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1 DEFICIENCIA FÍSICA, INTELECUAL E SUPERDOTAÇÃO 1 Sumário Deficiência Física ..................................................................................................... 3 Objetivo ............................................................................................................................ 7 Classificação das Deficiências ...................................................................................... 8 Inclusão no Mercado de Trabalho ............................................................................... 10 Conclusão ...................................................................................................................... 13 Deficiência Intelectual ............................................................................................ 15 Definições e Causas ..................................................................................................... 16 Causas da DI .................................................................................................................. 17 Intervenções .................................................................................................................. 19 Superdotação ................................................................................................................ 21 Conceitos ....................................................................................................................... 22 Traços Comuns do Aluno que Apresenta altas Habilidades / Superdotação .......... 25 Referências Bibliográficas .................................................................................... 32 2 NOSSA HISTÓRIA A nossa história, inicia com a realização do sonho de um grupo de empresários, em atender a crescente demanda de alunos para cursos de Graduação e Pós- Graduação.Com isso foi criado a instituição, como entidade oferecendo serviços educacionais em nível superior. A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação. A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. 3 Deficiência Física Introdução As pessoas com deficiência, ao longo da história da humanidade, têm recebido diversos tipos de tratamentos. Os registros mais antigos dão conta que alguns povos simplesmente as exterminavam, outros, que as excluíam ou segregavam do convívio social. Só muito mais recentemente passaram a ser aceitas de fato como sujeitos de direitos, e a sociedade começou a empregar o termo integração, para indicar que as pessoas com deficiência podiam participar dos atos da vida civil, evidentemente, desde que se esforçassem. Vale dizer: os surdos, ainda que não ouvisse, falassem fluentemente; os cadeirantes não se importassem de transpor barreiras arquitetônicas; os cegos achassem bonito acertar obstáculos plantados pela inteligência humana bem no meio do caminho, e assim sucessivamente. 4 O termo integração surgiu, foi parar no texto da Lei nº 7.853/89, rapidamente virou modismo, e todos achando maravilhoso empregá-lo nas conversações. Final dos anos noventa foi se despedindo, já decrépita a sua concepção. Substituindo-o, vindo para marcar a diferença, assume o lugar a expressão inclusão social chamando para si a missão de assentar plenamente a igualdade no seio da sociedade. Tanto a integração como a inclusão, em primeiro lugar, guardam estrita relação com as grandes guerras mundiais, que foram responsáveis pela ocorrência em grau elevado de pessoas com deficiência no século XX e, em segundo, com os acidentes, que vêm aumentando significativamente desde a revolução industrial, alcançando na atualidade recordes nunca antes imaginados. As guerras e os acidentes têm o poder de transformar, em instantes, pessoas consideradas normais em pessoas com sequelas, pessoas com deficiências. Em instantes, médicos, administradores, professores, advogados e outros deixam de serem pessoas plenamente aptas e independentes para o trabalho e para muitas das atividades da vida diária. De pessoas plenamente aptas a pessoas inaptas para determinadas atividades. De qualquer forma, o realmente relevante é que a sociedade foi se dando conta que elas, antes ou depois dos acidentes, continuam, invariavelmente, sendo pessoas. Incluir pessoas com bom nível cultural no rol das com deficiência implica aumentar o poder de atuação, o poder político e o poder de persuasão desse segmento. Portanto, se a sociedade, hoje, dá passos significativos em direção à inclusão, à realização dos direitos desse segmento importante da sociedade, sem dúvida, isto tem muito a ver com as pessoas que se tornaram deficientes na idade adulta. Como inclusão social relaciona- se com inclusão no mercado de trabalho, foi preciso que a humanidade elaborasse normas visando a assegurar às pessoas com deficiência o direito de trabalhar. O primeiro grande substrato para a criação dessas normas foi a Declaração Universal dos Humanos, proclamada em 1.948. Depois, ainda no contexto internacional, foram editadas e merecem destaque as Recomendações e as Convenções da Organização Internacional do Trabalho, a Resolução nº 45 e as Convenções da ONU sobre a matéria. No plano nacional, impendem salientar a Constituição Federal em vigência, as Leis nº 7.853/89, 8.112/90, 8.213/91, 10.098/00, e os Decretos nº 3.298/99 e 5.296/04. 