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Geovana Sanches - TXXIV Epidemiologia Professora Renata Orsi HISTÓRIA DA EPIDEMIOLOGIA Desde a Grécia Antiga, há uma discussão entre o coletivo e o individual. Asclépios, Deus da saúde, teve duas filhas: • Panacéia - padroeira do cuidado individual • Hileia - padroeira da saúde coletiva Hipócrates, considerado o precursor da epidemiologia, definiu conceitos como epidemia- doença que acomete um número grande de pessoas – e antecipou o raciocínio epidemiológico, analisando que o adoecimento da população estava relacionado com o ambiente. A epidemiologia é composta por três vertentes: clínica médica + estatística + medicina social (saúde pública e coletiva). Þ Saúde pública: é um conceito exato, com abordagem mais específica. Na epidemiologia medimos saúde, através do conceito de risco, quantificando mortes e doenças. Þ Saúde coletiva: é uma abordagem mais abrangente, analisando como os determinantes sociais influenciam no processo saúde-doença. Clínica Médica Constituída a partir de 3 fases: • 1ª Fase: Leigos (físicos), Religiosos -> Legitimação clínica integrada. • 2ª Fase: Saber técnico construído a partir da investigação sistemática dos enfermos nos hospitais • 3ª Fase: Fisiologia moderna. Impulsionada pelos estudos de patologia de Claude Bernard (1813 a 1878), em nível subindividual (sistemas). Estatística Refere-se a quantificação das enfermidades. A primeira quantificação ocorreu a partir da Aritmética política, a qual se referia à contagem do povo (elemento produtivo) e do exército (contingente + saúde). Destaques da área: • John Graunt (1620 – 1674): considerado pai da demografia ou das estatísticas vitais. Em 1662, criou as tabelas mortuárias de Londres (mortalidade por sexo e região), analisando do que as pessoas morriam e quem eram essas pessoas, relacionando com o ambiente. Pioneiro na utilização de coeficientes de óbitos em relação a população. • Williann Farr: realizou a classificação de doenças, criando a Lei de Farr -> ascensão rápida no início, elevação lenta até o ápice e em seguida uma queda mais rápida. o Produção de informações epidemiológicas usadas para subsidiar o planejamento de ações de prevenção e controle. o Informações de mortalidade e descrevia situações que apontavam para grandes desigualdades regionais e sociais nos perfis de saúde. Até mais da metade do século XVIII (1800 a 1900) acreditava-se na Teoria Divina, ou seja, que a doença era castigo de Deus; ou Teoria Miasmática, sendo a doença resultado do contato das pessoas com “Miasmas” (ar pestilento que penetra pelas aberturas do corpo, causando doença e morte). Medicina Social No final do século XVIII, o Estado (governo) passou a intervir sobre a saúde do povo. Na Alemanha, houve a Política Médica: segregação dos doentes para evitar a disseminação da doença e prejuízo no trabalho (1741 – 1821); medida compulsória para controle e vigilância das enfermidades Na França, a medicina urbana ganhou força, com saneamento das cidades e isolamento de áreas para controlar a disseminação de miasmas (1789). Estudiosos famosos deste período: • Engels: alemão. Em 1844, afirmou que a classe trabalhadora adoece porque vive em condições inadequadas. • Rudolf Virchow: alemão. Na década de 1840, afirmou que a causa das epidemias eram de ordem política e social. As condições de vida eram importantes do que a exposição a doenças. • Na época, os autores foram extremamente criticados e perseguidos. • Louis Pasteur (1822 – 1895): “Pai da bacteriologia”. Proporcionou bases para o estudo de doenças infecciosas. Os trabalhos de Pasteur, seguidos pelos de Robert Koch, afirmaram que as doenças poderiam ser explicadas por uma única causa, o agente etiológico (“teoria dos germes”). • Robert Koch (1843 – 1910): alemão. Foi um dos fundadores da microbiologia e dos estudos relacionados à epidemiologia das doenças transmissíveis. Em 1882 isolou o bacilo da tuberculose. • Florence Nightingale: inglesa. Criadora da enfermagem como profissão. • Semmelweis: húngaro. Precursor da lavagem das mãos e das ações de controle de infecção hospitalar. Descobriu que os médicos faziam necropsia e, em seguida, um parto; as Geovana Sanches - TXXIV puérperas faleciam por infecção nas maternidades enquanto, as que tinham filhos em casa, sobreviviam. • Frost: introduziu o conceito de risco ou probabilidade em seu estudo. Analisou que havia maior “Risco de pessoas em contato familiar com tuberculose pulmonar”. • John Snow (1813 – 1858): lutou contra a cólera, realizando investigações no intuito de esclarecer a origem das epidemias de cólera em Londres (1849 – 1854). o Identificou o local de moradia de cada pessoa que morreu por cólera em Londres e notou uma evidente associação entra a origem da água utilizada para beber e as mortes; o Comparou o número de óbitos por cólera em áreas abastecidas por diferentes companhias e verificou que a taxa de morte foi mais alta entre as pessoas que consumiram água fornecida pela Southwark; o Construiu a teoria que a cólera era disseminada através de água contaminada; o Propôs melhorias no suprimento de água, mesmo antes da descoberta do microrganismo causador da cólera; além disso, sua pesquisa teve impacto direto sobre as políticas públicas de saúde. Ficou demonstrado que, desde 1850, estudos epidemiológicos têm identificado medidas apropriadas a serem adotadas em saúde publica. Identificar a distribuição das doenças é fundamental, entretanto o foco é estabelecer medidas de prevenção, evitando o contágio e mortes de pessoas jovens. Estudiosos no Brasil • Oswaldo Cruz (1872 – 1917): percebeu que promover a saúde era essencial para o desenvolvimento do país. No contexto atual, algumas doenças estavam sendo erradicadas e com a baixa na vacina, surgiram novos casos de sarampo e febre amarela, comprovando a importância da vacinação. o Fundação Oswaldo Cruz: contribui muito para saúde coletiva. Propiciou o estudo de medidas saneadoras preventivas que deviam ser tomadas ou, indiretamente, em consequências do