Buscar

ETIOPATOGÊNESE GERAL DAS LESÕES

Prévia do material em texto

ANA LUISA ARRABAL DE ALMEIDA – VET160 
 
-A patologia inclui interpretação de 
lesões macro a microscópicas. É 
definida como: "ciência que estuda as 
causas das doenças, os mecanismos que 
as produzem, os locais onde ocorrem e 
as alterações moleculares, morfológicas 
e funcionais que apresentam”. 
 
-A agressão feita por um agente 
etiológico num organismo que possui 
defesa pode resultar em adaptação ou 
lesão (quando a agressão supera a 
defesa). Por exemplo, se uma bactéria 
nova é introduzida no ambiente 
respiratório, ela pode passar a fazer 
parte da sua microbiota ou 
desencadear um processo infeccioso. 
-Dessa forma, a patologia se dá pela 
interação dos agentes lesivos com os 
mecanismos de defesa, ultrapassando-
os ou não. As variáveis que 
comprometem esse processo lesivo são: 
 -Natureza do estímulo: química 
(componente ácido fraco ou forte que 
causam lesão ulcerativa), física etc. 
 -Intensidade: radiação 
ultravioleta – intensidade alta de 
radiação pode causar queimaduras a 
curto prazo de forma aguda. A 
exposição a longos períodos pode 
desencadear neoplasias. Outro exemplo 
de intensidade é quando se trata de 
agentes infecciosos que, para que seja 
induzido um processo inflamatório, a 
carga viral ou bacteriana precisa ser 
alta, já que em concentrações mais 
baixas o organismo consegue se 
defender. 
 -Tempo de ação: trata-se de um 
agente etiológico que inicialmente 
seria pouco agressivo, mas que uma 
perduração por longos períodos pode 
causar lesão. O exemplo da exposição à 
radiação ultravioleta também se aplica. 
 -Capacidade de reagir 
(defender): além do sistema imune com 
suas células de defesa, todos os 
sistemas têm mecanismos de defesa 
próprio. Ex.: nas narinas estão 
presentes pelos que captam partículas 
possivelmente patogênicas, assim como 
os cílios presentes nas células 
traqueais. Outro exemplo no trato 
respiratório são as células caliciformes 
que, com sua produção de muco, 
partículas são removidas do sistema 
com o fluxo de batimento ciliar. 
-A metaplasia traqueal induzida por 
agressão física e química do cigarro 
representa uma forma de defesa a um 
agente lesivo, ou seja, ocorre um 
processo adaptativo no corpo. 
-São conceitos relacionados com o grau 
de oxigênio disponível: hipóxia se refere 
à diminuição dessa disponibilidade e 
anóxia é a ausência completa. 
-Alterações causadas: 
• Diminuição da síntese de ATP; 
• Desacoplamento dos ribossomos 
dos retículos endoplasmáticos 
rugosos – síntese proteica 
diminuída. 
-A questão de reversibilidade está 
relacionado com o causador da hipóxia 
ou anóxia. A obstrução de uma artéria, 
por exemplo, compromete a irrigação 
dos vasos seguintes (isquemia) e entra 
em condição anóxica – nesse caso, a 
condição de reversibilidade se refere à 
desobstrução dessa artéria. Ou seja, ao 
cessar o agente causal, a 
reversibilidade pode ser atingida, 
havendo ou não lesões residuais. 
Obs.: a condição de irreversibilidade na 
anóxia é atingida em tempo mais curto 
que a hipóxia. 
-As alterações reversíveis são 
chamadas genericamente de 
degenerações. Se a hipóxia desaparece, 
a célula recompõe a atividade 
metabólica, reajusta o equilíbrio 
hidroeletrolítico e volta ao normal. 
-A resistência da célula também varia 
quando se trata da demanda de 
oxigênio. A localização das células 
também entra em questão: quanto mais 
perto os hepatócitos estão da veia 
centrolobular, por exemplo, mais eles 
sentirão a falta de oxigênio, já que 
estão mais longe da fonte de circulação 
(artéria hepática). 
 
