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Processo de Criminalização e suas nuances

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27/09/2022 20:25 wlldd_221_u3_pol_cri_pro_cri
https://colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=geilmaarmil2019%40gmail.com&usuarioNome=GEILMA+AZEVEDO+DA+SILVA&disciplinaDescricao=POLÍTICA+CRIMINAL+E+PROCESSOS+D… 1/34
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INTRODUÇÃO
Bem-vindo, estudante! Em nossos estudos vamos tratar sobre o processo de criminalização e suas nuances,
demonstrando as diferenças entre a criminalização e a criminologia e as distinções entre os mais diversos
institutos que permeiam o tema. O objetivo desta aula é aprimorar os conhecimentos do estudante com relação
tanto a elaboração das normas, com a de�nição e valoração dos bens jurídicos tutelados, quanto com relação a
efetiva ação punitiva do estado em face de pessoas que praticam atos criminalizáveis, demonstrando ainda a
evolução histórica do processo de criminalização ao longo do tempo.
CONCEITO
Antes de nos aprofundarmos no tema proposto, por primeiro, é de relevante importância o estudo dos
conceitos e objetos da criminalização, posto que, somente por meio destes será possível a compreensão
fundamental do fenômeno jurídico.
Criminalização em suma, é estabelecer, por meio de lei, que determinado comportamento é tido como
criminoso. Para a criminologia, a criminalização pode se dar de forma primária ou secundária, sendo a primeira
intimamente ligada ao direito positivo e focada na efetiva criação da lei penal, introduzindo no ordenamento
jurídico a tipi�cação de uma conduta reprovável, enquanto a segunda é voltada a aplicação da lei penal como
forma de coibir os comportamentos reprováveis praticados.
A criminologia vem se desenvolvendo através do tempo, de igual forma, o processo de criminalização tem
evoluído. Condutas anteriormente elogiáveis, passaram a ser reprovadas e criminalizadas, assim como
condutas que sempre foram criminalizadas, hoje são consideradas comuns.
Um claro exemplo da evolução da criminalização do ponto de vista prático é a capoeira. Por
medo de rebeliões escravistas as autoridades em meados de 1830 passaram a criminalizar a
prática da capoeira, tipi�cando seus praticantes nos artigos 295 e 296 no Capítulo IV, intitulado
de Vadios e Mendigos, do Código Penal do Império do Brasil, de 1830.
Após a abolição da escravatura, o Código Penal da República dos Estados Unidos do Brasil (BRASIL, 1890) em
seu art. 402 criminalizou de forma expressa a conduta, in verbis:
Aula 1
CRIMINALIZAÇÃO
Em nossos estudos vamos tratar sobre o processo de criminalização e suas nuances,
demonstrando as diferenças entre a criminalização e a criminologia e as distinções entre os mais
diversos institutos que permeiam o tema.
48 minutos
27/09/2022 20:25 wlldd_221_u3_pol_cri_pro_cri
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A conduta foi posteriormente descriminalizada ante a revogação do Decreto que proibia sua prática pelo então
presidente Getúlio Vargas.
Nos dias de hoje o processo de criminalização continua avançando, agora cada vez mais alinhado com
pensamentos sociais e de proteção a minorias ou vulneráveis, como no caso da criminalização da homofobia e
do feminicídio, sendo, portanto, de suma importância o estudo acerca do processo de criminalização e suas
nuances, principalmente face aos rápidos e expressivos avanços no que concerne as políticas sociais no país.
Figura 1 | Criminalização da homofobia e do feminicídio
Fonte: Shutterstock.
VIDEOAULA: CONCEITO
Aula vídeo explicando o conceito de criminalização, com exemplos recentes do atual cenário e seu alinhamento
com as políticas sociais do país, principalmente aquelas voltadas à proteção de minorias ou vulneráveis.
CRIMINALIZAÇÃO E CRIMINOLOGIA
Art. 402. Fazer nas ruas e praças públicas exercício de agilidade e destreza corporal
conhecida pela denominação de Capoeiragem: andar em carreiras, com armas ou
instrumentos capazes de produzir lesão corporal, provocando tumulto ou desordens,
ameaçando pessoa certa ou incerta, ou incutindo temor de algum mal; Pena de prisão
celular por dois a seis meses. 
Parágrafo único. É considerado circunstância agravante pertencer a capoeira em
alguma banda ou malta.
Videoaula: Conceito
Para visualizar o objeto, acesse seu material digital.
27/09/2022 20:25 wlldd_221_u3_pol_cri_pro_cri
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Ao tratarmos de criminologia e criminalização, indispensável se faz realizar explanações acerca dos conceitos
relativos a cada instituto e como estes se inter-relacionam.
Do ponto de vista etiológico, a expressão criminologia vem da junção do termo em latim crimino, cujo
signi�cado é crime, e do termo grego logos, que se refere a estudo. Assim, o termo criminologia, cuja criação é
atribuída a Paul Topinard e consolidação a Ra�aele Garófalo, refere-se ao “estudo do crime”.
Ainda na década de 1930, o renomado sociólogo americano Edwin Hardin Sutherland, em sua obra denominada
Principles of Criminology, defendeu uma brusca alteração nas formas de análise do próprio fenômeno da
criminalidade. Sutherland foi o percursor da teoria da di�erential association (associação diferencial). Essa
teoria trazia explicações acerca do comportamento do criminoso, atribuindo a causa de sua inserção no mundo
dos delitos ao meio social em que o sujeito vive, tentando desta forma, desconstruir o paradigma existente à
época de que os fatores psíquicos ou mesmo biológicos seriam a causa da criminalidade.
Ao tratarmos do assunto é interessante apontar que na década de 1970 o professor Hilário Veiga de Carvalho
em seu Compêndio de criminologia, defendeu que a criminologia não se tratava de mero estudo do crime, mas
sim um estudo conjunto e indissolúvel do crime e do criminoso, ou seja, da própria criminalidade em si.
Do ponto de vista da escola positiva de direito, a criminologia moderna estuda a criminalização
sob o enfoque de que o cometimento de condutas criminosas e reprováveis pelo indivíduo
seriam fundadas em explicações individuais decorrentes de patologias ou por razões
socioestruturais, intrinsicamente atreladas à subsocialização.
Neste contexto, a própria sociedade passou a ser vista como parte do problema e, pautado neste entendimento
foi que o criminologista Albert Cohen em sua obra denominada Deliquent boys - An Unsolved Problem in
Juvenile Delinquency, publicado na década de 1970, deu origem à chamada Subcultural theory (Teoria da
Subcultura), na qual destaca que dentro do ambiente das favelas, há uma espécie de subcultura.
 Re�ita
Alberto Cohen aponta que essa subcultura é consistente em um sistema social próprio com o
sopesamento de comportamento e valor também aplicável a grupos de adolescentes, apontando que a
própria violência urbana decorrente das condutas perpetradas no ambiente não se davam de forma
simplesmente arbitrária e desregrada, mas sim com normas e regras sociais diversas daquelas adotadas
pela cultura dominante e externa àquele ambiente.
Desta forma, resta cristalino que a criminologia, enquanto ciência, é voltada ao estudo não apenas do fato
criminoso, mas da criminalidade e do processo de criminalização em si, sendo, portanto, crucial a compreensão
dos fenômenos históricos sociais que envolvem o tema, pois, somente assim, é possível a compreensão do
processo de criminalização como um todo.
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VIDEOAULA: CRIMINALIZAÇÃO E CRIMINOLOGIA
Aula vídeo tratando da evolução histórica da criminologia e sua relação com o estudo da criminalidade.
DISTINÇÃO ENTRE CRIMINOSO, CRIMINALIDADE E CRIMINALIZAÇÃO
Ao tratarmos da expressão “criminoso”,nos referimos àquele que descumpre uma norma previamente
estabelecida, desviando, desta forma, da normalidade prescrita em uma comunidade.
Ao tratarmos do conceito de criminoso na Escola Positiva, diversos autores, destacando-se Cesare Lombroso,
apontavam que nem todos os indivíduos são iguais, frisando que os criminosos agiam de forma irracional e
predeterminada. Assim, a política criminal à época teve por �nalidade a defesa social, com o intuito de
Videoaula: Criminalização e criminologia
Para visualizar o objeto, acesse seu material digital.
A Escola Clássica de direito penal via o criminoso como um pecador, que desvirtuava e descumpria dogmas
religiosos ou a vontade do soberano, até por isso entendia-se que a pena seria um mal imposto ao merecedor
do castigo pela sua conduta, cometida de forma absolutamente consciente e, por esta razão, possuía a
�nalidade precípua de reestabelecer a ordem na sociedade.
Figura 2 | Criminoso como pecador religioso
Fonte: Shutterstock.
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identi�car e neutralizar indivíduos considerados perigosos para que cessassem seus atos criminosos, havendo
neste período, inclusive, a defesa de penas por períodos indeterminados e até mesmo pena capital para
criminosos que não fossem passíveis de recuperação.
