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RESUMO PARA PROVA DE PATOLOGIA: PARTE 1 INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA PATOLOGIA GERAL E ETIOPATOGÊNESE CONCEITOS: ◦ Patologia: Estuda as causas das doenças, os mecanismos que as produzem, os seus locais e as alterações que apresentam. ◦ Divisões da patologia: Patologia geral (aspectos comuns às diferentes doenças) X Patologia especial (doenças de um determinado órgão ou sistema, ou doenças agrupadas por seus grupos). Isto é, a patologia geral estuda os aspectos comuns às diferentes doenças. Exemplo: Pneumonia lobar, meningite purulenta e tuberculose são doenças diferentes que tem em comum o fato de serem causadas por bactérias e de apresentarem lesões inflamatórias. Deste modo, a patologia geral estudará o processo de inflamação que é comum à essas e outras doenças. Já a patologia especial se ocupa das doenças de um determinado órgão ou sistema (ex.; patologia do aparelho respiratório) ou estuda as doenças agrupadas por suas causas (ex.: patologia das doenças causadas por fungos). ◦ Elementos de uma doença: .Etiologia: Estuda as causas das doenças. .Patogenia: Estuda os mecanismos das doenças. .Morfopatologia: .anatomia patológica: alterações teciduais macroscópicas. .Histopatologia: alterações celulares microscópicas. .Fisiopatologia: Estuda as alterações funcionais dos órgãos afetados. ◦ Saúde x Doença: A saúde é definida como um estado de adaptação do organismo ao ambiente físico, psíquico ou social em que vive, sentindo-se bem (saúde subjetiva) e sem apresentar alterações orgânicas evidentes (saúde objetiva). Isto é, o conceito de saúde envolve o ambiente em que vive o indivíduo, incluindo seu aspecto psíquico e social. Doença é o estado de não adaptação do organismo ao ambiente físico, psíquico ou social, no qual o indivíduo sente-se mal (sintomas subjetivos) e apresenta alterações orgânicas evidentes (sinais objetivos). ◦ Saúde x Normalidade: Saúde e normalidade não têm o mesmo significado. A palavra saúde é utilizada em relação ao indivíduo, enquanto o termo normalidade é utilizado em relação a parâmetros funcionais do organismo. O conceito normal é estabelecido a partir da média de várias observações de um determinado parâmetro, utilizando-se para tais métodos estatísticos. Os parâmetros podem ser, por exemplo: o peso dos órgãos, o número de batimentos cardíacos, pressão arterial, etc. ◦ Agressão: Resultado da ação de agentes patológicos sobre os tecidos. A ação dos agentes agressores se faz basicamente por dois mecanismos: Pela ação direta e indireta. A ação direta ocorre por meio de alterações moleculares e consequentemente modificações morfológicas. A ação indireta ocorre através de mecanismos de adaptação que ao serem acionados para eliminar a agressão, induzem também alterações nas células do organismo invadido. Portanto, em todas as agressões, as lesões têm um componente resultante da ação direta do agente agressor e um elemento decorrente da ação dos mecanismos de defesa acionados. ◦ Lesão: Conjunto de alterações morfológicas (estruturais), moleculares e/ou funcionais dinâmicas que surgem nos tecidos após a agressão. As lesões são dinâmicas, ou seja, começam, evoluem e tendem para a cura ou cronicidade. Toda lesão se inicia a nível molecular e essas alterações moleculares muitas vezes se traduzem rapidamente em modificações morfológicas. Os transtornos funcionais, por sua vez, se manifestam por alterações na função das células, tecidos órgãos ou sistemas. As lesões celulares podem ser letais e não letais. As não letais são aquelas compatíveis com a recuperação do estado de normalidade após cessada a agressão. A letalidade das lesões depende da qualidade, intensidade, duração da agressão e também da célula comprometida. Ponto de não retorno: A lesão se torna irreversível. Dois fenômenos caracterizam a irreversibilidade: a incapacidade de reverter a disfunção mitocondrial, pois isso gera perda da fosforilação oxidativa e da geração de ATP; e perturbações profundas na função da membrana, uma vez que as lesões nas membranas lisossômicas resulta na dissolução enzimática da célula com consequente morte celular. ◦ Defesa: Conjunto de ações realizadas pelo sistema de defesa do organismo contra os agentes. ◦ Adaptação: É propriedade geral dos seres vivos de serem sensíveis às variações do meio ambiente (irritabilidade) e de produzir respostas (variações bioquímicas e fisiológicas) capazes de adaptá-los. Isto é, compreende o resultado benéfico entre o agente agressor e os tecidos do hospedeiro. ◦ Diante de uma agressão tem-se a atuação do sistema de defesa do organismo, que se eficiente leva à adaptação, ou se ineficiente leva à lesão. ETIOPATOGENIA GERAL DAS LESÕES: ◦ Causas das lesões: As causas das lesões se dividem em dois grandes grupos: Exógenas (do meio ambiente) e endógenas (do próprio organismo). As causas exógenas compreendem agentes físicos, químicos e biológicos e os desvios de nutrição. Já as causas endógenas se relacionam ao patrimônio genético, à resposta imune e aos fatores emocionais. O ambiente social interfere com as causas exógenas e endógenas. Exemplo: a pobreza se associa com a desnutrição; a falta de habitação com os problemas sanitários; e o desemprego com os distúrbios emocionais, etc. ◦ Classificação das lesões: Ao atingirem o organismo, as agressões comprometem um tecido (ou um órgão), no qual existem: células; componentes intercelulares ou interstício; circulação sanguínea e linfática; e inervação. Assim, após as agressões, podem surgir: lesões celulares, danos ao interstício, transtornos locais da circulação, distúrbios locais da inervação ou alterações que envolvem muitos ou todos os componentes teciduais. ◦ Principais alvos celulares: Os componentes celulares mais frequentemente lesados por estímulos nocivos são: as mitocôndrias; as membranas celulares; a síntese proteica; o citoesqueleto; e o patrimônio genético. ◦ Mecanismos de lesão celular: .Depleção de ATP: O ATP é produzido de duas maneiras. A principal é a fosforilação oxidativa do ADP que se dá na dependência de oxigênio. A segunda via é a glicolítica que pode gerar ATP na ausência de O2. Assim, uma diminuição no suprimento sanguíneo e consequentemente no fornecimento de O2 às células gera um comprometimento na produção de ATP. Dentre as consequências da depleção de ATP, a principal é uma diminuição na atividade da bomba de NA-K atpase dependente, que leva à entrada de sódio e seu acúmulo no interior das células e difusão do potássio para fora. Isso resulta em aumento da osmolaridade intracelular com consequente ganho de água para dentro das células (degeneração hidrópica). Os tecidos com alta atividade glicolítica como o fígado são capazes de sobreviver à perda de O2 e à diminuição da fosforilação axidativa melhor do que os tecidos sem capacidade anaeróbia como o cérebro. Outras consequências: Aumento da glicólise anaeróbia com exaustão das reservas de glicogênio e acúmulo de ácido lático, o que por sua vez, pode diminuir o ph intracelular e a atividade de muitas enzimas; acúmulo do acetil nas mitocôndrias devido à diminuição na oxidação pelo ciclo de Krebs, o que leva à síntese de ácidos graxos, acúmulo de triglicerídeos e esteatose; falência na bomba de cálcio levando ao aumento no influxo do mesmo, etc. .Danos mitocondriais: As mitocôndrias podem ser lesadas por aumento do cálcio citosólico, por espécies reativas do oxigênio, etc. Consequências dos danos mitocondriais: formação de um canal de alta condutância na membrana mitocondrial (poro de permeabilidade), que leva à perda do potencial de membrana da mitocôndria, resultando em falha na fosforilação oxidativa e consequente depleção progressiva de ATP. Além disso, as mitocôndrias sequestram em suas membranas várias proteínas que ativam as vias apoptóticas, assim, o aumento na permeabilidade da membrana mitocondrial resulta em extravasamento destas proteínas para ocitosol e morte por apoptose. .Influxo de cálcio: Ocorre por falência na bomba de cálcio devido uma isquemia, por exemplo. Consequências do aumento do cálcio: Formação de um canal de alta condutância na mitocôndria (conforme explicado no item acima); ativação de enzimas com efeitos prejudiciais, tais como fosfolipases (gera danos na membrana, pois a mesma tem fosfolipídeos em sua composição), proteases (clivam proteínas), etc. Além disso, podem induzir a apoptose de forma direta (por ativação direta das caspases) de forma indireta (por aumentar a permeabilidade da mitocôndria que resultará em