “caça” (casa) “acedo” (azedo) 34 Esse é um dos problemas onde o observador deve ter cuidado na hora dedar o diagnóstico para não cometer nenhum engano, pois como vimos existe duas possibilidades em usar as palavras a correta e a errada, ou tem realmente dificuldade em articular as palavras. A partir dessa concepção, devem ser tomadas as decisões adequadas para ajudar as crianças nesse momento. 1.2.4 - Disartria É um problema articulatório que se manifesta na forma de dificuldades para realizar alguns movimentos necessários à emissão verbal. Como a passagem de um movimento a outro também é difícil, a fala disártrica pode ficar mais lenta e arrastada, além de apresentar quebras de sonoridade quando ocorrem espasmos musculares. Por isso, a disartria é considerada como um problema de articulação que envolve distúrbios de ritmo e de entonação. A disartria é comum em casos de paralisia geral, onde ela se manifesta associada à outros distúrbios da linguagem. A disartria de origem muscular em casos de paralisia geral, paralisia ou ataxia, músculos que intervêm nesta articulação. Ela pode ter origem em lesões no sistema nervoso o que altera o controle do nervo provocando uma má articulação. Podemos encontrar a disartria em pessoas que sofrem de paralisia periférica do nervo hipoglosso (duodécimos par dos nervos cranianos, inerva os músculos da língua) pneumogástrico (nervo vago ou décimo par craniano que inerva a laringe, pulmões, esôfago, estomago e a maioria das vísceras abdominais) e facial. Em 35 pessoas que apresentam esclerose, intoxicação alcoólica, com tumores (malignos ou benignos) no cérebro, cerebelo ou tronco encefálico, traumatismo cranioencefálico. No caso de lesões cerebrais, os exames clínicos mostram que as alterações não se manifestam isoladamente estando associada geralmente a outros distúrbios tais como gnósio - apráxicos ou transtornos disfásicos. Tem também como característica principal a fala lenta e arrastada devido a alteração dos mecanismos nervosos que coordenam os órgãos responsáveis pela fonação. 1.2.5- Dislexia É uma dificuldade de aprendizagem que também pode ser conhecida como "Transtorno do desenvolvimento da leitura". Manifesta-se por meio de uma leitura oral lenta, com omissões, distorções e substituições de palavras, com interrupções, correções e bloqueios. A dislexia é uma das mais comuns deficiências de aprendizado. Segundo pesquisas realizadas em todo o Brasil, 20% de todas as crianças sofrem de dislexia, o que faz com que elas tenham grande dificuldade em aprender a ler, escrever e soletrar. A dislexia não deve ser motivo de vergonha para crianças que sofrem dela ou para seus pais. Dislexia não significa falta de inteligência e não é um indicativo de futuras dificuldades acadêmicas e profissionais. 36 Pessoas disléxicas, que nunca se trataram, lêem com dificuldade, pois é difícil para elas assimilarem palavras. Disléxicos também geralmente soletram muito mal. Isso não quer dizer que crianças disléxicas são menos inteligentes; aliás, muitas delas apresentam um grau de inteligência normal ou até superior ao da maioria da população. A dislexia persiste apesar da boa escolaridade. É necessário que pais e educadores estejam cientes de que um alto número de crianças sofre de dislexia. É normal que crianças disléxicas expressem sua frustração por meio de mau comportamento dentro e fora da sala de aula. Portanto, pais e educadores devem saber identificar os sinais que indicam que uma criança é disléxica e não preguiçosa. A dislexia, principalmente quando tratada, não implica em falta de sucesso no futuro. Alguns exemplos de pessoas disléxicas que obtiveram grande sucesso profissional são Thomas Edison (inventor), Tom Cruise (ator), Walt Disney (fundador dos personagens e estúdios Disney) e Agatha Christie (autora). Alguns pesquisadores acreditam que pessoas disléxicas têm até uma maior probabilidade de serem bem sucedidas; acredita-se que a batalha inicial de disléxicos para aprender de maneira convencional estimula sua criatividade e desenvolve uma habilidade para lidar melhor com problemas e com o stress. Causas da Dislexia As causas da dislexia são neurobiológicas e genéticas. A dislexia é herdada e, portanto, uma criança disléxica tem algum pai, avô, tio ou primo que também é disléxico. 