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Inflamação Aguda: Visão Geral

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Geovana Sanches - TXXIV 
 
Patologia 
Professoras Glaucia Soares e Denise Barcelos 
INFLAMAÇÃO AGUDA 
Visão Geral 
A inflamação é uma resposta protetora que envolve células do hospedeiro, vasos sanguíneos, 
proteínas e outros mediadores. Ela é essencial para a sobrevivência dos organismos, combatendo os danos 
e mantendo a homeostasia. 
É destinada a eliminar a causa inicial da lesão celular, bem como as células e tecidos necróticos que 
resultam da lesão original. Isso ocorre pela diluição, destruição ou neutralização dos agentes nocivos. Além 
disso, é responsável por iniciar o processo de reparo, movimentando os eventos que curam e reparam os 
sítios de lesão. Sem inflamação, as infecções prosseguiriam sem controle e as feridas jamais cicatrizariam. 
A resposta inflamatória se inicia através de vias de sinalização, sendo elas desencadeadas pelos 
tecidos com infecções ou o início do processo de cicatrização de feridas. As reações vasculares e celulares 
são disparadas por fatores solúveis que são produzidos por células ou derivadas de proteínas do plasma, as 
quais são ativadas em resposta aos estímulos inflamatórios: microrganismos, células necróticas, hipóxia. 
Mediadores inflamatórios determinam seu padrão, severidade e manifestações clínicas e patológicas. Assim, 
dependendo da natureza do estímulo e da efetividade da reação inicial, a inflamação pode ser: aguda ou 
crônica. 
As manifestações externas da inflamação, chamadas de sinais cardinais, são: calor (aquecimento), 
rubor (vermelhidão), tumor (edema), dor e perda de função (functio laesa). Essas manifestações são 
consequência das alterações vasculares e do recrutamento e ativação dos leucócitos. 
A inflamação é normalmente controlada e autolimitada. Ela termina quando o agente agressor é 
eliminado, pois isso leva ao esgotamento e dissipação dos mediadores inflamatórios. Além disso, os 
leucócitos têm meia-vida curta nos tecidos e são degradados. Há, ainda, a ativação dos mecanismos anti-
inflamatórios, que servem para controlar a resposta, evitando dano excessivo ao hospedeiro. 
Em algumas situações a inflamação pode ser prejudicial. Isso ocorre quando ela é direcionada a 
tecidos próprios, como por exemplo na artrite reumatoide, aterosclerose, fibrose pulmonar e reações de 
hipersensibilidade. 
Inflamação aguda 
A inflamação aguda é uma rápida resposta do hospedeiro, que serve para levar leucócitos e proteínas 
do plasma (como anticorpos) para o local do tecido injuriado. Ela se manifesta através de 2 componentes 
principais: 
• Alterações vasculares: mudança do calibre vascular para aumento do fluxo sanguíneo (vasodilatação) 
e mudanças estruturais na microvasculatura, que permitem que as proteínas do plasma e as células 
saiam da circulação (aumento da permeabilidade). 
• Eventos celulares: emigração dos leucócitos da microcirculação e seu acúmulo no foco da lesão 
(recrutamento e ativação celular). Esses leucócitos, quando ativados, eliminam o agente agressor por 
fagocitose ou iniciam o processo de eliminação dos tecidos necróticos. Os principais leucócitos da 
inflamação aguda são os neutrófilos (leucócitos polimorfonucleares) 
Estímulos para inflamação aguda 
A inflamação aguda pode ser estimulada por diferentes fatores, como: 
1. Infecções: bacteriana, viral, fúngica e parasitária. 
- As toxinas microbianas são as causas mais importantes relacionadas a inflamação. 
- Os receptores do tipo toll (TLRs) reconhecem os produtos microbianos e ativam vias de sinalização, 
promovendo a liberação dos mediadores. 
2. Trauma (corte e penetração) e vários agentes químicos e físicos (lesão térmica, irradiação, toxicidade de 
algumas substâncias químicas ambientais) lesam as células do hospedeiro, induzindo às reações 
inflamatórias. 
3. Necrose tecidual: independe da causa da necrose (isquemia, trauma, injúria física/química), ela induz a 
inflamação por produzir e liberar acido úrico, ATP e DNA no citoplasma. Na hipóxia, subjacente à injúria 
celular, há inflamação mediada por HIF-1alfa, a qual ativa a transcrição de genes. 
 Geovana Sanches - TXXIV 
 
4. Corpos estranhos: lascas de madeira, sujeira e suturas, levam à injúria tecidual traumática. 
5. Reações imunes: também chamadas de reações de hipersensibilidade. O sistema imune causa dano nos 
próprios tecidos. Como esses estímulos não podem ser eliminados, as reações tendem a ser persistentes e 
difíceis de curar, estando mais associados com a inflamação crônica -> “doença inflamatória 
imunomediada”. 
 Embora diferentes estímulos possam induzir reações com algumas características distintas, todas as 
reações inflamatórias compartilham as mesmas características básicas. 
Reações dos vasos sanguíneos 
As principais alterações vasculares da inflamação aguda são o aumento do fluxo sanguíneo resultante 
da vasodilatação e o aumento da permeabilidade vascular, ambos destinados a trazer células sanguíneas e 
proteínas para os sítios de infecção ou lesão. Correspondem a fase inicial da resposta inflamatória. 
Ø Mudanças no fluxo e no calibre vascular 
• Vasodilatação: é uma das manifestações iniciais, envolvendo inicialmente à constrição transitória das 
arteríolas (dura apenas alguns segundos) e, após, a vasodilatação das mesmas, resultando em aumento 
do fluxo sanguíneo e abertura dos leitos capilares. Causa calor e vermelhidão (eritema) no local. Os 
principais mediadores são a histamina e o óxido nítrico (NO). 
• Aumento da permeabilidade vascular 
• Estase: lentificação do fluxo sanguíneo, com a concentração de hemácias em pequenos vasos e 
viscosidade aumentada do sangue. É um processo característico de vasos congestivos. Quando a estase 
se desenvolve, os leucócitos (principalmente neutrófilos) começam a se acumular ao longo da superfície 
endotelial vascular, processo denominado marginação. 
• Migração dos leucócitos com a mudança do fluxo: aderem ao endotélio e logo depois migram através da 
parede vascular para dentro do tecido intersticial. 
Ø Permeabilidade vascular 
O aumento da permeabilidade vascular leva ao extravasamento de fluido rico em proteínas e de 
células sanguíneas para dentro dos tecidos extravasculares. Isso provoca aumento da pressão osmótica do 
líquido intersticial, levando a maior efluxo de água do sangue para os tecidos. O acúmulo de líquido rico em 
proteínas resultando é chamado de exsudato. 
 O exsudato é o fluido extravascular que tem alta concentração proteica, contém restos celulares e 
tem uma alta gravidade específica. A exsudação é, portanto, o processo de escape dos fluidos, proteínas 
e células sanguíneas do sistema vascular para dentro do tecido e de cavidades -> ocorre devido ao 
aumento da permeabilidade vascular. São típicos da inflamação. 
 O transudato é o acúmulo de fluido com baixo conteúdo proteico, pouco ou nenhum material 
celular e baixa gravidade específica. É causado pela diminuição da pressão osmótica coloidal e aumento 
da pressão hidrostática, geralmente em consequência da redução do retorno venoso. 
 Ambos podem produzir EDEMA-> excesso de fluido no tecido intersticial ou cavidades serosas. 
• Pus= exsudato purulento = rico em neutrófilos, restos celulares mortos e, muitas vezes, micróbios. 
 
Os mecanismos que contribuem para o aumento da permeabilidade vascular são: 
A) Normal: células em fluxo normal e endotélio integro. 
 
B) Retração das células endoteliais: ocorre principalmente nas vênulas, induzido por histamina, NO e 
outros mediadores. Encontramos um espaço aumentado entre as células endoteliais, sendo esse o 
mecanismo mais comum do extravase -> RESPOSTA INFLAMATÓRIA IMEDIATA, rápida e curta 
(minutos). 
 Geovana Sanches - TXXIV 
 
 
C) Lesão endotelial -> ocorre nas arteríolas, capilares e vênulas. É causada por queimaduras e algumas 
toxinas microbianas. O início é rápido e o extravasamento vascular pode ser de vida longa, durando 
por horas ou dias. 
 
D) Injúria vascular mediada por leucócito: ocorre nas vênulas e capilarespulmonares. Está associada 
com estágios tardios da inflamação, iniciando-se após a injuria e permanecendo até que os vasos 
danificados sejam trombosados ou reparados. Os neutrófilos aderem ao endotélio e migram ; há 
danos nas células endoteliais, amplificando a reação. 
 
E) Transcitose aumentada: ocorre nas vênulas e é induzida pelo Fator de crescimento endotelial 
vascular (VEGF). Há transporte aumentado de fluidos e proteínas através da célula endotelial, 
provavelmente por um aumento no número e tamanho de canais (criado pelo VEGF). 
 