extravasamento dessas proteínas para o citosol e morte por apoptose). .Acúmulo de radicais livres: As espécies reativas do O2 são um tipo de radical livre derivado do oxigênio. Quando a produção de ERO aumenta ou quando os sistemas de remoção são ineficientes há um excesso desses radicais livres, levando ao estresse oxidativo. Consequências: peroxidação lipídica das membranas (interações lipídio-radical livre) gerando lesão das membranas celulares; modificação oxidativa das proteínas, uma vez que, os radicais livres geram oxidação das cadeias laterais dos aminoácidos, formam ligações cruzadas entre as proteínas e oxida o esqueleto das mesmas; e por fim, há também lesão oxidativa do DNA. .Defeito na permeabilidade da membrana: Pode ser por espécies reativas do exigênio (a peroxidação lipídica, conforme dito acima, lesa as membranas); ação das fosfolipases (por aumento na concentração de cálcio que ativam essas enzimas que atuarão contra os fosfolipídeos da membrana); etc. Consequências: danos na membrana das mitocôndrias, alterando o processo de fosforilação oxidativa e levando à liberação de proteínas apoptóticas; danos à membrana plasmática, com perda do equilíbrio isosmótico com influxo de íons e líquido e perda de conteúdos celulares; e danos às membranas dos lisossomos e extravasamento das enzimas lisossomais para o citoplasma. .Danos ao DNA e às proteínas: As células possuem mecanismos de reparação às lesões ao DNA, porém se o dano for muito grave para ser corrigido, a célula inicia um programa de suicídio que resulta em morte por apoptose. .Lesão isquêmica e hipóxia: A redução do fornecimento de O2 às células é dito hipóxia. A hipóxia causa lesão celular por diminuir a respiração aeróbia. A principal causa de hipóxia é a obstrução vascular que leva à redução do fluxo sanguíneo. Dependendo da intensidade e duração do fenômeno e da susceptibilidade à privação de O2 e nutrientes, as células se degeneram e morrem. A isquemia tende a causar lesão tecidual mais rápida e intensa que a hipóxia na ausência de isquemia. Isso ocorre, pois, ao contrário da hipóxia em que a energia através da glicólise anaeróbia continua, a isquemia também compromete a distribuição de substratos para a glicólise. Assim, nos tecidos isquêmicos, não apenas o metabolismo aeróbio é comprometido, mas a geração de energia anaeróbia também cessa, pois há exaustão dos substratos glicolíticos. A isquemia pode ocorrer por obstrução mecânica, como um êmbolo, por exemplo. Um êmbolo na circulação gera isquemia, a qual diminui o fornecimento de oxigênio aos tecidos, causando, portanto, hipóxia. A hipóxia, por sua vez compromete a fosforilação oxidativa, diminuindo a geração de ATP. A depleção de ATP leva à disfunção ha na bomba de Na-K atpase dependente, o que culminará com o influxo de sódio e perda de potássio nas células. Deste modo, o aumento no influxo de sódio eleva a osmoralidade intracelular, aumentando também o influxo de água que causará, por fim, tumefação celular (degeneração hidrópica). ◦ Mecanismos de adaptação: .Hipotrofia: Há redução no VOLUME das células e do órgão acometido devido uma diminuição quantitativa nos componentes estruturais e nas funções celulares. Pode ser fisiológica ou patológica. Fisiológica: Ocorre na senilidade quando todos os órgãos e sistemas do organismo reduzem suas atividades metabólicas (como afeta todo o indivíduo não há prejuízo funcional porque passa a existir um novo estado de equilíbrio). Patológica: Inanição (deficiência nutricional por qualquer causa gerando uma hipotrofia generalizada) e o desuso, o qual ocorre em órgãos ou tecidos que ficam sem uso por algum tempo, como se dá nos músculos esqueléticos imobilizados por aparelhos ortopédicos. .Hipertrofia: Há aumento no VOLUME das células e do órgão acometido devido um aumento quantitativo nos componentes estruturais e nas funções celulares. Pode ser fisiológica ou patológica. Fisiológica: Hipertrofia da musculatura uterina na gravidez. Patológica: Hipertrofia do miocárdico que decorre da sobrecarga do coração por aumento da pressão ou do volume do sangue. .Hipoplasia: Diminuição no NÚMERO de células de um tecido, órgão ou parte do corpo. Pode ser fisiológica ou patológica. Fisiológica: Involução do timo na puberdade e das gônadas no