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Origem e Evolucao da Populacao em Mocambique _ Helio Clemente_2018

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Hélio Clemente1
ORIGEM E EVOLUÇÃO DA POPULAÇÃO DE MOÇAMBIQUE
Introdução
Os estudos sobre população inserem-se nas grades problemáticas da Geografia da População que
é um ramo da ciência geográfica, mas especificamente, da Geografia Humana, responsável pela
compreensão dos fenómenos e da dinâmica populacional e suas variações espaciais. Natalidade,
mortalidade, crescimento vegetativo, migrações, estrutura etária e ocupacional são alguns dos
elementos mais considerados nas análises populacionais. O presente trabalho, é desenvolvido no
contexto da cadeira de Geografia de Moçambique e mais especificamente na grande temática de
População e sociedade, cujo conteúdo resume-se no estudo da origem e evolução da população
em Moçambique, das variáveis de análise demográfica, das migrações, factores da distribuição
da população e dos problemas demográficos actuais.
Objectivos
Geral
 Estudar a origem e evolução da população de Moçambique.
Específicos
Mencionar os indicadores demográficos em Moçambique;
 Descrever os movimentos migratórios
 Indicar os problemas demográficos actuais;
 Indicar a importância do estudo da população.
Metodologia
Para a realização do trabalho recorreu-se ao método de pesquisa bibliográfica que de acordo GIL
(1991), consiste na leitura selectiva, analítica e interpretativa de livros, artigos, reportagens,
textos da Internet, filmes, imagens e sons. O pesquisador deve buscar ideias relevantes ao estudo,
com registo fidedigno das fontes.
1 Hélio Clemente – Licenciado em Ensino de História com Habilitações em Ensino de Geografia. Universidade
Pedagógica – Maxixe, Moçambique. clementehelio199@gmail.com
1. Origem e Evolução da População em Moçambique
Grande parte das características demográficas da população moçambicana só poderão ser
devidamente compreendidas quando situadas no contexto mais amplo das transformações
sociais, económicas e culturais ocorridas no País, tanto no período pré-colonial como durante as
duas décadas que se seguiram à Independência política, em 1975. Tal análise situa-se para além
do âmbito deste trabalho, mas os dois exemplos seguintes ilustram a importância e a influência
directa da história sócio-política nas mudanças demográficas da população moçambicana (INE,
2005).
Um exemplo refere-se à taxa de crescimento da população moçambicana relativamente baixa
durante a primeira metade do século XX. Tal taxa deveu-se à falta de condições adequadas de
saúde e higiene que marcou Moçambique durante a primeira metade do Século XX; como
escreveu Newitt (1995: 474) no seu livro A História de Moçambique, até à década de 50, ’A
malária, doença do sono, lepra e bilharziose eram doenças endémicas, e um terço das crianças
morriam durante a infância’.
Porém, nas décadas 30 e 40 o Governo português criou unidades de combate à malária e à
doença do sono; depois da Segunda Guerra Mundial, outras doenças foram adicionadas àquela
lista de prioridades, tais como bilharziose, tuberculose e lepra. Se bem que os graves problemas
de saúde da população moçambicana nunca foram adequadamente confrontados durante o
período colonial, certamente que as acções de saúde pública com impacto mais amplo foram as
causas mais directas do começo da diminuição da mortalidade a partir de 1950 (Newitt, 1995:
474-475). Esta mudança dum componente importante do crescimento da população, como é a
mortalidade, originou a aceleração do ritmo de crescimento demográfico nas últimas décadas do
período colonial.
Outro exemplo refere-se às migrações mais recentes, nomeadamente aos movimentos externos e
internos da população, causados pelo conflito armado que assolou Moçambique durante cerca de
uma década e meia até às eleições gerais e multipartidárias de Outubro de 1994. Se bem que este
movimentos migratórios são fenómenos histórico-estruturais que sempre marcaram fortemente a
evolução da população moçambicana, o conflito armado mais recente gerou fluxos migratórios
muito específicos e, sem dúvida, com profundas implicações para o processo de urbanização, o
estado e ritmo de crescimento da população, entre outros aspectos demográficos. Fontes diversas
estimaram que por volta de 1990 mais de 100,000 pessoas teriam morrido como resultado directo
do conflito armado; cerca de um milhão e meio de pessoas encontravam-se refugiadas nos países
vizinhos e, dentro do país, um terço da população tinha sido forçado a deslocar-se das suas zonas
habituais de residência (INE, 2005).
