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FO ���J 2022 - Bár�a�� T�n�i�� 18.2 - Or�o��n��a Métodos de estudos do crescimento ósseo → Introdução, conceitos, tipos de dados sobre o crescimento, métodos para congregar os dados de crescimento, métodos de estudo do crescimento ósseo e conclusões. ● Introdução: O crescimento e o desenvolvimento humano segue um padrão, contudo há diferentes graus de variabilidade e ritmo, isso é, algumas pessoas crescem mais rápido que outras. Outro exemplo de padrão são os bebês: quando eles nascem possuem a face com ⅛ do resto do tamanho do crânio. Com o passar do tempo, o padrão é: a face irá crescer mais do que o resto das estruturas do crânio. Os padrões são importantes para que possamos entender como ocorre o desenvolvimento humano, conseguindo identificar o que é normal ou anormal. A dinâmica do crescimento é muito complexa, pois varia em local, quantidade, tipo e direção. Portanto, o método de estudo ideal deveria dizer todas essas 4 características. Entretanto, cada método de estudo de crescimento tem uma falha em especificar algumas dessas características. Alguns conseguem dizer local, mas não a quantidade, outros especificam o tipo de crescimento mas não a direção. Ou seja, nem tudo é perfeito. Existe apenas um método que consegue especificar todas as características mas veremos que ele possui dificuldade em ser aplicado. ● Conceitos: Crescimento: É a alteração do processo quantitativo da matéria. Isso é, um aumento de tamanho do órgão/estrtura. O crescimento é medido por unidade de aumento por unidade de tempo (exemplo: centímetros por ano). É um fenômeno anatômico. Desenvolvimento: O crescimento está ligado ao aumento de tamanho, já o desenvolvimento consiste no aumento da complexidade. Ou seja, em desenvolvimento estamos falando sobre tornar esse ser humano/órgão mais complexo, com mudanças unidirecionais. Portanto, é um fenômeno fisiológico, ele lida com o crescimento mas também ocorre a diferenciação celular + morfogênese. É a forma adulta atingindo o seu estágio mais avançado, mais complexo, mais efetivo. Maturação: É uma mudança qualitativa, vai acontecer com o amadurecimento do ser humano. Consiste no desenvolvimento pleno, é a estabilização do estágio adulto que ocorre com os processos de desenvolvimento e crescimento do indivíduo. Em suma: crescimento é o aumento de tamanho de um indivíduo. Esse indivíduo irá se desenvolver (criança – adolescente – homem adulto..) até essa pessoa chegar no estágio de maturação máxima. ● Tipos de dados sobre crescimento: Dados de opinião, dados de observação, dados de comparação e medidas quantitativas (dados diretos, dados indiretos ou dados inferidos). FO ���J 2022 - Bár�a�� T�n�i�� 18.2 - Or�o��n��a Dados de opinião: São baseados na suposição da experiência de um indivíduo ou grupo. Ou seja, é baseado em subjetividade + experiência. Portanto, é a forma mais rudimentar de conhecimento. O dado de opinião não é inútil, mas sempre damos preferência para qualquer outro tipo pois esse é o mais rudimentar e, normalmente, não possui embasamento científico. Ainda assim, os dados de opiniões são importantes pois, muitas vezes, são eles que geram a pergunta para o início de uma pesquisa mais profunda. Exemplo: Qual a melhor resina do mercado? Cada pessoa tem uma opinião diferente. A partir disso, pode-se fazer uma pesquisa mais a fundo, utilizando outros dados para se obter a resposta de maneira mais criteriosa. Dados de observação: São estudos de tudo ou nada, isso é, iremos observar se tem ou se não tem determinada característica. Não há meio termo, ou tem ou não tem. São considerados estudos limitados porque não teremos dados quantitativos de fato. Exemplo: estudo para observar a presença ou não de um dente. Se tem ou não tem. Entretanto, não terá dados quantitativos, como: porque a ausência? Como é essa ausência do dente? Em que região? O que aconteceu? etc. Isso é, os dados de observação são restritos a uma resposta mais