climatério. Patológica: Hipoplasia da medula óssea devido à ação de agentes tóxicos ou infecções. .Hiperplasia: Aumento no NÚMERO de células de um tecido, órgão ou parte do corpo (aumento na taxa de produção celular sem acréscimo correspondente nas perdas). Pode ser fisiológica ou patológica. Fisiológica: Mama na puberdade ou lactação. Patológica: Adenomas com hiperfunção da hipófise. .Metaplasia: É a MUDANÇA DE UM TIPO DE TECIDO EM OUTRA DE MESMA LINHAGEM. Ou seja, um tipo de epitélio se transformando em outro tipo de epitélio, porém não se modifica para um tecido mesenquimal. Exemplo: o epitélio colunar ciliar do trato respiratório, submetido cronicamente à irritação pela fumaça do cigarro, passa a ser do estratificado pavimentoso. MÉTODOS DE ESTUDO EM PATOLOGIA GERAL CLASSIFICAÇÃO: .Estudo morfológico .Exames citológicos .Exames anatomopatológicos .Análise morfológica .Morfometria .Necropsia .Imunohistoquímica .Imunofluorescência .Imunoenzimático .Cultura de células .Citometria .Citofotometria .Citometria de fluxo .Autoradiografia .Técnicas de biologia molecular .Hibridização com sonda .Reação em cadeia da polimerase (PCR). ESTUDO MORFOLÓGICO: ◦ Exames citológicos: São importantes meios diagnósticos para muitas doenças, sobretudo neoplasias malignas. O principal exemplo é o colpocitológico (Papanicolaou), o qual detecta precocemente o câncer de colo uterino. A amostra deve ser fixada. No caso de exames colpocitológicos é importante que o esfregaço seja fixado imediatamente, ainda úmido, pois o ressecamento antes da fixação torna o esfregaço imprestável para o exame adequado das células. Etapas do Papanicolaou: O Papanicolaou ou colpocitologia oncótica é um exame ginecológico que visa o rastreamento do câncer de colo uterino em mulheres. Para que ele seja feito é necessário que se colete um raspado da mucosa do colo por meio da espátula de ayre (colhe material da ectocérvice) e da escova endocervical (colhe material da endocérvice), com o auxílio de um espéculo vaginal que amplia a área de visualização do colo. Após ser coletado e colocado em uma lâmina, o material deve ser imediatamente fixado com o álcool etílico e depois corado pela coloração Papanicolaou. A amostra, por fim, será classificada conforme a escala de Papanicolaou, a qual varia de I a V, sendo I referente à amostra inadequada para avaliação e V, referente a material positivo para a malignidade. ◦ Exames anatomopatológicos: Realizados em materiais obtidos a partir de biópsia, as quais podem ser feitas para diagnóstico e ou tratamento. Elas são excisionais quando se retira toda a lesão, ou incisionais quando se retira apenas parte da lesão para diagnóstico. .Análise morfológica: Compreende a dissecção, o exame macroscópico das amostras e a retirada de fragmentos representativos para o estudo histopatológico. Etapas de processamento dos fragmentos: Biópsia do tecido – fixação (o mais usado é o formol)- banhos de álcool para desidratação- banho dexilol para remover o álcool- inclusão com parafina- cortes com o micrótomo- remoção da parafina com banho maria e posteriormente com o xilol- retira o xilol com álcool- retira o álcool com água- coloca o material na lâmina- corante- põe na lamínula. A coloração hematoxilina-eosina é a mais usada. A hematoxilina cora o núcleo de roxo (é ácido e se cora com corante básico), isto é o núcleo é basófilo. A eosina cora o citoplasma de rosa (é básico e se cora com corante ácido), isto é, é acidófilo. Outros tipos de coloração: tricômicos (cora colágeno), PAS (cora glicogênio) e giemsa (cora células sanguíneas e parasitos). Rotineiramente, o diagnóstico anatomopatológico é dado em torno de 24-48h. Daí, nos casos de urgência, pode-se usar o método de congelação rápida dos tecidos. Método de congelamento: o congelamento se faz com nitrogênio líquido- corte com criostato- põe na lâmina- criostato- desidratação com álcool- põe na lamínula. Os cortes e preparações histológicas serão examinados em microscópicos. .Morfometria: Medição das estruturas anatômicas por meio de oculares micrometradas ou de outros recursos. Podem ser feitas medições das dimensões dos tecidos, células ou seus constituintes. .Necropsia: Consiste no exame sistemático dos órgãos ou parte deles para se determinar a causa da morte