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Direito Previdenciário - Eduardo Tanaka 47 3- Segurados da Previdência Social Neste capítulo estudaremos quais são os tipos de segurados do Regime Geral de Previdência So- cial. Em regra, qualquer pessoa física, com mais de 16 anos1, pode ser segurado da Previdência Social2. Ao filiar-se à Previdência Social, o cidadão passa a ter o direito à proteção nos casos, por exemplo, de invalidez, doença, acidente, idade avançada, entre outros que veremos adiante no capítulo de benefícios. Os segurados do Regime Geral de Previdência Social dividem-se entre os obrigatórios e os facultati- vos. 3.1. SEGURADOS OBRIGATÓRIOS Os segurados obrigatórios, como o próprio nome diz, filiam-se compulsoriamente ao Regime Geral da Previdência Social, por determinação da lei. Em regra, são segurados obrigatórios os que exercem atividade remunerada direta3 ou indiretamente4, efetiva ou eventual, com ou sem vínculo empregatício. Os segurados obrigatórios são divididos em cinco categorias: - empregado, - contribuinte individual, - empregado doméstico, - trabalhador avulso e - segurado especial. 3.1.1. Empregado Em linhas gerais, empregado é a pessoa física que presta serviço de natureza urbana ou rural à em- presa ou a ela equiparada, em caráter não eventual, sob sua subordinação e mediante remuneração. 1 O menor aprendiz é uma exceção, pois pode trabalhar a partir de 14 anos. Nesse caso, será segurado obrigatório. 2 Exceto se a pessoa exerça atividade que gere filiação a determinado regime próprio de previdência. 3 Por exemplo: empregados. 4 Por exemplo: padre, pastor. Licensed to Kátia Mirele Cardoso Santana - katiamirellecardososantana@gmail.com - 073.056.775-31 - HP01616182370527 48 Direito Previdenciário - Eduardo Tanaka A CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) considera empregado toda pessoa física que prestar servi- ços de natureza não eventual a empregador, sob a dependência deste e mediante salário. Portanto, os requisitos para ser considerado empregado são: • Pessoa física – implica que o serviço deve ser prestado com pessoalidade. • Natureza urbana ou rural – a Constituição Federal igualou a condição de trabalhadores urbanos e rurais.5 • Caráter não eventual – está relacionado com a continuidade e habitualidade da prestação de serviço. O trabalhador empregado, segundo Nascimento, “se fixa a uma fonte de trabalho”. A fixação é jurídica.6 • Dependência ou subordinação – subordinação diz respeito à dependência do trabalhador em face do empregador. O trabalhador não subordinado é considerado autônomo, e não empregado. Essa subordinação é uma consequência do próprio contrato de trabalho, no qual o empregado se sujeita às ordens do emprega- dor. • Remuneração – o empregado vende sua força de trabalho por meio da prestação de serviços ao empregador, cuja contraprestação é o salário. 3.1.1.1. Empregados conforme o Decreto 3.048/1999 Vista a definição de empregado, parece fácil o enquadramento do segurado nesta categoria. Porém, existem situações especiais em que podem gerar dúvidas a respeito da classificação do trabalhador como empregado. E que, por sinal, são situações comumente perguntadas pelos concursos públicos. Por essa razão, descreveremos todos esses casos que podem gerar dúvidas e que estão previstos no Regulamento da Previdência Social, aprovado pelo Decreto 3.048/1999, a seguir: Art. 9º São segurados obrigatórios da Previdência Social as seguintes pessoas físicas: I – como empregado: a) aquele que presta serviço de natureza urbana ou rural a empresa, em caráter não eventual, sob sua subordinação e mediante remuneração, inclusive como diretor empregado; Esta é a definição geral de empregado, como visto acima. Como exemplo de empregado rural, pode- mos citar o vaqueiro, o peão de boiadeiro que trabalha em uma fazenda. E, como exemplo de empregado urbano, podemos citar o operário e a secretária de uma empresa. Nas empresas podemos encontrar os próprios sócios como diretores; nesse caso, evidentemente, não serão considerados empregados (apesar disso, são contribuintes obrigatórios na categoria de contribuintes individuais, como veremos adiante). Entretanto, uma empresa pode ter diretor não sócio, ou seja, diretor empregado; nesse caso, será, sim, considerado empregado. (CESGRANRIO – Técnico INSS – 2005) Antônio Walas, devido a sua notória experiência no mercado financeiro, recebeu proposta para ser diretor-empregado de um grande banco de investimentos, com direito a participação direta nos resultados da empresa. Caso Antônio aceite a proposta, sua inscrição no Regime Geral da Previdência Social será: a) obrigatória, como empregado. b) obrigatória, como contribuinte individual. c) obrigatória, como segurado especial. d) facultativa, por ter deixado de ser segurado obrigatório. e) facultativa, como associado eleito para cargo de direção remunerada. Resposta: A. 5 Art. 7o da Constituição Federal. 6 Amauri Mascaro Nascimento. Iniciação ao Direito do Trabalho, p. 166. Licensed to Kátia Mirele Cardoso Santana - katiamirellecardososantana@gmail.com - 073.056.775-31 - HP01616182370527 Direito Previdenciário - Eduardo Tanaka 49 b) aquele que, contratado por empresa de trabalho temporário, na forma prevista em legislação específica, por prazo não superior a cento e oitenta dias, consecutivos ou não, prorrogável por até noventa dias, presta serviço para atender a necessidade transitória de substituição de pessoal regular e permanente ou a acréscimo extraordinário de serviço de outras empresas; Este é o caso de trabalho temporário, previsto pela Lei no 6.019/1974. Conforme o art. 2º da referi- da lei: “Trabalho temporário é aquele prestado por pessoa física contratada por uma empresa de trabalho temporário que a coloca à disposição de uma empresa tomadora de serviços, para atender à necessidade de substituição transitória de pessoal permanente ou à demanda complementar de serviços”. Esse tipo de contratação não se confunde com contrato por “prazo determinado”,7 que é feito direta- mente com o trabalhador. O contrato temporário é prestado por uma empresa de locação de mão de obra temporária, urbana, cujo tomador é uma outra empresa que necessita de determinado tipo de serviço profissional, por prazo não superior a 180 dias, consecutivos ou não, podendo ser prorrogado por até 90 dias, consecutivos ou não. Dessa forma, o vínculo de emprego ocorre entre o trabalhador e a empresa de locação de mão de obra. Um exemplo de trabalho temporário é a contratação de serviço de secretária para substituir outra que esteja de férias. É importante frisar, também, que não devemos confundir o empregado temporário com o trabalhador que presta serviço eventual (como, por exemplo: um pintor de paredes autônomo) e que é, nesse caso, um contribuinte individual. c) brasileiro ou o estrangeiro domiciliado e contratado no Brasil para trabalhar como empregado no exterior, em sucursal ou agência de empresa constituída sob as leis brasileiras e que tenha sede e administração no País; Neste item inicia-se a citação de situações especiais que, talvez, suscitariam dúvidas quanto ao víncu- lo ou não do trabalhador com o RGPS (Regime Geral de Previdência Social), na qualidade de empregado. Imagine uma empresa constituída sob as leis brasileiras e que tenha sede e administração no País – por exemplo, o Banco Bradesco. Esse Banco deseja abrir uma agência em Assunção, capital do Paraguai. Essa agência, no exterior, contratará funcionários daquele país, que naturalmente estarão vinculados à previdência social do Paraguai, conforme nosso exemplo. Entretanto, como é comum, para ocupar um alto cargo, como o de gerente geral, uma empresa costuma levar para trabalhar, na nova agência do exterior, um empregado que conhece profundamente o funcionamento e as regras do negócio da empresa. De modo que, nesse nosso exemplo, o Bradesco vai empregar na referida agência um empregado que mora e seja contra- tado aqui, no Brasil. Nesse caso a lei excepcionae este será considerado empregado segurado obrigatório do RGPS brasileiro. Nota-se que essa regra faz sentido, pois não deixaria desamparado, perante a Previdência Social, o empregado que foi transferido para o exterior. A Emenda Constitucional 6/1995 revogou o conceito de empresa nacional, previsto no art. 171, II, da Constituição Federal, como sendo aquela constituída sob as leis brasileiras e que tenha sede e administra- ção no País. No entanto, os concursos públicos ainda têm considerado essa definição. d) o brasileiro ou o estrangeiro domiciliado e contratado no Brasil para trabalhar como empregado em empresa domiciliada no exterior, com maioria do capital votante pertencente à empresa constituída sob as leis brasileiras, que tenha sede e administração no País, e cujo controle efetivo esteja em caráter permanente sob a titularidade direta ou indireta de pessoas físicas domiciliadas e residentes no País ou de entidade de Direito Público interno; Esta alínea d segue o mesmo raciocínio da alínea anterior. A única diferença, neste caso, é quanto à titularidade da empresa situada no exterior. Por exemplo: imagine um banco “A”, domiciliado na Argentina, mas que não opere no Brasil. O banco 7 Nesse caso, o trabalhador também será considerado segurado obrigatório empregado. Entretanto, o vínculo de emprego se dá direta- mente com a empresa contratante. Licensed to Kátia Mirele Cardoso Santana - katiamirellecardososantana@gmail.com - 073.056.775-31 - HP01616182370527 50 Direito Previdenciário - Eduardo Tanaka “A” tem seu capital dividido em ações, de forma que possui vários sócios. O sócio majoritário, que detém a maioria do capital votante, é uma empresa “B”, constituída sob as leis brasileiras e com sede no Brasil. Por sua vez, essa empresa “B” também tem seu capital social dividido por ações, e cujo controle efetivo, ou seja, a maioria das ações com direito a voto, esteja em caráter permanente sob a titularidade