Ø Respostas dos Vasos Linfáticos 
Os vasos linfáticos também participam da resposta inflamatória. O fluxo da linfa é aumentado e 
auxilia a drenagem do fluido do edema, dos leucócitos e restos celulares do espaço extravascular. 
Nas reações inflamatórias mais severas, especialmente em resposta aos micróbios, os linfáticos 
podem transportar o agente lesivo, contribuindo para sua disseminação. 
Reações dos leucócitos 
Os leucócitos precisam ser recrutados para chegarem aos locais de injúria e assim, eliminarem os 
agentes agressores. Os processos envolvendo os leucócitos na inflamação consistem em: recrutamento dos 
leucócitos presentes no sangue para dentro dos tecidos extravasculares; reconhecimento dos micróbios e 
tecidos necróticos; remoção do agente agressor. 
Ø Recrutamento dos leucócitos 
Quando um patógeno invade o tecido, os macrófagos residentes o reconhecem e iniciam o processo 
de fagocitose. Além disso, eles liberam citocinas, como o TNF (estimula a migração de outras células para o 
local afetado) e o IL-8. Essas duas citocinas em conjunto atuam na quimiotaxia dos leucócitos e estimulam 
as células endoteliais a expressarem selectinas. 
Normalmente, os leucócitos fluem rapidamente no sangue, sendo que, na inflamação, eles precisam 
ser parados e levados ao tecido injuriado. A sequência de eventos no recrutamento dos leucócitos da luz 
vascular para o espaço extravascular consiste em (1) marginação e rolamento ao longo da parede dos vasos; 
(2) aderência firme ao endotélio; (3) transmigração entre as células endoteliais; (4) migração para os tecidos 
intersticiais, em direção a um estímulo quimiotático. 
1. Marginação e rolamento 
 Geovana Sanches - TXXIV 
 
As células circulantes no sangue são deslizadas pelo fluxo laminar contra a parede do vaso. Os 
eritrócitos são menores e tendem a se mover mais rápido que os leucócitos, sendo que os últimos são 
empurrados para fora da coluna axial, tendo maior possibilidade de interagir com as células endoteliais de 
revestimento. O processo de acúmulo de leucócitos na periferia dos vasos é chamado de marginalização. 
Caso as células endoteliais sejam ativadas por citocinas e outros mediadores produzidos localmente, 
elas expressam moléculas de adesão (selectinas) às quais os leucócitos se aderem. Subsequentemente, eles 
se destacam e rolam na superfície endotelial, aderindo-se transitoriamente, processo denominado 
rolamento. 
• Selectinas são receptores expressos nos leucócitos e no endotélio contendo um domínio extracelular 
que se liga a açúcares. Normalmente as selectinas endoteliais são expressas em níveis baixos, sendo 
hiper-reguladas após estimulação por citocinas e outros mediadores específicos. 
2. Adesão 
As células endoteliais começam a produzir quimiocinas, inclusive IL-8, promovendo a expressão de 
integrinas nos leucócitos. Nas células endoteliais, são encontrados ligantes de integrinas, os quais são 
denominados Icam e Vcam. 
A ligação entre os neutrófilos e as integrinas são de alta afinidade, sendo denominadas adesão 
propriamente dita. Essa interação permite que o leucócito pare o rolamento e adentre nos tecidos de 
interesse. 
• Integrinas são glicoproteínas heterodiméricas transmembrana que medeiam a adesão dos leucócitos 
ao endotélio e a várias células da matriz extracelulas. Elas são expressas, normalmente, nas 
membranas plasmáticas dos leucócitos, em estado de baixa afinidade, e não aderem a seus ligantes 
apropriados até que os leucócitos sejam ativados pelas quimiocinas. 
• Quimiocinas são quimioatraentes secretados por várias células nos locais de inflamação. Eles ativam 
os leucócitos, promovendo mudanças conformacionais nas integrinas, convertendo-as em estado de 
alta afinidade. Ao mesmo tempo, outras citocinas (como TNF e IL-1) ativam as células endoteliais 
para aumentar sua expressão de ligantes para integrinas. 
3. Trasmigração 
Após a firme aderência do leucócito na superfície endotelial, eles migram pela parede do vaso, 
espremendo-se entre as células ao nível das junções intercelulares. Esse processo de migração é 
denominado DIAPEDESE, e é orientado pelas quimiocinas, produzidas nos tecidos extravasculares. 
Além disso, a PECAM-1 (também chamada de CD31), uma molécula de adesão celular expressa em 
leucócitos e células endoteliais, medeia os eventos de ligação necessários para os leucócitos atravessarem 
o endotélio. Essa molécula auxilia o neutrófilo na contração do seu citoesqueleto, facilitando a passagem 
entre as células endoteliais. 
4. Migração para os tecidos intersticiais 
Após o extravasamento, os leucócitos migram em direção do local da lesão ou infecção, ao longo de 
um gradiente químico, processo chamado de quimiotaxia. O tipo de leucócito emigrante varia com o tempo 
da resposta inflamatória e o tipo de estímulo. 
Na maioria das inflamações agudas, os neutrófilos predominam durante as primeiras 6-24 horas, 
sendo substituídos por monócitos em 24-48 horas. Há algumas exceções, como nas infecções virais, em que 
os linfócitos são as primeiras células a chegarem e nas reações de hipersensibilidade, em que os eosinófilos 
podem ser o principal tipo celular. 
 
 Geovana Sanches - TXXIV 
 
Ø Reconhecimento dos microrganismos e tecidos mortos 
Os leucócitos expressam vários receptores que reconhecem o estímulo externo e liberam os sinais 
ativadores. Esses receptores reconhecem estruturas que são comuns a muitos microrganismos ou células 
mortas. São eles: 
• Receptor do tipo Toll (TRLs): são os principais pois reconhecem essencialmente todas as classes de 
patógenos infecciosos e suas toxinas (reconhecimento amplo). Esse reconhecimento ativa fatores de 
transcrição que estimulam a produção de uma série de proteínas de membrana e secretadas, 
incluindo mediadores da inflamação, citocinas antivirais (interferons) e proteínas que promovem 
ativação dos linfócitos e respostas imunológicas mais potentes. Estão localizados nas membranas 
plasmáticas e nos endossomos, reconhecendo os patógenos extra e intracelulares. 
• Receptores acoplados a proteínas G: encontrados em neutrófilos, macrófagos e na maioria dos 
outros tipos de leucócitos; reconhecem pequenos peptídeos bacterianos. 
• Receptores para opsoninas: os leucócitos expressam receptores para proteínas que recobrem os 
micróbios. Essas proteínas auxiliam o processo de fagocitose. Quando a célula já engolfou o patógeno 
e não conseguiu destrói-lo por completo, os receptores para opsoninas de outras células são ativados 
para que elas ajudem a resolver o problema. 
• Receptores para citocinas: os leucócitos expressam receptores para citocinas que são produzidas em 
resposta aos micróbios. Uma das citocinas mais importantes é o interferon- γ (IFN-γ) 
 
Ø Remoção dos agentes agressores 
A ativação leucocitária induz a eliminação do agente agressor. Isso ocorre através da fagocitose, a 
qual envolve três passos sequenciais: 
(1) reconhecimento e ligação da partícula a ser ingerida pelo leucócito; 
(2) sua ingestão, com subsequente formação do vacúolo fagocítico, no qual há substâncias como EROs, NO 
e enzimas lisossômicas; 
(3) morte ou degradação do material ingerido. 
Mediadores da inflamação 
Os mediadores podem ser produzidos localmente pelas células no local da inflamação ou circular no 
plasma (sintetizados pelo fígado), como precursores inativos que são ativados no local da inflamação. 
Os mediadores derivados de células normalmenteestão dentro de grânulos intracelulares e são 
rapidamente secretados sob ativação celular. Podemos destacar os mastócitos, pois eles produzem uma 
grande quantidade de mediadores da inflamação. Já os mediadores derivados do plasma sofrem clivagem 
proteolítica para adquirir suas atividades biológicas. 
Muitos mediadores têm ação semelhantes e, dessa forma, potencializam a ação. As ações deles são 
estreitamente reguladas e de curta duração, pois eles se decompõem rapidamente, são inativados por 
enzimas, são removidos ou completamente inibidos. 
 Geovana Sanches - TXXIV 
 
 
Ø Mediadores derivados de células 
Aminas vasoativas 
• Histamina: a principal fonte são os mastócitos, mas outras células, como basófilos e plaquetas 
também podem liberá-la. É o primeiro mediador inflamatório liberado e o principal da fase 
transitória. Ele é liberado quando há injúria física, ligação de anticorpos, fatores do complemento 
(anafilatoxinas) e citocinas. Causa a dilatação das arteríolas e aumenta a permeabilidade das vênulas, 
produzindo a contração do endotélio vascular e lacunas interendoteliais. 
• Serotonina (5-hidroxitriptamina): proveniente das plaquetas e algumas células neuroendócrinas 
(TGI). Sua liberação acontece com a agregação plaquetaria, junto com: colágeno, trombina, complexo 
Ag-Ac e ADP; ela é um componente-chave da coagulação. O papel da serotonina na inflamação é 
causar a permeabilidade vascular. 
Metabólitos do Ácido Araquidônico (AA) 
O AA é um ácido graxo poli-insaturado de 20 carbonos, presente em sua forma esterificada nas 
membranas celulares. De acordo com o estímulo, há liberação de seus metabólitos, que são denominados 
eicosanoides. Sua síntese é aumentada nos locais da resposta inflamatória; os agentes que inibem sua 
síntese também diminuem a inflamação (princípio de alguns medicamentos anti-inflamatórios). 
O metabolismo do AA ocorre através de duas vias enzimáticas: cicloxigenase (formação de 
prostaglandinas e tromboxanos) e lipoxigenase (formação de leucotrienos e lipoxinas) 
• Prostaglandinas e tromboxanos: produzida em mastócitos, macrófagos e células endoteliais, pela 
ação de COX-1 e COX-2. As mais importantes na inflamação são a PGE2, PGD2, PGF2α, PGI2 
(prostaciclina) e o TXA2 (tromboxano). Causam vasodilatação e aumentam a permeabilidade das 
vênulas pós-capilares, potencializando a formação do edema. As PGs também estão envolvidas na 
patogenia da dor e febre na inflamação; PGE2 aumenta a sensibilidade à dor e interage com citocinas 
para causar febre. 
• Leucotrienos: produzidos pelos leucócitos, predominantemente em neutrófilos. Tem potencial 
quimiotático, causando agregação e adesão das células ao endotélio vascular, geração de EROs e 
liberação de enzimas lisossômicas. São muito mais potentes do que a histamina em aumentar a 
permeabilidade vascular e causam broncoespasmo. 
• Lipoxinas: também são metabólitos do AA, mas são inibidores da inflamação (potencial anti-
inflamatório). Eles inibem a quimiotaxia e a aderência dos neutrófilos ao endotélio, funcionando, 
portanto, como antagonistas dos leucotrienos. 
Citocinas 
São polipeptídeos produzidos por linfócitos ativados, macrófagos, células endoteliais, epiteliais e 
tecido conjuntivo. Também chamadas de interleucinas, referindo-se a sua habilidade em mediar as 
comunicações entre os leucócitos. Funcionam como mediadores da inflamação e das respostas imunes. As 
principais citocinas na inflamação aguda são o TNF e IL-1, IL-6, bem como um grupo de citocinas 
quimioatraentes chamadas quimiocinas. 
 Geovana Sanches - TXXIV 
 