treinamento que o Instituto promovia e das descobertas científicas que ali aconteciam. ● Carlos Chagas (1879 - 1934): Identificou a entidade nosológica que leva o seu nome. Isso ocorreu em 1909 (MG), quando trabalhou no combate a um surto de malária, que estava dificultando a construção da estrada de ferro local. • Adolfo Lutz (1855 - 1940): Diretor do Instituto Bacteriológico em SP. Trabalhou no controle da febre amarela e outras endemias. • Emílio Ribas (1862 - 1925): trabalhou no controle da febre amarela e de outras endemias. EPIDEMIOLOGIA: CONCEITOS Epidemiologia é uma Ciência que utiliza métodos quantitativos para o estudo dos problemas de saúde; é um Ramo das ciências da saúde que estuda, na população, a ocorrência, a distribuição e os fatores determinantes dos eventos relacionados à saúde. É a ciência básica da Saúde Pública/ Coletiva, sendo essencial para todas as ciências clínicas. Aplica o conceito fundamental de probabilidade de ocorrência de um evento (risco). Epidemiologia descritiva: estuda a frequência e a distribuição dos parâmetros de saúde ou de fatores de risco das doenças nas populações. Quem? Quando? Onde? ; variáveis pessoa, tempo e lugar, respectivamente. Epidemiologia analítica: testa hipóteses de relações de causa e efeito. Utiliza testes de hipóteses, de correlação e de regressão. Trabalha com: • Estudos de coorte: são estudos de acompanhamento, longitudinal e, na maioria das vezes, prospectivo (daqui para frente). • Caso-controle: são estudos retrospectivos. Utiliza o histórico para saber o porquê de as pessoas ficarem doentes. O controle refere-se ao fato que a população deve ter alguma característica em comum, como faixa etária, por exemplo. • Ensaio clínico: estudo experimental, de intervenção. Propõe uma intervençãoque pode mudar ou não o padrão de saúde da população. Um exemplo é os estudos acerto do uso de medicamentos: utiliza-se grupo placebo e grupo com medicamento para analisar a eficácia do mesmo. A epidemiologia descritiva nos da uma base para a realização da epidemiologia analítica. Além de descrever e buscar relações de causa e efeito, a epidemiologia serve para estabelecer as seguintes ações: 1) Prevenção e controle de doenças: consiste na aplicação das técnicas, como o tratamento dos doentes, vacinação, controle ambiental. O controle é a intervenção. 2) Vigilância epidemiológica: prática de saúde pública. Observa tendência e fatores de risco. 3) Monitoramento da situação de saúde: acompanhamento de indicadores. Geovana Sanches - TXXIV 4) Avaliação dos serviços de saúde: através de indicadores que mostram a efetividades das intervenções e dos programas de saúde. 5) Regulação e Fiscalização: termo relacionado ao direito administrativo e poder de polícia. Pode ser entendido como vigilância sanitária. 6) Planejamento e pesquisa: o planejamento define as prioridades e a pesquisa é a agregação do conhecimento científico nas práticas de saúde, além de identificar lacunas no conhecimento científico. Medir saúde e doença é fundamental para a prática da epidemiologia, sendo que diversas medidas são utilizadas para caracterizar a saúde das populações. A epidemiologia colhe, analisa e dissemina informações com o objetivo de acompanhar indicadores, analisar tendências e identificar prioridades. O estado de saúde da população não é totalmente medido em muitas partes do mundo e essa falta de informações constitui um grande desafio para os epidemiologistas. Outro desafio atual é articular clínica, epidemiologia, administração e planejamento nos serviços de saúde. EPIDEMIOLOGIA DESCRITIVA A abordagem descritiva vem crescendo, dada a necessidade de entender os fenômenos que determinam o processo saúde-doença. A epidemiologia na sua forma descritiva trata de estudar a distribuição da frequência das doenças e agravos que acometem a população, tendo em vista três variáveis de destaque (Tríade Básica de epidemiologia descritiva): pessoa, tempo e espaço. Assim, as 3 perguntas essenciais que devemos responder na epidemiologia descritiva são: quem? Quando? Onde? O objetivo de estudar as variáveis é conhecer de forma detalhada as características desses itens e conhecer melhor o comportamento de uma doença. Permitem que se associem as diferentes variáveis, à distribuição das doenças, as causas que levam a morte e as circunstâncias que acometem mais determinada população, e com que características. Os estudos descritivos fornecem informações importantes para alocar recursos financeiros eficientemente e para planejar programas de intervenção ou educacionais. Também geram hipóteses sobre determinantes de doença e estas devem ser testadas em estudos analíticos. Pessoa Quando trabalhamos a variável pessoa, queremos saber quem está adquirindo a doença. Evidências sobre o padrão e possível etiologia da doença. As características analisadas das pessoas acometidas são: • Idade: algumas doenças acometem mais as crianças (diarreias), outras acometem mais os idosos (fratura do fêmur). • Sexo: qual a explicação para a diferença dos agravos entre os sexos? Diferenças biológicas ou exposição a fatores? • Características étnicas: raça , cultura e religião. Exemplos: indivíduos de cor negra e parda têm maior prevalência de HAS; a religião pode induzir a alguns riscos para a saúde, a exemplo de ser contra o uso de preservativos, o que expõe as pessoas a contrair doenças sexualmente transmissíveis. • Condição socioeconômica: ocupação, renda pessoal/familiar/per capita, nível de instrução, tipo e zona de residência, sinais exteriores de riqueza. Exemplo: morar na periferia de grandes cidades geralmente determina gastar mais horas em transporte para chegar ao trabalho, pois a maioria dos empregos está na região central das cidades; ter renda familiar baixa faz com que o acesso a bens e serviços seja mais restrito. • Características familiares: estado civil, idade dos pais, dimensão da família, privação de pais, morbidade familiar por causas específicas (nas famílias em que há muitos membros hipertensos o risco de se tornar hipertenso