E em que pese a evolução trazida pela Escola Clássica e pelo positivismo cientí�co, foi somente no período
contemporâneo que o conceito de criminoso foi ampliado. Enrico Ferri, criminologista e político socialista
italiano, em sua obra denominada Criminal Sociology classi�cou os criminosos em natos, loucos, habituais,
ocasionais e passionais.
Os criminosos natos seriam os degenerados, que não possuem qualquer espécie de senso moral.
Os criminosos loucos seriam os alienados mentais.
Os criminosos ocasionais, por sua vez, são aqueles que eventualmente cometem algum delito, se
tratando de situação absolutamente excepcional e que não faz parte de seu comportamento comum.
Por �m, Ferri cita os criminosos habituais, de�nindo assim, aqueles reincidentes em condutas criminosas,
seriam os chamados “pro�ssionais do crime”.
Pseudocriminosos e verdadeiros criminosos
Diversas outras classi�cações de criminosos foram criadas posteriormente, como as apresentadas pelo
professor Hilário Veiga de Carvalho, que os classi�cou em dois grupos, com subdivisões, sendo:
Pseudocriminosos: divididos em Biocriminosos puros e Mesocriminosos puros. Na concepção de Veiga,
estes são os que devido a debilidades psiquiátricas necessitam de tratamento (como os Biocriminosos
puros) ou ainda, que não possuem grandes taxas de recuperação, porque sua conduta criminosa é
decorrente sócio culturais (como os Mesocriminosos puros), de qualquer forma, para Veiga, estes são
considerados inimputáveis, não sendo responsáveis pela ação praticada.
Verdadeiros criminosos: divididos em Biocriminosos preponderantes, Mesocriminosos preponderantes e
Biomesocriminosos. Os criminosos verdadeiros são efetivamente responsáveis pelos seus atos, como os
Biocriminosos preponderantes que eram de�nidos segundo a tendência interna de cada indivíduo,
independendo da existência de in�uências negativas externas que o levassem a prática criminosa. De
forma diversa, os Mesocriminosos preponderantes, segundo Veiga, dependiam quase que exclusivamente
da in�uência negativa externa, posto que, devido as suas qualidades morais, estes por si só não
cometeriam atos tidos como contrários à normativa. Por �m, os Biomesocriminosos eram de�nidos como
os indivíduos que praticavam a conduta delituosa sob in�uência de fatores tanto internos como externos.
Cabe ressaltar que cada espécie de criminoso era classi�cada segundo seu comportamento e sua in�uência. 
De explanação mais simples, a criminalidade nada mais é do que a efetiva ocorrência de atos que contrariam os
ditames da lei penal, enquanto a criminalização, já explanada anteriormente, remete a de�nição, por meio de
lei, que determinado comportamento é tido como criminoso.
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VIDEOAULA: DISTINÇÃO ENTRE CRIMINOSO, CRIMINALIDADE E
CRIMINALIZAÇÃO
Aula vídeo com explicações acerca distinção conceitual e doutrinária entre “criminosos”, “criminalidade” e
“criminalização”.
CRIMINALIZAÇÃO E VITIMIZAÇÃO
Criminalização e vitimização
A �m de analisar o processo de criminalização sob o enfoque especí�co da vitimização, é necessário
adentrarmos ao campo da vitimologia na Política Criminal.O conceito de vítima na doutrina é amplo, a
Organização das Nações Unidas, por exemplo, em 29 de novembro de 1985 editou a “Declaration of Basic
Principles of Justice for Victims of Crime and Abuse of Power”, na qual, em seu anexo, conceitua a expressão
vítima da seguinte forma:
Já autor Paulo Henrique de Godoy Sumariva (2019), ao tratar do assunto, de�ne vítima de modo mais simplista,
como “quem sofreu ou foi agredido de alguma forma em virtude de uma ação delituosa, praticada por um
agente”.
Durante o desenvolvimento do processo de criminalização e até mesmo da criminologia, o papel da vítima foi
objeto de destaque em determinados períodos assim como foi esquecido em outros.
Videoaula: Distinção entre criminoso, criminalidade e criminalização
Para visualizar o objeto, acesse seu material digital.
1. Entendem-se por "vítimas" as pessoas que, individual ou coletivamente, tenham
sofrido um prejuízo, nomeadamente um atentado à sua integridade física ou mental,
um sofrimento de ordem moral, uma perda material, ou um grave atentado aos seus
direitos fundamentais, como consequência de atos ou de omissões violadores das leis
penais em vigor num Estado membro, incluindo as que proíbem o abuso de poder.
2. Uma pessoa pode ser considerada como "vítima", no quadro da presente Declaração,
quer o autor seja ou não identi�cado, preso, processado ou declarado culpado, e
quaisquer que sejam os laços de parentesco deste com a vítima. O termo "vítima" inclui
também, conforme o caso, a família próxima ou as pessoas a cargo da vítima direta e as
pessoas que tenham sofrido um prejuízo ao intervirem para prestar assistência às
vítimas em situação de carência ou para impedir a vitimização.
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A idade média foi conhecida como a época do protagonismo da vítima, posto que à época era
aplicável o instituto da vingança privada, ou seja, caso alguém sofresse algum dano, ele mesmo
ou sua família tinham o direito de reparar este dano. Essa época foi marcada pela luta entre
famílias, criando um ciclo de violência in�ndável.
A partir do século XII o que houve foi a neutralização da pessoa da vítima, no qual as penas aplicadas não
tinham um enfoque efetivo na reparação do dano, mas apenas na prevenção da atividade criminosa como um
todo, ou seja, a aplicação de sanções servia para gerar temor na população e, assim, evitar o cometimento de
novas condutas.
A partir dos ensinamentos da Escola Clássica, a vítima passou a ser valorizada no direito penal e tornou-se
objeto de estudo da criminologia, sendo sua importância consolidada após o �nal da Segunda Guerra Mundial.
 Re�ita
A vitimologia não deve se confundir com a vitimização. Conforme apontado, a primeira possui enfoque
amplo e se trata de disciplina cientí�ca, objeto de estudo da criminologia e na qual se insere a vitimização,
que pode ser classi�cada como o processo que leva determinado sujeito a se tornar vítima de um terceiro.Com a crescente importância do papel da vítima dentro deste contexto histórico do processo de criminalização,
seu estudo tornou-se indispensável, tanto para o entendimento das razões que levam à efetiva criminalização
de um determinado fato, quanto para análise pontual do próprio fato criminoso.
VIDEOAULA: CRIMINALIZAÇÃO E VITIMIZAÇÃO
Aula vídeo com explicações acerca do processo de criminalização sob o enfoque especí�co da vitimização e da
importância do estudo da vitimologia.
ESTUDO DE CASO
A respeito dos temas “criminoso, criminalidade e criminalização”, descreva sobre o furto de energia. Quem é a
vítima, o sujeito passivo, para o ordenamento penal e qual o bem juridicamente tutelado? E para o
ordenamento social, podemos considerar o sujeito ativo deste crime, como sendo ele vítima da sociedade?
Videoaula: Criminalização e vitimização
Para visualizar o objeto, acesse seu material digital.
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RESOLUÇÃO DO ESTUDO DE CASO
Espera-se que o estudante faça uma introdução acerca do delito questionado, apontado que, em se tratando de
furto de energia, o Código Penal Brasileiro o tipi�ca em seu art. 155, §3º ou seja, é considerado um crime contra
o patrimônio, até porque, nos termos do Código Civil, em seu art. 83, I, a energia elétrica é tida como um bem
móvel. 
O aluno deve apontar que nós crimes contra o patrimônio, o sujeito passivo é o proprietário ou legítimo
possuidor do bem móvel sendo que no caso especí�co da energia elétrica, a �m de especi�car exatamente o
sujeito passivo, é imprescindível a veri�cação do momento em que houve o delito. Se o “desvio” da energia se
deu antes de passar pelo medidor, o sujeito passivo seria o fornecedor de energia, posto que a ele é atribuído o
prejuízo pelo uso gratuito desta, porém, na hipótese de tal conduta dar-se-á após a passagem da energia pelo
medidor, o prejuízo é direcionado ao próprio consumir, que será, portanto, o sujeito passivo do delito.
A segunda parte do questionamento apresentado trata do ordenamento social e do cometimento do delito
como vítima da sociedade, neste ponto, é esperado do estudante uma explanação sobre a hipótese do furto de
energia ser praticado por uma “comunidade”, hipótese na qual a razão social imposta por eles sobressai o
critério de criminalidade, sendo tratada até mesmo como um direito natural, ou seja, é como se para uma
determinada camada da sociedade fosse permitida a prática de um ato ilícito, que assim não seria considerado
por causa do ambiente em que está sendo realizado. De modo diverso, se em um condomínio de luxo é
descoberto que o proprietário de uma mansão está praticando o furto de energia, com certeza responderia
pelo furto.
Assim, veri�ca-se que há dois pesos e duas medidas, o critério de criminalização é distinto para pessoas
dependendo tanto do sujeito que comete o crime quanto do meio em que este vive, isso porque, o papel social
do furto de energia por parte da população carente decorre justamente da falha do Estado em prover o mínimo
deste recurso indispensável as famílias que dele necessitam, assim, diante do abandono histórico que decorre
até mesmo da má distribuição de renda, as ligações clandestinas de energia acabam por se tornar o único meio
de acesso ao recurso de�ciente.