direta ou indireta de pessoas físicas domiciliadas e residentes no país ou de entidade de Direito Público interno (por exemplo, um município). Dessa forma, a empresa “B” pertence a brasileiros e o banco “A”, indiretamente, também per- tence a brasileiros. Assim, a empresa “B” responderá perante o Fisco previdenciário, em virtude de vínculo estabelecido entre o banco argentino “A” e o empregado brasileiro ou estrangeiro domiciliado e contratado no Brasil para trabalhar no referido banco situado na Argentina. Esse conceito de empresa nacional de capital nacional, que estava previsto no art. 171, II, também foi revogado pela Emenda Constitucional 6/1995. No entanto, os concursos públicos ainda têm considerado essa definição. (CESPE - 2.015 - AGU - Advogado da União) Situação hipotética: Howard, cidadão norte- americano, domiciliado no Brasil, foi aqui contratado pela empresa brasileira X, para trabalhar, por tempo indeterminado, em sua filial situada no Canadá. A maior parte do capital votante dessa filial canadense é da empresa X, constituída sob as leis brasileiras e com sede e administração no Brasil. Assertiva: Nessa situação, Howard deverá estar, necessariamente, vinculado ao RGPS como segurado empregado. Resposta: C. e) aquele que presta serviço no Brasil à missão diplomática ou à repartição consular de carreira estrangeira e a órgãos a elas subordinados, ou a membros dessas missões e repartições, excluídos o não brasileiro sem residência permanente no Brasil e o brasileiro amparado pela legislação previdenciária do país da respectiva missão diplomática ou repartição consular; A missão diplomática ou a repartição consular de carreira estrangeira gozam de certos privilégios, con- forme normas internacionais.8 Os locais das missões diplomáticas e consulares são invioláveis. Assim como os arquivos, documentos, também são invioláveis em qualquer circunstância e onde quer que se encontrem. Assim, esses locais comportam-se como se estivessem no próprio Estado estrangeiro, o que torna muito difícil qualquer tipo de fiscalização perante a administração tributária e de imposição de normas previ- denciárias, em face de missão diplomática ou repartição consular de carreira estrangeira. Entretanto, não seria justo um trabalhador que presta serviço a esses órgãos ficar desamparado de qualquer assistência previdenciária, se o respectivo Estado estrangeiro não o conceder. Nesse caso, esse trabalhador será considerado segurado obrigatório do RGPS brasileiro por exclusão, ou seja, desde que não seja estrangeiro sem residência permanente no Brasil; e, no caso de ser brasileiro, não esteja amparado pela previdência do respectivo Estado estrangeiro. Assim, será considerado empregado contribuinte obrigatório ao RGPS brasileiro. Existe um tópico comumente pedido em edital de concursos públicos denominado “trabalhadores ex- cluídos do regime geral”. E, aqui, encontramos duas situações de exclusão: “o não brasileiro sem residência permanente no Brasil e o brasileiro amparado pela legislação previdenciária do país da respectiva missão diplomática ou repartição consular”. (CESPE – Auditor Governamental – CGE-PI – 2015) A pessoa física que presta serviço no Brasil a missão diplomática ou a repartição consular de carreira estrangeira e a órgãos a elas subordinados é segurada obrigatória da previdência social, na qualidade de empregado. Resposta: Certo. f) o brasileiro civil que trabalha para a União no exterior, em organismos oficiais internacionais dos quais o Brasil seja membro efetivo, ainda que lá domiciliado e contratado, salvo se amparado por regime próprio de Previdência Social; 8 Nesse caso, não importa onde ele é domiciliado ou onde foi contratado. Licensed to Kátia Mirele Cardoso Santana - katiamirellecardososantana@gmail.com - 073.056.775-31 - HP01616182370527 Direito Previdenciário - Eduardo Tanaka 51 Nesse caso, ele será considerado empregado contribuinte obrigatório do RGPS por exclusão, ou seja, desde que não esteja amparado por regime próprio da Previdência Social. E não poderia ser servidor federal de cargo efetivo nem militar, pois estes já estão amparados por regime próprio. Um exemplo é o caso do servidor público, brasileiro civil, que trabalha para a União, no Uruguai (exte- rior), no Mercosul, que é um organismo oficial internacional do qual o Brasil é membro efetivo, na condição acima explicada (desde que o brasileiro não seja amparado por regime próprio de Previdência Social). Neste item “f”, entende-se por Regime Próprio de Previdência Social aquele garantido pelo organis- mo oficial internacional ou estrangeiro, independentemente de quais sejam os benefícios assegurados pelo organismo. ATENÇÃO! É importante não confundir esta alínea com a alínea d, inc. V, art. 9o, do Regulamento da Previdência Social,9 que trata do contribuinte individual que não trabalha para a União, mas sim diretamente para o organismo oficial internacional. No presente caso, o brasileiro trabalha para a União no exterior, e não diretamente para os organismos oficiais internacionais em funcionamento no Brasil. g) o brasileiro civil que presta serviços à União no exterior, em repartições governamentais brasileiras, lá domiciliado e contratado, inclusive o auxiliar local de que tratam os arts. 56 e 57 da Lei no 11.440, de 29 de dezembro de 2006, este desde que, em razão de proibição legal, não possa filiar-se ao sistema previdenciário local; Conforme o art. 56 da referida Lei no 11.440/2006, auxiliar local é o brasileiro ou o estrangeiro admitido para prestar serviços ou desempenhar atividades de apoio que exijam familiaridade com as condições de vida, os usos e os costumes do país onde esteja sediado o posto. Sobre o auxiliar local, sabemos, por exemplo, que nos países do Oriente Médio os costumes são di- ferentes dos nossos; daí a importância do auxiliar local para as repartições consulares brasileiras no estran- geiro, no sentido de habituar os servidores aos usos e costumes locais. Os auxiliares locais são servidorestemporários, de forma que as relações trabalhistas e previdenciárias concernentes a eles serão regidas pela legislação vigente no país em que estiver sediada a repartição. Entretanto, serão segurados da Previdência Social brasileira, na qualidade de empregados, os auxiliares locais de nacionalidade brasileira que, em razão de proibição legal, não possam filiar-se ao sistema previdenciário do país de domicílio. Além do auxiliar local, há o caso do brasileiro civil (que não seja auxiliar local) que trabalha em reparti- ção governamental brasileira no exterior já estará enquadrado na qualidade de empregado do RGPS nacio- nal. h) o bolsista e o estagiário que prestam serviços a empresa, em desacordo com a Lei no 11.788/2008;10 A citada Lei no 11.788, de 25 de setembro de 2008, dispõe sobre o estágio de estudantes. Estágio é ato educativo escolar supervisionado, desenvolvido no ambiente de trabalho, que visa à preparação para o trabalho produtivo de educandos que estejam frequentando o ensino regular em instituições de educação superior, de educação profissional, de ensino médio, da educação especial e dos anos finais do ensino fun- damental, na modalidade profissional da educação de jovens e adultos11. O estágio visa ao aprendizado de competências próprias da atividade profissional e à contextualização curricular, objetivando o desenvolvimen- to do educando para a vida cidadã e para o trabalho.12 O estágio não cria vínculo empregatício de qualquer natureza e o estagiário poderá receber bolsa, ou 9 “O brasileiro civil que trabalha no exterior para organismo oficial internacional do qual o Brasil é membro efetivo, ainda que lá domi- ciliado e contratado, salvo quando coberto por regime próprio de Previdência Social”. 10 Atual lei que trata das regras do estágio. Revogou a Lei no 6.494/1977. 11 Art. 1o da Lei no 11.788/2008. 12 Art. 1o, § 1o, da Lei no 11.788/2008 Licensed to Kátia Mirele Cardoso Santana - katiamirellecardososantana@gmail.com - 073.056.775-31 - HP01616182370527 52 Direito Previdenciário - Eduardo Tanaka outra forma de contraprestação que venha a ser acordada. A eventual concessão de benefícios relacionados a transporte, alimentação e saúde, entre outros, não caracteriza vínculo empregatício. Dessa forma, também, não existe vínculo com a Previdência Social. Porém, pode se inscrever como segurado facultativo do RGPS. Entretanto, sabemos que, infelizmente, o estágio, que deveria ser uma “escola prática” para o estudan- te, acaba se tornando uma fonte de mão de obra barata para o empregador, este praticamente livre de encar- gos sociais, desvirtuando-se totalmente essa figura tão importante, em prejuízo do trabalhador e do mercado de trabalho. Sendo assim, o estágio feito em desacordo com a lei deverá ser considerado nulo, e o estagiário considerado empregado para efeitos previdenciários e trabalhistas. Por exemplo: imagine um estudante de odontologia fazendo “estágio” como caixa de banco. Em ver- dade, esse suposto “estágio” está sendo feito em desacordo com a Lei no 11.788/2008 (Lei dos Estágios), ocorrendo uma relação de emprego. Em consequência, esse estudante é considerado empregado contri- buinte obrigatório do RGPS, possuindo todos os direitos sociais e trabalhistas que assiste aos trabalhadores regidos pela CLT. ATENÇÃO! Esta alínea não está tratando do estagiário, nem do bolsista, mas sim do FALSO estagiário e do FALSO bolsista. i) o servidor da União, estado, Distrito Federal ou município, incluídas suas autarquias e fundações, ocupante, exclusivamente, de cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e exoneração; A Constituição Federal, em seu art. 40, § 13, diz que: “Ao servidor ocupante, exclusivamente, de cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e exoneração bem como de outro cargo temporário ou de emprego público, aplica-se o Regime Geral de Previdência Social”. Assim, aquele que ocupar exclusivamente cargo em