• Fator de necrose tumoral e Interleucina-1: são produzidos por macrófagos ativados, mastócitos, 
células endoteliais e alguns outros tipos celulares. Sua secreção é estimulada por produtos 
microbianos (endotoxinas bacterianas, imunocomplexos, produtos dos linfócitos T durante resposta 
imune). O principal papel dessas citocinas na inflamação é a ativação endotelial. Eles estimulam a 
expressão de moléculas de adesão nas células endoteliais, resultando em aumento do recrutamento, 
aderência dos leucócitos e aumento na produção de citocinas adicionais e eicosanoides. TNF também 
estimula a trombogenicidade do endotélio; IL-1 ativa os fibroblastos, resultando em aumento da 
proliferação e da produção de MEC. Eles podem atuar em locais distantes, induzindo reação de fase 
aguda sistêmica, incluindo febre, letargia, síntese hepática de proteínas de fase aguda (também 
estimulado por IL-6), devastação metabólica (caquexia), liberação de neutrófilos para circulação e 
liberação do hormônio adrenocorticotrófico e queda da pressão sanguínea. 
• Quimiocinas: família de pequenas proteínas que agem primariamente como quimioatraentes para 
tipos específicos de leucócitos. As duas principais funções são o recrutamento dos leucócitos na 
inflamação e na organização anatômica normal das células nos tecidos linfoides. São cerca de 40 
tipos, classificados em quatro grupos, sendo os dois principais CXC e CC. No reconhecimento, se ligam 
a proteína G. 
Outros 
• Espécies reativas do oxigênio (EROs): Papel na destruição microbiana e lesão tecidual. 
• Óxido nítrico: vasodilatação, destruição microbiana. 
• Enzimas lisossômicas: papel na destruição microbiana, lesão tecidual. 
Ø Mediadores derivados de proteínas plasmáticas 
Proteínas do complemento 
O sistema complemento consiste em proteínas plasmáticas que exercem um papel importante na 
imunidade e na inflamação. Sob ativação, as proteínas do complemento revestem (opsonizam) as partículas, 
como micróbios, para fagocitose e destruição, e contribuem para a resposta inflamatória, aumentando a 
permeabilidade vascular e a quimiotaxia dos leucócitos. 
Proteínas da coagulação 
A coagulação sanguínea está intimamente relacionada com o processo de inflamação, havendo uma 
linha tênue entre eles. Utilizam as mesmas células muitas vezes. O fator XII desencadeia a coagulação, as 
cininas e as cascatas do complemento e ativa o sistema fibrinolítico. 
Cininas 
Produzidas por clivagem proteolítica dos precursores, modulam a reação vascular e a dor. 
Nomenclatura- Formas e tipos de inflamação 
As inflamações recebem o nome através do tecido ou órgão acometido, acrescido do sufixo “ite”, 
como por exemplo: apendicite, gastrite, meningite. Podem ser adicionados adjetivos de acordo com alguma 
particularidade morfológica, como por exemplo: purulenta (formação de pus), fibrinosa (exsudação de muita 
fibrina). 
Padrões morfológicos das inflamações agudas 
Ø Inflamação serosa 
Marcada pelo extravasamento de um fluido fino/aquoso, derivado do plasma sanguíneo ou das 
células mesoteliais. Pode ocorrer formação da bolha cutânea, resultante de queimadura ou infecção viral 
que leva ao acúmulo de líquido seroso, dentro ou imediatamente abaixo da epiderme (entre a epiderme e 
o conjuntivo). O líquido em uma cavidade serosa é chamado de efusão. Na região da bolha há maior 
celularidade -> presença de células inflamatórias, como os neutrófilos. Essa formação de bolha é típica da 
inflamação serosa. 
Ø Inflamação fibrinosa 
As lesões mais graves têm maior permeabilidade vascular, permitindo extravasamento de moléculas 
grandes, como o fibrinogênio. Tem-se um exsudato fibrinoso, característicos dos revestimentos e cavidades 
corporais (meninges, pericárdio e pleura). Esse fibrinogênio pode ser degradado por fibrinólise, sendo que 
os restos são removidos por macrófagos -> resolução. Caso ele não seja degradado, ele é quebrado 
formando fibrina, a qual é depositada no espaço extravascular; há crescimento de fibroblastos e vasos 
sanguíneos, ocorrendo cicatrização. 
 Geovana Sanches - TXXIV 
 
Ø Inflamação supurativa/purulenta: 
Há formação de abscesso com grande quantidade de exsudato purulento (ou pus), que consiste em 
neutrófilos, células necróticas e fluidos do edema. Certos microrganismos (p.ex. estafilococos) induzem essa 
supuração localizada e, por isso, são chamados de piogênicos. 
Os abscessos são coleções localizadasde pus que podem ser causadas por organismos piogênicos 
contidos dentro de um tecido ou por infecções secundárias de focos necróticos. Devido a destruição do 
tecido subjacente, normalmente a resolução do abscesso se dá pela formação de uma cicatriz. 
• Circunscrita: pele ou mucosas. O pus se acumula entre o epitélio e o conjuntivo subjacente, formando 
uma pequena elevação (área edemaciada), geralmente amarelada (massa de neutrófilos). 
Característico de piodermites por estafilococos ou estreptococos, viroses exantemáticas, como 
varicela (catapora) e complicações por colonização de bactérias. A cura de pústulas se dá com 
restituição da integridade e por cicatrização nas necrótico-hemorrágicas. 
• Abcesso: coleção de pus em cavidade neoformada, escavada nos tecidos pela própria inflamação e 
circundada por uma membrana ou cápsula de tecido inflamado (memebrana piogênica), do qual o 
pus é gerado. O abcesso é formado de: 
(1) cavidade central ocupada pelo pus; há células necróticas na região central 
(2) camada interna ou membrana piogenica, constituída por tecido infiltrado por leucócitos e em 
processos de destruição 
(3) camada externa, formada pelo tecido em que ocorrem os fenômenos vasculares e exsudativos. 
Þ A membrana piogênica deve ser eliminada para que possa ocorrer a cura do abscesso. É da 
camada externa que partem os tecidos de granulação e de reparação que promovem a cura, 
sendo que a forma habitual é a cicatrização. Há absorção do pus e da membrana piogênica 
ou após eliminação do primeiro através de ulceração ou de fístulas para o exterior ou para 
condutos naturais. 
Þ Quando incompleta a absorção ou a eliminação do pus após destruição do agente infeccioso, 
o abcesso é encapsulado por tecido conjuntivo fibroso formado a partir da camada externa. 
Nesse caso, o pus pode sofrer diversas modificações, como a completa liquefação, originando 
cistos (cura por encistamento). 
Þ Algumas inflamações purulentas, como osteomielites, drenam o pus para o exterior, mas não 
se curam devido à permanência do microrganismo. 
Þ No estado de abscesso em que há ponto de fistula (quase estourando), indica-se a drenagem 
com terapia medicamentosa. 
Ø Úlcera 
Defeito local ou escavação da superfície de um órgão ou tecido que é produzida por necrose das 
células e desprendimento do tecido inflamatório necrótico. A ulceração pode ocorrer apenas quando existe 
tecido necrótico e inflamação na superfície ou próximo a ela. Há rompimento total do tecido, formando um 
“buraco”. 
Resultados da inflamação aguda 
1) Resolução completa- envolve regeneração e reparo; há remoção de restos celulares e micróbios 
pelos macrófagos e reabsorção do fluido do edema pelos vasos linfáticos. É o padrão-ouro. 
2) Cicatrização- é o tipo de reparo que ocorre após destruição tecidual substancial ou quando a 
inflamação atinge tecidos que não se regeneram. O tecido conjuntivo cresce para dentro de áreas de 
dano ou exsudato, convertendo-se em uma massa de tecido fibroso (formação da cicatriz). Em órgãos 
nos quais ocorrem depósitos extensos de tecido conjuntivo, o resultado é a fibrose, que pode 
comprometer significativamente sua função. 
3) Formação de abcesso- quando agentes pirogênicos se instalam na profundidade do tecido, com 
formação de uma cavidade preenchida por pus. 
4) Progressão para inflamação crônica- quando a resposta inflamatória não pode ser resolvida, como 
resultado da persistência do agente injuriante ou de alguma interferência com o processo normal de 
cura, há evolução para a inflamação crônica.
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Comparação entre inflamação aguda e crônica 
 
 
 
