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EMEF PROF. JOSÉ MARIA DE BARROS PINHO Atividades de Interpretação de texto – 8° e 9° ano O PRIMEIRO AMASSO A GENTE NUNCA ESQUECE Eu bem que não queria ir, alguma coisa estava me avisando. Vai ser muito tumulto, vai ter muita gente... Mas, vivo meus dias em função do amor impossível por Paulinha Toller, não poderia nunca deixar de ir ao show do Kid Abelha na Concha Acústica* naquele dia. E lá fomos - a tropa toda mesmo eu achando que em programa de filho não deve meter o bedelho. Primeiro porque você tem que se mancar pra não ficar indo numa praia que não é a sua, porque pode ter surpresas desagradáveis, como aconteceu comigo nesse dia. Quando chegamos na creche -quer dizer, na Concha -, foi o maior barato. Meu fascínio pela Paulinha não me permitia enxergar mais nada. Que voz, que rosto, que corpo! (Seu único defeito é ela nem saber que eu existo.) Fiquei tão ligado que comecei a dançar junto com a galera, até perceber que o pessoal todo estava fora do ritmo, menos eu. Achei melhor ficar só ouvindo as músicas, e me concentrei de novo naquele louro objeto do desejo. Nem observei oque se passava à minha volta, e esse foi o meu erro. Já quase no final do show foi que notei que meus filhos não estavam ao meu lado. "Tudo bem", pensei, "devem ter ido comprar algum refrigerante, ou estão por aí." (Não me lembro a partir de que momento na vida eles deixaram de avisar aonde vão.) Na hora de ir embora, saio catando um por um, mas só encontrei uma filha e meu filho. Cadê a outra? A irmã diz logo: "Ah, eu vi quando ela tava indo pro bar, já deve estar voltando. É melhor vocês esperarem aqui que eu vou lá chamar". Percebi no ar um quê de cumplicidade, e pensei: "Aí tem!" E disse: "Não, não, vamos procurar juntos!". Depois de descer alguns degraus, sinto que minhas pernas estancam, meu olhar vacila e meu queixo cai com a cena: minha própria filha sendo imprensada no muro por um sujeitinho qualquer, no maior amasso, e ela, em vez de empurrá-lo, ainda o estava abraçando! E gostando! Nunca imaginei (sempre imaginei! ... ) que esse dia fosse chegar! Ali, na minha frente! "Quem é esse rapaz?" (agente sempre os chama de "rapaz"), perguntei à outra filha. "É um menino aí com que ela ficou na Lavagem da Praia do Forte, encontrou aqui hoje, e ficou de novo." Até aí tudo bem (tudo bem uma ova!). 0 pior foi quando ela me notou e veio toda sem graça pra me apresentar o “rapaz". Tive que apertar aquela mão mole, e ainda sorrir pro sujeito... E ainda dei carona até o carro dele, que estava longe! E ainda falei "tchau"! E ainda tomei esporro porque fui "frio" ("Meu pai, você não tem jeito mesmo, né? Custava ser um pouquinho mais gentil com o menino?")!! Nivaldo Lariú . Confissões de um pai de adolescente. Rio de janeiro, Relume Dumará, 1996. *Trata-se de um teatro a céu aberto em Salvador. 1 . Qual o tema central do texto? 2.O “O primeiro amasso agente nunca esquece” possibilita duas interpretações. A)Quais são as duas possíveis interpretações? b)Que expressão presente no título faz referência ao narrador e o inclui na situação narrada no texto? c)Ao se incluir nessa situação, o que é possível inferir sobre a maneira de o pai lida com esse fato? 3. Releia o parágrafo em que o narrador conta como se sentiu e o que fez ao chegar ao local do show. a) Que tipo de linguagem predomina: formal ou informal? Retire do trecho expressões que exemplifiquem esse tipo de linguagem. b)Ao empregar esse tipo de linguagem, qual o tom - de seriedade ou de humor –que o narrador-personagem da aos fatos narrados? 