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Leonardo Vinícius Ribeiro Moreira BBPM II - Genética Esses seres possuem um genoma haploide, com: DNA dupla fita e circular; Cromossomo único; Além disso, qualquer mutação em seu material genético será expressa. Os procariotos possuem um genoma menor que o de um eucarioto e praticamente todo esse genoma é codificado ou tem uma função reguladora. Ademais, os procariotos possuem um genoma compactado, com sobreposição de genes. Com isso, uma sequência codifica duas proteínas diferentes. Os procariotos também têm ausência de íntrons e o tamanho do gene é igual ao tamanho da proteína. As bactérias têm moléculas reguladoras específicas que controlam se um gene determinado será transcrito em RNAm. Muitas vezes, essas moléculas atuam se ligando ao DNA próximo do gene e promovendo ou bloqueando a enzima da transcrição, RNA polimerase. Em bactérias, genes relacionados são frequentemente encontrados agrupados no cromossomo, do qual podem ser transcritos por um promotor (sítio de ligação da RNA polimerase) como uma unidade. Esse conjunto de genes sob o controle de um único promotor é conhecido como óperon. Cada um desses cinco genes codifica uma enzima diferente, e todas essas enzimas são necessárias para sintetizar o aminoácido triptofano a partir de moléculas mais simples. Os genes são transcritos como uma única molécula de RNA, uma característica que possibilita que sua expressão seja coordenada. Os conjuntos de genes transcritos como uma única molécula de mRNA são comuns em bactérias. Cada um desses conjuntos é denominado óperon, porque sua expressão é controlada por uma sequência reguladora denominada operador (em verde), situado dentro do promotor. Para que ocorra a expressão gênica, necessita-se de alguns genes, como: Genes estruturais: são constitutivos e sintetizados em velocidade e quantidade constantes, como por exemplo, tRNA, rRNA, proteínas ribossomais, subunidades de RNA polimerase, enzimas de manutenção celular. Genes regulatórios: genes que regulam a expressão gênica. Leonardo Vinícius Ribeiro Moreira BBPM II - Genética A bactéria E. coli tem sua expressão metabólica dependente do ambiente. Se a glicose está presente, a bactéria utiliza a glicose para produzir energia (ATP). No caso, se a glicose está ausente, a bactéria utiliza outros açucares, como lactose e maltose. Mas que isso aconteça, é necessária uma regulação gênica. No material genético há muitas informações, mas apenas parte dessa informação é expressa em determinado tempo e dependendo do tipo celular. Quando o ambiente muda, novos genes são expressos e proteínas necessárias são sintetizadas. Nos óperons existem algumas regiões, nas quais se encontram: 1. Gene regulador: codifica a proteína reguladora, que controla a expressão dos genes estruturais de um óperon. Proteína Reguladora Ativadora: estimula a transcrição (proteína positiva); Proteína Reguladora Repressora: inibe a transcrição (proteína negativa). 2. Promotor: sítio de ligação da RNA polimerase; 3. Indutor: agente ambiental que desencadeia a transcrição do óperon; 4. Operador: sítio de ligação da proteína ativadora/repressora, que permite/impede a ligação da RNA polimerase ao promotor; 5. Genes estruturais: genes codificantes. O controle pela proteína reguladora pode se dar de duas formas: Controle negativo: a proteína reguladora é repressora, ligando-se ao DNA e inibindo a transcrição. Controle positivo: a proteína reguladora é uma ativadora, estimulando a transcrição. Além disso, os óperons podem ser considerados de dois tipos, sendo eles: Óperons induzíveis: transcrição normalmente está desligada e algo precisa acontecer para induzir a transcrição (ligá-la); Óperons reprimíveis: a transcrição está normalmente ligada e algo deve acontecer para reprimir a transcrição (desliga-la). Em um óperon induzível negativo, o gene regulador codifica um repressor ativo que se liga com facilidade ao operador. Como o sítio do operador se sobrepõe ao sítio do promotor, a ligação dessa proteína ao operador bloqueia fisicamente a ligação da RNA polimerase ao promotor e impede a transcrição. Para que a transcrição ocorra, algo deve intervir para impedir a ligação do repressor no sítio do operador. Esse tipo de sistema é chamado de induzível, por que a transcrição está normalmente desligada (inibida) e tem de ser ligada (induzida). A transcrição é ligada quando uma pequena molécula, um indutor, liga-se ao repressor. As proteínas reguladoras têm frequentemente dois sítios de ligação: um que se liga ao DNA e outro que se liga a uma pequena molécula como um indutor. A ligação do indutor (precursor V) altera o formato do repressor, evitando que ele se ligue ao DNA. Leonardo Vinícius Ribeiro Moreira BBPM II - Genética Alguns óperons com controle negativo são reprimíveis, o que significa que a transcrição ocorre normalmente e tem de ser desligada, ou reprimida. A proteína reguladora nesse tipo de óperon também é uma repressora, mas é sintetizada em uma forma inativa que não pode se ligar por si só ao operador. Como nenhum repressor se liga ao operador, a RNA polimerase se liga com facilidade ao promotor e ocorre a transcrição dos genes estruturais. Algo precisa acontecer para ativar o repressor e desligar a transcrição. Uma pequena molécula chamada de correpressor liga-se ao repressor e o torna capaz de se ligar ao operador. O produto (U) da reação metabólica é o correpressor. Como o nível do produto U está elevado, ele está disponível para se ligar ao repressor e ativá-lo, evitando a transcrição. Com o óperon reprimido, as enzimas G, H e I não são sintetizadas e não é mais produzido U a partir de T. Entretanto, quando todo o produto U for usado, o repressor não é mais ativado pelo produto U e não pode se ligar ao operador. A inativação