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MODELO PEDAGOGIA 3 - A importância dos jogos e brincadeiras para a educação infantil

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UNIP - UNIVERSIDADE PAULISTA 
EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 
CURSO DE PEDAGOGIA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A IMPORTÂNCIA DOS JOGOS E BRINCADEIRAS PARA EDUCAÇÃO INFANTIL 
 
 
 
 
 
 
DOS SANTOS, Janete Teresinha / 1761763 
GRIGOLETTO, Letícia / 1871240 
HECK, Karen Paloma / 1705528 
RITTER, Camila / 1870256 
 
 
 
 
 
 
 
 
IVOTI 
2020 
xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx
xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx
xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx
xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx
xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx
xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx
xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx
xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx
Janete Teresinha dos Santos 
Letícia Grigoletto 
Karen Paloma Heck 
Camila Ritter 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A IMPORTÂNCIA DOS JOGOS E BRINCADEIRAS PARA EDUCAÇÃO INFANTIL 
 
 
 
 
 
Trabalho de conclusão de curso para 
obtenção do título de graduação em 
Pedagogia apresentado à Universidade 
Paulista - UNIP. 
 
Orientadora: Professora Celina U. F. 
Nascimento 
 
 
 
 
UNIP 
Ivoti 
2020 
xxxxxxxxxxxxxxxx
xxxxxxxxxxxxxxxxxx
xxxxxxxxxxxx
xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx
xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx
xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx
xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx
Janete Teresinha dos Santos 
Letícia Grigoletto 
Karen Paloma Heck 
Camila Ritter 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A IMPORTÂNCIA DOS JOGOS E BRINCADEIRAS PARA EDUCAÇÃO INFANTIL 
 
Trabalho de conclusão de curso para 
obtenção do título de graduação em 
Pedagogia apresentado à Universidade 
Paulista - UNIP. 
 
 
Aprovado em: 
 
BANCA EXAMINADORA 
_______________________/__/___ 
Prof.(a) Orient.(a) 
Universidade Paulista – UNIP 
_______________________/__/___ 
Prof.(a) Examinador(a) 
Universidade Paulista – UNIP 
_______________________/__/___ 
Prof.(a) Examinador(a) 
Universidade Paulista UNIP 
xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx
xxxxxxxxxxxxxxxx
xxxxxxxxxxxxxxxxxx
xxxxxxxxxxxx
xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx
xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx
xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx
xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dedicamos esse trabalho aos nossos familiares e amigos por terem nos 
apoiado durante a construção do mesmo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Agradecemos aos nossos familiares por acreditarem em nós e terem nos apoiado 
em nossas escolhas; A Universidade Paulista pela oportunidade que tem nos dado; 
Ao polo UNIP Ivoti por terem nos auxiliado no que precisávamos; e à professora 
Celina, pela dedicação em suas orientações prestadas na elaboração deste 
trabalho, nos incentivando, nos instruindo e colaborando no desenvolvimento de 
nossas ideias e na construção desse trabalho. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“Ao brincar, a criança assume papéis e aceita as regras próprias da 
brincadeira, executando, imaginariamente, tarefas para as quais ainda não está apta 
ou não sente como agradáveis na realidade.” 
Lev Vygotsky 
 
RESUMO 
 
Os jogos e as brincadeiras são de extrema importância na educação infantil. O 
“brincar” é de direito da criança, parte integral do seu dia a dia. Eles auxiliam muito no 
desenvolvimento das crianças e as ajudam a adquirir certas habilidades. Também 
auxiliam as crianças ao se expressarem e nos momentos de interação com outras. O 
presente estudo tem como objetivo apresentar a origem dos jogos e das brincadeiras 
e a sua importância para as crianças na educação infantil. O estudo também expõe 
os benefícios destes para esta etapa da vida das crianças. Ainda, a partir da 
concepção e das ideias de autores, o trabalho aborda de que maneira esses jogos e 
brincadeiras podem contribuir para a formação das crianças e ajudar em seu 
desenvolvimento. Utilizou-se a pesquisa bibliográfica para fundamentar as ideias 
sobre como, de fato, os jogos e as brincadeiras auxiliam no pleno desenvolvimento 
das crianças já que são considerados atividades que promovem aprendizagens 
significativas e ajudam a construir a autonomia das crianças. Os passos 
metodológicos iniciaram-se com o levantamento de autores que discutem sobre o 
tema escolhido. Após, foram selecionados alguns tópicos que tratam de assuntos 
muito presentes no cotidiano da educação infantil. A partir desses tópicos, foram feitas 
novas pesquisas e as ideias foram sendo formadas para a construção do trabalho. Os 
resultados da pesquisa são apresentados nesse trabalho, que se divide nas seguintes 
seções: introdução, desenvolvimento, metodologia, argumentação e discussão e 
considerações finais. 
 
Palavras-chave: Jogos. Brincadeiras. Desenvolvimento. Educação Infantil. 
 
 
ABSTRACT 
 
Games and play are extremely important in early childhood education. Playing 
is the child’s right, an integral part of their daily lives. It helps a lot in the development 
of children and help them to acquire certain skills. It also helps children to express 
themselves and interact with others. This study aims to present the origin of games 
and play and its importance for children in early childhood education. The study also 
exposes the benefits of these for this stage of children's lives. Still, from the conception 
and ideas of authors, the study approaches how these games and play can contribute 
to the education of the child and help in their development. Bibliographic research was 
used to support ideas about how, in fact, games and play help in the full development 
of children as they are considered activities that promote meaningful learning and help 
to build children's autonomy. The methodological steps started with the survey of 
authors who discuss the chosen theme. Then, some topics were selected that deal 
with subjects that are very present in the daily life of early childhood education. From 
these topics, new research was done, and ideas were being formed for the construction 
of the study. The results of the research are presented in this study, which is divided 
into the following sections: introduction, development, methodology, argumentation 
and discussion and final considerations. 
 
Keywords: Games. Play. Development. Early childhood education. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE SIGLAS 
 
BNCC - Base Nacional Comum Curricular 
DCNEI - Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil 
LDB - Lei de Diretrizes e Bases da Educação Infantil 
TCC - Trabalho de Conclusão de Curso 
SUMARIO 
 
1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 10 
 
2 DESENVOLVIMENTO ............................................................................................ 12 
2.1 EDUCAÇÃO INFANTIL ........................................................................................ 12 
2.2 PENSANDO SOBRE BRINQUEDOS E BRINCADEIRAS NA EDUCAÇÃO 
INFANTIL ................................................................................................................... 16 
2.3 ORIGEM DO JOGO ............................................................................................. 20 
2.4 O JOGO SIMBÓLICO .......................................................................................... 24 
2.5 O JOGO COMO ESTRATÉGIA DE ENSINO E FATOR DE MOTIVAÇÃO ......... 27 
2.6 ORIGEM DA BRINCADEIRA ............................................................................... 31 
2.7 COMO AS CRIANÇAS SE EXPRESSAM ATRAVÉS DAS BRINCADEIRAS ..... 33 
2.8 COMO AS BRINCADEIRAS APRIMORAM AS HABILIDADES DAS CRIANÇAS
 ................................................................................................................................... 35 
2.9 O OLHAR DO PROFESSOR PARA AS BRINCADEIRAS DAS CRIANÇAS ....... 38 
 
3 METODOLOGIA .....................................................................................................41 
 
4 ARGUMENTAÇÃO E DISCUSSÃO ....................................................................... 42 
 
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................... 44 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................... 46 
 
 
10 
1 INTRODUÇÃO 
 
A busca por uma educação de qualidade pelos órgãos competentes, pelos 
profissionais da área e pelos pais de crianças pequenas (aqui pensadas as de 4 e 5 
anos de idade) vem dando resultados positivos. Até a década de 80 a educação infantil 
não era pensada como uma fase importante da educação e do desenvolvimento do 
ser humano, contudo, após a promulgação da LDB (Lei de Diretrizes e Bases da 
Educação Nacional, 1996), segundo dados da BNCC (Base Nacional Comum 
Curricular, 2017), a devida importância vem sendo reconhecida cada vez mais e 
existem várias pesquisas de autores renomados que colocam o quanto a frequência 
da criança em uma instituição de ensino desde a infância ajuda no seu 
desenvolvimento motor e cognitivo. 
Estando a escola de educação infantil cada vez mais procurada pelas famílias, 
há uma preocupação em oferecer uma educação de qualidade aos pequenos e que 
ao mesmo tempo seja prazerosa, pois é o primeiro contato da criança com um 
ambiente pensado pedagogicamente. Autores como Kishimoto abordam a 
importância do “brincar” na educação infantil para o desenvolvimento integral da 
criança, levando em consideração os aspectos culturais, afetivos e cognitivos. 
O brinquedo coloca a criança na presença de reproduções: tudo o que existe 
no cotidiano, a natureza e as construções humanas. Pode-se dizer que um 
dos objetivos do brinquedo é dar à criança um substituto dos objetos reais, 
para que possa manipulá-los. (KISHIMOTO, 2005, p. 18). 
Deve-se considerar o “brincar” um ato de liberdade e forma de expressão da 
criança. Por meio de jogos, brinquedos e brincadeiras é possível analisar a 
individualidade, diversidade e relações desenvolvidas pelo indivíduo. A literatura 
dirigida a educadores constata o crescente interesse sobre a utilização destes 
recursos na educação infantil. 
Segundo os autores consultados, Kishimoto (1992, 2005 e 2017) e Macedo 
(2005), o “brincar” é de extrema importância para as crianças, pois é através dele que 
elas conseguem expressar o que estão sentindo, o que as preocupa, o que as deixa 
felizes, o que gera medo nelas, entre outros sentimentos. Brincar é uma ótima forma 
de comunicação da criança, é muitas vezes a forma como ela representa o seu 
cotidiano, constrói seu processo reflexivo, sua autonomia, criatividade e favorece a 
aprendizagem. Através dos jogos e brincadeiras se estabelecem as regras, normas 
11 
para uma convivência saudável e harmoniosa e o respeito pelos colegas. O “brincar” 
da criança proporciona a ela resolver seus conflitos, elaborar hipóteses de 
conhecimento e a capacidade de compreender pontos de vista diferentes. 
Grandes avanços foram constatados ao longo da história, porém, ainda há 
muito para evoluir. Algumas vezes os jogos e brincadeiras são pouco aproveitados 
pelos educadores na educação infantil, talvez por não conhecerem o significado que 
a brincadeira tem para a criança em desenvolvimento. 
Sendo assim, elaborou-se como objetivo geral desta pesquisa, apresentar a 
importância dos jogos e brincadeiras para as crianças que frequentam a educação 
infantil, trazendo informações sobre a trajetória histórica deles e suas contribuições 
para o processo de aprendizagem e construção do conhecimento. Como objetivos 
específicos, aprofundar o conhecimento sobre a importância do “brincar” nesse 
período tão importante da vida do ser humano e apresentar a ideia dos autores 
consultados sobre a relação do jogo e da brincadeira na construção e no 
aprimoramento das habilidades da criança, assim como, a utilização dos mesmos 
como estratégia de ensino e desenvolvimento pedagógico. 
No primeiro capítulo será abordado sobre a educação infantil e como os jogos 
e brincadeiras se encaixam na vida das crianças que a frequentam. No capítulo dois, 
sobre os jogos e brincadeiras na educação infantil em geral. No capítulo três, sobre a 
origem do jogo e sua importância, no capítulo quatro, um pouco mais sobre o jogo 
simbólico. No capítulo cinco, o jogo como estratégia de ensino e fator de motivação, 
no capítulo seis, sobre a origem da brincadeira, no capítulo sete, sobre como as 
crianças da educação infantil usam muito das brincadeiras para se expressarem. No 
capítulo oito será levantada a importância das brincadeiras para ajudar a aprimorar as 
habilidades das crianças. Por fim, o capítulo nove abordará o olhar do professor para 
os jogos e brincadeiras das crianças. 
A pesquisa se justifica no sentido de apresentar e ressaltar aos educadores da 
educação infantil a importância da conscientização para o processo da ludicidade que 
a criança vivencia para uma aprendizagem prazerosa. Apresentar o quanto os jogos, 
brinquedos e brincadeiras devem ser valorizados e tratados como direitos da criança 
independentemente de serem brincadeiras livres ou direcionadas, para que possam 
perceber que é através da observação dos momentos de brincadeiras que será 
possível adquirirem o conhecimento em relação à vida das crianças. 
 