INFLAMAÇÃO CRÔNICA 
Introdução 
 A inflamação aguda pode ter quatro tipos de evolução, sendo uma delas a progressão para 
inflamação crônica, o que ocorre quando o agente ou mecanismo de agressão não é eliminado pelo processo 
inflamatório agudo. 
A inflamação crônica caracteriza-se pela persistência das alterações inflamatórias agudas (congestão, 
aumento de permeabilidade vascular, exsudato inflamatório) ao lado da proliferação de defesas (fase 
proliferativa), com aumento local de vasos (angiogênese), proliferação de linfócitos e monócitos/macrófagos 
(infiltrado celular mononuclear) e de tecido conjuntivo fibroso de sustentação para as novas defesas 
inflamatórias, localmente proliferadas (tecidos de granulação). Ela tem início gradual e duração prolongada 
(semanas, meses ou anos), com sinais e sintomas menos graves dos vistos na inflamação aguda. Há ausência 
ou pouca evidência dos sinais cardinais da inflamação. 
 Os motivos pelos quais os agentes agressores persistem na área inflamada são variados. Eles podem 
ser inertes e insolúveis, sendo capazes de permanecer nos tecidos (exemplos: corpos estranhos como 
gravetos e fragmentos de vidro). Pode haver, ainda, dificuldade anatômica para sua eliminação, como ocorre 
em processos supurativos localizados na profundidade dos tecidos ou interior de vísceras (abcessos 
crônicos). O agente agressor pode, também, invadir as células do hospedeiro e nele se instalar e reproduzir, 
como em doenças infecciosas (hanseníase, tuberculose, doença de Chagas, viroses); nesses casos é 
desencadeada uma resposta imunológica no hospedeiro, capaz de manter ou exacerbar a reação 
inflamatória. 
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 Considerando-se que na inflamação crônica temos agentes persistentes, seu objetivo é, além de sua 
destruição/diluição, a contenção do mesmo. Isso é um dos pontos de diferenciação com a inflamação aguda, 
cujo principal objetivo é, justamente, a eliminação do agente causador. 
Definição 
 Inflamação crônica é a soma das reações do organismo como consequência da persistência do agente 
agressor (biológico, físico, químico, imunológico), que não é eliminado pelos mecanismos da inflamação 
aguda. Em consequência, há persistência das células inflamatórias, o estroma reage e se torna hiperplásico, 
e há destruição tecidual, com cicatrizes e alterações da função do órgão envolvido. 
 Exemplos de doenças inflamatórias crônicas, com disfunção do órgão acometido: artrite reumatoide, 
doença pulmonar enfisematosa crônica, colite ulcerativa e úlcera péptica de duodeno. 
• Úlcera péptica de duodeno: mediante ambiente ácido, há formação do processo inflamatório, e 
quando a lesão está tendendo a resolução, há entrada do ácido novamente. Se isso ocorrer 
progressivamente, há uma mudança no caráter da célula do local. Com isso, temos que, como o 
agente não pode ser eliminado com a inflamação aguda, avança-se à outra categoria do processo 
inflamatório. 
Caracterização 
• Infiltração de células mononucleadas (Macrófagos, Linfócitos e Plasmócitos) 
• Destruição tecidual 
• Reparo e proliferação de novos vasos (Angiogênese e Fibrose) 
Diferenças básicas 
Inflamação aguda Inflamação crônica 
Exsudato rico em líquido e fibrina Aumento na proporção de linfócitos e macrófagos 
Infiltrado leucocitário Proliferação de vasos 
Neutrófilos Fibroblastos à deposição de colágeno 
Classificação 
1. Específicas: quando os elementos da reação se dispõem formando acúmulos nodulares de limites 
mais ou menos precisos, chamados granulomas. As células predominantes são macrófagos e o 
processo é pouco vascularizado. A morfologia e disposição dos componentes do granuloma sugerem 
a etiologia da lesão e, por isso, são “específicas”. Exemplos: tuberculose, micoses profundas, 
esquistossomose e leishmaniose cutânea. 
2. Inespecíficas: quando a disposição dos diferentes elementos das reações não sugere sua etiologia. A 
reação possui exsudato inflamatório, rico em células linfomononucleares, angiogênese e proliferação 
de tecido conjuntivo fibroso. Isso caracteriza a maioria das inflamações crônicas, não permitindo a 
suspeita da etiologia do processo (tecido de granulação). 
3. Imunológicas: depende do papel desempenhado pela imunidade na sua patogenia. 
Componentes 
 As características morfológicas mais marcantes da inflamação crônica são o predomínio de célulasmononucleares, como linfócitos, macrófagos e plasmócitos, além da proliferação de fibroblastos e de vasos. 
 A neoformação vascular depende da presença, no foco inflamatório, de fatores de crescimento: 
a. Fator de crescimento epidérmico (ECF): estimula a proliferação de células epiteliais e fibroblastos; 
b. Fator de crescimento derivado de plaquetas (PDGF): estimula a proliferação de células endoteliais, 
células musculares lisas e vários tipos de células tumorais. 
c. Fator de crescimento de fibroblastos (FGF): estimula a proliferação de fibroblastos e induz todos os 
passos para à neoformação de vasos: degradação da membrana basal do vaso de origem, migração 
das células endoteliais, sua proliferação com a formação de um tubo sólido constituído por células 
endoteliais jovens e, finalmente, escavação do tubo, originando a luz, que se comunica com o vaso 
de origem. 
d. Fatores transformadores de crescimento alfa e beta (TGF-α, TGF-β): alfa tem ação semelhante ao ECF 
e o beta tem papel reverso, inibindo o crescimento. 
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Todos esses fatores estimuladores e inibidores de crescimento se formam e interagem nos focos 
inflamatórios, sendo responsáveis pela neoformação vascular e fibrose que acompanham as inflamações 
crônicas. 
Os monócitos, por sua vez, produzem substâncias biologicamente ativas, tóxicas, como os 
metabólitos do oxigênio, causam influxo de outras células, como de outros monócitos e linfócitos, e 
provocam proliferação de fibroblastos, que leva à deposição de colágeno, fibrose e cicatrização. Já os 
linfócitos T, atraídos ao foco inflamatório crônico, ativam os macrófagos, estabelecendo um mecanismo de 
autorregulação. 
Angiogênese 
A angiogênese é um processo descrito em várias situações, não sendo específico da inflamação 
crônica. 
Trata-se do desenvolvimento de novos vasos a partir de vasos preexistentes, de forma que sua 
ocorrência só é possível quando há uma vascularização original no local. É essencial para a cura nos locais 
de lesão e para o desenvolvimento de circulações colaterais em locais de isquemia. Sua ocorrência é 
dependente de fatores/genes que estimulem o vaso sanguíneo já existente a sofrer divisão celular, gerando 
novos vasos. Sendo assim, trata-se de um processo de crescimento celular. 
Esse processo também é desencadeado em tumores. Muitas vezes, as células tumorais utilizam os 
fatores de crescimento liberados na região a fim de crescerem e se disseminarem. A partir do processo de 
crescimento de vasos, ocorre o desprendimento das células de massa tumoral, as quais podem causar 
metástase. 
Tecido de granulação 
 Os estímulos à proliferação de vasos e fibroblastos originam o tecido de granulação, o qual se 
caracteriza-se pela proliferação de vasos que se dirigem à área lesada, acompanhados de outras células 
(neutrófilos, macrófagos, linfócitos, plasmócitos) e de fibroblastos. À medida que os fagócitos lisam os 
tecidos necróticos ou a fibrina, os vasos trazem o sangue, propiciando a exsudação dos leucócitos. 
Progressivamente, a área lesada vai sendo substituída por uma cicatriz fibrosa. 
Quando temos uma área de lesão tecidual, há o processo de inflamação aguda, com predomínio de 
neutrófilos. Nesse ambiente, os macrófagos (principalmente) liberam fatores de crescimento, os quais 
estimulam a formação de novos vasos (neovascularização). Além disso, os fibroblastos ali presentes fazem a 
deposição de colágeno. O quadro de neovascularização, em conjunto com a deposição de colágeno 
promovida pelos fibroblastos, origina o tecido de granulação, que é precursor da formação da cicatriz. No 
processo de cicatriz, ocorrerá a eliminação dos vasos que foram criados anteriormente. 
Agentes que causam o processo inflamatório 
 
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Os agentes que levam à inflamação são caracterizados pelo tipo de ação que eles promovem. Eles 
podem ser: 
Agente inerte 
 Quando agentes inertes (como algodão e suturas, por exemplo) entram no interstício, ocorre 
imediatamente uma inflamação aguda, causada pela lesão tecidual provocada pela penetração do corpo 
inerte. Em seguida, chegam os macrófagos que se agrupam em volta do agressor. O corpo estranho acaba 
sendo envolvido por reação conhecida como granuloma de corpo estranho. 
Agente piogênico 
 Quando ocorre inflamação aguda supurativa em órgão sólido, o material purulento não pode ser 
facilmente eliminado. Há formação de cápsula constituída por vasos neoformados e colágeno que envolve 
o abcesso, transformando-o em um abcesso crônico. 
 Esses abcessos podem permanecer por longo tempo, causando sintomas locais e sistêmicos, sendo 
que a maioria deles só podem ser eliminados por drenagem cirúrgica. Os silenciosos podem, com o tempo, 
romper-se para o peritônio ou pleura, causando peritonites e pleurites. 
Agentes antigênicos 
 A inflamação crônica por agentes antigênicos (normalmente agente biológicos) pode assumir dois 
padrões: 
1. Inflamação crônica específica ou granulomatosa: ocorre em resposta a agentes difíceis de serem 
digeridos. Será discutida mais adiante. 
2. Inflamação crônica inespecífica: ocorre em resposta a agentes mais facilmente digeridos. É 
caracterizada pelo acúmulo de linfócitos sensibilizados, plasmócitos e macrófagos distribuídos de 
forma irregular pelo interstício da área lesada, não sugerindo sua etiologia. Há tecido conjuntivo 
fibroso. 
Situações 
Independente da classificação do agente causador, todos tem em comum a incapacidade da 
inflamação aguda de eliminá-lo. As possíveis situações em que isso ocorre são: 
• Infecções persistentes: causada por microrganismos de difícil eliminação, os quais estabelecem 
infeções persistentes e que são mediadas por linfócitos T (hipersensibilidade tardia). Exemplos: 
Treponema pallidum (sífilis), vírus, fungos e micobactérias 
o Micobactérias (Mycobacterium tuberculosis): quando fagocitadas, impedem a fusão do 
lisossomo, o que permite que a bactérias reproduza sem ser eliminada. Pela antigenicidade 
que a micobactéria apresenta, apesar de desencadear uma breve resposta aguda, o processo 
crônico é rapidamente ativado. 
• Reações autoimunes: doenças inflamatórias imunomediadas (distúrbios de hipersensibilidade) - são 
doenças auto-imunes em que os antígenos do próprio organismo suscitam uma reação auto 
perpetuadora, resultando em lesão e inflamação tecidual crônica. Exemplos: artrite reumatoide, 
doença inflamatória intestinal, doenças alérgicas recorrentes. 
• Exposição prolongada a agentes potencialmente tóxicos: materiais exógenos não degradáveis, como 
sílica particulada (silicose pulmonar) e agentes endógenos, como componentes lipídicos plasmáticos 
que levam à aterosclerose (por lesão na camada íntima). 
o Aterosclerose: ocorre penetração de monócitos e acúmulo de colesterol na região. Há 
migração de células da musculatura lisa, as quais formam cápsula em volta da área que 
contém colesterol, cristais de colesterol e elastina. Essa formação pode levar à obstrução do 
vaso. 
Células mediadoras da inflamação crônica 
 A persistência da inflamação crônica resulta da interação complexa entre as células que são 
recrutadas e ativadas no local da inflamação. 
Macrófagos 
Os macrófagos são as principais células na inflamação crônica. Eles são recrutados para o local da 
lesão por quimiotaxia, local onde ocorre sua proliferação (aumento no número). No foco inflamatório há 
liberação de um fator de inibição da migração de macrófagos, que os impede de abandonar esse local, ou 
seja, um processo de imobilização. 
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São células derivados dos monócitos do sangue circulante e estão normalmente dispersos em muitos 
tecidos conjuntivos e órgãos, locais onde recebem diferentes nomes: 
• Fígado: células de Kupffer 
• Baço e linfonodos: histiócitos sinusais 
• Sistema nervoso central: células microgliais 
• Pulmões: macrófagos alveolares 
Em todos os tecidos, eles atuam como filtro para material particulado, microrganismos e célulassenescentes. Eles realizam a fagocitose desses materiais e alertam os linfócitos T e B. 
 A meia vida dos monócitos circulantes é de 1 dia. O processo de passagem de monócito para 
macrófago pode ocorrer de maneira não imunológica (sem auxílio do SI) ou imunológica, a partir das células 
T: 
• Ativação não imune -> formação de EROS, proteases, citrinas e fatores de coagulação. Há um foco de 
destruição 
• Ativação imune (por INF) -> formação da fibrose a partir de fatores de crescimento, citrinas 
fibrogênicas, fatores de angiogênese. 
A migração dos monócitos à inflamação aguda é de 24 a 48h e, após a transformação em macrófagos, 
esses têm uma meia vida longa, com maior capacidade de fagocitação. Os macrófagos ativados podem ser 
denominados células epitelioides, nome referente à capacidade deles se juntarem, assumindo uma 
conformação como um epitélio, dependendo do tipo de inflamação. 
Os macrófagos trazem as condições necessárias de cicatrização para o tecido, de forma que, se não 
há inflamação, não há macrófagos na lesão e não ocorrerá o processo de formação de cicatriz. 
Linfócitos: Mobilizados em reações imunes (T e B) e não imunes. Interagem com os macrófagos. 
Eosinófilos: são particularmente abundantes nas reações imunes mediadas por IgE e nas parasitoses. 
Mastócitos: são células abundantes no tecido conjuntivo e que podem liberar histamina, particularmente 
nas reações anafiláticas a drogas, venenos de insetos e reações à alimentos. 
Leucócitos polimorfonucleares: podem ser encontrados também nas inflamações crônicas, como em 
inflamações de ossos (osteomielite). 
GRANULOMAS 
 Etimologia: granulum (latim)- grão + oma (latim)- tumor 
 É um padrão de resposta inflamatória crônica caracterizado pela presença de células monocítico-
fagocitárias e induzido por agentes patogênicos de baixa antigenicidade. Há células gigantes. 
 São formados por estímulos de agentes antigênicos, como T. cruzi e M. tuberculosis 
Inflamação crônica específica ou granulomatosa 
 Há formação de um alo, o qual representa os macrófagos ativados com aparência epitelioide; há 
pouca vascularização. Há, ainda, as células gigantes, que se localizam no entorno do granuloma. 
É uma resposta a certes estados patológicos específicos, mediada pelas citocinas derivadas de células 
T, as quais exercem ativação crônica dos macrófagos. 
 Elas são específicas pois os elementos da reação se dispõem formando acúmulos nodulares e limites 
parcialmente precisos (granulomas). A morfologia e disposição dos componentes são suficientes para sugerir 
a etiologia da lesão. Entretanto, é necessário encontrar o agente para estabelecer o diagnóstico. 
Granuloma epitelióide = granuloma imunogênico = inflamação cronica especifica 
 As células epitelioides (macrófagos) tendem a se organizar em camadas. Esses granulomas são 
causados por agentes inflamatórios imunogênicos, particulados ou insolúveis, como o ovo do Schistosoma 
Mansoni, M. tuberculosis, Paracoccidioides brasiliensis. 
 No caso da tuberculose, no centro do granuloma há uma massa disforme e acelular, o que caracteriza 
a necrose caseosa. 
 