é maior); famílias com chefes de família muito jovens e com baixa escolaridade são consideradas mais vulnerável, tendo em vista menor maturidade e preparo para o cuidado da família. • Estilo de vida (hábitos e atividades): atividades ocupacionais, abuso de drogas permitidas, uso de drogas ilícitas, comportamento alimentar, atividade física e lazer. Exemplos: o hábito de comer muitas gorduras e frituras pode levar a problemas cardíacos; pessoas sedentárias e com hábito alimentar inadequado podem tornar-se obesas; abuso de álcool pode levar a violência e acidentes. Algumas pesquisas realizadas utilizando-se a epidemiologia descritiva são: Þ ISA- Capital (SP): pesquisa realizada em amostra de domicílios permanentes da área urbana da cidade de SP; está previsto para ocorrer a cada cinco anos, financiado pela Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo e desenvolvido pela FSP-USP, MED-USP, Unicamp, e Instituto de Saúde da Secretaria de Estado de Saúde de SP. Os resultados formam uma linha de base sobre os temas que são objetos de pesquisa. Geovana Sanches - TXXIV Þ SABE- Saúde, Bem estar e Envelhecimento: coordenado pela OPAS/OMS, é um inquérito multicêntrico, que busca saber o perfil de envelhecimento da população. Quando nos referimos à variável pessoa, devemos responder, portanto, perguntas acerca das características da população acometida, como: • De que forma os agravos variam nas pessoas? • Quem são as pessoas acometidas? • O agravo é diferente em homens e mulheres? • Muda de acordo com a idade? Com a condição individual? Espaço O espaço é, geralmente, bem delimitado e definido, tendo em vista a organização mundial e o espaço geográfico dos distintos países. Refere-se a como as doenças e agravos se manifestam em diferentes espaços, sejam estes determinados de forma geográfica, administrativa ou política. Quando nos referimos à variável espaço, devemos responder algumas perguntas, como: • O agravo se distribui de modo homogêneo? • A distribuição espacial das pessoas influencia no grau de risco? Tempo A ocorrência de doenças varia no tempo, podendo ter distribuição: • Horária: surtos com foco comum, como por exemplo as infecções alimentares, causando surtos de diarreia e vômito. • Diária: doenças infecciosas agudas de alta transmissibilidade. • Mensal: sazonalidade (temperatura), em que meses a doença é mais comum, por exemplo: gripe, dengue e coronavírus têm menor transmissão no verão. • Anual: noção de tendências de curvas; avaliar série histórica. Avaliar como a doença está distribuída ao longo dos anos. Aplicações: • Avaliação da qualidade de vida • Avaliação de programas de controle • Avaliação de impacto diante da implantação de uma intervenção. • Estudo de eventos epidêmicos Quando nos referimos à variável tempo, temos as variações regulares (tendência secular, variação sazonal, variação cíclica) e variações irregulares (epidemias, surtos). Variações Regulares Tendência secular: avalia a incidência e prevalência ou mortalidade/letalidade de doenças observadas por um longo período de tempo. Geralmente são avaliados 10 anos ou mais. Variação sazonal: relacionados aos meses do ano. Variação cíclica: variações com ciclos periódicos e regulares. Variações irregulares Endemia: É a ocorrência de determinada doença que acomete sistematicamente populações em espaços característicos e determinados, no decorrer de um longo período, (temporalmente ilimitada), e que mantém uma de incidência relativamente constante, permitindo variações cíclicase sazonais. Ou seja, refere-se a um número elevado de casos de uma doença, sempre aparecendo em um determinado local. Exemplos: • Doença de Chagas -> O Pará tem maior número de casos quando comparado aos outros estados (número absoluto). Quando observamos a incidência, ela também é maior em comparação as demais. Pode-se concluir, assim, que a doença de Chagas é endêmica na região do Para. • Esquistossomose -> a transmissão está concentrada na região Nordeste e Sudeste, sendo endêmica, por exemplo, em Alagoas, Espírito Santo e Minas Gerais • Leptospirose -> Em números de caso, todas as regiões tiveram notificação de leptospirose, mas isso não nos leva a inferências. Quando analisamos a incidência por região, observamos que as maiores ocorrem na região norte e sul, nas quais a doença é considerada endêmica. Nos momentos em que essas variações se apresentam de forma irregular, temos uma epidemia. Para a identificação precisa de uma epidemia, pressupões a disponibilidade, em tempo oportuno, de séries históricas rigorosamente atualizadas e, portanto, a existência de sistemas específicos de vigilância Epidemia: Ocorrência de um claro excesso de casos de uma doença ou síndrome clínica em relação ao esperado para uma determinada área ou grupo específico de pessoas, num particular período de tempo. • Para definir uma epidemia, é necessária uma série histórica, pois precisamos comparar o número de casos anteriores com um aumento abrupto, o qual não era esperado. Poliomielite: endêmica no município de SP até 1950. Após, passou por um período epidêmico, o qual começou a diminui após o início das vacinações contra a doença. Geovana Sanches - TXXIV De acordo com sua evolução no tempo e no espaço, as epidemias podem ser classificadas em: • Pandemias: quando as doenças evoluem disseminando-se por amplas áreas geográficas. Exemplos: Cólera, COVID-19, Influenza. Em 2009, a H1N1 foi considerada uma pandemia pois a maioria dos países confirmaram casos. Atualmente, em 2020, a OMS considerou o COVID-19 como uma pandemia, pois a doença está afetando a maior parte do mundo. • Surtos epidêmicos: ocorrência de dois ou mais casos de uma doença relacionados entre si no tempo e/ou no espaço, atingindo um grupo específico de pessoas, configurando um claro excesso de casos se comparado com a sua frequência normal. Exemplo: surto de sarampo em 2019 no Brasil, principalmente na região metropolitana de São Paulo Muitos epidemiologistas, consideram “surto” e “epidemia” sinônimos. Outros acreditam que a Epidemia ocorre apenas quando há um número grande de pessoas envolvidas. Existem dois tipos de epidemia: 1) Fonte Comum: ocorre em situações nas quais a exposição da população suscetível se dá em relação a uma fonte comum de determinado patógeno, permitindo que os casos apareçam em rápida sucessão e num curto período de tempo. Ou seja, os pacientes devem ter contato com uma fonte comum a todos. Exemplo: Intoxicação alimentar por estafilococos. 