37 Diferentemente de outras pessoas que não sofrem de dislexia, disléxicos processam informações em uma área diferente de seu cérebro; não obstante, os cérebros de disléxicos são perfeitamente normais. A dislexia parece resultar de falhas nas conexões cerebrais. Felizmente, existem tratamentos que curam a dislexia. Esses tratamentos buscam estimular a capacidade do cérebro de relacionar letras aos sons que as representam e, posteriormente, ao significado das palavras que elas formam. Alguns pesquisadores acreditam que quanto mais cedo é tratada a dislexia, maior a chance de corrigir as falhas nas conexões cerebrais da crianças que sofrem dessa dificuldade. Em outras palavras, a dislexia, se tratada nos primeiros anos de vida escolar da criança, pode ser curada por completo. Para melhor entender a causa da dislexia, é necessário conhecer, de forma geral, como funciona o cérebro. Diferentes partes do cérebro exercem funções específicas. A área esquerda do cérebro, por exemplo, está mais diretamente relacionada à linguagem; nela foram identificadas três sub-áreas distintas: uma delas processa fonemas, outra analisa palavras e a última reconhece palavras. Essas três subdivisões trabalham em conjunto, permitindo que o ser humano aprenda a ler e escrever. Uma criança aprende a ler ao reconhecer e processar fonemas, memorizando as letras e seus sons. Elapassa então a analisar as palavras, dividindo-as em sílabas e fonemas e relacionando as letras a seus respectivos sons. À medida que a criança adquire a habilidade de ler com mais facilidade, outra parte de seu cérebro passa a se desenvolver; sua função é a de construir uma memória permanente que imediatamente reconheça palavras que lhe são familiares. 38 À medida que a criança progride no aprendizado da leitura, essa parte do cérebro passa a dominar o processo e, conseqüentemente, a leitura passa a exigir menos esforço. O cérebro de disléxicos, devido às falhas nas conexões cerebrais, não funciona dessa forma. No processo de leitura, os disléxicos recorrem somente à área cerebral que processa fonemas. A conseqüência disso é que disléxicos têm dificuldade em diferenciar fonemas de sílabas, pois sua região cerebral responsável pela análise de palavras permanece inativa. Suas ligações cerebrais não incluem a área responsável pela identificação de palavras e, portanto, a criança disléxica não consegue reconhecer palavras que já tenha lido ou estudado. A leitura se torna um grande esforço para ela, pois toda palavra que ela lê aparenta ser nova e desconhecida. Características da Dislexia O ideal seria que toda criança fosse diagnosticada para detectar se ela sofre de dislexia. Porém, o sistema educacional brasileiro é deficiente, há uma falta de recursos na maioria das escolas do país. Portanto, é importante que pais e professores fiquem atentos aos sinais de dislexia para que possam ajudar seus filhos e alunos. O primeiro sinal de possível dislexia pode ser detectado quando a criança, apesar de estudar numa boa escola, tem grande dificuldade em assimilar o que é ensinado pelo professor. Crianças cujo desenvolvimento educacional é retardatário podem ser bastante inteligentes, mas sofrer de dislexia. O melhor procedimento a ser adotado é permitir que profissionais 39 qualificados examinem a criança para averiguar se ela é disléxica. A dislexia não é o único distúrbio que inibe o aprendizado, mas é o mais comum. São muitos os sinais que identificam a dislexia. Crianças disléxicas tendem a confundir letras com grande freqüência. Entretanto, esse indicativo não é totalmente confiável, pois muitas crianças, inclusive não-disléxicas, freqüentemente confundem as letras do alfabeto e as escrevem de lado ao contrário. No Jardim de Infância, crianças disléxicas demonstram dificuldade ao tentar rimar palavras e reconhecer letras, e fonemas. Na primeira série, elas não conseguem ler palavras curtas e simples, têm dificuldade em identificar fonemas e reclamam que ler é muito difícil. Da segunda à quinta