12 
2 DESENVOLVIMENTO 
 
Neste capítulo encontrar-se-á o desenvolvimento do estudo, destacando os 
principais assuntos abordados pelos autores. O capítulo é divido em 9 subcapítulos, 
sendo eles: Educação Infantil, pensando sobre brinquedos e brincadeiras na 
educação infantil, origem do jogo, o jogo simbólico, o jogo como estratégia de ensino 
e fator de motivação, origem da brincadeira, como as crianças se expressam através 
das brincadeiras, como as brincadeiras aprimoram as habilidades das crianças e o 
olhar do professor para as brincadeiras das crianças. 
 
2.1 EDUCAÇÃO INFANTIL 
 
Segundo Paschoal e Machado (2009), com a transição do feudalismo para o 
capitalismo no século XV na Europa, houve uma revolução na indústria. Os trabalhos 
que antes eram braçais, passaram a ser feitos por máquinas. Isso possibilitou o 
ingresso em massa das mulheres no mercado de trabalho. O trabalho com as 
máquinas não exigia força muscular, dessa forma, as mulheres e crianças também 
podiam trabalhar independentemente da idade ou gênero. Porém, a lei fabril exigia 
duas turmas de trabalho, ou seja, cada equipe deveria trabalhar meio turno. Os pais 
já estavam acostumados com os filhos trabalhando em turno integral, desta forma, 
eles não aceitaram que os filhos trabalhassem e recebessem somente meio turno, 
mesmo que as condições de trabalho não fossem boas. 
Ainda segundo Paschoal e Machado (2009), com o nascimento da indústria 
moderna, a estrutura familiar começou um processo de transformação. As mulheres 
foram trabalhar nas empresas e seus filhos ficavam com “mulheres mercenárias”. As 
mulheres mercenárias eram mulheres que não queriam trabalhar nas fabricas e 
ficavam em casa cuidando dos filhos das outras, mas cobravam por este serviço. Mais 
tarde, com os pais cada vez mais deixando os filhos para trabalhar na indústria, 
algumas mulheres da comunidade se uniram para dar um suporte à essas crianças. 
Era um trabalho voluntario, elas ensinavam canto, boas maneiras e memorização de 
rezas. 
Criou-se uma nova oferta de emprego para as mulheres, mas aumentaram 
os riscos de maus tratos às crianças, reunidas em maior número, aos 
cuidados de uma única, pobre e despreparada mulher. Tudo isso, aliado a 
13 
pouca comida e higiene, gerou um quadro caótico de confusão, que terminou 
no aumento de castigos e muita pancadaria, a fim de tornar as crianças mais 
sossegadas e passivas. Mais violência e mortalidade infantil. (RIZZO, 2003,p. 31). 
Na Europa e nos Estados Unidos, as primeiras instituições tinham como 
objetivo cuidar e proteger as crianças para as mães poderem ir trabalhar. Em meados 
de 1769 na França, o pastor Oberlin criou a “Escola de Principiantes” para crianças 
de dois a seis anos de idade. Nesse espaço as crianças tinham acesso à trabalhos 
manuais, histórias com gravuras e aulas para aprender a tricotar e ler a bíblia. No ano 
de 1816 em New Lanark na Escócia, Robert Owen criou uma escola que também tinha 
perspectiva pedagógica e atendia crianças de dezoito meses até vinte e cinco anos 
de idade. Essa escola abordava atividades envolvendo natureza, dança e canto coral. 
O professor estimulava os alunos a desenvolver o raciocínio, julgamento correto e as 
atividades pedagógicas tinham um propósito educativo. (PASCHOAL; MACHADO, 
2009). 
Também conforme Paschoal e Machado (2009), essas instituições tinham a 
intenção de tirar as crianças que estavam em situação de vulnerabilidade da rua, 
proporcioná-las desenvolvimento da inteligência e bons costumes. Com a 
preocupação de que as famílias pudessem cuidar de seus filhos, Froebel criou o 
primeiro Jardim da Infância em meados de 1840 em Balnkenburgo. A intenção era dar 
suporte para as famílias e orientá-las de como cuidar melhor de suas crianças. 
Os estudos que atribuem aos Jardins de Infância uma dimensão educacional 
e não assistencial, como outras instituições de educação infantil, deixam de 
levar em conta as evidências históricas que mostram uma estreita relação 
entre ambos os aspectos: a que a assistência é que passou, no final do século 
XIX, a privilegiar políticas de atendimento à infância em instituições 
educacionais e o Jardim de Infância foi uma delas, assim como as creches e 
escolas maternais. (KUHLMANN JUNIOR, 2001, p. 26). 
A partir do segundo semestre do século XIX, começou a surgir no Brasil as 
primeiras instituições. Creches, asilos e orfanatos foram criados, porém, o objetivo 
maior era assistencial. Nessa época as mulheres da corte que se tornavam mães 
solteiras, abandonavam os filhos na rua para que ninguém soubesse que aquele filho 
era dela e assim, evitaria que ela fosse discriminada e passasse vergonha. Os homens 
não tinham a responsabilidade de assumir a criança e então elas eram vistas como 
ser um humano sem valor. Religiosos, empresários e educadores, preocupados com 
a mortalidade infantil, desnutrição e acidentes domésticos, começaram a pensar em 
14 
criar um espaço fora do núcleo familiar para cuidar da criança. Dessa forma, a criança 
começou a ser vista pela sociedade como um ser humano e não só um ser 
desprezível. (PASCHOAL; MACHADO, 2009). 
Enquanto para as famílias mais abastadas pagavam uma babá, as pobres se 
viam na contingência de deixar os filhos sozinhos ou colocá-los numa 
instituição que deles cuidasse. Para os filhos das mulheres trabalhadoras, a 
creche tinha que ser de tempo integral; para os filhos de operárias de baixa 
renda, tinha que ser gratuita ou cobrar muito pouco; ou para cuidar da criança 
enquanto a mãe estava trabalhando fora de casa, tinha que zelar pela saúde, 
ensinar hábitos de higiene e alimentar a criança. A educação permanecia 
assunto de família. Essa origem determinou a associação creche, criança 
pobre e o caráter assistencial da creche. (DIDONET, 2001, p. 13). 
Também, seguindo as ideias de Paschoal e Machado (2009), vale ressaltar que 
ao longo dos anos muitas formas de atender as crianças foram criadas. Uma delas foi 
a roda dos excluídos, onde a mãe ou qualquer um da família podia colocar o bebê e 
sair sem ser identificado. A partir desse momento a instituição se torna responsável 
pelo bebê. 
Segundo Paschoal e Machado (2009), no primeiro semestre do século XX, o 
médico Arthur Moncorvo Filho criou no Rio de Janeiro, o Instituto de Proteção à 
Infância. O intuito era dar assistência a população de mulheres grávidas pobres com 
seus filhos e oferecer ajuda após o nascimento do bebê, auxiliando nas consultas, 
vacinas e higiene da criança. Devido ao ingresso das mulheres no mercado de 
trabalho e a vinda de imigrantes Europeus ao Brasil, aumentou a pressão por 
melhores condições de trabalho e local adequado para deixarem seus filhos durante 
o expediente dos pais. 
Os donos das fábricas, por seu lado, procurando diminuir a força dos 
movimentos operários, foram concedendo certos benefícios sociais e 
propondo novas formas de disciplinar seus trabalhadores. Eles buscavam o 
controle do comportamento dos operários, dentro e fora da fábrica. Para 
tanto, vão sendo criadas vilas operárias, clubes esportivos e também creches 
e escolas maternais para os filhos dos operários. O fato dos filhos das 
operárias estarem sendo atendidos em creches, escolas maternais e jardins 
de infância, montadas pelas fábricas, passou a ser reconhecido por alguns 
empresários como vantajoso, pois mais satisfeitas, as mães operárias 
produziam melhor. (OLIVEIRA, 1992, p. 18). 
Segundo Paschoal e Machado (2009), a partir dessa época, com as mulheres 
passando muito tempo fora de casa, tornou-se imprescindível que instituições de 
creches e pré-escolas fossem criadas e mantidas pelos governantes. Portanto no 
Brasil as crianças só tiveram seus direitos garantidos na legislação a partir da Carta 
15 
Constitucional de 1988. Em 1990 foi criado o Estatuto da Criança e do Adolescente, a 
partir daí a educação passa a ser educacional e não assistencial, como era 
anteriormente. 
Posteriormente, com a promulgação da LDB, em 1996, a educação infantil 
passa a ser parte integrante da educação básica, situando-se no mesmo patamar que 
o Ensino Fundamental e o Ensino Médio. (BRASIL, 2017). 
Essa parte da educação básica torna-se o início da caminhada da educação do 
ser humano, sendo assim, de extrema importância. Com 4 anos de idade se torna 
obrigatória a ida da criança a um espaço de educação infantil. “As crianças dessa 
faixa etária, como sabemos, têm necessidades de atenção, carinho, segurança, sem 
as quais elas dificilmente poderiam sobreviver.” (CRAIDY; KAERCHER, 2007, p. 16). 
Sabe-se que muitas crianças já utilizam creches ou outros espaços antes dos 4 anos 
de idade. Para essas, normalmente é mais fácil ir a uma escola, porém, para outras 
que sempre estiveram em casa, pode ser mais complicada a adaptação a outro 
espaço. Por isso nessa fase a brincadeira e o lúdico devem fazer parte do dia a dia 
das crianças. A interação com colegas e professores possibilita a oportunidade de a 
criança conhecer um novo mundo e ter novas experiências. 
Ainda de acordo com as DCNEI (Diretrizes Curriculares Nacionais para a 
Educação Infantil), em seu Artigo 9º, os eixos estruturantes das práticas pedagógicas
 dessa etapa da educação básica são as interações e a brincadeira, experiências nas 
quais as crianças podem construir e apropriar-se de conhecimentos por meio de suas 
ações e interações com seus pares e com os adultos, o que possibilita aprendizagens, 
desenvolvimento e socialização. (BRASIL, 2017). 
É através desse “brincar” que muitas vezes as crianças se expressam e 
demostram seus sentimentos, sejam eles bons ou ruins. Com o “brincar”, as crianças 
trabalham a sua imaginação, com brinquedos estruturados, escolhendo do que irão 
brincar e, com materiais não estruturados, dando um significado e uma utilidade para 
aquele material. “O ‘brincar’, numa perspectiva sociocultural, define-se por uma 
maneira que as crianças têm para interpretar e assimilar o mundo, os objetos, a 
cultura, as relações e os afetos das pessoas.” (WAJSKOP, 1995, p. 66). 
Desse modo, a educação infantil nos dias de hoje tem papel fundamental na 
infância de todo ser humano,onde o ato de brincar passou a ser algo importante e 
precioso para a criança. 
16 
“O ‘brincar’ em uma unidade de Educação Infantil de qualidade é rico em 
comparação com o ‘brincar’ no ambiente doméstico, que se torna restrito e 
monopolizado pelos adultos”. (ARNAIS, 2012, p. 58). 
 
