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POLÍTICAS CRIMINAIS NÃO REPRESSIVISTAS

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27/09/2022 20:24 wlldd_221_u2_pol_cri_pro_cri
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INTRODUÇÃO
Olá, estudante!
É chegada a hora de nos aprofundarmos nas políticas criminais não repressivas em espécie. Em que pese o
tema ter sido abordado de maneira rasa em aulas anteriores, no presente momento vamos investigar a fundo o
abolicionismo penal com as in�uências do pensamento de Michel Foucault e as medidas propostas pelo
movimento como meio alternativo de resolução de con�itos.
Este estudo abordará ainda outra espécie de política criminal não repressiva, o chamado Minimalismo Penal,
que visa a menor intervenção do Estado em matéria penal, aliado ou não ao pensamento abolicionista.
Relevante tema a ser tratado, pois diz respeito à Justiça Restaurativa e sua aplicabilidade e realização, com
explanações acerca da �gura do mediador e a diferenciação prática dos conceitos e objetivos da Justiça
Restaurativa face a Justiça Retributiva.
ABOLICIONISMO PENAL
Ao tratarmos de políticas criminais não repressivas em espécies, indispensável abordar o tema sob a ótica do
abolicionismo penal.
O abolicionismo penal, no que tange a sua inserção no ramo das políticas não repressivas, defende um discurso
pautado na premissa de que o modelo penal tradicional cria mais problemas do que soluções efetivas, frisando
que a função intimidatória da pena não cumpre seu objetivo, servindo apenas como espécie de desculpa para a
intervenção estatal na liberdade individual.
Michel Foucault, em sua obra Vigiar e Punir: Nascimento da Prisão (1975), ao tratar da segregação dos
indivíduos na prisão como forma de cumprimento de pena, adota um pensamento parcialmente abolicionista,
defendendo que a humanidade deveria adotar formas diversas de lidar com as di�culdades advindas da vida
em sociedade, concluindo que uma instância superior, no caso o próprio judiciário, é incapaz de, por si só,
dirimir os con�itos da convivência social.
Acerca do fracasso da prisão enquanto instituição, Alessandro Barata (2014, p. 203) é didático ao apontar a
insu�ciência desta no efetivo controle da criminalidade:
Aula 1
POLÍTICAS CRIMINAIS NÃO REPRESSIVISTAS
Este estudo abordará ainda outra espécie de política criminal não repressiva, o chamado
Minimalismo Penal, que visa a menor intervenção do Estado em matéria penal, aliado ou não ao
pensamento abolicionista.
47 minutos
27/09/2022 20:24 wlldd_221_u2_pol_cri_pro_cri
https://colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=geilmaarmil2019%40gmail.com&usuarioNome=GEILMA+AZEVEDO+DA+SILVA&disciplinaDescricao=POLÍTICA+CRIMINAL+E+PROCESSOS+D… 2/32
É impossível tratar do abolicionismo penal sem abordar os estudos do sociólogo norueguês Thomas Mathiesen.
O autor defende a vertente abolicionista penal do ponto de vista marxista e foi presidente da Associação
Norueguesa para a Reforma Penal, cujo objetivo, segundo Mathiesen (2015, p. 46) é:
Thomas Mathiesen, enquanto percursor da vertente marxista do abolicionismo, listou oito argumentos para a
extinção das prisões, que resumidamente, dizem respeito a ine�cácia destas na prevenção criminal, a
superpopulação carcerária e o tratamento desumano que re�ete uma crença social de violência.
O abolicionismo, enquanto política criminal voltada à atuação não repressiva do Estado, tem por premissa que
o Sistema Penal é defeituoso e responsável por uma ampla gama de efeitos negativos sob os sujeitos a ele
submetidos, razão pela qual sua abolição é medida indispensável à garantia da dignidade da pessoa humana,
propondo, desta forma, a adoção de meios alternativos para a resolução de litígios.
O abolicionismo não tem por objeto primordial acabar com as prisões, mas sim, com o sistema penal como um
todo, visando pôr um �m às relações de poder pautadas no castigo, principalmente diante do caráter seletivo e
estigmatizante deste sistema.
VIDEOAULA: ABOLICIONISMO PENAL
Aula vídeo com explanações aprofundadas sobre a Teoria do Abolicionismo Penal, pautado nas críticas de
Focault e nos argumentos de Thomas Mathiesen.
Uma análise realista e radical das funções efetivamente exercidas pelo cárcere, isto é,
uma análise do gênero daquela aqui sumariamente traçada, a consciência do fracasso
histórico desta instituição para os �ns de controle da criminalidade e da reinserção do
desviante na sociedade, do in�uxo não só no processo de marginalização de indivíduos
isolados, mas também no esmagamento de setores marginais da classe operária, não
pode deixar de levar a uma consequência radical na individualização do objetivo �nal da
estratégia alternativa: este objetivo é a abolição da instituição carcerária.
A longo prazo, mudar o pensamento geral a respeito do castigo e substituir o sistema
penitenciário por medidas mais modernas e adequadas. A curto prazo, derrubar todos
os muros que não sejam necessários: humanizar as diferentes formas de detenção e
aliviar o sofrimento que a sociedade infringe aos detentos.
Videoaula: Abolicionismo Penal
Para visualizar o objeto, acesse seu material digital.
27/09/2022 20:24 wlldd_221_u2_pol_cri_pro_cri
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MINIMALISMO
Das políticas criminais não repressivas, talvez a que possua mais destaque, sem sombra de dúvidas, é o
minimalismo penal.
Ao contrário das bases que alicerçam o abolicionismo com sua defesa do �m efetivo do sistema penal, as bases
do minimalismo mantêm a existência deste sistema institucionalizado, porém, defendem a intervenção mínima
do Estado enquanto detentor do poder punitivo.
Os defensores da política minimalista entendem que intervenção do Estado na liberdade individual do sujeito é
gravíssima, sendo preferível a adoção de medidas punitivas alternativas em casos menos graves, como forma
de proteção aos direitos e às garantias fundamentais, sendo que a privação de liberdade, se preservada, deve
ser reservada apenas para casos cuja sua aplicação seja indispensável como nos crimes contra a vida.
A respeito do assunto, o jurista italiano Luigi Ferrajoli (2006, p. 383-384) é enfático:
Ferrajoli, em sua concepção minimalista aponta que as intervenções penais deveriam ser reservadas apenas
para as hipóteses em que o Estado não possa dispor de meios diversos para a solução do con�ito, expondo que
o Direito Penal, ao invés de repressivo e intervencionista, deveria ter caráter subsidiário, focando-se assim, no
instituto da despenalização.
Cabe lembrar que a despenalização objetiva a adoção de penas alternativas como forma de sanção decorrente
de um ato ilícito cometido. Nesta seara, a Lei Federal nº 9.099/95 (que dispõe sobre os Juizados Especiais Cíveis
e Criminais e dá outras providências) consagrou-se como e�caz instrumento da despenalização, ao ponto que
de�niu, em seu art. 61, como infrações penais de menor potencial ofensivo, as contravenções penais e os
crimes a qual a lei comine pena máxima não superior a 2 (dois) anos.
A Lei dos Juizados Especiais trouxe importantes medidas voltadas à despenalização, como a composição de
danos civis e a transação penal, previstas respectivamente no art. 74 e 76 daquela lei.
O minimalismo ao defender a intervenção mínima do Estado, tem por base a maximização das liberdades
individuais com a redução da violação aos diretos fundamentais e a própria violência Estatal praticada contra a
população.
Desta feita, sob a ótica do minimalismo, Heleno Cláudio Fragoso (2006, p. 17) explana que a política criminal
moderna é voltada a descriminalização e desjudicialização, tendo por objetivo a minimização da atuação
punitiva estatal, posto que as condutas ilícitas menos gravosas podem ser reprimidas sem a adoção da
A justiça penal, com o caráter inevitavelmente desonroso de suas intervenções,não
pode ser incomodada e, sobretudo, não pode incomodar os cidadãos por fatos de
escasso relevo, como o são a maior parte dos atualmente castigados com simples
multas.
27/09/2022 20:24 wlldd_221_u2_pol_cri_pro_cri
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prisionalização como meio punitivo, interferindo, desta forma, o mínimo possível nas liberdades individuais dos
cidadãos.
Por �m, é possível concluir que o minimalismo penal, diferente do abolicionismo, não busca o �m do Direito
Penal, o que de fato nos parece utópico, mas sim, a redução da intervenção Estatal com a consequente
desburocratização do sistema por meio de medidas alternativas, visando, desta forma, a preservação da
dignidade humana e das garantias constitucionais de cada cidadão.
 Saiba mais
OLIVEIRA, S. R. M.; SANTANA, S. P. de; CARDOSO NETO, V. Da justiça retributiva à justiça restaurativa:
caminhos e descaminhos. Clique aqui para acessar. 
KULLOK, A. L. B. O abolicionismo penal segundo Louk Hulsman. Clique aqui para acessar.
VIDEOAULA: MINIMALISMO
Aula vídeo relativa à política criminal minimalista, com explanações acerca de sua aplicabilidade no direito penal
moderno.
JUSTIÇA RESTAURATIVA
A �m de tratar do tema “Justiça Restaurativa” é necessário, por primeiro, abordar as formas de resposta à
situação criminal: a retributiva e a restaurativa.