do repressor possibilita a transcrição dos genes estruturais e a síntese das enzimas G, H e I, resultando na conversão do precursor T no produto U. Como os óperons induzíveis, os óperons reprimíveis são econômicos: as enzimas são sintetizadas apenas se forem necessárias. Os óperons reprimíveis controlam as proteínas responsáveis pela biossíntese das Leonardo Vinícius Ribeiro Moreira BBPM II - Genética moléculas necessárias na célula, como os aminoácidos. Para esses tipos de óperons, o controle reprimível faz sentido porque a célula sempre precisa do produto produzido pela proteína. Assim, esses óperons estão normalmente ligados e são desligados quando há quantidades adequadas do produto já existente. Com o controle positivo, uma proteína reguladora é um ativador: ela se liga ao DNA (em geral em um sítio diferente do operador) e estimula a transcrição. O controle positivo pode ser induzível ou reprimível. Em um óperon induzível positivo, a transcrição está desligada por que a proteína reguladora (uma ativadora) é produzida na forma inativa. A transcrição ocorre quando um indutor se liga à proteína reguladora, liberando o regulador ativo. Do ponto de vista lógico, o indutor será o precursor da reação controlada pelo óperon de modo que as enzimas necessárias seriam sintetizadas apenas quando houvesse o substrato para sua reação. Em um óperon positivo reprimível, a proteína reguladora é produzida em uma forma que se liga com facilidade ao DNA, o que significa que a transcrição ocorre Leonardo Vinícius Ribeiro Moreira BBPM II - Genética normalmente e tem de ser reprimida. A transcrição é inibida quando um substrato se fixa ao ativador e o deixa incapaz de se ligar ao DNA de modo que a transcrição não é mais estimulada. Aqui, o produto (P) da reação controlada pelo óperon seria logicamente a substânciareprimida, porque ela seria econômica para a célula para evitar a transcrição dos genes que possibilitam a síntese de P quando já existe produto P. O óperon lac é um exemplo de óperon induzível negativo. As enzimas beta galactosidase, permease e transacetilase são codificadas por genes estruturais adjacentes no óperon lac da E. coli e têm um promotor em comum (lacP). A beta galactosidase é codificada pelo gene lacZ; A permease pelo gene lacY; A transacetilase pelo gene lacA. Quando o meio no qual a E. coli cresce não tem lactose, são produzidas algumas moléculas de cada proteína. Se a lactose for adicionada ao meio e a glicose estiver ausente, a taxa de síntese de todas as três proteínas aumenta simultaneamente cerca de mil vezes dentro de 2 a 3 min. Essa explosão na síntese de proteínas é o resultado da transcrição de lacZ, lacY e lacA e exemplifica a indução coordenada, a síntese simultânea de várias proteínas, estimulada por uma molécula específica, o indutor. A RNA polimerase se liga ao promotor e se desloca na molécula de DNA, transcrevendo os genes estruturais. Quando o repressor está ligado ao operador, a ligação da RNA polimerase é bloqueada, impedindo a transcrição. Quando há lactose, parte dela é convertida em alolactose, que se liga ao repressor e faz com que o repressor seja liberado do DNA. Havendo lactose, então, o repressor é inativado, a ligação da RNA polimerase não é mais bloqueada, ocorre a transcrição de lacZ, lacY e lacA e as proteínas lac são produzidas. OBS: a repressão nunca desliga completamente a transcrição do óperon lac. Mesmo com o repressor ativo ligado ao operador, existe um nível reduzido de transcrição e são sintetizadas algumas moléculas de beta galactosidase, permease e transacetilase. Quando a lactose aparece no meio, a permease existente transporta um pouco de lactose para a célula. As poucas moléculas de Leonardo Vinícius Ribeiro Moreira BBPM II - Genética beta galactosidase encontradas convertem parte da lactose em alolactose, que induz a transcrição. Quando há pouca glicose no meio, aumenta-se a concentração de cAMP e, consequentemente, aumenta-se a transcrição do óperon lac. Da mesma forma, quando existe muita glicose, diminui-se a concentração de cAMP e também a transcrição do óperon lac. Leonardo Vinícius Ribeiro Moreira BBPM II - Genética Em muitos casos, a atividade de um único promotor é controlada por vários reguladores transcricionais diferentes. O óperon Lac em E. coli, por exemplo, é controlado tanto pelo repressor Lac quanto pelo ativador CAP recentemente discutido. O óperon Lac codifica proteínas requeridas para importar e digerir o dissacarídeo lactose. Na ausência de glicose, a bactéria produz cAMP, que ativa CAP a ligar genes que possibilitam à célula usar fontes alternativas de carbono – incluindo lactose. Contudo, seria um desperdício se a CAP induzisse a expressão do óperon Lac se a própria lactose não estivesse disponível. Portanto, o repressor Lac desliga o óperon na ausência de lactose. Esse arranjo possibilita que a região controladora do óperon Lac integre dois sinais diferentes, de maneira que o óperon somente é altamente expresso quando duas condições são encontradas: a glicose tem que estar ausente e a lactose tem que estar presente. Quando a glicose está disponível, os genes que participam do metabolismo dos outros açúcares são reprimidos, em um fenômeno conhecido como repressão catabólica. O controle positivo é obtido por meio da ligação de uma proteína dimérica chamada proteína catabólica ativadora (CAP). Leonardo Vinícius Ribeiro Moreira BBPM II - Genética Desligada Repressor ativo Inibir a transcrição Substrato/indutor torna o repressor inativo Ligada Repressor inativo Inibir a transcrição Produto torna o repressor ativo Desligada Ativador inativo Estimula a transcrição Substrato torna o ativador ativo Ligada Ativador ativo Inibir a transcrição Produto torna o ativador inativo
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