2) Progressiva ou propagada: o surto tem progressão mais lenta, ou seja, o número de casos demora mais para aumentar (dias ou semanas). A transmissão pode ocorrer de pessoa para pessoa ou por vetor. Exemplo: sarampo. Cólera: no início, a transmissão era por fonte comum, pois havia duas companhias que faziam o abastecimento de água contaminada nas casas das pessoas -> progressão rápida; após essa descoberta, houve tendência de queda nos casos, mas, a doença continuou aparecendo, pois iniciou-se a transmissão de pessoa para pessoa (epidemia progressiva) Investigação Objetivo: investigar agravos a saúde que necessitam de ações de controle urgentes, geralmente em casos de epidemia. Mais do que saber que há casos, é necessário programar medidas de controle urgentes para que se breque a transmissão. Características: • Identificar: etiologia (origem), fontes e modo de transmissão, grupos expostos a maior risco • Controle e prevenção • Severidade da doença e Risco • Pesquisa e Tratamento • Necessidade de resposta rápida • Alguns dos procedimentos utilizados não apresentam o rigor científico necessário para estabelecer uma relação causal • Frequentemente tem início sem uma hipótese clara • Estudos descritivos -> formulação de hipóteses • Métodos analíticos (caso-controle) DIAGRAMA DE CONTROLE O diagrama de controle é uma ferramenta da epidemiologia para verificar períodos endêmicos ou período epidêmico de determinada doença. Assim, ela permite que conheçamos se há uma endemia ou epidemia de alguma doença em determinado município. Trata-se de uma representação gráfica que utiliza técnicas estatísticas para a sua confecção. Para trabalhar com isso, é necessário que se conheça a faixa de oscilação esperada da incidência de determinada doença em um dado local. Para isso, constrói-se uma curva cujos pontos são calculados por meio das incidências mensais ou semanais. Conhecendo essa incidência (número de casos novos dessa doença), calcula-se a média e o desvio padrão, estabelecendo o limite máximo esperado. Essa ferramenta é utilizada pela vigilância epidemiológica para verificar os períodos endêmicos (incidência dentro dos limites) e períodos epidêmicos (incidência ultrapassa os limites). Cálculo do nível endêmico Para calcular o nível endêmico, deve-se seguir 3 etapas: 1) Calculamos as incidências médias mensais referentes a anos anteriores ao que se quer analisar, abrangendo um intervalo de tempo em geral de dez anos 2) Calculamos, ano a ano, o desvio padrão mensal para levarmos em conta a dispersão dos valores observados em relação à incidência média obtida. 3) Com esses valores (incidências médias mensais e respectivos desvios padrão), estabelece-se um intervalo de variação que será considerado normal. Quando se utiliza a distribuição normal, os limites do nível endêmico – com 95% de certeza – Geovana Sanches - TXXIV encontram-se entre a média mensal acrescida de 1,96 desvio padrão. O diagrama de controle será construído, então, com os valores das incidências médias mensais acrescidas de 1,96 vez o desvio padrão. Com as incidências médias acrescidas de 1,96 vez o desvio padrão, obteremos o limite superior do nível endêmico. • Analisando-se o gráfico, vemos que há vários picos de incidência acima do limite superior, o que caracteriza períodos epidêmicos. Os diagramas de controle são de grande utilidade na área da saúde pública, pois permite a detecção precoce da existência ou não de uma epidemia. Isso auxilia os gestores na tomada de decisão e na implementação de medidas necessárias ao combate de epidemias. A dengue é, no Brasil, um problema anual para os gestores. Devido a isso, o Ministério da Saúde elaborou o Plano de Contingência Nacional para Epidemias de Dengue, o qual é realizado a partir do diagrama de controle. Dependendo de como está a curva do gráfico, há implementação de medidas necessárias considerando-se quatro níveis: • Nível zero: ocorre quando a incidência permanece em ascensão durante 3 semanas consecutivas • Nível 1: ocorre quando a incidência permanece em ascensão por 4 semanas seguidas e/ou ocorra notificação de caso grave ou suspeito de óbito por dengue • Nível 2: ocorre quando o número de casos notificados para o ano ultrapassa o limite máximo superior, com transmissão sustentada de acordo com o diagrama de controle e/ou ocorra um aglomerado de óbitos suspeitos por dengue. • Nível 3: ocorre quando o número de casos notificados para o ano ultrapassa o limite máximo superior, com transmissão sustentada e a mortalidade por dengue nas últimas 4 semanas for maior ou igual a 0,06 a cada 100.000 habitantes. A identificação de cada um desses níveis é norteada pelo diagrama de controle. A esfera federal irá acompanhar, prioritariamente, por diagramas, as capitais, as regiões metropolitanas e os outros municípiosvulneráveis à ocorrência de epidemias de dengue. Os níveis de resposta são acionados em momentos diferentes, de acordo com a curva do diagrama de controle. No plano de contingência elaborado pelo MS, ele coloca quatro grandes eixos para desenvolver as ações, sendo eles: vigilância epidemiológica; assistência; comunicação, mobilização e publicidade; e a gestão. Nesses quatro eixos são necessárias ações específicas, como exemplificadas na tabela a seguir: Geovana Sanches - TXXIV Respostas Vigilância Epidemiológica Assistência Nível 0 Emitir alertas para municípios (capitais) e Secretarias Estaduais de Saúde (SES) Apoiar as capacitações dos profissionais Nível 1 Intensificar a emissão de alertas para municípios (capitais) e SES Acompanhar e orientar a organização da rede de atenção