A justiça retributiva age sob o enfoque de que a resposta para a violação da lei penal é a punição, desta forma,
as medidas adotadas no âmbito da justiça retributiva são voltadas à repressão e aplicação de sanção, incutindo
assim, o temor da pena como forma de prevenção à criminalidade.
A justiça restaurativa, por sua vez, não é focada na efetiva punição do acusado ou na premissa do medo, mas
sim, na forma como o bem jurídico afetado pode ser restaurado. Assim, a justiça restaurativa se volta às
necessidades dos envolvidos na lide, sob o enfoque de promover a chamada “paz social”, preservando, deste
modo, a dignidade das partes.
O Promotor de Justiça Marcelo Gonçalves Saliba, em seu livro Justiça Restaurativa e Paradigma Punitivo (2009, p.
146), ao tratar da origem da Justiça Restaurativa, remonta suas raízes ao início da própria sociedade:
Videoaula: Minimalismo
Para visualizar o objeto, acesse seu material digital.
A Justiça Restaurativa não é criação da modernidade ou pós-modernidade, já que a
https://bit.ly/3skw5XJ
https://www.cidp.pt/revistas/ridb/2014/09/2014_09_06907_06935.pdf
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A Organização das Nações Unidas, por meio de seu Conselho Econômico e Social, desde 1999 recomenda aos
Estados membros a efetiva implementação da Justiça Restaurativa, tendo publicado, inclusive, a Resolução
2002/12 (ONU, 2002), dispondo sobre os Princípios Básicos para Utilização de Programas de Justiça Restaurativa
em Matéria Criminal e enfatizando que a “justiça restaurativa evolui como uma resposta ao crime que respeita a
dignidade e a igualdade das pessoas, constrói o entendimento e promove harmonia social mediante a
restauração das vítimas, ofensores e comunidades”.
No âmbito nacional, o Conselho Nacional de Justiça, visando dar atendimento a recomendação da Organização
das Nações Unidas, expediu a Resolução nº 225 de 31/05/2016 (CNJ, 2016), dispondo sobre a Política Nacional
de Justiça Restaurativa no âmbito do Poder Judiciário, de�nindo a Justiça Restaurativa como “um conjunto
ordenado e sistêmico de princípios, métodos, técnicas e atividades próprias, que visa à conscientização sobre os
fatores relacionais, institucionais e sociais motivadores de con�itos e violência”.
A mencionada resolução é didática ao apontar que, visando a efetiva implantação da justiça restaurativa, os
con�itos devem ser solucionados com a participação do ofensor, da vítima, de seus familiares e de quem mais
estiver envolvido no fato danoso, bem como de um ou mais facilitadores restaurativos.
Assim, a justiça restaurativa, enquanto política criminal não repressiva, é voltada a solução alternativa de
con�itos podendo, inclusive, englobar o minimalismo e até mesmo o abolicionismo penal, posto que visa a
desburocratização e a desprisionalização, aumentando o enfoque nas causas sociais e restituição do bem
jurídico afetado.
VIDEOAULA: JUSTIÇA RESTAURATIVA
Aula vídeo versando sobre as nuances da Justiça restaurativa e sua aplicabilidade em âmbito nacional.
A JUSTIÇA RESTAURATIVA FACE A JUSTIÇA RETRIBUTIVA
Como já sabemos, a justiça retributiva age sob o enfoque de que a resposta para a violação da lei penal é a
punição, assim, as medidas adotadas no âmbito da justiça retributiva possuem caráter repressivo. 
restauração é um processo existente nas mais antigas sociedades e ainda vigente em
diversos sistemas sociais e comunitários. Na modernidade, o Estado, dentro da
estrutura atual, foi concebido deitando suas raízes em Hobbes, Rousseau e Locke e a
concentração da resolução dos con�itos com a razão iluminista, sepultou qualquer
forma de resolução de litígio por método não cientí�co.
Videoaula: Justiça restaurativa
Para visualizar o objeto, acesse seu material digital.
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De modo diverso, a justiça restaurativa não possui por objetivo a aplicação de sanção, mas sim, de restauração
do bem jurídico afetado.
Traçando um comparativo entre as duas espécies de resposta ao fenômeno criminal, é de fácil percepção que a
justiça retributiva, ante ao seu caráter repressivo, vê o delito como a pura e simples violação da lei, excluindo da
equação as partes relevantes para a justiça restaurativa, quais seja, a vítima e sociedade.
Sob a ótica retributiva, o Estado, por meio do efetivo exercício de seu poder punitivo, busca demonstrar sua
força, retribuindo uma punição com o objetivo de causar medo e, desta forma, prevenir e reprimir a ocorrência
de outras condutas delituosas.
A justiça restaurativa, por sua vez, pode ser traduzida como clara evolução da justiça retributiva, ao passo que
passa a se importar não com demonstrações de poder, mas sim, com o diálogo entre os agentes envolvidos no
evento danoso e a efetiva restauração do bem jurídico afetado.
O autor Sérgio Salomão Shecaira (1995, p. 108) ao analisar a justiça retributiva sob a ótica da efetividade da
aplicação das penas de prisão, é didático ao concluir pela sua ine�ciência, apontando que os instrumentos de
ressocialização são muito mais e�cazes do que a aplicação de penas mais severas:
No atual contexto político criminal, a justiça restaurativa surge como forma de contraposição lógica da justiça
retributiva, até porque, a ressocialização pretendida por meio da pena aplicada no modelo retributivo não vem
sendo alcançada, o que poderia levar ao entendimento de falência do próprio sistema penal propriamente dito.
Neste sentido, Raquel Tiverton (2014, p. 125), ao discorrer acerca da cidadania na dicção do direito e a
construção de um novo paradigma da justiça criminal é enfática ao apontar que o atual sistema é ine�caz, “seja
porque a reação ao crime não tem sido rápida, e�caz e capaz de prevenir novos delitos, seja porque a alegada
�nalidade de “ressocialização” do ofensor, se considerada como forma de intervenção bené�ca e positiva nele,
também não tem sido alcançada.
Ante ao exposto, é possível concluir que a aplicação da justiça restaurativa em oposição ao atual modelo
retributivo, é medida que visa resguardar os interesses das partes efetivamente envolvidas na situação danosa
e objetiva, acimade tudo, resguardar a dignidade da pessoa humana e os preceitos e garantias fundamentais
protegidos por nossa Constituição Federal.
Figura 1 | Modelos não repressivos
Com o respeito à dignidade do cidadão ao se imporem, as penas podem-se chegar a
metas muito mais efetivas na educação dos membros da sociedade do que se impondo
penas mais e mais exacerbadas. A prevenção geral positiva, permeada por critérios de
proporcionalidade e secundada pela perspectiva de reinserção social, com respeito ao
direito de pensamento crítico de cidadão, nos parece à ideia mais atual de um sistema
criminal moderno.
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Fonte: elaborada pelo autor.
VIDEOAULA: A JUSTIÇA RESTAURATIVA FACE A JUSTIÇA RETRIBUTIVA
Aula vídeo com análise acerca do modelo retributivo de justiça em comparação com o modelo restaurativo,
apontando as nuances e vantagens de cada um destes.
ESTUDO DE CASO
Imagine o estudante estando na �gura de um defensor nos autos de um processo de crime de dano
consumado, tendo que apresentar uma proposta em que haja menor invasão do Estado na liberdade do autor
do delito. Tendo em vista as premissas estudadas, o estudante deve sugerir o melhor posicionamento do
Estado, sob a ótica das justiças retributiva e restaurativa, frente a um crime que afeta o bem jurídico
patrimonial.
RESOLUÇÃO DO ESTUDO DE CASO
É esperado que o estudante, tomando por base o conteúdo teórico estudado, inicie sua dissertação apontando
que o Estado, do ponto de vista da justiça retributiva, age sob o enfoque de que a resposta para a violação da lei
penal é a punição, assim, as medidas adotadas no âmbito da justiça retributiva possuem caráter repressivo,
Videoaula: A justiça restaurativa face a justiça retributiva
Para visualizar o objeto, acesse seu material digital.
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razão pela qual, face a ocorrência de um crime patrimonial, a resposta esperado do estado é a investigação,
identi�cação do responsável e sua efetiva punição, visando assim coibir a reiteração da conduta criminosa,
fazendo com que o sujeito punido sirva de exemplo.
O estudante deve apontar ainda que o Estado, do ponto de vista da justiça restaurativa não possui por objetivo
a aplicação de sanção, mas sim, de restauração do bem jurídico afetado, dando maior atenção, desta forma, ao
diálogo entre os agentes envolvidos no evento danoso e a efetiva restauração do bem jurídico afetado. Com
isso, a resposta esperada por parte do Estado em cumprimento ao modelo restaurativo, é organizar e mediar a
comunicação entre os envolvidos visando a restituição do bem e a repressividade mínima.
Visando apresentar uma proposta em que haja menor invasão do Estado na liberdade do sujeito, o estudante
deve apontar a possibilidade de aplicação da Lei nº 9.099/95 em crimes de menor potencial ofensivo,
enfatizando, inclusive, a possibilidade de composição civil do dano, prevista no art. 74 da mencionada lei e seu
caráter restaurativo como instrumento desmotivador de privação de liberdade.