comissão estará vinculado ao RGPS. O servidor federal, ocupante exclusivamente de cargo em comissão, é considerado estatutário, con- forme a Lei no 8.112/1990. Entretanto, ele será vinculado ao RGPS, de acordo com a Constituição Federal. Em verdade, estabelece-se uma relação estatutária entre esse servidor e a União, porém, não se aplicam ao referido servidor as regras previdenciárias previstas na Lei no 8.112/1990. No caso de servidor que ocupe cargo de provimento efetivo e que se encontre vinculado a regime pró- prio de previdência, mas que acumule função comissionada, não haverá vinculação com o RGPS. DICA! No caso de servidores públicos, lembre-se que aqueles que exercem cargo efetivo13 ou militares estarão filiados ao Regime Próprio de Previdência. Assim, por exclusão, todos os demais que não se enquadram nessa condição estarão filiados ao Regime Geral de Previdência Social. j) o servidor do Estado, Distrito Federal ou Município, bem como o das respectivas autarquias e fundações, ocupante de cargo efetivo, desde que, nessa qualidade, não esteja amparado por regime próprio de Previdência Social; Atualmente, os servidores ocupantes de cargo efetivo dos estados e Distrito Federal estão amparados pelo regime próprio de Previdência Social. Entretanto, grande parte dos municípios nem sequer tem con- dições para manter um regime próprio de previdência. Assim, nesse caso em que o município não possua regime próprio, seus servidores deverão estar filiados ao RGPS, na qualidade de empregado. l) o servidor contratado pela União, Estado, Distrito Federal ou Município, bem como pelas respectivas autarquias e fundações, por tempo determinado, para atender à necessidade temporária de excepcional 13 Nos entes em que há regime próprio de previdência. Licensed to Kátia Mirele Cardoso Santana - katiamirellecardososantana@gmail.com - 073.056.775-31 - HP01616182370527 Direito Previdenciário - Eduardo Tanaka 53 interesse público, nos termos do inciso IX do art. 37 da Constituição Federal; A lei que dispõe sobre esse tipo de contratação é a de no 8.745/1993. O recrutamento do pessoal a ser contratado é feito mediante processo seletivo simplificado sujeito a ampla divulgação, inclusive, pelo Diário Oficial da União, prescindindo14 de concurso público. Como exemplo, podemos citar o do servidor contratado temporariamente para aplicar inseticida no combate a surto de dengue. Como esse servidor não ocupa cargo efetivo, não poderá ser amparado pelo regime próprio do ente contratante, e, consequentemente, deverá estar vinculado ao RGPS. m) o servidor da União, Estado, Distrito Federal ou Município, incluídas suas autarquias e fundações, ocupante de emprego público; Empregos Públicos, segundo Mello, “são núcleos de encargos de trabalho permanentes a serem pre- enchidos por agentes contratados para desempenhá-los, sob relação trabalhista”.15 A relação que se estabe- lece entre o servidor e a Administração Pública é regrada pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). Por esse motivo, tais servidores são chamados de empregados públicos. Um exemplo é o servidor concursado e contratado sob o regime celetista (CLT) na Caixa Econômica Federal. n) A alínea n do art. 9o do RPS foi revogada pelo Decreto no 3.265, de 29.11.1999. o) o escrevente e o auxiliar contratados por titular de serviços notariais e de registro a partir de 21 de novembro de 1994, bem como aquele que optou pelo Regime Geral de Previdência Social, em conformidade com a Lei no 8.935, de 18 de novembro de 1994; Esta alínea dispõe sobre os funcionários escreventes e auxiliares que trabalham em cartório. A Lei no 8.935 – Lei dos Cartórios –, publicada no Diário Oficial da União em 21.11.1994, diz que os notários, oficiais de registro, escreventes e auxiliares são vinculados à Previdência Social, de âmbito federal, e têm assegura- da a contagem recíproca de tempo de serviço em sistemas diversos. E que ficam assegurados aos notários, oficiais de registro, escreventes e auxiliares os direitos e vantagens previdenciários adquiridosaté a data da publicação desta lei. Por isso, todo escrevente e auxiliar contratado por titular de serviços notariais e de re- gistro a partir de 21 de novembro de 1994 é considerado empregado vinculado ao RGPS. E àqueles que não eram celetistas, a referida lei permitiu sua opção por esse regime trabalhista. p) aquele em exercício de mandato eletivo federal, estadual, distrital ou municipal, desde que não seja vinculado a regime próprio de previdência social; Mandato eletivo, como diz o próprio nome, é aquele exercido por pessoas eleitas. São os deputados federais, senadores, governadores, deputados estaduais, prefeitos e vereadores. Estes estariam vinculados ao RGPS como empregados, desde que não vinculados a regime próprio de Previdência Social. Por exemplo, um cidadão não filiado a regime próprio, ao se eleger senador, deverá contribuir para o RGPS. Já um Auditor Fiscal da Receita Federal do Brasil, como está vinculado a um regime próprio, quando se eleger a senador, não contribuirá para o RGPS. (CESPE - Defensoria Pública da União - Analista Técnico - 2016) O deputado estadual que não tem vínculo com regime próprio de previdência social é considerado segurado obrigatório do regime geral de previdência social, e, nessa condição, está obrigado a contribuir para esse regime de previdência. Resposta: Certo q) o empregado de organismo oficial internacional ou estrangeiro em funcionamento no Brasil, salvo quando coberto por regime próprio de Previdência Social; 14 Cuidado com essa palavra que muito cai em concurso público. Prescindível é “ser desnecessário”. 15 Celso Antônio Bandeira de Mello. Curso de Direito Administrativo, p. 234. Licensed to Kátia Mirele Cardoso Santana - katiamirellecardososantana@gmail.com - 073.056.775-31 - HP01616182370527 54 Direito Previdenciário - Eduardo Tanaka Da mesma forma, um empregado de organismo oficial internacional ou estrangeiro em funcionamento no Brasil, como, por exemplo, da Unicef, será vinculado ao RGPS se não for coberto por regime próprio de Previdência Social. r) o trabalhador rural contratado por produtor rural pessoa física, na forma do art. 14-A da Lei no 5.889, de 8 de junho de 1973, para o exercício de atividades de natureza temporária por prazo não superior a dois meses dentro do período de um ano. Trata do trabalhador rural contratado por pequeno prazo, que não pode ser superior a dois meses. Em regra, ele é contratado em época de safra em que gera uma grande demanda por mão de obra. s) aquele contratado como trabalhador intermitente para a prestação de serviços, com subordinação, de forma não contínua, com alternância de períodos de prestação de serviços e de inatividade, em conformidade com o disposto no § 3º do art. 443 da Consolidação das Leis do Trabalho, aprovada pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943.16 Esta modalidade de trabalho, chamada de intermitente, está regrada na CLT e o trabalhador é conside- rado empregado pela legislação previdenciária. 3.1.1.2. Empregados – Instrução Normativa RFB 971/2009 A Instrução Normativa da Secretaria da Receita Federal do Brasil nº 971, de 2009, elenca outras situações que enquadram o segurado na categoria de empregado e que não estão previstas no Decreto nº 3.048/1999, mas que eventualmente são cobradas em questões de concurso público, principalmente pelas bancas de concursos do CESPE e da ESAF. Listamos, a seguir, essas situações, previstas no art. 6º da IN RFB nº 971/2009: • o aprendiz, maior de 14 (quatorze) e menor de 24 (vinte e quatro) anos, ressalvada a pessoa com deficiência, à qual não se aplica o limite máximo de idade, conforme disposto no art. 428 da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), aprovada pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1o de maio de 1943, com a redação dada pela Lei nº 11.180, de 23 de setembro de 2005; ATENÇÃO! O aprendiz é o único caso no Regime Geral da Previdência Social em que há a possibilidade de filiação com idade inferior a 16 anos e a partir dos 14 anos. • o empregado de conselho, de ordem ou de autarquia de fiscalização do exercício de atividade profis- sional; Como exemplo, podemos citar as pessoas que trabalham na OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), CRC (Conselho Regional de Contabilidade) e que foram contratadas sob regime trabalhista. • o trabalhador contratado no exterior para trabalhar no Brasil em empresa constituída e funcionando em território nacional segundo as leis brasileiras, ainda que com salário estipulado em moeda estrangeira, salvo se amparado pela Previdência Social de seu país de origem, observado o disposto nos acordos inter- nacionais porventura existentes; • o contratado por titular de serventia da Justiça, sob o regime da legislação trabalhista, e qualquer pessoa que, habitualmente, lhe presta serviços remunerados, sob sua dependência, sem relação de empre- go com o Estado; • o estagiário que presta serviços em desacordo com a Lei nº 11.788, de 2008, e o atleta não profissio- nal em formação, contratado em desacordo com a Lei nº 9.615, de 1998, com as alterações da Lei nº 10.672, de 2003; • o médico-residente ou o residente em área profissional da Saúde que presta serviços em desacordo, respectivamente, com a Lei nº 6.932, de 1981; 16 Incluído pelo recente Decreto 10.410/2020. Licensed to Kátia Mirele Cardoso Santana - katiamirellecardososantana@gmail.com - 073.056.775-31 - HP01616182370527 Direito Previdenciário - Eduardo Tanaka 55 • o médico ou o profissional da saúde, plantonista, independentemente da área de atuação, do local de permanência ou da forma de remuneração; • o treinador profissional de futebol, independentemente de acordos firmados, nos termos da Lei nº 8.650, de 1993; • o agente comunitário de Saúde com vínculo direto com o Poder Público local (desde que não seja titular de cargo efetivo amparado por RPPS). • o trabalhador contratado mediante contrato de trabalho intermitente, na forma prevista no art. 452-A da CLT. (CESPE – Auditor Fiscal da Previdência Social – INSS) Célio é médico, clínico geral, e trabalha como plantonista nos prontos-socorros dos Hospitais São Carlos e São Tomé, empresas distintas, no período de 0h às 6h, duas vezes por semana em cada estabeleci- mento. O acerto financeiro e a frequência são controlados por meio de uma planilha que apresenta, inclusive, um resumo sucinto quanto às ocorrências do plantão e os procedimentos adotados. Nessa situação, Célio, profissional liberal, é segurado da previdência social na qualidade de empregado. Resposta: Certo. Como vimos, o médico ou o profissional da saúde, plantonista, independentemente da área de atuação, do local de permanência ou da forma de remuneração é considerado segurado empregado. 