2.2 PENSANDO SOBRE BRINQUEDOS E BRINCADEIRAS NA EDUCAÇÃO 
INFANTIL 
Cada vez que me lanço à aventura de observar e experimentar as 
dificuldades e as maravilhas do cotidiano com as crianças percebo-me 
educadora. Encontros e desencontros refletem esse movimento. Ao 
organizar a bagagem para ir em busca de tais preciosidades, preciso ter em 
mãos o mapa do tesouro. (OSTETTO, 2012, p. 63). 
A caça ao “tesouro” começa a partir da definição do tema a ser desenvolvido 
na construção do TCC (Trabalho de Conclusão de Curso). Ao desenvolver esse 
trabalho foram selecionados alguns aportes teóricos que ajudarão a pensar sobre a 
intencionalidade pedagógica ao pesquisar brinquedos e brincadeiras como 
ferramentas de aprendizagens no espaço da educação infantil. 
 Quando se investiga este cenário, faz-se necessário adentrar no que se passa 
no universo infantil e o que lhes interessa aprender na escola. O espaço da educação 
infantil é propício para o desenvolvimento das práticas corporais, seguidos de 
atividades que sinalizam todo um processo de aprendizagem que é construído em 
detrimento com as observações, socializações, descobertas, experiências e vivências 
que acontecem nesse espaço de tempo. 
A criança nasce em um mundo onde estão presentes sistemas simbólicos 
diversos socialmente elaborados, particularmente o sistema linguístico. Este 
perpassa as atividades produzidas no ambiente humano em que a criança se 
desenvolve e permite-lhes apropriar-se da experiência das gerações 
precedentes. (OLIVEIRA, 2002, p. 149). 
Faz-se necessário propor às crianças atividades que possibilitem as mesmas, 
maior compreensão e significado, que as brincadeiras podem oferecer através das 
mais variadas formas que existem no mundo. “[...] é da infância [...] que o mundo tem 
precisão!”, já diz o poeta Thiago de Mello (1964, 14-15). Uma infância que seja vista 
como possibilidade, onde a criação, imaginação e invenção sejam de fato vivenciadas 
na construção das “identidades” desses pequenos. 
17 
Infante é todo aquele que não fala tudo, não pensa tudo, não sabe tudo. 
Aquele que, como Heráclito, Sócrates, Ranciere e Deleuze, não pensa o que 
todo mundo pensa, não sabe o que todo mundo sabe, não fala o que todo 
mundo fala. Aquele que não pensa o que já foi pensado, o “que há que 
pensar”. É aquele que pensa no novo e faz pensar de novo. Cada vez pela 
primeira vez. O mundo não é o que pensamos. “Nossa” história está 
inacabada. A experiência está aberta. Nessa mesma medida somos seres de 
linguagem, de história, de experiência. E de infância. (KOHAN, 2003, p. 247). 
Conforme as diretrizes curriculares, as propostas pedagógicas das instituições 
de educação infantil devem conter espaços para a realização/desenvolvimento de 
trabalhos coletivos para organização de materiais, espaços e tempos, de maneira a 
assegurar um ensino de qualidade às crianças. Sendo que, “O reconhecimento das 
especificidades etárias das singularidades individuais e coletivas das crianças, 
promovendo interações entre crianças de mesma idade e crianças de diferentes 
idades”. (BRASIL, 2010, p.19). 
Parafraseando com Oliveira (2010, p. 05), 
é preciso pensar a criança como um sujeito histórico e de direitos, sendo que, 
suas atividades não se limitam a incorporação de elementos culturais, mas a 
partir de sua singularidade. Atribuindo, portanto, sentido à sua experiência 
através de diferentes linguagens, contribuindo, enfim, para seu 
desenvolvimento afetivo, cognitivo, motor e social. 
 Redin (2007) ajuda a pensar sobre os desejos e necessidades das crianças, 
dando-lhe apoio, porém sem tentar aprisioná-las, para não corrermos o risco de 
colocar a perder toda a sua força e inovação. E para isso, precisamos nos aproximar 
da nossa capacidade de inovar, de romper barreiras. Todas essas coisas podem ser 
feitas no dia a dia da sala de aula. Isso, se nos permitirmos brincar com o novo na 
busca de atividades desafiadoras e culturalmente ricas, evitando assim, os manuais 
antigos camuflados que se passam por inovações e os velhos “exercícios 
mimeografados”, tão cômodos e inúteis. 
Far-se-á uso dos objetivos apresentados por BRASIL (DCNEI, 2010) no intuito 
de potencializar esta escrita e oferecer maior compreensão sobre as condições e 
direitos que precisam ser observados neste campo de experiência: 
 
• Oferecer condições e recursos para que as crianças usufruam seus direitos civis, 
humanos e sociais; 
• Assumir a responsabilidade de compartilhar e complementar a educação e cuidado 
das crianças com as famílias; 
18 
• Possibilitar tanto a convivência entre crianças e entre adultos e crianças quanto à 
ampliação de saberes e conhecimentos de diferentes naturezas; 
• Promover a igualdade de oportunidades educacionais entre as crianças quanto à 
ampliação de saberes e conhecimentos de diferentes naturezas; 
• Promover a igualdade de oportunidades educacionais entre as crianças de 
diferentes classes sociais no que se refere ao acesso a bens culturais e às 
possibilidades de vivência da infância; 
• Construir novas formas de sociabilidade e de subjetividade comprometidas com a 
ludicidade, a democracia, a sustentabilidade do planeta e com o rompimento de 
relações de dominação etária, socioeconômica, étnico-racial, de gênero, regional, 
linguística e religiosa. 
 