Resolução do Estudo de Caso
Para visualizar o objeto, acesse seu material digital.
INTRODUÇÃO
Olá, estudante! Vamos nos aprofundar em um tema bastante relevante, cujo estudos são indispensáveis para
entendermos o desenvolvimento das políticas criminais não apenas em âmbito nacional como internacional.
Abordaremos de modo aprofundado as políticas criminais repressivistas, como o movimento de lei e ordem e a
política de tolerância zero, bem como faremos uma análise pormenorizada do chamado “Direito Penal do
Inimigo”, e suas in�uências para a criação de políticas com maior tom intervencionista.
Não menos importante, no presente estudo, discutiremos acerca da “Teoria das Janelas Quebradas” e suas
in�uências no Direito Penal sob a ótica da repressividade estatal, ampliando nossos conhecimentos a respeito
do tema.
MOVIMENTOS DE LEI E ORDEM E A POLÍTICA CRIMINAL DE TOLERÂNCIA ZERO
Aula 2
POLÍTICAS CRIMINAIS REPRESSIVISTAS
Vamos nos aprofundar em um tema bastante relevante, cujo estudos são indispensáveis para
entendermos o desenvolvimento das políticas criminais não apenas em âmbito nacional como
internacional.
52 minutos
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O movimento de lei e ordem se iniciou no decorrer dos anos de 1970 nos Estados Unidos da América, sob a
justi�cativa de que, diante do exponencial aumento da criminalidade, seria necessária uma política de criação
de novos tipos penais e aplicação severa e rigorosa daqueles já existentes.
O Law and Order parte do pressuposto de que as penas possuem caráter retributivo e que a segregação
cautelar de um indivíduo serve de reação imediata à prática de uma conduta criminosa. Esse movimento tinha
por objetivo aprimorar a e�cácia da segunda fase do processo de criminalização, tornando mais severa a
atuação das forças policiais na busca pela paz social e redução da criminalidade.
O movimento de Lei e Ordem, enquanto política penal repressiva, defende o que chamamos de “direito penal
máximo”, ou seja, a máxima efetivação da lei penal, com a criminalização de mais condutas e rigidez na
aplicação da lei, afastando-se a discricionariedade das autoridades policiais, a qual deve dar lugar a maior
severidade em sua atuação.
A “Teoria das Janelas Quebradas” e o Movimento de Lei e Ordem, em meados dos anos de 1990, deram origem
à chamada “Política Criminal de Tolerância Zero”, em Nova York, nos Estados Unidos da América, por meio da
adoção da tese pelo então prefeito Rudolph Giuliani que denominou a medida como “Programa Qualidade de
Vida”.
 A zero-tolerance policy foi uma política conservadora que visava punir desde os delitos mais insigni�cantes até
os mais complexos, sob a premissa de que, com a punição dos pequenos delitos, os infratores deixariam de
cometer crimes mais graves o que, de fato, trouxe uma exponencial redução da criminalidade em solo
americano.
Sergio Salomão Shecaira, atribui a origem da política de tolerância zero a um artigo publicado por James Q.
Wilson e George Kelling, na década de 1980, intitulado Broken Windows: the police and neighborhood safety,
Shecaira (2009, p. 166) é didático ao resumir o cerne da ideia criminológica por trás da relação feita entre a
Teoria das Janelas Quebradas e a zero-tolerance policy:
A problemática relativa ao programa de Tolerância Zero surge justamente devido à seletividade do sistema
penal, nesse contexto, o diplomata Benoni Belli (2004, p. 76), ao tratar do assunto expõe que o programa
fortaleceu a “descrença na reabilitação, na busca das causas sociais do crime, na transformação de estruturas
sociais, na superlotação da exclusão produzida e reproduzida diariamente nas relações sociais”.
A ideia central do pensamento ali desenvolvido é o de que uma pequena infração,
quando tolerada, pode levar ao cometimento de crimes mais graves, em função de uma
sensação de anomia que viceja em certas áreas da cidade. A leniência e
condescendência com pequenas desordens do cotidiano não devem ter sua
importância minimizada. Ao contrário. Não se deve negligenciar essa importante fonte
de irradiação da criminalidade violenta.
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É possível concluir, desta forma, que oMovimento de Lei e Ordem e a Política de Tolerância Zero, ante ao seu
caráter repressivo, tiveram importante papel na redução da criminalidade, porém, sua aplicação pode servir de
ferramenta para o aumento da desigualdade e dá ensejo ao exponencial aumento da seletividade penal, posto
que deixa de lado os aspectos sociais que envolvem o fato criminoso, focando-se quase que exclusivamente na
retribuição penal e no medo como formas de prevenir a criminalidade.
VIDEOAULA: MOVIMENTOS DE LEI E ORDEM E A POLÍTICA CRIMINAL DE
TOLERÂNCIA ZERO
Aula vídeo com explanações aprofundadas relativas aos Movimentos de Lei e Ordem e a Política Criminal de
Tolerância Zero com enfoque em seu desenvolvimento e em sua aplicabilidade.
TEORIA DAS JANELAS QUEBRADAS
Criada por James Q. Wilson e George Kelling em 1984 e tomando por base a Escola de Chicago, a The Broken
Wndows Theory é uma teoria criminológica que defende, em suma, que a existência de sinais visíveis de
desordem ou crime, encorajam o cometimento de outros delitos ou a expansão da desordem.
As premissas trazidas pela Teoria da Janela Quebrada foram criadas com base no experimento social realizado
pelo psicólogo e professor Philip Zimbardo em 1969. Tiago Ivo Odon (2016, p.  2) descreve o experimento:
Por meio do experimento desenvolvido, foi possível concluir que a aparência de abandono do veículo
in�uenciou a comunidade local ou transeuntes a vandalizarem o automóvel, criando uma espécie de reação em
cadeia, demonstrando que, caso a janela do veículo tivesse sido reparada, tal situação não seria desencadeada.
Videoaula: Movimentos de Lei e Ordem e a Política Criminal de Tolerância Zero
Para visualizar o objeto, acesse seu material digital.
Foram deixados dois automóveis idênticos (mesma marca, modelo e cor) em uma via
pública – um no Bronx, então uma zona pobre e con�ituosa de Nova Iorque, e o outro
em Palo Alto, zona rica e tranquila da Califórnia. O carro abandonado no Bronx
começou a ser vandalizado em poucas horas. Levaram tudo que pudesse ser
aproveitado, e o que não foi possível levar foi destruído. O automóvel em Palo Alto, por
sua vez, manteve-se intacto, até que os investigadores, após uma semana, quebraram
uma das janelas do carro. Então desencadeou-se o mesmo processo observado no
Bronx. O carro foi destroçado por grupos vândalos em poucas horas.
27/09/2022 20:24 wlldd_221_u2_pol_cri_pro_cri
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Trazendo a Teoria das Janelas Quebradas para o campo da criminologia, constatou-se que, ao reprimir delitos
menos graves poderíamos evitar a prática de delitos complexos e até mesmo violentos.
Neste aspecto, temos que o sentimento de que não há autoridades que zelem pelo bem-estar social ou mesmo
que se importem em coibir práticas criminosas, cria o sentimento de decadência social, capaz de desencadear a
prática de atitudes reprováveis até mesmo por pessoas cumpridoras da Lei.
O estudo da Teoria das Janelas Quebradas nos permite concluir que a criminalidade não está atrelada
diretamente às condições sociais de determinado grupo, mas sim, às efetivas condições de abandono de um
determinado local, ou seja, caso o Poder Público deixe de prestar serviços públicos em uma região ou abandone
a manutenção de um equipamento público, gradativamente este local será abandonado pela própria população
e, consequentemente, tomado por criminosos.
De igual forma, sob a ótica da Teoria das Janelas Quebradas, caso um delito de menor complexidade não seja
punido com os rigores da lei, a sensação de descaso do poder público face a população, fatalmente, ensejaria a
prática de condutas delituosas mais complexas e gravosas.
Com base na Teoria sob análise, foram criadas políticas criminais repressivas e que, por muitas vezes, acabaram
violando direitos e garantias fundamentais, como o Movimento de Lei e Ordem e a Política de Tolerância Zero,
que, ante ao caráter seletivista do sistema penal, acabaram por estigmatizar a população pertencente a classes
sociais menos favorecidas.
VIDEOAULA: TEORIA DAS JANELAS QUEBRADAS
Aula vídeo versando sobre a Teoria das Janelas Quebradas com exemplos de sua aplicabilidade e as
consequências dela decorrente.
O DIREITO PENAL DO INIMIGO - PARTE I
O jurista alemão Günther Jakobs, na década de 1980, criou o conceito chamado de “Feindstrafrecht”, o Direito
Penal do Inimigo, tomando por base ensinamentos trazidos desde o Direito Romano e as metodologias criadas
pelo sociólogo Niklas Luhmann.