série, crianças disléxicas têm dificuldade em soletrar, ler em voz alta e memorizar palavras; elas também freqüentemente confundem palavras. Esses são apenas alguns dos muitos sinais que identificam que uma criança sofre de dislexia. Crianças disléxicas que foram tratadas desde cedo superam o problema e passam a se assemelhar àquelas que nunca tiveram qualquer dificuldade de aprendizado. Nunca é tarde demais para ensinar disléxicos a ler e a processar informações com mais eficiência. Entretanto, diferente da fala que qualquer criança acaba adquirindo, a leitura precisa ser ensinada. Utilizando métodos adequados de tratamento e com muita atenção e carinho, a dislexia pode ser derrotada. Crianças disléxicas que receberam tratamento desde cedo apresentam uma menor dificuldade ao aprender a ler. Isso evita que a criança se atrase na escola ou passe a desgostar de estudar. É importante enfatizar que a dislexia não é curada sem um tratamento apropriado. Não se trata de um problema que é superado com o tempo; a dislexia 40 não pode passar despercebida. Pais e professores devem se esforçar para identificar a possibilidade de seus filhos ou alunos sofrerem de dislexia. É aconselhável que a criança disléxica leia em voz alta com um adulto para que ele possa corrigi-Ia. É importante saber que ajudar disléxicos a melhorar sua leitura é muito trabalhoso e exige muita atenção e repetição. Mas um bom tratamento certamente rende bons resultados. 1.2.6- TDAH – Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade O que é TDAH? TDAH significa Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade. Na infância, o TDAH é um dos transtornos mentais mais comuns. Quase sempre, aparece na fase em que a criança começa a freqüentar a escola. Cerca de 5% de meninos e meninas nessa fase têm esse problema. Sabe aquele aluno desatento que não consegue se concentrar nas tarefas? Ou aquele inquieto, impulsivo que está sempre agitado durante as aulas? É possível que ele tenha TDAH. Como ter certeza de que uma criança tem mesmo o transtorno da hiperatividade? Os sintomas do TDAH são: desatenção, impulsividade e inquietação. Se a criança tiver alguma dessas características, é possível que ela esteja sofrendo deste transtorno. Agora, para que o professor tenha certeza mesmo é preciso conversar com os pais e sugerir que conversem com médicos especializados no assunto. Eles farão todos os testes para esclarecer a real existência do problema. 41 Lembre-se! O diagnóstico de um especialista, como o neurologista ou o psiquiatra, é muito importante. Principalmente por que os sintomas do TDAH podem ter conseqüências graves se não forem tratados logo. Conseqüências da hiperatividade. Que tipos? Só para você ter uma idéia, estudos demonstraram que mais de 30% das crianças com TDAH repetem um ano na escola e até 56% delas precisam de acompanhamento pedagógico adicional. Os sintomas do transtorno podem prejudicar o desenvolvimento emocional e social da criança e até levá-Ia ao consumo de substâncias químicas, como o álcool e drogas. Portanto, o não tratamento do TDAH pode causar grandes prejuízos na vida social, familiar, acadêmica e profissional do indivíduo. Na criança, o transtorno pode causar a diminuição do rendimento escolar. Já no adulto, ocasiona baixa produtividade, pouca motivação e aumente até a incidência do desemprego. Mas não é só! Uma pessoa com TDAH está mais propensa a sofrer acidentes, inclusive os mais graves, e viver crises de depressão, ansiedade e outros transtornos. Quais são as causa do TDAH? As causas do TDAH ainda não estão completamente esclarecidas. Entretanto, diversos estudos no mundo inteiro encontraram tendências genéticas e ambientais que podem contribuir para o entendimento do transtorno. A criança pode nascer com uma predisposição para o transtorno e vai desenvolvendo seus sintomas (desatenção, inquietação e impulsividade) à medida que ela cresce e se relaciona com sua família e com outras pessoas. Ao contrário do que se pensa é comum adultos que apresentam os sintomas do transtorno. O que geralmente acontece é a pessoa ter TDAH desde a infância e ele nunca ter sido diagnosticado. Em