Sendo assim, faz-se necessário que o professor seja criativo em suas 
atividades, possibilitando meios para uma aprendizagem que seja, de fato, rica em 
significados e experiências no cotidiano das crianças na escola. 
Pensando sobre brinquedos e brincadeiras na educação infantil, percebe-se o 
potencial que os mesmos representam para o desenvolvimento da responsabilidade, 
autonomia e construção da identidade das crianças. Através das brincadeiras, 
possibilita-se às crianças a interação com o outro e com o mundo que lhes cerca. 
Criam-se condições para que as mesmas consigam desenvolver a imaginação, 
imitação, simbologia, representações, memorização, assim como outros “faz de conta” 
que no percurso vão conseguido construir. Sendo assim, o “brincar” na educação 
infantil torna-se tão importante e indispensável quanto se alimentar, dormir, interagir, 
falar. Por meio das atividades do “brincar”, a criança por sua vez preenche seu espaço 
emocional, psíquico e cognitivo. 
O “mundo” das brincadeiras permite a entrada no “mundo” das aprendizagens 
concretas. A criança passa a elaborar suas hipóteses colocando-as em prática. 
Constrói e desconstrói diversos materiais. Os organizam por tamanhos, cores, 
espessuras, sons, ou seja, manipula todas as possibilidades dos materiais que estão 
ao seu dispor. Ao brincar, a criança entra em contato com o poder de suas próprias 
decisões, desenvolve sua capacidade de liderança, assim como lida com conflitos de 
forma lúdica. Ela passa a decidir o início e o término de cada brincadeira. 
19 
Brincar cotidianamente de diversas formas, em diferentes espaços e tempos, 
com diferentes parceiros (crianças e adultos), ampliando e diversificando seu 
acesso a produções culturais, seus conhecimentos, sua imaginação, sua 
criatividade, suas experiências emocionais, corporais, sensoriais, 
expressivas, cognitivas, sociais e relacionais. (BRASIL, 2017, p. 34). 
Conforme Oliveira (2010), as experiências vivenciadas no espaço da educação 
infantil necessitam possibilitar o encontro de explicações pela criança, sobre o que 
ocorre em sua volta e consigo mesma, enquanto estão desenvolvendo formas de 
sentir, pensar e até mesmo solucionar problemas. É nesse processo que se faz 
necessário levar em consideração que as crianças necessitam envolver-se com 
diferentes linguagense valorizar o lúdico, as brincadeiras e as culturas infantis. 
Porém, não significa que precisamos transmitir às crianças uma cultura pronta, mas 
proporcionar condições para se apropriar de determinadas aprendizagens que 
possam lhe promover o desenvolvimento de novas formas de agir, sentir e pensar, 
que são fundamentais em seu processo de descobertas no qual estão vivendo. 
Pensa-se que, o campo de aprendizagens que as crianças vivenciam necessita 
estar carregado de significados. As situações cotidianas oferecidas devem possibilitar 
o desfrute das mais variadas situações ocorridas no cotidiano da escola. Sendo alguns 
deles: o espaço de convivência, brincadeiras, socialização, troca, comunicação, 
expressão corporal, enfim, experiências que favoreçam um crescimento rico em 
aprendizado com qualidade. 
 “Com relação aos educadores, costumamos abraçar um caminho, uma teoria 
que nos dá apoio e temos dificuldade de olhar para dentro de nós mesmos e para as 
crianças com as quais convivemos diariamente [...]” (FRIEDMANN, 2014, p. 16). 
Compreender as mais diversas linguagens existentes no cotidiano da sala de aula 
através das manifestações das crianças, nos ajuda a ampliar, de certa forma, o 
conhecimento simplório que possuímos ao pensarmos que abastecidos das teorias já 
nos basta para entender o “universo” das crianças. É claro que se necessita de boas 
contribuições trazidas pelos especialistas nessa área, mas, além disso, faz-se 
necessário criar meios para que as crianças percebam que estamos envolvidos com 
elas e que ao nosso lado sintam a liberdade de serem crianças vivenciando esse 
tempo de descobertas e desafios. 
Conclui-se este capítulo com alguns questionamentos que desafiam a pensar 
no que realmente está sendo realizado todos os dias em sala de aula, sendo que, na 
maioria das vezes quando chega o final do dia, conforme Ribes (2002), somamos ao 
20 
final do dia mais afazeres do que de fato ele comporta, carregando todas as 
frustrações das experiências não realizadas, protelando-as para um tempo que nem 
sabemos se virá, mesmo porque talvez uma vida inteira não bastaria para vivê-las 
todas. 
Fica-se assim com novas reflexões a serem feitas durante o processo de 
construção do TCC. O caminho percorrido até o momento transforma-se em novas 
possibilidades para novas descobertas. Quando algo nos é revelado, logo se é 
escondido para que o movimento da busca esteja sempre envolto daqueles que 
procuram. Sendo assim, o percurso não será estanque, muito menos finalizado. 
Acredita-se no processo que é dinâmico e nunca paralisado. 
Aquilo que chamamos de prática pedagógica [...] consiste no tempo/espaço 
em que nos deparamos com a sala de aula, ou seja, quando estamos frente 
a frente com a infância, antes abstrata, conceitual, pensada e discutida 
durante nossa formação, agora materializada num tempo lugar. Olhos 
brilhantes, inquietos, risos e choros, cheiros e sabores, jeitos de fazer as 
coisas, inúmeros porquês, silêncios, histórias para contar, colos, fraldas, 
medos, dúvidas. (REDIN, 2017, p. 21). 
 Que essa “caça ao tesouro” seja cada vez mais potencializada, desafiadora e 
encantadora. Que a “infância” seja de fato vislumbrada, assim como menciona 
Bachelard (1988, p. 119), 
Nossa infância testemunha a infância do homem, do ser tocado pela glória 
de viver... A razão desse valor que resiste às experiências da vida é que a 
infância permanece em nós como um princípio de vida profunda, de vida 
sempre relacionada à possibilidade de recomeçar. 
 
2.3 ORIGEM DO JOGO 
 
Conforme Nallin (2005 apud PORTAL EDUCAÇÃO, 2020), através de 
pesquisas, se tem o conhecimento que os jogos têm sua origem no século XVI na 
Roma e na Grécia, com o propósito de ensinar letras. No início do Cristianismo este 
interesse diminuiu, pois seu propósito se tornou uma educação disciplinadora, 
memorização e obediência, levando a um conceito até ofensivo e imoral. 
Constata-se que o jogo antes era considerado como algo inútil e sem 
importância, já agora é considerado como indispensável para as crianças. Também 
21 
era algo para todas as idades, “mas, gradativamente, os jogos foram se transferindo 
do universo adulto para o universo infantil [...]” (ARNAIS, 2012, p. 09). 
Tempos atrás o trabalho não era considerado fundamental na vida das 
pessoas, as mesmas não passavam grande parte do seu tempo em atividades 
profissionais e consequentemente tinham mais tempo para atividades de lazer. Em 
razão disso, as pessoas não tinham tanto contato com outras em seu trabalho. “Em 
contrapartida, os jogos e os divertimentos eram um dos principais meios de que 
dispunha a sociedade para estreitar seus laços coletivos e se sentir unida.” 
(VOLPATO, 2017, p. 32). Hoje, muitas pessoas dedicam grande parte de suas vidas 
ao seu trabalho e por isso tem menos tempo para sua vida social. Isso não quer dizer 
que os jogos não estão mais presentes na vida dos adultos, porém estão em muito 
menos quantidade e fazem mais parte da vida das crianças. 
Segundo Nallin (2005 apud PORTAL EDUCAÇÃO, 2020), logo após o 
Renascimento em 1453, houve uma mudança no conceito de jogo, que antes era de 
censura, agora entra no cotidiano de todas as crianças, jovens e até de adultos como 
diversão, distração, passatempo e como facilitador do estudo, favorecendo o 
desenvolvimento e a inteligência. 
O jogo, também em tempos anteriores, não permitia a criança explorar a sua 
imaginação. Ele impunha as regras e elas deviam ser seguidas rigidamente para o 
jogo funcionar. Nos tempos atuais, o jogo ganhou mais significado. Ele agora permite 
sim que a criança use sua imaginação, pois o jogo pode se tornar uma brincadeira. 
Como veremos mais a frente, o jogo simbólico é um exemplo onde a criança pode 
atribuir significados variados a objetos, ou seja, deve partir da imaginação de cada 
criança. 
Segundo Lopes (2006 apud PORTAL EDUCAÇÃO, 2020), adolescentes 
gregos já se distraíam jogando uma bola cheia de ar na parede construída de bexigas 
de animais e coberta com capa de couro. O famoso cabo de vassoura, que as crianças 
gostam tanto de brincar, já era utilizado pelos adolescentes de Atenas. Assim 
acontece com outros jogos, como por exemplo, as cantigas de roda, indícios da era 
do Círculo Mágico, quando os povos antigos festejavam acontecimentos importantes 
formando círculos, demostrando seus desejos, emoções, dançando, cantando. 
Acreditando que em círculos todos eram iguais, sem liderança como autoridade, todos 
no mesmo plano e todos se enxergavam. 
22 
Já Kishimoto (1993) diz que os jogos eram transmitidos dos pais para os filhos, 
fazendo uma referência aos povos antigos, como a Grécia e o Oriente, que brincavam 
de amarelinha e de empinar pipas, o que as crianças continuam fazendo até os 
tempos atuais. Jogos como estes foram transferidos de geração em geração através 
de conhecimentos empíricos. 
Souza (2005 apud PORTAL EDUCAÇÃO, 2020) diz que foi nos Estados Unidos 
na década de 50 que os jogos foram utilizados como ferramenta de aprendizagem 
com o propósito de treinar executivos da área financeira. Com os resultados positivos, 
seu uso ampliou-se para outras áreas do conhecimento, chegando ao Brasil com 
muita força na década de 80. 
Segundo Kishimoto (1993), no Brasil os jogos foram influenciados pelos povos 
portugueses, negros e índios. 
Foi introduzido nas vidas das crianças brasileiras o folclore português, por 
meio da oralidade, e assim, foram criados os contos, as lendas, superstições, 
versos, adivinhas e as parlendas, e também personagens como o bicho-
papão, a mula sem cabeça, a Cuca, Lobisomem, e outros, trazidas pelos 
portugueses e consequentemente se originaram brincadeiras infantis tendo 
estas personagens. (KISHIMOTO, 1993 apud PORTAL EDUCAÇÃO). 
Pode-se notar que o que uma pessoa considera como jogo, o outro pode 
considerar como não sendo um jogo. Percebe-se que o arco e flecha por uns é 
consideradojogo, já por outros é considerado como treino para caça, por exemplo. 
Segundo Kishimoto (2017), uma mesma conduta pode ser considerada como jogo 
como pode também ser considerado como uma ação, como treinamento de algo, entre 
outras coisas. 
O significado de jogo varia para cada autor, pois, entende-se, que é um termo 
relativamente amplo e pode ser considerado de várias maneiras por cada um. Para 
Kishimoto (2017), o jogo pode ser visto como o resultado de um sistema linguístico 
que funciona dentro de um contexto social; um sistema de regras e um objeto. Já 
conforme Luft (2001, p. 407) o significado de jogo, no contexto em que está sendo 
abordado, aparece como sendo “[...] 3. Passatempo; brinquedo; divertimento; esporte. 
4. Vício de jogar; jogatina. 5. Peças que servem para jogar. 6. Cartas ou peças que 
tocam a cada jogador [...]”. Com isso, constatamos que em cada lugar o significado 
de jogo pode ter suas peculiaridades, porém o contexto geral é o mesmo. 
23 
Então, entendendo o significado geral de jogo, ver-se-á que ele prevalece no 
cotidiano das crianças, sendo uma maneira muito divertida para elas se expressarem 
e para que se desenvolvam. 
O jogo e a brincadeira despertam na criança suas capacidades pessoais diante 
de impulsos e de estímulos. O lúdico se refere ao divertimento, passatempo, distração 
e espontaneidade. 
O lúdico passou a ser reconhecido como traço essencial de psicofisiologia do 
comportamento humano. De modo que a definição deixou de ser o simples sinônimo 
de jogo e suas implicações das necessidades lúdicas extrapolaram as demarcações 
do “brincar” espontâneo. (ALMEIDA, 2000 apud PORTAL EDUCAÇÃO, 2020). 
Através dos jogos e das brincadeiras, adultos e crianças estreitam seus laços 
de amizade e as crianças inventam suas próprias brincadeiras: competição, jogos 
corporais, gestos espontâneos e ações que levam a imaginação que levam ao jogo 
do “faz de conta”. 
O jogo também é muito usado por profissionais da educação, pois ele é uma 
ferramenta que auxilia muito em ambientes de aprendizagem. Seja como uma 
ferramenta de ensino, seja como divertimento, seja como distração ou seja para o 
desenvolvimento da pessoa que o está jogando. “Na Educação Infantil, o jogo possui 
um valor educacional intrínseco e sua utilização traz várias vantagens para o processo 
de ensino/aprendizagem”. (ARNAIS, 2012, p. 58). 
 Os jogos costumam auxiliar muito em ambientes de educação, pois as 
crianças precisam do lúdico na maior parte do tempo para que assim elas consigam 
assimilar melhor o conhecimento. “Os jogos, nessa prática educativa, são atividades 
que auxiliam e enriquecem a internalização dos conhecimentos, sem fazê-las perder 
a satisfação ou prazer de realizar, de buscar.” (VOLPATO, 2017, p. 118). Além de ser 
uma forma interessante para adquirir conhecimentos, o jogo ajuda com a interação. 
As crianças jogando precisam umas das outras e as vezes também dos adultos. Com 
isso elas conseguem socializar bastante e consequentemente fortalecer suas 
relações. As interações entre crianças e de crianças com adultos é muito rica para 
ambas as partes e é nesses momentos que acontecem trocas de experiências, o que 
gera conhecimentos únicos para todos os envolvidos. 
 O jogo também ajuda a aprimorar as habilidades cognitivas das crianças de 
um jeito que as interessa muito. Algumas crianças aprendem muito melhor de forma 
lúdica e por isso os jogos são indispensáveis para todos, mas principalmente na 
24 
educação infantil, onde o interesse pelo lúdico é maior. Claro que não se pode deixar 
de lado outras ferramentas pedagógicas, considerando que cada pessoa aprende e 
adquire conhecimentos de formas diferentes e em tempos diferentes. 
 