A Teoria do Direito Penal do Inimigo defende que os criminosos são divididos em duas classes, sendo os
“criminosos tradicionais” aos quais é imperiosa a aplicação do Direito Penal Tradicional e os “autores de crimes
graves”, cujos atos são atentatórios à própria estrutura social, como os terroristas, criminosos sexuais,
membros do crime organizado e autores de outros crimes graves. Para a Teoria do Direito Penal do Inimigo,
esse segundo grupo deve ser rotulado como “inimigo da sociedade”, razão pela qual, sequer devem ser tratados
com as benesses do Direito tradicional, ante a insu�ciência deste em reprimir suas condutas criminosas.
Videoaula: Teoria das Janelas Quebradas
Para visualizar o objeto, acesse seu material digital.
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Günther Jakobs elabora a Teoria do Direito Penal do Inimigo com a premissa de que o sujeito delinquente, ante
ao caráter de suas ações, é inimigo do Estado, não podendo ser considerado um cidadão, título este, que
deveria ser reservado apenas aos que não se desviam da vida em sociedade.
Neste sentido, Jakobs (2007, p. 26) aponta que Johann Gottlieb Fichte possui entendimento similar:
A doutrina dominante aponta a existência de três pilares que de�nem a teoria do direito penal do inimigo,
sendo eles a antecipação da punibilidade, a desproporcionalidade das penas e a relativização das garantias
penais.
É importante frisar que na prática, a aplicabilidade da Teoria do Direito Penal do Inimigo enfrenta forte
resistência constitucional, posto que algumas medidas adotadas sob o pretexto de proteger a ordem e a
soberania, por vezes, possuem caráter totalitário e gravemente interventivo, como no caso da antecipação da
punibilidade do sujeito, no qual aquele considerado como inimigo da ordem pública enfrenta a punição não
apenas pelo ato por ele perpetrado, mas também pelo risco que oferece à sociedade.
No que tange a desproporcionalidade da pena, a aplicação do Direito Penal do Inimigo, sob o manto de
proteção da ordem pública, aplica penas severas àqueles tidos como inimigos, buscando a punição, inclusive, de
atos preparatórios.
Exemplo prático de aplicação do Direito Penal do Inimigo é o “USA PATRIOT Act”, criado pelo ex-presidente
George W. Bush após o onze de setembro. Este Decreto permitiu a violação de sigilo e realização de
interceptação de qualquer pessoa supostamente envolvida com terrorismo. Essas disposições vigoraram até
meados de 2015, quando houve a edição do USA Freedom Act.
Sob este aspecto, é necessária cautela na aplicação da teoria estudada, posto que a relativização das garantias
penais e processuais, sob a ótica do direito garantista, descumpre o preceito fundamental de guarda da
constituição e, objetivando a proteção do bem-estar social, acaba por macular os jurídicos tutelados pela Magna
Carta.
Figura 1 | Direito penal do inimigo
Quem abandona o contrato cidadão em um ponto em que no contrato se contava com
sua prudência, seja de modo voluntario ou por imprevisão, em sentido estrito perde
todos os seus direitos como cidadão e ser humano, e passa a um estado de ausência
completa de direitos.
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Fonte: elaborada pelo autor.
VIDEOAULA: O DIREITO PENAL DO INIMIGO - PARTE I
Aula vídeo versando sobre as nuances do Direito Penal do Inimigo e seu confronto com as garantias
fundamentais.
O DIREITO PENAL DO INIMIGO - PARTE II
É importante ressaltar que a doutrina não é uníssona com relação à aplicabilidade da Teoria do Direito Penal do
Inimigo.
Uma parcela da doutrina defende que a teoria de Jakobs se trata da evolução lógica do direito penal e serve de
resposta ao fenômeno de crescimento exponencial da criminalidade em âmbito mundial.
Por outro lado, uma parcela relevante da doutrina aponta que os preceitos defendidos por Jakobs no âmbito da
Teoria do Direito Penal do Inimigo são incompatíveis em absoluto com os pilares basilares do Estado
Democrático de Direito e no próprio desenvolvimento da sociedade em si.
As bases indissolúveis que formam o convívio em sociedade se pautam, inicialmente, na premissa da dignidade
da pessoa humana, aspecto este que não abre margem para relativização.
Celso Antônio Bandeira de Melo (2014, p. 21-22), ao analisar as nuances da Teoria do Direito Penal do Inimigo
de Jakobs, enfatiza a clara violação a isonomia, principalmente no que tange ao tratamento diferenciado
concedido para aqueles que seriam considerados “inimigos”, complementando que tal tratamento apenas seria
possível se respeitadas as garantias e os direitos fundamentais:
Videoaula: O Direito Penal do Inimigo - Parte I
Para visualizar o objeto, acesse seu material digital.
Esclarecendo melhor: tem-se que investigar, de um lado, aquilo que é adotado como
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É importante lembrar que o princípio da isonomia permite o tratamento desigual para aqueles que se
encontram em posições desiguais, porém, essa medida visa igualar aqueles que não possuem as mesmas
condições e não como no caso do tratamento conferido pelo Direito Penal do Inimigo, que visa dar tratamento
diverso ao criminoso em razão de sua periculosidade.
O autor Aury Lopes Junior (2002, p. 64), ao analisar o direito penal sob a ótica do garantismo, é didático:
Ante aos aspectos apresentados, em que pese a aparente vantagem para a preservação da paz social, a
aplicabilidade do Direito Penal do Inimigo relativiza direitos fundamentais e segrega ainda mais a população,
afetando a própria base do Estado Democrático de Direito, deixando de lado a almejada justiça restaurativa e
endurecendo ainda mais a repressividade e intervencionismo Estatal.
Assim, sob a ótica constitucional, o legislador penal deve buscar sempre o equilíbrio entre a retribuição pelo
fato delituoso e a garantia dos direitos fundamentais, respeitando a dignidade humana e o direito ao
tratamento isonômico.
 Saiba mais
SANTOS, M. H. dos. Uma visão garantista acerca do direito penal do inimigo. Clique aqui para acessar.
VALLE, N. do.; MISAKA, M. Y.; FREITAS, R. A. da S. Uma re�exão crítica aos movimentos de lei e ordem –
teoria das janelas quebradas. Clique aqui para acessar.
VIDEOAULA: O DIREITO PENAL DO INIMIGO - PARTE II
critério discriminatório; de outro, cumpre veri�car se há justi�cativa racional, isto é,
fundamento lógico, para, à vista do traço desigualador acolhido, atribuir o especí�co
tratamento jurídico construído em função da desigualdade proclamada. Finalmente,
impende analisar se a correlação ou fundamento racional abstratamente é, ‘in
concreto’, a�nado com os valores prestigiados no sistema normativo constitucional. A
dizer: se guarda ou não harmonia com ele.
Uma Constituição democrática deve orientar a democratização substancial do processo
penal, e isso demonstra a transição do Direito passado ao Direito futuro. Num Estado
Democrático de Direito, não podemos tolerar um processo penal autoritário e típico de
Estado-policial, pois o processo deve adequar-se à Constituição e não vice-versa
https://bit.ly/3BTuoUv
https://bit.ly/3skHwP9
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Aula vídeo complementar relativa ao Direito Penal do Inimigo, com análise de seus aspectos do ponto de vista
constitucional.
ESTUDO DE CASO
Tomando por base a análise realizada quanto às políticas criminais de caráter repressivo, o estudante deve
dissertar acerca da possibilidade de aplicação do Direito Penal do Inimigo na hipótese de um atentado terrorista
no Brasil.
RESOLUÇÃO DO ESTUDO DE CASO
Ante as premissas estudadas, é esperado que o estudante conceitue o Direito Penal do Inimigo com base nos
entendimentos de Jakobs, pontuando que os criminosos são divididos em duas classes, sendo os “criminosos
tradicionais” aos quais é imperiosa a aplicação do Direito Penal Tradicional e os “autores de crimes graves”,
cujos atos são atentatórios à própria estrutura social, como os terroristas, frisando que, para o Direito Penal do
Inimigo, o segundo grupo deve ser rotulado como “inimigo da sociedade”, razão pela qual, sequer devem ser
tratados com as benesses do Direito tradicional, ante a insu�ciência deste em reprimir suas condutas
criminosas.
O estudante deve frisar que na prática, a aplicabilidade da Teoria do Direito Penal do Inimigo enfrenta forte
resistência constitucional, posto que algumas medidas adotadas sob o pretexto de proteger a ordem e a
soberania, por vezes, possuem caráter totalitário e gravemente interventivo, como no caso da antecipação da
punibilidade do sujeito, no qual aquele considerado como inimigo da ordem pública enfrenta a punição não
apenas pelo ato por ele perpetrado, mas também pelo risco que oferece à sociedade.
Assim, mesmo diante da hipótese de um ato terrorista em solo brasileiro, o estudante deve fundamentar que
não é possível a relativização dos direitos e das garantias fundamentais, sendo importante lembrar que a Lei nº
13.260/16 (lei antiterrorismo) traz medidas a serem adotadas em face de tais atos e que, mesmo diante de sua
severidade, são mais brandas do que as propostas por Jakobs.
Videoaula: O Direito Penal do Inimigo - Parte II
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Resolução do Estudo de Caso
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Aula 3
PARADIGMAS
Durante os estudos, analisaremos os paradigmas relativos ao processo de criminalização e suas
nuances
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INTRODUÇÃO
Olá, estudante! Durante os estudos, analisaremos os paradigmas relativos ao processo de criminalização e suas
nuances.
