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TOXOPLASMOSE → Toxoplasma gondii é o agente etiológico; trata-se de um protozoário intracelular obrigatório. → Proteínas presentes no ápice permitem entrada desse protozoário na célula-alvo (aderência). → Zoonose cosmopolita (ampla distribuição geográfica): doença observada em animais (oocistos são liberados nas fezes dos gatos). → Lesão semelhante à da toxocaríase. → 60% da população tem soroprevalência alta (não está doente, mas produziu anticorpos para a doença). → Trata-se de uma doença mais grave nos recém-nascidos - parasito tem tropismo a SNC, causando encefalite, microcefalia, hidrocefalia. Além disso, há instalação do parasito do fundo do globo ocular, causando coriorretinite. MORFOLOGIA → TAQUIZOÍTOS: forma proliferativa encontrada durante a fase aguda da infecção; grande atividade metabólica; parece cacho de banana; encontrados livres nos tecidos. o Infectantes durante transfusão sanguínea (sangue infectado), por aleitamento materno, por atravessar a placenta, consumo de leite ordenhado direto do úbere da vaca. → BRADIZOÍTO: forma latente confinada dentro de cistos teciduais em células de vários tecidos (nervoso, cardíaco, muscular esquelético, retina), geralmente durante a fase crônica; reprodução lenta. o São mais resistentes à tripsina e pepsina do que os taquizoítos, podendo permanecer viáveis nos tecidos por vários anos. o Os cistos conferem aos bradizoítos proteção aos mecanismos imunológicos do hospedeiro. o Ser humano pode se infectar ao ingerir carne mal passada de animais infectados por essa forma. o Continuidade do ciclo do toxoplasma no gato pode se dar pelo consumo dessa forma presente nos tecidos dos animais de caça do felino (animais sinantrópicos - rato e pombo). → OOCISTOS: forma infectante (alimentos contaminados - forma mais comum de infecção); produtos da reprodução sexuada e são produzidos no epitélio intestinal dos felídeos, sendo encontrados nas fezes desses animais; são liberados no ambiente e são resistentes as adversidades ambientais. o Após a esporulação (oocisto maduro) no meio ambiente, contêm 2 esporocistos com 4 esporozoítos cada (forma infectante; semelhantes aos taquizoítos, mas dentro de cistos). o Em geral, gatos que já eliminaram oocistos tornam-se imunes e não eliminam novos oocistos, mesmo que reinfectados. CICLO BIOLÓGICO → Desenvolve-se em 2 fases: o Fase assexuada: acontece nos linfonodos e nos tecidos (muscular, cardíaco, nervoso e retina) de vários hospedeiros intermediários. o Fase sexuada: acontece apenas no tratointestinal dos gatos infectados (hospedeiro definitivo). → Ciclo heteroxênico: o Hospedeiro definitivo: gatos e outros felídeos. o Hospedeiro intermediário: homem e animais de produção (bovino, caprinos, ovinos, suínos e aves) - uma forma de contaminação é carne mal passada desses animais de produção. → Aproximadamente 10 dias após a infecção, taquizoítos iniciam o processo de diferenciação em bradizoítos. O poder de conversão de taquizoítos-bradizoítos é responsável pela fase crônica da infecção e o inverso pelo evento central de reativação da toxoplasmose em pacientes imunodeficientes. TRANSMISSÃO → Vias principais: o Ingestão de oocistos presentes nos alimentos, caixas de areia ou disseminados mecanicamente por baratas ou moscas. o Ingestão de cistos encontrados em carne crua ou mal cozida. o Congênita ou transplacentária. o Transfusão sanguínea. o Raramente: transplante de órgãos, ingestão de leite contaminado, acidente de laboratório. IMUNIDADE INATA NA TOXOPLASMOSE → Resposta imunológica pelas células da resposta imune inata (macrófago e neutrófilo) - TH1 → pode ser inibida no processo de gestação (progesterona regula negativamente padrão de resposta TH1). → Gestantes são suscetíveis a desenvolvimento desse doença, pois a forma de defesa imunológica passa a ser protetora ao concepto - TH2 (produção de imunoglobulina - anticorpos são liberados mas não tem efeito intracelular). o Concepto desprotegido → não consegue debelar infecção. o No 1º trimestre de gravidez tem