Os dados demográficos disponíveis permitem-nos descrever a evolução histórica, pelo menos na
segunda metade do século XX. Em 1950, a população total de Moçambique era cerca de 6.5
milhões de habitantes. Desde então, ela cresceu de forma acelerada, tendo atingido 7.6 milhões
em 1960, 9.4 milhões em 1970, e 12.1 milhões em 1980.
O censo populacional previsto para 1990 não se realizou, por causa do conflito armado que
assolava o País na altura. Porém, como forma de minimizar a falta de informação censal, o
Governo decidiu realizar em Outubro de 1991 o Inquérito Demográfico Nacional (IDN). Este
inquérito foi concebido segundo um marco amostral adaptado às circunstâncias político-militares
difíceis em que se encontrava o país. Para esse ano estimou-se uma população total de 14.4
milhões de habitantes (idem).
O rápido crescimento populacional foi causado pelas elevadas taxas de natalidade numa altura
em que a mortalidade começou a diminuir. Durante as décadas de 50 e 60 a taxa de natalidade
manteve-se quase constante e a níveis elevados, na ordem dos 49 nascimentos por mil habitantes.
Esta taxa sofreu ligeiras alterações ao reduzir sucessivamente para 48 por mil em 1970, 47 em
1980 e 45 por mil em 1990. Em contrapartida, no mesmo período a taxa de mortalidade observou
um significativo declínio. Em 1950 registaram-se 32 óbitos em cada mil habitantes, tendo
reduzido para 20 em 1990. O maior declínio da mortalidade, principalmente a infantil, registou-
se nos primeiros cinco anos da Independência Nacional (1975-1980), como resultado das
melhorias das condições de saúde, educação e habitação, entre outras (idem).
1.1.O regime demográfico actual (Transição demográfica)
No último século, a população moçambicana tem vivido uma transformação silenciosa, sem
precedentes na história da sua evolução. Transformação que poderia ser chamada de revolução
demográfica1, similar à revolução demográfica global, iniciada na Europa em meados do século
XVIII, e que se generalizou por todo o Mundo no Século XX, originando a chamada ‘explosão
da população’.
Só que em Moçambique, apesar de ser uma realidade, a transição demográfica permanece
incipiente, lenta e atrasada, comparativamente às transições demográficas mundiais, incluindo
metade dos países da África Austral - África do Sul, Botswana, Lesoto, Maurícias, Namíbia,
Suazilândia, Zimbabwe (Francisco, 2011)
Do ponto de vista da ciência demográfica, a população humana conhece basicamente dois
grandes regimes demográficos (RDA & RDM) e no meio de ambos, a chamada transição
demográfica. Uma transição que surgiu após milhares de anos de prevalência de um regime
demográfico antigo (RDA), caracterizado por altas taxas vitais (taxas brutas de mortalidade e de
natalidade), originando crescimento natural ou vegetativo lento e próximo de zero. Um
crescimento típico de sociedades primitivas, ou sociedades contemporâneas dependentes de
economias de subsistência precária.
Até meados do século XVIII, a população mundial cresceu muito lentamente. Atingiu o seu
primeiro milhar de milhão de habitantes, por volta do ano de 1820; o segundo milhar de milhão
no final da década de 1930, em apenas 125 anos; o terceiro milhar de milhão de pessoas, 34 anos
depois, por volta de 1961. No último meio século, a população mundial já voltou a duplicar,
prevendo-se que ultrapasse sete mil milhões de pessoas, no corrente ano de 2011 (Maddison,
2006: 30; UN, 2010).
