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XIX Congresso Brasileiro de Mecânica dos Solos e Engenharia Geotécnica Geotecnia e Desenvolvimento Urbano COBRAMSEG 2018 – 28 de Agosto a 01 de Setembro, Salvador, Bahia, Brasil ©ABMS, 2018 Análise de Recalques Monitorados em Campo de Dois Edifícios com Fundações em Maciço Rochoso da Cidade de Caruaru-PE Yago Ryan Pinheiro dos Santos Universidade Federal de Pernambuco, Caruaru, Brasil, yago_ryan@hotmail.com Maria Isabela Marques da Cunha Vieira Bello Universidade Federal de Pernambuco, Caruaru, Brasil, isabelamcvbello@hotmail.com Alexandre Duarte Gusmão Universidade de Pernambuco, Recife, Brasil, gusmao.alex@ig.com.br RESUMO: Este trabalho apresenta um caso de obra de dois edifícios (torres A e B) em concreto armado, com fundações superficiais em maciço rochoso localizados na cidade de Caruaru-PE, e que tiveram seus recalques monitorados em 6 estágios de sua obra, até a sua conclusão. Através da instalação de pinos de monitoramento engastados em seus pilares e de instrumentação apropriada, foram feitas as leituras desses valores. Registrou-se recalques absolutos máximos de 19 mm para a torre A e de 12,15 mm para a torre B, além de valores de 12,4 mm de recalques diferenciais na torre A e de 7,6 mm para a torre B. Evidenciou-se que, apesar do empreendimento estar assente em maciço rochoso, os valores medidos foram significativos, mostrando a importância do monitoramento de recalques de uma obra, cuja prática deve ser considerada nos projetos de fundações de edifícios, independentemente do terreno que suportará os esforços da estrutura. PALAVRAS-CHAVE: Instrumentação de Campo, Recalques, Maciço Rochoso. 1 INTRODUÇÃO O termo Recalque refere-se ao deslocamento vertical, para baixo, sofrido pelos elementos discretos da fundação devido à deformação sofrida pelo maciço de solos ou de rochas. Segundo Antoniazzi (2011), os valores dos recalques seriam praticamente uniformes caso os elementos de fundação tivessem as mesmas dimensões e o subsolo fosse homogêneo, o que não ocorre na prática, visto que o solo apresenta uma grande variabilidade e os elementos de fundação, além dos tamanhos diversos, estão também submetidos à diferentes carregamentos que chegam até eles pelos pilares da superestrutura. Diante da grande variabilidade dos elementos de fundação e do terreno, o desempenho do sistema de fundação pode ser verificado, dentre outras práticas, através do controle e monitoramento de recalques. É reconhecível a manifestação dos recalques (principalmente os diferenciais) nas edificações, por meio do aparecimento de patologias nos seus elementos estruturais, como fissuras e rachaduras; diante disto, o acompanhamento ou o controle de recalques é necessário para a identificação precisa do comportamento real das fundações (MILITITISKY, CONSOLI E SCHNAID, 2008). A prática de acompanhamento de recalques por meio de instrumentação de campo é usual, sendo retratada por diversos autores, a serem citados Gusmão (1990), Gonçalves (2004), Danziger et al. (2005), Russo Neto (2005), Mota (2009), Savaris, Hallak e Maia (2011), Santos (2016) e Rosa (2016). No seu item sobre o desempenho de fundações, a NBR 6122 (2010) relata que o XIX Congresso Brasileiro de Mecânica dos Solos e Engenharia Geotécnica Geotecnia e Desenvolvimento Urbano COBRAMSEG 2018 – 28 de Agosto a 01 de Setembro, Salvador, Bahia, Brasil ©ABMS, 2018 monitoramento de recalques é obrigatório nos seguintes casos: Estruturas nas quais a carga variável é significativa em relação à carga total, tais como silos e reservatórios; Estruturas com mais de 60 m de altura do térreo até a laje de cobertura do último piso habitável; Relação altura/largura (menor dimensão) superior a quatro; Fundações ou estruturas