direta e, por isso, mais limitados de modo geral. Apesar disso, tem sua importância e, diferente do dado de opinião, já possui embasamento científico. Dados de comparação: São usados para dados difíceis de serem quantificados. Por exemplo, é muito difícil medir a calcificação dentária de uma criança. Utilizamos então os dados de comparação. Classificamos uma estrutura/processo e, a partir daí, conseguimos comparar os dados. Exemplo: Classificação da calcificação dentária: Estágio 0: ausência de cripta, germe dentário nem aparece. Estágio 1: presença de cripta dentária. … Estágio 6: coroa completamente formada, mas sem formar raíz. … Estágio 8: ⅔ da raíz formada… Ou seja, a autora pegou esses dados a partir de vários indivíduos e diferentes estágios da calcificação e organizou em uma classificação. Isso tornou muito mais fácil comparar e compreender. Então, em casos mais difíceis de serem quantificados, podemos utilizar a comparação. Ou seja, não foi necessário dizer quantas gramas de cálcio estava formado no estágio 6 para que se entenda que a coroa já está completamente formada, mas ainda sem raíz. Medidas quantitativas: É quando conseguimos medir, dar números, a uma determinada coisa/processo. É basicamente transformar conhecimento em número. Minimiza o mau entendimento, pois é mais óbvio. Além disso, por ter números, permite que se teste hipóteses, com testes estatísticos. É a forma de dados que mais interessa na ciência, pois podemos aplicar de uma forma mais concreta. Os dados da medida quantitativa podem ser diretos, indiretos ou inferidos: → Dados diretos: São medidos diretamente em pessoas vivas ou em cadáver. É utilizado compasso, paquímetro ou fita métrica. Exemplo: medir a profundidade de bolsa do paciente. FO ���J 2022 - Bár�a�� T�n�i�� 18.2 - Or�o��n��a → Dados indiretos: É uma medida a partir da reprodução do indivíduo. Vale para qualquer coisa que seja uma reprodução da pessoa: foto, tomografia, modelos etc. Exemplo: moldar vários pacientes e depois, no modelo de gesso, medir o tamanho do incisivo central de cada um. → Dados inferidos: É o resultado da comparação entre outras duas medidas Exemplo: medir o tamanho do arco, de primeiro molar a primeiro molar, em 2 modelos de gesso diferentes: um quando o paciente tinha 10 anos e outro quando ele tinha 14 anos. Haverá uma diferença de tamanho, obviamente, entre esses dois modelos. Isso não é um dado indireto e sim um dado inferido porque o resultado é da comparação de outras 2 medidas. ● Métodos para congregar os dados de crescimento: métodos longitudinais, métodos transversais e métodos semi longitudinais/mistos: Método longitudinal: Medidas de uma mesma pessoa/grupo em um intervalo regular de tempo. Como mostra na imagem acima, a mesma pessoa mais nova e envelhecendo. Ou seja, o estudo longitudinal utiliza o mesmo grupo de pessoas em um dado espaço de tempo. É um período no tempo. → Vantagens: 1. Identificação do padrão de crescimento individual; 2. Variabilidade; 3. Erros de medidas são facilmente detectados; → Desvantagens: 1. Tempo prolongado: precisa esperá um tempo (anos) para se obter uma resposta; 2. Custo elevado; 3. Desgaste da amostra: pessoas se mudam, pessoas falecem, podem desistir do estudo etc. Por isso, é muito comum em estudos longitudinais, pegar uma amostra maior do que se precisa. Método transversal ou seccional: Medidas tomadas de indivíduos diferentes ou amostras diferentes em diferentes períodos. É um corte no tempo. Exemplo: Ao invés de esperar 2 anos para obter respostas de crianças de 8 anos até elas completarem 10 anos (estudo longitudinal), podemos pegar crianças de 8 anos e, NO MESMO DIA, pegar outras crianças de 10 anos e comparar a diferença de tamanho entre elas (estudo transversal). → Vantagens: 1. Mais rápido e menor custo; 2. Amostra: tamanho maior e desgaste menor; 3. Permite a repetição do estudo com rapidez; 4. Uso em cadáveres. → Desvantagens: 1. Adota a suposição que os grupos estudados são similares; 2. Variações