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O ACESSO À JUSTIÇA, EM SENTIDO AMPLO, PARA AS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS NO BRASIL

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1 
 
ANDRÉ LUIZ ABBEHUSEN DE SANTANA 
FABIO MONTALVÃO SILVA MIRANDA 
VICTOR JOSÉ UCHOA DE CARVALHO 
 
 
 
 
 
 
 
O ACESSO À JUSTIÇA, EM SENTIDO AMPLO, 
PARA AS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS NO BRASIL 
 
 
 
 
Monografia apresentada ao Curso de Direito do Centro Universo Salvador como parte 
dos requisitos de conclusão do curso. 
 
 
Aprovado em 14 de junho de 2022. 
 
Banca Examinadora 
 
 
__________________________________________________________ 
Orientador: Prof. Marcus Vinícius Couto Rodrigues 
 
 
__________________________________________________________ 
Coorientadora: Profa. Bruna Christiane Dantas Campos 
 
 
__________________________________________________________ 
Examinador: Prof. Michel de Melo Possídio 
 
 
__________________________________________________________ 
Examinadora: Profa. Bruna Christiane Dantas Campos 
2 
 
CENTRO UNIVERSO SALVADOR 
CURSO DE DIREITO 
 
 
 
 
 
 
 
 
ANDRÉ LUIZ ABBEHUSEN DE SANTANA 
FABIO MONTALVÃO SILVA MIRANDA 
VICTOR JOSÉ UCHOA DE CARVALHO 
 
 
 
 
 
 
 
 
O ACESSO À JUSTIÇA, EM SENTIDO AMPLO, 
PARA AS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS NO BRASIL 
 
 
 
 
 
 
 
 
SALVADOR 
2022 
3 
 
 
O ACESSO À JUSTIÇA, EM SENTIDO AMPLO, 
PARA AS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS NO BRASIL 
 
André Luiz Abbehusen de Santana, 
Fabio Montalvão Silva Miranda e 
Victor José Uchoa de Carvalho 
Orientador: Prof. Msc. Marcus 
Vinícius Couto Rodrigues 
 
RESUMO 
 
Legislações atuais oferecerem tratativas benéficas às Microempresas, Empresas de 
Pequeno Porte e ao Microempreendedor Individual, por alusão, mas ainda são reais, e 
perceptíveis suas dificuldades, principalmente no Judiciário. Assim, este trabalho visa analisar 
o acesso à Justiça, em sentido amplo e efetivo para esse público. A principal justificativa é o de 
essas empresas serem responsáveis por boa parte dos empregos e de mais gerarem riquezas no 
Comércio brasileiro, respondendo por 53,4% do PIB do setor. Desta forma, é assaz relevante e 
necessário que elas passem a acessar o judiciário de forma mais equânime e isonômica. Neste 
sentido, este trabalho discutirá o Acesso à Justiça, que é garantia de todos. Procurou-se um 
aprofundamento do conceito de “acesso à Justiça em um sentido mais amplo”, que deve ir além 
de só acessar ao Sistema Judiciário. O problema não é apenas poder impetrar uma ação judicial, 
mas em fazer com que o empresário tenha interesse e confiança nos trâmites processuais, em 
especial aos seus valores, como custas e advogados, assim como a morosidade na solução. Já 
com as grandes empresas é diferente, normalmente utilizam o Judiciário frequentemente, afinal, 
já têm despesas mensais com advogados, e os valores das custas, chegam a ser módicos, 
beneficiando-se assim em vários aspectos, como no simples fato de poder ter os seus direitos 
devidamente aplicados, ajuizando as ações sempre que elas lhes forem necessárias, sem 
preocupações e entraves vividos pelos pequenos. Salienta-se que refinar o tema à esta proposta 
se deu também pela hipossuficiência reconhecida e os tratamentos diferenciados postos em 
diversas legislações e níveis do Sistema Normativo do Brasil. Muitas dificuldades enfrentadas 
pelas pequenas empresas foram identificadas tanto no problema técnico-jurídico de eficácia de 
normas que as protegem, como nos aspectos da doutrina. Ressaltou-se ainda temáticas 
administrativas, legislativas, sociais e econômicas, por serem interdependentes ao Direito. Feita 
esta identificação, foi possível apontar possíveis soluções ao problema do amplo acesso à 
Justiça pelas Microempresas. Neste sentido, o Poder Judiciário, seja através da CNJ ou por meio 
do Ministério da Justiça, deverá adotar medidas que disseminem o tratamento diferenciado e 
favorecido às MEs, EPPs e, por alusão, aos MEIs nas diversas áreas de competência. É 
importante a fiscalização por órgãos responsáveis, verificar, analisar e utilizar um mecanismo 
de solução, para que as MPEs possam ter um tratamento diferenciado no acesso à justiça, no 
sentido amplo. 
 
Palavras chaves: Acesso à Justiça. Micro e pequenas empresas. Direito. 
 
4 
 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
O Acesso à Justiça, por si só, já merece atenção, zelo, reflexão e proposituras de 
melhorias por parte de todos os operadores do Direito. Isto pela sua importância em promover 
uma sociedade equânime e com os devidos amparos às pessoas físicas e jurídicas na garantia 
da defesa e execução de seus direitos concernentes ao Princípio da Isonomia, em que os iguais 
devem ser tratados igualmente e os desiguais tratados desigualmente, no limite de suas 
desigualdades. 
Vale salientar, desde já, que o acesso à justiça não pode ser interpretado jurídica e 
socialmente como sendo apenas as possibilidades de se conseguir acessar o Sistema Judiciário. 
Isso porque seria uma visão simplista do artigo 5o, inciso XXXV da CF/88: “a lei não excluirá 
da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito”. Como será visto a seguir, o mero 
ato de conseguir protocolar uma ação judicial está longe de ser o exercício do direito de acesso 
à justiça. 
Ademais, o que será apresentado aqui neste artigo é o entendimento de uma visão mais 
ampla do que deve, de fato, ser o acesso à justiça, devidamente fundamentada na melhor 
doutrina, especialmente no que diz respeito às microempresas e empresas de pequeno porte e 
por alusão aos microempreendedores individuais. 
Feitos esses esclarecimentos, este trabalho dará ênfase a realização de um estudo 
técnico-jurídico que apontará questões a serem refletidas no tocante, específica e restritamente, 
ao prejudicado acesso à justiça para as Micro e Pequenas Empresas no Brasil, de uma forma 
diferenciada e provocativa, consubstanciando tal realidade na não aplicação de direitos 
positivados na legislação — tanto constitucional, como também infraconstitucional — e na 
doutrina. 
Outrossim, buscou-se trazer sugestões de soluções técnico-jurídicas ao referido direito 
instituído e sonegado. Em muitos momentos serão trazidos, de forma incidental, questões mais 
abrangentes como antropológicas, tributárias, sociais, econômicas e afins, com o intuito de 
corroborar e entender como a não efetivação do direito a um tratamento jurídico diferenciado 
às Micro e Pequenas Empresas possui desdobramentos importantes e impactantes na vida em 
sociedade, o que jamais pode e nem deve ser desconsiderado em uma análise de temas jurídicos, 
pois o Direito é uma ciência com total interrelação com as mais diversas áreas de estudo, em 
especial as Ciências Humanas. 
5 
 
 
2 CONHECENDO AS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS – MPEs 
 
Há de se conhecer o que são as MPEs – Micro e Pequenas Empresas – para uma melhor 
compreensão do quão prejudicial às mesmas é a não execução do seu direito de acesso à Justiça 
em sentido amplo. 
No artigo 3°, incisos I, II e III da Lei Complementar n° 123/2006, aduzindo o que diz o 
artigo 966 do Código Civil, traz-se as faixas de faturamento anual que caracterizam o porte das 
sociedades empresárias. Com cifras de até R$ 360.000,00 (trezentos e sessenta mil reais) são 
microempresas e até R$ 4.800.000,00 (quatro milhões e oitocentos mil reais) são as empresas 
de pequeno porte. 
Observa-se ainda que nesse mesmo artigo 3°, em seu parágrafo 4°, nos respectivos 
incisos de I a XI, estão devidamente elencadas as pessoas jurídicas que não podem se beneficiar 
do que compreende ser MPE, como também o seu parágrafo 6°, que versa sobre a possibilidade 
da exclusão de se beneficiar do tratamento jurídico diferenciado e simplificado. São, portanto, 
essas empresas elencadas, as corporações que estão se beneficiando com a não regulamentação 
do tratamento jurídico diferenciado e simplificado às Micro e Pequenas Empresas. E o termo é 
mesmo “se beneficiar”, pois devido ao claro e evidente poder econômico que as empresas de 
médio e grande porte têm frenteàs MEIs, micro e de pequeno porte, estas serão sempre 
hipossuficientes nessa relação injusta, não tendo o menor poder de barganha, nem terem 
condições de aguardar por anos os trâmites de suas ações judiciais, seja no polo ativo ou 
passivo. 
Com isso o problema ora técnico-jurídico traz desdobramentos socioeconômicos que 
precisam ser levados em consideração, já que a Ciência do Direito não é estanque e nem isolada 
das demais interrelações. 
Para uma abordagem ainda mais didática, entenda a construção evolutiva de uma 
microempresa, em especial, apreendendo as situações exemplificativas a seguir: um trabalhador 
braçal, de baixa escolaridade, demitido da empresa onde trabalhava, pega o valor de sua 
rescisão e compra um carrinho para vender salgados próximo a uma escola. Pela boa variedade 
e qualidade de seus produtos, a sua clientela aumenta para além dos alunos e funcionários da 
escola, atendendo trabalhadores de vários escritórios próximos, precisando contratar um 
ajudante para despachar nos horários de pico e fazer delivery nos demais momentos. 
Continuando a crescer seu negócio, mas ainda sem nenhum investimento na gestão do mesmo, 
6 
 