pública e privada, para atendimento dos casos suspeitos de dengue Nível 2 Emitir alertas para municípios (capitais) e SES Apoiar financeiramente os municípios na ampliação da capacidade da rede de atenção. Nível 3 Subsidiar a tomada de decisão para acionamento da Força Nacional do SUS Apoiar financeiramente os municípios na ampliação da capacidade da rede de atenção. Cabe à Coordenação-Geral do Programa Nacional de Controle da dengue (CGPNCD) a responsabilidade de acompanhar a situação dos indicadores, avaliando a necessidade de acionamento das etapas previstas no PCNED. Para tanto, informes técnicos, contendo a situação epidemiológica (casos prováveis, descartados, casos graves e óbitos) e a análise dos diagramas de controle serão apresentados nas reuniões semanais do Comitê de Monitoramento de Emergências (CME) subsidiando a tomada de decisão. VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA Vigilância em Saúde A expressão “Vigilância em Saúde” remete, inicialmente, à palavra vigiar. Sua origem- do latim vigilare- significa observar atentamente, estar atento a, atentar em, estar de sentinela, etc. O conceito inicial se relacionada com conceito de saúde e doença presentes em cada época e lugar, às práticas de atenção dos doentes e aos mecanismos adotados para tentar impedir a disseminação das doenças. O desenvolvimento das investigações no campo das doenças infecciosas e o advento da bacteriologia, resultaram no aparecimento de novas e mais eficazes medidas de controle das doenças. Desde a década de 50, o conceito “vigilância” vem sendo modificado, atingindo um cenário mais amplo no campo da saúde: “Acompanhamento sistemático de eventos adversos à saúde na comunidade” No campo da saúde, a vigilância está relacionada às práticas de atenção e promoção da saúde dos cidadãos e aos mecanismos adotados para prevenção de doenças. Ela integra diversas áreas de conhecimento e aborda diferentes temas, tais como política e planejamento, territorialização, epidemiologia, processo saúde-doença, condições de vida e situação de saúde das populações, processo de trabalho e ambiente e saúde. A vigilância em saúde é dividida em vários departamentos, sendo importante a articulação entre as vigilâncias e os níveis de atenção, ou seja, aos serviços de saúde, pois são eles quem fazem as notificações. São elas: • Vigilância epidemiológica • Vigilância ambiental: foco nos fatores não biológicos do meio ambiente que possam promover riscos à saúde humana: água para consumo humano, ar, solo, desastres naturais, substâncias químicas, acidentes com produtos perigosos, fatores físicos e ambiente de trabalho (relacionado à substâncias). • Vigilância sanitária: é entendida como um conjunto de ações capazes de eliminar, diminuir ou prevenir riscos à saúde e de intervir nos problemas sanitários decorrentes do meio ambiente, produção e circulação de bens e prestação de serviços de interesse da saúde. Abrange o controle de bens de consumo que direta ou indiretamente se relacionam com a saúde, compreendidas todas as etapas e processos, da produção ao consumo; e o controle da prestação de serviços que direta ou indiretamente se relacionam com a saúde. • Vigilância saúde do trabalhador: caracteriza-se como um conjunto de atividades destinadas à promoção e proteção, recuperação e reabilitação da saúde dos trabalhadores Geovana Sanches - TXXIV submetidos aos riscos e agravos advindos das condições de trabalho. Vigilância epidemiológica Lei 8080: Entende-se por “Vigilância epidemiológica” um conjunto de ações que proporcionam o conhecimento nos fatores determinantes e condicionantes de saúde individual ou coletiva, com a finalidade de recomendar e adotar as medidas de prevenção e controle das doenças e agravos. Ou seja, tem papel de monitorar as doenças e avaliar os fatores relacionados ao seu surgimento, além de recomendar medidas de prevenção. No âmbito hospitalar a vigilância epidemiológica realiza o monitoramento de casos hospitalizados por doenças e agravos prioritários para o Sistema Nacional de Vigilância em Saúde (SNVS), através da notificação compulsória. A notificação compulsória consiste na comunicação obrigatória à autoridade de saúde, realizada pelos médicos, profissionais de saúde ou responsáveis pelos estabelecimentos de saúde, públicos ou responsáveis pelos estabelecimentos de saúde, públicos ou privadas, sobre a ocorrência de suspeita ou confirmação de doença, agravo ou evento de saúde pública, descritos nas portarias e resoluções específicas, podendo ser imediata ou semanal, de acordo com o agravo. A listagem das doenças de notificação nacional é estabelecida pelo MS entre as consideradas de maior relevância sanitária para o país. Exemplos: doença de Chagas crônica, cólera, botulismo, dengue (óbitos)... Deve-se notificar a simples suspeita da doença ou evento. Não se deve aguardar a confirmação do caso para se efetuar a notificação, pois isso pode significar perda da oportunidade de intervir eficazmente. A notificação tem de ser sigilosa, só podendo ser divulgada fora do âmbito médico-sanitário em caso de risco para a comunidade, respeitando-se o direito de anonimato dos cidadãos. O envio dos instrumentos de coleta de notificação deve ser feito mesmo na ausência de casos, configurando-se o que se denomina notificação negativa, que funciona como um indicador de eficiência do sistema de informações. As fichas de notificação compulsória são enviadas e alimentam o “Sistema de Informação de Agravos de Notificação” (SINAN). A partir disso, pode- se calcular a incidência, prevalência, letalidade e mortalidade, bem como realizar análises, de acordo com as características de pessoa, tempo e lugar, particularmente, no que tange às doenças transmissíveis de notificação obrigatória. Além disso, é possível avaliar-se a qualidade dos dados. A notificação é necessária pois a partir de determinada combinação e interpretação de dados, obtemos a informação. Ela possibilita o conhecimento, a avaliação e o juízo sobre determinada situação. Sendo um importante