e reconhecer as lesões e doenças existentes no organismo do indivíduo. É completa quando todos os órgãos são dissecados; e parcial quando apenas alguns órgãos são retirados. IMUNOHISTOQUÍMICA: Utiliza anticorpos como reagentes para detectar antígenos presentes em células ou tecidos. É essencialmente qualitativa. Para serem reconhecidos, os anticorpos devem estar marcados com algum composto que possa ser depois visualizado, sendo que há duas formas básicas de marcação: substâncias fluorescentes (imunofluorescência) ou enzimas (método imunoenzimático). Imunofluorescência: Pode ser direta ou indireta. .Direta: O anticorpo específico marcado com um composto fluorescente é usado para detectar antígenos em amostras clínicas. O composto mais usado é o isotiocianato de fluoresceína, que emite luz verde brilhante quando estimulado por luz ultravioleta. Depois de processadas, as preparações são examinadas em microscópio de fluorescência. As indicações desta técnica são: detecção de vírus, parasitas, antígenos de tumor, etc. .Indireta: Um anticorpo primário, não marcado, se liga ao antígeno de interesse, e a substância fluorescente é conjugada a um anticorpo secundário, que por sua vez, reconhece a porção Fc do anticorpo primário. A imunofluorescência indireta é mais específica. Habitualmente, a imunofluorescência indireta é utilizada na detecção de auto-anticorpos, e também, na detecção de anticorpos anti-nucleares encontrados no soro de pacientes com lúpus eritematoso sistêmico, etc. Exemplo que caiu na prova: Imunofluorescência indireta para o HIV-1: Esse teste também permite a detecção de anticorpos contra o HIV. Fixadas em lâminas de microscópio, as células infectadas pelo HIV-1 (portadoras de antígenos) são incubadas com o soro do paciente que se deseja testar, ou seja, onde é feita a pesquisa de anticorpos. A presença dos anticorpos é revelada por meio de microscopia de fluorescência. Método imunoenzimático: Na técnica imunoenzimática, o sinal encontrado depende da formação de um composto colorido no local da reação, o qual é gerado pela ação da enzima sobre um substrado apropriado. A enzima mais usada é a peroxidase que age sobre o peróxido de hidrogênio. CULTURA DE CÉLULAS: Consiste na manutenção e multiplicação in vitro de células vivas. As células são mantidas no interior de recipiente adequado juntamente com um meio de cultura. Um meio considerado mínimo contém aminoácidos essenciais, vitaminas e sais. Deve se ter em mente que as células em cultura vivem em um ambiente artificial que não é idêntico ao que existe in vivo, ou seja, nele estão ausentes vários elementos reguladores da homeostase como os componentes nervoso e hormonal, assim, as informações obtidas pela cultura de células devem ser interpretadas com cautela. A principal utilidade dos estudos in vitro é a análise do metabolismo e comportamento celular. CITOMETRIA DE FLUXO: Consiste na determinação quantitativa de componentes celulares. ◦ Citofotometria: Utiliza células coradas em esfregaços ou cortes histológicos. Na citofotometria, uma estrutura ou componente celular é corado por meio de uma reação histoquímica. Daí, quando colocada no caminho de um feixe luminoso, haverá interferência na passagem de luz, proporcionalmente à intensidade da coloração. Daí, a partir de um sensor que capta e quantifica a intensidade de luz que a ele chega, comparando-se com a quantidade de luz que passa por uma estrutura não corada, sabe-se a quantidade de substância presente na amostra. ◦ Citometria de fluxo: É realizada em células em suspensão. As células são tratadas com fluorocômio que se liga especificamente à estrutura de interesse, o qual depois é reconhecido e quantificado por um sensor. A intensidade do fluorocômio é captada e transferida para um computador que faz os cálculos necessários e fornece os resultados quantitativos. AUTORADIOGRAFIA: É uma das técnicas empregadas para estudar o metabolismo celular e para a localização de substâncias na célula. Tem sido aplicada principalmente no estudo da síntese e localização de ácidos nucleicos e proteínas. Consiste em marcar radioativamente moléculas que atuam como precursoras de determinado processo metabólico. Por exemplo: para estudar a síntese de proteínas, empregam-se aminoácidos com marcadores