adultos, o TDAH é provavelmente o transtorno 42 psiquiátrico mais comum não diagnosticado. É uma continuação do problema da infância. Para trabalhar com crianças que apresentam o transtorno do TDAH na escola, o primeiro passo é o diagnóstico dos especialistas. Depois, é começar o trabalho, com o acompanhamento dessas pessoas. O mais importante é que os profissionais da educação reconheçam que os reais portadores de TDAH não são alunos diferentes. O bom professor deve tentar atender na medida do possível o aluno, ser flexível, ter um modo adequado de observar e repensar seu trabalho, empatia com seu trabalho e seguir algumas sugestões abaixo como estratégias de sala de aula: • Ajustar suas experiências as necessidades dos alunos; • Resgatar auto-estima dos alunos; • Evitar esforço negativo; • Explicação de atitudes dos alunos com clareza; • Estabelecer e relembrar constantemente as regras da sala; • Evitar ressaltar mais o que não pode do que o que pode. Lembre-se que, àsvezes, o seu aluno não precisa de todas as respostas, mas sim da certeza de saber que alguém vai escutá-Io. Por isso, procure saber como seu aluno aprende melhor, se é olhando, ouvindo, copiando, imitando ou refazendo o que você faz. Esses detalhes essenciais para o trabalho pedagógico com crianças hiperativas. Para o trabalho e convivência com hiperativos na escola construa um ambiente favorável para que a criança hiperativa sinta-se bem nele e possa descobrir algo que a faça feliz e motivada. Não se esqueça de que nem sempre o 43 hiperativo é o que você pensa e o que você acha que ele é. Você pode seguir algumas regrinhas básicas para o trabalho. Aí vão elas: • Em conversa mais demorada (vale sempre a pena), se for preciso, tente levantar as regras de possibilidades para o trabalho com os alunos. • Não exija silêncio ou imobilidade, por que eles não conseguem por natureza física. • Responda às questões feitas com a "verdade" curta e rápida, dentro das reais possibilidades de entendimento, não tente inventar uma resposta. • Se for preciso, fale de você, se você já tiver uma boa e saudável empatia com os alunos, ou então procure exemplos de vida próximos a eles, mas se puder falar de você mostre-se tão gente quanto eles, com acertos e erros. Em qualquer atrito que envolva um "hiperativo", escute os dois lados façam se ouvir e saber que não serão punidos antes de esclarecida a situação para ambos. • Não deboche de possíveis descuidos e desentendimentos, nem chame mais atenção para esses fatos do que suas boas ações. • Não acredite na palavra "não sei", insista inteligentemente e aceite a tentativa. Mostre-Ihes que alguns erros são pontes para o acerto seu e às vezes de outros, também. 1.3- Família: as intervenções e relações interpessoais O desenvolvimento da criança recém-nascida é um empreendimento conjunto entre a criança e o adulto que dela cuida; o progresso no seu desenvolvimento não é 44 uma questão de acréscimos, mas sim de reorganizações seqüenciais que periodicamente ocorrem na vida mental da criança; são as interações e as relações com as pessoas e os sistemas sociais que têm um papel crucial para as suas aquisições e para a construção de formações psicológicas cada vez mais sofisticadas. As relações do homem com o mundo que o rodeia, o processo ativo de apropriação das conquistas da experiência humana acumuladas no decurso da história social e realizadas nos produtos objetivos da atividade coletiva, são mediadas por suas relações com as pessoas. As relações, por sua vez, referem-se não só aos aspectos comportamentais, mas também aos afetivos, educacionais e cognitivos interligados entre si. Ao se analisar esses componentes, é possível compreender tanto os atributos principais das interações (por exemplo, complementaridade e reciprocidade), quanto os das relações (por exemplo, percepções pessoais e experiências passadas de cada participante que exercem influência nas interações futuras). A identificação das propriedades das relações permite que se compreenda, em parte e de uma forma inovadora, esse fenômeno. A família é concebida, atualmente, de uma forma mais ampla do que tradicionalmente