Destaque-se que abordaremos inicialmente o paradigma etiológico sob a ótica da criminologia e da
antropologia criminal e os re�exos da alteração deste modelo na sociedade moderna.
Outro ponto relevante a ser tratado nesta aula diz respeito ao paradigma da reação social, seus conceitos de
desvio de conduta e os efeitos que este tem sobre o a política criminal e, principalmente, o processo de
criminalização.
Estudaremos ainda o paradigma garantista e abolicionista, sob o aspecto sociológico e sua aplicabilidade na
criminologia e na prática penal, seja sob a ótica da defesa ou do próprio Estado enquanto garantidor de direitos
fundamentais.
PARADIGMA ETIOLÓGICO
A etiologia é o ramo do conhecimento dedicado à pesquisa da origem das coisas. Desta forma, dentro do campo
da criminologia, o paradigma etiológico ganhou força com os estudos daantropologia e sociologia criminal.
Sob a ótica do paradigma etiológico, compete a criminologia estudar e fornecer as explicações necessárias para
a origem do fato criminoso e assim, apontar quais as soluções que podem ser adotadas para o combate à
criminalidade, ou seja, a criminologia, por meio da etiologia, deve exercer o papel de efetiva “defesa da
sociedade”.
As duas correntes de estudo citadas deram origem ao que chamamos de “paradigma etiológico”.
Cesare Lombroso foi considerado o “pai” da antropologia criminal e em seu ramo de estudos defendia que a
criminalidade tinha origem em aspectos inatos do próprio ser humano, frisando que a tendência a prática de
condutas delitivas tinha origem genética ou mesmo hereditária.
Desta forma, do ponto de vista Lombrosiano, a origem do fato criminoso está no próprio ser humano, não se
tratando de uma escolha, mas sim de uma herança genética. A título exempli�cativo, em sua obra “L'uomo
delinquente”, Lombroso (2001), aponta que as características físicas dos delinquentes são diferentes para cada
delito cometido, frisando que os violadores, por exemplo, quase sempre possuem olhos salientes, �sionomia
delicada, com lábios e pálpebras volumosos, enfatizando que na maior parte das vezes são frágeis, louros e
magros.
O autor aponta ainda que os homicidas e arrombadores, tinham cabelos crespos, maxilares possantes, crânio
deformado, incidência de tatuagens e muitas cicatrizes.
nuances.
45 minutos
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Já do ponto de vista de Henrique Ferri (1931), em seus estudos relativos a sociologia criminal, no que concerne a
etiologia do fato criminoso, sustenta-se que o fato criminoso não advém do livre arbítrio do ser humano, mas
sim da concretização de diversos fatores que contribuem para a criação do delinquente, sendo estes de ordem
física, social e individual.
Henrique Ferri diverge de Lombroso ao apontar que o crime não é produto apenas de uma determinada
patologia individual do criminoso, sendo esta, apenas parte dos fatores que contribuem para o surgimento do
delinquente.
Nos dias atuais os estudos relativos à etiologia do fato criminoso vêm ganhando cada vez espaço, sendo
atualmente mais ligada as efetivas motivações para a ocorrência do fato criminoso, tendo deixado de lado os
aspectos físicos e passado a aceitar as argumentações relativas aos impactos sociais, situações
socioeconômicas, dentre outras, a depender, especi�camente, do delito cometido.
Assim, é possível a�rmar que os estudos relativos à criminologia sofreram muitas alterações, principalmente no
que tange ao desenvolvimento do paradigma etiológico, até porque cada delito possui uma diferente motivação
e, geralmente, não possui nenhuma relação com traços físicos do delinquente, mas sim, com aspectos
psicossociais ligados a sua estrutura social, cultural, ou mesmo advindos de sua própria criação.
VIDEOAULA: PARADIGMA ETIOLÓGICO
Aula vídeo com explanações aprofundadas relativas ao paradigma etiológico da criminologia e seu
desenvolvimento nos dias atuais.
PARADIGMA DA REAÇÃO SOCIAL
Ao tratarmos do chamado paradigma interacionista (ou da reação social), estamos diante da análise, do ponto
de vista da criminologia, de como as interações sociais entre os indivíduos afetam a construção do delito e
criação do próprio criminoso.
Sob este aspecto, o autor Alessandro Baratta (2002, p.87) é didático:
Videoaula: Paradigma Etiológico
Para visualizar o objeto, acesse seu material digital.
Segundo o interacionismo simbólico, a sociedade – ou seja, a realidade social – é
constituída por uma in�nidade de interações concretas entre indivíduos, aos quais um
processo de tipi�cação confere um signi�cado que se afasta das situações concretas e
continua a estender-se através da linguagem. Também segundo a etnometodologia, a
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Assim, no que concerne ao modelo da reação social, a origem do crime se dá por meio de uma construção
social, ou seja, a comunidade passa a ver que determinado ato fere seus costumes ou afeta suas relações,
impondo, desta forma, que a prática deste ato é um crime e deve ser punida.
O Paradigma da reação social impõe mudanças bruscas no estudo da criminologia, até porque, deixa de dar
enfoque ao estudo do sujeito criminoso e as razões que o levam a cometer a conduta desviante e passa a dar
maior atenção as condições da criminalização, ou seja, quais as condições determinantes que fazem com que o
indivíduo possa ser considerado um criminoso.
A autora Vera Regina Pereira de Andrade (1997, p. 204), ao tratar sobre o paradigma da reação social, é enfática:
O paradigma da reação social é intrinsecamente ligado a Teoria do Etiquetamento Social (labelling approach) ao
passo que esta faz uma espécie de interligação entre os conceitos de crime e criminoso e o próprio
comportamento social, considerando seus costumes e valores socialmente aceitos, sob o argumento de que
estes sim, seriam os criadores das chamadas etiquetas sociais, em detrimento do ato criminoso em si.
Ante a tais assertivas é possível concluir que, do ponto de vista do paradigma da reação social, o fato criminoso
deixa de ser uma simples construção teórica relativa a violação do regramento penal, passando a ser vista sob o
enfoque de uma efetiva reação social a determinada conduta, ou seja, um comportamento da própria
sociedade face a prática de uma conduta moralmente reprovável.
Desta forma, a própria evolução dos conceitos e parâmetros sociais servem de balizadores para o processo de
criminalização que, seguindo o modelo da reação social, atendem aos anseios e tendências da própria
sociedade.
VIDEOAULA: PARADIGMA DA REAÇÃO SOCIAL
Aula vídeo tratando do paradigma da reação social e seus efeitos sobre o processo de criminalização.
sociedade não é uma realidade que se possa conhecer sobre o plano objetivo, mas o
produto de uma ‘construção social’. Obtida graças a um processo de de�nição e de
tipi�cação por parte dos indivíduos e de grupos diversos.
A sociedade não é uma realidade que se possa conhecer objetivamente, mas o produto
de uma “construção social” obtida mediante um processo de de�nição e de tipi�cação
por parte dos indivíduos e grupos diversos.
Videoaula: Paradigma da Reação Social
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PARADIGMA GARANTISTA
O paradigma garantista serve de base para o próprio sistema penal, ao passo que serve de efetivo limitador
para os poderes do próprio Estado enquanto detentor do poder investigativo e punitivo.
Este modelo aponta a necessidade de que o processo penal, tanto em suas fases iniciais quanto na efetiva
aplicação de uma pena, observe as garantias e direitos fundamentais previstos na Constituição Federal.
Ao tratar do garantismo, Alfredo Copetti Neto (2016, p. 23) conceitua o termo, apontando se tratar de uma
espécie de outra face do constitucionalismo, senão vejamos:
O modelo garantista é fortemente defendido pelo jurista Luigi Ferrajoli (1998), que aponta que este paradigma
surge exatamente da incapacidade do Estado de manter a harmonia entre suas atuações pela via administrativa
ou as atuações de suas instituições policiais e as suas próprias normas jurídicas. Assim, o garantismo visa
adequar a atuação Estatal com as normas por ele mesmo impostas, fazendo uma espécie de junção entre
normatividade e efetividade.É importante ressaltar que as in�uências do paradigma garantista não se limita ao campo do Direito,
estendendo-se até mesmo no que tange a matéria política, posto que seus postulados têm por objetivo a
ampliação da liberdade enquanto direito fundamental e a redução exponencial da violência. Sob este enfoque,
o papel de punidor é mantido com o Estado, posto que, o faria visando garantir os direitos da maioria.
Cabe lembrar que, enquanto arduamente defendido por Ferrajoli (1998, p. 851), o paradigma garantista é
modelado sob o aspecto de “modelo normativo de direito”, que tem como princípio basilar a legalidade,
guardando assim, estrita relação com as bases do próprio Estado Democrático de Direito.
A �m de dar validade e e�cácia ao direito propriamente dito, o paradigma garantista impõe a necessidade de
cumprimento de aspectos substanciais e formais, sem os quais, a própria e�cácia normativa estaria em risco.
Sob esta ótica, impende lembrarmos do pensamento Kelsiniano acerca da validade normativa, ou seja, a
validade de uma determinada norma estaria integrada ao cumprimento de outra norma.
