Buscar

Farmacodinâmica 2

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 80 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 80 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 80 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Geovana Sanches - TXXIV 
FARMACOLOGIA 
Professores Maria Tereza, Cláudia Becker e André 
Moura 
 
CORTICOSTERÓIDES OU ANTI-INFLAMATÓRIOS 
HORMONAIS 
O hormônio cortisol (hidrocortisona), 
produzido pelo córtex da suprarrenal é o protótipo 
do grupo. Sendo assim, são compostos 
esteroidais, caracterizados pela presença dos 
anéis A, B, C e D. 
 
Existem vários sinônimos para este grupo 
farmacológico: corticosteroides; anti-
inflamatórios hormonais; anti-inflamatórios 
esteroidais; corticoides ou glicocorticóides. 
 Além de serem anti-inflamatórios, também 
são imunossupressores. 
Fármacos orais 
• Metilprednisolona (Depo-Medrol®) 
• Dexametasona (Decadron®) 
• Prednisolona (Prelone®) 
• Prednisona (Meticorten®) 
• Budesonida (Busonid®) 
Fármacos inalatórios (pulmonar e nasal) 
• Triancinolona (Airclin®) 
• Mometasona (Nasonex®) 
• Beclometasona (Aerotide®, Beclosol®) 
• Flunisolida (Flunitec®) 
• Fluticasona (Flixotide®) 
Fármacos de uso tópico 
 São apresentados como pomada ou creme. 
• Betametasona (Betnovate®, Quadriderm®) 
• Mometasona 
• Hidrocortisona (Stiefcortil®) 
• Triancinolona (Omcilon A “M”®) 
CÓRTEX DA SUPRARENAL 
O ACTH (corticotropina) é produzido pela 
adeno-hipófise e atua em receptores MC2R, 
estimulando o córtex da suprarrenal a secretar: 
• Zona fasciculada: cortisol (glicocorticóide) 
• Zona glomerulosa: aldosterona (mineralo-
corticóide) 
• Zona reticular interna: Desidroepi-
androsterona (DHEA) à precursor 
androgênico 
 ACTH e Angiotensina II estimulam 
receptores específicos na zona externa e 
promovem a expressão da CYP11B2, que catalisa 
as reações finais da biossíntese dos 
mineralocorticoides (aldosterona). 
A produção de aldosterona na zona 
glomerulosa é realizada principalmente pela 
angiotensina II e pelo potássio. Não sofre atrofia 
quando há baixa concentração de ACTH. 
Na ausência de ACTH, as zonas internas do 
córtex sofrem atrofia, reduzindo a produção de 
cortisol e de DHEA. 
 
Taxas de produção diária normal dos 
corticosteroides predominantes 
• Cortisol: 10 mg/dia 
• Aldosterona: 0,125 mg/dia 
Níveis circulantes dos corticosteroides 
predominantes 
 Cortisol Aldosterona 
8h da manhã 16 ug/100 mL 0,01 ug/100 
mL 
4h da manhã 4 ug/100 mL 0,01 ug/100 
mL 
 Quando os médicos solicitam a dosagem 
do cortisol, a coleta de sangue geralmente é 
realizada por volta das 8h da manhã, tendo em 
vista que nesse horário há maiores concentrações 
do hormônio no plasma periférico. 
MODIFICAÇÕES SINTÉTICAS NA ESTRUTURA DO 
CORTISOL 
 A estrutura básica do cortisol é essencial 
para a atividade glicocorticóide. Todos os 
glicocorticóides sintéticos são análogos do 
glicocorticóide endógeno (cortisol). 
 Os compostos com um grupo hidroxila (-
OH) na posição 11, como o cortisol, têm atividade 
intrínseca (molécula ativa). Em contrapartida, os 
compostos com grupo carbonila (=O) no carbono 
11, como a cortisona, são inativos. 
 A enzima hepática 11β-HSD 1(11β- 
hidroxiesteróide desidrogenase) precisa reduzir o 
Geovana Sanches - TXXIV 
composto 11 carbonila a seu congênere 11-
hidroxila para que o composto se torne ativo. 
Sendo assim, a cortisona é um pró-fármaco 
até ser convertida pelo fígado no fármaco ativo, o 
cortisol. 
Análogos de glicocorticóides 
11-hidroxiglicocorticóides (formas ativas) 
• Prednisolona 
• Metilprednisolona 
• Dexametasona 
• Fludrocortisona 
11-ceto (formas inativas – pró-fármacos) 
• Prednisona 
• Cortisona 
Resumo das modificações sintéticas na estrutura 
do cortisol 
 Quatro modificações na estrutura do 
cortisol são comuns nos glicocorticóides 
sintéticos: 
1. Adição de uma dupla ligação entre os carbonos 
1 e 2, de um grupo metila no carbono 6 ou de um 
grupo metila no carbono 16 aumenta a atividade 
glicocorticóide do composto em relação à do 
cortisol. 
2. A adição de um flúor ao carbono 9 aumenta a 
atividade glicocorticóide e intensifica 
acentuadamente a atividade mineralocorticoide. 
3. O efeito mineralocorticóide é atenuado se a 9-
fluoração for combinada com a 16-metilação. 
4. A adição simultânea de dupla ligação 1 a 2, 
grupo metila no carbono 16 e flúor no carbono 9 
produz a dexametasona, que apresenta atividade 
glicocorticóide muito potente, mas é 
essencialmente desprovida de atividade 
mineralocorticóide. 
 