era vista. Esse novo conceito baseia-se na intimidade entre seus membros, na relação entre as gerações e nas variáveis externas como mudanças econômicas e sociais incorporadas à família, o que implica apreender características do relacionamento entre o homem e a mulher e entre as crianças e os genitores, bem como do relacionamento de outras pessoas que também convivem com a família. Em outras palavras, a família mudou na prática, mas o conceito sobre ela ainda permanece o do tempo de nossas avós. Muitos educadores ainda esperam que seus alunos sejam provenientes de famílias bem estruturadas - com "papai", 45 "mamãe" e "filhos obedientes". Porém, como já visto anteriormente, essa não é a realidade sócio-familiar que encontramos nas nossas escolas: temos jovens - meninos e meninas que estão se tornando 'homens e mulheres' biologicamente - mas não emocionalmente. São frutos de uma geração "livre", no pleno sentido, da ação disciplinar dos pais. Esses, devido às mudanças sócio-econômicas, não têm mais o tempo, a disposição e a paciência para construírem-se junto aos filhos (as). As fases iniciais na formação da família - dita tradicional caracterizam-se pela união do novo casal e, em especial, pelo nascimento do primeiro filho, quando emocionalmente o casal se constitui como família. Essa é uma fase crítica, considerando que a configuração diádica sofre grandes e profundas adaptações no processo de transformação para uma configuração triádica. A crise que se estabelece nesse momento de transição pode ser uma oportunidade de crescimento, como também pode ser vivida como uma situação traumática (BERTHOUD, 1996).O nascimento de um bebê traz transformação nos hábitos da família, e os estudos mostram que, desde o momento em que a mulher tem ciência de que está grávida toda uma alteração ambiental se faz presente. Durante os primeiros anos de vida da criança, as mudanças no seu desenvolvimento motor, cognitivo, emocional e social podem ter um impacto especial sobre as interações familiares e exigem adaptações constantes por parte dos genitores. Na verdade, o desenvolvimento da criança vem sendo interpretado, atualmente, como intervindo nas interações e relações familiares, criando não só uma dinâmica familiar específica aos seus diversos pontos críticos, como também desencadeando mudanças familiares que,' por sua vez, podem influenciar o próprio curso do desenvolvimento da criança. 46 Com o nascimento da segunda criança, as interações e relações mútuas entre os membros da família aumentam, podendo haver um avanço nos velhos padrões de interação e na procura por novos equilíbrios. Esse é um processo que ocorre de forma diferente do que ocorreu no início da formação da família. Quando nasce o primogênito, o casal tem que estabelecer novos papéis e relações; mas quando nasce a segunda criança, o sistema genitores criança já existente tem que ser diferenciado e especificado de acordo com as relações genitores-criança 1 e genitores-criança 2, além de precisar ser hierarquicamente integrado. Portanto, nas famílias em que o processo de desenvolvimento, tanto da criança quanto do grupo familiar, é considerado normal, podem surgir períodos marcados por dificuldades e desequilíbrios de seus membros que têm, em geral, sido tratados como crises normais. Lamentavelmente, pouco se conhece a respeito desses períodos, quando ocorrem problemas no desenvolvimento da criança. Em se tratando de deficiência mental, o fato de alguém da família ser identificado pelos critérios da comunidade educacional como um "deficiente mental" pode constituir-se em uma experiência dilacerante que altera profundamente as relações internas e objetivas da família, como também os papéis familiares e sociais de cada membro, por um longo período de tempo, aparentemente interminável. Para evitar a rejeição social, o ridículo e a perda de prestígio, alguns genitores tendem a renunciar à participação social; outros adotam o papel de "mártires", com a finalidade de mostrar para a sociedade que são completamente dedicados à criança deficiente e que, dessa forma, não podem ser culpados pela sua deficiência. Como vimos, as