 Saiba mais
Para ampliar os seus conhecimentos sobre os temas abordados durante os nossos estudos, indicamos
algumas leituras que são muito pertinentes e interessantes!
Deliquent Boys: the culture of the gang de Albert K. Cohen.
A Criminologia Cultural e a Criminalização das Culturas Periféricas escrita por Saulo Ramos Furquim.
A vítima no contexto da criminologia contemporânea: os re�exos da vitimologia da política criminal,
na segurança pública e no sistema processual penal artigo escrito por Viviane de Andrade Freitas.
Resolução do Estudo de Caso
Para visualizar o objeto, acesse seu material digital.
https://core.ac.uk/download/pdf/43580897.pdf
https://core.ac.uk/download/pdf/43580897.pdf
https://ambitojuridico.com.br/cadernos/direito-penal/a-vitima-no-contexto-da-criminologia-contemporanea-os-reflexos-da-vitimologia-na-politica-criminal-na-seguranca-publica-e-no-sistema-processual-penal/#_ftnref1
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INTRODUÇÃO
Olá, estudante! Os nossos estudos têm por objetivo aprofundar os conhecimentos no processo de
criminalização, com explanações acerca da criminalização primária, secundária e terciária, bem como a forma
como o senso comum exerce seu papel no processo de criminalização. 
Ao tratarmos da criminalização primária, abordaremos o processo legislativo propriamente dito, com as
nuances relativas à tipi�cação de determinada conduta e a forma técnico-burocrática como este processo se dá.
Com o estudo da fase secundária da criminalização, trataremos da criminalização de forma individualizada e
com a atuação de instituições como o Ministério Público, o Judiciário e a própria polícia enquanto agente de
controle social. A criminalização terciária, por sua vez, será abordada na fase pós-condenação e os aspectos que
a permeiam.
CRIMINALIZAÇÃO PRIMÁRIA
Ao tratarmos do processo de criminalização e os aspectos que o compõe, é necessário, inicialmente,
entendermos o processo de formação da lei penal. A criminalização em sua fase primária, tem por objeto a
criação das leis penais, ou seja, a efetiva atividade do legislador.
O direito penal objetiva, via de regra, tutelar os bens jurídicos tidos como mais importantes, assim, dependendo
do bem jurídico a ser protegido, o legislador, enquanto agente do processo de criminalização primário, de�ne a
quantidade de pena a ser aplicada e a conduta especi�ca a ser tipi�cada na lei penal.
Ao tratar do papel do legislador no direito penal, Rogerio Greco em seu livro Curso de Direito Penal – Parte
Geral (2004, p. 4), aponta que a Constituição Federal serve de balizadora para a formação dos conceitos deste,
seja como de�nidora dos valores indispensáveis à tutela do Estado, seja como garantista, impedindo que o
legislador viole direitos fundamentais:
Se de um lado orienta o legislador, elegendo valores considerados indispensáveis à
manutenção da sociedade, por outro, segundo uma concepção garantista do Direito
Penal, impede que esse mesmo legislador, com uma suposta �nalidade protetiva de
Aula 2
O PROCESSO DE CRIMINALIZAÇÃO
Os nossos estudos têm por objetivo aprofundar os conhecimentos no processo de
criminalização, com explanações acerca da criminalização primária, secundária e terciária, bem
como a forma como o senso comum exerce seu papel no processo de criminalização.
47 minutos
27/09/2022 20:25 wlldd_221_u3_pol_cri_pro_cri
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Seguindo as diretrizes impostas pela Magna Carta, o legislador, na fase primária do processo de criminalização,
tem por objetivo a criação de tipos penais que tutelem os bens e valores indispensáveis a convivência em
sociedade, de�nindo as penas aplicadas e a forma de cumprimento.
A de�nição de um determinado fato como criminoso é balizada, principalmente, pelo modo como
a sociedade reage ao cometimento deste, ou seja, o senso comum e a própria reação social
de�nem se o comportamento adotado por determinado sujeito é reprovável o su�ciente a �m de
exigir, do legislador, a adoção de medidas que importam na criação ou alteração de um tipo
penal.
A atuação do legislador, como podemos observar, possui caráter político, posto que este opera de maneira
abstrata,principalmente ante a conclusão já exposta da importância da opinião pública e da formação do senso
comum na de�nição das condutas penalmente reprováveis.
Ao tratar da fase primária do processo de criminalização, o sociólogo Alessandro Baratta, em sua obra
Criminologia crítica e crítica do direito penal (2002, p. 198), faz comentários à atual política criminal, a�rmando
que:
bens, proíba ou imponha determinados comportamentos, violando direito
fundamentais atribuídos a toda pessoa humana, também consagrados pela
Constituição.
[...] importantes zonas de nocividade social ainda amplamente deixadas imunes no
processo de criminalização e de efetiva penalização (pense-se na criminalidade
econômica, na poluição ambiental, na criminalidade política dos detentores do poder,
na má�a etc.), mas socialmente muito mais danosas, em muitos casos, do que o desvio
criminalizado e perseguido. Realmente, as classes subalternas são aquelas selecionadas
negativamente pelos mecanismos de criminalização.
Desta forma, a �m de afastar a chamada “seletividade do sistema penal”, que afasta a efetiva utilidade pública
da normal penal, é que se recomenda a adoção de viés mais jurídico e menos político na criação das normas
penais, até porque, o populismo, quando aplicado à esfera penal, acaba por desvirtuar o caráter da norma
jurídica e seu dever de proteção aos bens juridicamente tutelados.
Figura 1 | Caráter da norma jurídica
27/09/2022 20:25 wlldd_221_u3_pol_cri_pro_cri
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VIDEOAULA: CRIMINALIZAÇÃO PRIMÁRIA
Aula vídeo versando sobre o processo de criminalização primária e suas nuances, com apontamentos relativos
ao modo que o comportamento social in�uência na formação da normal penal.
CRIMINALIZAÇÃO SECUNDÁRIA
Avançando os estudos relativos ao processo de criminalização, trataremos de sua segunda fase, chamada de
“criminalização secundária”. A criminalização secundária é a continuação lógica da primária, tratando
especi�camente da efetiva ação punitiva do Estado face a infringência de uma conduta tipi�cada pela norma
penal.
Fonte: Shutterstock.
Videoaula: Criminalização primária
Para visualizar o objeto, acesse seu material digital.
Na fase secundária do processo de criminalização, temos a atuação de instituições como o Ministério Público, o
Judiciário e da própria polícia enquanto agente de controle social.
Figura 2 | Fase secundária do processo de criminalização
27/09/2022 20:25 wlldd_221_u3_pol_cri_pro_cri
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Durante o processo de criminalização secundária, o indivíduo que passou pela criminalização primária, tendo
cometido a conduta penalmente reprovável e, com o início da fase secundária, sua conduta será apreciada
pelas instituições anteriormente citadas. Essa apreciação pode se dar por meio de um inquérito policial ou pelo
próprio magistrado, o qual, a depender da ausência de elementos ou existência de excludentes de ilicitude,
poderá absolver o sujeito ou ainda, concluindo pela presença de materialidade delitiva e sendo certa a autoria,
poderá condenar o criminoso.
O objetivo da fase secundária é dar efetivo cumprimento à lei penal, aplicando a punição àquele
que praticar um ato tido como reprovável pela lei.
Ao tratar da criminalização secundária, Baratta (2002, p. 98) aponta que esta é exercida pelas chamadas
“agências de controle penal” como: “a polícia, a magistratura, órgãos de controle da delinquência juvenil”.
A atividade policial, dentro da criminalização secundária, é a primeira a realizar a análise do processo de
criminalização, até porque, quando da realização de uma conduta tipi�cada como penalmente reprovável, o
primeiro contato é justamente com a organização policial, a qual, por meio de seus agentes, identi�ca a
materialidade do delito e os investiga com o objetivo de identi�car indícios de sua autoria.
 Atenção!
Fonte: Shuterstock.
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É importante ressaltar que muitos atos praticados por criminosos não chegam à fase secundária do
processo de criminalização, até porque, muitas vezes estes sequer são comunicados às agências de
controle. 
A respeito do tema, Molina (2008) aponta que a denúncia do ato perpetrado, mesmo se realizada, pode não ter
os frutos esperados, não se abrindo a oportuna investigação ou até mesmo atingindo-se um resultado �nal
negativo, esclarecendo que tal ato se dá devido a seletividade da própria autoridade policial e judiciária, as
quais acabam por �ltrar e selecionar as pretensões punitivas que, segundo a própria autoridade judiciária,
requerem e merecem uma resposta o�cial por parte do Estado.
Ante a tal assertiva, é possível concluir que a própria persecução formal do ato denunciado nem sempre
culmina com uma sentença penal condenatória para o infrator, ou seja, em que pese a competência do
legislador no processo de criminalização primário, por vezes não é possível dar cumprimento às políticas
criminais, principalmente aquelas voltadas à repressão, quando, pelas mais diversas razões, há falhas no
processo de criminalização secundário.