Todavia, após o período de crescimento populacional explosivo, caracterizado pela transiçãode
eleva das para baixas taxas vitais, a ritmos diferentes, a partir da segunda metade do século XX,
um número crescente de países tem vindo a concluir a transição demográfica (clássica ou
primeira). A população voltou a crescer lentamente, à semelhança do ocorria no RDA, mas com
uma diferença fundamental. No RDM o crescimento populacional lento assenta em baixas taxas
de natalidade e mortalidade.
E em Moçambique, o que é que aconteceu nos últimos dois séculos? Segundo os dados
disponíveis, a explosão demográfica moçambicana não foi menos espectacular do que a mundial.
Moçambique precisou de 1820 anos para atingir dois milhões de habitantes, mas em apenas
duzentos anos, aumentou já cerca de 11 vezes. Estima-se que, no corrente ano 2011, a população
moçambicana atinja 23 milhões de habitantes, representando 0,3% da população mundial e 2,1%
da população africana (Francisco, 2011a: 14; INE, 2010: 11).
Moçambique surge na 2ª Fase, da primeira transição demográfica, devido aos elevados valores
da natalidade (TBN 41,1‰), da taxa de crescimento (2,5%) natural, da taxa de fecundidade total
(TFT = 5,4 filhos por mulher) e da taxa de mortalidade infantil (TMI - 133‰). Estes indicadores
revelam que Moçambique mantém fortes vestígios da primeira fase da transição demográfica, ou
até mesmo do RDA, pré-transicional. No entanto, a mortalidade já diminuiu para menos de 20‰,
significando que a ruptura com o RDA está e, curso, manifestada visivelmente, na elevada taxa
de crescimento (superior a 2% por ano).
1.2.Movimentos Migratórios
As migrações são fenómenos históricos que remotam a milhares de anos. Sem elas o mundo não
se apresentaria com a plataforma social actual. São um fenómeno histórico ancestral. A História
ensina-nos que a África é o berço da Humanidade. Foi a partir daqui que o homem se expalhou
pelos diferentes cantos do globo. As migrações estiveram ligadas a crises económicas, disputas
de terras, procura de melhores condições de vida, calamidades naturais, crises políticas,
motivações religiosas.
Rocha-Trindade (1990:467), destaca que: “ o conceito de migração veio posteriormente a
especializar-se com a fixação de fronteiras dos Estados e delimitação das soberanias nacionais:
para cada lugar de onde se observava o fenómeno, era emigrante aquele que saía para lá das suas
fronteiras e imigrante aquele que, do exterior, nelas penetrava.”
Entre 1976 e 1992, Moçambique experimentou um clima de instabilidade militar que levou
milhares de moçambicanos a buscar refúgio nos países vizinhos, mas também nas cidades,
sobretudo nos grandes centros urbanos (Hanlon, 2010). Portanto, o papel da migração forçada do
campo para a cidade foi crucial no crescimento da população urbana. Raimundo & Muanamoha
(2013) esclarecem que, a par da instabilidade militar, os desastres naturais, especialmente as
secas que assolaram Moçambique na década de 1980, também forçaram milhares de
moçambicanos a deslocarem-se para os centros urbanos.
Após a assinatura dos Acordos de Paz em 1992, a migração do campo para cidade continuou a
ter lugar, porém motivada por outros factores (Hanlon, 2010). Entre os factores que terão
contribuído para o contínuo fluxo de migrantes do meio rural para o meio urbano, há a destacar
os efeitos adversos dos programas de reajustamento estrutural orientados a partir das instituições
de Bretton Woods, nomeadamente o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional (Hanlon
& Smart, 2008). Para Gurmu & Mace (2008), os programas de reajustamento estrutural
contribuíram de forma crítica para a fragilização do tecido produtivo em muitos países africanos,
pelo que Hanlon & Smart (2008) argumentam que, especialmente no contexto rural, com as
reformas económicas neoliberais, muitos Estados viram a sua a capacidade de financiar o sector
agrário enfraquecida. Consequentemente, é plausível que, em Moçambique, o campesino, já
afectado pela destruição de infra-estruturas básicas, tais como estradas, pontes e sistemas de
regadio devido à instabilidade militar, e, ao mesmo tempo, fustigado pelas secas, tenha visto na
migração para a cidade a melhor alternativa para sobreviver (Hanlon, 2010; Raimundo &
Muanamoha, 2013).