radioativos. Marcadores radioativos: Trítio, carbono 14, etc. TÉCNICAS DE BIOLOGIA MOLECULAR: Visam detectar sequências particulares de ácidos nucleicos que podem representar um microorganismo patogênico (vírus, bactérias, etc.) ou a expressão de genes específicos (oncogenes e mutações genéticas, por exemplo). Assim, essas técnicas têm aplicação principalmente no estudo do câncer e das doenças infecciosas e genéticas. ◦ Hibridização molecular com sonda: A estrutura secundária do DNA é uma dupla-hélice que apesar de muito estável, pode ser desfeita pelo calor ou por agentes químicos, processo chamado desnaturação. Entretanto, as duas fitas de DNA se juntam logo que o agente desnaturante é removido. Daí, como o sistema não tem memória, uma fita simples de DNA desnaturada, pode se associar com a fita da qual se separou ou com outra sequência introduzida no meio. Este último processo é dito hibridação e tal sequência introduzida é dita sonda. Uma sonda é um segmento conhecido de DNA ou RNA que é complementar a uma sequência de interesse (sequência alvo) e possui uma marcação por substâncias radioativas ou compostos fluorescentes, por exemplo. Deste modo, na hibridação, tanto a sonda como a sequência alvo são inicialmente desnaturadas pelo calor. A seguir, ambas ficam em contato por um período variado de tempo, para que ocorra a hibridação propriamente dita. Logo depois, as preparações são lavadas para remover as sondas não ligadas e, finalmente são reveladas. ◦ Reação em cadeia da polimerase: Consiste na síntese de DNA em escala exponencial, isto é, são ciclos repetitivos de síntese de um segmento de DNA, utilizando DNA polimerase, nucleotídeos e outros fatores. Assim, com essa técnica, uma única cópia de um segmento de ácido nucleico pode ser reconhecida. LESÕES CELULARES REVERSÍVEIS E IRREVERSÍVEIS CONCEITOS: Os agentes agressores causam modificações moleculares nas células e tecidos, os quais somados resultam em alterações morfológicas. O que define se as lesões vão ser reversíveis ou irreversíveis são a duração, intensidade da agressão e a natureza do agente agressor. PRINCIPAIS ALVOS DAS LESÕES CELULARES: Alvos das lesões; produção de ATP; integridade das membranas celulares; síntese proteica; citoesqueleto; patrimônio genético. ◦ Alteraçõesna membrana celular: .Lesões reversíveis: .Vilosidades mais globosas, mais baixas e mais largas, podendo até desaparecer. .Formação de figuras em bainha de mielina. .Enfraquecimento das junções intercelulares. .Alteração qualitativa e quantitativa dos componentes da membrana. .Lesões irreversíveis: .São formadas bolhas na superfície da membrana devido o destacamento da membrana do citoesqueleto. .Ruptura da membrana devido o enfraquecimento. .Desaparecimento das junções intercelulares. ◦ Alterações nas mitocôndrias: .Lesões reversíveis: .Condensação da matriz mitocondrial. .Tumefação da matriz mitocondrial e da organela. .Aparecimento dos poros de permeabilidade leva à perda do potencial de membrana da mitocôndria, resultando em falha na fosforilação oxidativa e consequente depleção progressiva de ATP. .Lesões irreversíveis: .Aparecimento de grânulos eletrodensos na matriz mitocondrial. .Desaparecimento da crista mitocondrial (critólise). .Formas bizarras das mitocôndrias devido ao enfraquecimento ou ruptura das membranas. ◦ Alterações nos lisossomos: .Lesões reversíveis: .Há apenas tumefação, sem alteração na permeabilidade para as hidrolases. .Lesões irreversíveis: .Há liberação das enzimas lisossômicas para o citosol. ◦ Alterações no retículo endoplasmático e complexo de golgi: .Lesões reversíveis: .Tumefação discreta da organela com consequente dilatação das suas cisternas. .Proliferação ou redução das organelas. .Perda do paralelismo entre as cisternas. .Lesões irreversíveis: .Há desaparecimento das estruturas. ◦ Alterações no citoplasma: .Há aumento da distância entre as organelas citoplasmáticas. .Há o aparecimento de depósitos floculares possivelmente originados da demolição da membrana. .A tumefação das organelas leva ao aumento da célula e consequentemente do espaço entre as organelas. ◦ Alterações no núcleo: .Dilatação da cisterna perinuclear devido a expansão da célula. .Espessamento da membrana nuclear interna. .Invaginações e tortuosidades