VIDEOAULA: CRIMINALIZAÇÃO SECUNDÁRIA
Aula vídeo tratando do processo de criminalização secundário, com explanações acerca de eventuais falhas que
possam decorrer da atuação dos órgãos de controle nesta fase.
CRIMINALIZAÇÃO TERCIÁRIA
A última fase do processo de criminalização é externalizada por meio da efetiva aplicação dos mecanismos de
execução pena, formando assim, a criminalização terciária. Essa fase compreende tanto as penas privativas de
liberdade como aquelas decorrentes do instituto da despenalização.
Ao traçarmos um mapa de todo o processo de criminalização, teremos a primária preocupando-se com a efetiva
edição das normas penais e a tipi�cação das condutas penalmente reprováveis; a secundária, que traz a prática
de toda a teoria editada na primeira fase, tratando de investigar e processar os fatos tidos como puníveis por
meio da fase primária e, por �m, a fase terciária, na qual, após toda a investigação e todo o processamento, o
Estado adota medidas para a efetiva execução da pena a ser aplicada, independentemente de sua forma ou
gravosidade.
Na fase terciária do processo de criminalização o sujeito que praticou o ato penalmente reprovável e
efetivamente condenado, é praticamente rotulado no meio social como alguém de conduta duvidosa e
desviada, afetando sua participação na sociedade, no mercado de trabalho.
Videoaula: Criminalização secundária
Para visualizar o objeto, acesse seu material digital.
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O ato natural de rotular o criminoso, iniciado na criminalização secundária e consolidado na terciária, acabou
por dar origem à teoria da labelling approach ou “Etiquetamento Social”. Essa teoria altera o objeto de estudo
da própria criminologia, dando menos importância ao crime ou ao criminoso em si e passando a focar suas
análises nas instâncias de controle social e sua atuação face a criminalidade.
 Re�ita
A Teoria do Etiquetamento Social faz uma espécie de interligação entre os conceitos de crime e criminoso e
o próprio comportamento social, considerando seus costumes e valores socialmente aceitos, sob o
argumento de que este sim, seriam os criadores das chamadas etiquetas sociais, em detrimento do ato
criminosoem si.
Um claro exemplo da aplicação prática da labelling approach é o estudo comparativo da Lei Federal nº 9.249/95
(Imposto de Renda) e do Código Penal. O art. 34 da Lei nº 9.249/95 dispõe que “extingue-se a punibilidade dos
crimes de�nidos na Lei nº 8.137, de 27 de dezembro de 1990, e na Lei nº 4.729, de 14 de julho de 1965, quando
o agente promover o pagamento do tributo ou contribuição social, inclusive acessórios, antes do recebimento
da denúncia”. Assim, nota-se que não houve preocupação em manter a estigma de criminoso em quem devolve
os valores em crime contra o Sistema Tributário.
Figura 3 | Imposto de Renda
Fonte: Shutterstock.
Por sua vez, em se tratando de crimes contra o particular, a labelling approach se torna evidente,
principalmente ante a clara previsão legal de manutenção da pena, considerando-se a devolução mera causa de
redução desta, conforme disposição expressa do art. 16 do Código Penal.
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Desta forma, ao analisar as nuances do processo de criminalização, indispensável dar atenção a todas as suas
fases, incluindo os efeitos da criminalização terciária e a in�uência da aplicação da pena no meio social ou
ainda, o inverso, a in�uência que o meio social exerce sobre a aplicação da pena e os efeitos dela decorrentes.
VIDEOAULA: CRIMINALIZAÇÃO TERCIÁRIA
Aula vídeo tratando do processo de criminalização em sua fase terciária, com enfoque na efetiva aplicação da
pena e a Teoria da labelling approach.
FORMAÇÃO DO SENSO COMUM
É possível extrair do conteúdo da presente aula que, seja na fase primária, secundária ou terciária do processo
de criminalização, o senso comum, criado a partir dos costumes e das vivências cotidianas é o grande
responsável pela evolução e pelas diretrizes seguidas pelo próprio processo de criminalização.
Uma conduta criminalizada não é assim considerada de forma automática, é necessário que o ato praticado
afete de tal modo o convívio em sociedade que o senso comum, considerando-o desprezível e atentatório ao
“modo de vida normal”, entenda por bem criminalizá-lo.
Videoaula: Criminalização terciária
Para visualizar o objeto, acesse seu material digital.
O senso comum sempre in�uenciou diretamente no próprio conceito de criminoso. Em meados do século XIX,
por exemplo, imperava o positivismo cientí�co, no qual se destacou Cesare Lombroso, defendendo que nem
todos os indivíduos são iguais e apontando que os criminosos agiam de forma predeterminada. A política
criminal nesta época visava a efetiva defesa social, cujo objetivo primordial era a identi�cação e neutralização
dos indivíduos que cometessem atos contrários à normativa penal.
Figura 4 | Senso comum
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A própria pena aplicada aos sujeitos desviantes, decorre do senso comum, posto que uma de suas �nalidades é
incutir temor no cidadão a �m de coibir práticas criminosas, a respeito do tema, Teresa Pires do Rio Caldeira,
em sua obra Cidade de muros: crime, segregação e cidadania em São Paulo (2000, p. 375), faz um paralelo do
temor incutido pelas penas e a resistência à expansão da democracia, a�rmando:
 Re�ita
O senso comum, na medida que de�nido como a mescla entre costumes e experiências inerentes à
vivência humana, no campo do processo de criminalização, deve ser tratada com cuidado. As pessoas que
passam por situações traumáticas relacionadas a fatos criminosos perpetrados contra elas, por vezes são
dominadas por sentimento de vingança que não possui qualquer correlação com as políticas criminais
voltadas à efetiva prevenção do crime, buscando única e exclusivamente maior severidade na aplicação da
lei penal.
Assim, em que pese a importância do senso comum no avanço das políticas relativas ao próprio processo de
criminalização, a �m de preservar as garantias constitucionais, o legislador, enquanto agente atuante da fase
primária do processo de criminalização, deve ser cauteloso, a �m de não trazer à tona políticas repressivas que,
sob o falso manto de proteção a população, ataquem as liberdades individuais que, custosamente foram
conquistadas, posto que o Direito Penal de garantias não deve, em hipótese alguma, ser pautado em
sentimento de vingança privada.
VIDEOAULA: FORMAÇÃO DO SENSO COMUM
Aula vídeo com explicações acerca das in�uências que o senso comum e a opinião pública tem no
desenvolvimento do processo de criminalização.
Fonte: Shutterstock.
Poderíamos sugerir que, por meio da questão da punição violenta e do crime, os
brasileiros articulam uma forma de resistência às tentativas de expandir a democracia e
o respeito pelos direitos além dos limites do sistema político. No contexto da transição
para a democracia, o medo do crime e os desejos de vingança privada e violenta vieram
simbolizar a resistência à expansão da democracia para novas dimensões da cultura
brasileira, das relações sociais e da vida cotidiana.
Videoaula: Formação do senso comum
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ESTUDO DE CASO
Dado o caráter técnico-político do processo de criminalização primária, o aluno deve discorrer acerca da
in�uência que o senso comum, formado a partir dos costumes e da opinião pública, exerce sobre o processo
legislativo em matéria penal.
RESOLUÇÃO DO ESTUDO DE CASO
Espera-se que, com a efetiva análise do conteúdo da aula, o estudante exponha seu pensamento por meio de
dissertação, no qual aponte que o processo de criminalização primária tem por objetivo a criação de tipos
penais que tutelem os bens e valores indispensáveis à convivência em sociedade, de�nindo as penas aplicadas
e a forma de seu cumprimento. 
O aluno deve ressaltar ainda que a atuação do legislador, enquanto protagonista do processo de criminalização
primário, possui caráter político, operando de maneira abstrata, principalmente ante a importância da opinião
pública e da formação do senso comum na de�nição das condutas penalmente reprováveis.
Espera-se que a conclusão seja no sentido de que a própria de�nição de um sujeito como criminoso, se baliza
na forma como a sociedade reage ao cometimento de determinada conduta, assim, o senso comum e a própria
reação social de�nem se o comportamento adotado por determinado sujeito é reprovável o su�ciente, a �m de
exigir do legislador, a adoção de medidas que importam na criação ou alteração de um tipo penal.
 Saiba mais
Na dissertação sobre a questão social e criminalização da pobreza: o senso comum penal no Brasil, Laura
Freitas de Oliveira faz uma análise da questão de tempos e também sobre o papel do assistente social no
campo do sistema penitenciário.
OLIVEIRA, L. F. de. Questão social e criminalização da pobreza: o senso comum penal no Brasil. EM
PAUTA, Rio de Janeiro: 1º Semestre de 2019. n. 43, v. 17, p. 108 – 122.
Outras dicas de leitura são:
Medo do Crime e Criminalização da Juventude escrito por Bruna Gisi Martis de Almeida.
A Aplicabilidade da Lei Penal e a Punibilidade do Senso Comum: a criminologia da reação social na
conduta desviada escrito por Paula Charlie Colet.
Para visualizar o objeto, acesse seu material digital.