2.4 O JOGO SIMBÓLICO 
 
O jogo simbólico, chamado de “faz de conta”, possibilita a criança recriar a 
realidade usando sistemas simbólicos, onde a imaginação e a fantasia são 
estimuladas e favorece a interpretação e a ressignificação do mundo real. Por isso, o 
jogo do “faz de conta” é tão significativo para a criança, que ao assumir o mundo 
imaginário, se transforma, assume características que não tem, mas no mundo da 
fantasia podem se realizar. Ao fazer uso do jogo simbólico, a escola assume um papel 
importante no desenvolvimento da criatividade da criança, enquanto trabalha com a 
emoção e o movimento. 
Graças ao faz-de-conta, a criança pode imaginar, imitar, criar ou jogar 
simbolicamente e, assim, pouco a pouco, vai reconstruindo em esquemas 
verbais ou simbólicos tudo aquilo que desenvolveu em seu primeiro ano de 
vida. Com isso, pode ampliar seu mundo, estendendo ou aprofundando seus 
conhecimentos para além de sue próprio corpo; pode encurtar tempos, 
alargar espaços, substituir objetos, criar acontecimentos. Além disso, pode 
entrar no universo de sua cultura ou sociedade aprendendo costumes, regras 
e limites. (MACEDO, 2005, pg. 10). 
No “brincar” a criança desenvolve a identidade e a autonomia e se prepara para 
a socialização, onde entra em contato com regras e escolhas, procura resolver 
situações problemáticas e desenvolve a imaginação com o “faz de conta”. 
É importante procurar entender o que faz uma criança escolher representar os 
vários papéis, como: professor(a), médico(a), seus pais, seus “amiguinhos” e tantos 
outros. Da mesma forma, é também importante o papel do professor neste contexto 
para as intervenções adequadas. 
Na brincadeira de “faz de conta”, a criança tem a possibilidade de se expressar, 
de dramatizar, aprende a representar, onde a imagem de uma pessoa ou objeto 
transforma-se em personalidades do seu dia a dia. 
É fundamental estimular e encorajar brincadeiras que permitam a criança criar, 
imitar e imaginar. Alguns objetos que ajudam muito para isso são bonecos, miniaturas, 
25 
artigos antigos, o que faz com que as crianças precisem aguçar a imaginação e a 
criatividade delas. 
Com os jogos de “faz de conta”, a criança aprimora muito a sua linguagem, pois 
narram suas próprias histórias e se comunicam com os personagens imaginários e 
seus colegas. 
Alguns exemplos de jogos que podem auxiliar a criança no seu processo lógico, 
organizando seu pensamento e seu raciocínio são citados a seguir. 
Recriar personagens: as crianças têm seu desenho e filme favorito, repetem 
falas e cantam músicas. Uma forma divertida da criança brincar é imitar os 
personagens e as cenas favoritas de determinado desenho ou filme. 
Brincar de detetive: envolvendo mistérios investigativos, estimula a criatividade, 
pois as crianças são naturalmente curiosas, o que favorece propor desafios que 
aguçam a curiosidade e a imaginação. 
Brincar com transformações: improvisar a partir de uma frase, como por 
exemplo “se eu me transformasse em tal coisa...”. É só caprichar e se divertir, elogiar 
a cada nova imaginação estimula a criança e ajuda na sua autoestima. 
Os livros são uma excelente ferramenta para as crianças estimularem a sua 
imaginação, pois fazem parte do mundo do “faz de conta”, ajudam a criança a criar e 
levá-los a mundos desconhecidos e personagens incríveis. 
Deve-se explorar o jogo de “faz de conta”, pois ele tem um potencial bem 
grande para o desenvolvimento de habilidades importantes para a vida inteira, 
aprimorando os sentidos cognitivo, motor, afetivo ou social. 
Experimente ver pela primeira vez o que você vê todo dia, sem ver (...) o 
hábito suja os olhos e lhes baixa a voltagem. Mas há sempre o que ver. 
Gente, coisas e bichos. E vemos? Não, não vemos (...) nossos olhos se 
gastam no dia-a-dia, opacos. (OTTO LARA RESENDE). 
É com essa provocativa que se pode pensar na imaginação, criação, 
descobertas, fantasias, sonhos, personagens e tantos outros artefatos que as crianças 
encontram no “mundo do faz de conta”, que é naturalmente conhecido como os jogos 
simbólicos. O jogo simbólico possibilita a criança atribuir significados aos diversos 
objetos utilizados por ela. Tudo se transforma em algoútil e significativo em suas mãos 
e imaginação. 
Enquanto a criança brinca neste cenário do “faz de conta”, ela consegue 
exercitar e, por conseguinte, desenvolver capacidades cognitivas, sociais, motoras e 
26 
emocionais. Nas brincadeiras de “faz de conta” a criança demonstra todo seu 
potencial de criatividade, organiza situações, tempo, espaços, objetos. Ao mesmo 
tempo ela se dá conta dos objetos que serão necessários para enriquecer ainda mais 
o seu imaginário. 
Além do mais, o jogo simbólico possibilita e estimula o desenvolvimento da 
linguagem. Ao imaginar e criar, a criança passa a se comunicar com outros 
personagens de sua criação ao inventar suas histórias e contá-las. Desenvolvem um 
diálogo com os personagens criados gerando assim uma conversação de todos os 
tipos conforme sua imaginação permitir e criar. 
Falar de jogos simbólicos é fazer ecoar nos adultos a significância e a grandeza 
que o “faz de conta” possui na vida das crianças. Falar, pular, gritar, sorrir, dançar, 
são mais que simples gestos e brincadeiras, são vivências que geram na vida das 
crianças significado e aprendizado entre o mundo real e ilusório. Como já apresentado 
na escrita, o “poder” transformador da aprendizagem pode se dar a partir do jogo 
simbólico, o que é possível comprovar no dia a dia com as crianças. 
Faz-se uma ressalva agora para o olhar atento do professor em detrimento dos 
jogos simbólicos vivenciados e experimentados pelas crianças nos mais diversos 
espaços da escola. Faz-se necessário aguçar o olhar para que se possa perceber 
com veemência a importância dos jogos simbólicos em nosso processo de ensino e 
aprendizagem. Podemos correr o risco de lidarmos com os jogos simbólicos trazidos 
pelas crianças de forma natural, sem nos impactarmos com a aprendizagem que está 
ocorrendo naquele momento de envolvimento da criança. 
É necessário envolvimento e disposição para fazer parte desse mundo 
imaginário com as crianças, atribuindo o valor e a importância que merece. Cada fala, 
gesto, movimento, objeto, possui o seu valor no campo da imaginação. É preciso 
compreender que cada fala ou gesto é sinal de descoberta, ou até mesmo algo que 
precisa ser expresso. Saber dar sentido as coisas que em um ambiente de 
descobertas se enxerga todos os dias. Dar-se conta que cada gesto, expressão ou 
fala necessitam de atenção e cuidado para serem apreciadas e respeitadas. 
Por fim, o jogo simbólico é enriquecedor para o desenvolvimento das 
habilidades infantis. Cabe ao professor e aos adultos perceber e valorizar esta forma 
de aprendizagem que acontece nas mais diversas situações e com os mais diversos 
objetos. Precisamos garantir espaço, tempo, materiais e situações que sejam 
27 
motivadoras e incentivadoras no contexto escolar para que a criança possa cada vez 
mais sentir-se desafiada a criar e recriar seus espaços de imaginação e fantasia. 
2.5 O JOGO COMO ESTRATÉGIA DE ENSINO E FATOR DE MOTIVAÇÃO 
De acordo com Brasil (BNCC, 2017), na educação infantil as brincadeiras e as 
interações compõem o eixo estruturante das propostas pedagógicas que asseguram 
os seis direitos de aprendizagem e desenvolvimento, que são: conviver, brincar, 
participar, explorar, expressar e conhecer-se. Sendo a educação infantil o início da 
vida escolar da criança e também o fundamento do processo educacional, é onde 
acontece a primeira separação da criança dos seus vínculos afetivos familiares para 
ingressarem em uma nova situação de socialização estruturada. 
Ao acolher essas crianças de 4 e 5 anos na educação infantil, é necessário que 
se leve em consideração as vivências e os conhecimentos advindos do ambiente 
familiar, para então articula-los com propostas pedagógicas, ampliando o universo das 
experiências, diversificando e consolidando novas aprendizagens. 
Para a criança, a chegada à educação Infantil representa um mundo de novas 
oportunidades, onde ela vivenciará situações e aprendizagens nunca vistas antes. Irá 
experimentar novas formas de comunicação e relações interpessoais, estará sob o 
estabelecimento de novas regras e limites e valores culturais muitas vezes diferentes 
dos conhecidos e aprendidos em casa com a família. 
Nem sempre no ambiente familiar o “brincar” é visto como algo importante e 
sério. Cabe a escola estimular experiências positivas através do “brincar”, tanto 
livremente, quanto com jogos dirigidos. 
“Brincar com crianças não é perder tempo, é ganha-lo; se é triste ver meninos 
sem escola, mais triste ainda é vê-los sentados enfileirados em salas sem ar, com 
exercícios estéreis, sem valor para a formação do homem.” (ANDRADE, [1997?]) 
Para Santos (1995), o brinquedo é para a criança o que o trabalho é para o 
adulto, ou seja, sua principal atividade. Toda criança brinca independentemente da 