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Granuloma do tipo corpo estranho ou não imunogénico 
É provocado por agentes particulados inertes, não imunogênicos. É um tipo de granuloma mais 
frouxo, em que as células epitelioides não formam paliçadas típicas. 
Coloração tricrômio de Masson 
• Rosa -> componentes celulares 
• Azul -> fibras colágenas 
 
Células gigantes multinucleadas 
Referem-se a fusão de macrófagos. Podem ter núcleos organizados na periferia ou distribuídos 
irregularmente no citoplasma. 
• Núcleos na periferia: células de Langhans, encontradas caracteristicamente na tuberculose. A região 
corada representa o citoplasma de todas as células que se juntaram; possui alto poder de destruição. 
Os núcleos se dispõem em “ferradura”. 
 
• As células gigantes com núcleos distribuídos irregularmente no citoplasma são conhecidas como 
células gigantes do tipo corpo estranho. 
 
Doenças com inflamação granulomatosa 
 
• Sarcoidose- acúmulo de substância hialina, com causa desconhecida. Há formação de granuloma não 
caseoso. Muitas vezes tem caráter imunogénico. 
Inflamações recidivantes 
 Um quadro semelhante ao das inflamações crônicas pode ser consequente a inflamações agudas 
recidivantes. A fibrose resultante da cicatrização das lesões da fase aguda associa-se a alterações das 
sucessivas “agudizações”, conferindo ao órgão aspecto característico. 
 
REPARO, REGENERAÇÃO E CICATRIZAÇÃO 
Resolução 
A resolução ocorre quando o processo inflamatório agudo é bem sucedido, atingindo o seu objetivo 
de conter, diluir e destruir o agente agressor, ocorrendo pouca destruição tecidual. O edema e as proteínas 
são drenados pelos vasos linfáticos; os linfócitos polimorfonucleares (neutrófilos) do foco inflamatório 
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sofrem apoptose e são fagocitados pelos macrófagos juntamente com os restos necróticos. O tecido 
inflamado volta ao normal. 
Reparo 
Um organismo vivo mantém a capacidade de reparar suas perdas, propriedade que está presente 
desde o nível celular. Quando uma célula sofre uma agressão focal, as organelas inviáveis costumam ser 
isoladas em um vacúolo, onde são digeridas e/ou exocitadas, enquanto as partes perdidas são 
reconstituídas, voltando à sua estrutura normal. 
Quando a lesão implica na perda de muitas células, o reparo é mais complexo e há duas 
possibilidades: 
a. Se as células parequimatosas morrem, mas o estroma permanece íntegro, o reparo se faz a partir 
de células do mesmo tipo das que se perderam, voltando o órgão à sua estrutura normal 
(regeneração); 
b. Se o estroma é destruído, o reparo se faz fundamentalmente à custa do tecido conjuntivo 
(cicatrização). 
Regeneração 
 Quando uma superfície do organismo é desnudada, mas a camada basal (tecido conjuntivo 
imediatamente adjacente) permanece intacta, as células não lesadas das bordas da lesão se multiplicam 
para repor perdas teciduais e reparam completamente o defeito. Esse processo de regeneração não é 
realizado com a mesma facilidade e rapidez em qualquer tecido, uma vez que vários tipos de células diferem 
na sua capacidade de replicação. 
 Sendo assim, a regeneração tecidual depende do tipo de célula afetada pela injúria, sendo que o 
epitélio é o maior exemplo de tecido com capacidade de regenerar. As células podem ser classificadas, 
quanto ao poder de proliferação, em: 
Ø Células lábeis 
Estão em constante proliferação. Nos tecidos em que estão presentes, há células tronco dispersas 
entre elas. Geralmente nem todas as células do tecido estão em divisão, apenas as mais basais. Elas se 
regeneram com facilidade e rapidez. 
Exemplos: células das superfícies de revestimento do epitélio seminífero e dos órgãos 
hematopoiéticos; células epiteliais superficiais e mucoides; epitélio colunar do trato gastrointestinal, útero 
e tubas uterinas, etc. 
Ø Células estáveis (ou quiescentes) 
São células cuja capacidade replicativa dos núcleos permanece quiescente na maior parte do tempo, 
ou seja, normalmente não há divisão celular. Diante de estímulos adequados, como lesão ou perda de massa 
tecidual, elas são capazes de se proliferar. 
Possuem baixa atividade replicava. Dispersas no meio do tecido, há células indiferenciadas, as quais 
serão ativadas quando há lesão, repondo o tecido perdido. 
Exemplos: parênquima da maioria dos tecidos sólidos (fígado, rim e pâncreas), células endoteliais, 
fibroblastos, células musculares lisas. Com exceção do fígado, os tecidos estáveis possuem capacidade 
limitada de regeneração após a lesão. 
Ø Células permanentes 
São células terminalmente diferenciadas e não proliferativas, ou seja, células cujos núcleos não têm 
mais a capacidade de reiniciar o processo replicativo. Nos tecidos permanentes, o reparo é tipicamente 
dominado por formação de cicatriz. 
Exemplo: neurônios e fibras musculares cardíacas. 
Estímulos para regeneração 
1. Fatoresde crescimento que se difundem no microambiente. Atuam nos receptores da membrana, 
tendo ação inibidora ou estimulante. Exemplo: VEGF (fator de crescimento endotelial e vascular), 
P53 (gene que ativa apoptoses, associado a não regeneração) 
2. Correntes elétricas: geradas pela injúria. Em situações de cicatrização óssea, usa-se choque elétrico 
para estimular o processo de regeneração. 
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Cicatrização 
Quando há um dano tecidual maior e não é possível reestabelecer a estrutura normal do órgão ou 
tecido lesado, a área é substituída por uma cicatriz fibrosa. Nesse caso, o processo de reparo se faz à custa 
da proliferação do tecido conjuntivo fibroso. Ocorrem fenômenos semelhantes aos da resolução, porém, há 
proliferação vascular e de fibroblastos que se encarregam de produzir e depositar colágeno no interstício. 
Isso fornece estabilidade estrutural suficiente para que o tecido continue hábil para suas funções. 
• O termo fibrose é utilizado para descrever a extensa deposição de colágeno, que ocorre nos pulmões, 
fígado, rins e outros órgãos, resultante da inflamação crônica, ou no miocárdio após extensa necrose 
isquémica (infarto). Nesse caso, há perda de função na região envolvida. 
• Na inflamação, o reparo se faz presente desde a fase aguda, na periferia da lesão, predominando à 
proporção que o processo se torna crônico e evolui para o seu térmico. 
Após uma ferida na pele, atingindo epiderme e tecidos mais profundos, há quatro fases importantes 
que caracterizam o processo de cicatrização: 
1. Limpeza: após o ferimento, os tecidos lesados liberam mediadores da inflamação, iniciando-se um 
processo inflamatório agudo e exsudato fibrinoso na superfície. Em contato com o ar, esse fica 
ressecado, formando uma crosta, a qual contém a hemorragia e protege o ferimento de 
contaminações externas. O agente agressor é eliminado pelas células inflamatórias, o que é essencial 
para que o tecido reparador possa crescer. Enquanto houver inflamação ativa, o processo de 
cicatrização não se completa. 
2. Retração: faz com que 50% a 70% do tamanho do ferimento seja reduzido dois a três dias após a 
indução. Esse processo é resultado da ação contrátil dos miofibroblastos. 
3. Tecido de granulação: é a parte mais característica do processo de cicatrização. Representa o novo 
tecido que cresce para preencher o defeito. Há proliferação de fibroblastos e de capilares no seio de 
uma matriz abundante, edemaciada e basófila. Os capilares surgem de brotamento das células 
endoteliais; eles se dirigem para a superfície da lesão e se encurvam para baixo, formando um 
pequeno arco ou cajado. Assim, dão aspecto granuloso avermelhado à superfície do ferimento, 
caracterizando o nome “tecido de granulação”. Entre os capilares, há muitos fibroblastos. A matriz 
extracelular vai se densificando, adquirindo cada vez mais fibras colágenas, as quais inicialmente 
formam padrão frouxo. Aos poucos, as fibras se dispõem em feixes paralelos, compactos, enquanto 
os vasos sanguíneos vão se tornando menos proeminentes e desaparecem. Assim, o tecido de 
granulação acaba dando lugar a uma cicatriz fibrosa, dura, esbranquiçada e retraída. 
4. Reepitelização: as células epiteliais apresentam mitoses e começam a se intrometer por debaixo da 
crosta. É o acontecimento final do processo de reparo. 
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 Tecido de granulação Células no processo de cicatrização 
Etapas na formação de cicatriz 
1. Fase inflamatória: processo agudo na região lesada. 
2. Fase proliferativa ou granulação: formação do tecido de granulação (intermediário). Há migração e 
proliferação de fibroblastos, com deposição de tecido conjuntivo, angiogênese e presença de 
leucócitos dispersos. 
3. Remodelamento ou maturação: há maturação e reorganização do tecido fibroso (remodelamento), 
para produzir uma cicatriz fibrosa estável. Ocorre a eliminação do tecido de granulação e substituição 
do colágeno III por colágeno I. 
4. Epitelização: reposição do tecido epitelial. 
Principais fatores de crescimento envolvidos no processo cicatricial 
Fator de crescimento Origem Função 
TNF-alfa Monócitos e linfócitos Proliferação de fibroblastos; Quimiotaxia para 
neutrófilos e macrófagos 
TGF-alfa Matriz extracelular da ferida 
cirúrgica 
Proliferação celular; 
Estimula a epitelização 
TGF-beta Plaquetas, matriz extracelular 
da ferida cirúrgica 
Mitogênicos para fibroblastos; 
Formação de tecido de granulação 
PDGF Plaquetas Quimiotaxia para neutrófilos, monócitos e 
fibroblastos; 
Proliferação de fibroblastos e produção da MEC 
VEGF Queratinócitos e macrófagos Angiogênese e proliferação de células 
endoteliais 
IL-1 Mononucleares Proliferação de fibroblastos 
• Legenda: TNF-α: fator de necrose tumoral; TGF: fator de crescimento de transformação; PDGF: fator 
de crescimento derivado de plaquetas; VEGF: fator de crescimento derivado do endotélio vascular; 
IL-1: interleucina 1. 
Tipos de cicatrização 
 Quanto menor a perda de substância, ou seja, quanto mais próximas estiverem as bordas da ferida, 
mais rápido e simples será o reparo. Nesses casos, há cicatrização por primeira intenção. Ocorre em ferida 
fechada, não infectada, como uma ferida cirúrgica incisional. 
 