Exemplo 1 
A atividade nativa de um glicocorticoide é 
particularmente importante para fármacos de 
administração tópica, na medida em que a pele 
não detém quantidades apreciáveis de 11β-HSD 
1. 
Sendo assim, apenas os 11-
hidroxiglicocorticóides podem ser utilizados em 
cremes de glicocorticóides tópicos: Betametasona 
(Betnovate®, Quadriderm®) e Triancinolona 
(Omcilon A “M”®). Vale observar que além de 
possuírem a hidroxila no C 11 (forma ativa), elas 
também possuem: 
a. Dupla ligação entre C 1 e 2, intensificando a 
atividade glicocorticoide. 
b. Flúor no C 9, aumentando atividade 
glicocorticoide e mineralocorticoide. 
c. Na Betametasona: metila no C 16, conferindo 
à molécula atividade puramente 
glicocorticoide. 
Além disso, sempre que possível, a forma 
ativa do fármaco é preferida à forma do pró-
fármaco inativo para pacientes com disfunção 
hepática, uma vez que esses indivíduos podem 
não ser capazes de converter o pró-fármaco em 
sua forma ativa. 
Exemplo 2 
A introdução de uma ligação dupla 1, 2 na 
hidrocortisona, como na prednisona ou 
prednisolona, aumenta a proporção entre a 
potência reguladora de carboidrato, anti-
inflamatório, imunossupressor e a de retenção de 
sódio (efeito mineralocorticoide - aldosterona). 
Além disso, a prednisolona é metabolizada mais 
lentamente que o cortisol. 
A prednisona é uma molécula inativa 
(carbonila no carbono 11 - função cetona) que 
precisa ser convertida em prednisolona no fígado 
para se tornar ativa. 
Outras modificações na molécula de 
prednisolona também produzem outros 
glicocorticóides com potências biológicas 
diferentes. A adição do grupo 6-α-metil na 
molécula de prednisolona origina a 
metilprednisolona que é 5 vezes mais potente do 
que o cortisol. 
Exemplo 3 
A adição de um átomo de flúor na posição 
9-α de hidrocortisona produz a fludrocortisona, 
que possui atividade glicocorticóide 12 vezes 
maior que o cortisol e uma atividade 
mineralocorticoide 125 vezes maior do que o 
cortisol. Devido a essas características, a 
fludrocortisona é mais utilizada, na clínica, quando 
há necessidade dos efeitos mineralocorticoide. 
 A adição do grupo 16-α-metil na molécula 
delta-1-fludrocortisona produz a dexametasona, 
que apresenta uma potência glicocorticóide 30 
vezes maior que a hidrocortisona, porém com 
atividade mineralocorticóide desprezível. 
Exemplo 4 
 A betametasona é uma dexametasona com 
um radical 16-β-metil e não α-metil, possuindo 
Geovana Sanches - TXXIV 
atividade glicocorticoide semelhante à 
dexametasona e normalmente é utilizada sob a 
forma de aerosol. 
 A Triancinolona é uma dexametasona com 
um grupo 16-α-hidroxil e não metil e geralmente é 
utilizada em terapias tópicas. 
 A 16-metilação ou hidroxilação no anel D 
elimina o efeito de retenção de sódio (efeito 
aldosterona), mas modifica muito ligeiramente a 
potência relativa aos efeitos sobre o metabolismo 
e a inflamação. 
Anel C 
A presença de um oxigênio em C 11 é 
indispensável para uma potência anti-inflamatória 
significativa e reguladora de carboidratos, mas 
não é necessária para elevada potência retentora 
de sódio, como demonstrado pela 
desoxicorticosterona (mineralocorticóide). 
FARMACOCINÉTICA DOS GLICOCORTICÓIDES 
Vias de administração 
Oral: Cortisona; Dexametasona; 
Metilprednisolona; Triancinolona. 
Tópico: Betametasona; Hidrocortisona; 
Mometasona; Triancinolona. 
Intramuscular: Triancinolona. 
Intramuscular e Intravenosa: Betametasona; 
Dexametasona; Hidrocortisona; Metilprednisolona; 
Prednisolona. 
Aerossóis inalados ou mais: Beclometasona; 
Budesonida; Ciclesonida; Flunisolida; Fluticasona; 
Mometasona; Triancinolona. 
Intra-articular: Metilprednisolona; 
Triancinolona.Vias de excreção 
 Via renal: metabólitos principalmente 
glicuronídeos e sulfatos, os quais aparecem na 
urina de pacientes que utilizam esses 
medicamentos. 
 