da membrana nuclear. .Inclusões na cisterna perinuclear. .Variações quantitativas e qualitativas dos poros nucleares. .Há agrupamento periférico da cromatina nuclear com diminuição do ph intracelular. .Alterações da cromatina nas células mortas: .Picnose: condensação nuclear. .Cariorrexe: fragmentação nuclear. .Cariólise: rompimento da membrana nuclear. DEGENERAÇÕES CONCEITO: São lesões celulares potencialmente reversíveis, causadas por vários agentes, que resultam no acúmulo de substâncias no interior das células. CLASSIFICAÇÃO: Conforme o tipo de substância acumulada na célula, tem-se: Degeneração hidrópica (acúmulo de água e eletrólitos); Degeneração hialina e degeneração mucoide (acúmulo de proteínas); Esteatose e lipidose (acúmulo de lipídeos); Glicogenoses e mucopolissacaridoses (acúmulo de carboidratos). ACÚMULO DE ÁGUA E ELETRÓLITOS: ◦ Degeneração hidrópica: .Conceito: Lesão celular reversível causada pelo acúmulo de água e eletrólitos no interior da célula, tornando-a tumefeita. Também chamada de degeneração vacuolar, granular e tumefação turva. .Causas: É provocada por transtornos no equilíbrio hidroeletrolítico que resultam em retenção de água e eletrólitos nas células. O trânsito de eletrólitos através das membranas depende dos mecanismos de transporte dos canais iônicos. Sendo que, para seu funcionamento adequado, as bombas eletrolíticas dependem de energia na forma de ATP, da estrutura da membrana e da integridade das proteínas que formam o complexo enzimático da bomba. Possíveis causas: hipóxia; agentes agressores da membrana plasmática como toxinas; inibidores da cadeia respiratória (diminuem a produção de ATP); agentes tóxicos que lesam a membrana mitocondrial (diminuem a produção de ATP), etc. A hipóxia é a principal causa e pode ocorrer quando se tem um êmbolo na circulação, por exemplo. Neste caso, há isquemia e diminuição na oferta de oxigênio para a as células, o que por sua vez, compromete o processo de fosforilação oxidativa, diminuindo a produção de ATP e consequentemente, o funcionamento da bomba Na-K atpase. Em todas as situações, as diferentes causas levam a um fenômeno comum: retenção de sódio, diminuição de potássio e aumento da pressão osmótica intracelular, levando à entrada de água no citoplasma e expansão osmótica da célula. Lembrando que por ser um processo reversível, suprimindo a causa as células retornam ao aspecto normal. .Características macroscópicas e microscópicas: .Macroscopia: Há aumento do peso e volume dos órgãos; as células são mais salientes na superfície de corte; e a coloração é mais pálida, já que as células degeneradas, aumentadas de volume, comprimem os capilares e diminuem a quantidade de sangue no órgão. .Microscopia: As células são tumefeitas e o citoplasma adquire um aspecto granuloso e acidófilo. Pode haver também a formação de grandes vacúolos. ACÚMULO DE PROTEÍNAS: ◦ Degeneração hialina: .Conceito: Acúmulo de material proteico de caráter acidófilo, vítreo no interior da célula. .Causas: A degeneração pode resultar da ondensação de filamentos intermediários e proteínas associadas que formam corpúsculos no interior das células; do acúmulo de material de origem virótica; do acúmulo de corpos apoptóticos; de proteínas endocitadas. Exemplo: Corpúsculo de Russel (acúmulo excessivo de imunoglobulinas nos plasmócitos). Se a degeneração for muito intensa, pode levar a célula à morte. Neste caso, passa a receber o nome de necrose hialina. ◦ Degeneração mucoide: .Conceito: Acúmulo de material glicoproteico nas células. .Causas: Hiperprodução de muco pelas células mucíparas dos tratos digestivo e respiratório, levando-as a se abarrotarem de glicoproteínas (mucina). Outra causa é a síntese exagerada de mucina em adenomas e adenocarcinomas. ACÚMULO DE LIPÍDEOS: ◦ Esteatose: .Conceito: Deposição de gorduras neutras no citoplasma das células que normalmente não as armazenam. .Causas: A lesão aparece todas as vezes que um agente interfere no metabolismo dos lipídeos da célula, aumentando sua síntese (por maior aporte de ácidos graxos devido aumento na lipólise, ingestão excessiva ou mesmo pelo aumento na síntese de ácidos graxos a partir do excesso de acetil-coa não oxidado no ciclo de Krebs); dificultando sua utilização (diminuição na utilização