 Em contrapartida, quando o reparo se faz com produção mais evidente de tecido de granulação, 
temos a cicatrização por segunda intenção. É o processo de cicatrização que ocorre numa feriada aberta não 
infectada. A fenda é primeiramente preenchida por tecido de granulação, o qual se contrai e, posteriormente 
há formação da cicatriz. 
 Geovana Sanches - TXXIV 
 
 
 A regeneração dos elementos epiteliais nem sempre acontece de maneira típica, isto é, com 
manutenção da mesma estrutura histológica que existia previamente. 
Cicatrização de primeira intenção X Cicatrização de segunda intenção 
 Nas primeiras 24h da cicatrização por primeira intenção, há o processo inflamatório agudo, com 
formação do coágulo (crosta de fibrina). Isso também ocorre na segunda intenção, mas o coágulo é muito 
maior pois a área acometida é grande. A profundidade da primeira pode ser maior do que a de segunda, mas 
o desnudamento da área acometida que será levado em consideração. 
 De 3 a 7 dias, para a primeira intenção, a região a região epitelial começa a sofrer epitelização, com 
as células basais que entram em mitose. Na derme, ocorre a formação to tecido de granulação, com a 
presença de macrófagos, fibroblastos e capilares neoformados. Isso também ocorre para a de segunda 
intenção, porém a área acometida é maior. 
 Em algumas semanas (de 15 dias a 1 mês), para a primeira intenção, há reestruturação, com retirada 
do tecido granuloso e reepitelização completa; as metaloproteinases degradam o colágeno tipo III, o qual é 
substituído pelo colágeno tipo I. Caso haja anexos na região lesada, eles são perdidos, de forma que a área 
ficará desprovida de pelos e secreção. Forma-se uma união estável entre as fibras colágenas. Já no caso da 
cicatrização de segunda intenção, também há formação de cicatriz, mas como a área é muito grande, ocorre 
contração da ferida. 
• Com a aplicação de óleos ou hidratantes, geralmente há estiramento da área fibrótica e a lesão 
“sobe”, atingindo o mesmo nível do restante da epiderme. Essa lógica é também utilizada para o 
tratamento de rugas (as quais são um tipo de cicatriz). Quando há preenchimento com óleo, camufla-
se o aspecto das mesmas. 
• Em casos de formação de abcesso, há maior destruição tecidual e é necessário que ocorra uma 
limpeza para possibilitar a formação do tecido de granulação e, consequentemente, da cicatrização. 
 
 
 
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Fatores que influenciam o reparo tecidual 
Fatores gerais 
 O mais importante é o estado nutricional do indivíduo. Desde a defesa contra infecções até a 
produção de novo tecido, há um metabolismo quenecessita de aporte de nutrientes. As proteínas são 
essenciais para a síntese das enzimas, do colágeno, dos anticorpos, dos hormônios, etc. O ácido ascórbico 
tem influência na reticulação e, consequentemente, no fortalecimento do colágeno (inibe a síntese de 
colágeno e retarda a cicatrização). O zinco, cofator enzimático, também parece ter influência na cicatrização. 
 O estresse pode influenciar negativamente a cicatrização dos ferimentos, o que isso se deve a baixa 
produção da interleucina-2 nos indivíduos sob pressão psicológica. Há ainda interferência de doenças 
sistêmicas, como o diabetes. 
Fatores locais 
1. A crosta que cobre o ferimento tem papel protetor e não deve ser intempestivamente removida; 
2. Tudo que prolongue o processo inflamatório deve ser evitado: infecções, presentas de corpos 
estranhos no ferimento, etc. A infecção retarda o processo da cura por prolongar a inflamação e 
aumentar a lesão local. 
3. A mobilização, pelo tipo de trauma que pode provocar, ou outro tipo qualquer de trauma, pode 
causar ruptura de delicados capilares do tecido de granulação, provocando hemorragia. 
 
DISTÚRBIOS HEMODINÂMICOS 
Introdução 
O sistema cardiovascular é um sistema com uma bomba central, ligada a um conjunto de tubos. Para 
que as doenças cardiovasculares se desenvolvam, elas comprometem os componentes do sistema 
cardiovascular: Coração, Vasos sanguíneos e sangue (água + sais + proteínas + fatores de coagulação e 
plaquetas + glóbulos brancos + glóbulos vermelhos). Essas doenças apresentam uma morbidade alta, ou 
seja, modificam a qualidade de vida do paciente, e também uma alta mortalidade, sendo uma das doenças 
com maior prevalência. 
O fluxo sanguíneo é unidirecional. Para que assim seja, é necessário que o coração exerça uma força, 
suficiente para que o sangue chegue às arteríolas e também para o retorno venoso. Outros componentes 
que auxiliam o equilíbrio entre o débito cardíaco e o retorno venoso são: ação dos músculos esqueléticos, 
movimento respiratório e pulsação das artérias. 
• Débito cardíaco= frequência cardíaca x volume sistólico 
Epidemiologia 
As doenças cardiovasculares têm uma alta incidência e prevalência, levando a um grande número de 
mortes no Brasil. Estima-se que, em 2017, ocorreram mais de 380.000 mortes. A incidência dessas doenças 
vem crescendo ao longo dos anos. 
Fatores e Doenças que agravam os pacientes a DCV: tabagismo, diabetes não controlada, obesidade, 
hipertensão arterial. Os pacientes portadores dessas condições são considerados o grupo de risco. 
Edema 
Edema é um acúmulo anormal de líquido intersticial dentro dos tecidos, ou seja, presença de líquido 
no espaço extravascular. O fluido extravascular também pode se acumular em cavidades corporais, como na 
cavidade pleural (hidrotórax), cavidade pericárdica (hidropericárdio) ou na cavidade peritoneal 
(hidroperitônio ou ascite). Anasarca é o edema grave, generalizado, caracterizado por profundo inchaço dos 
tecidos subcutâneos e acúmulo de fluido nas cavidades corporais. 
Aproximadamente 60% do peso corporal magro é água, sendo que dois terços estão no espaço 
intracelular e o restante no espaço extracelular (no interstício- entre as células). Apenas 5% está no plasma 
sanguíneo (dentro dos vasos). 
O movimento de fluido entre os espaços vascular e intersticial é regido por duas forças opostas: 
pressão hidrostática vascular e pressão osmótica coloide, produzida pelas proteínas plasmáticas 
(principalmente albumina). Devido a pressão hidrostática há um extravasamento de líquido e proteínas para 
o espaço extravascular. Esse fluido é resgatado no terminal venoso pela pressão osmótica. O equilíbrio entre 
essas duas pressões permite que não haja acúmulo de líquido no meio extravascular. Há ainda o auxílio dos 
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vasos linfáticos, que irão captar o fluido presente no meio extravascular e, através do ducto torácico, 
retorna-lo ao sistema sanguíneo. Em situações normais, essas forças agem em conjunto e não há edema. 
Fisiopatogênese 
1. Aumento da pressão hidrostática 
O aumento da pressão hidrostática geralmente ocorre devido a drenagem venosa deficiente, ou seja, 
há complicações que impedem o retorno venoso. Aumentos locais da pressão intravascular podem resultar 
do retorno venoso comprometido (como em casos de trombose venosa profunda). Aumentos generalizados, 
com resultante edema sistêmico, ocorrem com mais frequência na insuficiência cardíaca congestiva 
• ICC: o débito cardíaco reduzido leva à hipoperfusão dos rins, ativando o eixo renina-angiotensina-
aldosterona e induzindo a retenção de sódio e água (hiperaldosteronismo secundário). O coração 
insuficiente não é capaz de aumentar o DC em resposta aos aumentos compensatórios do volume 
sanguíneo e, assim, há um círculo vicioso de retenção de fluido, aumento das pressões hidrostáticas 
venosas e piora do edema. 
2. Diminuição da pressão osmótica 
A diminuição da pressão osmótica ocorre, principalmente, quando há diminuição na quantidade de 
albumina circulante, gerada por doença hepática grave (redução na síntese de albumina), síndrome nefrótica 
(capilares glomerulares começam a extravasar, levando à perda de proteínas plasmáticas na urina) ou 
desnutrição proteica. Independente da causa, a diminuição dos níveis de albumina gera edema, volume 
intravascular reduzido, hipoperfusão renal e hiperaldosteronismo secundário. 
3. Retenção de sódio e água 
Ocorre principalmente quando a função renal está comprometida, como na glomerulonefrite pós-
estreptocócica e na insuficiência renal aguda. Tem-se quadro de hipoperfusão renal, alterando-se o eixo 
Renina-Angiotensina-Aldosterona. Nesse caso, as pressões hidrostática e osmótica estão em equilíbrio, mas 
devido a retenção de sódio e água, o sistema linfático não é capaz de drenar todo o líquido extravasado. 
4. Obstrução linfática 
A drenagem linfática prejudicada, com linfesema, normalmente resulta da obstrução localizada 
causada por condição inflamatória ou neoplásica. Exemplo: na elefantíase, infecção parasitária (filariose), há 
fibrose na região inguinal com obstrução dos vasos linfáticos, o que causa edema maciço da extremidade 
inferior e genitália externa. 
5. Aumento da permeabilidade vascular 
Ocorre devido a inflamação, podendo gerar um edema local ou sistêmico. 
 