A migração campo-cidade por razões económicas está associada à imagem da cidade como um
lugar de oportunidades. Tal como explicado por Jenkins (2006), tal imagem terá sido
estabelecida no período colonial, dado que boa parte da mão-de-obra barata e necessária para a
vida urbana provinha do campo. Com a independência, esta dinâmica não foi alterada e a
imagem da cidade como um lugar de oportunidades continua relevante no imaginário colectivo.
No entanto, embora a migração seja um factor importante, defendemos que o crescimento
natural, isto é, a diferença entre nascimentos e óbitos, tem tido maior peso no rápido crescimento
urbano e no crescimento demográfico urbano em Moçambique. Esta posição é consistente com o
que se observa em outros países africanos. Cohen (2006) afirma que se espera que a população
nas cidades africanas, sobretudo nas pequenas e médias cidades, continue a aumentar devido ao
crescimento natural.
1.3.Distribuição geográfica da população em Moçambique
De acordo com INE (2005), a população do País é predominantemente rural. Em 2003, 69.5 por
cento da população total residia nas áreas rurais enquanto a restante morava nas cidades
consideradas urbanas. A capital do País acolhe 21 por cento do total da população urbana, o que
demonstra um padrão de distribuição muito heterogéneo. Neste padrão é notável a acentuada
concentração da população nas províncias do litoral e uma fraca densidade no interior do País.
As Províncias de Zambézia e Nampula que ocupam 1/4 da superfície do território, agrupam
quase 38 por cento da população total.
A mesma fonte, indica que A região Norte que ocupa o segundo lugar quanto a extensão
territorial com 293,287 km2, apresenta uma baixa densidade demográfica (20.5 hab./km2) do
que as restantes regiões. A região Centro é a mais extensa do País com 335,411 km2 apresenta a
densidade demográfica intermédia (23.2 hab./km2). Finalmente, a região Sul que ocupa a menor
extensão territorial com 170,680 km2 apresenta a densidade demográfica mais elevada de todas
as regiões (27.7 hab./km2).
Actualmente, em consequência da migração rural-urbano e da reclassificação territorial de 1986
que eleva para categoria urbano 23 cidades e 68 vilas, a população urbana do País é 30.5 por
cento (idem).
1.4.Factores da distribuição da População
1.4.1. Factores Naturais
1.4.1.1.O Clima
Regra geral nas regiões de climas temperados e subtropicais, isto é, nos climas mais moderados,
situam-se grandes concentrações humanas e nas regiões de climas frios desérticos, tropicais e
equatorial, a população é mais escassa ou mesmo inexistente. O clima exerce uma influência
considerável na distribuição da população devido aos obstáculos físicos que impõe ao organismo
humano (IEDA, s/d).
O mesmo autor, assegura que o organismo humano adapta-se às condições ambientais, mas
apenas dentro de certos limites. Nas regiões polares, a temperatura baixa para além desses
limites; nos desertos, falta a água e a humidade necessárias à sobrevivência, isto aliado a altas
temperaturas (que não é raro ultrapassarem os 40º C) e a fortes amplitudes térmicas diurnas
anuais nas regiões tropicais, quentes e húmidas, com chuvas abundantes durante a maior parte do
ano (e por isso cobertas de densas florestas) também não há condições favoráveis ao organismo
humano. O Homem e os animais são frequentemente atacados por doenças endémicas.
Mas o clima tem também uma influência indirecta sobre a distribuição da população, na medida
em que condiciona os bons e os maus anos agrícolas, constituindo assim um factor predominante
da produtividade. Embora com os progressos técnicos o Homem se vai libertando, em parte das
limitações climáticas (aquecimento, ar condicionado, combate as doenças), o factor clima
continua a ser o menos modificávelpela acção humana.