dos triglicerídos e ácidos graxos para a síntese de lipídeos mais complexos devido carência de ATP, por exemplo); ou dificultando seu transporte e excreção (devido menor formação de lipoproteínas, por exemplo). .Exemplos de causas de esteatose: .Hipóxia: A hipóxia diminuía síntese de ATP (pois diminui a produção de ATP dependente de oxigênio-fosforilação oxidativa). Assim, se não tem ATP, não há oxidação do acetil-coa no ciclo de Krebs, que será então convertido em ácidos graxos, aumentando a síntese dos mesmo que se converterão em triglicerídeos e se acumularão no citoplasma das células. Além de que, a diminuição de ATP diminui a formação de lipídeos mais complexos a partir dos ácidos graxos e triglicerídeos, levando ao acúmulos destes últimos nas células. .Desnutrição proteico calórica: A carência de proteínas diminui a formação de lipoproteínas (pois diminui a formação das apoproteínas), e portanto, compromete o transporte dos ácidos graxos que se acumulam no citoplasma das células. Além de que, uma ingestão calórica deficiente aumenta a mobilização de lipídeos o tecido adiposo, aumentando, portanto, o aporte de ácidos graxos para o fígado. .Agentes tóxicos: Agentes tóxicos como o CCL4 (tetracloreto de carbono) lesam o retículo endoplasmático rugoso, e, portanto, compromete a produção de proteínas. Isso por sua vez, diminui a produção das apoproteínas comprometendo o transporte dos lipídeos. .Ingestão abusiva de etanol: O etanol é oxidado a aldeído acético eacetil Coa, cujo excesso favorece a síntese de ácidos graxos. .Aspectos morfológicos: O fígado aumenta de volume e peso. Os triglicerídeos se depositam em pequenas vesículas ou glóbulos revestidos por membrana. Na fase inicial, são encontrados vacúolos de tamanho variados com tendência à fusão e à formação de glóbulos cada vez maiores. Na sua forma clássica, os hepatócitos apresentam um grande vacúolo de gordura no citoplasma, o qual desloca no núcleo para a periferia da célula (célula em anel de cinete). Os corantes mais utilizados são o Sudam vermelho ou negro. .Evolução: Embora seja uma lesão reversível (ao se retirar o agente agressor há regressão da lesão), nas agressões mais graves, a esteatose pode evoluir com morte celular. .Consequências: Os hepatócitos repletos de gordura podem se romper e formar verdadeiros largos de gordura (cistos gordurosos) que ativam uma resposta inflamatória que pode culminar com fibrose e cirrose. Pode haver ainda embolia gordurosa devido à ruptura dos cistos gordurosos na circulação, o que é facilitado por traumatismos. Em casos de esteatose difusa e panlobular pode haver manifestações de insuficiência hepática. No pulmão, a esteatose difusa pode levar à insuficiência funcional do órgão. ◦ Lipidose: .Conceito: São acúmulos intracelulares de outros lipídeos que não os triglicerídeos, ou seja, há acúmulo de lipídeos complexos (esfingolipídeos e gangliosídeos) e colesterol e seus ésteres no citoplasma de células que normalmente não os armazenam. .Causas: Pode haver depósitos de colesterol e seus ésteres em artéria (aterosclerose), na pela (xantomas) e em sítios de inflamação crônica. Em relação as enfingolipidoses, elas são distúrbios no metabolismo de esfingolipídeos e seus produtos, decorrente da falta ou deficiência de enzimas lisossômicas de origem genética. ACÚMULO DE CARBOIDRATOS: ◦ Glicogenoses: .Conceito: Acúmulo de glicogênio no citoplasma de células que normalmente não o armazena. .Causas: Pode decorrer da deficiência genética de enzimas que atuam no processo de degradação do glicogênio (exemplo: doença de Von Gierke em que há uma deficiência da glicose 6 fosfatase). Ou pode decorrer também de um excesso na reabsorção de glicose pelos rins, tal como ocorre no diabetes mellitus. ◦ Mucopolissacaridoses: .Conceito: Acúmulo de carboidratos mais complexos (mucopolissacarídeos) no citoplasma de células que normalmente não os armazenam. .Causas: Decorre da deficiência de enzimas relacionadas com a degradação dos mucopolissacarídeos que ficarão acumulados. As mucopolissacaridoses apresentam manifestações diferentes conforme a enzima deficiente. Por exemplo: Na Síndrome de Hurler há morte antes dos 10 anos e na síndrome de Sheele a sobrevida é normal.
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