Propriedades farmacocinéticas do cortisol 
 Cerca de 90% do cortisol circulante estão 
ligados à proteínas plasmáticas, das quais as mais 
importantes são: globulina de ligação dos 
corticosteróides (CBG, também denominada 
transcortina; alta afinidade) e albumina (baixa 
afinidade). 
 Apenas as moléculas de cortisol que não 
estão ligadas às proteínas (fração livre) são 
biodisponíveis, isto é, estão disponíveis para sofrer 
difusão pelas membranas plasmáticas para o 
interior das células. Sendo assim, a afinidade e a 
capacidade de ligação das proteínas plasmáticas 
regulam a disponibilidade de hormônio ativo e, 
consequentemente, a atividade hormonal. 
 O fígado e os rins são os locais de 
metabolismo do cortisol. Por meio de redução e 
conjugação subsequente com ácido glicurônico, o 
fígado é responsável pela inativação do cortisol no 
plasma. A reação de conjugação torna o cortisol 
mais hidrossolúvel possibilitando sua excreção 
renal. 
 O fígado e os rins apresentam isoformas 
diferentes da enzima 11-β-hidroxiesteroide 
desidrogenase, reguladora da atividade do 
cortisol. As duas isoformas catalisam reações 
opostas. 
Nas células dos ductos coletores distais do 
rim, a 11-β-hidroxiesteroide desidrogenase tipo 2 
(11-β-HSD 2) converte o cortisol em cortisona, o 
composto biologicamente inativo que 
(diferentemente do cortisol) não se liga ao 
receptor de mineralocorticóides, expressos na 
região do néfron. Nos rins, os receptores de 
mineralocorticóides (MR) são protegidos do 
cortisol pela ação da enzima 11-β-HSD 2. Todavia, 
em altas concentrações, o cortisol pode superar a 
capacidade da 11-β-HSD 2, levando a estimulação 
dos MR renais. 
A cortisona pode ser novamente 
convertida em cortisol (também denominado 
hidrocortisona) no fígado pela 11-β-
hidroxiesteroide desidrogenase tipo 1 (11-βHSD 
1). 
Efeito mineralocorticóide exercido pela 
aldosterona 
 A aldosterona tem como função o 
equilíbrio eletrolítico, ou seja, reabsorção de Na+ e 
excreção de K+ → efeito mineralocorticóide. 
 A aldosterona atua através de receptores 
mineralocorticoides (MR), de modo semelhante 
aos GR. Os MR estão expressos nos tecidos 
Geovana Sanches - TXXIV 
epiteliais envolvidos no transporte de eletrólitos 
(rim, cólon, glândulas salivares e sudoríparas) e em 
alguns tecidos não epiteliais, como hipocampo, 
coração, vasos e tecido adiposo. 
 A aldosterona e o cortisol ligam-se aos MR 
com igual afinidade. Porém, cortisol na região do 
néfron é metabolizado pela enzima 11-βHSD 2 e a 
aldosterona é resistente à ação dessa enzima, 
mantendo sua ação mineralocorticóide. Na 
ausência da enzima 11-βHSD 2, os glicocorticóides 
ativam os MR. 
Nos túbulos distais e ductos coletores nos 
rins causam reabsorção de sódio, bicarbonato e 
água. Ela diminui a reabsorção de potássio, que, 
com H+, é perdido na urina. O aumento da 
reabsorção de sódio pela aldosterona também 
ocorre na mucosa gastrointestinal e nas glândulas 
salivares e sudoríparas. 
Duração de ação dos glicocorticóides 
 A duração de ação dos glicocorticóides 
depende dos seguintes fatores: 
1. Fração do fármaco ligado às proteínas 
plasmáticas 
 O grau de ligação às proteínas plasmáticas 
constitui um determinante da duração de ação do 
fármaco. Mais de 90% do cortisol circulante está 
ligado às proteínas, principalmente à CBG e, em 
menor grau, à albumina. Em contrapartida, 
geralmente os análogos de GC ligam-se à CGB com 
baixa afinidade. 
 Em consequência, cerca de ⅔ de um 
análogo do GC típico circulam no plasma em sua 
forma ligada à albumina, enquanto o restante 
encontra-se na forma de esteróide livre. Como 
apenas o esteróide livre é metabolizado, o grau de 
ligação às proteínas plasmáticas constitui um 
determinante da duração de ação do fármaco. 
2. Afinidade do fármaco pela 11-βHSD 2 
 Os glicocorticóides que apresentam 
afinidade mais baixa pela 11-βHSD 2 têm meia-
vida plasmática mais longa, uma vez que esses 
fármacos não são transformados tão rapidamente 
em metabólitos inativos. 
3. Capacidade lipofílica do fármaco 
 Quanto mais lipossolúvel, maior a 
distribuição do fármaco nas reservas do tecido 
adiposo. Consequentemente, há redução de 
metabolismo e excreção do fármaco, prolongando 
sua meia-vida plasmática. 
 