individuais ficam escondidas. Método semi longitudinal ou misto: É a combinação dosmétodos transversais e longitudinais. É feito sub-amostragem: Exemplo: quer se estudar crianças de 6 a 8 anos, de 8 a 10 anos e de 10 anos a 12 anos, ou seja, 3 momentos diferentes do crescimento. Levaria 6 anos no total. FO ���J 2022 - Bár�a�� T�n�i�� 18.2 - Or�o��n��a O que podemos fazer no estudo semi longitudinal? Podemos fazer em 2 anos ao invés de 6 anos: Pegamos crianças de 6, 8 e 10 anos e acompanhamos por 2 anos. O custo é maior do que no transversal, mas também continua sendo rápido, a amostra é menor… etc. Ou seja, podemos utilizar esses métodos para chegar à nossa resposta. A escolha por cada um desses métodos, vai depender da pergunta que está sendo feita. ● Métodos de estudos do crescimento ósseo: Podem determinar o local, tipo, direção e quantidade do crescimento. São eles: 1. Craniometria: É a medição no crânio seco, ou seja, em cadáveres. Portanto, só pode ser utilizado em um estudo transversal. Normalmente, esses crânios, estão submetidos a alguns fenômenos meteorológicos (crânios encontrados debaixo da terra etc) e isso pode alterar o tamanho e forma desse crânio. Isso é uma limitação do método. → Vantagens: 1. Permite obter medidas precisas, dados diretos. → Desvantagens: 1. Desconhecer causa da morte, idade, sexo, origem e raça; 2. Passível de distorção em virtude da pressão e umidade submetidos pelas camadas do solo. 2. Antropometria: Craniometria em pessoas vivas, é a medição esquelética em indivíduos vivos. Utilizamos as referências dos estudos craniométricos e direcionamos ao tecido mole para que possamos fazer as medições. É possível ser utilizada em estudos longitudinais (porque são pessoas vivas). → Vantagens: 1. Quantidade e direção relativa de crescimento. → Desvantagens: 1. Diferentes espessuras dos tecidos moles existentes entre diferentes indivíduos. 3. Radiografia Cefalométrica: É a craniometria associada a radiografia. É um dado indireto. É o estudo mais utilizado em humanos e possui grande contribuição na ortodontia. → Vantagens: 1. Acompanhamento das variações individuais; 2. Fácil obtenção e baixo custo; 3. Dados de quantidade e direção relativa do crescimento. → Desvantagens: 1. Imagem bidimensional; 2. Não informa tipo e local de crescimento. 4. Corantes vitais: Substâncias com afinidade por alguma estrutura orgânica (ex colágeno) ou inorgânica (ex cálcio) e essas substâncias são injetadas em animais. Uma vez injetadas, se fixam em diversas estruturas: dente, colágenos, cálcio e vão identificar um padrão de crescimento, onde a substância se fixar estava ocorrendo crescimento. Esse método FO ���J 2022 - Bár�a�� T�n�i�� 18.2 - Or�o��n��a é o mais eficaz pois diz o local, tipo, quantidade e direção de crescimento. Entretanto, é necessário o sacrifício animal, por isso esse método não pode ser utilizado em seres humanos, apesar de ser o método mais eficaz. Há 3 tipos de corantes que são utilizados: a) de fase inorgânica: se ligam ao cálcio Alizarina: reage fortemente na região onde há calcificação, identificando onde há crescimento ativo ou não. A região fica rosa. Tetraciclina: é um ATB, que atualmente não se usa mais. Possui uma reação de quelação com o cálcio. Ocorre uma alteração de cor em regiões onde estiver ocorrendo calcificação: A região que está marcada foi onde, no momento do uso da tetraciclina, estava ocorrendo calcificação. Ambos podem ser perdidos durante a descalcificação para o preparo da lâmina histológica, sendo uma desvantagem. b) de fase orgânica: se liga ao colágeno Procion: se deposita em regiões de crescimento de colágeno. Possui a vantagem de permanecer, mesmo durante a descalcificação, pois está ligado ao colágeno que é um tecido vivo. Entretanto, é de mais difícil visualização pois as cores do procion não são tão vivas. 