5 No âmbito da iniciativa privada, a concepção em relação à inserção da pessoa com deficiência no mercado de trabalho mudou significativamente com a Lei nº 8.213/91, a que dispõe sobre planos e benefícios da Previdência Social e institui cotas para as empresas como mais de cem empregados. A Lei nº 8.213/91 representa grande avanço na questão relacionada à empregabilidade das pessoas com deficiência, mesmo que haja pouco a comemorar no que respeita ao elevado índice de desemprego nesse segmento. Um motivo para justificar esse índice é o significativo número de empresas de pequeno porte e de microempresas com menos de cem empregados e, portanto, fora do alcance da lei. Entre as que têm mais de cem empregados, o maior problema é vencer a inércia no campo das mudanças de atitudes. Na prática, sem a atuação firme das Delegacias Regionais do Trabalho e do Ministério Público do Trabalho, poucas seriam as empresas dispostas a cumprir a Lei, na íntegra. Nos aspectos relacionados às pessoas com deficiência, principalmente, às que nasceram com deficiência ou que a adquiriram nos primeiros anos de vida, as barreiras para um bom desenvolvimento educacional e cultural são incontáveis e 3 amplas, indo desde a falta de políticas públicas consistentes até a falta de condições ou passividade (conformismo) das famílias a que elas pertencem. 6 O Benefício da Prestação Continuada, por meio do qual as pessoas com deficiência declaradamente carentes recebem um salário mínimo mensal, na forma da Lei, e a aposentadoria por invalidez constituem grandes empecilhos à inserção delas no mercado de trabalho, vez que é difícil trocar uma remuneração certa por uma incerta. Todavia e com certeza, a discriminação continuasendo a maior responsável pela não inserção delas. No contexto do Poder Público, as ações costumam ser lentas. É o que ocorre com a aplicação da Lei nº 8.112/90, a que concede às pessoas com deficiência o direito de se inscreverem em concursos públicos, pois, no tocante à reserva de vagas, só foi disciplinada nove anos após a sua publicação, com a edição do Decreto nº 3.298/99. Reunidos Lei e Decreto, todo edital de concurso público deve trazer expressamente o percentual de vagas destinadas às pessoas com deficiência, que pode ser de 5% a 20%. Como há um passivo considerável dessas vagas nos órgãos públicos, em nome da coerência, da igualdade e do respeito humano, dever-se-ia utilizar o percentual maior, em todos os concursos públicos, pelo menos até que houvesse maior contingente de funcionários públicos com deficiência em cada repartição. Segundo dados aceitos e divulgados pela ONU, 10% da população mundial tem algum tipo de deficiência. No Brasil, conforme dados do último Censo do IBGE, esse percentual é maior. Logo, empregar percentual de 5% para a reserva de vagas significa dar às costas aos dados da ONU. A realidade tem mostrado que os órgãos do Poder Público optam pelo percentual mínimo. Terminado o concurso, invariavelmente, as nomeações acontecem a partir do chamamento das pessoas que não têm deficiência. Na maioria das vezes, somente a cada vinte nomeações de candidatos não deficientes aprovados convocam-se e nomeia- se um com deficiência. Como os concursos costumam ter vigência de dois anos, é mais provável supor que poucos candidatos aprovados serão, de fato, nomeados, ingressando em exercício efetivo. Se a reserva for para o preenchimento de uma, duas ou até cinco vagas, aí então a reserva especial, na essência, transforma-se em fábula. 4 Outro aspecto interessante, frise-se, diz respeito a candidatos com deficiência aprovados em concurso que, ao serem submetidos a exame médico, deles saem tendo em mãos declaração em que consta “inapto temporariamente para o cargo”. Entre as que já receberam declarações com esse teor estão várias pessoas cegas. Repita-se: cegas. Ou seja, aquelas que, no nível atual do conhecimento científico, colocadas a seis metros de distância dos usuais quadros pendurados nas paredes dos consultórios dos oftalmologistas, não têm condições de enxergar as letras neles contidas, aliás, nem de enxergar os próprios 7 quadros, e a medicina não dispõe de instrumentos ou técnicas capazes de fazê-los enxergar. Em suma, essa sociedade justa, fraterna e igualitária, que oferece oportunidade a todos de ir, vir, estudar, trabalhar, com qualidade de vida, a que leva ao almejado bem- estar, infelizmente, habita mais os discursos que o universo real das pessoas. No intento de discutir os principais aspectos inerentes à inclusão da pessoa com deficiência no mercado de trabalho, para fins de abordagem, este tema foi subdividido em três capítulos: 1. Pessoa com deficiência, cidadania, terminologia e conceito, e o princípio da igualdade; 2. A inclusão das pessoas com deficiência no mercado de trabalho; 3. A reserva de vagas de trabalho no setor público. Encerrando a discussão, são relacionadas às principais conclusões a que a autora chegou à relação ao estudo feito. Objetivo Antes de entrar no assunto propriamente dito deste trabalho - a inclusão da pessoa com deficiência no mercado de trabalho - é necessário abordar alguns temas que estão a 8 ele relacionados, tais como cidadania, os termos que vêm sendo utilizados para se referir a essa parcela da sociedade, bem como o conceito jurídico do que se considera uma pessoa com deficiência, sem deixar de lado o importantíssimo princípio da igualdade, pois que não é possível garantir igualdade a todos, sem se tratar desigualmente os desiguais, ou tratando a todos de forma simplista. Aliás, liberdade, igualdade e dignidade devem ser os sustentáculos de qualquer sociedade que mereça ser incluída no rol das modernas. A escolha do termo inclusão tem a finalidade de garantir a distância conveniente da expressão integração, ainda encontrada em vários textos. A diferença entre esses dois termos reside principalmente no fato de que a integração procura mudar as concepções de um indivíduo visando ou esperando que ele venha a aceitar o acolher aquele que é diferente, enquanto, sob o paradigma da inclusão, todos precisam capacitar-se para viver em comunidade. Por fim, a escolha do tema perpassa o interesse pessoal da pesquisadora, que, em várias ocasiões, teve a oportunidade de conversar com pessoas com deficiência, assim como, de participar de eventos e palestras, dialogando e convivendo com pessoas com deficiência, mesmo que por pouco tempo, e pôde constatar o quanto poderiam efetivamente produzir, fossem lhes dadas condições adequadas. Ainda, o quanto essas pessoas têm sido discriminadas, abandonadas e vítimas do descaso. Falar e escrever um pouco sobre pessoas tão especiais é uma forma de dizer: vocês são sensacionais e o direito as releva com grandeza! Classificação das Deficiências As deficiências podem ser congênitas ou adquiridas. As deficiências físicas (motoras) são: Paraplegia – Perda todas das funções motoras. Paraparesia – Perda parcial das funções motoras dos membros inferiores. 