cultura ou classe social. Brincar é um ato intuitivo e espontâneo. Ao brincar livremente, 
a criança não está somente explorando o mundo a sua volta, mas também 
compartilhando sentimentos e fantasias que passeiam entre o imaginário e o real. 
Acredita-se, de acordo com Brasil (BNCC, 2017), que a criança ao ter a 
oportunidade de conhecer-se, através das diversas experiências de cuidados, 
28 
interações e brincadeiras, será capaz de construir sua identidade pessoal, social e 
cultural. A partir daí irá ampliar seu conhecimento em relação ao outro, elaborando 
seus pensamentos autônomos e críticos e formulando seus próprios juízos de valor. 
Para Kishimoto (1999), a capacidade da criança de traduzir o real para a sua 
realidade infantil, suaviza o impacto provocado pela força do adulto em relação a ela, 
pois quando recebe um brinquedo acabado, pronto, que dificulta a sua criatividade, a 
criança por vezes se sente impotente, perdendo muitas vezes a vontade de brincar. 
É a ação que a criança desempenha ao concretizar as regras do jogo, ao 
mergulhar na ação lúdica. Pode-se dizer que é o lúdico em ação. Desta forma, 
brinquedo e brincadeira relacionam-se diretamente com a criança e não se 
confundem com o jogo. (KISHIMOTO, 2005, p. 21). 
O “brincar” está diretamente relacionado ao prazer. Uma brincadeira, criativa 
ou não, deverá sempre proporcionar prazer a criança. Dessa forma, ela se sente 
confiante para buscar novas formas de interação com o meio que a cerca. 
As crianças, por meio da curiosidade que lhes é peculiar, da indagação, da 
experimentação e da formulação de noções intuitivas, ou seja, da sua atuação 
protagonista, buscam compreender o funcionamento das coisas, dando significado 
aos mesmos e apropriando-se do conhecimento de maneira crítica e criativa. 
Vygotsky (1989, p. 109), afirma que: 
É enorme a influência do brinquedo no desenvolvimento de uma criança. É 
no brinquedo que a criança aprende a agir numa esfera cognitiva, ao invés 
de uma esfera visual externa, dependendo das motivações e tendências 
internas, e não por incentivos fornecidos por objetos externos. 
De acordo com o que coloca Vygotsky (1989), quanto mais se amplia a 
realidade externa da criança, mais condições ela tem de organização interna, ágil e 
coerente, arquivando suas experiências e utilizando-as de modo adequado quando 
achar necessário. 
O lúdico é visto como uma necessidade para a criança em qualquer idade. Além 
da motivação, ele influencia positivamente, dando subsídios para a sua formação 
como indivíduo. Assim como o “brincar” facilita a aprendizagem, colabora para uma 
boa saúde mental, facilita os processos de socialização, comunicação, expressão e 
construção de conhecimento, é também durante as brincadeiras que as crianças 
podem desenvolver algumas capacidades importantes, como a atenção, a imitação, a 
memória e a imaginação. E, para que elas sejam capazes de exercer sua criatividade, 
29 
é imprescindível que haja riqueza e diversidade nas atividades que lhes são 
oferecidas. 
A incorporação de brincadeiras, jogos e brinquedos na prática pedagógica pode 
desenvolverdiferentes atividades que contribuem para inúmeras aprendizagens e 
para a ampliação da rede de significados construtivos para as crianças. Nesse 
contexto, o lúdico pode ser utilizado como uma estratégia de ensino e aprendizagem, 
como forma de trabalho pedagógico, que estimula o raciocínio e proporciona à criança 
a relação dos conteúdos com as situações da vida cotidiana, proporcionando 
vivências reais ou imaginárias. 
A proposta do lúdico é promover uma alfabetização significativa na prática 
educacional, é incorporar o conhecimento através das características do 
conhecimento de mundo. O enfoque na avaliação lúdica é um dos muitos caminhos 
que possibilita o educador ver como a criança inicia seu processo de adaptação a 
realidade, através de uma conquista física e funcional, aprendendo a lidar de forma 
cada vez mais coordenada, flexível e intencional com seu corpo. O lúdico promove o 
rendimento escolar, além do conhecimento, a fala, o pensamento e o sentimento. 
Em sua pesquisa sobre a evolução do jogo, Kishimoto (2017) coloca que em 
tempos passados o jogo era visto como inútil, como coisa não séria. Já nos tempos 
do Romantismo o jogo aparece como algo sério e destinado a educar a criança. 
Assim, percebe-se como é importante que o professor da educação infantil veja 
o “brincar” e o “jogar” como estratégias para o ensino dos conteúdos, e a partir das 
experiências trazidas pela criança, organize e planeje suas atividades e jogos 
pedagógicos, promovendo aprendizagens significativas, favorecendo a compreensão 
do que está sendo proposto e estimulando o raciocínio e a solução de problemas. 
O uso do brinquedo/jogo educativo com fins pedagógicos remete-nos para a 
relevância desse instrumento para situações de ensino-aprendizagem e de 
desenvolvimento infantil. Se considerarmos que a criança pré-escolar 
aprende de modo intuitivo adquire noções espontâneas, em processos 
interativos, envolvendo o ser humano inteiro com cognições, afetivas, corpo 
e interações sociais, o brinquedo desempenha um papel de grande relevância 
para desenvolvê-la. (KISHIMOTO, 1997. p.36). 
Os jogos, atividades lúdicas e brincadeiras escolhidas pelo educador, se 
usados adequadamente, além de oportunizarem diversão, contribuem na construção 
e compreensão do conhecimento. Contudo, é preciso estar atento a qualidade com 
que essas atividades são passadas às crianças, já que sem um espaço adequado e 
30 
intenções pedagógicas claras por parte do educador, o processo de aprendizagem 
pode não acontecer conforme o esperado. O trabalho pedagógico com o 
conhecimento pode adquirir maior significado na medida em que é desenvolvido por 
meio de diferentes abordagens metodológicas. 
A criança é um ser sociável que se relaciona de acordo com sua compreensão 
e potencialidades. Durante todo o processo do seu desenvolvimento físico, moral e 
social, ela brinca espontaneamente e independentemente de seu ambiente e 
contexto. Por isso, quanto maior o número de brincadeiras pedagógicas inseridas no 
seu cotidiano, maior será o seu desenvolvimento cognitivo. 
Enquanto manifestação livre e espontânea da cultura popular, a brincadeira 
tradicional tem a função de perpetuar a cultura infantil, desenvolver forma de 
convivência social e permitir o prazer de brincar. Por pertencer à categoria de 
experiências transmitidas espontaneamente conforme motivações internas 
da criança, a brincadeira tradicional infantil garante a presença do lúdico, na 
situação imaginária. (KISHIMOTO, 1999, p.33). 
 Nesse processo de crescimento e desenvolvimento cognitivo da criança, o 
professor pode ser visto como um elemento essencial e quanto mais bagagem trouxer 
consigo de história de vida e de experiências profissionais, maiores serão suas 
possibilidades de desempenhar uma prática pedagógica significativa. 
Para Nóvoa (1992), a formação do profissional não se constrói apenas por 
acumulação (de cursos, de conhecimentos ou de técnicas), mas sim através de um 
trabalho de reflexão crítica sobre suas práticas e de reconstrução permanente de sua 
identidade pessoal. Em seu texto publicado pela Universidade de Lisboa, Nóvoa 
(1992) coloca a ideia de outro autor, de que é preciso concentrar atenção especial na 
vida do professor, do quanto a formação profissional está relacionada a formação 
pessoal. 
É através da preparação profissional que o professor terá condições de 
promover um trabalho de qualidade, pois além de ter clareza nos seus objetivos 
pedagógicos, terá o conhecimento acerca das fases do desenvolvimento infantil. Toda 
atividade lúdica pode ser aplicada em diversas faixas etárias, tendo-se o cuidado 
necessário em seu procedimento de aplicação, respeitando as necessidades 
específicas de cada faixa etária. 
As atividades que envolvem jogos e brincadeiras na educação infantil trazem 
para a criança uma aprendizagem mais rápida, pois elas interagem com o outro de 
31 
forma a assimilar melhor o conteúdo vivido, tornando dessa forma o educador a 
ferramenta fundamental nesse processo de aprendizagem. 
[...] ao propor o lúdico para ensinar crianças de diferentes idades, em 
situações estruturadas, com a mediação de adultos, Bruner concebe-o como 
forma de exploração, estratégia que leva aos pensamentos divergentes, por 
sua característica pouco opressora e estimuladora da criatividade. 
(KISHIMOTO, 2002, p.143). 
O jogo e a brincadeira são experiências prazerosas vivenciadas pela criança, 
constituindo dessa forma o processo da aprendizagem uma vivência prazerosa. Na 
escola de educação infantil, valorizar as atividades lúdicas contribui para que a criança 
construa um bom conceito de mundo, levando em consideração a afetividade e a 
sociabilidade vivenciada. O lúdico é essencial para uma escola que se proponha ao 
sucesso pedagógico de seus alunos e também a formação dos mesmos enquanto 