 
4. Afinidade do fármaco pelo receptor de 
glicocorticoide 
 O aumento da afinidade de um análogo de 
glicocorticóide pelo receptor de glicocorticóides 
eleva a duração de ação do fármaco, na medida 
em que a fração do fármaco ligado ao receptor 
continua exercendo seu efeito até ocorrer 
dissociação do complexo fármaco-receptor. 
MECANISMO DE AÇÃO E EFEITOS 
FARMACOLÓGICOS 
 Existem 2 tipos de receptores de 
glicocorticóides: Tipo I (mineralocorticóides ou 
MR) e Tipo II (glicocorticoides ou GR). 
O receptor de tipo I é expresso nos órgãos 
de excreção (rins, cólon, glândulas salivares e 
sudoríparas) e em outros tecidos, incluindo 
hipocampo, vasos, coração, tecido adiposo e 
células do sangue periférico. O receptor de tipo II 
(GRα) exibe uma distribuição tecidual mais ampla. 
O cortisol é transportado pelo organismo 
através da ligação de proteínas, como a CBG. 
Quando há dissociação, o cortisol atravessa a 
membrana da célula e, no citoplasma, encontra o 
seu receptor. Após a ligação do cortisol (molécula 
lipossolúvel) a seu receptor citosólico há formação 
do complexo hormônio-receptor, o qual sofre 
dimerização com outro complexo e é transportado 
para o núcleo. No caso do cortisol, o complexo 
hormônio-receptor dimerizado liga-se a 
elementos promotores de genes, chamados 
elementos de resposta aos glicocorticóides (ERG 
ou GRE), que podem intensificar ou inibir a 
expressão de genes específicos à podem causar 
indução da transcrição gênica através de interação 
com co-ativadores da transcrição e proteínas. 
O cortisol apresenta efeitos profundos 
sobre a expressão do mRNA, causando efeitos 
metabólicos e efeitos anti-inflamatórios. 
O mecanismo de ação do cortisol também 
pode ocorrer de modo inibitório de alguns genes, 
como: genes da COX-2, da NOS induzível, de 
citocinas inflamatórias e de alguns fatores de 
transcrição (p. ex. NF-kβ e AP-1). 
Ações anti-inflamatórias dos glicocorticóides 
 Eventos bioquímicos que levam aos efeitos 
anti-inflamatórios dessas moléculas: 
→ Indução de uma família de proteínas 
secretadas dependentes de cálcio e fosfolipídio 
denominadas lipocortinas, que por sua vez, inibem 
a ação da fosfolipase A2. 
→ Indução da síntese de anexinas, como 
anexina 1, que interfere com o processo de 
Geovana Sanches - TXXIV 
“rolling”, inibe a migração de neutrófilos, fagocita 
neutrófilos apoptóticos. As anexinas agem em 
receptores acoplados à proteína G presentes nos 
leucócitos, bloqueando respostas pró-
inflamatórias e intensificando os mecanismos anti-
inflamatórios endógenos. 
→ Inibição da ação da COX-2 e da formação 
de prostaglandinas por vários mecanismos: 
• Reprimindo a expressão do gene da COX-2 
• Reprimindo a expressão de citocinas que 
ativam a COX-2 
• Limitando o reservatório disponível de 
substrato da COX-2 (ácido araquidônico) 
ao bloquear indiretamente a fosfolipase 
A2. 
 