3.1.2. Empregados domésticos Quando se fala de empregado doméstico, lembra-se logo da “doméstica”. Entretanto, considera-se em- pregado doméstico aquele que presta serviço de forma contínua, subordinada, onerosa e pessoal a pessoa ou família, no âmbito residencial desta, em atividade sem fins lucrativos, por mais de 2 dias por semana.17 Pois então, uma cozinheira, um mordomo, um motorista, um caseiro, até um piloto de helicóptero poderiam ser considerados contribuintes obrigatórios do RGPS na qualidade de empregados domésticos? A resposta é sim, desde que se enquadrem em todos os requisitos, quais sejam: • Pessoa física – o serviço deve ser prestado com pessoalidade, não podendo ser substituído por outra pessoa. E o serviço não pode ser prestado por uma empresa. • Serviço de natureza contínua – o empregado doméstico cumpre uma carga horária em determinados dias estabelecidos no contrato de trabalho (mesmo que esse contrato seja verbal). A recente Lei Complemen- tar 150/2015 considera empregado doméstico aquele que trabalha por mais de dois dias por semana. Sendo assim, até dois dias por semana pode ser considerado um contribuinte individual (por exemplo, um diarista). • Mediante remuneração – há o pagamento do salário, não é gratuito. •A pessoa ou família – há uma relação de trabalho e subordinação do empregado doméstico com uma família ou uma pessoa física. Se a relação de trabalho for com pessoa jurídica, não poderá ser considerado empregado doméstico, mas sim empregado comum. • No âmbito residencial da família – o serviço não pode ser prestado em estabelecimento de pessoa jurídica. Somente pode ser prestado na residência de família ou de pessoa física. E residência pode ser en- tendida como sendo tanto a parte interna como a externa (jardim, piscina), e, também, a casa de praia, o sítio etc., desde que não haja fins lucrativos. • Em atividade sem fins lucrativos – qualquer tipo de atividade lucrativa já descaracteriza a condição de empregado doméstico. Imagine uma dona de casa que resolve fazer bolo para vender com o auxílio da, suposta, “empregada doméstica”. Nesse instante, a empregada doméstica passa a ser empregada e a dona de casa passa a ser contribuinte individual empresária. O serviço prestado por mais de 2 dias por semana, nessas condições, não poderá ser considerado diarista (contribuinte individual), mas sim, empregado doméstico. A Lei Complementar 150/2015 veda a contratação de menor de 18 anos para desempenho de trabalho doméstico. 17 Conforme art. 9º, II do RPS. Licensed to Kátia Mirele Cardoso Santana - katiamirellecardososantana@gmail.com - 073.056.775-31 - HP01616182370527 56 Direito Previdenciário - Eduardo Tanaka Não será considerado empregado doméstico se este prestar serviço, nas condições acima elencadas, para o próprio cônjuge ou companheiro, para pais ou filhos. (CESPE - INSS - Técnico do Seguro Social - 2016) Situação hipotética: João exerce atividade econômica com finalidade lucrativa na sua própria residência. Recentemente, ele contratou Maria para fazer a limpeza de sua residência, de forma habitual e remunerada, e, inclusive, atender clientes. Assertiva: Nessa situação, João será considerado empregador doméstico com relação aos serviços prestados por Maria. Resposta: Errado (ESAF – Técnico da Receita Federal – 2006) Segundo a consolidação administrativa das normas gerais de tributação previdenciária e de arrecadação das contribuições sociais administradas pela Secretaria da Receita Previdenciária – SRP, deve contribuir obrigatoriamente na qualidade de “segurado empregado”: ( ) o diretor empregado que seja promovido para cargo de direção de sociedade anônima, mantendo as características inerentes à relação de trabalho? ( ) o trabalhador contratado em tempo certo, por empresa de trabalho temporário? ( ) aquele que presta serviços de natureza contínua, mediante remuneração, à pessoa, à família ou à entidade familiar, no âmbito residencial desta, em atividade sem fins lucrativos? a) Sim, sim, sim. b) Sim, não, não. c) Sim, não, sim. d) Sim, sim, não. e) Não, não, não. Resposta: D. Lembre-se de que a terceira afirmação é o conceito de empregado doméstico. (Técnico INSS) Carlos Afonso foi contratado pela esposa de um fazendeiro para ser seu motorista. Sua função é transportá-la da propriedade rural onde mora para os locais que ela desejar, cumprindo jornada diária de 6 horas de trabalho, com uma folga semanal. A inscrição de Carlos no Regime Geral de Previdência Social será obrigatória, na qualidade de: a) empregado. b) trabalhador avulso. c) segurado especial. d) contribuinte individual. e) empregado doméstico. Resposta: E. 3.1.3. Trabalhador avulso Um clássico exemplo desta categoria é o trabalhador que trabalha no porto como estivador. O que ocorre quando o navio chega ao porto e precisa ser descarregado? Em regra, existe uma empresa que realiza o serviço de descarga, denominada operador portuário. Sendo assim, esse operador portuário necessita de mão de obra, como, por exemplo, estivador. Nessa situação, o operador portuário será tomador de serviço do trabalhador avulso, arregimentado por outra empresa conhecida como órgão gestor de mão de obra, que é um intermediário entre o operador portuário (tomador de serviço) e o trabalhador avulso. Portanto, aí está a característica-chave que tipifica e distingue o trabalhador avulso dos outros, que é Licensed to Kátia Mirele Cardoso Santana - katiamirellecardososantana@gmail.com - 073.056.775-31 - HP01616182370527 Direito Previdenciário - Eduardo Tanaka 57 a intermediação obrigatória do órgão gestor de mão de obra (OGMO) ou, no caso de trabalhador avulso não portuário, do sindicato da categoria. Deve haver sempre esta triangulação: Trabalhador Avulso – OGMO ou Sindicato da categoria – Tomador do Serviço É importante destacar que o trabalhador avulso nada tem a ver com o autônomo nem com o eventual ou com o temporário nem com o empregado. Isso ocorre por causa da peculiaridade apresentada, que é a intermediação da mão de obra por OGMO ou Sindicato da Categoria. E, somado a isso, a característica de não haver vínculo empregatício. Sendo assim, não há subordinação desse trabalhador nem ao sindicato nem ao OGMO nem às empresas para as quais presta serviço. Conforme Martins: O sindicato ou OGMO apenas arregimentam a mão de obra e pagam os prestadores de serviço, de acordo com o valor recebido das empresas, que é rateado entre os que prestaram serviço. Não há poder de direção do sindicato ou do órgão gestor de mão de obra sobre o avulso, nem subordinação deste com aque- les.18 Ser sindicalizado não é condição para ser trabalhador avulso, pois a Constituição Federal, em seu art. 8o, V, reza que “ninguém será obrigado a filiar-se ou a manter-se filiado a sindicato”. Quanto à natureza da prestação de serviço, poderá ser tanto urbana como rural. De certo que o trabalho portuário é o exemplo mais típico, mas o trabalhador rural que presta serviço a uma fazenda, mediante intermediação do sindicato, de carga e descarga de produto agropecuário, também se inclui nessa categoria de trabalhador avulso. Resumindo, são características do trabalhador avulso: a) não haver vínculo com o sindicato da categoria ou órgão gestor de mão de obra, e muito menos com as empresas tomadoras de serviço; b) a possibilidade da prestação de serviços a mais de uma empresa; c) o órgão gestor de mão de obra ou o sindicato da categoria é quem fazem a intermediação da mão de obra, colocando os trabalhadores avulsos onde a prestação do serviço é necessária; d) o breve período de tempo em que o serviço é prestado ao beneficiário. Sendo assim, o trabalhador avulso, segundo o art. 9o, VI, do RPS, é definido como aquele que: a) sindicalizado ou não, preste serviço de natureza urbana ou rural a diversas empresas, ou equiparados, sem vínculo empregatício, com intermediação obrigatória do órgão gestor de mão de obra, nos termos do disposto na Lei nº 12.815, de 5 de junho de 2013, ou do sindicato da categoria, assim considerados: 1. o trabalhador que exerça atividade portuária de capatazia, estiva, conferência e conserto de carga e vigilância de embarcação e bloco; 2. o trabalhador de estiva de mercadorias de qualquer natureza, inclusive carvão e minério; 3. o trabalhador em alvarenga (embarcação para carga e descarga de navios); 4. o amarrador de embarcação; 5. o ensacador de café, cacau, sal e similares; 6. o trabalhador na indústria de extração de sal; 7. o carregador de bagagem em porto; 8. o prático de barra em porto; 9. o guindasteiro; e 10. o classificador, o movimentador e o empacotador de mercadorias em portos; e b) exerça atividade de movimentação de mercadorias em geral, nos termos do disposto na Lei nº 12.023, 18 Sergio Pinto Martins. Direito da Seguridade Social, p. 114. Licensed to Kátia Mirele Cardoso Santana - katiamirellecardososantana@gmail.com - 073.056.775-31 - HP01616182370527 58 Direito Previdenciário - Eduardo Tanaka de 27 de agosto de 2009, em áreas urbanas ou rurais, sem vínculo empregatício, com intermediação obrigatória do sindicato da categoria, por meio de acordo ou convenção coletiva