resolve abrir uma lanchonete em um ponto comercial quase em frente ao local que ficava seu 
carrinho de salgados. Após iniciar suas atividades no estabelecimento comercial, recebe a visita 
de fiscais da prefeitura e vigilância sanitária que o autua, fecha seu estabelecimento e deram ao 
empreendedor um tempo para que ele registrasse sua empresa, tirasse seu alvará de 
funcionamento e atendesse as normas de saúde específicas para seu ramo de atuação. Somente 
a partir desse momento, sem nenhum conhecimento burocrático, ele procura um contador, sem 
nem saber que um advogado também deveria ter sido consultado, para poder abrir a sua 
empresa, registrada na Junta Comercial do estado, e pagar todas as guias de impostos dos mais 
variados para ter seu Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ) e seu alvará. Com isso, na 
atual conjuntura esse verdadeiro autônomo travestido de empresário está juridicamente em total 
igualdade com as maiores redes de lanchonetes do país. 
Foi justamente sabendo que essa é a grande maioria dos MEIs – Microempreendedores 
Individuais – e das MPEs que o constituinte coloca proteção a esses empreendedores nos artigos 
170 e 179 da CF/88, que será melhor detalhado no item de Análise Constitucional neste artigo. 
Assim como, também o fizeram os legisladores ao criarem a Lei Complementar n° 
123/2006, a saber: Estatuto da Micro e Pequena Empresa, que estará sempre sendo revisitada 
ao longo deste texto acadêmico. 
Outro ponto que vale a atenção é que no artigo 77, da mesma lei em tela, tanto em seu 
caput, como nos parágrafos 1° e 2°, está expresso, de forma clara e inequívoca, que as condições 
necessárias para o devido cumprimento do direito, nela positivado, deverão ser desenvolvidas 
pelo Comitê Gestor, em 30 dias, as instruções a serem seguidas para o alcance desse propósito 
e por todos os órgãos, esferas, etc., em um prazo máximo de 1 ano todas as leis e demais atos 
necessários para o cumprimento da norma, desde já, vigente, em 14 de dezembro de 2006. 
Essa análise literal do texto normativo ilustra que desde o dia 14 de dezembro de 2007 
a regra está sendo descumprida. Pois, desde então, já foi transcorrido o ano limite para que a 
norma de diferenciação às MPEs fosse aplicada, portanto, desfavorecendo tais pessoas jurídicas 
hipossuficientes frente às grandes empresas. Eis o mais acintoso descumprimento do que se 
está normado para os benefícios garantidos às pequenas empresas descritas acima. 
Quando se é atribuída ao micro e pequeno empresário essa qualificação de 
hipossuficiente se é feita por analogia, em uma crescente de dispositivos legais versando sobre 
este tema. Uma delas é a desse público ter uma ou mais das três espécies classificadas a seguir: 
“hipossuficiência econômica, a hipossuficiência de informação (ou técnica) e a hipossuficiência 
7 
 
jurídica”. (SOUZA, 2008, p.3). É exatamente como um consumidor é visto pelo Código de 
Defesa do Consumidor: 
 
 
Art. 6º São direitos básicos do consumidor: 
[...] 
VIII - a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da 
prova, a seu favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a 
alegação ou quando for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de 
experiências; (BRASIL, 1990). 
 
Não seria coerente que os MPEs fossem assim tratados? Tanto por analogia, como por 
uma hermenêutica teleológica, se fazendo valer, no momento do julgamento, a finalidade pela 
qual o constituinte e o legislador versaram sobre a necessidade de tratamento diferenciado a 
eles. 
 
2.1 AS POLÍTICAS PÚBLICAS DE FOMENTO ÀS MICRO E PEQUENAS 
EMPRESAS 
 
Conforme explanado mais acima, a Ciência do Direito inevitavelmente se intercala com 
as questões de caráter social, econômico, histórico, antropológico, dentre outras vertentes das 
Ciências Humanas. Com base nesse entendimento, é trazido aqui uma contextualização do 
cenário macro em que as MPEs estão inseridas. 
De acordo com Rossetti (2015), dentre as políticas públicas setoriais destinadas ao 
desenvolvimento socioeconômico do país está a de fomento à micro e pequena empresa. Neste 
interim, destaca-se a, já mencionada, Lei Complementar nº 123/2006, que estabelece uma série 
de benefícios a microempreendedores em matéria previdenciária, fiscal, trabalhista, bem como 
nos processos de contratação pública. Desta forma, percebe-se, desde já, uma preocupação 
constante por parte da política econômica dos governos brasileiros, ao menos na teoria, com os 
microempresários. Observa-se ainda que essa atenção ao microempreendedor não se restringe 
apenas a uma aprovação de lei infraconstitucional. Alexy (2014) salienta que na Constituição 
de 1988 destaca-se como essenciais à ordem econômica e financeira nacionais, conforme norma 
já vista acima no texto do artigo 170, inc. III. Ao se fazer a leitura deste artigo tal como propõe 
o autor anteriormente referenciado denota-se como fundamento central a valorização do 
trabalho humano e a livre iniciativa, bem como estre trecho da Carta Magna assegura a todos 
existência digna, conforme os ditames da justiça social. Ainda de acordo com Alexy (2014), 
dentre outros princípios constitucionais, enfatiza-se também o “tratamento favorecido para as 
8 
 
empresas de pequeno porte constituídas sob as leis brasileiras e que tenham sua sede e 
administração no País”. Numa análise teleológica, o que se percebe é que quando a Constituição 
assim estabelece esse contexto não mencionando as grandes, o faz para deixar evidente a 
hipossuficiência das pequenas empresas, portanto sua necessidade maior de tutela. 
Numa breve análise infraconstitucional, que há de ser mais aprofundada adiante, e 
destacando nesse contexto a Lei Complementar nº 123/2006, depreende-se que em seu bojo o 
Estatuto da Microempresa – nome instituído no momento de sua criação – estabelece normas 
gerais a respeito do tratamento diferenciado e favorecido às micro e pequenas empresas no 
âmbito dos diversos Poderes dos entes federativos nas áreas fiscal, previdenciária, trabalhista, 
societária, bem como de acesso às compras governamentais. Corroborando com o exposto 
Rossetti (2015) expõe que a supracitada lei prevê a prática de políticas públicas de acesso a 
mercados de crédito e de capitais, com o objetivo de reduzir custos de transação, a elevação da 
eficiência alocativa, o incentivo ao ambiente concorrencial e a qualidade do conjunto 
informacional, em especial o acesso e portabilidade das informações cadastrais relativas ao 
crédito. De fato, confrontando-se a LC nº 123/2006 com o trecho do artigo publicado por este 
autor constata-se que no que tange às deliberações sociais e estrutura organizacional, as micro 
e pequenas empresas ficam desobrigadas da realização de reuniõese assembleias instituídas 
pela legislação civil, bem como são dispensadas da publicação de qualquer ato societário. 
Ressalta-se também outro aspecto em que os microempreendedores apresentam um certo 
incentivo, como bem destaca Rossetti (2015, p.152): “Para o mercado nacional, a LC nº 123 
estimula o segmento de micro e pequenas empresas nas licitações públicas por meio de algumas 
medidas. A primeira delas diz respeito ao critério de desempate nas licitações”. Neste sentido, 
é importante enfatizar que ao longo do cenário histórico brasileiro, foi promulgada a Lei 
Complementar nº 147, que alterou em 2014, entre outros textos normativos, a Lei 
Complementar nº 123/2006. Esta nova lei tornou obrigatório o tratamento diferenciado nas 
licitações públicas da administração direta e indireta, autárquica e fundacional dos diversos 
entes, determinando que as micro e pequenas empresas fossem privilegiadas, propiciando 
diminuir as desigualdades existentes e o “abismo” existente entre as grandes e pequenas 
empresas, que já vem sendo apontadas ao longo deste artigo. 
Rossetti (2015) frisa em seu artigo que as medidas relacionadas às Leis Complementares 
já mencionadas, compreendem as principais políticas públicas destinadas ao fomento do micro 
e pequeno empreendedorismo. Apesar dos avanços, vê-se ainda que muito há de ser discutido, 
em especial na esfera jurídica, além disso tais conquistas necessitam ser reavaliadas 
9 
 
constantemente. Isto fica claro, quando o autor destaca em seu artigo acerca das mudanças a 
serem conquistadas enfatizando inclusive a necessidade de “gerar um potencial de 
oportunidades, especialmente sob a perspectiva da sustentabilidade empresarial do segmento 
frente à conjuntura econômica atual”. Para este fim, destaca-se neste cenário o papel 
fundamental do administrador público, bem como dos representantes do povo e do Judiciário. 
Segundo Rossetti (2015), é imperativo que haja reflexões substanciais por parte da 
Administração Pública abarcada pelo Estado Social intencionado pela Constituição de 1988, 
devendo buscar constantemente o aprimoramento das políticas públicas de fomento às micros 
e pequenas empresas – inclusive via arquitetura de outras políticas públicas paralelas – para 
fins de uma melhor inserção no mercado dessas. Portanto, além de ser possível questionar a 
própria geração de oportunidades viabilizada pelas políticas públicas atuais, o que a 
Constituição de 1988 determinou foi o tratamento diferenciado, em especial o jurídico, à micro 
e pequena empresa, objetivando a justiça social. E cabe à Administração Pública inclusive uma 
constante reflexão acerca dos benefícios alcançados, correções necessárias ao programa de 
políticas e, mais do que isso, o aprimoramento no sentido de reduzir a disparidade entre as 
posições existentes entre micro/pequenas e grandes empresas. É preciso além de fomentar, 
investir no acompanhamento, exigindo dessas pequenas estruturas empresariais a atuação 
voltada ao desenvolvimento (ROSSETTI, 2015). 
 
