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Aula 2 - Hipersensibilidade tipo II, Sistema ABO e Rh: Introdução: Hipersensibilidade tipo II (ADCC ou citotoxicidade celular dependente de anticorpo: O sistema imunológico realiza a produção de IgG específico contra os antígenos das células alvos. Em seguida, as células líticas realizam a lise das células alvo. Etiopatogenia: A união do epítopo do antígeno das células alvo com o anticorpo IgG promove a ativação das células líticas (ex. neutrófilos, monocitos/macrófagos, eosinófilos, células NK, linfócitos T citotóxicos e linfócitos Th1). Nota-se que o antígeno se liga ao Fab do determinante de complementaridade do anticorpo IgG. A partir do momento em que ocorre a ligação do fragmento Fc do anticorpo com o receptor Fc da célula lítica, há a lise da célula alvo. Caso o antígeno possua membrana e não seja possível realizar a fagocitose, ocorre a produção de IgG com porção Fc, que interage com a célula lítica, e com porção Fab, que interage com o antígeno, de modo que ocorre a liberação de grânulos para o meio extracelular, resultando em lesão. Isso ocorre em alvéolos, glomérulos, sinóvia, plaquetas. Manifestações clínicas da ADCC: Doenças autoimunes: nefrite e febre reumáticas. Reações adversas a medicamentos: plaquetopenia e anemia hemolítica. Incompatibilidade sanguínea: sistema ABO e Rh. Sistema ABO: Antígenos A, B e AB: Os antígenos A, B e AB são oligossacarídeos adicionados sob controle genético. Substância H: A substância H (galactose + frutose) é adicionada sob os esfingolipídeos de membrana a partir do controle genético (gene H). Antígeno A: Na superfície da membrana da hemácia, há esfingolipídeo ligada à substância H. Com a adição do N-acetilglicosamina, forma-se o antígeno A. Antígeno B: Na superfície da membrana da hemácia, há esfingolipídeo ligada à substância H. Com a adição da galactose, forma-se o antígeno B. Antígeno AB: Na superfície da membrana da hemácia, há esfingolipídeo ligada a substância H. Com a adição de N-acetilglicosamina e galactose, forma-se o antígeno AB. Indivíduo O: Há esfingolipídeo com ou sem a substância H. Anticorpos do sistema ABO: Indivíduo A: O indivíduo A apresenta hemácia com antígeno A e soro com anticorpo anti-B. Indivíduo B: O indivíduo B apresenta hemácia com antígeno B e soro com anticorpo anti-A. Indivíduo AB: O indivíduo AB apresenta hemácias com antígeno A e B e soro sem anticorpos anti-A e anti-B. Indivíduo O: O indivíduo O apresenta hemácias sem antígenos A e B e soro com anticorpos anti-A e anti-B. Vale notar que o sistema imune do neonato passa a produzir anticorpo anti-A e/ou anti-B a partir da reatividade cruzada com os epítopos da E. coli da flora intestinal normal. Métodos de tipagem sanguínea: Os métodos de tipagem sanguínea são teste de lâmina (mais utilizado), teste de tubo, teste do soro, titulação de isohemaglutininas, prova cruzada. Sistema Rh: Indivíduo Rh+: O indivíduo Rh+ apresenta hemácia com antígeno-D e soro sem anticorpos anti-D. Não há reatividade cruzada com os epítopos dos antígenos da flora intestinal normal. Indivíduo Rh-: O indivíduo Rh- apresenta hemácia sem antígeno D e soro com anticorpo anti-D. Tipagem sanguínea: Indivíduo Rh+ recebe soro com anticorpos anti-Rh → hemaglutinação. Indivíduo Rh- recebe soro com anticorpos anti-Rh → não ocorre hemaglutinação. A não hemaglutinação pode significar 4 situações: 1- Indivíduo Rh- e sem anticorpo anti-D. Falso Rh-: 2- Antígeno D em cripta profunda da hemácia em indivíduo Rh+ (falso Rh-). 3- Antígeno D apresenta atividade aglutinante em meio coloidal (falso Rh-). 4- Hemácia com carga elétrica elevada, não permitindo aproximação do anticorpo anti-D (falso Rh-). Soro de Coombs: Hemácia com tipo ORh+ apresenta, apenas, antígeno D na hemácia. Esse soro é administrado em um coelho, de modo que haja a produção do anticorpo anti-D. Em seguida, ocorre a administração do anticorpo anti-D em outro coelho, que passa a produzir anticorpo anti anti-D (soro de coombs). Teste de Coombs: O teste de Coombs é utilizado para avaliar resultados falso Rh-. Em um indivíduo Rh+ (falso Rh-), acrescenta-se o anticorpo anti-D para sensibilizar a hemácia, porém não ocorre a hemaglutinação por antígeno-D em criptas profundas, antígeno-D apresenta atividade hemaglutinante em meio coloidal ou hemácias com carga negativa não permitiu a chegada de anticorpos anti-D. Em seguida, adiciona-se o soro de Coombs (anticorpo anti-anti-D), que promove a hemaglutinação em reação visível. O teste de Coombs positivo identifica falso Rh-. Incompatibilidade ABO: Exemplo: indivíduo A recebe sangue de doador B. Nessa situação, ocorre a citotoxicidade celular dependente de anticorpos (hipersensibilidade do tipo II) das hemácias com antígeno B pelas células líticas. A recepção de hemácias com antígeno B promove a formação de anticorpos anti-B imunes (classe IgG). Por fim, os anticorpos anti-B naturais (IgM) e anticorpos anti-B imunes (IgG) promovem a hipersensibilidade do tipo II das hemácias com antígeno B pelas células líticas. Antes de qualquer transfusão, deve-se realizar o teste da lâmina e o teste da prova cruzada. Incompatibilidade do sistema Rh: A incompatibilidade do sistema Rh ocorre em mãe Rh- e feto Rh+. No último trimestre de gestação, o feto transmite hemácias com antígeno D para a mãe, que passa a produzir anticorpos anti-D imunes (IgG). Em seguida receptores placentários Fcgamma para IgG permitem a passagem do anticorpo anti-D pela a placenta para o feto. Os anticorpos anti-D imunes (IgG) promovem a hipersensibilidade do tipo II nas hemácias com antígeno D do feto (Rh+). Doença hemolítica do recém nascido: A mãe Rh- produz anticorpo anti-D que promove lesão das hemácias com antígeno D do feto. A conduta para o tratamento da doença hemolítica do recém nascido é a adição do Soro de Coombs com anticorpos anti-anti-D para a destruição do anticorpo anti-D, impedindo a destruição da hemácia com antígeno D.
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