9 Monoplegia – Perda parcial das funções motoras de um só (podendo ser superior ou inferior). Monoparesia – Perda parcial das funções motoras de um só membro (podendo ser superior ou inferior). Tetraplegia – Perda total das funções motoras dos membros superiores e inferiores. Tetraparesia – Perda parcial das funções motoras dos membros superiores e inferiores. Triplegia – Perda total das funções motoras em três membros. Triparesia – Perda parcial das funções motoras em 3 membros. Hemiplegia – Perda total das funções motoras de um hemisfério do corpo (direito ou esquerdo). Hemiparesia – Perda parcial das funções motoras de um hemisfério do corpo. (direito ou esquerdo) PARALISIA CEREBRAL Lesão de uma ou mais áreas do sistema nervoso central tendo como consequência, alterações psicomotoras, podendo ou não causar deficiência mental. Geralmente os portadores de paralisia cerebral possuem movimentos involuntários, espasmos musculares repentinos chamados espasticidade (rigidez) ou hipotonia (flacidez). A falta de equilíbrio dificulta a deambulação e a capacidade de segurar objetos. DEFICIÊNCIA MENTAL A deficiência mental refere-se a padrões intelectuais reduzidos, apresentando comprometimentos de nível leve, moderado, severo ou profundo, e inadequação de comportamento adaptativo, tanto menor quanto maior for o grau de comprometimento. 10 DEFICIÊNCIA VISUAL A deficiência visual é a perda ou redução de capacidade visual em ambos os olhos em caráter definitivo, que não possa ser melhorada ou corrigida com o uso de lentes, tratamento clínico ou cirúrgico. Existem também pessoas com baixa visão, cujos limites variam com outros fatores, tais como: fusão, visão cromática, adaptação ao claro e escuro, sensibilidades a contrastes, etc. DEFICIÊNCIA AUDITIVA A deficiência auditiva inclui disacusias (perda de audição) leves, moderadas, severas e profundas. DEFICIÊNCIAS MÚLTIPLAS Quando a pessoa apresenta conjuntamente duas ou mais deficiências. Inclusão no Mercado de Trabalho De acordo com os princípios democráticos, ao nascer, a pessoa adquire direitos que lhe são inalienáveis e que lhe permitem, por exemplo, receber proteção especial 11 durante a infância, o que implica dizer, no mínimo, receber educação básica, alimentação suficiente para o seu desenvolvimento global e atenções de saúde. Permitem que ela, passada a infância, busque ter uma vida digna, com liberdade para externar suas opiniões, participar de associações de cunho civil ou religioso, de partidospolíticos, de esferas do governo, assim como, tenha oportunidade para trabalhar, sustentar a si própria e a família. A Declaração Universal dos Direitos Humanos, um documento importantíssimo produzido pelas Nações Unidas e que enumera os direitos que todos os seres humanos têm, no seu artigo 23, III, põe a discussão em torno do trabalho de uma maneira mais realista, a saber: “Todo o homem que trabalha tem direito a uma remuneração justa e satisfatória, que lhe assegure, assim como a sua família, uma existência compatível com a dignidade humana, e a que se acrescentará, se necessário, outros meios de proteção social”. No âmbito do direito, o alicerce do trabalho está na igualdade, inferindo-se desta assertiva que todas as pessoas têm direito a sustentar-se em decorrência da renda obtida com o esforço físico e/ou mental empregado na execução de determinada atividade, escolhida sem qualquer tipo de coação. Este capítulo foi subdividido em três itens: normas inerentes ao trabalho das pessoas com deficiência; a inclusão no mercado de trabalho do ponto de vista das pessoas com deficiência; as empresas e os requisitos da lei de cotas. 12 No contexto internacional, além da Declaração Universal dos Direitos Humanos, citada no tópico acima deste capítulo, merecem destaque as seguintes normas: Recomendação nº 99, de junho de 1955, da Organização Internacional do Trabalho OIT, que versa sobre a reabilitação profissional das pessoas com deficiência, enfocando princípios e métodos de orientação vocacional e treinamento profissional, meios de aumentar oportunidades de emprego para as pessoas com deficiência, emprego protegido e disposições especiais para crianças e jovens com deficiência; Convenção nº 111, de junho de 1958, da OIT, que trata da discriminação em matéria de emprego e profissão, estabelecendo em seu artigo 1º, I, b, que a discriminação compreende “qualquer outra distinção, exclusão ou preferência, que tenha por efeito anular ou reduzir a desigualdade de oportunidades, ou tratamento, emprego ou profissão”; Convenção nº 159, de junho de 1983, da OIT, que cuida da política de readaptação profissional e emprego de pessoas com deficiência, baseando-se no princípio da igualdade de oportunidade entre os trabalhadores com deficiência e os demais, observando que as medidas especiais positivas, que objetivem garantir essa igualdade de oportunidades, não serão consideradas discriminatórias com relação aos demais trabalhadores; Resolução nº 45, de dezembro de 1990, da Assembleia Geral das Nações Unidas, que prega o 13 compromisso mundial no sentido da construção de uma sociedade para todos e tendo como meta o ano de 2010 para se concluir esta intenção. Conclusão Nos diplomas legais e na doutrina são usadas várias expressões para designar as pessoas que, nos aspectos físico, motor, intelectual ou sensorial difere da maioria, considerada normal. A mais recente e de escolha dos autores de vanguarda é pessoa com deficiência e, por isso, usada neste trabalho. Ao longo da história da humanidade, constata-se