de trabalho,nas atividades de: 1. cargas e descargas de mercadorias a granel e ensacados, costura, pesagem, embalagem, enlonamento, ensaque, arrasto, posicionamento, acomodação, reordenamento, reparação de carga, amostragem, arrumação, remoção, classificação, empilhamento, transporte com empilhadeiras, paletização, ova e desova de vagões, carga e descarga em feiras livres e abastecimento de lenha em secadores e caldeiras; 2. operação de equipamentos de carga e descarga; e 3. pré-limpeza e limpeza em locais necessários às operações ou à sua continuidade. Ainda, o § 7o do art. 9o do Regulamento da Previdência Social conceitua como: I – capatazia – a atividade de movimentação de mercadorias nas instalações dentro do porto, compreendidos o recebimento, a conferência, o transporte interno, a abertura de volumes para a conferência aduaneira, a manipulação, a arrumação e a entrega e o carregamento e a descarga de embarcações, quando efetuados por aparelhamento portuário; II– estiva – a atividade de movimentação de mercadorias nos conveses ou nos porões das embarcações principais ou auxiliares, incluindo transbordo, arrumação, peação e despeação, bem como o carregamento e a descarga das mesmas, quando realizados com equipamentos de bordo; III – conferência de carga – a contagem de volumes, anotação de suas características, procedência ou destino, verificação do estado das mercadorias, assistência à pesagem, conferência do manifesto e demais serviços correlatos, nas operações de carregamento e descarga de embarcações; IV – conserto de carga – o reparo e a restauração das embalagens de mercadoria, nas operações de carregamento e descarga de embarcações, reembalagem, marcação, remarcação, carimbagem, etiquetagem, abertura de volumes para vistoria e posterior recomposição; V – vigilância de embarcações – a atividade de fiscalização da entrada e saída de pessoas a bordo das embarcações atracadas ou fundeadas ao largo, bem como da movimentação de mercadorias nos portalós, rampas, porões, conveses, plataformas e em outros locais da embarcação; e VI – bloco – a atividade de limpeza e conservação de embarcações mercantes e de seus tanques, incluindo batimento de ferrugem, pintura, reparo de pequena monta e serviços correlatos. Assim, estudamos as características do trabalhador avulso, bem como aprendemos a diferenciá-lo dos demais trabalhadores, o que será de importância para a compreensão dos capítulos que seguirão. DICA! As palavras mágicas para reconhecer um trabalhador avulso são: órgão gestor de mão de obra (OGMO) e sindicato da categoria. Quando aparecerem essas palavras, acenda o farol amarelo, pois se pode estar diante de um trabalhador avulso. ATENÇÃO! A redação do conceito de trabalhador avulso na Lei no 8.212/1991 não contém as “palavras mágicas” (OGMO e sindicato da categoria), pois o texto remete ao Regulamento (RPS). Veja a redação dada no inc. VI do art. 12 da Lei no 8.212/1991: “como trabalhador avulso: quem presta, a diversas empresas, sem vínculo empregatício, serviços de natureza urbana ou rural definidos no regulamento”. É importante conhecer este inciso, pois há provas em que o examinador apenas copia e cola essa redação e o candidato deverá reconhecer como trabalhador avulso. Licensed to Kátia Mirele Cardoso Santana - katiamirellecardososantana@gmail.com - 073.056.775-31 - HP01616182370527 Direito Previdenciário - Eduardo Tanaka 59 (ESAF – AFRFB – 2005 – adaptada) Não é filiado obrigatório ao RGPS, na qualidade de segurado empregado, a) aquele que presta serviço de natureza urbana ou rural à empresa, em caráter não eventual, com subordinação e mediante remuneração. b) o contratado em caráter permanente em Conselho, Ordem ou autarquia de fiscalização do exercício de atividade profissional. c) o aprendiz, maior de quatorze e menor de vinte e quatro anos, ressalvado o portador de deficiência, ao qual não se aplica o limite máximo de idade, sujeito à formação técnica profissional metódica, sob a orientação de entidade qualificada. d) o trabalhador temporário contratado por empresa de trabalho temporário para atender à necessidade transitória de substituição de seu pessoal regular e permanente ou a acréscimo extraordinário de serviços. e) o carregador de bagagem em porto, que presta serviços sem subordinação nem horário fixo, mas sob remuneração, a diversos, com a intermediação obrigatória do sindicato da categoria ou OGMO. Resposta: E. Trata-se do trabalhador avulso. 3.1.4. Segurado especial Este tipo de segurado, realmente, tem algo de “especial”. Ele é denominado assim, pois em seu recolhimento utiliza-se uma base de cálculo e alíquota diferenciadas. O segurado especial recolhe sobre o resultado da comercialização de sua produção rural ou pesqueira, conforme o caso. Como exemplo de segu- rado especial, podemos citar o pescador artesanal que sai a pescar com sua “canoinha”, e aquele pequeno produtor rural que tem sua “rocinha” e vende aquilo que produz, numa economia quase de subsistência. São pessoas, em regra, hipossuficientes e sujeitas às sazonalidades das colheitas e das épocas de pesca, que dificilmente conseguiriam pagar com regularidade o valor das contribuições previdenciárias caso não se esta- belecesse essa modalidade de segurado. É importante, também, lembrar que segurado especial nada tem a ver com aposentadoria especial, a qual estudaremos em “benefícios”. Pelo contrário, por pagar pouco, a aposentadoria do segurado especial não será nada “especial”, e sim terá o valor de um salário mínimo. Sobre esse segurado, a Constituição Federal prevê expressamente em seu art. 195, § 8º: O produtor, o parceiro, o meeiro e o arrendatário rurais e o pescador artesanal, bem como os respectivos cônjuges, que exerçam suas atividades em regime de economia familiar, sem empregados permanentes, contribuirão para a seguridade social mediante a aplicação de uma alíquota sobre o resultado da comercialização da produção e farão jus aos benefícios nos termos da lei. A Lei no 8.212/1991 conceitua o segurado especial, em seu art. 12, VII, como: A pessoa física residente no imóvel rural ou em aglomerado urbano ou rural próximo a ele que, individualmente ou em regime de economia familiar, ainda que com o auxílio eventual de terceiros a título de mútua colaboração, na condição de: a) produtor, seja proprietário, usufrutuário, possuidor, assentado, parceiro ou meeiro outorgados, comodatário ou arrendatário rurais, que explore atividade: 1. agropecuária em área de até 4 (quatro) módulos fiscais; ou 2. de seringueiro ou extrativista vegetal que exerça atividades de extrativismo e faça dessas atividades o principal meio de vida. b) pescador artesanal ou a este assemelhado, que faça da pesca profissão habitual ou principal meio de vida; e c) cônjuge ou companheiro, bem como filho maior de 16 (dezesseis) anos de idade ou a este equiparado, do segurado de que tratam as letras a e b acima, que, comprovadamente, trabalhem com o grupo familiar respectivo. Licensed to Kátia Mirele Cardoso Santana - katiamirellecardososantana@gmail.com - 073.056.775-31 - HP01616182370527 60 Direito Previdenciário - Eduardo Tanaka No caso de segurado especial produtor rural não interessa qual a relação jurídica entre ele e a terra em que planta. Não importa se a terra é dele (proprietário) ou emprestada (comodatário), se é uma ocupa- ção (possuidor) ou um assentamento (assentado). Por isso a legislação cita as possibilidades dessa relação jurídica; assim, o produtor rural pode ser: • Proprietário: é aquele que tem os poderes de usar, gozar e dispor de uma coisa, a princípio de modo absoluto, exclusivo e perpétuo. • Usufrutuário: é aquele que tem o direito de usar e fruir da terra durante certo tempo. Ele pode ocupar a terra e retirar seus frutos. • Possuidor: é a pessoa que detém de fato a posse da terra, mas não é dona de direito, não possuindo documentação ou registro em cartório. • Assentado: é o possuidor de uma terra daUnião, que está aguardando para receber o título definitivo de propriedade do imóvel, por parte do Governo Federal. • Comodatário: é aquele que, por meio de contrato gratuito, recebe a posse da terra para usá-la tem- porariamente e depois restituí-la. Seria, então, uma pessoa que tomou emprestada a terra de outro. • Arrendatário: é aquele que aluga a terra de um proprietário e paga em dinheiro. • Parceiro: é um trabalhador que, mediante um acordo realizado com o proprietário da terra, utiliza a propriedade e divide com este a produção obtida na proporção previamente combinada. • Meeiro: é um trabalhador que, mediante um acordo realizado com o proprietário da terra, utiliza a propriedade e divide ao meio a produção obtida. Na exploração agropecuária há limitação do tamanho da terra em quatro módulos fiscais. Caso ultra- passe esses quatro módulos, o segurado será enquadrado como contribuinte individual.19 O termo módulo fiscal foi criado pelo Estatuto da Terra (Lei no 4.504/1964), em seu art. 50, que cuida do cálculo do ITR (Imposto Territorial Rural). Módulo fiscal é, portanto, uma forma de catalogação econômica dos imóveis rurais, variando de um município para outro e de uma propriedade para outra, com base em in- -dicadores econômicos e de produtividade de cada município (tipo de exploração predominante, renda obtida no tipo de exploração predominante) e indicadores específicos de cada imóvel (área aproveitável do imóvel rural). Por exemplo, na região Norte, um módulo fiscal pode variar de 50 a 100 hectares; no Nordeste, de 15 a 90 hectares; no Centro-Oeste, de 5 a 110 hectares; na região Sul, de 5 a 40 hectares; e na Sudeste, de 5 a 70 hectares. DICA! A informação que você precisa saber para a prova de Direito Previdenciário, quanto a módulo fiscal, é apenas a limitação “4 módulos fiscais”. Quanto ao extrativista vegetal, conforme o inc. XII do caput do art. 2o da Lei no 9.985, de 18 de julho de 2000, extrativismo é o sistema de exploração baseado na coleta e extração, de modo sustentável, de re- cursos naturais renováveis. No caso do seringueiro e do extrativista vegetal não há o limite de quatro módu- los fiscais. Considera-se pescador artesanal aquele que, individualmente ou em regime de economia familiar, faz da pesca sua profissão habitual ou meio principal de vida, desde que20: I – não utilize embarcação; II – utilize embarcação de pequeno porte (quando possui arqueação bruta21 igual ou menor que 20).22 19 Em regra, quando o segurado especial perde essa qualidade, ele se torna contribuinte individual. 