não convencionais. Ainda segundo a NBR 6122 (2010), o programa de monitoramento, incluído no projeto de fundações, deve conter informações como a referência de nível indeslocável a ser utilizada, as características dos aparelhos de medida e a frequência e período em que serão realizadas as leituras dos recalques. Tal procedimento, que segue uma instalação de controle segundo a NBR 9061 (1995), utiliza um nível óptico de precisão que é interligado a um marco de referência (bench mark), além de uma mira em chapa de invar com escala graduada que é apoiada em pinos metálicos de extremidade esférica e que são engastados nos pilares da edificação, podendo ser fixos ou removíveis. Russo Neto (2005) esquematiza, em seu trabalho, o monitoramento de recalques e seus elementos, como pode ser visto na Figura 1. Russo Neto (2005) recomenda ainda que as leituras sejam feitas, sempre que possível, pelo mesmo operador, tanto do nível, como o da mira, verificando sempre se a base da mira está limpa e que, seja feita a instalação de mais de uma referência de nível no local, de modo a contemplar a aferição de eventuais deslocamentos e a propiciar um elemento de reserva contra eventuais acidentes de obra. Figura 1. Esquematização do procedimento para monitoramento de recalques (RUSSO NETO, 2005). Milititsky, Consoli e Schnaid (2008) apontam que os pontos de medição dos recalques devem ser escolhidos de modo a facilitar as leituras e fornecer os dados necessários ao acompanhamento do problema suscitado. Afirmam ainda que a periodicidade das medidas está relacionada com os efeitos a serem acompanhados, podendo ser diárias em casos especiais ou situações de risco, semanais em casos de escavações e execução de tirantes, mensais ou bimensais em casos de monitoramento de rotina e semestrais ou anuais quando os efeitos a serem verificados são de longo prazo. Tendo em vista a importância do assunto, o presente trabalho mostra a prática de monitoramento de recalques em edificações, através de um caso de obra de um empreendimento residencial composto por duas torres com fundações superficiais em maciço rochoso, localizadas na cidade de Caruaru, Pernambuco. 2 APRESENTAÇÃO DO CASO DE OBRA O caso de obra a ser analisado neste trabalho trata-se de um empreendimento residencial composto por dois edifícios em concreto armado, localizados na Av. Adjar da Silva Casé, Bairro Indianópolis, no município de Caruaru- PE. As torres, intituladas “A” e “B”, possuem, respectivamente, 32 e 35 pavimentos tipo, além de ambas possuírem pavimento térreo com 2 níveis, 2 pavimentos de mezanino (onde localiza-se o estacionamento para os veículos dos moradores), pavimento de cobertura e ático XIX Congresso Brasileiro de Mecânica dos Solos e Engenharia Geotécnica Geotecnia e Desenvolvimento Urbano COBRAMSEG 2018 – 28 de Agosto a 01 de Setembro, Salvador, Bahia, Brasil ©ABMS, 2018 (reservatório superior). Por se localizar na região do Planalto da Borborema, Caruaru apresenta um terreno com características resistentes, tendo a predominância de rochas pouco a muito fraturadas. Após a campanha de investigação de subsolo na área de estudo, que consistiu na execução de 14 furos de sondagens do tipo mista (8 furos na área da torre A e 6 furos na área da torre B), constatou-se a presença de um subsolo composto por uma camada superficial fina de solo arenoso pedregulhoso, seguido por uma camada de rocha alterada (área da torre A) e por aterro arenoso (área da torre B); finalmente, até a profundidade investigada (em média 10 m em relação ao nível do terreno), foi encontrado uma camada de rocha metamórfica alterada (cataclasito), com valores de RQD (rocky quality designation) predominantemente maiores que 80%, e ausência de nível d’água. Devido às características