Resolução do Estudo de Caso
Para visualizar o objeto, acesse seu material digital.
https://crianca.mppr.mp.br/pagina-294.html
https://www.revistas.unijui.edu.br/index.php/revistadireitoemdebate/article/view/658/378
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INTRODUÇÃO
Olá, estudante!
O presente estudo tem por �nalidade a análise e a compreensão do procedimento criminalizante e suas
nuances a partir de explanações acerca de seu rito procedimental e das problemáticas inerentes a ele.
Abordaremos, portanto, aspectos relevantes do ponto de vista social e criminológico, como as di�culdades de
acesso ao Poder Judiciário por parte de populações menos favorecidas e as medidas adotadas com a �nalidade
de se reduzir a desigualdade do ponto de vista jurídico-social.
Outro aspecto relevante que será tratado diz respeito à seletividade do poder punitivo e às falhas do próprio
Estado no papel de garantidor dos direitos fundamentais e a teoria da vulnerabilidade e sua visão enquanto
atenuante de culpabilidade.
O RITO PROCEDIMENTAL
Ao adentrarmos o processo de criminalização sob o enfoque da criminologia moderna, é imperioso tratamos do
rito procedimental relativo a ele e dos efeitos a médio e longo prazo que os ritos de maior complexidade podem
causar àqueles que incorrem em infrações.
A identi�cação do rito procedimental dentro do processo penal exerce o papel de �ltro primário, sendo de�nido
pelo grau de reprovação da conduta e o nível de proteção ao bem jurídico afetado.
É importante ressaltar que o processo criminal tem índole estritamente condenatória, sendo que o sujeito que
sofre um processo dessa espécie, independentemente de seu resultado �nal, suporta seus efeitos
estigmatizantes e de caráter social, mesmo com eventual absolvição.
A violência na sociedade contemporânea pode ser de�nida como o produto decorrente da falha no próprio
processo social decorrente da ine�ciência do Estado enquanto agente responsável pelo processo de prevenção
primária de situações de crime, na medida que as ações realizadas neste processo geralmente possuem caráter
social, econômico e educativo, atacando, desta forma, a causa inicial da conduta criminosa.
Assim, o objeto primordial do rito processual penal acaba por focar a violência em sentido amplo, ou seja, os
atos de desordem social que contrariam as normas, a moral e, até mesmo, o senso comum.
Aula 3
O PROCEDIMENTO CRIMINALIZANTE
O presente estudo tem por �nalidade a análise e a compreensão do procedimento criminalizante
e suas nuances a partir de explanações acerca de seu rito procedimental e das problemáticas
inerentes a ele.
46 minutos
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Por rito procedimental, podemos entender a sequência de atos preordenados e voltados a um determinado
provimento �nal, sendo que, no âmbito do direito penal, esses procedimentos são divididos em: ordinário,
sumário, sumaríssimo, júri e especiais.
Não pretendemos esgotar o tema relativo aos ritos procedimentais, até porque não é o objeto central desta
aula; a nossa intenção é traçar um panorama geral a respeito de tais procedimentos para demonstrar o efeito
estigmatizante que o procedimento exerce sobre o sujeito processado do ponto de vista social. O rito ordinário
é adotado com relação a crimes cuja pena é a reclusão, em que não há exigência do rito especial; já o rito
sumário é aplicável aos crimes em que a pena cominada é de detenção superior a dois anos, e em se tratando
do rito sumaríssimo, este é aplicado às infrações cuja pena máxima não ultrapassa dois anos. O rito do Júri, por
sua vez, é aplicado nas hipóteses de crime doloso contra a vida; por �m, os ritos especiais são aqueles com
tramitação diferenciada, como os previstos no Código de Processo Penal (crimes praticados por servidores
públicos) e em legislação esparsa (Lei de Drogas).
Com isso, temos que, quanto maior a complexidade do ato perpetrado, mais complexo o rito procedimental
aplicável e maior a estigma causada. Em que pese a previsão constitucional da presunção de inocência, em
certos casos há uma espécie de mitigação devido a in�uências internas e externas, di�cultando, por vezes, o
próprio exercício do contraditório, posto que, quando o réu pertence a uma classe que possui o rótulo de
marginalizada, antes mesmo da prolação de uma sentença, ele é mercado por olhares de reprovação, fato este
que se agrava quando o sujeito possui condenações anteriores ou mesmo se sofreu algum processo que
culminou em sua absolvição.
Assim, é possível concluir que, qualquer que seja o rito e/ou procedimento a que o sujeito se submeta, as
estigmas causadas são profundas e suas consequências incalculáveis, principalmente do ponto de vista da
aceitação social.
VIDEOAULA: O RITO PROCEDIMENTAL
Videoaula versando sobre os ritos procedimentais penais e os efeitos estigmatizantes que o processo penal
causa aos que sofrem suas consequências.
ACESSO AO PODER JUDICIÁRIO
A Declaração Universal dos Direitos Humanos, adotada e proclamada pela Assembleia Geral das Nações Unidas
(resolução 217 A III) em 10 de dezembro 1948, em seu art. 8º, é enfática ao dispor que todo ser humano tem
direito a receber dos tribunais nacionais competentes remédio efetivo para os atos que violam os direitos
fundamentais que lhe são reconhecidos pela Constituição ou pela lei.
Videoaula: O rito procedimental
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De igual forma, a convenção Americana de Direitos Humanos (1969), em seu art. 8º e 25, de�ne as garantias
judiciais a todas as pessoas e o direito à proteção judicial. Ao tratar do acesso à justiça, Mauro Capelletti, em sua
obra Justice Acess, aponta a di�culdade em conceituar a expressão, mas, a �m de demonstrar a sua
essencialidade, a coloca como um dos pilares de funcionamento do próprio sistema jurídico em si, in verbis:
O acesso ao judiciário em matéria penal está intrinsecamente ligado à acessibilidade técnica e econômica; nesse
ponto, é importante ressaltar que, caso alguém seja acusado e não apresente condições econômicas para
contratar um defensor, terá o auxílio da Defensoria Pública, a �m de possibilitar o efetivo exercício do
contraditório e da ampla defesa. 
A expressão “acesso ao poder judiciário” na de�nição formal do termo pode ser de�nida como o efetivo direito
de acesso ao órgão jurisdicional por parte do acusado a �m de exercer sua defesa e a efetiva simpli�cação de
seus procedimentos. Não se deve, em qualquer hipótese, confundir o acesso à justiça com o acesso ao
judiciário; enquanto o primeiro tem conceito e não se esgota com o simples acesso ao judiciário, o segundo, de
caráter estrito, diz respeito à instituição em si, dotada de linguagem e procedimentos próprios, e à necessidade
de aproximação desta com o povo.
Um exemplo de promoção do acesso ao judiciário em matéria penal é a edição da Lei dos Juizados Especiais
(9.099/95) cujos procedimentos por ela regidos obedecem aos princípios da oralidade, informalidade, economia
processual e celeridade, traduzindo-se em verdadeiro esforço do legislador na busca pela redução da
complexidade processual.
A Lei Federal 9.099/95 apresenta claro caráter despenalizador e facilitador, posto que a redução de documentos
necessários ao deslinde do feito tem o condão de facilitar o entendimento por parte do acusado e acelerar o
trâmite processual. Os atos no âmbito do Juizado Especial Criminal são praticados com o mínimo de
formalidade possível, sendo, a eles, atribuído validade, nos termos do art. 13 do mesmo códex, sempre que
preenchem as �nalidades para as quais foram realizados.
Assim, no estudo criminológico das políticas criminais e dos processos de criminalização, é vital o
reconhecimento, do ponto de vista político-social, dos esforços lançados pelo legislador em ampliar não apenas
o acesso à justiçamas o acesso ao judiciário, simpli�cando seus procedimentos e facilitando os meios de defesa
por parte dos acusados.
VIDEOAULA: ACESSO AO PODER JUDICIÁRIO
A expressão ‘acesso à justiça’ é reconhecidamente de difícil de�nição, mas serve para
determinar duas �nalidades básicas do sistema jurídico – o sistema pelo qual as
pessoas podem reivindicar seus direitos e/ou resolver seus litígios sob os auspícios do
Estado. Primeiro, o sistema deve ser igualmente acessível a todos; segundo, ele deve
produzir resultados que sejam individual e socialmente justos. (1988, p. 8)
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Videoaula tratando do acesso ao judiciário em seu conceito estrito e sua distinção com o acesso à justiça em
sentido amplo.
SELETIVIDADE DO PODER PUNITIVO
Visando à efetiva análise da seletividade do poder punitivo do ponto de vista sociológico, é necessário que nos
debrucemos sobre a efetiva ação punitiva do Estado em face à infringência de uma conduta tipi�cada pela
norma penal, ou seja, sobre o processo de criminalização secundária.
Como explanado anteriormente, na fase secundária do processo de criminalização, temos a atuação de
instituições como o Ministério Público, o Judiciário e da própria polícia enquanto agente de controle social.
Durante essa fase, é possível observar com maior clareza a seletividade do poder punitivo, e a esse respeito,
Orlando Zaconne (2004, p. 184), aponta que “não é possível ao sistema penal prender, processar e julgar todas
as pessoas que realizam as condutas descritas na lei como crime e, por conseguinte, opta entre o caminho da
inatividade ou da seleção”.