2.2 PROTEÇÃO E ESTÍMULO À FUNÇÃO SOCIAL DA EMPRESA POR MEIO DO 
ACESSO À JUSTIÇA 
 
Se for traçada uma análise histórica minuciosa da situação do microempresário no Brasil 
será constatada que há uma preocupação crescente com os mesmos. Entretanto, as mudanças 
ficam restritas ao campo econômico e social. A participação das pequenas empresas no PIB, na 
oferta de empregos e em outros indicadores econômicos vem crescendo, desde a década de 
1970. Segundo Touraine (2006), o processo de Globalização da economia mundial e o avanço 
das redes informatizadas são os grandes responsáveis por este crescimento, na medida em que 
estimularam a fragmentação e a especialização das organizações. De acordo com Karkache 
(2009), o ordenamento jurídico tributário brasileiro não poderia permanecer indiferente a esta 
conjuntura. A partir da década de 1980, surgiram normas específicas, buscando um tratamento 
favorecido às pequenas empresas, inicialmente restrito a meros benefícios fiscais no imposto 
de renda, mas evoluindo hoje para um amplo sistema especializado de tratamento tributário. 
10 
 
No Brasil, mantém-se esta tendência ao crescimento da participação e importância 
econômica das micro e pequenas empresas, conforme revela estudo do SEBRAE (2020). 
Em conjunto, as micro e pequenas empresas responderam, em 2002, por 99,2% do 
número total de empresas formais, por 57,2% dos empregos totais e por 26,0% da massa 
salarial. Em função do aumento expressivo do número de empregos gerados entre os dois anos 
nos dois segmentos, a massa salarial apresentou incremento real de 57,3% nas microempresas 
e 37,9% nas pequenas. 
Nesta perspectiva, Oliveira e Martins (2020) abordam que devido à tamanha relevância 
das ME e EPP para o desenvolvimento do país, torna-se indispensável que o Estado intervenha 
em prol das mesmas. Estes autores reconhecem em seu artigo que embora existam inegáveis 
conquistas que já foram alcançadas, é mister que: “a legislação ainda precise avançar para que 
possa verdadeiramente estar em consonância com a realidade social, mostrando-se 
indispensável criar formas mais eficientes de concretização da garantia constitucional ao 
tratamento diferenciado à empresa de pequeno porte”. 
Os autores acima complementam ainda que os programas de políticas de fomento não 
devem se restringir a estimular o mercado de micro e pequenos negócios com benefícios fiscais, 
trabalhistas, previdenciários e nas compras públicas, facilitando o acesso ao mercado, visto que, 
tais políticas, quando concretizadas, garantem apenas a igualdade de oportunidades a essas 
empresas. Inobstante, a melhor intepretação que se extai do texto constitucional é que o 
tratamento diferenciado dispensado à micro e pequena empresa tem como objetivo, muito mais 
que contribuir para o crescimento econômico do país, ser um eficiente mecanismo de justiça 
social. 
Nunes (2009) faz uma comparação das pequenas e médias empresas à grande população, 
ou seja, da mesma forma que muitas vezes esta encontra-se com grande dificuldade de acesso 
ao Poder Judiciário, assim também é o que ocorre com as primeiras. Esta maioria, quando tem 
acesso ao Judiciário, é como réu ou vítima. Elas também não tomam a iniciativa de ir ao 
judiciário para encontrar soluções para os seus problemas. Vão quando não têm alternativa e 
precisam defender-se. Os motivos da população são os mesmos das micro e pequenas empresas: 
o Judiciário é lento e muito caro. Essa percepção do judiciário – caro, lento e inoperante – leva 
à sua negação como fonte de resolução de conflitos. Privilegia-se, então, a negociação ou outras 
formas de satisfação de necessidades. É feita ainda a afirmação de que o Poder Judiciário é 
tradicionalmente utilizado pela elite e alguns setores de classe média. Contrapondo-se esse 
quadro com o mundo empresarial percebe-se que não é diferente no universo das empresas. 
11 
 
Este Poder termina sendo mais solicitado pela elite empresarial, ou seja, são as grandes 
empresas que mais recorrem a ele. As micro e pequenas empresas, que são a maioria das 
empresas em atividade, raramente o fazem. Mais do que isso, evitam-no, e só o procuram em 
último caso e numa atitude de defesa. Assim, o impacto econômico do funcionamento do 
Judiciário sobre as atividades das micro e pequenas empresas é praticamente nenhum. (NUNES, 
2009). 
Oliveira e Martins (2020) destacam que a situação tem mudado um pouco para as 
pessoas físicas em relação aos Juizados Especiais (antigos Juizados de Pequenas Causas), onde 
causas de menor complexidade e com valor de até 40 salários-mínimos, são julgadas com 
menos burocracia. Porém, as pessoas jurídicas não podem litigar nos Juizados Especiais. 
Segundo demonstrado neste artigo produzido pelos supracitados autores: “as micro e pequenas 
empresas deviam possuir uma instância de resolução de conflitos como os Juizados Especiais. 
Elas nem sempre podempagar um advogado. E a maior parte de seus problemas poderia ser 
resolvida de forma satisfatória e rápida num Juizado Especial”. 
Santos e De Lima (2018) acrescentam que a pequena empresa é uma importante aliada 
e auxiliar da grande empresa e conclui que não há, na verdade, um real antagonismo entre elas. 
Embora, em geral, concorde-se com esta visão, é de se registrar que a concorrência com as 
grandes empresas é desigual e constitui um dos fatores de risco para os pequenos negócios. 
Conforme bem salienta Oliveira e Martins (2020), para que as micro e pequenas 
empresas estejam continuamente expandindo, é necessário aprimorar os instrumentos que 
garantam uma maior vantagem competitiva em relação às grandes empresas, especialmente 
quanto à expansão do crédito, bem como linhas especiais de financiamento e garantias. Isso 
sem se descuidar quanto aos fatores que causam a mortalidade precoce desse seguimento, 
especialmente a falta de experiência do empreendedor com a gestão de negócios e a ausência 
de planejamento adequado para o empreendimento 
Ainda segundo os autores acima mencionados, urge necessário nesse contexto que o 
Estado promova condições motivadoras e benéficas para que os pequenos empreendimentos 
encontrem terreno propício para florescerem. E uma forma de incentivar a expansão desse 
seguimento e evitar sua morte prematura, é justamente através da concessão de benefícios 
fiscais, compreendidos como estímulos concedidos pelo governo, na área fiscal, cuja 
justificativa está ligada ao desenvolvimento sustentável nacional, a erradicação da pobreza e a 
redução das desigualdades regionais e sociais, que são os objetivos fundamentais da República. 
12 
 