recurso para subsidiar o processo de planejamento, tomada de decisão, execução e avaliação das ações desencadeadas. A investigação epidemiológica é um trabalho de campo, realizado a partir de casos notificados (clinicamente declarados ou suspeitos) e seus contatos, que tem como principais objetivos: identificar fonte de infecção e modo de transmissão; identificar grupos expostos a maior risco e fatores de risco; confirmar o diagnóstico; e determinar as principais características epidemiológicas. O seu propósito final é orientar medidas de controle para impedir a ocorrência de novos casos. Na investigação epidemiológicas, há várias questões a serem respondidas, as quais nos trazem informações: 1) Trata-se realmente de casos da doença que se suspeita? -> confirmação do diagnóstico 2) Quais são os principais atributos individuais dos casos? -> identificação de características biológicas, ambientais e sociais 3) A partir do que ou de quemfoi contraída a doença? -> fonte de infecção 4) Como o agente da infecção foi transmitido ao doente? -> modo de transmissão 5) Outras pessoas devem ter sido infectadas/afetadas a partir da mesma fonte de infecção? -> Determinação de abrangência de transmissão 6) A quem os casos investigados podem ter transmitido a doença? -> Identificação de novos casos/contatos/comunicantes 7) Que fatores determinaram a ocorrência da doença ou podem contribuir para que os casos possam transmitir a doença a outras pessoas? -> Identificação dos fatores de risco 8) Durante quanto tempo os doentes podem transmitir a doença? -> Determinação do período de transmissibilidade 9) Como os casos encontram-se distribuídos no espaço e tempo? -> Determinação de agregação espacial e/ou temporal dos casos 10) Como evitar que a doença atinja outras pessoas ou de dissemine na população? -> Medidas de controle Sistemas de informação Ø SINAN (Sistema de Informação de Agravos de Notificação): utilizado na vigilância epidemiológica. Geovana Sanches - TXXIV Ø SIM (Sistema de Informações sobre Mortalidade): utilizado para o cálculo dos coeficientes de mortalidade geral e específica, por exemplo. Ø SINASC (Sistema de Informação sobre Nascidos Vivos): utilizado para o cálculo de mortalidade infantil e mortalidade materna, por exemplo. Ø SIH/SUS (Sistema de Informações hospitalares): inclui quaisquer casos de internação hospitalar, quantidade de dias internado, qual a causa da internação, etc. Ø SAI/SUS (Sistema de Informações Ambulatoriais do SUS) : sistema no qual são lançadas as produções (quantidade de consultas, diagnósticos, etc.) Ø SIAB (Sistema de Informação da Atenção Básica): atualmente não está sendo muito utilizado, mas costumava monitorar casos de HA, DM, etc. Ø SISVAN (Sistema de Informações de Vigilância Alimentar e Nutricional): atualmente não é mais tão utilizado, mas incluía número de desnutridos, obesos, etc. Ø SI-PNI (Sistema de Informações do Programa Nacional de Imunização): inclui-se todas as vacinas que foram fornecidas aos usuários; a partir dele conseguimos fazer busca ativa de pacientes com atraso vacinal (para vacinas e grupos específicos). Ø SISÁGUA (Sistema de Informação de Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano) : esse sistema é utilizado principalmente em regiões que tenham alta incidência de doenças relacionadas a ingestão de água Na vigilância epidemiológica, o conjunto das doenças e agravos não transmissíveis (DANT) inclui Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT) e Violências e Acidentes (causas externas), o que mostra que esses fatores são de grande importância para morbidade e mortalidade e devem ter uma atenção especial. As DANT são responsáveis por cerca de 80% dos óbitos paulistanos, proporção esta que vem crescendo ano a ano. A maior parcela está relacionada a complicações cardiocirculatórias, cerebrovasculares e hipertensivas, que correspondem a aproximadamente 33% da mortalidade; segue-se de neoplasias, com 23% e outras doenças não transmissíveis, com cerca de 17%. Outra causa importante, com aproximadamente 15%, se dá por doenças infecciosas e parasitárias. A vigilância das DCNT compreende: o conjunto de ações que possibilita conhecer a distribuição, a magnitude e a tendência dessas doenças; fontes secundárias de informação e um monitoramento contínuo dos fatores de risco; e a identificação dos condicionantes sociais, econômicos e ambientais dessas doenças para subsidiar o planejamento, a execução, a avaliação da prevenção, do controle e do enfrentamento das mesmas. Os componentes essenciais da vigilância de DCNT são: 1) Monitoramento dos fatores de risco 2) Monitoramento da morbidade e mortalidade das DCNT 3) Monitoramento e avaliação das ações de assistência e promoção da saúde O Instrumento norteador da Vigilância de DCNT é o Plano de Ações Estratégicas para o Enfrentamento das Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT) no Brasil, criado pelo MS em 2011 e com validade até 2022. Nesse documento encontram-se detalhados os indicadores, metas, objetivos e ações a serem desenvolvidas pela vigilância de DCNT. A partir da vigilância de DANT, que tem como objetivo o monitoramento, a prevenção e o controle dessas doenças, faz-se projetos de intervenção de prevenção e promoção da saúde, virando intervir nos fatores de risco e protetores de DCNT, como por exemplo: alimentação saudável, atividades físicas, prevenção de violências, prevenção do tabagismo. Essas técnicas são consideradas promotoras da saúde, e são de extrema importância para a prevenção dessas doenças. Dentre as políticas públicas que visam a efetividade dessas técnicas, temos: Política Nacional de Promoção da Saúde (PNPS); Política Nacional de Alimentação e Nutrição (PNAN); Diretrizes e Recomendações para o Cuidado Integral de DCNT- Promoção da Saúde, Vigilância, Prevenção e Assistência; Academia da Saúde; Programa Nacional de Controle do Tabagismo. Notificação das Violências A notificação de violências tem caráter universal e compulsório. Todos os estabelecimentos de saúde, públicos ou