Dessa forma, buscando afastar sua inatividade ou mesmo omissão, o Estado acabou por optar pelo caminho da
seleção diretamente in�uenciado por estigmas sociais. Esse modelo de atuação, baseado em uma espécie de
seletividade punitiva velada, traz resquícios das teses defendidas por Cesare Lombroso no apogeu do
positivismo cientí�co. Lombroso realizou pesquisas embasadas na correlação entre o desenvolvimento social e
os fatores criminológicos, apontando que o sujeito que comete um ato ilícito possui aspectos físicos ou
�sionômicos que, por si, indicam sua criminalidade.
O sistema penal, do ponto de vista garantista e constitucional, deve ser igualitário e comprometido com a
efetiva preservação da dignidade da pessoa humana, porém o que se veri�ca efetivamente é que, na tentativa
de não se tornar ine�ciente, acaba por se revelar um sistema seletivo e repressivo. O jurista argentino Eugenio
Raúl Za�aroni (2011), seguindo a mesma esteira de raciocínio, é didático ao tratar do assunto:
Mesmo que de forma velada e não intencional, o critério de seleção empregado na fase secundária do processo
de criminalização acaba sendo estereotipado, voltado a selecionar pessoas de classes menos favorecidas e
deixando de lado os autores de outros delitos que moram em bairros de classe social mais alta. Com isso, é de
Videoaula: Acesso ao poder judiciário
Para visualizar o objeto, acesse seu material digital.
Por tratar-se de pessoas desvaloradas, é possível associar-lhes todas as cargas
negativas existentes na sociedade sob forma de preconceitos, o que resulta em �xar
uma imagem pública do delinquente com componentes de classe social, étnicos,
etários, de gênero e estéticos. (p. 46)
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fácil observação que a essência do sistema punitivo, visando a uma maior efetividade de suas ações, é seletiva,
do ponto de vista político-social, e objetiva, a partir de condutas repressivas, difundir o medo na população
economicamente menos favorecida como uma estratégia de controle social, aumentando exponencialmente
sua e�ciência ao dar atenção a delitos menores em detrimento de condutas consideradas, por vezes, mais
complexas.
Seguindo essa linha de raciocínio, conclui-se que o Estado, enquanto agente punitivo, aplica a justiça seletiva
principalmente contra a população mais vulnerável, sendo necessário, dessa forma, conter os agentes da
segunda fase do processo de criminalização quando operam contra os menos favorecidos, pois, se de um lado
está a população mais propícia ao cometimento de condutas ilícitas, de outro, o Estado é o real responsável por
deixar de promover a melhora de suas condições.
 Saiba mais
SOUZA. K. R. F. de; PINHEIRO, L. G. B. A seletividade do sistema penal como instrumento de controle
social: uma análise a partir do caso Rafael Braga Vieira. Clique aqui para acessar.
SÁ. S de. Culpabilidade: da teoria psicológica à teoria normativa pura e sua consolidação como
princípio. Clique aqui para acessar.
DAMASCENO. A. A. Acesso à justiça penal? Não, obrigado. Clique aqui para acessar.
VIDEOAULA: SELETIVIDADE DO PODER PUNITIVO
Videoaula acerca da seletividade do poder punitivo com explanações sobre o processo secundário de
criminalização e como a política penal ataca, geralmente, as classes menos favorecidas.
TEORIA DA VULNERABILIDADE
Ao estudarmos o procedimento criminalizante, as in�uências e os efeitos sociais dele decorrentes, faz-se
indispensável uma análise acurada acerca da teoria da vulnerabilidade.
Essa teoria, concebida por Eugênio Raúl Za�aroni, defende que as condições social e econômica do agente que
comete determinada conduta delituosa, quando reduzida o su�ciente a ponto de que a prática de um crime
seja o único caminho lógico a seguir, devem ser analisadas como atenuantes de sua culpabilidade.
A �m de proceder a efetiva análise quanto à vulnerabilidade do sujeito, Za�aroni (2002) aponta a necessidade
de se levar em conta o vínculo existente entre o delito e o criminoso, que é estabelecido na fase secundária do
processo de criminalização, e o que ele chama de “perigosidade do sistema penal”, esclarecendo que o grau de
Videoaula: Seletividade do poder punitivo
Para visualizar o objeto, acesse seu material digital.
http://www.publicadireito.com.br/artigos/?cod=12616f69e1fed7ea
http://www.publicadireito.com.br/artigos/?cod=eb453b86e59bbc3c#:~:text=Com%20a%20analisada%20teoria%2C%20a,de%20desaprova%C3%A7%C3%A3o%20de%20diferente%20natureza
https://www.fdsm.edu.br/adm/artigos/c65de3e7c0012189016d96d5e0f76d0e.pdf
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perigosidade é individualizado, decorrente, justamente, de seu estado de vulnerabilidade.
Za�aroni (2002, p. 654) enfatiza que “o estado de vulnerabilidade se integra com os dados que formam seu
status social, classe, colocação laboral ou pro�ssional, renda, estereótipo, que se aplica, ou seja, por sua posição
dentro da escala social”. Sob esse enfoque, é possível traçar um paralelo entre o poder punitivo e o estado de
vulnerabilidade, veri�cando que a relação entre os dois é diretamente inversa. Dessa forma, quanto melhor a
condição socioeconômica de uma determinada pessoa, menor o risco de criminalização, posto que estão
ausentes as vulnerabilidades econômica, educacional, ética ou mesmo cultural.
A teoria da vulnerabilidade surgiu a partir da teoria da coculpabilidade, sendo a primeira uma espécie de
evolução da segunda. A coculpabilidade defendia a tese de que o meio social, enquanto excludente e
estigmatizador, deveria dividir a responsabilidade com o agente que cometeu a conduta delituosa, reduzindo a
pena do criminoso ante a participação da própria sociedade em sua tomada de decisão. Como evolução lógica
da coculpabilidade, a teoria da vulnerabilidade tem um conceito mais amploe defende que o Estado, enquanto
garantidor de direitos básicos, falha ao não fornecer educação ou melhores condições ao sujeito, o que, por si
só, contribui para o ingresso deste no meio criminal, por isso, ante a omissão do Estado, a vulnerabilidade do
agente (não apenas econômica) deve abrandar a sanção aplicada em razão da prática delituosa.
Ao discorrer sobre o tema, o professor Nilo Batista (2004, p. 105) é didático:
Com isso, podemos concluir que a teoria da vulnerabilidade de Za�aroni busca conciliar a constante evolução
sociológica e o aumento da desigualdade social decorrente de uma má prestação de serviços por parte do
Estado (enquanto garantidor de direitos básicos) com a necessidade de se tomar em conta a própria in�uência
que o meio ambiente social exerce sobre o agente que comete a conduta delituosa, quando da dosimetria da
pena aplicada, conferindo-lhe tratamento desigual com o propósito de alcançar a isonomia na medida de sua
vulnerabilidade.
Figura 1 | Relação vulnerabilidade x criminalidade para Za�aronni
Trata-se de considerar, no juízo de reprovabilidade que é a essência da culpabilidade, a
concreta experiência social dos réus, as oportunidades que se lhes deparam e a
assistência que lhes foi ministrada, correlacionando sua própria responsabilidade a
uma responsabilidade geral do estado que vai impor-lhes a pena; em certa medida.
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Fonte: elaborado pelo autor.
VIDEOAULA: TEORIA DA VULNERABILIDADE
Videoaula com explicações acerca da teoria da vulnerabilidade com exemplos de sua aplicação prática.
ESTUDO DE CASO
Sob a ótica da teoria da vulnerabilidade, você deverá discorrer sobre a possibilidade de se considerar alguma
atenuante no exame da culpabilidade ou da aplicação da pena ao caso “Lázaro” – comentado em larga escala na
mídia no ano de 2021. Essa análise terá de ser feita sob a razão do meio em que ele viveu, o sistema humilde
em que foi criado, os pares que o acompanharam e sua exposição a outros presos.
RESOLUÇÃO DO ESTUDO DE CASO
Em relação à problemática apresentada, você deve discorrer sobre a aplicabilidade da teoria da vulnerabilidade
de Za�aroni, expondo que a teoria defende que as condições social e econômica do agente que comete
determinada conduta delituosa, quando reduzida o su�ciente, a ponto de que a prática de um crime seja o
único caminho lógico a seguir, devem ser analisadas como atenuantes de sua culpabilidade.
Videoaula: Teoria da vulnerabilidade
Para visualizar o objeto, acesse seu material digital.
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É esperado que, em análise ao caso Lázaro, você destaque a relação entre a vulnerabilidade social e a violência,
apontando que o Estado, enquanto garantidor de direitos básicos, falha ao não fornecer educação ou melhores
condições ao sujeito, o que, por si só, contribui para o ingresso deste no meio criminal, por isso, ante a omissão
do Estado, a vulnerabilidade do agente (não apenas econômica) deve abrandar a sanção aplicada em razão da
prática delituosa.