Ante a tais preceitos, seguindo o paradigma garantista, o Estado não poderia, por exemplo, valer-se de uma
con�ssão obtida mediante tortura, até porque, a obtenção deste meio probatório desrespeita as bases
constitucionais e a própria �nalidade Estatal de garantia de direitos fundamentais, assim, não pode o Estado
valer-se de tal expediente sob o argumento de garantia de direitos.
O termo garantismo representa, como a outra face do constitucionalismo
contemporâneo, o fundamento da democracia constitucional e, assim, o modelo
normativo jurídico que visa à efetivação dos direitos fundamentais cuja extensão
comporta: da vida à liberdade pessoal, da liberdade civil e política às expectativas
sociais de subsistência, dos direitos individuais àqueles coletivos.
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Desta forma, o paradigma garantista tem por objetivo criar um verdadeiro equilíbrio entre validade e e�cácia,
não apenas no campo teórico, mas também na aplicação prática do direito.
VIDEOAULA: PARADIGMA GARANTISTA
Aula vídeo com conteúdo complementar a respeito do paradigma garantista.
PARADIGMA ABOLICIONISTA
Ao tratarmos do paradigma abolicionista, estamos diante de um modelo radicalizado, que deve ser tratado com
a devida cautela.
O paradigma abolicionista defende que o próprio sistema de persecução penal, enquanto ferramenta estatal de
punição, serve de criador de injustiças e desigualdades sociais, ao passo que, se trata de ferramenta com
caráter seletivo e voltada a defesa das elites.
Cabe frisar que o paradigma abolicionista é divido em três distintas vertentes, como aponta Sergio Salomão
Shecaira (2018), sendo elas a “anarquista”; a “marxista” e a “liberal”.
Em análise a vertente anarquista do modelo abolicionista, o pensamento defendido é de que a existência de um
sistema penal escraviza o ser humano, minguando sua liberdade e impedindo sua própria felicidade, razão pela
qual, para a formação de uma sociedade unida e solidária, é necessário o �m de todo o sistema penal.
A segunda vertente do paradigma abolicionista, por sua vez, defende que o sistema de persecução penal possui
caráter estritamente repressivo que acaba por ocultar os problemas sociais, ao passo que, ante ao seu caráter
estritamente seletivista, pune as classes sociais mais baixas para proteger os interesses das elites.
Por �m, a terceira vertente do modelo abolicionista, chamada também de abolicionismo liberal ou cristão,
defende que a solução de con�itos não deve ser um papel privativo do Estado, posto que os homens, enquanto
detentores de direitos e obrigações, tem a capacidade de cuidar de solucionar os seus próprios con�itos, em
uma espécie de solidariedade orgânica.
Ao tratar do abolicionismo, Carlos Elbert (2003, p. 108), em sua obra “. Manual Básico de Criminologia”, faz
apontamentos relativos a simplicidade do tema, posto que passou a ser visto como uma alternativa a
persecução penal, com premissas que visam uma solução diversa da utilizada no modelo padrão:
Videoaula: Paradigma Garantista
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Campo de discussão e trabalho pragmático, simples e criativo. Sua abertura e
despreocupação pelo esmero metódico é consequência de um anti-reducionismo que
aspira não confundir método com ideias. Pode-se dizer que o abolicionismo “tornou
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Assim, em que pese a profundidade do tema e as correntes defendidas por diversos autores, temos que o
abolicionismo penal, no que tange a sua inserção no ramo das políticas não repressivistas, defende um discurso
pautado em que o modelo penal tradicional é criador de problemas e não de soluções, na medida em que a
função intimidatória da pena não se presta ao �m proposto, servindo apenas como espécie de desculpa para a
intervenção estatal na liberdade individual.
Desta forma, é possível enxergar o abolicionismo mais como uma utopia do que efetivamente como uma
política criminal aplicável, até porque, seu radicalismo acaba por di�cultar sua aplicação, sendo preferível,
portanto, modelos menos radicais, que visem a descriminalização ou despenalização de certas condutas em
detrimento de uma política com caráter estritamente abolicionista.
Figura 1 | Etiologia do fato criminoso
Fonte: elaborada pelo autor.
 Saiba mais
ACHUTTI, Daniel. Abolicionismo Penal e Justiça Restaurativa: Do Idealismo ao Realismo Político-Criminal.
ANDRADE. Vera Regina Pereira de. Do Paradigma Etiológico ao Paradigma da Reação Social: Mudança e
Permanência de Paradigmas Criminológicos na Ciência e no Senso Comum.
COLET. Charlise Paula. O Paradigma da Reação Social na Conduta Desviada: O Processo de Criminalização e
Etiquetamento Social.
simples” (em oposição ao que ocorre discursivamente dentro do direito penal e da
criminologia), propondo “outra lógica” para o tema do delito.
https://dialnet.unirioja.es/descarga/articulo/6136496.pdf
https://periodicos.ufsc.br/index.php/sequencia/article/view/15819/14313
https://bit.ly/3sm3YaC
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VIDEOAULA: PARADIGMA ABOLICIONISTA
Aula vídeo relativa ao paradigma abolicionista e suas vertentes.
ESTUDO DE CASO
Uma determinada pessoa é presa em �agrante pela prática de um determinado delito cuja pena máxima não
ultrapassa 2 (dois) anos, o delegado de polícia representou pela prisão preventiva e o juiz converteu o �agrante
em preventiva. Ante ao clamor social e popularidade do acusado, não lhe concedeu o pagamento de �ança,
mesmo sendo caso de detenção.
Você enquanto advogado do acusado, sob a óptica do paradigma garantista, apresente a solução prática para o
caso a �m de demonstrar eventual ausência de observância das regras constitucionais e processuais penais.
RESOLUÇÃO DO ESTUDO DE CASO
É esperado que o estudante aponte que o paradigma garantista impõe a necessidade de cumprimento de
aspectos substanciais e formais, sem os quais, a própria e�cácia normativa estaria em risco.
Sob este aspecto, o estudante deve apontar a ausência de requisitos objetivos para a decretação da prisão e a
con�guração de constrangimento ao acusado, até porque, a não demonstração da efetiva necessidade de
segregamento cautelar do acusado, traduzir-se-á em violação a garantia constitucional ao princípio da
presunção de inocência.
Assim, a conclusãodo estudante deve se pautar na possibilidade de aplicação de medidas cautelares diversas
da prisão, ante a necessidade de preservação, do ponto de vista garantista, dos princípios constitucionais que
preveem a proteção do acusado.
A �m de complementar sua resposta, o estudante pode apontar as hipóteses de arbitramento de �ança pelo
delegado previstas no art. 322 e a ausência dos impeditivos do art. 323 e 324, todos do Código de Processo
Penal.
Videoaula: Paradigma Abolicionista
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Resolução do Estudo de Caso
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Aula 4
O MINISTÉRIO PÚBLICO COMO DEFINIDOR DE POLÍTICAS
CRIMINAIS
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INTRODUÇÃO
Durante os estudos, realizaremos uma análise aprofundada do papel do Ministério Público enquanto de�nidor
de políticas criminais e sua atuação concatenada com os demais órgãos que compõem o sistema penal.
Abordaremos, ainda, a criminalidade sob a ótica contemporânea e como a alteração do modo de agir dos
criminosos afeta o desenvolvimento das políticas criminais e a efetiva atuação do Ministério Público e dos
órgãos policiais. Outro ponto relevante de estudo na presente disciplina é a atuação integrada e o direito
fundamental à segurança pública, em que analisaremos a disposição constitucional de garantia à segurança e o
papel do Estado em fornecê-la.
Por �m, ao longo dos estudos, abordaremos a repercussão que a própria mudança no meio social exerce sobre
a política criminal e como isso afeta o protagonismo do Ministério Público.
O MINISTÉRIO PÚBLICO NA ESFERA CRIMINAL
Antes de adentrarmos no assunto, precisamos ressaltar que a Constituição Federal de�ne o Ministério Público,
em seu art. 127, como uma instituição permanente e essencial à função jurisdicional do próprio Estado,
atribuindo-lhe a responsabilidade pela defesa da ordem jurídica, do regime democrático, dos interesses sociais
e individuais indisponíveis.
No que tange à atuação ministerial dentro da esfera criminal, o art. 129, I, da Magna Carta, é enfático ao impor
que, ao Ministério Público, compete, privativamente, promover a ação penal pública, assim, analisando as
nuances do processo criminal, é de fácil percepção que o Ministério Público, enquanto único titular da ação
penal pública, exerce verdadeiro protagonismo na esfera penal.
Ao tratar da participação do Ministério Público no processo criminal, Norberto Avena (2020, p. 255) é didático ao
expor seu papel tanto nas ações penais públicas quanto nas privadas, diferenciando cada espécie de atuação:
Na órbita criminal, o Ministério Público representa o Estado-Administração,
incumbindo-lhe, primordialmente, nos crimes de ação penal pública, deduzir perante o
Estado-juiz as providências necessárias para que se concretize a pretensão punitiva; e,
nos delitos de ação penal privada, �scalizar a instauração e o desenvolvimento
regulares do processo, bem como o cumprimento e a aplicação da lei ao caso concreto.
Durante os estudos, realizaremos uma análise aprofundada do papel do Ministério Público
enquanto de�nidor de políticas criminais e sua atuação concatenada com os demais órgãos que
compõem o sistema penal.