privados, devem preencher a ficha de notificação individual de violência- SINAN e encaminhar uma cópia para a Supervisão de Vigilância em Saúde- SUVIS de sua região ou registar os dados diretamente no Sistema (de acordo com o cadastro de unidades de saúde com permissão de acesso ao Geovana Sanches - TXXIV Sistema, definido pela SUVIS e Núcleo de Informação para a Vigilância em Saúde- COVISA/NIVS). É importante ressaltar que esta notificação não substitui a Comunicação aos Conselhos Tutelares, à Defensoria Pública ou ao Ministério Público. Todo caso de violência contra a criança e adolescente deve ser comunicado aos órgãos de defesa e proteção- Conselho Tutelar, ou se necessário à Defensoria Pública ou ao Ministério Público, por meio de instrumento próprio (Comunicado, Relatório), elaborado e assinado pelo profissional responsável pelo atendimento ou pela unidade de atendimento (Estatuto da Criança e do Adolescente- ECA). Os casos de violência contra o idoso devem ser comunicados aos órgãos de defesa e proteção: Conselho Municipal do Idoso, ou se necessário à Defensoria Pública ou ao Ministério Público, por meio de instrumento próprio (Comunicado, Relatório), elaborado e assinado pelo profissional responsável pelo atendimento ou pela unidade de atendimento (Estatuto do Idoso). No caso de violência contra a mulher, deve-se notificar e registrar no SINAN, conforme orientação da SUVIS da sua região. Não é necessário para o atendimento e encaminhamentos das situações de violência contra a mulher, o registro do Boletim de Ocorrência nas delegacias de polícia. É decisão da mulher fazer o registro ou não. Alguns marcos referenciais contra essas violências foram: • Lei 8069/1990- Estatuto da Criança e Adolescente • Lei 10778/2003- Notificação de Violência contra Mulher • Lei 10741/2003- Estatuto do Idoso Acidentes Os casos de acidentes atendidos nos estabelecimentos de saúde devem ser notificados na Ficha de Notificação de Casos Suspeitos ou Confirmados de Acidentes e registrados no Sistema de Informação para a Vigilância de Acidentes- SIVA- SMS/COVISA. Serão registrados nesse sistema, os casos de acidente (referido ou observado) – Causas Externas – Capítulos XIX, destacando-se os casos de acidentes de trânsito e de transporte, quedas e outros acidentes. Não devem ser notificados no SIVA, os acidentes de trabalho, as intoxicações exógenas, os acidentes com animais e os acidentes com animais peçonhentos, pois esses agravos são notificados nas fichas próprias e específicas do SINAN. As fichas de notificação devem ser arquivadas na Unidade de Saúde de Atendimento em arquivo próprio da Equipe de Vigilância em Saúde. É recomendável que se anote no Prontuário do Paciente a informação da notificação com o númerodo SIVAN e outras informações importantes, tais como encaminhamentos, contatos realizados, entre outros. Ações e políticas públicas Algumas ações/políticas públicas acerca desses aspectos são a criação de campanhas de combate a violência contra crianças e adolescentes- Dia nacional de enfrentamento à violência sexual contra crianças e adolescentes (18 de maio) e do combate a violência contra a pessoa idosa- Dia mundial de conscientização da violência contra a pessoa idosa (15 de junho). O Setembro Amarelo é uma campanha do MS organizada pela SMS, que tem como proposta trabalhar durante o mês de setembro, a conscientização sobre a importância da prevenção do suicídio. São ações realizadas a partir da mobilização de profissionais da saúde e da população. O objetivo da campanha é firmar o compromisso com a vida, alertando para as possibilidades da prevenção desse agravo que atinge principalmente adolescentes, adultos jovens e idosos. Dentre os documentos acerca da violência, há o “Violência na cidade de São Paulo”; “Boletim de vigilância de violência”, além da campanha “Notificar é cuidar!”. Incluindo-se os acidentes, há ainda a “Política Nacional de Redução da morbimortalidade por acidentes e violências”. Finalizando... Vigilância em saúde: tem por objetivo a observação e análise permanente da situação de saúde da população, articulando-se em um conjunto de ações destinadas a controlar determinantes, riscos e danos à saúde de populações que vivem em determinados territórios, garantindo a integralidade da atenção, o que inclui tanto a abordagem individual como coletiva dos problemas de saúde. Vigilância epidemiológica: tem como funções, dentre outras: coleta e processamento de dados; análise e interpretação dos dados processados; divulgação das informações; investigação epidemiológica de casos e surtos; análise dos resultados obtidos e recomendações e promoção das medidas de controle indicadas. INDICADORES EPIDEMIOLÓGICOS DE MORBIDADE Morbidade é o termo usado para designar o conjunto de casos de uma determinada doença ou soma de agravos a saúde que atingem um grupo de indivíduos em um dado intervalo de tempo e lugar específico. Os três indicadores são: • Coeficiente de incidência • Coeficiente de prevalência • Coeficiente de letalidade Um coeficiente sempre mede a probabilidade ou risco de um evento ocorrer na população, em determinado local e ano. Ele sempre deve estar acompanhado de um denominador. Outra Geovana Sanches - TXXIV característica é o fator multiplicador; como estamos lidando com pessoas, os valores devem ser em números inteiros e o fator multiplicador deve ter base 10 elevado a uma potência n. Coeficientes de mortalidade • Coeficiente de mortalidade geral: x 1.000 • Coeficiente de mortalidade por causas específicas: x 100.000 • Coeficiente de mortalidade materna: x 100.000 • Coeficiente de mortalidade infantil: x1.000 Coeficientes de morbidade • Coeficiente de incidência e prevalência: o fator multiplicador dos fatores de morbidade depende da doença que está sendo estudado • Doenças mais frequentes, x100, e o resultado será em porcentagem. • Doenças e eventos raros, x10.000 ou x100.000 Incidência Oriundos de uma população sob risco de adoecimento, ao longo de um determinado período de tempo. A incidência se refere ao