Dessa forma, ao concluir seu raciocínio, você deve demonstrar a possibilidade de aplicação da mencionada
teoria não apenas aos crimes patrimoniais mas também aos demais crimes, desde que, como observado no
caso concreto, seja possível de�nir que as condições sociais e o próprio meio em que vive o agente in�uenciam
sua conduta delituosa ante a falha do Estado em lhe dar melhores condições.
Resolução do Estudo de Caso
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INTRODUÇÃO
Olá, estudante!
Durante os estudos, aprofundaremos nos efeitos que o controle social difuso e institucionalizado exercem no
processo de criminalização.
O controle social pode ser de�nido como o instrumento voltado a induzir um determinado comportamento em
elementos de um grupo social ou da própria sociedade, sejam estes comportamentos positivos ou negativos.
O controle social difuso é aquele relacionado a cada sujeito de modo individual e está ligado diretamente com a
vida privada de cada um. Nesta seara, podemos citar a religião e a mídia, como exemplos de controle social
difuso, na medida em que exercem papel direcionador de condutas.
Por sua vez, o controle social institucionalizado é aquele ligado diretamente ao Estado e que, de igual forma,
direciona a conduta de grupos sociais, como é o caso do Sistema Escolar (por meio da ampliação de
conhecimento) e do Sistema Penal (incutindo o medo da segregação).
CONTROLE SOCIAL DIFUSO – RELIGIÃO
Aula 4
CONTROLE SOCIAL
Durante os estudos, aprofundaremos nos efeitos que o controle social difuso e institucionalizado
exercem no processo de criminalização.
47 minutos
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A forma como um indivíduo convive em sociedade não é ditada por suas condições biológicas, mas sim, pelos
sentimentos desenvolvidos pelo próprio indivíduo enquanto membro de determinado grupo.
Ao tratarmos da religião enquanto instrumento de controle social, é importante enfatizar que estamos tratando
da instituição religiosa em si e não propriamente de uma religião em particular. Para analisarmos a religião sob
este enfoque, é preciso ter em mente a existência de um dogma religioso, do que chamamos de “lei divina”, com
a estipulação de condutas vedadas ou pecaminosas que, se executadas, ofendam a vontade divina e afetem a
convivência com outros �eis.
A religião do ponto de vista do controle social caracteriza-se pela existência de uma comunidade religiosa, ou
seja, um grupo social que conjuntamente possui as mesmas crenças e segue a mesma lei divina.
O sociólogo David Émile Durkheim (1886, p. 172-173), ao tratar da função social da religião em sua obra Os
estudos de ciência social, foi didático:
Durkheim aponta que não é possível estudar separadamente as prescrições religiosas e as imposições da
moral, defendendo que, assim como a religião, o direito é um conjunto de ordens cumpridas em decorrência da
ameaça de uma sanção material.
No direito positivado, é cristalina a importância da religião, inclusive no que tange ao processo de
ressocialização do apenado, até por isso, a própria Lei Federal nº 7.210/84 – Lei de Execuções Penais (BRASIL,
1984), em seu art. 24 é cristalina ao dispor a respeito da prestação de assistência religiosa, assim de�nindo:
O parágrafo primeiro, do citado artigo dispõe ainda que no estabelecimento prisional deverá haver local
apropriado à prática de cultos religiosos.
É importante enfatizar que a religião, independentemente de sua crença ou dogma, do ponto de vista
sociológico, cria uma espécie de solidariedade grupal, fortalecendo a integração do sujeito com o grupo social,
conduzindo-o na tomada de decisões e na formação de seu modo de agir.
Efectivamente, que diferença há entre as prescrições religiosas e as imposições da
moral? Elas dirigem-se igualmente aos membros de uma mesma comunidade, apoiam-
se em sanções por vezes idênticas, sempre análogas; en�m, a violação de umas e de
outras provoca nas consciências os mesmos sentimentos de indignação e repugnância.
Art. 24. A assistência religiosa, com liberdade de culto, será prestada aos presos e aos
internados, permitindo-se-lhes a participação nos serviços organizados no
estabelecimento penal, bem como a posse de livros de instrução religiosa.
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Dentro do processo de criminalização e tomando por base a já estudada Routine Activity Theory, a religião pode
exercer o papel de in�uenciadora psicológica do criminoso, desestimulando a prática de uma conduta ilícita e
servindo como forma de prevenção à prática criminosa por meio do controle social.
Assim, podemos de�nir a religião como forma de controle social difuso na qual o sujeito, integrado em
determinado grupo social, é moralmente direcionado a adotar uma conduta condizente com sua crença
religiosa e, visando não contrariar o comportamento do grupo a que pertence, é induzido a não executar uma
conduta ilícita, demonstrando assim, a importância do papel que a religião exerce na prevenção do crime.
VIDEOAULA: CONTROLE SOCIAL DIFUSO – RELIGIÃO
Aula vídeo relativa ao papel que a religião enquanto instituição de controle social exerce sobre o indivíduo e sua
atuação na prevenção ao crime.
CONTROLE SOCIAL DIFUSO – MÍDIA
Antes de adentrar a esta seara, é importante ressaltar que não se pretende, no presente estudo, criticar a
atuação da mídia, sendo reconhecida sua importância para o pleno funcionamento e preservação do Estado
Democrático, principalmente ante a garantia da liberdade de expressão e a necessidade, cada vez maior, de
transparência em todos os atos praticados pelo Estado.
Com a expansão das formas de transmissão, as notícias passaram a alcançar uma parcela cada vez maior da
sociedade, o que por si só é algo exemplar, porém, a propagação de conteúdo, por vezes, assume tons severos
e extremistas, capazes de in�uenciar grupos sociais inteiros.
A respeito do tema o jurista argentino Eugenio Raúl Za�aroni (2012, p. 333) é enfático ao tratar dos efeitos que
o extremismo da mídia causa:
Videoaula: Controle Social Difuso – Religião
Para visualizar o objeto, acesse seu material digital.
a criminologia midiática não tem limites, que ela vai num crescendo in�nito e acaba
clamando pelo inadmissível: pena de morte, expulsão de todos os imigrantes,
demolição dos bairros pobres, deslocamento de população, castração dos
estupradores, legalização da tortura, redução da obra pública à construção de cadeias,
supressão de todas as garantias penais e processuais, destituição dos juízes.
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A mídia, enquanto ferramenta de in�uência, ao noticiar um fato criminoso sem objetividade, apelando, por
vezes, ao sensacionalismo, acaba criando verdadeiros “escândalos criminis” e, com apoio popular decorrente do
alcance, leva o legislador a promover alterações na lei penal e pior, induz a prolação de decisões pouco
fundamentas que se baseiam mais em atender os anseios da população do que na justiça propriamente dita.
Outro aspecto relevante relativo ao controle social exercido pela mídia, diz respeito à exposição direta do
sujeito acusado de um delito, desrespeitando irreversivelmente suas garantias fundamentais
constitucionalmente previstas, principalmente no que tange a clara violação ao princípio da presunção de
inocência, pilar do Estado Democrático de Direito.
Com relação à violação de tal preceito, Marilia de Nardin Budó (2013, p. 102), ao tratar do assunto aponta que “a
pena instituída pelos meios de comunicação é a execração pública do suspeito ou acusado, a violação de sua
imagem, honra, estado de inocência, sua estigmatização, de forma irrecuperável”.
Desta forma, é perceptível que a in�uência da mídia no processo de criminalização pode seguir caminhos
danosos, quando do ponto de vista da rotulação e estigmatização do indivíduo face a sociedade,
desrespeitando, inclusive, o princípio da presunção de inocência ou ainda, pode auxiliar na formação de sistema
dotado de maior repressão, quando analisado sob a ótica do recrudescimento do sistema penal, advindo do
apelo popular por uma solução imediata para os problemas de segurança.
Com isso, a mídia pode ser considerada uma ferramenta de controle social difuso e informal apta a in�uenciar
de forma positiva ou negativa a população quando não atuante de forma objetiva e parcial.
VIDEOAULA: CONTROLE SOCIAL DIFUSO – MÍDIA
Aula vídeo tratando das in�uências da mídia no processo de criminalização e sua capacidade de in�uenciar a
população.
CONTROLE SOCIAL INSTITUCIONALIZADO - SISTEMA ESCOLAR
A educação, conforme previsão da própria Constituição da República Federativa do Brasil (BRASIL, 1988) “é
direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade,
visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua quali�cação para
o trabalho”.
Assim, é perceptível que a educação visa o desenvolvimento da pessoa e, sem ela, a própria construção da
convivência em sociedade estaria ameaçada.
Videoaula: Controle Social Difuso – Mídia
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É importante relembrarmos que, na fase primária do processo de prevenção de situações de crime, o Estado
tem por objeto a implementação de ações indiretas voltadas à prevenção, evitando estímulos a prática
criminosa. Essas ações possuem caráter social, econômico e educativo, atacando, desta forma, a causa inicial da
conduta criminosa, evitando, assim, que o indivíduo cometa desvios.