43 minutos
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Frente ao papel do Ministério Público dentro do processo criminal, é indispensável tratarmos acerca da função
atribuída a ele pelo art. 129, VII e VIII, da Constituição Federal, qual seja o dever de exercer o controle externo
da atividade policial e de requisitar diligências investigatórias.
A respeito do tema, cabe-nos apontar que o assunto foi tratado pelo próprio Supremo Tribunal Federal no
julgamento do Recurso Extraordinário 593.727, no ano de 2015, consolidando-se o Tema de Repercussão Geral
nº 184 – Poder Investigativo do Ministério Público, restando �rmado o entendimento de que o Ministério Público
possui competência para a promoção de investigações criminais, respeitando-se os direitos e garantias dos
investigados.
Os membros do Ministério Público, visando, justamente, à proteção ao efetivo exercício de suas
atribuições, possuem prerrogativas semelhantes àquelas previstas aos magistrados, ou seja, são
garantidas a eles, nos termos do art. 38 da Lei Federal nº 8.625/93, a vitaliciedade, a
inamovibilidade e a irredutibilidade de subsídio.
Nesse sentido, entendemos que o Ministério Público, no bojo dos processos de natureza criminal, exerce
verdadeira parcela da soberania do Estado, ao passo que condiciona o direito de punir. Cabe lembrarmos que o
exercício do direito punitivo estatal possui quatro condições, sendo elas: A existência de lei penal anterior ao
fato.
A acusação penal privativa do Ministério Público (em ações penais públicas).
A jurisdição penal.
A execução penal.
Dessa forma, o Ministério Público é indispensável à persecução penal e ao próprio exercício da soberania
estatal, exercendo verdadeiro papel de protagonismo nas ações penais públicas e na defesa da ordem jurídica e
social.
VIDEOAULA: O MINISTÉRIO PÚBLICO NA ESFERA CRIMINAL
Videoaula acerca da atuação e do protagonismo do Ministério Público na esfera penal.
A CRIMINALIDADE CONTEMPORÂNEA
Videoaula: O Ministério Público na esfera criminal
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Quanto ao cerne da presente disciplina, principalmente no que tange à atuação do Ministério Público enquanto
de�nidor de políticas criminais, torna-se indispensável procedermos à análise do desenvolvimento da
criminalidade e como a atuação dos criminosos nos tempos modernos afeta a própria atuação ministerial e as
políticas criminais propriamente ditas.
O modo de operação dos criminosos se desenvolveu na mesma velocidade que a própria sociedade, sendo que
os avanços tecnológicos presentes no mundo moderno possibilitaram o surgimento de novas classes de
criminosos e delitos. Ademais, os criminosos passaram a se estruturar, formando organizações complexas com
pluralidade de operações.
A Lei Federal nº 12.850/13, de forma expressa, de�niu a expressão “organização criminosa”, dispondo, no
parágrafo primeiro de seu art. 1º:
Sob esse prisma, o Ministério Público, no cumprimento de seu papel enquanto responsável privativo para
promoção da ação penal pública e, ainda, enquanto responsável pela defesa da ordem jurídica e social, deve
atentar-se à constante evolução da criminalidade, visando, justamente, à preservação do Estado democrático de
direito. Não é apenas no sentido de organização que podemos constatar o desenvolvimento da criminalidade,
como apontado anteriormente, os avanços tecnológicos trouxeram não apenas ferramentas auxiliares aos
criminosos mas também deram origem a diversos outros tipos penais.
Criminalidade no ambiente virtual
A Lei 12.737, de 30 de novembro de 2012, alterou o Código Penal, objetivando tipi�car alguns delitos
informáticos, como a invasão de dispositivos informáticos, a interrupção de serviços telefônicos e a falsi�cação
de cartões.
A criminalidade no ambiente virtual é abrangente, apresentando características próprias, distintas de outros
delitos, como a transnacionalidade, universalidade e ubiquidade. Ao tratarmos da transnacionalidade, estamos
diante do alcance do delito, ao passo que os crimes virtuais ultrapassam as barreiras da nacionalidade, estando
presentes em todos os continentes.
Art. 1º [...]
§1ºConsidera-se organização criminosa a associação de 4 (quatro) ou mais pessoas
estruturalmente ordenada e caracterizada pela divisão de tarefas, ainda que
informalmente, com objetivo de obter, direta ou indiretamente, vantagem de qualquer
natureza, mediante a prática de infrações penais cujas penas máximas sejam
superiores a 4 (quatro) anos, ou que sejam de caráter transnacional.
— (BRASIL, 2013, [s. p.])
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A universalidade dos crimes virtuais diz respeito aos níveis sociais em que estão presentes, sendo
que, devido ao acesso cada vez maior às tecnologias, os delitos acabam se tornando universais.
Por �m, ao falarmos da ubiquidade, tratamos da presença do delito tanto nos setores públicos
quanto privados, demonstrando, novamente, o alcance dessa espécie de delito.
Com isso, podemos concluir que a criminalidade contemporânea vem passando por constante evolução, sendo
que os órgãos de controle devem se desenvolver na mesma velocidade, visando, dessa forma, a proteger a paz
social e evitar a expansão dos delitos. Assim, é imperioso que o Ministério Público e os demais órgãos
responsáveis pela investigação criminal e de�nição das políticas criminais estejam atentos ao desenvolvimento
das ferramentas criminais e da própria sociedade.
VIDEOAULA: A CRIMINALIDADE CONTEMPORÂNEA
Videoaula a respeito da criminalidade contemporânea e os aspectos relativos ao seu desenvolvimento.
ATUAÇÃO INTEGRADA E O DIREITO À SEGURANÇA
O art. 5º da Constituição Federal é cristalino ao de�nir a segurança como um direito fundamental garantido a
todos os brasileiros e estrangeiros residentes no país.
Em se tratando da segurança, estamos diante de um direito difuso que tem por objeto garantir de que os
membros da sociedade estejam protegidos da violência e criminalidade ante a prestação e�ciente dos serviços
de segurança pública e a implantação de políticas públicas voltadas a essa �nalidade.
A Constituição Federal de 1988 impõe, ainda, que a segurança se trata de um direito social, impondo-a como
um dever do Estado, a saber:
Videoaula: A criminalidade contemporânea
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Art. 144 – A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é
exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do
patrimônio, através dos seguintes órgãos:
I – polícia federal;
II – polícia rodoviária federal;
III – polícia ferroviária federal;
IV – polícias civis;
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 Importante!
Sob a ótica constitucional, é importante diferenciarmos o direito à segurança previsto no art. 5º daquele
previsto no art. 6º da Constituição Federal. Enquanto o primeiro é estritamente ligado à garantia individual
de segurança, conforme citado, a previsão do art. 6º se refere ao conceito de segurança pública, tratado,
também, no mencionado art. 144.
O dever do Estado de garantir a segurança não se restringe apenas às condutas preventivas mas também à
apuração dos atos ilícitos com a efetiva punição de responsáveis, ou seja, a garantia de segurança pode ser
exercida na fase primária do processo de criminalização, por meio de criações legislativas que visem a coibir
atos criminosos.
Na fase secundária do processo de criminalização, a garantia à segurança surge com a ação dos órgãos estatais
visando a coibir as práticas criminosas; já na criminalização terciária, a garantia de segurança surge justamente
com a efetiva punição dos criminosos e o curso da fase de execução penal.
A atuação integrada do Ministério Público com os demais órgãos estatais na fase de investigação
preliminar é indispensável à garantia da segurança, principalmente ante os constantes avanços
da criminalidade e a necessidade de somar esforços para reduzir seu aumento desenfreado.
A respeito do tema, Emiliano Waltrick (2013, p. 8) é didático ao tratar do envolvimento do Ministério Público nas
investigações:
A despeito do tratado, conclui-se a importância da atuação do Ministério Público como de�nidor de políticas
criminais para a preservação da segurança enquanto direito fundamental e constitucionalmente garantido,
considerando, especialmente, a expansão e o desenvolvimento da criminalidade contemporânea — o que
V – polícias militares e corpos de bombeiros militares.
— (BRASIL, 1988, [s. p.])
E neste contexto, mormente quando se busca atingir aquela criminalidade que se
considera inatingível, a interação e comunhão de esforços entre polícias e Ministério
Público é fundamental, sendo imprescindível a articulação de ações coordenadas e
e�cazes, principalmente em investigações envolvendo os crimes econômicos ou
políticos e organizações criminosas.
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demanda a criação de novas ferramentas e frentes de ação por parte dos órgãos responsáveis.
VIDEOAULA: ATUAÇÃO INTEGRADA E O DIREITO À SEGURANÇA
Videoaula tratando da garantia de segurança e sua relação com a atuação integrada do Ministério Público.
REPERCUSSÕES NA POLÍTICA CRIMINAL
As repercussões da atuação do Ministério Público na efetiva de�nição das políticas criminais estatais
apresentam estrita relação com a fase secundária do processo de criminalização, em que temos a atuação de
instituições como o Ministério Público, o Judiciário e a própria polícia enquanto agente de controle social.
Durante o processo de criminalização secundária, o indivíduo que passou pela criminalização primária, tendo
cometido a conduta penalmente reprovável, e com o início da fase secundária, terá sua conduta apreciada pelas
instituições anteriormente citadas.