cidadãos, porque o resultado imediato dessa ação é a aprendizagem das crianças em 
todas as dimensões: social, cognitiva, relacional e pessoal. 
2.6 ORIGEM DA BRINCADEIRA 
O ato de brincar, enquanto as crianças não frequentam nenhuma instituição de 
ensino, normalmente é considerado apenas como uma atividade relacionada a 
diversão e lazer. Desde muito pequena, a criança se desenvolve através das 
brincadeiras, começa a explorar o mundo, criar relações com o outro e aprende a se 
expressar. “A partir da brincadeira, a criança constrói suas experiências, se relaciona 
com o mundo de maneira ativa, vivência experiências de tomadas de decisões”. 
(QUEIROZ; MACIEL; BRANCO, 2006). 
A partir do momento em que a criança frequenta uma instituição de ensino, a 
brincadeira passa a ser usada também como ferramenta para o professor. As escolas 
têm um papel a cumprir, não podem esquecer do “brincar livre”, mas também precisam 
aplicar o “brincar direcionado”, o qual, muitas vezes, fora dessas instituições, não são 
realizados. “O ‘brincar’ é uma forma privilegiada de aprendizagem, pois é nesse ato 
que as crianças trazem para suas brincadeiras o que veem, escutam, observam e 
experimentam”. (ARNAIS, 2012, p. 07). As brincadeiras são um grande aliado do 
educador, pois assim, ele pode perceber na criança alguma habilidade que precise 
32 
ser aprimorada ou explorada e dificuldades que ela apresenta, podendo utilizar um 
jeito divertido e uma forma lúdica para despertar o interesse do educando. 
Certamente o “brincar” na escola não deve ser o mesmo que brincar em casa 
ou na rua, pelo menos quando não se trata do brincar na hora do recreio, pois 
o cotidiano escolar tem características e funções que a definem enquanto 
instituição formadora, responsável pela socialização do conhecimento 
historicamente produzido. (VOLPATO, 2017, p. 114). 
A brincadeira, tempos atrás, não contava com brinquedos estruturados de 
última geração e modernos, se concretizava apenas com a criatividade das crianças 
e até dos adultos. Eles utilizavam materiais não estruturados e transformavam emalgo inacreditável. Com a sua criatividade, criavam brincadeiras novas e até o que 
seria para uso de trabalho, se transformou em brincadeiras que perpassam gerações, 
até os dias atuais, como as cinco brincadeiras listadas a seguir: 
I - Peão: Os primeiros foram produzidos de argila e em algumas culturas eram 
utilizados como ferramentas de adivinhação, pois seu movimento era comparado com 
a rotação dos astros. Hoje, é utilizado de forma lúdica, podendo ser brincado por uma 
só criança ou com várias, estilo competição. 
II - Perna de pau: Não se sabe a origem exata, mas na França era utilizado como 
ferramenta para travessia de terrenos alagados e colheita de frutos. Na África, havia 
um povo chamado Dogon, que fazia uso das pernas de pau para realizar belos rituais. 
Já os piratas utilizavam como próteses para acidentes ocorridos no mar. Atualmente, 
é utilizado para aprimorar a coordenação motora das crianças. 
III - Bambolê: Os primeiros foram encontrados no Egito e eram feitos com fios secos 
de parreira. Na atualidade, além de ser um excelente exercício físico para desenvolver 
habilidades motoras, as brincadeiras de bambolê podem ser usadas em danças, 
peças teatrais e atividades circenses. 
IV - Pular corda: Embora não haja certeza sobre a origem da brincadeira, na Roma e 
na Grécia as pessoas pulavam corda para comemorar a chegada de uma nova 
estação. No Egito e na China, a brincadeira surgiu como forma de melhorar a 
produção de cordas. As crianças da atualidade adoram a brincadeira, podem fazer 
uso sozinhas ou em grupo. Pular corda fortalece o corpo e ajuda na criação de laços 
sociais. 
V - Amarelinha: Em Roma, a amarelinha surgiu para treinamento dos soldados, mas 
quem trouxe a brincadeira para o Brasil foram os portugueses. Hoje, a brincadeira 
33 
pode ser utilizada para desenvolver o raciocínio lógico e matemático da criança. Os 
pulos proporcionam agilidade, coordenação e força. 
Para a maioria das crianças, as brincadeiras fazem parte de seus dias, elas são 
suas principais atividades, as que não podem faltar em nenhum dia. Esse “brincar” da 
criança, costuma fazê-la se sentir bem, se sentir feliz. Ele tem ainda mais significado 
para ela quando permite a interação com outras crianças ou adultos, podendo assim, 
partilhar experiências e emoções. “A interação durante o ‘brincar’ caracteriza o 
cotidiano da infância, trazendo consigo muitas aprendizagens e potenciais para o 
desenvolvimento integral das crianças”. (BRASIL, 2017, p. 37). 
A brincadeira permite que a criança use sua imaginação, ela pode partir de um 
brinquedo ou pode acontecer somente com personagens vivos, sem a interação com 
objetos, o que estimula muito a criatividade das crianças. 
O brinquedo também ocupa parte importante no cotidiano das crianças, ele faz 
com que as crianças tenham um conhecimento maior do mundo, ou seja, conheçam 
coisas novas, que algumas vezes não fazem parte da sua realidade. “O brinquedo 
coloca a criança na presença de reproduções: tudo o que existe no cotidiano, a 
natureza e as construções humanas”. (KISHIMOTO, 2017, p. 109). 
2.7 COMO AS CRIANÇAS SE EXPRESSAM ATRAVÉS DAS BRINCADEIRAS 
Todos já tiveram a oportunidade de acompanhar uma criança sorrindo, pulando 
em seu mundo de brincadeiras, como também, triste, magoada ou zangada por ter 
sido interrompida ou repreendida. 
A primeira infância caracteriza-se por ser um período em que se deva auxiliar 
o desenvolvimento natural da criança, pois seu crescimento físico ocorre de 
maneira rápida e paralela com a formação das atividades psíquicas e 
sensoriais. (ANGOTTI, 2007, p. 105 apud LEMES; LOPES; NINA, [201-?], p. 
2). 
A criança precisa brincar, caso contrário, não aprende, não tem interesse, nem 
se desenvolve afetivamente. As brincadeiras para ela são como o trabalho para o 
adulto, inseparável. O “brincar” é uma linguagem infantil por onde a criança se 
expressa e demostra seus sentimentos. 
Ao brincar de boneca, por exemplo, a criança repete seu cotidiano, o que vê o 
adulto fazendo. Se a relação da criança com a boneca é de forma agressiva, batendo 
34 
ou xingando, está simplesmente repetindo o que vê em seu ambiente. O olhar do 
adulto é muito importante para compreender e perceber o que a criança expressa com 
seu jeito de brincar. 
Segundo Kishimoto (1993, p. 45): 
Brincar é uma atividade fundamental para o desenvolvimento da identidade e 
da autonomia. Desde muito cedo as crianças se comunicam por gestos, sons 
e mais tarde a imaginação. Pode-se dizer que brincar é uma atividade natural, 
espontânea e necessária para sua formação. 
Quando as crianças brincam de “faz de conta”, procuram imitar, imaginar e 
representar a sua realidade do cotidiano ou assumindo um ou outro personagem da 
sua preferência. A criança constrói sua personalidade se expressando de modo 
natural. O “brincar” imita situações reais, mas sem consequências, afinal, qual o 
problema em errar na amarelinha? Só a certeza de poder recomeçar, tentar 
novamente sem nenhum constrangimento. 
Para a criança, a brincadeira faz parte da necessidade básica, como a saúde e 
a nutrição e igualmente se desperta para crescimento físico, motor e cognitivo. 
Conforme Froebel (1912), a criança no início de sua vida não se diferencia dos objetos 
a sua volta e compreende a natureza antropomórfica do pensamento infantil. Ainda 
segundo este autor, a criança imagina que as coisas podem ouvir porque a ela começa 
a representar seu ser interno externamente. Ela reproduz a mesma atividade para 
tudo. 
[...] ainda que se possa comparar a relação brinquedo-desenvolvimento à 
relação instrução-desenvolvimento, o brinquedo proporciona um campo 
muito mais amplo para as mudanças quanto a necessidades e consciência. 
A ação na esfera imaginativa, em uma situação imaginária, a criação de 
propósitos voluntários e a formação de planos de vida reais e impulsos 
volitivos aparecem ao longo do brinquedo, fazendo do mesmo o ponto mais 
elevado do desenvolvimento pré-escolar. A criança avança essencialmente 
através da atividade lúdica. Somente nesse sentido pode-se considerar o 
brinquedo como uma atividade condutora que determina a evolução da 
criança. (VYGOTSKY 1991, p. 226-227 apud LEMES; LOPES; NINA, [201-
?], p. 2). 
Discorrendo sobre o tema “a história do brincar”, Craidy e Kaercher (2001) 
afirmam que a criança vê o mundo através do brinquedo e que sempre existiram 
formas, jeitos e instrumentos para brincar. As brincadeiras se perpetuam e se renovam 
a cada geração, carregando os traços característicos de cada uma. Elas continuam 
ressaltando: 
35 
[...] A criança expressa-se pelo ato lúdico e é através desse ato que a infância 
carrega consigo as brincadeiras. Elas perpetuam e renovam a cultura infantil, 
desenvolvendo formas de convivência social, modificando-se e recebendo 
novos conteúdos, a fim de se renovar a cada geração. É pelo brincar e repetir 