do terreno, o projeto de fundações do empreendimento consistiu em sapatas isoladas e associadas, com bases assentes em cotas diferentes. As Figuras 2 e 3 mostram,respectivamente, o perfil geotécnico representativo e a projeção das sapatas da área da torre A, com a localização dos furos de sondagem executados; as Figuras 4 e 5 mostram, respectivamente, o perfil geotécnico representativo e a projeção das sapatas da área da torre B, com a localização dos furos de sondagem executados na área. SM-B SM-06 SM-05 0,80m 70 80 91 84 90 100 100 93 98 70 70 70 70 70 70 70 RQD (%) 87 100 5,27 10,40 11,30 LEGENDA RQD (%) RQD (%) Solo arenoso pedregulhoso, de cor clara Rocha alterada, de cor clara 70 80 91 90 84 100 93 98 100 47 83 93 52 96 96 93 RQD (%) 87 100 RQD (%) RQD (%) 49 67 94 (m) (m) (m) 0,80 1,30 0,40 0,60 1,00 Cataclasito (Rocha metamórfica alterada) ESCALA 1:400 RQD (%) xx,xx (m) (Prof. das camadas/RQD) SM-0X (ID. do Furo) Figura 2. Perfil geotécnico representativo do terreno da torre A. SPA1 SPA2 SPA3 SPA4 SPA5 SPA6 SPA12 SPA7/13 SPA8 SPA9 SPA15 SPA10/16 SPA11 SPA17 SPA22SPA21 SPA20 SPA19SPA18 SPA14 SM-01 SM-02 SM-03 SM-B SM-06 SM-05 SM-A SM-04 Figura 3. Projeção das sapatas da torre A. SM-C SM-D SM-09 4,79 10,80 10,50 3,80 SM-07 LEGENDA Aterro arenoso Solo arenoso pedregulhoso, de cor clara RQD (%) RQD (%) RQD (%) RQD (%) 100 100 84 75 100 75 100 70 40 67 100 86 92 100 93 97 72 (m) (m) (m) (m) 0,80 0,50 0,30 1,00 0,80 Cataclasito (Rocha metamórfica alterada) ESCALA 1:400 RQD (%) xx,xx (m) (Prof. das camadas/RQD) SM-0X (ID. do Furo) Figura 4. Perfil geotécnico representativo do terreno da torre B e localização dos furos de sondagem executados na área. SPB1 SPB2 SPB3 SPB4 SPB5 SPB6 SPB7 SPB8 SPB9 SPB10 SPB11 SPB12/13 SPB14 SPB15/16 SPB17 SPB18 SM-07 SM-C SM-08 SM-09 SM-D SM-10 Figura 5. Projeção das sapatas da torre B e localização dos furos de sondagem executados na área. XIX Congresso Brasileiro de Mecânica dos Solos e Engenharia Geotécnica Geotecnia e Desenvolvimento Urbano COBRAMSEG 2018 – 28 de Agosto a 01 de Setembro, Salvador, Bahia, Brasil ©ABMS, 2018 Durante a execução da obra, foram monitorados, de acordo com as recomendações previstas pelas NBR 6122 (2010), os recalques sofridos pela estrutura por meio de instrumentação de campo. O procedimento consistiu na instalação de pinos de monitoramento nos 22 pilares da torre A (PA01 – PA22), e nos 18 pilares da torre B (PB01 – PB18), localizados no pavimento térreo, onde, por meio de um nível óptico, foram registrados os valores dos recalques parciais. As leituras foram realizadas em 6 diferentes estágios da obra, onde a primeira leitura foi realizada no momento em que foram instalados os pinos e a última leitura realizada após a conclusão da obra. As Tabelas 1 e 2 mostram, respectivamente, os diferentes estágios em que a obra das torres A e B se encontravam no momento das leituras de recalques. Tabela 1. Estágios da obra da torre A. Nº da leitura Data da Leitura Dias transc. Estágio de obra Torre “A” 1 14/11/13 0 Laje do pav. térreo concluída 2 06/08/14 265 Laje do 25º pav. tipo concluída 3 04/11/14 355 Laje do ático concluída 4 28/04/15 530 Alvenaria interna do 32º pav. tipo concluída 5 23/10/15 708 Instalação de esquadrias no 17º pav. tipo 6 04/07/16 963 Obra concluída Tabela 2. Estágios da obra da torre B. Nº da leitura Data da Leitura Dias transc. Estágio de obra Torre “B” 1 14/11/13 0 Laje do pav. térreo concluída 2 06/08/14 265 Laje do 29º pav. tipo concluída 3 04/11/14 355 Laje do ático concluída 4 28/04/15 530 Revestimento interno do 25º pav. tipo concluído 5 23/10/15 708 Instalação de esquadrias no 17º pav. tipo 6 04/07/16 963 Obra concluída 3 ANÁLISES E DISCUSSÕES A Tabela 3 mostra os valores, em milímetros, dos recalques