-Paradoxo do agravamento: tecidos em 
hipóxia prolongada sofrem 
agravamento da lesão quando ocorre 
restabelecimento do fluxo sanguíneo e 
reoxigenação tecidual. Isso ocorre pela 
formação de radicais livres de oxigênio 
pela xantina oxidase. Quando não há 
oxigênio disponível, proteases 
presentes sofrem com a falta dele. 
Quando o oxigênio passa a estar 
disponível novamente, essas proteases 
passam a transformar as moléculas de 
O2 em superóxido (O2-), uma molécula 
que impacta negativamente a célula, 
especialmente na membrana celular 
(lipídeos), onde ela induz a formação de 
poros (lesão). 
Obs.: xantina oxidase – forma 
enzimática que gera radicais livres. 
-Os radicais livres são qualquer 
componente químico que apresenta um 
elétron não-emparelhado (ou seja, são 
muito reativas com outras moléculas) e 
são passíveis de causar lesão em 
estruturas celulares. Células de defesa 
do sistema imune (macrófagos) 
produzem esses radicais livres. Isso 
ocorre porque os macrófagos são 
estimulados a atuar por agentes lesivos 
e a produção desses componentes tem 
objetivo de destruir a partícula 
invasora. Porém, esse é um processo 
destrutivo, já que para destruir a 
partícula invasora, também ocorre 
danos às células adjacentes. 
-Dessa forma, muitas vezes o agente 
lesivo causa uma reação inflamatória 
exacerbada. 
-Lesões geradas por radicais livres – 
lesão celular pela interação com alguns 
componentes (lipídeos, proteínas e 
ácidos nucleicos) com possível perda de 
função dessas estruturas. 
-Antígeno e estímulo do sistema imune: 
os antígenos são componentes 
estranhos ao corpo e são eles que 
induzem uma resposta imune. 
-Sintomas da ativação do sistema 
imune: 
• Alterações do apetite e sono; 
• Resistência a dor pela grande 
liberação de endorfinas; 
• Aumento do número de leucócitos 
circulantes no sangue 
(leucocitose). O tipo de leucócito 
depende da natureza do agente 
causador; 
• Modulação do sistema imune 
através de componentes anti-
inflamatórios (corticoides). A 
Salmonella, por exemplo, causa 
problemas entéricos e, ao chegar 
no organismo, essa bactéria 
começa a liberar alguns 
componentes (flagelos e 
proteínas bacterianas) que 
induzem uma resposta 
inflamatória na região. O objetivo 
disso é que haja uma 
desregulação da microbiota e 
diminuição da competição 
interespecífica intestinal pelas 
lesões intestinais. 
• Aumento da temperatura: a febre 
como mecanismo de defesa 
diminui a proliferação de 
microrganismos, já que sua 
temperatura ideal para não 
ocorre mais. O aumento da 
temperatura também desnatura 
proteínas tanto dos 
microrganismos patogênicos 
quanto das células saudáveis – 
febre danosa. 
-Força mecânica (traumatismo); 
-Variação da pressão atmosférica que 
varia a quantidade de oxigênio 
disponível; 
-Variações de temperatura – ambos os 
extremos causam lesões celulares ou 
teciduais. Alterações circulatórias 
também ocorrem, como a 
vasoconstrição periférica. No frio, 
ocorre a vasoconstrição periférica, 
palidez acentuada e redução da 
atividade metabólica de todos os 
órgãos, especialmente do encéfalo e da 
medula espinal e a morte do organismo 
resulta da falência cardiorrespiratória 
por inibição do centro 
cardiorrespiratório. Em situações de 
calor, diversos mecanismos celulares 
induzem o corpo à vasodilatação e 
edema, com degeneração hidrópica, em 
temperaturas ainda maiores, ocorre 
morte celular por desnaturação 
proteica. 
-Radiações com alterações no genoma: 
degeneração, necrose, neoplasia e 
fotossensibilização; 
-Eletricidade: causa disfunção elétrica 
nos tecidos, especialmente no 
miocárdio, nos músculos esqueléticos e 
tecido nervoso (impacto no impulso 
nervoso e músculos) e produção de 
calor. 
-Ondas sonoras – distúrbios da 
audição. Cães em especial são mais 
suscetíveis a essa patologia. 
• Vírus; 
• Bactérias; 
• Agentes parasitários; 
• Fungos; 
• Outros microrganismos. 
-Independente do agente invasor, o 
corpo possui células fagocitárias não 
específicas – fagócitos profissionais, 
sendo eles os macrófagos e neutrófilos 
com função de englobar uma partícula 
estranha através de receptores na 
membrana plasmática. 
-Algumas bactérias têm capacidade de 
escapar o sistema imune por diversos 
mecanismos. 
-Vírus:tem diversos mecanismos de 
entrada na célula, necessitando dela 
para sua proliferação. 
-Bactérias também possuem diversos 
mecanismos de endocitose, o qual tem 
objetivo de “fugir” da exposição 
extracelular: 
 
• Zíper: é dependente da célula 
eucariota – as proteínas de 
membrana da bactéria são 
reconhecidas por receptores de 
membrana da célula eucariota 
que iniciam o processo de 
remodulação do citoesqueleto 
com objetivo de englobar a 
bactéria. 
• Gatilho: injeção na célula de 
proteínas bacterianas que são 
semelhantes às proteínas na 
célula do hospedeiro responsáveis 
pelo rearranjo do citoesqueleto– 
modulação do processo de 
endocitose pela própria bactéria. 
-Ação direta do componente químico 
com o tecido ou órgão que causa lesão.

Continue navegando