5. Radioisótopos: São materiais radioativos: marcadores ‘in vivo’. São utilizados contadores de Geiger ou técnicas autorradiográficas, utilizando P radioativo, Sr radioativo e Ca radioativo. Basicamente: damos alguma dessas substâncias para a pessoa, por exemplo o Ca radioativo. O Ca começou a se depositar bem no côndilo. Significa que o côndilo é a região que cresce na mandíbula durante o crescimento. Se não se depositou nada na maxila: significa que não cresceu nada na maxila naquele momento. → Vantagens: 1. Pequena quantidade já é suficiente; 2. Não interfere nos processos fisiológicos; 3. Informa local, quantidade e direção de crescimento → Desvantagens: 1. Tóxicos; 2. Destruição progressiva das amostras no preparo das auto radiografias pois vai perdendo a radioatividade com o tempo; 3. Não se obtém informação acurada; 4. Não informa o tipo de crescimento. 6. Implantes metálicos: Em um estudo de 1863 foi amarrado arco de implantes na mandíbula de porcos e foi notado que na parte anterior o implante ficou mais frouxo e na parte posterior ficou mais justo. Isso foi um indício de que o ramo foi para trás, pois o implante é inerte, não se move. Logo, houve crescimento. Bjork também fez um estudo em que colocou pinos de metal inertes e os utilizou como marcas de referência. Por exemplo: ele colocou um pino na região da sínfise e, ao passar dos anos, notou que a espessura havia aumentado pois houve crescimento ósseo, as medidas mudaram. → Vantagens: 1. o método de implantes metálicos nos fornece a direção, o local e a quantidade do crescimento. → Desvantagens: 1. Custo elevado e mais invasivo; FO ���J 2022 - Bár�a�� T�n�i�� 18.2 - Or�o��n��a 2. Não fornece o tipo de crescimento ósseo; 3. Questão ética sobre a colocação de implantes. Normalmente é utilizado como uma associação de métodos, quando o paciente já tem algum implante e então associamos com algum outro tipo de estudo. 7. Histologia: É muito semelhante aos corantes vitais. É um estudo qualitativo, é completo! Porém, também só pode ser utilizado em animais. → Vantagens: 1. Informa local, tipo, quantidade e direção de crescimento. → Desvantagens: 1. Exige sacrifício. 8. Anatomia comparada: É um estudo que iremos comparar com outras espécies estruturas semelhantes filogeneticamente, fazendo um trabalho experimental mais rápido. Exemplo: diferença do crânio humano para o crânio de um primata. Os ossos são muito parecidos e, dependendo do que se está pesquisando, conseguimos chegar a respostas semelhantes sobre o tipo de crescimento, direção etc. 9. Marcadores naturais: São características ósseas que não vão mudar de posição, como o canal mandibular por exemplo. Exemplo: ao fazer radiografias seriadas num pequeno intervalo de tempo, notamos que houve um aumento de osso na região onde estava o canal mandibular. Se o canal mandibular não altera de posição, sabemos então que o crescimento ocorreu e foi posterior a ele. 10. Modelos dentais: Modelos de gesso ou digitais. São modelos permanentes, o dado ficará sempre com você, ainda que a arcada do paciente mude. Esses modelos permitem que façamos estudos longitudinais, acompanhando esse paciente por algum tempo. 11. Fotografias: São imagens bidimensionais em diferentes tomadas, que nos permite fazer algumas medidas do paciente, com estudos longitudinais, transversais etc. Pode dizer a quantidade de crescimento mas nunca a direção e o tipo. 12. Exames tridimensionais: Tomografias cone bean. → Vantagens: 1. Muita precisão e pouca distorção. → Desvantagens: 1. Alguns pontos de referência ainda não são padronizados; 2. Radiação; 3. Custo 13. Associação de métodos: Como todos os métodos possuem vantagens e desvantagens, o que fazemos com maior frequência é a associação de métodos para ter a vantagem de ambos e maior validade. Exemplo: associar o Ca radioativo + a alizarina. ● Conclusões: 1. Precisamos conhecer o processo normal do crescimento; 2. Método atual mais completo: corantes vitais. 3. Método mais usado em humanos: Cefalometria. 4. Método mais completo usado em humanos: Cefalometria com implantes metálicos FO ���J 2022 - Bár�a�� T�n�i�� 18.2 - Or�o��n��a