1.4.1.2.O Relevo
Repare que as grandes cadeias de montanhas constituem regiões de fraca densidade
populacional. Mais de 80% da humanidade vive abaixo dos 500 metros de altitude e apenas 8,5%
vive acima dos 1000 metros. À medida que aumenta a altitude diminui a temperatura, a pressão
atmosférica e a quantidade de oxigénio, fenómenos suficientes para provocar transtornos no
organismo humano reduzindo as suas capacidades físicas (ibid).
A prática da agricultura torna-se difícil, não só em resultado das baixas temperaturas, mas
também do acidentado dos terrenos e da pobreza dos solos, frequentemente arrastados pelas
águas de escorrência. De uma forma geral, as regiões montanhosas constituem obstáculos à
permanência das actividades humanas e a construção de obras humanas.
1.4.1.3.O Solo
Segundo o Rodrigues (2018), o solo é uma película frágil da qual depende a produção alimentar
que sustenta os seres vivos. As áreas onde o intenso trabalho de sucessivas gerações conseguiram
transformar solos pouco férteis em terras produtivas, são normalmente focos de densidade
populacional elevada. Os vales fluviais, as planícies aluviais e os deltas de muitos rios, para além
de constituírem áreas de concentração populacional por excelência, pois a produtividade agrícola
é muito elevada, são também eixos de circulação e de trocas privilegiados. Nas regiões áridas ou
de solos pobres e pedregosos são áreas onde a densidade populacional é muito baixa.
1.4.1.4.A vegetação
As densas e extensas florestas constituem em regra ambientes repulsivos, de difícil ocupação,
pelo que se verifica uma grande rarefacção da população. Nas florestas equatoriais a conjugação
das temperaturas e de precipitações elevadas contribuem para uma humidade atmosférica muito
elevada, propicia à proliferação de doenças e a insalubridade do ambiente (Rodrigues, 2018).
1.4.1.5.A Riqueza do Subsolo
A localização de certos recursos do subsolo (minerais e energéticos) tem constituído um factor
de atracção das actividades económicas, provocando a formação de grandes aglomerados
populacionais (idem).
O carvão, por exemplo, atraiu diversas indústrias para junto das áreas de extracção, provocando a
formação de grandes aglomerados humanos no fim do século XVIII e ao longo do século XIX,
como aconteceu, por exemplo, nas bacias hulheiras da Inglaterra, do Norte da França e do Ruhr
(Alemanha). A exploração do ferro e outros metais tem efeitos semelhantes e explica a elevada
densidade demográfica em muitas outras regiões do mundo ou simplesmente o povoamento de
muitas outras que antes eram praticamente desabitadas devido às condições adversas do clima.
Estão neste caso, por exemplo, algumas zonas do Norte do Canadá, da Sibéria, e do deserto
australiano (Rodrigues, 2018).
A corrida ao ouro nos Estados Unidos explica, em parte, o povoamento do Oeste americano, do
mesmo modo que muitos centros populacionais siberianos e do Norte da Suécia devem o seu
nascimento à exploração mineira. Nos desertos de Sara e da Arábia, embora constituindo
ambientes extremamente repulsivos, o aparecimento e exploração de grandes jazigos de petróleo
e gás natural determinaram também o aparecimento de pequenos mas numerosos aglomerados
populacionais.
1.4.2. Factores Humanos
1.4.2.1.A Proximidade das Vias de Comunicação e de Transporte
As vias de comunicação e os transportes desempenham um papel fundamental na distribuição da
população, pois exercem um forte poder de atracão sobre as actividades económicas e sobre as
populações.
Por exemplo, as vias de caminho-de-ferro, enquanto eixos pesados de transporte, têm
representado importantes linhas orientadoras do crescimento urbano e áreas de elevada
concentração populacional, para além de estarem associadas à localização de actividade
industrial. O litoral, os grandes lagos e, como já sabe, os rios navegáveis, são áreas onde as
densidades populacionais são muito elevadas, pois constituem, entre outras razões, boa vias de
comunicação (IEDA, s/d.).