A atuação do Ministério Público na fase secundária do processo de criminalização serve de
verdadeira �ltragem dos atos praticados e in�uencia diretamente nas políticas adotadas para o
combate ou a descriminalização de um determinado fato.
Ante a ausência de recursos, o próprio sistema penal torna-se seletivista, ao passo que, visando a afastar sua
inatividade, dá atenção a delitos cujo potencial lesivo é maior, deixando de lado aqueles menos gravosos. Com
base em tal premissa, o Ministério Público, exercendo seu papel de “�ltro” dos atos a serem punidos, pode
adotar condutas voltadas à despenalização ou buscar a condenação a uma pena mais severa, o que in�uencia
diretamente a criação de políticas voltadas ao combate desses delitos tidos como mais graves.
Sobre o tema, Silvia Chakian de Toledo Santos e Alexandre Rocha Almeida de Moraes (2016 p. 195) são
didáticos, principalmente ao tratar do papel do Ministério Público e do exercício de sua função nos dias atuais,
inclusive no que tange às repercussões na formação de políticas criminais:
Videoaula: Atuação integrada e o direito à segurança
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A mesma instituição que pode cobrar a implementação de políticas públicas básicas,
cujos dé�cits, na maioria das vezes, são (con)causas para a criminalidade, deve velar
pelo direito social da segurança pública, eis que é a instituição que exerce
privativamente a ação penal pública. Em outros termos: a instituição que detém
enorme quantidade de informação da doença – prática de infrações penais - possui
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Dessa forma, as repercussões da atuação do Ministério Público na fase secundária do processo de
criminalização restam claras, in�uenciando diretamente o processo de formação das políticas criminais em
razão de seu papel de �ltragem das condutas a serem punidas com maior severidade e aquelas que merecem
tratamento mais brando, com aplicação de institutos despenalizadores.
A importância da atuação reside, principalmente, na proximidade do órgão ministerial com os diversos setores
da sociedade e sua atuação não apenas na esfera criminal mas também na defesa dos interesses sociais e na
garantia da ordem pública, razão pela qual a indispensabilidade de sua atuação é patente.
VIDEOAULA: REPERCUSSÕES NA POLÍTICA CRIMINAL
Videoaula relativa às repercussões da atuação do Ministério Público na criação e no desenvolvimento de
políticas criminais.
ESTUDO DE CASO
Imagine a situação hipotética em que você, estudante, agora, é promotor de justiça da comarca �ctícia de Santo
Ossário, capital de Leonel Caldela. Todo orgulhoso da aprovação e no primeiro dia no fórum, depara-se com um
processo em que o juiz determinou a investigação de um suposto crime à Autoridade Policial, e quando da
chegada da diligência, encaminha os autos a você para denunciar o investigado. Com base nessas premissas, é
o momento de se manifestar. Apresente o direito a ser alegado.
RESOLUÇÃO DO ESTUDO DE CASO
É esperado que o estudante discorra acerca do direito privativo do Ministério Público da promoção da ação
penal e não sobre o juiz da causa.
Sob esse prisma, em respeito ao art.127 e 129, II, da CRFB, o Ministério Público, no cumprimento de seu papel,
enquanto responsável privativo pela promoção da ação penal pública e pela defesa da ordem jurídica e social,
deve atentar-se como �scal da lei, não se sujeitando a aceitar, mesmo que no seu primeiro dia na comarca, que
um juiz inaugure uma investigação e determine a denúncia.
instrumentos dados pelo constituinte para reprimir, mitigar a repressão ou deixar de
punir (ação penal, transação penal e arquivamento) e, concomitantemente, possui
instrumentos para prevenir a doença (inquérito civil, recomendações, termos de
ajustamento de conduta e ação civil pública, dentre outros).
Videoaula: Repercussões na política criminal
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 Saiba mais
Para complementar os seus estudos, selecionamos algumas dicas de leitura para vo-cê!
COPETTI. V. L. F. A função seletiva do ministério público no sistema penal. 1998. Dissertação (Mestrado em
Direito) – Universidade Federal de Santa Catarina, Santa Catarina, 1998. 
JUNIOR. J. S. T. A segurança pública como direito fundamental: proposta de modi�cação da atuação
ministerial para a sua tutela. Revista do Ministério Público do Estado de Goiás, Goiás, p. 47-62, [s. d.].
Resolução do Estudo de Caso
Para visualizar o objeto, acesse seu material digital.
Aula 1
BARATTA, A. Criminologia crítica e crítica do direito penal: introdução à sociologia do direito penal. Rio de
Janeiro: Revan, 2014.
CONSELHO ECONÔMICO E SOCIAL DA ONU (ECOSOC). Resolução 2002/12, de 24 de julho de 2002.
Regulamenta os princípios básicos para a utilização de Programas de Justiça Restaurativa em Matéria Criminal.
Organização das Nações Unidas – ONU. E/RES/2002/12. Disponível em:
https://juridica.mppr.mp.br/arquivos/File/MPRestaurativoEACulturadePaz/Material_de_Apoio/Resolucao_ONU_2
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CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA. Resolução nº 225, de 31 de maio de 2016. Disponível em:
https://atos.cnj.jus.br/atos/detalhar/2289. Acesso em: 26 jun. 2021.
FERRAJOLI, L Direito e razão: teoria do garantismo penal. 2. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2006.
FRAGOSO, H. C. Lições de direito penal: a nova parte geral. 17. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2006.
MATHIESEN, T. The politics of abolition revisited. Abingdon: Routledge, 2015.
SALIBA, M. G. Justiça restaurativa e paradigma punitivo. Curitiba: Juruá, 2009.
SHECAIRA, S. S. Pena e constituição. São Paulo. Revista dos Tribunais, 1995.
TIVERON, R. Justiça restaurativa. A emergência da cidadania na dicção do direito. A construção de um novo
paradigma da justiça criminal. Brasília, DF: Thesaurus, 2014.
REFERÊNCIAS
6 minutos
https://repositorio.ufsc.br/xmlui/bitstream/handle/123456789/77417/137749.pdf?sequence=1&isAllowed=y
https://bit.ly/3smd6vU
https://juridica.mppr.mp.br/arquivos/File/MPRestaurativoEACulturadePaz/Material_de_Apoio/Resolucao_ONU_2002.pdf
https://atos.cnj.jus.br/atos/detalhar/2289
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Aula 2
BELLI, B. Tolerância zero e democracia no Brasil: visões da segurança pública na década de 90. São Paulo:
Perspectiva, 2004.
JAKOBS, G.; MELIÁ, M. C. Direito penal do inimigo – noções e críticas. 3. ed. Porto Alegre: Livraria do
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LOPES JÚNIOR, A. Garantias constitucionais e processo penal: Lumen Juris. 2002.
MELO, C. A. B. O conteúdo jurídico do princípio da igualdade. 3. ed. 8ª tiragem. São Paulo: Malheiros, 2014.
ODON, T. I. Tolerância zero e janelas quebradas: sobre os riscos de se importar teorias e políticas. Textos para
Discussão – Núcleo de Estudos e Pesquisas da Consultoria Legislativa – Brasília: Senado Federal. 2016
SHECAIRA, S. S. Tolerância zero. Revista Internacional de Direito e Cidadania, n. 5, p. 165-176, outubro/2009.
Aula 3
ANDRADE, Vera Regina Pereira de. A ilusão da segurança jurídica. Porto Alegre: Livraria do advogado, 1997.
BARATTA, Alessandro. Criminologia crítica e crítica do direito penal: introdução à sociologia do direito penal.
Tradução de Juarez Cirino dos Santos. 3ª Ed. Rio de Janeiro: Revan: Instituto Carioca de Criminologia,
2002.COPPETTI NETO, Alfredo. A democracia Constitucional: sob o olhar do garantismo jurídico. Florianópolis:
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ELBERT, Carlos. Manual Básico de Criminologia. Porto Alegre: Ricardo Lenz, 2003.
FERRAJOLI, Luigi: Derecho y Razón – Teoría del Garantismo Penal. Madrid: Trotta, 1998.
FERRI, Henrique. Princípios de direito criminal. Tradução por Luiz Lemos D’Oliveira. São Paulo: Saraiva, 1931.
LOMBROSO, Cesare. O Homem Delinquente. Traduzido por TOMASINI, Maristela Bleggi e GARCIA, Oscar Antonio
Corbo. Porto Alegre. Ricardo Lenz, 2001.
SHECAIRA, Sérgio Salomão. Criminologia. 7. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2018.
Aula 4
AVENA, N. Processo penal. 12. ed. Rio de Janeiro: Forense, São Paulo: Método, 2020.
BRASIL. [Constituição (1988)]. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília, DF:
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http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em: 30 set. 2021.
BRASIL. Lei nº 12.737, de 30 de novembro de 2012. Dispõe sobre a tipi�cação criminal de delitos informáticos;
altera o Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal; e dá outras providências. Brasília, DF,
2012. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2012/lei/l12737.htm. Acesso em: 30
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm
http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/lei%2012.737-2012?OpenDocument
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2012/lei/l12737.htm
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set. 2021.
BRASIL. Lei nº 12.850, de 2 de agosto de 2013. De�ne organização criminosa e dispõe sobre a

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