que houve uma radical mudança nos tratamentos dispensados às pessoas com deficiência. O reconhecimento como sujeito de direito, entretanto, só ocorreu recentemente. O principal marco dessa mudança de comportamento guarda relação estrita com as duas Grandes Guerras Mundiais, pois foram responsáveis pelo significativo aumento de representantes nesse segmento; porém, na atualidade, os acidentes de trânsito assumiram esta função, aumentando, indiretamente, o poder político, de atuação e de persuasão desse segmento. No que respeita à inclusão da pessoa com deficiência no mercado de trabalho, o substrato para a criação de normas internacionais para a garantia desse direito foi a Declaração Universal dos Direitos Humanos, reforçado que foi pelas Recomendações e Convenções da Organização Internacional do Trabalho e da ONU. Já no plano nacional, o substrato é a Constituição Federal e, abaixo dela, as Leis nº 7.853/89, 8.112/90, 8.213/91, 10.098/00, e os Decretos nº 3.298/99 e 5.296/04. No âmbito da iniciativa privada, a Lei nº 8.213/91, ao estabelecer cotas para as empresas com mais cem empregados, suavizou a correlação de forças entre capital e oportunidades de trabalho para pessoas com deficiência. Contudo, ainda constata-se que é considerável o número de pessoas com deficiência desempregadas. Os principais motivos do desemprego são: a maioria das empresas, no Brasil, tem menos de cem empregados; as que têm mais de cem, exigem pessoas qualificadas, mas não estão muito dispostas a investir em qualificação; em tempos de globalização, nelas impera a competitividade, redução de custos, busca da qualidade e maximização de resultados; mudanças e adaptações das instalações físicas são consideradas despesas; os empregadores resistem a mudar de 14 atitudes; as pessoas com deficiência, em geral, não estão qualificadas para o trabalho. Isto tudo permite afirmar que, sem a atuação firme das Delegacias Regionais do Trabalho e do Ministério Público do Trabalho, a disposição de as empresas cumprirem a lei seria pouco significativa. Em relação ao Poder Público, a Lei nº 8.112/90, regulamentada pelo Decreto nº 3.298/99, concede às pessoas com deficiência o direito de se inscreverem em concursos públicos, sendo que o percentual de vagas varia de 5% a 20%, com notória prevalência do primeiro percentual. Acresce que há um passivo de vagas, que deveriam ser destinadas às pessoas com deficiência, nos órgãos governamentais, e não se tem perspectivas de que algo venha a mudar a curto ou em médio prazo. Outro ponto interessante é quanto às nomeações de candidatos aprovados em concursos públicos, pois que elas sempre iniciam com os classificados entre os primeiros lugares da lista dos considerados normais; os da lista dos com deficiência são chamados quando vinte ou trinta aprovados da outra lista já foram nomeados. E ainda há casos de 15 candidatos com deficiência que são desclassificados, porque, após serem submetidos a exame médico, atesta-se serem “temporariamente inaptos para o cargo”, como tem acontecido, inclusive, com candidatos cegos. Em suma, esta sociedade inclusiva, e por isto justa, fraterna e igualitária, que todos dizem almejar, depende de leis e de normas jurídicas fundamentadas na Constituição, feitas em momentos de inspiração jurídica e com a colaboração e o conhecimento das pessoas com deficiência. Igualmente, depende de políticas públicas eficientes, mas, principalmente, depende da boa vontade e perseverança de todos os cidadãos na busca do bem comum. Ao lado disso, porém não secundariamente, pôde compreender um pouquinho mais os pleitos dos cidadãos com deficiência, que, durante os contatos e entrevistas mantidos com alguns de seus representantes, disseram se sentir como pertencentes a um universo paralelo, gerenciado e tutelado pela elite do universo oficial, majoritário, que ainda teima em decidir os assuntos de seu mais puro e estrito interesse, sem consultá-los de fato e de direito. Deficiência Intelectual Introdução Este artigo busca analisar as causas que levam as pessoas (crianças, jovens e adultos) a ter dificuldades em lidar com as situações do cotidiano em função de prejuízos decorrentes de disfunções do sistema nervoso que podem ocorrer durante o desenvolvimento e que resultam em última análise, em redução significativa nas capacidades intelectuais e nas habilidades adaptativas, além da importância do diagnóstico e intervenções. Essas condições já foram denominadas idiotia, debilidade mental, prejuízo mental e subnormal idade mental. 16 Nos últimos anos, os termos em geral utilizados são retardo mental, deficiência mental e mais recentemente deficiência intelectual (DI), termo que utilizaremos. Há quem proponha o termoinabilidade intelectual. As várias condições infantis que pertencem a esse grupo constituem importante problema referente à saúde e se configuram como de grande importância em vários aspectos, a saber: (1) identificação precoce; (2) diagnóstico acurado; (3) avaliação adequada; (4) identificação da etiologia; (5) oferta das intervenções necessárias; (6) adequação de recursos; e (7) estabelecimento do prognóstico (SHEVELL, 2008). São, portanto, condições crônicas que compartilham distúrbios qualitativos, quantitativos ou ambos no desenvolvimento de um ou mais dos seguintes domínios: motricidade, fala e linguagem, cognição, domínio pessoal-social e atividades de vida diária. Definições e Causas A melhor forma de definir a DI é por uma visão multidimensional, de acordo com a qual a DI seria uma incapacidade caracterizada por limitação significativa no funcionamento intelectual e no comportamento adaptativo expresso nas habilidades conceituais, sociais e práticas (AMMR, 2006). 