1.4.2.2.Localização das Bacias Industriais
A indústria, desde os finais do século XVIII, e o sector terciário são as actividades que mais tem
contribuído para a concentração da população e para a formação de grandes aglomerações
urbanas. Numa primeira fase, a concentração populacional processou-se ao longo das bacias
industriais e minerais para rapidamente, numa segunda fase, se expandir por regiões igualmente
atractivas para as actividades económicas (IEDA, s/d.).
Facilitadas pelo desenvolvimento do caminho-de-ferro, pelo barco a vapor, e mais tarde pelo
automóvel e pelo avião, as industrias e as actividades terciárias provocaram migrações maciças
da população sem precedentes, a mistura de povos e a intensificação da ocupação do espaço. As
actividades económicas, em geral, beneficiaram do alargamento dos horizontes de localização
proporcionados, nomeadamente, pela expansão espacial das infra estruturas de transporte e pelo
desenvolvimento das telecomunicações, o que lhes permitiu melhorar a mobilidade e
continuarem a contribuir para concentração populacional de novas áreas economicamente
atractivas (idem).
1.4.2.3.Os Locais de Origem das Antigas Civilizações
As condições físicas dos grandes focos populacionais são geralmente favoráveis, tanto pelo
clima como pelo relevo. Contudo, as concentrações populacionais são antes de mais o produto de
uma longa e complexa permanência do Homem nesses locais, que remonta aos primeiros tempos
de sedentarização. Embora a presença de antigas civilizações não seja um factor suficiente para
explicar as densidades de alguns focos populacionais, a sua importância revela-se fundamental
em algumas áreas do globo. Por exemplo no ano 200 d.c., estima-se que os focos chineses e
indiano abrigassem já metade da população mundial. No Norte de África, ao longo do vale do rio
Nilo e no Médio Oriente na antiga região de Mesopotâmia, as áreas que primeiro foram
habitadas são hoje de maior concentração populacional (Rodrigues, 2018).
A origem e o desenvolvimento das cidades ocorreu também nas regiões onde o povoamento é
secular. Por isso, a maior densidade urbana verifica-se no coração da Europa. É lá tal como no
Extremo Oriente, na Ásia do Sul e no Mediterrâneo Oriental que encontramos a maior parte das
grandes cidades (ibid).
1.5.Problemas Demográficos actuais
1.5.1. Alimentação
A alimentação é a primeira necessidade básica do Homem, sem a qual ele não poderia
sobreviver. E apesar de todos os países procurarem satisfazer as necessidades básicas da sua
população, em todos eles, existem pessoas que morrem de fome, assim como também existem
pessoas que morrem por excesso alimentar no organismo. Há regiões em que as situações de
carência são esporádicas e temporárias devido à ocorrência de catástrofes naturais (sismos,
inundações, secas...) ou humanas (guerra, má gestão dos recursos alimentares). Noutras, pelo
contrário, a situação tende a tornar-se crónica, como em certas regiões da África subsariana. Os
países do Sahel (região a sul do Sahara), Moçambique, Zaire, a Somália e muitos outros da
África subsariana apresentam níveis de alimentação que colocam a população no limite da
sobrevivência (Francisco, 2011).
1.5.2. Higiene e Saúde
Segundo Francisco (2011), Actualmente a saúde depende grandemente de quem somos. A
duração de vida varia entre as nações ricas e pobres, entre as zonas geográficas tropicais e
temperadas, e entre as populações urbanas e rurais. A satisfação das necessidades básicas da vida
ainda não está ao alcance de todos. Nem sequer os benefícios da medicina preventiva ou
cuidados médicos, mesmo nas chamadas nações avançadas. Os países desenvolvidos dispõem de
maior número de hospitais e centros de saúde, que são também mais bem equipados e onde
trabalham mais médicos e pessoal de saúde, pelo que a maior parte da sua população tem um
acesso mais fácil e de maior qualidade aos cuidados médicos, consequentemente a esperança
média de vida é decerca 70 a 80 anos de idade.
Nos países em desenvolvimento, pelo contrário, o problema não reside apenas na escassez de
recursos, é a existência de verdadeiras privações no acesso aos serviços de saúde, carências no
acesso à água potável e saneamento básico que não permitem hábitos de higiene fundamentais,
deficiências alimentares, dificuldade em difundir informações sobre prevenção e tratamento de
doenças, assim como o facto de uma parte considerável destas populações ser desprovida de
instrução (idem).