20 RPS, art. 9o, § 14. 21 Arqueação bruta é calculada com base no volume moldado de todos os espaços fechados da embarcação. Porém, não possui unida- de de medida (como, por exemplo, metro cúbico). 22 Conforme art. 10, § 1o, I, da Lei no 11.959/2009. Licensed to Kátia Mirele Cardoso Santana - katiamirellecardososantana@gmail.com - 073.056.775-31 - HP01616182370527 Direito Previdenciário - Eduardo Tanaka 61 DICA! Aqui também, o que você precisa saber é apenas que embarcação de pequeno porte possui arqueação bruta igual ou menor que 20. E caso a embarcação possua arqueação bruta maior que 20, esse pescador não será considerado segurado especial, mas sim contribuinte individual. (FCC – Técnico do Seguro Social – INSS – 2012 – adaptada) João exerce individualmente atividade de pescador artesanal e possui embarcação com arqueação bruta de 15. Nessa situação, João é a) segurado facultativo. b) segurado especial. c) contribuinte individual. d) trabalhador avulso. e) não segurado da Previdência Social. Resposta: B. A legislação entende como regime de economia familiar a atividade em que o trabalho dos membros da família é indispensável à própria subsistência e ao desenvolvimento socioeconômico do núcleo familiar, e é exercido em condições de mútua dependência e colaboração, sem a utilização de empregados permanen- tes. Então, o segurado especial não pode ter empregados permanentes. Mas como ele poderá fazer, por exemplo, na época da colheita? Pensando nisso, a legislação trouxe uma exceção. Dessa forma, o grupo familiar poderá utilizar-se de empregados contratados por prazo determinado ou trabalhador contribuinte individual, em épocas de safra, à razão de no máximo 120 pessoas/dia no ano civil, em períodos corridos ou intercalados, ou, ainda, por tempo equivalente em horas de trabalho.23 A razão de 120 pessoas/dia nada mais é do que uma proporção. Interpretando essa proporção, significa dizer que o segurado especial pode contra- tar no ano civil, por exemplo: 1 trabalhador por 120 dias; ou 2 trabalhadores por 60 dias; ou 3 trabalhadores por 40 dias; assim por diante, até chegarmos à situação de contratar 120 pessoas por 1 dia. Lembrando que o ano civil vai de 1o de janeiro a 31 de dezembro. Os componentes do grupo familiar que trabalhem junto à atividade produtiva também são segurados especiais. São eles: • o cônjuge ou companheiro; • o filho maior de 16 anos, ou equiparado a filho maior de 16 anos. Para serem considerados segurados especiais, o cônjuge ou companheiro e os filhos maiores de 16 anos, ou os a estes equiparados, deverão ter participação ativa nas atividades rurais do grupo familiar. E, se algum membro desse grupo possuir outra fonte de rendimento, este não será considerado segurado especial. Por exemplo, imagine que naquela pequena propriedade rural trabalham juntos, em regime de eco- nomia familiar, sem empregados: o marido, a mulher, um filho de 25 anos, uma filha de 16 anos e um filho caçula de 15 anos. Serão segurados especiais todos, menos o filho caçula de 15 anos. Agora, imagine que nessa família um deles comece a trabalhar como empregado em uma empresa. Nessa situação ele, e somente ele, perderá a qualidade de segurado especial, pois possui outra fonte de renda. Vamos resolver um exercício que trata dessa regra: (CESPE – Técnico do Seguro Social – INSS – 2008) Claudionor tem uma pequena lavoura de feijão em seu sítio e exerce sua atividade rural apenas com o auxílio da família. Dos seus filhos, somente Aparecida trabalha fora do sítio. Embora ajude diariamente na ma- nutenção da plantação, Aparecida também exerce atividade remunerada no grupo esco- lar próximo à propriedade da família. Nessa situação, Claudionor e toda a sua família são segurados especiais da previdência social. Resposta: Errada. Aparecida possui outra fonte de rendimento e enquadra-se, assim, 23 Art. 12, § 8o, da Lei no 8.212/1991. Licensed to Kátia Mirele Cardoso Santana - katiamirellecardososantana@gmail.com - 073.056.775-31 - HP01616182370527 62 Direito Previdenciário - Eduardo Tanaka na qualidade de empregada. Os demais membros mantêm a qualidade de segurados especiais. Como vimos, em regra, não se considera segurado especial o membro do grupo familiar que possui outra fonte de rendimento. Entretanto, há algumas exceções a essa regra, pelas quais esse tipo de segurado continuará sendo especial, conforme veremos a seguir. a) Não descaracteriza a condição de segurado especial24: I - a outorga, por meio de contrato escrito de parceria, meação ou comodato, de até cinqüenta por cento de imóvel rural cuja área total, contínua ou descontínua, não seja superior a quatro módulos fiscais, desde que outorgante e outorgado continuem a exercer a respectiva atividade, individualmente ou em regime de economia familiar; II - a exploração da atividade turística da propriedade rural, inclusive com hospedagem, por não mais de cento e vinte dias ao ano; III - a participação em plano de previdência complementar instituído por entidade classista a que seja associado, em razão da condição de trabalhador rural ou de produtor rural em regime de economia familiar; IV - a participação como beneficiário ou integrante de grupo familiar que tem algum componente que seja beneficiário de programa assistencial oficial de governo; V - a utilização pelo próprio grupo familiar de processo de beneficiamentoou industrialização artesanal, na exploração da atividade, de acordo com o disposto no § 2525; VI - a associação a cooperativa agropecuária ou de crédito rural; VII - a incidência do Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI sobre o produto das atividades de- senvolvidas nos termos do disposto no inciso VIII; e VIII - a participação do segurado especial em sociedade empresária ou em sociedade simples ou a sua atuação como empresário individual ou como titular de empresa individual de responsabilidade limitada de objeto ou âmbito agrícola, agroindustrial ou agroturístico, considerada microempresa nos termos do disposto na Lei Complementar nº 123, de 2006, desde que, mantido o exercício da sua atividade rural na forma pre- vista no inciso VII do caput e no § 5º(como segurado especial), a pessoa jurídica seja composta apenas por segurados especiais e sediada no mesmo Município ou em Município limítrofe àquele em que ao menos um deles desenvolva as suas atividades. Importante observar que a Lei 14119 de 2021 inseriu na Lei 8213/91, art. 11, § 9º, o seguinte item a esse rol: VIII - a participação em programas e ações de pagamento por serviços ambientais. (CESPE – TRT-CE – Analista Judiciário – 2017) Assinale a opção correspondente a ocorrência que implica a perda, pelo contribuinte, da condição de segurado especial da previdência social. a) participar de plano de previdência complementar b) explorar atividade turística na propriedade rural em caráter permanente c) ser beneficiário de programa assistencial oficial de governo d) outorgar a outrem até um terço da área do imóvel rural de sua propriedade R. B Veremos a seguir as situações em que o segurado especial tem outra fonte de rendimento e, mesmo assim, não perde a qualidade de segurado especial: b) Não é segurado especial o membro de grupo familiar que possuir outra fonte de rendimento, exceto se decorrente de:26 I – benefício de pensão por morte, auxílio-acidente ou auxílio-reclusão, cujo valor não supere o do menor benefício da previdência social; 24 Art. 9º, § 18 do RPS. 25 Considera-se processo de beneficiamento ou industrialização artesanal aquele realizado diretamente pelo próprio produtor rural pessoa física, observado o disposto no § 5o do art. 200, desde que não esteja sujeito à incidência do Imposto Sobre Produtos Industria- lizados - IPI. 26 Art. 9º, § 8º do RPS. Licensed to Kátia Mirele Cardoso Santana - katiamirellecardososantana@gmail.com - 073.056.775-31 - HP01616182370527 Direito Previdenciário - Eduardo Tanaka 63 I-A - benefício concedido ao segurado qualificado como segurado especial, independentemente do valor; II – benefício previdenciário pela participação em plano de previdência complementar; III – exercício de atividade remunerada em período não superior a 120 (cento e vinte) dias, corridos ou intercalados, no ano civil; Este dispositivo permite que o segurado especial trabalhe em outra atividade por um período curto (desde que não ultrapasse 120 dias). Isso não dispensa o recolhimento da contribuição devida em relação ao exercício das atividades porventura exercidas. IV – exercício de mandato eletivo de dirigente sindical de organização da categoria de trabalhadores rurais; V – exercício de mandato de vereador do município onde desenvolve a atividade rural, ou de dirigente de cooperativa rural constituída exclusivamente por segurados especiais; VI – parceria ou meação outorgada na forma e condições estabelecidas no inciso I do item “a” acima; VII – atividade artesanal desenvolvida com matéria-prima produzida pelo respectivo grupo familiar, po- dendo ser utilizada matéria-prima de outra origem, desde que a renda mensal obtida na atividade não exceda ao menor benefício de prestação continuada da Previdência Social; e VIII – atividade artística, desde que em valor mensal inferior ao menor benefício de prestação continua- da da Previdência Social. O dispositivo a seguir determina qual o momento em que o segurado especial fica excluído desta cate- goria. c) O segurado