17 Embora as dificuldades resultem dos prejuízos cognitivos, é evidente que são fortemente influenciadas por fatores ambientais, como precocidade do diagnóstico, preconceitos, qualidade dos serviços de apoio, inclusão familiar, entre outros. As estimativas sobre a prevalência da DI variam em função dos critérios de inclusão e das metodologias utilizadas. No Brasil os estudos epidemiológicos são escassos e frequentemente são citadas cifras na ordem de 5% da população. Segundo Krynski (1969), a prevalência seria de 5% a 8%. O DSM-5 (2013) propõe a classificação da DI em leve à profunda, sendo os vários níveis de gravidade definidos com base no funcionamento adaptativo, e não em escores de QI, uma vez que é o funcionamento adaptativo que determina o nível de apoio necessário. Além disso, medidas de QI são menos válidas na extremidade inferior da variação. Outras condições deverão ser consideradas para a conceituação dos quadros de DI, a saber: 1. As limitações no funcionamento atual deverão ser avaliadas em relação ao contexto das condições ambientais, faixa etária e cultura do indivíduo; 2. A avaliação deverá levar em consideração a diversidade cultural e linguística bem como as características da comunicação, fatores sensoriais, motores e comportamentais; 3. As limitações, em geral, coexistem com potencialidades; 4. A descrição das limitações deverá desenvolver um perfil dos apoios necessários; 5. Com os apoios apropriados, o funcionamento das pessoas com DI deve melhorar. Na maioria dos critérios propostos para o diagnóstico da DI se ressalta a importância da avaliação do QI. Apesar das críticas que são feitas a este parâmetro, é quase que uma constante observarmos nas inúmeras definições de DI que um dos itens é a presença de QI inferior a 70. Causas da DI Há vários fatores de risco que devem ser considerados quando tentamos estabelecer a etiologia dos quadros que cursam com DI. Desde já é importante deixar 18 assinalado que, apesar da utilização de protocolos de investigação bastante abrangentes, em número significativo de casos não conseguiremos identificar a causa. Estima-se que isso ocorra em cerca de 50% dos casos. Uma variável importante é a severidade da DI, pois se sabe que, nos casos de DI leve, a possibilidade de se identificar uma etiologia é bastante remota, enquanto essa possibilidade é bem maior nos casos mais severos. Segundo Shevell (2008), em cerca de três quartos dos 50% dos casos em que chegamos à etiologia, encontraremos um dos seguintes fatores de risco (em ordem decrescente de frequência): síndromes genéticas ou anormalidades cromossômicas, asfixia intraparto, disgenesia cerebral, severa privação psicossocial e exposição pré-natal a agentes tóxicos (por exemplo, álcool ou outras drogas). Cerca de 10% das crianças com retardo global no desenvolvimento ou com DI apresentam alguma anormalidade citogenética, e em 40% destas não há alterações dismórficas evidentes. Os fatores de risco que podem ser identificados em casos que cursam com DI foram estudados por Hagberg e Kyllerman (1983) em população em idade escolar na Suécia. Esses autores analisaram as possíveis causas da DI levando em conta dois níveis de deficiência: discreta (mild) e severa (severe), para os quais encontraram prevalência de 0,3% e cerca de 0,4%, respectivamente. Entre os casos de DI severa foram identificadas causas pré-natais em 55% e perinatais entre 15-20%; em 18% não foi possível identificar uma causa definida. Entre os casos de DI discreta essas taxas foram de 23%, 18% e 55%, respectivamente. Nessa população, a síndrome de Down foi a maior causa de DI severa. Alterações cromossômicas foram detectadas em 29% dos casos também de DI severa. Síndrome do X-frágil foi à etiologia identificada em 4% dos casos de DI severa e de 10% dos de DI discreta. 19 Síndrome fetal alcoólica foi identificada em 8% dos casos urbanos de DI discreta. Por fim, erros inatos do metabolismo foram identificados em menos de 1% de toda a população. Deve-se levar em conta que este estudo é da década de 80, e caso se realize algum estudo similar nos dias atuais, muito provavelmente resultados diferentes seriam encontrados. Intervenções Os tratamentos a serem propostos para pessoas com DI deverão ser planejados caso a caso, uma vez que cada indivíduo apresenta peculiaridades únicas. Nesse planejamento deverá ser considerados o grau de DI, o grau de comprometimento nas várias áreas adaptativas, outras características presentes, eventuais comorbidades, características das famílias, os recursos comunitários entre outros. O fato é que devemos identificar a deficiência o mais cedo possível, a fim de poder tentar minimizar os efeitos do insulto sobre o sistema nervoso. O tratamento das 20 condições que cursam com DI é, em geral, caro, prolongado e com resultados, habitualmente, apenas sofríveis. O indivíduo terá que ser diagnosticado e tratado por uma equipe multidisciplinar e, em alguns casos, terá que frequentar uma escola especializada. A conduta ideal, quando se pretende reduzir de forma significativa o número e a severidade dos quadros das deficiências seria, sempre que possível, prevenir sua ocorrência, o que corresponde a um tipo de intervenção que é mais barato, mais eficaz e com resultados muito mais interessantes não só do ponto de vista do indivíduo, mas também no que se refere aos problemas de saúde pública envolvidos. Uma vez que boa parte dos quadros de deficiências decorre de problemas que podem ocorrer durante ou logo após a gestação, é evidente que um bom atendimento à gestante poderia reduzir bastante sua frequência. A vacinação preventiva contra a rubéola de todas as mulheres, por exemplo, evita os graves problemas decorrentes da síndrome da rubéola congênita. A identificação de sífilis na mãe pode evitar o quadro da sífilis congênita. A detecção de incompatibilidade Rh materno-fetal pode evitar os graves quadros neurológicos que resultam da eritroblastose fetal. A prevenção da infecção pelo HIV 21 materna evitaria as severas sequelas observadas nas crianças infectadas no período perinatal. Chamamos ainda uma vez a atenção para a importância crucial do diagnóstico precoce, seguido da investigação