atitudes preconceituosas para com as deficiências ocorrem nas diversas camadas sociais. Reações inadequadas para com a situação são freqüentes, uma vez que existe um desconhecimento e conseqüente despreparo das 47 pessoas para com as deficiências. Os familiares, os vizinhos, os amigos e a sociedade como um todo quase sempre demonstram compaixão e pena, assumindo atitudes superprotetoras ou mesmo fingindo ignorar o fato. 1.3.1 - Que dizer do processo de aprendizagem? Participamas famílias? Num estudo realizado por Silva e Dessen (2001) sobre famílias de portadores da Síndrome de Down, observou-se que a estrutura de participação dos membros familiares figura-se, freqüentemente, nas atividades, na iniciativa das interações, na qualidade das interações e nos comportamentos específicos emitidos pela criança em direção aos genitores e destes em direção à criança. Os genitores engajaram-se mais freqüentemente em atividades “lúdicas” com suas crianças, “brincando com objetos” e “conversando sobre estímulos presentes”. As atividades foram desenvolvidas, geralmente, em grupo, havendo predominância da participação conjunta. O pai foi o maior responsável pelo início das interações e foi ele, também, quem mais negociou com a criança durante as mudanças de uma atividade para outra. Essas mudanças ocorreram, freqüentemente, de forma direta, mais do que pela dissolução do grupo. As interações caracterizaram-se pela sincronia, supervisão, amistosidade e liderança. Os genitores emitiram, com mais freqüência, o comportamento de solicitar/sugerir e as crianças responderam, predominantemente, com o comportamento de rejeitar, seguido pelo de obedecer. Foram pouco freqüentes os comportamentos de ordenar e solicitar/sugerir emitidos pelas crianças, indicando que estas respondiam mais às demandas de seus genitores do que 48 exigiam deles. Os genitores descreveram as suas crianças como sendo birrentas, calmas ou agitadas, irritadas e como tendo facilidades de adaptação ao meio. As expectativas dos genitores em relação ao futuro de seus filhos são de que eles se tornem adultos independentes, estudem, tenham uma profissão e que possam até ter um relacionamento íntimo com uma pessoa do sexo oposto. Os resultados da pesquisa sugerem que, nas famílias de Down, a mãe é a maior responsável pelos cuidados e pela transmissão de regras às crianças. O pai, por sua vez, desempenha um papel secundário, envolvendo-se menos com a rotina da casa, embora inicie interações com sua criança com uma freqüência similar à da mãe. Assim, a elaboração de programas preventivos, com ênfase nas interações familiares e no papel do pai, e a implementação de pesquisas incluindo todos os membros familiares, contribuiriam para uma melhor compreensão do desenvolvimento das crianças com síndrome de Down e do funcionamento de suas famílias. 1.4 – Aquisição da Leitura e da Escrita O domínio da língua tem estreita relação com a possibilidade de plena participação social, pois é por meio dela que o homem se comunica, tem acesso à informação, expressa e defende seus pontos de vista, partilha ou constrói visões de mundo. Produz conhecimento. Assim, um projeto educativo comprometido com a democratização social e cultural atribui à escola a função e 49 a responsabilidade ele garantir a todos os seus alunos o acesso aos saberes lingüísticos necessário para o exercício da cidadania, direito inalienável de todos. Considerando os diferentes níveis de conhecimento prévio, cabe à escola promover a sua ampliação de forma que, progressivamente, durante os oito anos do ensino fundamental, cada aluno se torne capaz de interpretar diferentes textos que circulam socialmente, de assumir a palavra e, como cidadão, de produzir textos eficazes nas mais variadas situações. A linguagem é um processo de interlocução que se realiza nas práticas sociais existentes nos diferentes grupos de uma sociedade, nos distintos momentos de sua história. Dessa forma se produz linguagem em diferentes situações, seja numa mesa de bar, ao redigir uma carta, ao entrevistar um economista, etc. Nessa perspectiva, a língua é um sistema de signos histórico e social que possibilita