1.5.3. Educação
A alfabetização e a escolarização são importantes para que a população não fique privada do
conhecimento e da formação, essenciais para garantir um emprego estável e bem remunerado.
Mas, a alfabetização de adultos está longe de ser generalizada.
Nos países desenvolvidos só menos de 5% da população é analfabeta, e a taxa de escolaridade é
superior a 85%. Nos países em desenvolvimento, nomeadamente na Àfrica Subsahariana e nos
países Árabes, a taxa de alfabetização de adultos é de 45% e na Ásia do Sul é de 50% - 110
milhões de crianças não frequentam o ensino primário, metade das quais na Ásia do Sul. No
total, aproximadamente 840 milhões de adultos são analfabetos, dos quais 570 milhões são
mulheres (Cohen, 2006: 46).
1.5.4. Emprego
Ter acesso a um meio de subsistência é uma componente vital do desenvolvimento humano. O
trabalho garante, não só, o acesso à satisfação das necessidades mais básicas, como contribui
para a realização pessoal e a integração social. Mesmo nas economias que têm crescido mais
depressa, há dificuldades na criação de empregos suficientes. O problema de desemprego
verifica-se quer nos países industrializados quer nos países em desenvolvimento, embora nestes
últimos assuma proporções de calamidade, dada a debilidade da segurança social (Raimundo,
2013:24).
Qualquer que seja a causa do desemprego, os seus custos sociais e económicos são elevados:
danos psicológicos, instabilidade nas famílias, redução ou ausência de rendimentos, maiores
encargos para a segurança social (idem).
Conclusão
O estudo da população revela-se de grande importância em todos os aspectos (políticos,
económicos e sociais), porque permite para além do conhecimento das características
demográficas, suas variações e dinâmicas, a possibilidade de estabelecimento de critérios e
politicas mais acertadas de gestão demográfica e satisfação das necessidades públicas, sendo essa
uma das principais razões do desenvolvimento dos censos demográficos pelo Instituto Nacional
de Estatísticas (INE).
A origem da população de Moçambique encontra-se na miscigenação entre os Khoisan e os
povos bantus. Para além desses grupos primitivos, os contactos com a Ásia através do comércio
da costa e mais tarde com os povos da Europa e outras partes do mundo resultantes das
inovações das tecnologias de navegação e mais recentemente pela globalização as origens da
população moçambicana diversificaram-se o que leva a concluir que a população Moçambicana
é essencialmente heterogénea.
Os estudos demográficos em Moçambique remontam ao período colonial e foram desenvolvidos
nas principais áreas urbanas em 1940. Dados demográficos desse período mostram que a
população era muita baixa, tendo sido as melhorias das condições sanitárias e os movimentos
migratórios que ditaram o actual regime demográfico. Actualmente, Moçambique está a passar
por uma transição demográfica, na qual, as taxas de mortalidade baixam e as taxas de natalidade
continuam altas.
Vários são os problemas demográficos do Moçambique contemporâneo, entre vários, podemos
citar a saúde e higiene, a educação, habitação, emprego, segurança, transporte, etc. estes
problemas resultam em parte pela falta de recursos devido a condição de um país em
desenvolvimento, mas resulta ainda da falta de justiça social e consequente má distribuição da
riqueza, agudizada pelos elevados índices de corrupção.
Referencias Bibliográficas
Instituto Nacional de Estatística. Moçambique: Inquérito Demográfico e de Saúde 2003. Maputo,
INE, 2005.
Rodrigues, C. U. (2019). «Migração, Movimento e urbanização em Angola e Moçambique». In:
IESE (Ed.), Desafios para Moçambique 2018 Maputo: IESE, pp. 449-479.
Raimundo, I. M. & Muanamoha, R. (2013). «A dinâmica migratória em Moçambique». In:
Arnaldo, C. & Cau, B. (Eds.), Dinâmicas da População e Saúde em Moçambique . Maputo:
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