a brincadeira que a criança saboreia a vitória da aquisição de um novo saber 
fazer, incorporando-o a cada novo brincar. (CRAIDY; KAERCHER, 2001, 
p.103). 
2.8 COMO AS BRINCADEIRAS APRIMORAM AS HABILIDADES DAS CRIANÇAS 
A educação infantil é uma etapa de grande importância para o desenvolvimento 
das crianças, é lá que elas demonstram um nível muito grande de desenvolvimento 
humano. 
Também é preciso destacar que a criança neste período se torna cada vez 
mais capaz do domínio das operações com o próprio corpo, um sujeito que 
faz as coisas, que desenvolve habilidades, destrezas, que se expressa de 
variadas formas, que se manifesta como um ser ativo e criativo. (CRAIDY E 
KAERCHER, 2007, p. 20). 
Pediatras, professores e pedagogos, especialistas em educação infantil, 
relatam a importância do “brincar” para o bom e saudável processo de 
desenvolvimento da criança. 
A importância do jogo e do brinquedo no processo de aprendizagem e 
desenvolvimento de habilidades cognitivas. emocionais e corporais da 
criança e suas aplicaçõescomo recurso didático-pedagógico, principalmente 
nos primeiros anos escolares, têm sido defendidas constantemente por 
estudiosos da Educação e Psicologia. (VOLPATO, 2017, p. 97). 
 A criança descobre o mundo através do “brincar” e de se relacionar com outras 
crianças. São as brincadeiras que aproximam elas entre si. É fundamental observar 
uma criança brincando para que se entenda a importância do ato de brincar na 
construção do conhecimento. Também é importante se juntar a ela e acompanhar 
essa brincadeira e é, na maioria das vezes, na instituição de ensino, que esses 
processos acontecem. 
Desde o nascimento, as crianças estão inseridas em um contexto 
sociocultural, e os adultos, quando se tornam parceiros de seus jogos e 
brincadeiras, muitas vezes não se dão conta da importância de cada gesto, 
palavra e movimento das crianças nessas atividades. (ARNAIS, 2012, p. 7). 
36 
Para a criança, o brinquedo possibilita criar um mundo em que os desejos 
podem se concretizar através da imaginação, porque através da inter-relação da 
criança com o mesmo é que se dá o vínculo da afinidade simbólica, o “faz de conta”. 
O ato de brincar é espontâneo na criança, aqui refere-se a um “brincar” com 
qualidade, onde a criança venha a desenvolver habilidades para o seu aprendizado e 
para o desenvolvimento pessoal e social. É através desta atividade lúdica que ela 
aprende sobre valores, comunicação, frustração e se reconhece como indivíduo. 
Não é preciso brinquedos sofisticados. Objetos simples ou até mesmo somente 
a imaginação já são suficientes para motivar a criança a brincar, se divertir, se alegrar 
e aprender ao mesmo tempo. Usando tais materiais não estruturados, a criança é 
motivada a usar a sua criatividade. Segundo Arnais (2012, p.12), 
A criança, ao manusear um objeto, mesmo que este não tenha a referência 
social de ser um brinquedo, experimenta, reinventa, compara e cria situações 
simbólicas, conferindo outros significados a ele [...] assim, sua imaginação se 
desenvolve e ela participa cada vez mais do mundo que a cerca. 
As brincadeiras de “faz de conta” exigem apenas alguns materiais que temos a 
disposição. Podem ser usados materiais de todos os tipos. Também se necessita a 
criatividade das pessoas que interagem com tais materiais para que assim, possam 
atribuir funções a eles e construir a história da brincadeira em que estão envolvidos. 
Essa brincadeira de “faz de conta”, permite que a criança se transporte para um 
mundo paralelo, de sua escolha, e ao mesmo tempo permite que ela interaja com seus 
colegas e amigos, permitindo que aprenda mais sobre si e sobre os outros. 
Materiais como caixas vazias são ótimas, podem servir como túneis, construir 
outros objetos, como casas e tudo que a imaginação possa alcançar. Aprendendo 
assim a trabalhar em grupo, desenvolve habilidades motoras, o respeito e o convívio, 
qualidades muito importantes para a vivência em sociedade. 
A água é outro elemento muito favorável, que causa muita alegria e diversão, 
especialmente em períodos de calor. As brincadeiras que envolvem esse elemento 
estimulam seus sentidos, liberam a imaginação e ainda proporcionam um efeito 
relaxante. 
A dança é outra forma maravilhosa de estimular a imaginação. Ela proporciona 
a interação com as outras crianças e melhora a coordenação motora. Basta um som 
ou até mesmo a pessoa responsável começar a cantar uma música que as crianças 
37 
começam a dançar, recriar coreografias vistas anteriormente, pular e cantar junto, 
estimulando o cérebro para memorizar as cantigas. 
As crianças são muito curiosas, por isso as brincadeiras de exploração são 
ótimas para as novas descobertas e se são realizadas em conjunto com outras 
crianças desenvolvem a socialização, interação, diversão e alegria das brincadeiras 
coletivas, além de estimular o respeito ao próximo. 
Todas as brincadeiras citadas acima são extremamente interessantes para as 
crianças. Elas também podem criar certas habilidades nas mesmas. Um mesmo 
brinquedo pode ser usado com intenções pedagógicas ou não. Quem faz ele ter a 
funcionalidade pedagógica é a própria criança e seus interesses, dependendo de 
como a criança usar e manusear o brinquedo, ele vai ter suas funções diversificadas. 
Para perceber se isso está acontecendo, deve-se observar como a criança está 
fazendo o uso de determinados materiais ou brinquedos prontos. De acordo com 
Arnais (2012, p. 14) “[...] só podemos falar de diferença entre o brinquedo educativo e 
o brinquedo pedagógico quando relacionamos as diferenças de atitude da criança em 
relação ao brinquedo”. 
O “brincar” é também uma forma divertida para que as crianças construam 
novos conhecimentos transformados em seguida em aprendizagem. Usando 
ferramentas como os brinquedos e os jogos, que as crianças já estão acostumadas a 
manusear, para inserir novos assuntos é uma forma inteligente de chamar a atenção 
das mesmas para que se interessem em construir aprendizagens. 
Assim, ao utilizar-se dos jogos e brincadeiras, as crianças estariam 
transformando o ato de aprender em um ato prazeroso em que o descobrir, 
construir e reconstruir o conhecimento não se torne efêmero, mas se 
mantenha através do tempo. (ARNAIS, 2012, p.58). 
Segundo Brasil ( BNCC, 2017, p. 40): 
Considerando que, na Educação Infantil, as aprendizagens e o 
desenvolvimento das crianças têm como eixos estruturantes as interações e 
a brincadeira, assegurando-lhes os direitos de conviver, brincar, participar, 
explorar, expressar-se e conhecer-se, a organização curricular da Educação 
Infantil na BNCC está estruturada em cinco campos de experiências, no 
âmbito dos quais são definidos os objetivos de aprendizagem e 
desenvolvimento. 
Percebe-se, olhando para o documento da BNCC, que os campos de 
experiências têm suas peculiaridades, porém o que todos eles priorizam é alcançar 
38 
tais competências através da ludicidade, do “brincar”. O andar e o falar se 
desenvolvem automaticamente na criança, assim como outras habilidades, porém as 
mesmas precisam de alguém que as proporcionem espaços que permitam a 
exploração para que consigam aprender e se desenvolver. As brincadeiras são formas 
eficazes de ajudar nestas práticas (BRASIL, 2017). 
Pode-se perceber que as crianças costumam repetir várias vezes as mesmas 
brincadeiras, elas pedem repetição também de histórias, músicas e atividades 
dirigidas. “Nesse sentido, a busca se justifica na necessidade que a criança tem de se 
apropriar daquele conhecimento que está sendo vivenciado, ou seja, de torná-lo, no 
termo vygotskiano, intrapessoal ou intrapsicológico.” (VOLPATO, 2017, p. 62). 
Deve-se entender, que na educação infantil, a maneira mais fácil de aprimorar 
habilidades nas crianças é a ludicidade. São exemplos de atividades importantes: o 
brincar, o jogar, o desenhar, o pintar, o recortar, o colar, o dançar, o cantar, entre 
outras coisas que envolvam motricidade fina e ampla. No cotidiano da educação 
infantil a motricidade deve estar sendo aprimorada na maior parte do tempo, sendo 
em alguma atividade dirigida ou no “brincar livre”. 
Ao sair da educação infantil e ingressar no Ensino Fundamental, a criança deve 
estar com suas habilidades básicas bem desenvolvidas. Pode-se entender como 
habilidades básicas o cuidado com seu corpo e o movimento do mesmo, o recorte, a 
colagem, o desenho, a pintura, entre outras importantes. Pois se estas habilidades 
não estiverem bem desenvolvidas e não estiverem sido bem aprimoradas na etapa da 
educação infantil, será mais difícil para a criança continuar se desenvolvendo na 
próxima etapa a ser seguida. 
2.9 O OLHAR DO PROFESSOR PARA AS BRINCADEIRAS DAS CRIANÇAS 
No desenvolvimento e na aprendizagem, o professor de educação infantil tem 
um papel fundamental para seus alunos. Sabendo que as experiências de vida da 
criança são muito importantes neste caminho, o educador deve promover atividades 
estimulantes para que o educando

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