para identificar a etiologia do quadro, e do encaminhamento imediato para tratamento habilitador. Não nos parece exagerado insistir na importância dos testes de inteligência ante qualquer criança que apresente atraso significativo no desenvolvimento. Aliados às avaliações de funcionalidades e competências, intervenções multidisciplinares podem promover o desenvolvimento da potencialidade individual. Assim, contribui-se de maneira efetiva para a promoção da autonomia possível e identificação dos apoios necessários da pessoa com DI. Superdotação Introdução De modogeral, a superdotação se caracteriza pela elevada potencialidade de aptidões, talentos e habilidades, evidenciada no alto desempenho nas diversas áreas de atividade do educando e/ou a ser evidenciada no desenvolvimento da criança. Contudo, é preciso que haja constância de tais aptidões ao longo do tempo, além de expressivo nível de desempenho na área de superdotação. Registram-se, em muitos casos, a PRECOCIDADE do aparecimento das HABILIDADES e a resistência dos indivíduos aos obstáculos e frustrações existentes no seu desenvolvimento. Crianças e jovens ainda estão em processo de desenvolvimento e muitas vezes, apesar de sua precocidade, não efetivam todo seu potencial. Nessas faixas etárias, geralmente, apenas começam a se evidenciar suas ALTAS HABILIDADES. Daí a necessidade de serem corretamente assistidas, no âmbito escolar, para que continuem a expressar comportamentos de superdotação. 22 Conceitos A Política Nacional de Educação Especial (1994) define como portadores de altas habilidades / superdotados os educandos que apresentarem notável desempenho e elevada potencialidade em qualquer dos seguintes aspectos, isolados ou combinados: capacidade intelectual geral; aptidão acadêmica especifica; pensamento criativo ou produtivo; capacidade de liderança; talento especial para artes e capacidade psicomotora. Dos tipos mencionados, destacam-se os seguintes: Tipo Intelectual –apresentam flexibilidade e fluência de pensamento, capacidade de pensamento abstrato para fazer associações, produção ideativa, rapidez do pensamento, compreensão e memória elevada, capacidade de resolver e lidar com problemas. Tipo Acadêmico – evidencia aptidão acadêmica especifica, atenção, concentração; rapidez de aprendizagem, boa memória, gosto e motivação pelas disciplinas acadêmicas de seu interesse; habilidade para avaliar, sintetizar e organizar o conhecimento; capacidade de produção acadêmica. Tipo Criativo – relaciona-se às seguintes características: originalidade, imaginação, capacidade para resolver problemas de forma diferente e inovadora, 23 sensibilidade para as situações ambientais, podendo reagir e produzir diferentemente e, até de modo extravagante; sentimento de desafio diante da desordem de fatos; facilidade de auto expressão, fluência e flexibilidade. Tipo Social – revela capacidade de liderança e caracteriza-se por demonstrar sensibilidade interpessoal, atitude cooperativa, sociabilidade expressiva, habilidade de trato com pessoas diversas e grupos para estabelecer relações sociais, percepção acurada das situações de grupo, capacidade para resolver situações sociais complexas, alto poder de persuasão e de influência no grupo. Tipo Talento Especial – pode-se destacar tanto na área das artes plásticas, musicais, como dramáticas, literárias ou cênicas, evidenciando habilidades especiais para essas atividades e alto desempenho. Tipo Psicomotor – destacam-se por apresentar habilidade e interesse pelas atividades psicomotoras, evidenciando desempenho fora do comum em velocidade, agilidade de movimentos, força, resistência, controle e coordenação motora. Esses tipos são desse modo considerados nas classificações internacionais, podendo haver várias combinações entre eles e, inclusive, o aparecimento de outros tipos, ligados a outros talentos e habilidades. Assim, em sala de aula, os alunos podem evidenciar maior facilidade para linguagem, para socialização, capacidade de conceituação expressiva ou desempenho escolar superior. No desempenho linguístico destacam-se os seguintes aspectos: raciocínio verbal e vocabulário superior à idade, nível de leitura acima da média do grupo, habilidades de comunicação e linguagem criativa. A capacidade de conceituação inclui apreensão rápida da relação causa efeito, observação acurada, domínio dos fatos e manipulação dos símbolos, além de um raciocínio incomum. Na área da socialização, tais alunos apresentam facilidade de contato social, capacidade de liderança, relacionamento aberto e receptivo, além de sensibilidade aos sentimentos dos outros. 24 O desempenho escolar compreende o alto nível de produção intelectual, a motivação para aprendizagem, a existência de metas e objetivos acadêmicos definidos, a atenção prolongada e centrada nos temas de seu interesse, além da persistência dos esforços face às dificuldades inesperadas. Entretanto, não se pressupõe que todos os alunos superdotados e/ou com altas habilidades apresentem todas essas características. Quando as apresentam, isso não se dá, necessariamente, em simultaneidade e no mesmo nível. O importante é que não se deve generalizar. Alunos podem ter desempenho expressivo em algumas áreas, médio ou baixo em outras, dependendo do tipo de alta habilidade/superdotação. Por outro lado, há outros que, embora apresentem altas habilidades/ superdotação, têm rendimento escolar inferior e merecem cuidados especiais, pois, frequentemente, manifestam falta de interesse e motivação para os estudos acadêmicos e para a rotina escolar, podendo também apresentar dificuldades de ajustamento ao grupo de colegas, o que desencadeia problemas de aprendizagem e de adaptação escolar. 