especial fica excluído dessa categoria:27 I – a contar do primeiro dia do mês em que: a) deixar de satisfazer as condições estabelecidas pela legislação previdenciária, sem prejuízo da manutenção da qualidade do segurado, como disposto no art. 15 da Lei no 8.213/1991, ou exceder os 50% da outorga, por meio de contrato escrito de parceria, meação ou comodato de imóvel rural cuja área total não seja superior a 4 (quatro) módulos fiscais, como tratado no item I da letra “a” acima; b) se enquadrar em qualquer outra categoria de segurado obrigatório do Regime Geral de Pre- vidência Social, ressalvado os casos permitidos pela legislação previdenciária, dispostos nos itens III, V, VII e VIII da letra “b” acima; e c) tornar-se segurado obrigatório de outro regime previdenciário; d) participar de sociedade empresária, de sociedade simples, como empresário individual ou como titular de empresa individual de responsabilidade limitada em desacordo com as limitações impostas pelo § 14 deste artigo; II – a contar do primeiro dia do mês subsequente ao da ocorrência, quando o grupo familiar a que per- tence exceder o limite de: a) utilização de trabalhadores, à razão de no máximo 120 (cento e vinte) pessoas/dia no ano civil; b) 120 dias em atividade remunerada em período de entressafra ou do defeso, conforme esta- belecido no item III, “b”, acima; e c) 120 dias de hospedagem a que se refere o item II, “a”, acima. DICA! Perceba que o segurado especial fica excluído dessa categoria a contar do primeiro dia do mês subsequente ao da ocorrência, nas situações 27 Art. 12, § 11, da Lei no 8.212/1991, incluído pela Lei no 11.718/2008. Licensed to Kátia Mirele Cardoso Santana - katiamirellecardososantana@gmail.com - 073.056.775-31 - HP01616182370527 64 Direito Previdenciário - Eduardo Tanaka em que há o limite de 120 (vide o item II, supra). Dessa forma, nas outras demais situações o segurado especial fica excluído dessa categoria a contar do primeiro dia do mês corrente. 3.1.5. Contribuinte individual Quando se fala de contribuinte individual, lembra-se logo de profissionais autônomos – como o mé- dico, o advogado, o dentista –, o que está certo. Porém, existe uma grande lista dos que são considerados contribuintes individuais. São pessoas, basicamente, de três categorias diferentes: empresário, autônomo e equiparado a autônomo. A Lei nº 9.876/1999 transformou essas três categorias em apenas uma: contribuinte individual. Como já estudamos as outras quatro espécies de contribuintes obrigatórios (empregado, empregado doméstico, trabalhador avulso, segurado especial), em regra, aquele que não estiver enquadrado nessas quatro categorias será contribuinte individual. Como exemplo, você pode se lembrar do segurado especial, visto anteriormente, que, no caso do pes- cador artesanal, um dos requisitos para ser considerado segurado especial era a utilização de embarcação de arqueação bruta até 20. E se a embarcação for maior e ultrapassar essa medida? Usando-se um raciocí- nio lógico, não será segurado especial, e, por exclusão, será, consequentemente, contribuinte individual. Passaremos, agora, a enumerar os contribuintes individuais que estão elencados no art. 9o, V, do Re- gulamento da Previdência Social. São segurados obrigatórios da Previdência Social como contribuinte individual: a) a pessoa física, proprietária ou não, que explora atividade agropecuária, a qualquer título, em caráter permanente ou temporário, em área, contínua ou descontínua, superior a 4 (quatro) módulos fiscais; ou, quando em área igual ou inferior a 4 (quatro) módulos fiscais ou atividade pesqueira ou extrativista, com auxílio de empregados ou por intermédio de prepostos;28 Este é o exemplo de produtor rural pessoa física. Observe que, em regra, quando o segurado especial é excluído desta categoria, tornar-se-á contribuinte individual. b) a pessoa física, proprietária ou não, que explora atividadede extração mineral – garimpo –, em caráter permanente ou temporário, diretamente ou por intermédio de prepostos, com ou sem o auxílio de empregados, utilizados a qualquer título, ainda que de forma não contínua; O garimpeiro, pessoa física, com ou sem empregado, será contribuinte individual. Importante notar que, nesse caso, é irrelevante o fato de possuir ou não empregados, ao contrário do segurado especial. c) o ministro de confissão religiosa e o membro de instituto de vida consagrada, de congregação ou de ordem religiosa. A Constituição Federal assegura o livre exercício dos cultos religiosos. Dessa forma, serão contribuin- tes individuais: padre, sacerdote, pastor, ou quaisquer assemelhados. (FCC – Juiz do Trabalho – TRT 1ª Região – 2015) Nos termos da Lei nº 8.213/1991, NÃO é segurado obrigatório da Previdência Social, como empregado, o a) brasileiro ou o estrangeiro domiciliado e contratado no Brasil para trabalhar como empregado em sucursal ou agência de empresa nacional no exterior. b) brasileiro civil que trabalha para a União, no exterior, em organismos oficiais brasileiros ou internacionais dos quais o Brasil seja membro efetivo, ainda que lá domiciliado e contratado, salvo se segurado na forma da legislação vigente do país do domicílio. c) exercente de mandato eletivo municipal, desde que não vinculado a regime próprio de previdência social. 28 Também será contribuinte individual, nas hipóteses em que o segurado especial que fica excluído dessa categoria, conforme §§ 10 e 11 do art. 12 da Lei no 8.212/1991. Essa alínea recebeu nova redação, dada pela Lei no 11.718, de 2008. Licensed to Kátia Mirele Cardoso Santana - katiamirellecardososantana@gmail.com - 073.056.775-31 - HP01616182370527 Direito Previdenciário - Eduardo Tanaka 65 d) ministro de confissão religiosa e o membro do instituto de vida consagrada, de congregação ou de ordem religiosa. e) servidor público ocupante de cargo em comissão, sem vínculo efetivo com a União, Autarquias, inclusive em regime especial, e Fundações Públicas Federais. Resposta: D. d) o brasileiro civil que trabalha no exterior para organismo oficial internacional do qual o Brasil é membro efetivo, ainda que lá domiciliado e contratado, salvo quando coberto por regime próprio de Previdência Social; Neste caso, o brasileiro civil trabalha no exterior diretamente para organismo oficial internacional do qual o Brasil é membro efetivo, como, por exemplo, o Mercosul, e desde que não esteja coberto por regime próprio de Previdência Social, será contribuinte individual. É importante lembrar que, se o brasileiro trabalha para a União, no exterior, neste mesmo organismo oficial internacional do qual o Brasil é membro efetivo, e desde que não esteja coberto por regime próprio de Previdência Social, conforme visto neste capítulo, ele será considerado empregado e não contribuinte indivi- dual. Atente que, nessa situação, trabalhando para a União, ele será empregado, e trabalhando diretamente para organismo oficial internacional do qual o Brasil é membro efetivo, ele será contribuinte individual. (FCC – Procurador – TCM-GO – 2015) De acordo com a Lei nº 8.212/1991, o brasileiro civil que trabalha no exterior para organismo oficial internacional do qual o Brasil é membro efetivo, sendo domiciliado no país estrangeiro e devidamente contratado, não estando coberto por regime próprio de previdência social e o ministro de confissão religiosa a) são considerados segurados obrigatórios da previdência social como empregados. b) não são considerados segurados obrigatórios da previdência social. c) são considerados segurados obrigatórios da previdência social como empregado e contribuinte individual, respectivamente. d) são considerados segurados obrigatórios da previdência social como contribuinte individual e empregado, respectivamente. e) são considerados segurados obrigatórios da previdência social como contribuintes individuais. Resposta: E. e) desde que receba remuneração decorrente de trabalho na empresa: 1. o empresário individual e o titular de empresa individual de responsabilidade limitada, urbana ou rural; Firma individual, como a própria denominação sugere, é empresa de propriedade de uma só pessoa, geralmente de pequeno porte. A firma assume o nome do proprietário. Em geral, dedicam-se a negócios rudimentares e marginais, muitas vezes ambulantes, como, por exemplo: sacoleiros, pasteleiros em feiras públicas, cozinheiros de doces para restaurantes. Atualmente, grande parte desses segurados estão a optar por enquadrarem-se como microempreendedores individuais, que serão tratados adiante. 2. o diretor não empregado e o membro de Conselho de Administração na Sociedade Anônima; Diretor não empregado é a pessoa eleita em Assembleia Geral para compor a diretoria de uma Socie- dade Anônima, na qual exerce o cargo de comando geral da empresa, sem a relação de emprego. O Conselho de Administração é um órgão de uma empresa de Sociedade Anônima, de caráter delibe- rativo, com vistas a agilizar a tomada de decisões de interesse da companhia. É composto de, no mínimo, três membros eleitos pela Assembleia Geral. Dessa forma, seus membros serão considerados contribuintes individuais. 3. o sócio de sociedade em nome coletivo; e Licensed to Kátia Mirele Cardoso Santana - katiamirellecardososantana@gmail.com - 073.056.775-31 - HP01616182370527 66 Direito Previdenciário - Eduardo Tanaka A sociedade “em nome coletivo” é formada apenas por pessoas físicas, as quais respondem ilimitada e solidariamente pelas obrigações sociais. Cada sócio será contribuinte individual. 