que ser feito teste sorológico para ver se há presença de infecção. o Aleitamento materno permite que taquizoítos na glândula mamária sejam transmitidos ao bebê. → Citocinas IFN-Ƴ e IL-12 agem de forma sinérgica para mediar a morte de taquizoítos pelos macrófagos. o IL-10 desempenha um papel de modulação da síntese dessas citocinas, evitando uma extensiva inflamação e dano aos tecidos dos hospedeiros. → Lise da célula infectada por taquizoítos se dá por macrófagos e células TCD8. PATOGENIA E SINAIS CLÍNICOS → Virulência da cepa do parasito (algumas cepas são mais agressivas que outras), imunocompetência do hospedeiro, condições fisiológicas (gestantes). TOXOPLASMOSE CONGÊNITA → É necessário que a mãe se encontre na fase aguda ou que ocorra uma reagudização da doença. o Reagudização da doença: já estava infectada e deu IgG positivo (foi interpretado como se a pessoa já tivesse contato com o patógeno anteriormente) e não fez tratamento preventivo, logo, ela transmite a doença ao concepto. → Maior chance de abortamento no 1º trimestre. → Segundo trimestre: aborto ou nascimento prematuro (criança apresenta-se normal ou com anomalias). → Terceiro trimestre: nasce normal ou apresenta evidências da infecção. o Criança pode estar infectada assintomática, pode estar cronicamente infectada. Sorologia: se IgG da criança estiver maior que o da mãe, ela estará infectada. → Comprometimento ganglionar generalizado por acometer linfonodos, hepatoesplenomegalia, miocardite, lesões oculares, lesões do SNC (microcefalia e hidrocefalia). TOXOPLASMOSE OFTÁLMICA → Coriorretinite (difusa ou retinite focal necrotizante): se estabelece no fundo do olho e taquizoítos fazem lesão inflamatória (uso de corticoide diminui inflamação e impede um maior dano). → Usualmente resulta de infecção congênita. → Assintomática até a segunda e terceira década de vida. → Dois tipos de lesões: o Retinite aguda, com intensa inflamação. o Retinite crônica com cegueira progressiva. TOXOPLASMOSE AGUDA EM IMUNOCOMPETENTES → Sintomas inespecíficos e podem ser confundidas com outras doenças. → Rash maculopapular ou urticariforme. → Linfadenopatia generalizada ou retroperitoneal e mesentérica com dor abdominal. → Hepatoesplenomegalia: ocasionais. → Geralmente: infecção crônica latente persistente (cistos = bradizoítos). TOXOPLASMOSE AGUDA EM IMUNOCOMPROMETIDOS → Infecção primária ou reativação: doença grave disseminada ou em órgãos específicos - cérebro (maior tropismo), pulmões e olhos (mais comuns); coração, pele, trato gastrointestinal e fígado; Pode ser associada a: AIDS, câncer, imunossupressão terapêutica. DIAGNÓSTICO → Diagnóstico clínico: sugestivo. → Laboratorial: permite diagnosticar tanto fase aguda quanto crônica. o Fase aguda: • Imunofluorescência mostra taquizoítos circulando no sangue. • Teste sorológico é mais comum e detecta IgM. • Pode abrir mão de teste molecular também: PCR. o Fase crônica: sorológico - detecção de IgG. TOXOPLASMOSE CONGÊNITA → Feto/recém-nascido: o Paracentese abdominal: detecção de IgM. o Sangue do cordão umbilical. o Soro: detecção de IgG (título de IgG da criança maior que o da mãe). → Acompanhamento da gestante: exame pré- natal; IgG (infecção crônica); IgM trimestralmente, se negativa. TRATAMENTO → Drogas são utilizadas contra taquizoítos e não cistos (cápsula não permite permeabilidade). → Pirimetamina: 75 a 100 mg nos primeiros três dias; após 25 - 50 mg/dia por 3 - 4 semanas. o Associada a: • Sulfadiazina: 100 mg/Kg/dia, até 8 g/dia (em geral até 2 g/dia). • Ou Clindamicina. • Ou Azitromicina. → Existe um protocolo com Ivermectina também. → Toxoplasmose oftálmica: mesmo esquema por 1 a 2 meses. o Prednisona: 40 mg/diana primeira semana e 20 mg/dia nas 7 semanas seguintes. → Toxoplasmose aguda em gestante: mesmo regime após a 16ª semana de gestação. o Espiramicina: baixa capacidade de atravessar placenta; 50 mg/Kg/dia até 3 g/dia, de 8/8 h, por 3 semanas, no 1º trimestre. o Clindamicina: 600 mg de 6/6 h para evitar a infecção placentária.
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