ao homem significar o mundo e a realidade. Assim, aprendê-la é aprender não só as palavras, mas também os seus significados culturais e, como eles, os modos pelos quais as pessoas do seu meio entendem e interpretam a realidade e a si mesmas. A linguagem verbal possibilita ao homem representar a realidade física e social e, desde o momento que é aprendida, conserva um vínculo muito estreito com o pensamento. Possibilita não só a representação e a regulação do pensamento e da ação, próprios e alheios, mas também, comunicar idéias, pensamentos e intenções de diversas naturezas e, desse modo, influenciar o outro e estabelecer relações interpessoais anteriormente inexistentes. Assim, a linguagem verbal: 50 • É constituída na interação entre as pessoas e, portanto, torna-se significativa quando utilizada pelo sujeito para compreender o mundo em que vive e atuar sobre ele; • É suporte da dinâmica social e está presente em todas as relações diárias entre os membros de uma comunidade, bem como na atividade intelectual; • É o resultado de um trabalho constante de falantes, portanto é viva dinâmica e está sempre se desenvolvendo ou se transformando; • É produto de sujeitos diferentes, em momentos históricos diversos, pertencentes a grupos sociais distintos, que utilizam vários sistemas de referência que se cruzam e que acabam por determinar variações na língua. Produzir linguagem significa produzir discursos. Significa dizer alguma coisa a alguém de uma determinada forma, num determinado momento histórico. Assim cada um tem o seu modo de utilizar a linguagem, e o que determina essas diferenças pode ser o seu conhecimento quanto ao uso da mesma, o lugar em que vive o meio social ao qual pertence e, até mesmo, a época em que vive ou viveu. Por exemplo, alguém que morra hoje no sul do país e seja um médico não usará a linguagem da mesma forma que um falante nas mesmas condições, mas que tenha vivido no século passado. Ou mesmo nos dias atuais se compararmos seu linguajar com um pescador que vive na região do Amazonas. Além disso, precisamos saber que, em geral a nossa própria fala se modifica, ou melhor, passa por constantes adaptações. Tudo depende da pessoa com quem falamos. Se nos dirigirmos a alguém muito familiar, utilizamos 51 um tipo de linguagem diferente daquela que usaríamos em situações de maior formalidade. Nossos alunos fazem parte desse processo comunicativo. É fundamental que se perceba que é um processo de interação, que os sujeitos tornem-se produtores e realizam ações de reflexão sobre a linguagem. 1.4.1 - Que fala cabe a escola ensinar? A Língua Portuguesa, no Brasil possui muitas variedades dialetais. Identificam-se geográfica e socialmente as pessoas pela forma como falam. Mas há muitos preconceitos decorrentes do valor social relativo que é atribuído aos diferentes modos de falar é muito comum se considerarem as variedades lingüísticas de menor prestígio como inferiores ou erradas. A questão não é falar certo ou errado, mas saber qual forma de fala utilizar de acordo com o contexto. O essencial é que o aluno saiba adequar o registro às diferentes situações comunicativas. É saber coordenar satisfatoriamente o que falar e como fazê-lo, considerando a quem e por que se diz determinada coisa. É saber, portanto, quais variedades e registros da língua oral são pertinentes em função da intenção comunicativa, do contexto e dos interlocutores a quem o texto se dirige. A questão não é de correção da forma, mas de sua adequação as circunstâncias de uso, ou seja, de utilização eficaz da linguagem: falar bem é falar adequadamente, é produzir o efeito pretendido. 52 Cabe a escola ensinar o aluno a utilizar a linguagem oral nas diversas situações comunicativas, especialmente nas mais formais: planejamento e realização de seminários, mesas redondas, diálogos com autoridades, dramatizações, júri simulado, etc. Trata-se de propor situações didáticas nas quais essas atividades façam sentido de fato, pois seria descabido "treinar" o uso mais formal da fala. A aprendizagem de procedimentos eficazes tanto de fala como de escuta,
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