absolutos parciais medidos nos pilares da torre A, nos 6 diferentes estágios de obra mencionados. Tabela 3. Recalques absolutos parciais da torre A. Recalques (mm) Leituras Pilar 1ª 2ª 3ª 4ª 5ª 6ª PA01 0.00 0.61 1.22 3.61 3.20 - PA02 0.00 1.81 -0.14 4.94 4.44 - PA03 0.00 2.28 0.59 6.04 5.59 - PA04 0.00 3.29 1.78 7.74 7.51 - PA05 0.00 1.59 -1.55 4.62 4.21 - PA06 0.00 2.76 1.04 7.11 7.09 - PA07 0.00 3.21 1.83 8.04 7.68 - PA08 0.00 3.51 2.57 9.13 9.42 - PA09 0.00 3.94 2.92 9.22 9.27 - PA10 0.00 4.12 3.32 9.59 10.64 - PA11 0.00 2.42 3.09 5.23 5.27 - PA12 0.00 2.63 0.77 6.58 6.33 - PA13 0.00 3.26 5.44 8.12 - - PA14 0.00 3.70 5.96 8.88 - - PA15 0.00 4.51 6.88 9.66 - - PA16 0.00 5.02 7.43 10.90 11.89 13.38 PA17 0.00 1.72 2.51 7.11 - - PA18 0.00 3.32 5.25 7.54 - - PA19 0.00 5.79 8.76 11.44 - - PA20 0.00 9.84 14.48 18.37 - - PA21 0.00 8.28 11.95 15.33 17.38 18.99 PA22 0.00 2.32 3.73 6.09 6.03 6.52 Nota-se que alguns recalques da 5ª leitura e os recalques da 6ª leitura não foram registrados, devido ao fato de que os pinos de monitoramento foram removidos pelos operadores da obra sem a autorização do responsável pelas leituras; pode-se ainda observar possíveis erros no registro desses XIX Congresso Brasileiro de Mecânica dos Solos e Engenharia Geotécnica Geotecnia e Desenvolvimento Urbano COBRAMSEG 2018 – 28 de Agosto a 01 de Setembro, Salvador, Bahia, Brasil ©ABMS, 2018 valores de recalques dos pilares PA02 e PA05 durante a 3ª leitura. O recalque absoluto máximo final foi registrado no pilar PA21, com o valor de 18,99 mm; já o recalque diferencial máximo final foi registrado entre os pilares PA21 e PA22, com o valor de 12,47 mm. A Tabela 4 mostra os valores, em milímetros, dos recalques absolutos parciais medidos nos pilares da torre B, nos 6 diferentes estágios de obra mencionados. Tabela 4. Recalques absolutos parciais da torre B. Recalques (mm) Leituras Pilar 1ª 2ª 3ª 4ª 5ª 6ª PB01 0.00 1.84 1.80 3.87 3.92 - PB02 0.00 4.60 4.50 6.93 - - PB03 0.00 5.90 6.98 9.90 11.02 - PB04 0.00 6.51 7.18 9.91 11.11 - PB05 0.00 4.23 2.93 5.97 - - PB06 0.00 3.15 3.57 6.45 6.91 - PB07 0.00 4.17 4.43 6.81 7.39 - PB08 0.00 4.90 5.27 7.57 8.10 - PB09 0.00 4.17 3.80 6.01 - - PB10 0.00 3.31 3.40 5.64 7.72 - PB11 0.00 6.27 7.10 9.69 10.50 12.15 PB12 0.00 3.02 3.74 5.45 5.65 - PB13 0.00 3.34 3.97 6.35 6.35 - PB14 0.00 2.61 2.50 5.02 5.41 6.18 PB15 0.00 1.68 1.75 - 4.63 - PB16 0.00 2.13 1.92 4.29 4.45 4.51 PB17 0.00 2.92 3.50 5.48 6.66 6.62 PB18 0.00 2.37 2.30 4.11 4.91 5.01 Da mesma forma que ocorreu na torre A, observa-se que alguns recalques da 5ª leitura e os recalques da 6ª leitura da torre B não foram registrados, pelos mesmos motivos já mencionados anteriormente. O recalque absoluto máximo final foi observado no pilar PB11, com o valor de 12,15 mm; já o recalque diferencial máximo final foi registrado entre os pilares PB11 e PB16, com o valor de 7,64 mm. A Tabela 5 mostra o resumo dos principais valores de recalques registrados durante o monitoramento. Tabela 5. Informações sobre os recalques observados. Recalques (mm) Torre A Torre B Rec. Absoluto máx. 18,99 12,15 Rec. Diferencial máx. 12,47 7,64 Os valores dos recalques diferenciais ficaram abaixo dos limites propostos por Bjerrum (1963) para as ditorções angulares (razão entre o recalque diferencial e a distância entre os centros das sapatas onde foi registrado o recalque diferencial) para o aparecimento de problemas em elementos estruturais, que é de 1/150. A Tabela 6 registra os valores dos recalques médios obtidos pela média entre os valores registrados para cada leitura das torres A e B, além da média de recalques considerando as duas torres juntas. Tabela 6. Recalques médios observados. Recalque Médio (mm) Leitura Torre A Torre B (Torre A + Torre B) 1ª 0 0 0 2ª 