Considerando que o fomento às micro e pequenas empresas tem se mostrado como 
essencial para aumentar a competitividade nacional, não há que se olvidar que essa política 
pública deve ser permanente e uniforme, a fim de se evitar a contraposição dos pequenos 
negócios ao poder econômico das grandes empresas, isso porque, apoiar esse seguimento é 
autenticamente uma eficiente política de Estado, sobremodo como instrumento de promoção 
social, razão pela qual deve estar inserida na estrutura institucional. Contudo, a situação natural 
das pequenas empresas no cenário nacional é desfavorável. A livre concorrência e livre 
iniciativa, postulados praticados na economia brasileira, não conduz a uma competição perfeita, 
pois o desequilíbrio de armas e de oportunidades entre os agentes econômicos, aliado a uma 
tendência de concentração do capital, tornaram-se a regra. E a convivência destes pequenos 
negócios com médias e, sobretudo, grandes empresas, é um forte fator de desestímulo 
(OLIVEIRA e MARTINS, 2020). 
Segundo Silva (2021), apesar do importante papel que ocupam no país, as micro e 
pequenas empresas enfrentam diversas dificuldades na sobrevivência. Antes mesmo do início 
das suas atividades o empreendedor já se vê com um amontoado de papéis e burocracia para 
conseguir cadastrar sua empresa nos diversos órgãos públicos envolvidos, tais como receita 
federal. Nesse interim, tal estudo ainda relata que o Brasil se encontra em 138° lugar, dos 190 
países pesquisados, na classificação de “tempo de abertura de empresa”, apontando uma 
estimativa em média de demora em torno de15 dias. Essa burocracia excessiva decorre de um 
cenário que aponta as fragilidades da realidade brasileira, justificando em parte a falência destas 
empresas, bem como o alto índice de informalidade. 
Diante do covid-19 as dificuldades emergiram ainda mais, sobretudo na esfera jurídica. 
Como evidenciado nos parágrafos anteriores, há mais de 20 anos, as MPEs vêm enfrentando 
diversas dificuldades em comum e durante essa pandemia não foi diferente. Com aumento do 
desemprego e agravamento da crise econômica mais de 73% já não estavam bem antes da crise 
e uma das principais dificuldades foi em replanejar e tomar decisões rapidamente (SEBRAE, 
2020). Segundo pesquisas realizadas pelo Sebrae (2020), mais de 10.1 milhões de empresas 
foram afetadas negativamente, interrompendo o funcionamento temporariamente e poucas 
foram as que não sentiram o impacto desse novo contexto. Ressalta-se neste estudo que os 
quatro segmentos mais afetados foram: construção civil, alimentação fora do domicílio, moda 
e varejo tradicional, sendo que estes microempreendedores de modo geral se viram com 
dificuldades de acesso a um tratamento mais equânime. 
13 
 
3 ACESSO À JUSTIÇA 
 
De acordo com Lenza (2016), acesso à Justiça para Microempresa e Empresa de 
Pequeno Porte, abarcam normas gerais relativas ao tratamento diferenciado e favorecido no 
âmbito de todos os poderes e dos entes federativos. 
Contudo, para contextualizar de maneira restrita ao acesso à Justiça pelas 
Microempresas e Empresas de Pequeno Porte, será necessário analisar o estudo das três ondas 
renovatórias de acesso à Justiça em sentindo amplo. 
Esse acesso específico origina-se de um estudo de um Direito Comparado, feito por dois 
autores, um italiano, Mauro Capelletti e, um canadense, Bryant Garth (1988). 
Os supracitados cientistas do Direito compararam de forma histórica, e em diversos 
países, como o acesso à justiça foi tratado. Através desse procedimento, foi esclarecido o estudo 
das “3 ondas”. São exatamente três momentos diferentes, com características distintas. 
A 1ª (primeira) onda renovatória, foi analisada com o surgimento das garantias de 
assistência jurídica aos pobres. Existiam ao longo da história jurídica normas esparsas que 
tratavam dessa garantia aos hipossuficientes ou menos favorecidos, portanto, em 1776, com a 
Declaração de Direitos do Bom Povo da Virginia, a primeira onda surgiu através do Princípio 
da Igualdade Perante a Lei. No Ordenamento Jurídico Brasileiro, começou um pouco antes, 
pela Lei 1.060, de 05 de fevereiro de 1950, no art. 1°, a saber: “Os poderes públicos federal e 
estadual concederão assistência judiciária aos necessitados nos termos da presente Lei”. 
Em seguida, essa 1ª onda foi observada no artigo 5º, inciso LXXIV, texto original, e, no 
artigo 134, da Constituição Federal de 1988, este último com texto incorporado na Carta Magna 
pela EC 80/2014. 
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-
se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à 
vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: 
LXXIV - o Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita aos que 
comprovarem insuficiência de recursos; (BRASIL, 1988). 
 
Esse artigo supracitado trata de maneira ampla a igualdade a todos os brasileiros e 
estrangeiros residentes no Brasil, mas é no inciso LXXIV observa uma ligação direta ao sentido 
da 1ª onda. 
Art. 134. A Defensoria Pública é instituição permanente, essencial à função 
jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe, como expressão e instrumento do regime 
democrático, fundamentalmente, a orientação jurídica, a promoção dos direitos 
humanos e a defesa, em todos os graus, judicial e extrajudicial, dos direitos individuais 
e coletivos, de forma integral e gratuita, aos necessitados, na forma do inciso LXXIV 
do art. 5º desta Constituição Federal. (BRASIL, 1988). 
 
14 
 
Nesse artigo é importante salientar o surgimento de uma instituição com o objetivo 
exclusivamente de paridades de armas aos mais necessitados e hipossuficientes. 
É assaz oportuno mencionar que essa norma do artigo 134 CF/88 é sim um grande ganho 
para se alcançar, em relação às MPEs especificamente, uma maior proximidade ao acesso à 
justiça ampla, que vem sendo aqui investigada e discutida. Todavia, não se pode deixar de 
destacar como esse “avanço” no sentido do referido acesso é em demasia moroso, haja visto 
que seu conteúdo material só se deu em 2019, portanto mais de três décadas do direito estar 
expresso na Constituição da República Federativa do Brasil e ainda trezeanos após a instituição 
do Estatuto da Micro e Pequena Empresa, que é de 2006. 
Pode-se, portanto, usar o direito comparado para identificar a subjunção do Acesso à 
Justiça para Microempresa e Empresa de Pequeno Porte, de maneira mais restrita. Realizando 
um comparativo com a 1ª onda, os direitos dos menos favorecidos, far-se-á uma ligação direta 
com as pequenas empresas que também, como visto acima, são hipossuficientes dentro do 
mundo empresarial, conforme o artigo 170, inciso IX, e o artigo 179, ambos da Constituição 
Federal de 1988. 
Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre 
iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da 
justiça social, observados os seguintes princípios: 
IX - tratamento favorecido para as empresas de pequeno porte constituídas sob as leis 
brasileiras e que tenham sua sede e administração no País. 
Art. 179. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios dispensarão às 
microempresas e às empresas de pequeno porte, assim definidas em lei, tratamento 
jurídico diferenciado, visando a incentivá-las pela simplificação de suas obrigações 
administrativas, tributárias, previdenciárias e creditícias, ou pela eliminação ou 
redução destas por meio de lei. (BRASIL, 1988). 
 
Vê-se nesse artigo claramente a ligação direta do sentido da 1ª onda e a hipossuficiência 
da micro e pequenas empresas. 
Já a 2ª onda é o surgimento do direito transindividuais em juízo e difuso, ganhou 
destaque no final da década de 80 para o início da década de 90, na legislação brasileira. No 
Direito do Consumidor a Lei nº 8.078/1990 é exemplo básico de Direito Coletivo em juízo, 
principalmente no artigo 81, a saber: “A defesa dos interesses e direitos dos consumidores e das 
vítimas poderá ser exercida em juízo individualmente, ou a título coletivo”. 
No que tange o direito difuso pode ser observado na Legislação de Crimes Ambientais, 
9.605, em 12 de fevereiro de 1998, principalmente no seu artigo 2º, abaixo transcrito: 
 
Art. 2º Quem, de qualquer forma, concorre para a prática dos crimes previstos nesta 
Lei, incide nas penas a estes cominadas, na medida da sua culpabilidade, bem como 
o diretor, o administrador, o membro de conselho e de órgão técnico, o auditor, o 
gerente, o preposto ou mandatário de pessoa jurídica, que, sabendo da conduta 
criminosa de outrem, deixar de impedir a sua prática, quando podia agir para evitá-la. 
15 
 
 
Neste artigo nota-se que os titulares são indeterminados, ou seja, direito difuso não 
alcançam alguém em particular, é simultaneamente atinge a todos, pois merecem uma proteção 
especial. 
Identificado na Legislação brasileira, a 2ª onda passará analisar ao acesso à justiça para 
MPEs, no qual é evidenciado no direito tributário, especificamente no Simples Nacional, 
elencado na Lei Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006, especificamente no artigo 
18-A: 
Art. 18-A – O microempreendedor Individual – MEI poderá optar pelo recolhimento 
dos impostos e contribuições abrangidos pelo Simples Nacional em valores fixos 
mensais, independentes da receita bruta por ele auferida no mês, na forma prevista 
neste artigo. (BRASIL, 2006). 
 
Ante o exposto, é configurado, a composição da 2ª onda às MPEs através do Simples 
Nacional, são tratados os direitos transindividuais e difusos, na sua proteção especial e coletiva 
no âmbito do mundo empresarial. 
Depois de elencar sobre as primeiras ondas, é relevante analisar sobre a última onda. Na 
3ª onda concentra-se numa reestruturação do processo como um todo, para que a prestação 
jurisdicional seja mais célere e mais efetiva. No Brasil, as ideias de Direito Fundamental e a 
razoável duração do processo, deram início ao Juizado Especiais Civis e Criminais, a partir da 
Lei 9.099/95, e logo em seguida, em 2001, nos Juizados Especiais Federais e Juizados Especiais 
da Fazenda Pública, Lei 259/2001. 
Realizando uma subjunção da 3ª onda ao acesso à justiça para as MPEs, configura-se 
no entendimento ao Estatuto Nacional da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte, no 
qual está regido na Lei complementar nº 123/2006, já mencionada anteriormente, e o seu 
conceito específico no artigo 1º, desta lei: 
 
Art. 1º – Esta Lei Complementar estabelece normas gerais relativas ao tratamento 
diferenciado e favorecido a ser dispensado às microempresas e empresas de pequeno 
porte no âmbito dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito federal e dos 
Municípios, especialmente no que se refere: (BRASIL, 2006). 
 