O Estado, enquanto garantidor dos direitos fundamentais, visando a efetiva redução da criminalidade, deve
intervir de forma preventiva para conscientizar os cidadãos, desde as primeiras fases da educação básica, de
suas responsabilidades no que concerne à segurança pública.
Como instrumento de controle social institucionalizado, o sistema escolar é responsável por afastar a juventude
da criminalidade, posto que, quanto maior o grau de escolaridade de um determinado grupo, menor a
incidência de delitos. Assim, o Estado, atuando na prevenção de condutas criminosas, deve maior atenção às
políticas voltadas ao processo educacional, visando assim, a gradativa redução da criminalidade.
Émile Durkheim (1975, p. 41-42) ao tratar da educação e o seu papel na formação social do indivíduo, conclui
que:
Sob este enfoque, podemos constatar que a educação, enquanto instrumento de controle social
institucionalizado, exerce importante papel na constituição da sociedade e no direcionamento da tomada de
decisão de cada indivíduo enquanto membro desta sociedade.
Traçando um paralelo com países que realizaram maiores investimentos no âmbito educacional como a
Noruega, Finlândia e Dinamarca, é possível veri�car que houve uma redução exponencial dos índices e da
criminalidade quando em comparação com o Brasil.
Desta forma é preciso destacar que, a �m de aumentar a efetividade das medidas de prevenção ao crime, é
fundamental um maior investimento nas políticas educacionais, posto que o aumento da criminalidade é
inversamente proporcional aos níveis educacionais.
 Saiba mais
A educação consiste numa socialização metódica das novas gerações. Em cada um de
nós, já o vimos, pode-se dizer que existem dois seres. Um, constituído de todos os
estados mentais que não se relacionam senão conosco mesmo e com os
acontecimentos de nossa vida pessoal; é o que se poderia chamar de ser individual. O
outro é o sistema de ideias sentimentos e de hábitos, que exprimem em nós não a
nossa personalidade, mas o grupo ou os grupos diferentes de que fazemos parte; tais
são as crenças religiosas, as crenças e as práticas morais, as tradições nacionais ou
pro�ssionais, as opiniões coletivas de toda a espécie. Seu conjunto forma o ser social.
Constituir esse ser em cada um de nós - tal é o �m da educação
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WEISS, R. Durkheim e as formas elementares da vida religiosa. Clique aqui para acessar.
SILVEIRA, F. L. da. Mídia, medo e controle: ensaio sobre o papel da mídia na dinâmica do recrudescimento
do sistema penal. Clique aqui para acessar.
VIDEOAULA: CONTROLE SOCIAL INSTITUCIONALIZADO - SISTEMA ESCOLAR
Aula vídeo versando sobre o papel do sistema educacional enquanto instituição de controle social
institucionalizada e os efeitos deste na prevenção a criminalidade.
CONTROLE SOCIAL INSTITUCIONALIZADO - SISTEMA PENAL
O sistema penal, enquanto ferramenta de controle social institucionalizado, tem por objetivo incutir o medo da
pena, decorrente da prática de uma conduta tida como ilícita, atuando, consequentemente na prevenção do
delito.
Conforme já abordado, a essência do sistema punitivo, visando maior efetividade em suas ações, é seletiva do
ponto de vista político-social e objetiva, por meio de condutas repressivas, difundir o medo na população
economicamente menos favorecida como estratégia de controle social, aumentando exponencialmente sua
e�ciência ao dar atenção a delitos menores, em detrimento de condutas consideradas por vezes mais
complexas.
Ao tratar do assunto, Eugenio Raúl Za�aroni (2012, p. 23) defende que o sistema penal exerce uma espécie de
controle social militarizado e verticalizado:
Sob este prisma, o autor dá ênfase à Teoria da Seletividade do Poder Punitivo e a preferência do sistema penal
ao selecionar os setores marginalizados da sociedade em sua atuação.
Ao tratar do sistema penal propriamente dito, o professor Nilo Batista (2007, p. 25) aponta que este é formado
pela instituição policial, a instituição judiciária e a instituição penitenciária, sendo que, a este grupo, compete a
efetiva realização do Direito Penal.
Videoaula: Controle Social Institucionalizado - Sistema Escolar
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Mediante está expressa e legal renúncia à legalidade penal, os órgãos do sistema penal
são encarregados de um controle social militarizado e verticalizado, de uso cotidiano,
exercido sobre a grande maioria da população, que se estende além do alcance
meramente repressivo, por ser substancialmente con�gurador da vida social.
https://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/103432/000873819.pdf?sequence=1
http://dx.doi.org/10.5902/2316882X17976
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A instituição policial, no que tange ao controle social atua diretamente na fase secundária do processo de
criminalização é a primeira a realizar a análise do processo de criminalização, até porque, quando da realização
de uma conduta tipi�cada como penalmente reprovável, o primeiro contato é justamente com a organização
policial, a qual, por meio de seus agentes, identi�ca a materialidade do delito e os investiga com o objetivo de
identi�car indícios de sua autoria.
Assim, a atuação repressiva da instituição policial serve de ferramenta de controle social, posto que o coíbe a
prática de condutas delitivas.
A instituição judiciária, por sua vez, também atuante na fase secundária do processo de criminalização, servindo
aos propósitos de controle social institucionalizado, posto que, sua postura estigmatizante e penosa, faz com
que os sujeitos que respondam processos judiciais, mesmo que ao �nal sejam absolvidos, sofram com o trâmite
judicial deste, incutindo na população em geral, uma espécie de medo do processamento judicial, servindo,
desta forma, como medida de controle social preventiva.
Por �m, a instituição penitenciária, enquanto ferramenta de controle social institucionalizado, tem por objetivo
incutir o medo da segregação no indivíduo, fazendo que os grupos suscetíveis às práticas criminosas sintam-se
desencorajados de cometer delitos devido ao medo da aplicação de penas severas.
Desta forma, é possível concluir que o Sistema Penal, formado pelas instituições policial, judiciária e
penitenciária, no âmbito do controle social institucionalizado, e tem por objeto coibir práticas criminosas,
operando de forma repressiva ou mesmo preventiva, pautadas no medo do cidadão da aplicação das
severidades da lei.
Figura 1 | Controle social
Fonte: elaborada pela autora.
VIDEOAULA: CONTROLE SOCIAL INSTITUCIONALIZADO - SISTEMA PENAL
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Aula vídeo relativa ao sistema penal e sua atuação repressiva e preventiva no combate à criminalidade
enquanto instituição de controle social.
ESTUDO DE CASO
Diante do quanto abordado, o estudante deve discorrer acerca do re�exo social e institucional provocado pela
educação, no âmbito do Direito Penal.
RESOLUÇÃO DO ESTUDO DE CASO
Tomando por base as premissas estudadas, é esperado que o estudante discorra sobre as respostas sociais
positivas e equilibradas provocadas pelo investimento estatal em seu sistema educacional, fundamentando que
o avanço e desenvolvimento da educação enseja o encorajamento e a motivação.
É importante que o estudante aborde o tema sob o enfoque de que a Teoria da Seletividade do Poder Punitivo
traz a premissa de provocar o medo do castigo, enquanto com o efetivo desenvolvimento educacional, o Estado
deixa de investir na política do medo, passando a atacar a raiz do problema, inclusive como forma de prevenção
primária a conduta criminosa.
O estudante deve enfatizar que as ações realizadas na prevenção primária geralmente possuem caráter social,
econômico e educativo, atacando, desta forma, a causa inicial da conduta criminosa, aumentando a renda do
cidadão, melhorando as condições de moradia e emprego e possibilitando uma vida minimamente saudável e
digna a estes, evitando, assim, que o indivíduo cometa desvios de conduta e atos criminosos. 
Com isso, deve voltar sua conclusão para as vantagens sociais do ponto de vista do processo de criminalização
que se obtém com o investimento em educação, demonstrando que, quanto maior o grau de investimento,
inversamente proporcional é a prática criminosa.
Videoaula: Controle Social Institucionalizado - Sistema Penal
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Resolução do Estudo de Caso
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Aula 1
REFERÊNCIAS
6 minutos
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CARVALHO, F. L. de. Teoria jurídica do direito penal. Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S.A., 2016.
COHEN, A. K. Delinquent boys: the culture of the gang. New York: Free Press. 1971.
FREITAS, Viviane de Andrade. A vítima no contexto da criminologia contemporânea: os re�exos da
Vitimologia na Política Criminal, na Segurança Pública e no Sistema Processual Penal. Disponível em:
https://ambitojuridico.com.br/cadernos/direito-penal/a-vitima-no-contexto-da-criminologia-contemporanea-os-
re�exos-da-vitimologia-na-politica-criminal-na-seguranca-publica-e-no-sistema-processual-penal/#_ftnref1.
Acesso em: 8 jun. 2021.
FURQUIM, Saulo Ramos. A Criminologia Cultural e a Criminalização das Culturas Periféricas. 2014.
Dissertação (Mestrado em Ciências Jurídico Criminais). Faculdade de Direito Universidade de Coimbra, Coimbra,
Portugal. Disponível em: https://core.ac.uk/download/pdf/43580897.pdf. Acesso em: 09 jun. 2021
SUMARIVA, P. H. de G. Criminologia

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