4. o sócio solidário, o sócio gerente, o sócio cotista e o administrador, quanto a este último, quando não for empregado em sociedade limitada, urbana ou rural; Estas pessoas exercem atividade de trabalho na empresa, porém, sem vínculo empregatício, haja vista que estes são sócios, donos da empresa. Assim, serão considerados contribuintes individuais. Importante frisar que o simples fato de uma pessoa ser sócio acionista ou cotista não lhe dá a caracte- rística de segurado obrigatório, mesmo recebendo participação no lucro da sociedade, que não corresponde a uma contraprestação pelo trabalho, mas sim pelo capital empenhado. Portanto, o que concede a carac- terística de segurado obrigatório, nesse caso, é o trabalho, a prestação de serviço à empresa de que ele é “dono”. Observação: alíneas “f”, “g” e “h” foram revogadas. i) o associado eleito para cargo de direção em cooperativa, associação ou entidade de qualquer natureza ou finalidade, bem como o síndico ou administrador eleito para exercer atividade de direção condominial, desde que recebam remuneração; Analogicamente ao item anterior, o associado que exerça cargo de direção remunerado, mesmo que em entidade beneficente sem fins lucrativos (entidade de qualquer natureza ou finalidade), será segurado obrigatório contribuinte individual. Cabe salientar que o síndico de condomínio, se receber remuneração, mesmo que indireta, como a dispensa de pagamento da taxa condominial, será, também, contribuinte individual. Ou seja, nesse caso, a isenção da taxa condominial é considerada uma espécie de remuneração. (CESPE – Defensor Público Federal – DPU – 2015) Aquele que, como contrapartida pelo desempenho das atividades de síndico do condomínio edilício onde resida, seja dispen- sado do pagamento da taxa condominial, sem receber qualquer outro tipo de remunera- ção, enquadra-se como segurado facultativo do RGPS. Resposta: Errado. É segurado obrigatório contribuinte individual. j) quem presta serviço de natureza urbana ou rural, em caráter eventual, a uma ou mais empresas, sem relação de emprego; Esta alínea abrange um grande leque de trabalhadores, ditos “autônomos”, que prestam serviços a uma ou mais empresas sem vínculo empregatício, em caráter eventual, como, por exemplo, o eletricista que vai trocar uma instalação elétrica de uma empresa; o advogado, profissional liberal, quedefende uma empre- sa em causa trabalhista. O § 15 deste art. 9o do RPS, posto após a exposição deste inc. V, traz um quadro exemplificativo des- se tipo de profissional. l) a pessoa física que exerce, por conta própria, atividade econômica de natureza urbana, com fins lucrativos ou não. Neste caso, o mesmo trabalhador autônomo, citado na alínea anterior, pode prestar serviços a pesso- as físicas. Como, por exemplo, um eletricista que troca a instalação elétrica de uma residência. m) o aposentado de qualquer regime previdenciário nomeado magistrado classista temporário da Justiça do Trabalho, na forma dos incisos II do § 1o do art. 111, ou III do art. 115 ou do parágrafo único do art. 116 da Constituição Federal, ou nomeado magistrado da Justiça Eleitoral, na forma dos incisos II do art. 119 ou III do § 1o do art. 120 da Constituição Federal. Licensed to Kátia Mirele Cardoso Santana - katiamirellecardososantana@gmail.com - 073.056.775-31 - HP01616182370527 Direito Previdenciário - Eduardo Tanaka 67 Há tempos, na Justiça do Trabalho, havia a possibilidade de nomeação de juiz, sem concurso público, denominado magistrado classista. Atualmente, com a Emenda Constitucional 24/1999, revogou-se a possi- bilidade desse tipo de nomeação. Entretanto, os integrantes do cargo de magistrado classista tiveram seus direitos assegurados até o término do mandato. Entretanto, a Justiça Eleitoral, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e o Tribunal Regional Eleitoral (TRE) terão magistrados nomeados pelo Presidente da República. O importante é saber que se o magistrado classista da Justiça do Trabalho ou o magistrado do TSE ou do TRE nomeado pelo Presidente da República já estiverem aposentados por qualquer regime previdenciá- rio, serão, então, segurados obrigatórios, contribuintes individuais. Porém, se estes estiverem em atividade, manterão o mesmo enquadramento no regime de previdência de antes da investidura no cargo29. n) o cooperado de cooperativa de produção que, nesta condição, presta serviço à sociedade cooperativa mediante remuneração ajustada ao trabalho executado; e Cooperativa de produção, espécie de cooperativa, é a sociedade que, por qualquer forma, detém os meios de produção e seus associados contribuem com serviços laborativos ou profissionais para a produção em comum de bens ou serviços. Dessa forma, não há relação de emprego entre o cooperado e a cooperativa. O cooperado é apenas um associado e, sendo assim, será considerado contribuinte individual. o) (revogada);30 p) o Microempreendedor Individual – MEI de que tratam os arts. 18-A e 18-C da Lei Complementar no 123, de 14 de dezembro de 2006, que opte pelo recolhimento dos impostos e contribuições abrangidos pelo Simples Nacional em valores fixos mensais. É considerado MEI o empresário individual que se enquadre na definição do art. 966 da Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002 - Código Civil, ou o empreendedor que exerça as atividades de industrialização, comercialização e prestação de serviços no âmbito rural, que tenha auferido receita bruta, no ano-calendário anterior, de até R$ 81.000,00 (oitenta e um mil reais), que seja optante pelo Simples Nacional e que não es- teja impedido de optar por essa sistemática. Como exemplo de MEI, podemos citar o eletricista, o encanador, o mecânico de automóveis. São autônomos que prestam serviços eventuais a pessoas físicas e/ou jurídicas e optam por esse enquadramento que lhe dará algumas vantagens no recolhimento de contribuições previ- denciárias, como estudaremos oportunamente. q) o médico participante do Projeto Mais Médicos para o Brasil, instituído pela Lei nº 12.871, de 22 de outubro de 2013, exceto na hipótese de cobertura securitária específica estabelecida por organismo internacional ou filiação a regime de seguridade social em seu país de origem, com o qual a República Federativa do Brasil mantenha acordo de seguridade social; r) o médico em curso de formação no âmbito do Programa Médicos pelo Brasil, instituído pela Lei nº 13.958, de 18 de dezembro de 2019. (Incluído pelo Decreto nº 10.410, de 2020) Tendo finalizado o art. 9º, V, do Regulamento da Previdência Social, a seguir, veremos a relação exem- plificativa de contribuinte individual, classificado como trabalhador autônomo, conforme o § 15 do art. 9º do RPS: I – aquele que trabalha como condutor autônomo de veículo rodoviário, inclusive como taxista ou motorista de transporte remunerado privado individual de passageiros, ou como operador de trator, 29 RPS, art. 9º, § 11. 30 Essa alínea foi revogada, pois tratava do preso, que atualmente é considerado segurado facultativo, como explicado neste capítulo. Licensed to Kátia Mirele Cardoso Santana - katiamirellecardososantana@gmail.com - 073.056.775-31 - HP01616182370527 68 Direito Previdenciário - Eduardo Tanaka máquina de terraplenagem, colheitadeira e assemelhados, sem vínculo empregatício; (Redação dada pelo Decreto nº 10.410, de 2020). II – aquele que exerce atividade de auxiliar de condutor autônomo de veículo rodoviário, em automóvel cedido em regime de colaboração, nos termos da Lei no 6.094, de 30 de agosto de 1974; [Exemplo: o proprietário de táxi cede, em regime de colaboração, seu táxi para outro motorista. Este será considerado, também, contribuinte individual.] III – aquele que, pessoalmente, por conta própria e a seu risco, exerce pequena atividade comercial em via pública ou de porta em porta, como comerciante ambulante, nos termos da Lei no 6.586, de 6 de novembro de 1978; [Exemplo: vendedor de pipoca.] IV – o trabalhador associado à cooperativa que, nessa qualidade, presta serviços a terceiros; [A cooperativa tratada neste dispositivo é a cooperativa de trabalho. O trabalhador associado não tem relação de emprego nem com a cooperativa de trabalho e muito menos com o tomador de serviços. Dessa forma, os cooperados dessa cooperativa serão contribuintes individuais.] V – o membro de conselho fiscal de sociedade por ações; VI – aquele que presta serviço de natureza não contínua, por conta própria, a pessoa ou família, no âmbito residencial desta, sem fins lucrativos; [Exemplo: faxineira diarista, que trabalha até 2 dias por semana. Lembrando que, a partir de 2 dias por semana, deve ser considerado empregado doméstico, conforme recente Lei Complementar 150/2015.]; VII – o notário ou tabelião e o oficial de registros ou registrador, titular de cartório, que detêm a delegação do exercício da atividade notarial e de registro, não remunerados pelos cofres públicos, admitidos a partir de 21 de novembro de 1994; [São os casos dos “donos de cartório” que possuem a concessão para prestar esse serviço público.]; VIII – aquele que, na condição de pequeno feirante, compra para revenda produtos hortifrutigranjeiros ou assemelhados; IX – a pessoa física que edifica obra de construção civil; [Exemplo: construtor civil, pessoa física, que constrói e vende imóveis.]; X – o médico-residente ou o residente em área profissional da Saúde, contratados, respectivamente, na forma da Lei no 6.932, de 1981, na redação dada pela Lei no 10.405, de 2002, e da Lei no 11.129, de 2005; A residência médica ou de outra área profissional de saúde (odontologia, fisioterapia, enfermagem) constitui modalidade de ensino de pós-graduação, sob a forma de curso de especialização funcionando sob a responsabilidade de instituições de saúde. XI – o pescador que trabalha em regime de parceria, meação ou arrendamento, em embarcação de médio ou grande porte, nos termos da Lei no 11.959, de 2009; Assim, em embarcação com arqueação bruta igual ou superior a 20, o pescador será considerado con- tribuinte individual. Lembrando que se a embarcação possuir arqueação bruta inferior a 20, o pescador será segurado especial. XII – o incorporador31 de que trata o art. 29 da Lei no 4.591, de 16 de dezembro de 1964. XIII – o bolsista da Fundação Habitacional do Exército contratado em conformidade com a Lei no 6.855, de 18 de
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