Foram analisados os tratamentos jurídicos diferenciados, através do estudo das 3 ondas, 
de uma maneira restrita, porém bastante relevantes para as MPEs. Contudo, esses tratamentos, 
embora garantidos, não estão amplamente consolidados, ou, pelo menos, não exercidos. 
Existem, como observado, normas instituídas, contudo sonegadas, não tendo, portanto, uma 
eficácia suficiente a ponto desses empresários hipossuficientes terem os seus direitos tutelados 
e cumpridos para obediência, não só da lei específica, mas sobretudo da Carta Magna do país, 
conforme os artigos 170 e 179, CF/88, já citados anteriormente. 
16 
 
4 TRATAMENTO JURÍDICO DIFERENCIADO ÀS MICRO E PEQUENAS 
EMPRESAS 
 
Diversos dispositivos legais versam sobre a garantia das MPEs terem tratamentos 
diferenciados. Aqui serão explanados alguns deles, com os enfoques segmentados por níveis 
hierárquicos legislativos, sem um o constitucional e o outro o infraconstitucional. 
 
4.1 ANÁLISE CONSTITUCIONAL 
 
Tendo ciência de que a norma maior do Ordenamento Jurídico brasileiro é a 
Constituição Federal, serão sinalizados aqui os dispositivos legais que versam sobre a questão 
de ordem das Micro e Pequenas Empresas terem direito a tratamento jurídico diferenciado, 
nesse sentido, analisa-se os seguintes dispositivos extraídos da Constituição da República 
Federativa do Brasil, de 1988, atualmente vigente: Os artigos 5°, inciso LXXIV, 134 caput e §, 
170, inciso IX e Parágrafo Único e o 179. Nesta análise serão observadas as datas de vigor de 
cada uma dessas normas constitucionais, a fim de, inicialmente, verificar que já começa a haver 
movimentos em prol de que venha a ser exercido a amplo acesso à Justiça pelos 
microempresários, contudo também ficará explícito como a executoriedade de seus direitos, 
ainda que advindos do conjunto normativo de maior nível hierárquico do Ordenamento Jurídico 
Brasileiro, ainda não são realizados, ou, pelo menos, não de maneira pragmática e sem óbices. 
Os artigos supracitados foram, individualmente, analisados: O 5°, inciso LXXIV, de 
1988, garante assistência jurídica integral e gratuita aos que comprovem insuficiência de 
recurso. A questão aqui é que, primeiramente esclarecer que a assistência judiciária gratuita que 
fala o artigo em questão, não é a mesma coisa que a gratuidade da justiça, postulado nos artigos 
98 a 102 CPC – Código de Processo Civil de 2015, melhor detalhado mais adiante. 
Esclarecido este fato, é preciso dizer que as pequenas empresas em geral têm 
dificuldades, muitas vezes, nessa comprovação de ter recursos insuficientes, o que, por 
conseguinte, acarreta o não exercício pleno deste direito de gratuidade da justiça. 
O artigo 170, inciso IX, incluído pela Emenda Constitucional 06 de 1995, já estipula 
expressamente que as pequenas empresas têm direito a tratamento favorecido. Nota-se que não 
há menção da necessidade de uma regulamentação ou de criação de uma lei infraconstitucional 
para que tal norma seja executada. No seu Parágrafo Único, incluído pela Lei 13.874 de 2019, 
é trazida uma proteção, de caráter administrativo, ao livre exercício das mais variadas atividades 
econômicas, que tão logo as empresas sejam registradas como sendo pequenas, já possam, na 
17 
 
maioria das vezes começar a funcionar sem precisar o exercício do Poder de Polícia do Estado 
para as autorizarem. É, de fato um ganho a este público, entretantonão pode ser chamado de 
um passo em direção ao acesso amplo à Justiça, devido a se tratar muito mais minimização de 
burocracias no Poder Administrativo do Estado. 
No artigo 134, transcrito abaixo, com redação dada pela EC 80 de 2014, o seu teor é 
sobre a Defensoria Pública, que com esse novo texto já explicita o direito ao acesso integral e 
gratuito aos necessitados, não fazendo menção de que esses necessitados sejam apenas as 
pessoas naturais, logo há de se permitir uma interpretação extensiva que abarque as pessoas 
jurídicas, não fosse assim os legisladores teriam especificado. Já no texto do seu parágrafo 1°, 
incluído pela EC 45 de 2004, evidenciado a seguir, a Carta Magna traz a necessidade da 
existência de uma Lei complementar ulterior que possa fazer com que a matéria aqui 
contemplada possa, então, produzir seus efeitos. Isto, é o que o professor José Afonso da Silva 
ensina como sendo uma norma de eficácia limitada, ou seja, indireta, mediata e reduzida, 
precisando dessa legislação posterior para que possa ser aplicada, diferente do que foi visto no 
artigo 170, inciso IX. 
Art. 134. [...] 
 
§ 1º Lei complementar organizará a Defensoria Pública da União e do Distrito Federal 
e dos Territórios e prescreverá normas gerais para sua organização nos Estados, em 
cargos de carreira, providos, na classe inicial, mediante concurso público de provas e 
títulos, assegurada a seus integrantes a garantia da inamovibilidade e vedado o 
exercício da advocacia fora das atribuições institucionais. (Renumerado do parágrafo 
único pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004). (BRASIL, 2014). 
 
É no artigo 179, desde 1988, que se vê a maior evidência de que, de forma expressa e 
categórica, todos os entes federativos devem dispensar um “tratamento jurídico diferenciado” 
às microempresas, empresas de pequeno porte, e por alusão, aos microempreendedores 
individuais. Sem necessidade de complementação por lei futura. 
Como apresentado, o direito ao tratamento jurídico diferenciado às Micro e Pequenas 
Empresas não é uma questão, apenas, de hermenêutica ou de doutrina, mas principalmente 
normativa, em especial na Carta Magna do Brasil, de forma expressa e taxativa. 
É claro que as questões hermenêuticas e da doutrina serão abordadas, dadas as suas 
importâncias, tanto pela transformação de um texto em, efetivamente, uma norma vinculante. 
Como também pela provocação que tais abordagens trouxeram na pesquisa jurídica aqui 
apresentada. O intuito desse destaque ao quesito normativo constitucional, desde já, se deve a 
uma questão de organização de ideias, a fim de evidenciar o quão importante é o problema 
18 
 
jurídico em epígrafe neste estudo, uma vez que já começa a ser analisado pelo prisma da norma 
basilar estatal. 
Os dispositivos constitucionais supracitados, com exceção do artigo 134, parágrafo 1°, 
conforme já classificado acima, têm a classificação normativa, acerca de sua eficácia, como 
sendo Norma Constitucional de Eficácia Redutível, “são aquelas que têm aplicabilidade 
imediata, integral, plena, mas que podem ter reduzido seu alcance pela atividade do legislador 
infraconstitucional” (LENZA, 2016). Com base nesse entendimento, vê-se que o direito das 
Micro e Pequenas Empresas a terem seu tratamento jurídico diferenciado já está positivado e 
deve ser cumprido, não precisando de uma legislação infraconstitucional para regulá-la, afinal 
a norma de eficácia redutível nasce como Norma de Eficácia Plena, até que outra legislação a 
restrinja, conforme a seguinte elucidação: 
 
[...] normas de eficácia plena são as que receberam da constituinte normatividade 
suficiente à sua incidência imediata. Situam-se predominantemente entre os 
elementos orgânicos da Constituição. Não necessitam de providência normativa 
ulterior para sua aplicação. Criam situações subjetivas de vantagem ou de vínculo, 
desde logo exigíveis [...] (LENZA, 2016). 
 