3.63 3.73 3.683ª 3.97 3.98 3.98 4ª 8.42 6.26 7.34 5ª 7.73 6.98 7.36 6ª 12.96 6.89 9.93 Observa-se que, em relação ao recalque médio da torre A, o maior valor é notado na 6ª leitura (12,96 mm); já na torre B, o maior recalque médio pode ser observado na 5ª leitura (6,98 mm). Considerando as duas torres juntas, o maior recalque médio é observado na 6ª leitura, com o valor de 9,93 mm. XIX Congresso Brasileiro de Mecânica dos Solos e Engenharia Geotécnica Geotecnia e Desenvolvimento Urbano COBRAMSEG 2018 – 28 de Agosto a 01 de Setembro, Salvador, Bahia, Brasil ©ABMS, 2018 A Tabela 7 mostra os recalques médios observados nos pilares centrais e de extremidade da torre A; a Figura 6 representa a relação entre os recalques médios registrados nos pilares centrais e de extremidade da torre A em função dos dias transcorridos do monitoramento. Tabela 7. Recalques médios dos pilares centrais e de extremidade - Torre A. Recalques Médio – Torre A (mm) Leitura Dias transcorridos Pilares centrais extremidade 1ª 0 0 0 2ª 265 3.91 3.48 3ª 355 4.54 3.65 4ª 530 9.19 7.98 5ª 708 9.78 6.71 6ª 963 13.38 11.76 Figura 6. Recalques médios dos pilares centrais e de extremidade – Torre A. A Tabela 8 mostra os recalques médios observados nos pilares centrais e de extremidade da torre B; a Figura 7 representa a relação entre os recalques médios registrados nos pilares centrais e de extremidade da torre B em função dos dias transcorridos do monitoramento. Tabela 8. Recalques médios dos pilares centrais e de extremidade - Torre B. Recalque Médio – Torre B (mm) Leitura Dias transcorridos Pilares centrais extremidade 1ª 0 0 0 2ª 265 4.54 3.63 3ª 355 4.54 3.81 4ª 530 6.79 6.34 5ª 708 8.10 6.86 6ª 963 - 6.89 Figura 7. Recalques médios dos pilares centrais e de extremidade – Torre B. É possível observar através das figuras 6 e 7 que os recalque médios obtidos nos pilares centrais são sempre maiores que os recalques nos pilares de extremidade em ambas as torres; pode-se dizer que isto ocorre devido ao fato de que os pilares centrais transmitem maiores esforços ao terreno se comparados com os de extremidade, gerando assim, maiores recalques. Pode-se mencionar ainda que, para as edificações analisadas, não ocorreu a estabilização de seus recalques até o fim do período de tempo em que foi realizado o monitoramento, provavelmente pelo fato de que, analisando seus últimos estágios da obra, ainda havia um aumento considerável de carregamento na estrutura, contribuindo, assim, para o aumento de seus recalques. A Tabela 9 apresenta os valores das velocidades parciais da evolução dos recalques médios em função dos dias transcorridos do XIX Congresso Brasileiro de Mecânica dos Solos e Engenharia Geotécnica Geotecnia e Desenvolvimento Urbano COBRAMSEG 2018 – 28 de Agosto a 01 de Setembro, Salvador, Bahia, Brasil ©ABMS, 2018 monitoramento realizado nas torres A e B; a Figura 8 apresenta o gráfico das velocidades parciais dos recalques médios em função do tempo transcorrido do monitoramento. Tabela 9. Velocidades parciais dos recalques médios. Velocidades Parciais (m/dia) Leitura Dias transcorridos Torre A Torre B 1ª 0 0.00 0.00 2ª 265 13.70 14.08 3ª 355 3.78 2.78 4ª 530 25.63 13.03 5ª 708 -3.88 4.04 6ª 963 20.51 -0.35 Figura 8. Velocidades parciais dos recalques médios. As velocidades parciais dos recalques médios de ambas as torres apresentaram uma certa variação nos intervalos de tempo observados. As mesmas apresentaram valores abaixo do valor limite de velocidade permitido para fundações superficiais e profundas em edificações em construção, que, segundo Alonso (1991), é de 200 m/dia. 4 CONCLUSÕES O monitoramento de recalques por meio de instrumentação de campo mostrou-se, neste trabalho, essencial para analisar o comportamento da estrutura