25 Traços Comuns do Aluno que Apresenta altas Habilidades / Superdotação • Grande curiosidade a respeito de objetos, situações ou eventos, com envolvimento em muitos tipos de atividades exploratórias; • Auto iniciativa tendência a começar sozinho as atividades, a perseguir interesses individuais e a procurar direção própria; • Originalidade de expressão oral e escrita, com produção constante de respostas diferentes e ideias não estereotipadas; • Talento incomum para expressão em artes, como música, dança, teatro, desenho e outras; • Habilidade para apresentar alternativas de soluções, com flexibilidade de pensamento; • Abertura para realidade, busca de se manter a par do que o cerca, sagacidade e capacidade de observação; • Capacidade de enriquecimento com situações-problema, de seleção de respostas, de busca de soluções para problemas difíceis ou complexos; • Capacidade para usar o conhecimento e as informações, na busca de novas associações, combinando elementos, ideias e experiências de forma peculiar; • Capacidade de julgamento e avaliação superiores, ponderação e busca de respostas lógicas, percepção de implicações e consequências, facilidade de decisão; • Produção de ideias e respostas variadas, gosto pelo aperfeiçoamento das soluções encontradas; • Gosto por correr risco em várias atividades; •Habilidade em ver relações entre fatos, informações ou conceitos aparentemente não relacionados; • Aprendizado rápido, fácil e eficiente, especialmente no campo de sua habilidade e interesse. 26 Entre as características comportamentais dos alunos com altas habilidades / superdotação, pode-se ainda ser notado, em alguns casos: • Necessidade de definição própria; • Capacidade de desenvolver interesses ou habilidades específicas; • Interesse no convívio com pessoas de nível intelectual similar; • Resolução rápida de dificuldades pessoais; • Aborrecimento fácil com a rotina; • Busca de originalidade e autenticidade; • Capacidade de redefinição e de extrapolação; • Espírito crítico, capacidade de análise e síntese; • Desejo pelo aperfeiçoamento pessoal, não aceitação de imperfeição no trabalho; • Rejeição de autoridade excessiva; • Fraco interesse por regulamentos e normas; • Senso de humor altamente desenvolvido; • Alta-exigência; 27 • Persistência em satisfazer seus interesses e questões; • Sensibilidade às injustiças, tanto em nível pessoal como social; • Gosto pela investigação e pela proposição de muitas perguntas; • Comportamento irrequieto, perturbador, importuno; • Descuido na escrita, deficiência na ortografia; • Impaciênciacom detalhes e com aprendizagem que requer treinamento; • Descuido no completar ou entregar tarefas quando desinteressado. Um dos grandes desafios da educação é oferecer aos alunos oportunidades para o desenvolvimento pessoal e para a aprendizagem, em um contexto sociocultural. Este texto tem como objetivo esclarecer e orientar educadores no processo de identificação de alunos com superdotação na escola, na família e na sociedade. Ao analisarmos a diversidade que constitui um grupo de pessoas, podemos ter uma visão do quanto é interessante a espécie humana. Não há uma só pessoa que não seja única no universo. Entende-se por superdotação, neste artigo, os padrões de desempenho superior que uma pessoa possa apresentar, quando comparada a grupo de igual faixa etária e contexto social. Em geral, apresenta em conjunto com esse desempenho, algumas características especialmente definidas e observáveis, que podem ser notadas e acompanhadas em várias faixas etárias, que apresentam necessidades educacionais especiais, determinando procedimentos pedagógicos diferenciados para essa pessoa. Estudos estatísticos indicam que aproximadamente 3 a 5% da população apresentam potencial acima da média estimada, em diversos contextos sociais. A respeito desse grupo em particular, devemos focalizar, especialmente, estratégias de interações positivas que favoreçam o seu desenvolvimento. Em geral, nas escola, os alunos com superdotação apresentam um comportamento caracterizado pela curiosidade, fluência de ideias, desempenhos superiores em uma ou mais áreas, grande motivação pela aprendizagem, facilidade para a abstração, percepção, relacionamento de 28 um tema específico a um contexto amplo, estilos particulares para a aprendizagem e uma busca constante para atingir alvos e metas mais distantes. Uma das questões que envolvem grande reflexão sobre a superdotação tem sido o processo de identificação deste aluno, uma vez que demanda investimentos necessários para o desenvolvimento das expressões e talentos em áreas, que podem ser específicas, como o canto, por exemplo, ou a um conjunto de áreas como: criatividade, aptidões acadêmicas e capacidade intelectual. Muitos educadores ainda imaginam que a superdotação pode ser identificada quando um aluno se destaca em uma ou várias áreas, e tem desempenho muito elevado em atividades curriculares; quando apresenta adequação e ajustamento socioemocional, habilidade psicomotora especialmente desenvolvida e um estilo de grande realizador. Esse perfil, embora possa ser encontrado, não representa todo o universo da superdotação. Na grande maioria das vezes, são encontrados alunos curiosos, ativos em procurar respostas para suas dúvidas e questionamentos, que apresentam expressões originais, que evidenciam um desempenho superior em uma ou algumas áreas de conhecimento e possivelmente um desenvolvimento atípico para sua faixa etária. Em sala de aula, o professor tem condições de conviver com muitos alunos, em um ambiente que permite a observação sistemática, prolongada e qualitativa das expressões de habilidades, desempenhos e aptidões. É possível a análise dos resultados apresentados por seus alunos, de seus processos de aprendizagem e da qualidade das suas relações sociais. Com informações adequadas, o professor se torna um profissional de grande importância para a identificação de alunos superdotados e o responsável pelas adaptações curriculares que permitem ao aluno aprendizagens significativas na escola. Um dos desafios da educação de alunos superdotados está em oportunizar a essas pessoas a harmonização de suas áreas de desenvolvimento e performances, bem como o estímulo e aperfeiçoamento de suas potencialidades. Nesse contexto, a educação desses alunos se pauta em um olhar diferenciado do professor quanto aos processos de ensino e de aprendizagem, a identificação de necessidades educacionais específicas, a estruturação de currículos e atividades que atendam às necessidades dos alunos e a relação de procedimentos qualitativos de avaliação que cada caso requer. 