Destarte, cabe ao Sistema Judiciário e operadores do Direito que tal garantia seja deveras 
aplicada, ficando ao legislador apenas a faculdade de regular alguma limitação à aplicação desse 
tratamento diferenciado constitucionalmente garantido, inclusive também positivado em Lei 
Complementar, portanto infraconstitucional, como poderá ser apreciado no item abaixo. 
4.2 ANÁLISE INFRACONSTITUCIONAL 
Além do embasamento constitucional para a necessidade da aplicação e garantia de 
ordem prática para um tratamento jurídico diferenciado às Micro e Pequenas Empresas, há 
ainda, para corroborar com essa reflexão e entendimento, legislação infraconstitucional, com 
um condão de maior especificidade acerca do tema como evidencia os trechos aqui mais 
pertinentes do Estatuto Nacional da Microempresa e Empresa de Pequeno Porte, instituído pela 
Lei Complementar N° 123 de 14 de dezembro de 2006, que já foi transcrito no item 3 deste 
artigo. 
Essa legislação em análise traz, já em seu artigo 1°, um regramento bem claro, que não 
é meramente principiológica, e já deve prontamente ser seguido pelos operadores do Direito e 
igualmente no Sistema Judiciário brasileiro. Dando continuidade nesse raciocínio, para 
entender o que é “regra”, faz-se imperativo, para uma melhor compreensão da força normativa 
do dispositivo legal em questão, trazer os ensinamentos dos juristas Ronald Dworkin e Robert 
19 
 
Alexy, acerca deste termo que compõem, junto com os princípios, as normas jurídicas. 
Primeiramente vale saber o seguinte entendimento desses autores: “Se uma regra vale, então, 
deve se fazer exatamente aquilo que ela exige; nem mais, nem menos.” (LENZA, 2016). Com 
isso pode ser percebido que uma vez tendo esse tipo de norma no Ordenamento Jurídico como 
um texto vigente, o mesmo deve ser cumprido exatamente no que ele traz escrito. 
Outro grande legado dos supracitados estudiosos do tema é que: “... regra somente 
deixará de incidir sobre a hipótese de fato que contempla se for inválida, se houver outra mais 
específica ou se não estiver em vigor”. (LENZA, 2016). Analisando tal doutrina, e fazendo um 
recorte apenas do trecho “...se houver outra mais específica...”, pode-se rebater argumentos que 
ousassem inferir que a norma constitucional não fosse suficientemente clara, ou fosse 
incompleta, ou notadamente genérica. Isto porque sabendo que uma regra, quando mais 
específica, ou seja, quando trata a matéria com mais propriedade e especificidade, a mesma 
substituiria a eventual anterior. Assim sendo, por essa compreensão da legislação 
infraconstitucional fica evidenciado a necessidade da execução da regra postulada lei acima 
mencionada. 
Atentem-se para outro conteúdo do mesmo diploma legal em tela: 
 
Art. 77. Promulgada esta Lei Complementar, o Comitê Gestor expedirá, em 30 
(trinta) meses, as instruções que se fizerem necessárias à sua execução. 
§ 1º O Ministério do Trabalho e Emprego, a Secretaria da Receita Federal, a Secretaria 
da Receita Previdenciária, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios deverão 
editar, em 1 (um) ano, as leis e demais atos necessários para assegurar o pronto e 
imediato tratamento jurídico diferenciado, simplificado e favorecido às 
microempresas e às empresas de pequeno porte. 
§ 2º A administração direta e indireta federal, estadual e municipal e as entidades 
paraestatais acordarão, no prazo previsto no § 1º deste artigo, as providências 
necessárias à adaptação dos respectivos atos normativos ao disposto nesta Lei 
Complementar. [...]. (BRASIL, 2006). 
 
Por ter sido mencionado, na análise constitucional o direito à Gratuidade da Justiça, 
quando este foi confrontado com a Assistência Judiciária Gratuita, torna-se indispensável que 
sua análise infraconstitucional também seja aqui realizada. Entre os mencionados artigos de 98 
a 102 CPC/15, segue a leitura de um trecho do artigo 99, caput e alguns parágrafos: 
 
Art. 99. O pedido de gratuidade da justiça pode ser formulado na petição inicial, na 
contestação, na petição para ingresso de terceirono processo ou em recurso. 
[...] 
§ 2º O juiz somente poderá indeferir o pedido se houver nos autos elementos que 
evidenciem a falta dos pressupostos legais para a concessão de gratuidade, devendo, 
antes de indeferir o pedido, determinar à parte a comprovação do preenchimento dos 
referidos pressupostos. 
§ 3º Presume-se verdadeira a alegação de insuficiência deduzida exclusivamente por 
pessoa natural. (BRASIL, 2015). 
 
20 
 
Está expresso em seu parágrafo 3° que a pessoa natural basta apenas declarar que não 
possui recursos para pedir a sua gratuidade de justiça. Aqui ficam algumas reflexões: Se em 
tantos dispositivos, já expostos neste artigo, há a taxativamente o direito de tratamento jurídico 
diferenciado e simplificado às MPEs, por que nesse artigo 99 do CPC/15 não já houve uma 
menção direta para que tal público gozasse do mesmo benefício das pessoas naturais; e mais, 
Se pelo entendimento de inúmeros dispositivos normativos esparsos, de diferentes hierarquias 
e momentos, é de que as Micro e Pequenas Empresas, e por alusão os MEIs, são 
hipossuficientes, não seria oportuno se usar de analogia para que coubesse utilizar-se do 
supracitado parágrafo para o pleito de uma pequena empresa à sua gratuidade de justiça de 
forma simplificada, como já lhe é garantido por leis? 
Mais um avanço dado em direção ao acesso à justiça em sentido amplo para as 
microempresas foi o texto da Lei Complementar 132 de 2009, que alterou o texto a seguir da 
Lei Complementar 80 de 1994. 
 
Art. 4º São funções institucionais da Defensoria Pública, dentre outras: 
[...] 
V – exercer, mediante o recebimento dos autos com vista, a ampla defesa e o 
contraditório em favor de pessoas naturais e jurídicas, em processos administrativos 
e judiciais, perante todos os órgãos e em todas as instâncias, ordinárias ou 
extraordinárias, utilizando todas as medidas capazes de propiciar a adequada e efetiva 
defesa de seus interesses [...]. 
 
Embora seja sim um dispositivo que deveria ser comemorado, pelo fato de ele incluir as 
pessoas jurídicas, juntamente com as pessoas naturais, no rol de possíveis defendidos pela 
Defensoria Pública, foi justamente essa expressão “e jurídicas” que deu origem a uma ADI – 
Ação Direta de Inconstitucionalidade, ingressada pela OAB – Ordem dos Advogados do Brasil, 
tentando que fazer com que a Defensoria Pública atender às Pessoas Jurídicas fosse considerado 
inconstitucional. É claro que o texto se referir às Pessoas Jurídicas, ele está mesmo abarcando 
também médias e grandes empresas que, de fato, não são hipossuficientes para fazer jus a tal 
benefício de acesso. Mas seria o melhor mesmo retirar o direito das MEIs, MEs e EPPs de ter 
mais essa alternativa para conseguir melhorar, o que ainda é muito incipiente, a possibilidade 
de acesso à justiça, só para não querer que médias e grandes empresas não tivessem essa 
garantia? No entanto, ao menos, mais um dispositivo legal acabou sendo criado com isso, a 
favor das pequenas empresas em geral, visto que o referido ADI foi considerado improcedente, 
em 2021, como evidencia a citação abaixo: 
 
Ação direta de inconstitucionalidade. 2. Art. 4º, inciso V, expressão “e jurídicas” e § 
6º, da Lei Complementar nº 80/1994, com a redação dada pelo art. 1º da Lei 
21 
 
Complementar nº 132/2009. 3. Atendimento de pessoas jurídicas pela Defensoria 
Pública. Possibilidade. 4. Capacidade postulatória do Defensor Público em razão de 
nomeação e posse no cargo. Constitucionalidade. 5. Ação direta de 
inconstitucionalidade julgada improcedente. (BRASIL, 2022). 
 
Além de todos esses artigos acima, pode-se ter um entendimento, amplo e concatenado, 
sendo discutido neste trabalho acadêmico, visto que além dos pontos estritamente jurídicos, aos 
quais as Micro e Pequenas Empresas, e MEIs por alusão, têm direito aos benefícios 
exaustivamente citados, estão também alguns textos legais abaixo, que sinalizam que este 
mesmo público tem garantido também benefícios de tratamentos diferenciados em relação ao 
tema tributário. O motivo, portanto, de ser trazido isso à baila, se dá pelo fato de que, no que 
tange os aspectos tributários já se há implementação de normas e políticas distintas que 
possibilitam a execução do que lhe é juridicamente garantido. 
Esclarecido isso, ressalva-se que, além do que cabe no âmbito de discussão técnico-
jurídica, que está sendo aqui aprofundado, os textos legais mais adiante trarão uma melhor 
compreensão sistêmica sobre um prisma multidisciplinar de caráter sociológico, econômico, 
tributário e, também, jurídico. 
 
5 DIFICULDADES ENFRENTADAS PELOS PEQUENOS EMPRESÁRIOS 
 
Apesar do surgimento do Estatuto Nacional da Microempresa e da Empresa de Pequeno 
Porte, regido pela Lei Complementar n° 123/2006, que oferece tratativas benéficas ao pequeno 
empresário, é necessário informar, que são reais e específicas as dificuldades dos 
empreendedores nos ramos de atividades empresárias de pequenos portes no Brasil. 
Poderá ser analisado algumas pesquisas no Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística 
(IBGE), observando um número altíssimo de empresas que encerraram suas atividades nos 
últimos anos, e sendo a maioria microempresas. 
Alguns fatores essenciais contribuíram para um nível elevado de encerramento das 
atividades empresárias, dentre eles, há a má prestação ao acesso à Justiça. Na Lei 
Complementar n° 123/2006, no capítulo XII e XIII, as instituições públicas e privadas, realizam 
um tratamento superficial da norma. 
Feito esses esclarecimentos, o texto legal abaixo traz uma melhor compreensão. 
 