Características Histopatológicas 
O edema se mostra pela presença de líquido do plasma no tecido. No pulmão, por exemplo, ele 
preenche os espaços aéreos, comprometendo as trocas gasosas. 
 
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Na macroscopia, observa-se aumento no volume do órgão. O cérebro, por exemplo, é envolto pelo 
crânio e, dessa forma, não consegue expandir. Em situações como essa, o paciente pode sentir fortes dores 
devido ao edema. 
• Quando há edema, o cérebro aumenta de volume e é comprimido contra a superfície interna da 
calota craniana, que é lisa. Isso leva a aplanamento dos giros e apagamento dos sulcos, que são o 
melhor meio para diagnosticar edema cerebral na macroscopia. 
• O diagnóstico de edema cerebral na microscopia é mais difícil. Em casos extremos, o tecido aparece 
mais frouxo pelo acúmulo de água, podendo se notar uma massa sólida e acelular no meio do tecido, 
demonstrando o plasma extravasado. 
• Na substância branca, os focos de edema são vistos como áreas mais claras e a presença de células 
em processo de morte -> há uma área de necrose. 
Consequências 
O edema é uma condição desagradável muitas vezes pois, dependendo de onde o líquido extravasa, 
ele gera uma pressão no local, a qual é sentida pelo paciente. Ele sinaliza uma doença de base, como doença 
cardíaca ou renal e dependendo da condição, pode ser fatal. 
Prejudica a cura de feridas e infecções, pois, sendo rico em proteínas, é fonte de nutrição para os 
microrganismos. Exemplo: em situações de cirurgia plástica, como lipoaspiração e plástica, há edema; os 
profissionais indicam drenagem linfática para esses pacientes, a qual através de massagenscom movimentos 
direcionados e uma certa pressão, consegue direcionar os líquidos presentes no tecido para os vasos 
linfáticos. 
Hiperemia e congestão 
Hiperemia e congestão se referem ao aumento do volume sanguíneo em um tecido. 
A hiperemia é um processo ativo, resultante da dilatação arteriolar, que leva ao aumento da 
velocidade do fluxo sanguíneo. Devido ao ingurgitamento com sangue oxigenado, acompanhado de maior 
quantidade de células no tecido afetado, ele se torna eritematoso (avermelhado). Isso ocorre, por exemplo, 
durante os exercícios físicos (devido aumento da demanda de energia) e na inflamação aguda. 
A congestão (hiperemia passiva), por sua vez, é um processo passivo, resultante da dificuldade do 
retorno venoso, podendo ser sistêmico ou local. Ocorre, por exemplo, em situações de trombose (obstrução 
local, com prejuízo no retorno venoso e consequente acúmulo de células no local) e insuficiência cardíaca. 
O tecido afetado se apresenta com coloração vermelho-escuro ao azul (cianose), devido a estase dos 
glóbulos vermelhos e acúmulo de hemoglobina desoxigenada. 
Microscopicamente, a congestão apresenta células preenchendo os vasos, os quais são denominados 
vasos congestos. Forma-se hemossiderina, característico da congestão, devido a presença de hemoglobina 
sem oxigênio. Os macrófagos residentes tentam conter isso e, portanto, aparecem nos cortes histológicos. 
 
Na congestão crônica de longa duração, a perfusão tecidual inadequada e a hipóxia persistente 
podem levar à morte celular parenquimatosa e à fibrose tecidual secundária. Além disso, o aumento do 
volume dos vasos, que ocorre na congestão, leva ao aumento da pressão hidrostática. Quando temos o 
retorno venoso prejudicado, há saída de líquidos para o interstício, gerando o edema. Sendo assim, o edema 
pode ser decorrente da congestão. 
Hemostasia 
Hemostasia é o conjunto de processos que ocorrem para que haja coagulação sanguínea na presença 
de lesão endotelial. Esse processo tem participação das plaquetas, parede vascular (células endoteliais) e a 
cascata de coagulação (fatores de coagulação produzidos pelo fígado). 
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Em casos de injúria no endotélio, ocorre uma vasoconstrição arteriolar (através da musculatura lisa 
do endotélio) para impedir o extravasamento do sangue para o meio extravascular. A partir dessa primeira 
etapa, há ativação do endotélio que libera endotelina, fortalecendo o processo de vasoconstrição. A partir 
da exposição do colágeno, o fator de von Willebrand atua ativando as plaquetas, atraindo-as para a região 
danificadas. Ocorre a adesão das plaquetas e, com a ativação das mesmas, há liberação de grânulos ADP e 
TxA2, atraindo ainda mais plaquetas para a região. Esse recrutamento forma a agregação plaquetária, 
gerando o tampão hemostático, processo denominado hemostasia primária (participação dos vasos 
sanguíneos e plaquetas). Esse tampão é considerado instável, não tendo resistência para aguentar o fluxo 
sanguíneo. 
Devido a isso, ocorrerá o processo de hemostasia secundária. Entra em ação a via extrínseca da 
cascata de coagulação. Os fatores teciduais são ativados e ajudarão a fortalecer o tampão, através da 
ativação da trombina -> leva a polimerização da fibrina, formando rede de fibrina + plaquetas, com 
finalização da hemostasia secundária, com geração de um tampão estável. Após a formação do tampão, os 
vasos precisam reestabelecer sua parede. Conforme as células endoteliais conseguem se reorganizar e 
ocupar o espaço injuriado, o tampão será quebrado (hemostasia terciária), com reestabelecimento do vaso. 
Cascata de coagulação 
Trata-se de uma ativação sequencial de proteínas. Há duas vias de ativação, a intrínseca (ocorre 
quando o colágeno do vaso é exposto no meio extravascular) e extrínseca (quando há lesão tecidual). 
Independente dos fatores relacionados, as duas vias caminham para o mesmo fim, com a ativação do fator 
X , atingindo a via comum. A partir disso, a protrombina é clivada em trombina, a qual auxilia a clivagem do 
fibrinogênio em fibrina. A fibrina, junto as plaquetas, forma uma rede. 
Clínica 
Anamnese: questionar acerca da ingestão de medicamentos. A ingestão de ácido acetilssacilico, por 
exemplo, reduz a síntese do tromboxano A2 nas plaquetas, que é responsável pela agregação plaquetária. 
Esse remédio atua, portanto, como um anti-coagulante. Isso é muito importante em casos de cirurgia, pois 
o processo de coagulação é essencial e deveria ser suspendida nesse caso. 
Exames complementares: fazem avaliação do paciente em relação a resposta de coagulação diante 
de lesão endotelial. Realiza-se por exemplo: 
• Plaqueotograma (contagem de plaquetas) 
• Tempo de protrombina 
• Tempo de tromboplastina parcial 
Distúrbios associados à hemostasia 
Ocorrem quando o paciente tem algum problema relacionado as ações acima, podendo levar a 
eventos hemorrágicos ou trombóticos. 
Hemorragia 
Hemorragia é o extravasamento de sangue para o espaço extravascular. O risco de hemorragia é 
maior em várias situações, as quais são coletivamente chamadas de diáteses hemorrágicas. Pode acontecer, 
por exemplo, na congestão crônica, quando há um trânsito no fluxo do sangue com acúmulo de células na 
região. Uma hemorragia grave ocorre quando há ruptura de grande artéria ou veia, decorrente, por exemplo, 
de trauma (acidentes), aterosclerose (acúmulo de gordura nos vasos), erosão da parede do vaso por 
inflamação ou neoplasia. 
Podem ser causados pelos seguintes mecanismos: 
(1) alteração na integridade da parede vascular -> principal mecanismo; 
(2) alterações dos mecanismos de coagulação sanguínea, incluindo fatores plasmáticos e teciduais. Pode 
ocorrer em situação fisiológica, como na menstruação, em que há uma alteração momentânea no 
mecanismo de coagulação, fazendo com que a mulher sangre; 
(3) alterações qualitativas ou quantitativas das plaquetas; 
(4) mecanismos complexos e ainda mal definidos (exemplo: dengue hemorrágica) 
 A importância clínica de qualquer hemorragia depende do volume de sangue perdido e da velocidade 
do sangramento. A rápida perda de até 20% do volume sanguíneo ou perdas lentas de quantidades até 
maiores podem ter pouco impacto sobre adultos saudáveis. Perdas maiores, entretanto, podem causar 
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choque hemorrágico (hipovolêmico). É importante que descubramos qual o motivo desse extravasamento 
sanguíneo. 
 A perda sanguínea externa recorrente ou crônica (por exemplo: úlcera péptica ou sangramento 
menstrual) pode culminar em anemia ferropriva como consequência da perda de ferro na hemoglobina. Em 
contrapartida, o ferro é reciclado com eficiência ds hemácias fagocitadas e, por isso, o sangramento interno 
(como em um hematoma) não leva à deficiência de ferro. 
Na microscopia, a hemorragia se mostra através do aparecimento de células sanguíneas no meio do 
tecido. 
Padrões da hemorragia tecidual 
• Petéquias: manchas de 1-2mm na pele ou mucosas. Entre suas causas estão contagem plaquetária 
baixa (trombocitopenia), função plaquetária defeituosa e perda de suporte da parede vascular, como 
na deficiência de vitamina C. 
• Púrpuras: mancha maior ou igual a 3mm na pele ou mucosas. Pode resultar das mesmas desordens 
que causam petéquias, assim como de traumas, inflamação vascular (vasculite) e fragilidade vascular. 
• Equimoses: hematomas subcutâneos maiores (> 1-2 cm). Hemácias extravasadas são fagocitadas e 
degradadas por macrófagos; as alterações de cor se devem à conversão enzimática da hemoglobina 
(cor vermelho-azulada) em bilirrubina (cor azul-esverdeada) e, eventualmente, em hemossiderina 
(dourado-amarelado). 
• Hematoma: hemorragia confinada em tecido. Pode ser insignificante (como em uma contusão) ou 
grave, podendo levar ao óbito (como hematoma retroperitonial maciço resultante da ruptura de um 
aneurisma aórtico dissecante). 
• Hemotórax: grande acúmulo de sangue em cavidade corporal. 
Trombose 
Trombose é a solidificação dos constituintesnormais do sangue, dentro do sistema cardiovascular no 
organismo in vivo. O trombo é uma massa sólida de sangue gerada pela coagulação sanguínea -> o tampão 
plaquetário não entra na fase 3 da hemostasia por algum motivo; ele permanece em formação, podendo 
levar, por exemplo, à obstrução de um vaso. 
o Os trombos e os coágulos são semelhantes, mas em livros-texto, traz-se que trombos estão presentes 
em vivos, enquanto os coágulos se formam após a morte, devido a parada do fluxo sanguíneo. 
Para que ocorram os distúrbios trombóticos, é necessário que ocorra alguma das três anormalidades, 
chamadas conjuntamente de Tríade de Virchow. 
 