e do terreno de suporte das edificações citadas. Foi possível observar, para este caso de obra, a evolução de recalques com valores significativos, apesar de sua estrutura estar assente em subsolo rochoso com valores de RQD predominantemente maiores que 80%. Embora tenham apresentado valores de recalques diferenciais na ordem de 12 mm para a área da torre A e de 7 mm para a área da torre B, tais números não apresentam riscos e danos nos elementos estruturais das edificações, segundo os limites estabelecidos por Bjerrum (1963); além disso, considerando a velocidade dos recalques absolutos médios, os valores obidos apresentaram-se bem abaixo dos limites determinados por Alonso (1991) para fundações de edifícios em fase de construção. A prática de monitoramento de recalques é, portanto, essencial para avaliar o desempenho e a segurança de construções, e deve ser considerada em projetos de fundações independentemente das características do terreno que dará suporte aos seus esforços. REFERÊNCIAS ABNT. (1995). NBR 9061: Segurança de escavações a céu aberto, Rio de Janeiro, 31 p. ABNT. (2010). NBR 6122: Projeto e execução de fundações, Rio de Janeiro, 91 p. Alonso, U. R. (1991). Previsão e Controle das Fundações. São Paulo: Edgard Blucher, 156p. Antoniazzi, J. P. (2011). Interação solo-estrutura de edificações com fundações superficiais. 139 f. Dissertação (Mestrado em engenharia civil e ambiental), Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria. Bjerrum, L. (1963). Interaction between structure and soil. Proceedings... European CSMFE, Wiesbaden, Vol. 2, pp. 135-137. Danziger, B. R., Carvalho, E. M. L., Costa, R. V., Danziger, F. A. B. (2005). Estudo de caso de obra com análise da interação solo estrutura. Revista de Engenharia Civil, n. 23, p. 43-54. Gonçalves, J. C. (2004). Avaliação da influência dos recalques das fundações na variação de cargas dos pilares de um edifício. 141 f. Dissertação (Mestrado em engenharia civil) - COPPE, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro. Gusmão, A. D. (1990). Estudo da interação solo-estrutura e sua influência em recalques de edificações. 189 f. Dissertação (Mestrado em engenharia civil) - COPPE, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro. XIX Congresso Brasileiro de Mecânica dos Solos e Engenharia Geotécnica Geotecnia e Desenvolvimento Urbano COBRAMSEG 2018 – 28 de Agosto a 01 de Setembro, Salvador, Bahia, Brasil ©ABMS, 2018 Milititisky, J., Consoli, N. C., Schnaid, F. (2008). Patologia das fundações. São Paulo, ed. Oficina de Textos, 207 p. Mota, M. M. C. (2009). Interação solo-estrutura em edifícios com fundação profunda: método numérico e resultados observados no campo. 222 f. Tese (Doutorado em engenharia de estruturas) – Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo, São Carlos. Rosa, L. M. P. (2016) Interação solo-estrutura: Análise contemplando a consideração da fluência do concreto. 203 f. Tese (Doutorado em engenharia civil), Universidade Federal Fluminense, Niterói. Russo Neto, L. (2005). Interpretação de deformação e recalque na fase de montagem de estrutura de concreto com fundação em estaca cravada. 310 f. Tese (doutorado em geotecnia) – Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo, São Carlos. Santos, M. J. A. P. (2016). Interação solo x estrutura: análise de um caso de obra com acompanhamento dos recalques desde o início da construção. 139 f. Dissertação (Mestrado em engenharia civil), Universidade Estadual do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro. Savaris, G., Hallak, P. H., Maia, P. C. A. (2011) Understanding the mechanism of static soil-structure interaction – A case study. Soils and Rocks, ABMS, vol. 34, n. 3, p. 195-206.
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