29 As escalas de avaliação são instrumentos úteis para que o professor selecione desempenhos que considera superiores a todos os seus alunos e então identifique quais alunos consistentemente manifestam características específicas da superdotação. Um exemplo de questionário de sondagem é apresentado a seguir. Atender à diversidade é a proposta da educação atual, voltada para o respeito às diferenças e particularidades humanas. Oferecer ao aluno oportunidades de desenvolver seu potencial pleno e de acordo com suas potencialidades é o desafio da escola, que voltada para uma educação para todos, exige uma ação pedagógica transformadora, com metodologias mais abrangentes às necessidades e interesses, como alternativa de se propor a oferecer aprendizagens não centradas no professor, mas significativas para o aluno, respeitando as suas particularidades. 30 As altas habilidades ou superdotação não são, como muitos ainda pensam, um dom, mas sim características e comportamentos que podem e devem ser aperfeiçoados na interação com o mundo e que se apresentam numa variedade grande de combinatórias. Para os indivíduos que apresentam tais características, nem sempre tem sido fácil mostrar ou demonstrar suas habilidades diferenciadas, pois há uma tendência social à conservação dos comportamentos e ainda não se prioriza a inovação na medida desejada necessária. Entretanto, é sabido que há necessidade de novos produtos, ideias, ações, etc., para encaminha-lo do mundo. Portanto, estas pessoas são valiosas tanto quanto todas as demais pessoas, e não podemos ignorá-las nem esquecê-las, sendo necessário ofertar instrumentos e oportunidades a todos e também a estes sujeitos com altas habilidades para cumprir nosso papel social na importante área educacional. Segundo dados psicométricos, os alunos com altas habilidades estão contidos em uma faixa de 1% a 10% de qualquer população, independentemente de etnia, origem ou situação socioeconômica. Deve haver uma preocupação constante com este segmento da população a fim de que não seja subaproveitado e deixe de dar sua contribuição social à coletividade e a si próprio, não compartilhando suas habilidades e talentos com todos. Preocupa-nos, sobremaneira, os superdotados dos meios sociocultural e econômico desprivilegiados. Os que são pobres têm as ideias, mas não têm escola, instrumento para se realizar e ofertá-las ao seu grupo social. Podem assim, assumir um comportamento mais agressivo ou rebelde quando têm o não reconhecimento social de suas potencialidades, e consequentemente o mau aproveitamento delas pelo próprio grupo social; como já dizia 31 o psicólogo Maslow, o ser humano precisa e deseja o reconhecimento social (Maslow apud Mettrau, 1950). Propomos, assim que se amplie conhecimento teórico acerca deste agrupamento nos diferentes campos do saber acadêmico e, em especial, na Pedagogia, Psicologia e Medicina, bem como se amplie também, e conjuntamente com este corpo teórico, um corpo prático de conhecimentos através de Programas Especiais para pessoas com altas habilidades (estudantes ou não, idosos ou jovens, a fim de assegurar a esta minoria a garantia de atendimento conforme estabelece a LDB 9394/96 e a Resolução do CNE n.º 02/2001 que institui as Diretrizes Nacionais para Educação Especial na Educação Básica). Os talentosos, os criativos e os que apresentam altas habilidades podem dar contribuições excepcionais e especiais neste momento social, também excepcional e especial. O Brasil já é conhecido por suas riquezas naturais que são muitas e talvez por isto mesmo faça pouco uso e investimento em seus recursos humanos, preciosos também. Fingir que eles não existem é uma forma de mentir e de não ter que se ocupar nem se preocupar com talquestão. Os alunos talentosos ou com habilidades especiais devem ser orientados e encorajados no uso, reconhecimento e compartilhamento com todo o grupo social, : falar, escrever ou programar algo para superdotados revela a certeza de estarmos nos dirigindo a uma minoria ou, para muitos, ainda desinformados, talvez uma elite. Esta não é uma verdade. Levantamos as seguintes questões: não devemos pensar nas minorias? É democrático ignorálas porque numericamente e estatisticamente não atingem a faixa considerada ideal para os resultados de ibope e pesquisas de opinião pública? Esta visão não é científica nem humanista da questão, pois tais pessoas existem ainda que, numericamente, em menor quantidade. Este é, portanto, um questionamento ético, filosófico, sociológico, psicológico e socioeducacional para pensarmos seriamente se entenderam e trataram a inteligência como Patrimônio Social, isto é, algo que pertence a todos e a todos deve servir e atender. Afinal, qual a importância de ser reconhecer o talento de um superdotado ou de uma pessoa com altas habilidades? Evitar que ele se perca, pois não devemos desperdiçar nada, quanto mais talento 32 Referências Bibliográficas ALVES, Rubens Valtecides. Deficiente físico: novas dimensões da proteção ao trabalhador. São Paulo: LTr, 1992. ANDRADE, Denise Lapolla de Paula Aguiar. Portadores de deficiência – sujeitos de direitos. Revista do Ministério Público do Trabalho, Brasília, a.10, n.9, p.55-62, 2000. ARANHA, Maria Salete Fábio. Paradigmas da relação entre a sociedade e as pessoas com deficiência. São Paulo: LTr, 2000. ARAUJO, Luiz Alberto David. A proteção constitucional das pessoas portadoras de deficiência. Brasília: CORDE, 1994. 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