Dentre os três fatores, o principal é a lesão endotelial, sendo a causa mais importante da trombose 
(particularmente trombose arterial e cardíaca). A lesão do endotélio expõe a MEC subendotelial, levando à 
adesão plaquetária; ocorre liberação do fator tecidual e redução na produção local de PGI2 e de ativadores 
de plasminogênio. Não é necessário, entretanto, que o endotélio seja rompido ou que haja perda total da 
célula endotelial para contribuir no desenvolvimento da trombose; qualquer perturbação do equilíbrio 
dinâmico dos efeitos protrombóticos do endotélio pode influenciar localmente a coagulação. 
O endotélio disfuncional elabora quantidades maiores de fatores pró-coagulantes, como moléculas 
de adesão plaquetária, fator tecidual e PAI. Concomitantemente, sintetiza menores quantidades de 
moléculas anticoagulantes, como trombomodulina, PGI2 e t-PA. A disfunsão endotelial pode ser induzida, 
por exemplo, por: hipertensão, traumas físicos, agentes infecciosos, fluxo sanguíneo anormal, mediadores 
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inflamatórios, anormalidades metabólicas (homocistinúria e hipercolesterolemia), toxinas da fumaça do 
cigarro. 
Em relação à alterações do fluxo sanguíneo, tem-se a turbulência e a estase. A turbulência contribui 
para trombose arterial e cardíaca por causar lesão ou disfunção endotelial, e também pode formar fluxos de 
contracorrente (o encontro das células pode gerar uma turbulência e, consequentemente, lesão endotelial) 
e bolsas locais de estase. A estase, por sua vez, é importante na formação de trombose venosa a partir da 
alteração do fluxo laminar do sangue -> permite que as plaquetas entrem em contato com o endotélio, 
ocasionando uma lesão; redução na eliminação dos fatores de coagulação. 
A hipercoagulabilidade, por sua vez, é definida como qualquer alteração das vias de coagulação que 
predispõe a trombose, podendo ser dividida em desordens primárias (genéticas) e secundárias (adquiridas). 
É infrequente sua contribuição para trombose arterial e cardíaca, mas é um importante fator de risco para 
trombose venosa. 
• Uso de contraceptivos orais e estado de gravidez: aumenta a síntese hepática dos fatores de 
coagulação e diminui a síntese dos anticoagulantes (principalmente antitrombina III). 
• Cânceres disseminados: liberação de produtos tumorais pro-coagulantes. 
• Idade: aumento da agregação plaquetária e reduzida liberação de PGI2 do endotélio. 
 
Morfologia 
 Os trombos podem se desenvolver em qualquer parte do sistema cardiovascular; eles são focalmente 
fixados à superfície vascular adjacente e tendem a se propagar na direção do coração. A porção propagante 
de um trombo tende a se fixar mal e, portanto, é propensa a fragmentação e migração através do sangue 
como êmbolo. 
Características macroscópicas e microscópicas - Linhas de Zahn: padrão de trombos que possuem 
camadas claras (plaquetas e fibrina) + camadas escuras (células vermelhas). Na microscopia, observa-se uma 
camada de células vermelhas e outra camada com menor celularidade (composta de plaqueta e fibrina). 
 
Alguns trombos não obstruem totalmente o vaso, sendo possível a observação da luz. Entretanto, há 
grande redução no fluxo sanguíneo e, portanto, prejuízos na circulação. 
 
Tipos de trombos 
Trombos murais: ocorrem nas câmaras cardíacas ou no lúmen da aorta. Representam 20% das 
tromboses humanas. A contração miocárdica anormal ou a lesão endomiocárdica promovem trombos 
cardíacos; as placas ateroscleróticas ulceradas e a dilatação aneurismática, a trombose aórtica. 
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Trombos arteriais: são frequentemente oclusivos e relativamente ricos em plaquetas. Apresentam-
se mais brancos, pois são compostos principalmente de fibrina. 
Trombos venosos (flebotrombose): também denominados trombos vermelhos, são invariavelmente 
oclusivos, vermelhos e firmes, pois contêm hemácias mais emaranhadas (devido a se formarem na circulação 
venosa lenta). Frequentemente se propagam a alguma distância na direção do coração, formando um longo 
cilindro no lúmen do vaso, o qual é propenso a dar origem a êmbolos. As veias das extremidades inferiores 
são afetadas com mais frequência, estando associadas à 90% das tromboses venosas. 
o Coágulos post mortem podem ser confundidos com trombos venosos. Mas, os coágulos são 
gelatinosos, contendo hemácias e uma porção superior amarelada. Normalmente eles não são 
fixados à parede do vaso subjacente. Em contrapartida, os trombos vermelhos tipicamente são 
firmes, focalmente fixados às paredes do vaso e contêm filamentos cinzentos de fibrina depositada. 
Destinos do trombo 
Quando um trombo é formado, se o paciente sobreviver inicialmente, durando os dias subsequentes, 
o trombo evolui pela combinação de quatro processos: 
1) Resolução (Dissolução): quando um trombo é recém-formado, pode haver atividade fibrinolítica, levando 
à sua rápida contração e completa dissolução -> quebram-se as redes de fibrina, dissolvendo essa massa. Já 
os trombos mais antigos, comumente são resistentes à proteólise. 
2) Embolização: o trombo, no todo ou em parte, se solta da parede do endotélio e, através da circulação, 
atinge outros locais, como os pulmões por exemplo (embolia pulmonar). 
3) Organização e Recanalização: os trombos antigos se organizam pelo crescimento de células endoteliais, 
fibras musculares lisas e fibroblastos para dentro dele. Formam-se canais capilares que criam condutos ao 
longo da extensão do trombo, restabelecendo a continuidade da luz do vaso e, portanto, permitindo a 
passagem do sangue. 
4) Propagação em direção ao coração: o trombo aumenta por acréscimos de plaquetas e fibrina, que 
aumentam a margem de oclusão ou embolização vascular. 
Correlação clínica 
 Os trombos são significativos por causarem obstrução de artérias e veias, podendo originar êmbolos. 
Os trombos venosos são mais preocupantes por seu potencial para embolizar os pulmões, causando óbito. 
Já os trombos arteriais, têm maior tendência a obstruir os vasos (por exemplo, vasos coronarianos e 
cerebrais). 
 Trombose Venosa (Flebotrombose): a maior parte dos trombos venosos ocorre nas veias superficiais 
ou profundas da perna. Os superficiais normalmente surgem no sistema safeno, originando varicosidades; 
eles raramente embolizam, mas podem ser dolorosos e causar congestão e edema local. Já as tromboses 
venosas profundas (TVPs) nas veias maiores da perna, joelho ou acima dele (veia poplítia, femoral e ilíaca, 
principalmente) são mais sérias pelo risco de embolizar. Embora as TVPs possam causar dor e edema locais, 
frequentemente se desenvolvem canais colaterais e, com isso, cerca de 50% dos pacientes são 
assintomáticos, sendo que a TVP é reconhecida apenas após a embolização para os pulmões. 
 Alguns dos fatores predisponentes para a TVP são ICC, repouso e imobilização no leito, sendo os dois 
últimos relacionados à redução da ação dos músculos da perna, com redução do retorno venoso. Trauma, 
cirurgias e queimaduras, além de requererem repouso, também geram lesão endotelial sendo, portanto, 
importantes fatores de risco para trombose. A idade também é levada em consideração, sendo que o risco 
para TVP é maior em pacientes com 50 anos ou mais. 
Embolia 
Um êmbolo é uma massa sólida, líquida ou gasosa que é carregada pelo sangue a um local distante 
de seu ponto de origem,

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