número de novos casos, por isso, ela mede a frequência com que as pessoas ficam doentes. Para saber que um caso é novo, é necessário que cada indivíduo seja observado em no mínimo duas ocasiões: t0 (“sadio”) ------------------------- t (caso novo) Coeficiente de incidência da doença Representa o risco de ocorrência de casos novos de uma doença na população. Ele pode ser calculado por regra de três, ou pela seguinte fórmula: Prevalência Refere-se a permanência de uma doença (ou outro evento de saúde) em uma população que vive no mesmo espaço e no mesmo período. É a frequência de casos existentes, em que as pessoas já estão doentes. Coeficiente de prevalência da doença Representa o número de casos existentes ou presentes (novos + antigos) em uma determinada comunidade num período de tempo especificado. A prevalência pode, ainda, ser calculada a partir da incidência (quando a incidência é constante): Prevalência = incidência x t (duração média da doença). Exemplo: 20 novos casos de uma nova doença a cada ano. O que aconteceria em 5 anos? Prevalência = 20 (casos/ ano) x 5 (tempo) = 100 casos → logo, a incidência é constante (20 casos/ ano) Fatores que podem alterar a prevalência • Maior número de diagnóstico (aumenta a prevalência) • Melhora no tratamento (aumenta a prevalência devido a maior sobrevida) • Óbitos e cura (diminui a prevalência) • Migração o Imigração (aumenta a prevalência) o Emigração (diminuição na prevalência pois as pessoas saem de determinada localidade) Principais utilizações dos indicadores Incidência: utilizada para analisar a ocorrência de novos eventos na população e determinar seus fatores associados. É utilizado para estimar o risco, ou seja, a probabilidade de um novo evento ocorrer. Prevalência: utilizada principalmente por gestores da área da saúde para planejar e organizar os serviços e recursos existentes e adicionais, se necessário. Representação gráfica O gráfico representa os casos de doenças (início, desenvolvimento e fim) de 1 de janeiro a 31 de dezembro em uma comunidade. Para interpretação do gráfico, devemos contar os traços que aparecem na legenda como início da Geovana Sanches - TXXIV doença para determinar a incidência. Já para saber o coeficiente de incidência, deve-se aplicar a fórmula estudada. Já a prevalência é representada pelas bolas pretas, sendo o coeficiente de prevalência também calculado pela fórmula. COEFICIENTE DE LETALIDADE Representa a proporção de óbitos entre os casos da doença. Ele mede o risco de morrer por determinado evento ou doença, podendo ser calculado através da fórmula abaixo, sendo o resultado dado sempre em percentual: É um indicativo da gravidade da doença ou agravo na população, que pode ser uma característica da própria doença (como a raiva humana), ou pode ser influenciado por fatores que aumentam ou diminuem a letalidade na população (como as condições socioeconômicas, estado nutricional, acesso a medicamentos). Além disso, a população de interesse no caso da letalidade é a população doente, pois busca-se saber o quanto determinada doença mata. A letalidade é diferente de mortalidade, pois o denominador na mortalidade é a população total e representa o risco de óbito na população, enquanto a letalidade representa o risco que as pessoas com a doença têm de morrer. ANOS DE VIDA PERDIDOS AJUSTADOS CARGA GLOBAL DE DOENÇAS Avalia dados de morbimortalidade de quase todos os países do mundo e busca quantificar a carga global de doenças e o quanto que as doenças impactam na qualidade de vida das populações. TRANSIÇÃO DEMOGRÁFICA • Transição epidemiológica • Ocorrência de doenças Transição epidemiológica A epidemiologia clássica pode não ser suficiente para quantificar este processo. Mortalidade: uma morte aos 20 anos tem maior impacto do que uma ocorrida aos 80. Morbidade: doenças causam incapacidades diferentes. Surge o conceito de “carga de doença”. CARGAS DE DOENÇA • Morte precoce; • Doença leve resolvida; • Doença grave resolvida; • Doença crônica. Nem toda incapacidade e perda da qualidade de vida é igual. TERMOS YLL - Years of Life Lost Anos de Vida Perdidos por Morte Prematura. YLL = Idade no momento da morte - Maior expectativa de vida possível Por exemplo, se a expectativa de vida mais longa para os homens em um determinado país é de 75, mas um homem morre de câncer aos 65 anos, esta seria de 10 anos de vida perdidos devido ao câncer. YLD - Years Lost due to Disability Anos PerdidosDevido à Incapacidade. É o indicador mais importante. Pode ser descrito como anos vividos com uma saúde menos do que a ideal (não saudável). Prevalência da condição multiplicado pelo peso deficiência para essa condição Pesos de deficiência refletem a gravidade das condições diferentes e foram desenvolvidos através de inquéritos da população em geral DALY - Disability Adjusted Life Years DALY = Anos de Vida Perdidos por Morte Prematura (YLL) + Anos Perdidos Devido à Incapacidade (YLD) → expressa a carga total que a perda de saúde impõe. Um DALY = um ano perdido de vida saudável. DALYs nos permitem estimar o número total de anos perdidos devido a causas específicas e fatores de risco. Esperança de vida saudável ao nascer (HALE) O cálculo do número de DALY por país, sexo e idade também permite estimar a esperança de vida saudável ao nascer (Healthy Life Expectancy [HALE]). HALE = Expectativa de anos de vida ao nascer - anos de vida perdidos por morte prematura ou incapacidade (DALY) CONCLUSÃO Dados detalhados - doenças, lesões e fatores de risco que são insumos essenciais para a formulação de políticas. Tendências na saúde global - Três “Ds”: • Demográfica; • Doenças e • Disability (invalidez). Transição demográfica (redução da mortalidade infantil e a população está envelhecendo). DCNTs e a invalidez causaram o maior compartilhamento de perda de saúde em 2010 em comparação com 1990. Mensuração de saúde - orientar a elaboração de intervenções de saúde pública para garantir que sejam adaptadas às necessidades específicas.
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