4. No título “O primeiro amasso a gente nunca esquece”, o termo “a gente” está se referindo: A) ( ) à garota da história que está sendo narrada B) ( ) ao pai da garota, que é o narrador da história C) ( ) ao rapaz que “amassava” a filha do narrador D) ( ) à todos os pais de adolescentes que “descobrem” que seus filhos cresceram. 5. O pai acha que os pais não devem ir à programas dos filhos e apresenta dois motivos para isso. São eles: A) ( ) Iria ter muito tumulto, muita gente e ele sofreria por seu amor impossível por Paulinha Toller. B) ( ) Os pais devem perceber quando o ambiente não é adequado para eles e podem surpreender-se com determinadas atitudes dos filhos, que eles não esperavam. C) ( ) Os filhos podem ficar envergonhados com a presença dos pais e serem ridicularizados pelos colegas. D) ( ) Os pais podem se empolgar e começar a dançar com a galera (como aconteceu com o narrador) e perceberem que estão “pagando mico” por estarem desatualizados, dançando de maneira diferente dos jovens. 6. Leia os trechos: • “Quem é esse rapaz?” (a gente sempre os chama de “rapaz”). • ( Meu pai, você não tem jeito mesmo, né ? Custava ser um pouquinho mais gentil com o menino ?”) !!! Ao usar parênteses, o narrador interrompe a narrativa. O narrador faz uso de parênteses para: A) ( ) Deixar claro as suas opiniões em relação aos fatos que ele está narrando. B) ( ) Interromper a sequência temporal da narrativa (ordem em que os fatos aconteceram) para narrar algo que foi dito em outro momento, C) ( ) Enfatizar a “bronca” que ele tomou da filha. D) ( ) Separar a história que ele está contando do que ele pensou ou do que foi dito por outra pessoa 7. Nos trechos: • Nunca imaginei (sempre imaginei!...) que esse dia fosse chegar! • Até aí tudo bem (tudo bem uma ova!) O narrador faz uso de palavras e expressões opostas. O que ele demonstra ao fazer isso? A) ( ) Que ele está dizendo algo naquele momento, diante de todos, mas está pensando o que dirá à filha em casa, quando estiverem sozinhos. B) ( ) Que seus pensamentos estavam confusos, ele estava tão surpreso com a situação que não sabia nem o que pensar e esse atrapalha com as palavras, dizendo coisas sem sentido. C) ( ) Que ele está dizendo algo, mas, na verdade, está pensando e sentindo coisas diferentes, ou seja, há uma contradição entre o que ele pensa e diz. D) ( ) Que ele está sendo obrigado a dizer algo que não quer dizer, sendo que, as expressões que estão entre parênteses refletem exatamente o que ele está sentindo vontade de dizer e não pode. 8. Podemos classificar o narrador dessa história como: A) ( ) narrador protagonista B) ( ) narrador testemunha C) ( ) narrador observador onisciente D) ( ) narrador câmera neutro 9. De acordo com os tipos de crônicas, como você classificaria essa crônica? A) ( ) crônica reflexiva B) ( )crônica de humor C) ( ) crônica de prosa poética D) ( ) crônica metalingüística 10. Quanto ao propósito comunicativo do texto, podemos dizer que ele: A) ( ) narra uma história do cotidiano B) ( ) expõe opinião sobre um fato importante C) ( ) passa informações sobre um acontecimento trágico D) ( ) orienta como deve agir em determinadas situações. 11. No trecho: “E ainda dei carona até o carro dele que estava longe.” O pronome destacado se refere a: A) ( ) ao pai B) ( ) ao filho C) ( ) a filha D) ( ) ao rapaz 12) Quanto ao gênero textual, podemos dizer que o texto é: A) ( ) uma crônica que narra fatos do cotidiano B) ( ) uma receita que orienta como agir em situações embaraçosas C) ( ) uma notícia, onde se noticia um fato importante D) ( ) um poema que busca emocionar através da história contada. EMEF PROF. JOSÉ MARIA DE BARROS PINHO Atividades de Interpretação de texto – 8 e 9 ano O PRIMEIRO AMASSO A GENTE NUNCA ESQUECE