Art. 75. As microempresas e empresas de pequeno porte deverão ser estimuladas a 
utilizar os institutos de conciliação prévia, mediação e arbitragem para solução dos 
seus conflitos. 
§ 1º Serão reconhecidos de pleno direito os acordos celebrados no âmbito das 
comissões de conciliação prévia. 
22 
 
§ 2º O estímulo a que se refere o caput deste artigo compreenderá campanhas de 
divulgação, serviços de esclarecimento e tratamento diferenciado, simplificado e 
favorecido no tocante aos custos administrativos e honorários cobrados. (BRASIL, 
2006). 
 
Percebe-se que há legitimidade nesse artigo, porém, na prática, esse tratamento apenas 
está solidificado no direito trabalhista, através da Comissão de Conciliação Prévia, regida pela 
Lei n° 9.958/2000. Contudo, nos outros ramos do Direito, a efetividade deste artigo não é 
encontrada, mesmo o caput trazendo a expressão: “deverão ser estimuladas...” e no parágrafo 
2° um rol exemplificativo de atividades programáticas a serem cumpridas. 
Portanto, o Acesso à Justiça no sentindo amplo abrange não somente os órgãos 
jurisdicionais, como também a todos os mecanismos de soluções adequada dos conflitos e 
interesses do microempreendedor, seja, pelo critério da jurisdição de conflitos por terceiros ou, 
pelo mecanismo de concessões, em especial a negociação, conciliação e a mediação. E ainda o 
Direito da informação e orientação, não apenas a solução do conflito, como também em relação 
as dificuldades jurídicas e burocráticas que impedem o verdadeiro e pleno exercício da 
cidadania. 
Para explicar melhor a dificuldade enfrentada desse público pela inobservância do seu 
direito ao tratamento diferenciado, devidamente positivado, vale imaginar algumas situações 
práticas. Como, por exemplo, em uma ação judicial de cobrança que uma MPE venha a mover 
contra uma empresa de grande porte que tenha descumprido uma obrigação contratual, 
tornando-se inadimplente de uma soma que hipoteticamente seja de R$ 100.000,00 (cem mil 
reais) e que pelo tratamento processual indistinto para ambas esse processo perpassará anos até 
a prolatação da sentença. Sendo que nesse exemplo, o valor cobrado representa cerca de 1/3 
(um terço) do faturamento anual da microempresa, quando para a empresa de grande porte é 
uma quantia até módica frente ao seu faturamento. 
Ainda é possível apresentar uma outra situaçãoem que com o advento da Lei n° 
13.709/2018 – Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), todas as Pessoas Jurídicas, que de 
alguma forma, tenham em seu poder dados pessoais precisam estar adequados e terem um 
funcionário, intitulado Encarregado de Dados, para a devida proteção que versa a legislação em 
questão, mitigar riscos de vazamento de dados, se comunicar com a ANPD – Agência Nacional 
de Dados Pessoais, com todos os titulares de dados que venham a demandar informações sobre 
seus dados, com os encarregados de dados dos seus fornecedores, etc. Mas será razoável tratar 
aquele “autônomo com CNPJ”, que ilustrou o exemplo da criação de uma microempresa, em 
iguais condições às grandes corporações? 
23 
 
Ante o exposto, é notório compreender que há uma necessidade expressa no 
ordenamento jurídico a obediência e efetividade no sentido amplo de tantos dispositivos legais 
já apresentados, em especial, a Lei n° 123/2006. 
 
6 POSSÍVEIS SOLUÇÕES PARA PEQUENAS EMPRESAS, EM GERAL, TEREM 
ACESSO À JUSTIÇA DE FORMA AMPLA 
 
Diante das muitas pesquisas realizadas para confecção deste artigo acadêmico, foi 
percebido que existem muitas possibilidades para a solução do problema aqui estudado. 
Podendo ser não só de cunho técnico-jurídico, mas também administrativo, legislativo e social. 
A proposta aqui, no entanto, é dar ênfase no que for mais voltado para as soluções de âmbito 
jurídico. Sem desconsiderar e nem desfavorecer outras possibilidades que venham a garantir o 
real acesso à Justiça, ao público em questão. 
A primeira solução apontada é, no que tange a Lei n° 9.099/95 dos Juizados Especiais, 
em que o tratamento dispensado às pessoas naturais seja o mesmo às MPEs. Isto porque 
atualmente, mesmo com as indiscutíveis melhoras, ao menos, legislativas, onde as leis vêm 
evoluindo no intuito de dar cada vez mais garantias e tutela às microempresas, a referida 
legislação, com o novo texto trazido pela Lei Complementar n° 147 de 2014, inclui no seu 
artigo 8°, parágrafo 1°, inciso II, a possibilidade dos microempreendedores individuais, 
microempresas e empresas de pequeno porte serem partes nos Juizados Especiais, contudo no 
seu artigo 9°, parágrafo 1°, coloca a pessoa jurídica e a firma individual, como desfavorecidos 
diante da pessoa natural, cuja mesma, ainda que estando desassistida de um advogado, quando 
o réu apenas seja pessoa jurídica já enseja o direito da outra parte ter direito a assistência 
judiciária. Nota-se aqui um verdadeiro contrassenso, devido a um empresário individual ser 
uma das configurações de pessoas jurídicas mais próximas de uma pessoa natural, ou mesmo 
uma pessoa hipossuficiente, como já foi explanado anteriormente. 
 
Art. 8º Não poderão ser partes, no processo instituído por esta Lei, o incapaz, o preso, 
as pessoas jurídicas de direito público, as empresas públicas da União, a massa falida 
e o insolvente civil. 
§ 1º Somente serão admitidas a propor ação perante o Juizado Especial: (Redação 
dada pela Lei nº 12.126, de 2009) 
I – as pessoas físicas capazes, excluídos os cessionários de direito de pessoas jurídicas; 
(Incluído pela Lei nº 12.126, de 2009) 
II – as pessoas enquadradas como microempreendedores individuais, microempresas 
e empresas de pequeno porte na forma da Lei Complementar no 123, de 14 de 
dezembro de 2006; (Redação dada pela Lei Complementar nº 147, de 2014) 
[...] 
§ 2º O maior de dezoito anos poderá ser autor, independentemente de assistência, 
inclusive para fins de conciliação. 
 
Art. 9º Nas causas de valor até vinte salários-mínimos, as partes comparecerão 
pessoalmente, podendo ser assistidas por advogado; nas de valor superior, a 
assistência é obrigatória. 
§ 1º Sendo facultativa a assistência, se uma das partes comparecer assistida por 
advogado, ou se o réu for pessoa jurídica ou firma individual, terá a outra parte, se 
24 
 
quiser, assistência judiciária prestada por órgão instituído junto ao Juizado Especial, 
na forma da lei local. (BRASIL, 1995). 
 
De acordo com uma pesquisa realizada pelos juristas Aguiar, Sakamoto e Romualdo 
(2013), do Departamento de Direito das Faculdades Integradas de Ourinhos, não há norma 
regulamentadora padronizando as modalidades de empresa, sequer relacionando quais são as 
documentações obrigatórias para ingressarem nos Juizados Especiais, ficando essas 
regulamentações a cargo de cada uma das comarcas, com regramentos bem distintos uma da 
outra. Nessa mesma pesquisa, foi identificado que tanto os contadores quantos os 
microempresários e as empresas de pequeno porte, mesmo sabendo, minimamente, que existe 
a possibilidade de terem acesso ao referido juizado, a grande quantidade de documentação, 
burocracia e, principalmente os custos elevados para esses pequenos empresários, quase a 
totalidade dessas empresas preferem tentar buscar as resoluções de suas questões por vias 
extrajudiciais, evidenciando, justamente a questão de que não é apenas criar regras que deem o 
direito de se acessar o Poder Judiciário, mas sim que essas normas sejam cumpridas, facilitadas 
e disseminadas para o amplo conhecimento de todos os envolvidos. 
 Outra solução que pôde ser aqui proposta com base nas diversas fontes consultadas é a 
de a Defensoria Pública fazer uma campanha informativa, junto aos microempreendedores, 
microempresários e empresários de pequeno porte, para que eles saibam das atualizações legais 
que estão propiciando o acesso dos mesmos a essa tão importante ferramenta gratuita e 
estruturada para a efetivação do acesso à Justiça para esses empreendedores, que são 
hipossuficientes, como inclusive já foi mencionado especialmente no tocante ao ADI 4636. 
O jurista Rodrigo Leite, colunista do portal ‘Meu Site Jurídico’, manifestou-se sobre a 
hipossuficiência e as pessoas jurídicas: 
 
É imperioso desmistificar a crença da incompatibilidade da hipossuficiência 
financeira com o conceito de pessoa jurídica, tanto é assim que pessoas jurídicas 
podem receber o benefício da gratuidade de justiça, desde que a insuficiência de 
recursos seja devidamente comprovada. É possível reconhecer a configuração de 
hipossuficiência da pessoa jurídica. (LEITE, 2021). 
 
Isso leva à reflexão de outro ponto importante, que já foi mencionado neste artigo, 
sendo, no entanto, uma solução não puramente técnico-jurídica, mas com um grande viés 
hermenêutico, da doutrina e também de âmbito legislativo, que é a de não se exigir de antemão 
a comprovação da falta de recursos desses empresários, quando para as pessoas naturais basta 
uma declaração. 
25 
 
Numa abordagem mais legislativa, mas com um embasamento hermenêutico teleológico 
de hipossuficiência e “ciclo de vida” das MPEs, é a criação de uma norma, similar ao garantido, 
pelo Estatuto do Idoso (Lei n° 10.741/2003), aos também hipossuficientes, idosos do Brasil, 
quando este diploma jurídico garante uma prioridade, junto a todos os entes federativos, nas 
tramitações dos processos em qualquer instância do Judiciário, com anotação nos autos que o 
identifiquem com suas circunstâncias de hipossuficiência, no caso aqui estudado, o de ser 
Microempresa e Empresa de Pequeno Porte, como visto anteriormente, já assim tutelada em 
diferentes dispositivos legais. A garantia de proteção aos idosos, aqui mencionada está no 
trecho de seu estatuto, logo abaixo: 
 
Art. 71. É assegurada prioridade na tramitação dos processos e procedimentos e na 
execução dos atos e diligências judiciais em que figure como parte ou interveniente 
pessoa com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos, em qualquer instância. 
§ 1º O interessado na obtenção da prioridade a que alude este artigo, fazendo prova 
de sua idade, requererá o benefício à autoridade judiciária competente para decidir o 
feito, que determinará as providências a serem cumpridas, anotando-se essa 
circunstância em local visível nos autos do processo. 
[...] 
§ 3º A prioridade se estende aos processos e procedimentos na Administração Pública, 
empresasprestadoras de serviços públicos e instituições financeiras, ao atendimento 
preferencial junto à Defensoria Pública da União, dos Estados e do Distrito Federal 
em relação aos Serviços de Assistência Judiciária. 
 
Para melhor compreensão da razão pela qual tal legislação foi aqui invocada, serão 
apresentados abaixo alguns trechos de informativos esparsos de fonte com notório 
embasamento no que tange às MPEs, e, por alusão, aos MEIs, que é o SEBRAE – Serviço 
Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas: 
 
O setor de microempreendedores individuais (MEI) é o que apresenta a maior taxa de 
mortalidade de negócios em até cinco anos, segundo pesquisa do Serviço Brasileiro 
de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae). 
De acordo com a pesquisa Sobrevivência de Empresas (2020), realizada com base em 
dados da Receita Federal e com levantamento de campo, a taxa de mortalidade dessa 
área de negócios é de 29%. Já as microempresas têm taxa, após cinco anos, de 21,6% 
e as de pequeno porte, de 17% (AGÊNCIA BRASIL 2021) 
 
[...] para a prosperidade de um negócio. Entre os fatores estão a conformidade com as 
legislações federal, estadual e municipal, escrituração contábil, obrigações acessórias 
e assessoria trabalhista. 
A já citada pesquisa do Sebrae indica que 61% das empresas que faliram no primeiro 
ano de atividade não procuraram ajuda de pessoas ou instituições na área fiscal. 
(DUARTE, Roberto Dias. 2021) 
 
[...] ao abrir a empresa, parte dos empreendedores não levantou informações 
importantes sobre o mercado. 
[...] 
32% não conheciam os aspectos legais do negócio (SEBRAE 2014) 
26 
 
 
Quando se fala em “mortalidade” empresarial, esta é uma expressão comum nas áreas 
de Marketing e Gestão de Negócios, assim como o emprego do termo “ciclo de vida” das 
empresas, ambos se referem ao tempo em que uma sociedade empresária inicia até quando 
encerra as suas atividades empresariais. A finalidade do Estatuto do Idoso garantir a prioridade 
do idoso aos prazos processuais nos serviços judiciários tem base na idade dos mesmos ante a 
expectativa de vida do cidadão brasileiro. Esta é a relação direta ente MPEs e idosos que está 
sendo feita para consubstanciar a proposta de um tratamento prioritário processual das micro e 
pequenas empresas. Valendo a ressalva de que o seu tratamento jurídico diferenciado já é 
garantido, como visto exaustivamente neste artigo. A solução legislativa proposta é meramente 
para que uma regulamentação adicional não deixe dúvidas de como esse público deva ser 
diferencialmente tratado com a devida isonomia. 
Atualmente a aplicação do direito ao tratamento jurídico diferenciado, em algum grau, 
está unicamente a cargo do juiz, em ele a usar de sua razoabilidade, discricionariedade e 
pesquisas de normas esparsas para garantir o “tratamento desigual aos desiguais no limite de 
sua desigualdade” que é o real espírito do Princípio da Isonomia – diferente de tratamentos 
iguais. Será que os operadores do Direito e o Sistema Judiciário não poderiam executar o que 
já está garantido por lei, sem a necessidade de ser da forma frágil e disforme que está? 
Há ainda essa sugestão para solucionar a falta desse acesso amplo à Justiça é um misto 
de técnico-jurídico com administrativo, é que se cumpra o que versam as normas programáticas 
dos artigos 75 a 77 da Lei n° 123/2006, prioritariamente no que diz respeito ao Comitê Gestor, 
o qual já deveria ter realizado todas as diligências necessárias para garantir o cumprimento de 
todas as legislações pertinentes às MPEs, visto que o mesmo já está em atraso desde 2007, 
conforme disposto expressamente nos artigos supracitados. 
 
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
Diante de tudo o que foi apresentado neste artigo, evidenciou-se, em primeiro lugar, que 
o acesso à Justiça, não se pode ser confundido com a mera condição de se postular uma ação 
no Sistema Judiciário, ela deve ser entendida com muito mais amplitude para que assim possa 
ser, de fato, alcançada. Existem normas instituídas, contudo sonegadas, não tendo, portanto, 
uma real eficácia a ponto desses empresários hipossuficientes terem os seus direitos tutelados 
e cumpridos para obediência, não só da lei específica, mas sobretudo da Carta Magna foi 
27 
 
colocada luz também no fato de que há um problema técnico-jurídico, com desdobramentos 
legislativos, administrativos e socioeconômicos, que precisam urgentemente serem resolvidos 
para que as normas constitucionais e infraconstitucionais que garantem expressamente seu 
direito a um tratamento jurídico diferenciado e simplificado possa ser executado, sem prejuízo 
das contribuições hermenêuticas, em especial a teleológica, como também da Doutrina Jurídica. 
Realizando uma análise retrospectiva, observa-se inúmeros avanços em diversas áreas 
que foram alcançados. Destaca-se principalmente aqueles por meio de incentivos e 
simplificação de obrigações administrativas, tributárias, previdenciárias, creditícias ou ainda 
pela eliminação/redução destas por meio de lei. Falta, portanto, que esses avanços se enveredem 
também no cumprimento do tratamento diferenciado que eles têm acesso. Extrapolando o 
âmbito exclusivamente jurídico, é necessária a implantação de políticas voltadas para 
diminuição das burocracias. Percebe-se ainda um grande entrave no cotidiano dessas pequenas 
empresas, principalmente na esfera jurídica, mas com uma contribuição socioeconômica muito 
grande por serem também responsáveis pela maior parte da geração de empregos formais 
diretos e indiretos no Brasil atualmente. 
Há de se destacar a existência de alguns cumprimentos das normas que garantem o 
acesso jurídico diferenciado e simplificado às MPEs, que, como expostos no decorrer deste 
artigo, são, além de tardios – visto as datas das legislações em questão – ainda muito tímidos, 
incipientes e esparsos. É inegável também que o acesso à justiça por parte desses 
estabelecimentos ainda é precário se comparado às grandes empresas. A prestação jurisdicional 
nas MEs e EPPs não se processa de modo mais célere e mais efetiva e isto traz inúmeros 
impactos negativos para o cenário brasileiro. 
Com a provocação deste tema para uma reflexão dos operadores do direito e Sistema 
Judiciário, como também com as sugestões de soluções aqui propostas, acredita-se que o atual 
problema desse direito instituído e sonegado seja, enfim, encarado de frente e um trabalho em 
conjunto dos agentes envolvidos, uma ou mais soluções possam então serem apresentadas, 
discutidas e, por fim, implantadas. 
Desta forma, é mister que o Poder Judiciário, seja através do CNJ ou ainda por meio do 
Ministério da Justiça, adote medidas que disseminem o tratamento diferenciado e favorecido às 
MEs, EPPs e, por alusão, aos MEIs nas diversas áreas de competência. 
Ante o exposto acima é de extrema relevância a fiscalização por intermédio dos órgãos 
responsáveis, verificar, analisar e utilizar um mecanismo de solução, para que as MPEs possam 
ter um tratamento diferenciado no acesso à justiça, no sentido amplo. 
28 
 
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20 de maio 2022. 
 
29 
 
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Nacional da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte. Brasília, DF: Presidência da 
República, [2006]. Disponível em: 
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Complementar nº 80, de 12 de janeiro de 1994, que organiza a Defensoria Pública da União, 
do Distrito Federal e dos Territórios e prescreve normas gerais para sua organização nos 
Estados, e da Lei nº 1.060, de 5 de fevereiro de 1950, e dá outras providências. Brasília, DF: 
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