A capacidade anti-inflamatória dos 
glicocorticóides é muito mais eficaz do que a 
capacidade anti-inflamatória dos AINES, visto que 
os AINES inibem apenas a via da COX. 
A interrupção da síntese dos leucotrienos 
pelos glicocorticoides permite que eles sejam 
usados no processo inflamatório de vias 
respiratórias. 
Ação imunossupressora dos glicocorticóides 
 O cortisol inibe a liberação de citocinas ao 
inibir o fator nuclear kβ (NFkβ), o que leva a: 
• ↓ produção de interleucinas (IL1, IL2, IL3, 
IL4, IL5, IL6 e IL 8), TNFα 
• Impedem a clonagem e a maturação dos 
linfócitos T e B 
• ↓ atividade de linfócitos T helper 
• ↓ migração de neutrófilos dos vasos para 
os tecidos 
• ↓ atividadede neutrófilos e macrófagos 
O cortisol e sintéticos também: 
• ↓ liberação de histamina pelos basófilos 
(usado em reações alérgicas) 
• ↑ síntese de fatores anti-inflamatórios 
como IL-10 (produzida pela via Th2, inibe a 
resposta Th1, relacionada com resposta 
imune celular) e anexinas. 
Vias respiratórias 
 Os glicocorticóides são muito importantes 
no tratamento de patologias da via respiratória, 
como a Asma. Essas moléculas ligam-se a 
receptores nucleares, estimulando ou inibindo a 
transcrição gênica. 
 Estudos afirmam que os glicocorticoides 
aumentam a expressão de receptores β2 
adrenérgicos e a ativação desses receptores levam 
à broncodilatação. Sendo assim, há um efeito 
duplo dessas moléculas no tratamento dessas 
patologias. 
 
Células sanguíneas 
 O tratamento com glicocorticoides leva a 
uma redução do número de células sanguíneas 
circulantes à linfócitos, eosinófilos, monócitos e 
basófilos. A hidrocortisona em dose única leva a 
um declínio na contagem dessas células 
circulantes dentro de 4 a 6 horas; esse efeito 
persiste por 24 horas e resulta da distribuição de 
células para fora da periferia, e não de um 
aumento de sua destruição. 
 Mostram-se efetivos no tratamento de 
determinadas neoplasias malignas linfoides, uma 
ação possivelmente relacionada com a capacidade 
de glicocorticóides ativar a apoptose. 
 Leva a um aumento na produção de células 
vermelhas do sangue. Corticosteroides, como a 
prednisona ou prednisolona, são utilizados para 
tratar um tipo de anemia (anemia de Diamond 
Blackfan) que não responde ao tratamento com 
hormônio eritropoetina (estimulador natural da 
produção de células vermelhas). 
Fibroblastos e pele 
 Os glicocorticoides promovem redução da 
atividade de fibroblastos. A redução de 
glicosaminoglicanas diminui a produção de 
colágeno (redução de cicatrização e reparo 
tecidual). 
Geovana Sanches - TXXIV 
 Os efeitos colaterais mais comuns na pele 
e tecidos moles dos pacientes em corticoterapia 
são a atrofia cutânea e o aparecimento de 
púrpuras. Essas geralmente atingem áreas 
expostas ao sol (dorso das mãos e ombros) e não 
são acompanhadas de edema palpável. Estrias e 
dificuldade na cicatrização também podem estar 
presentes. 
 Neoplasias de pele (carcinoma 
espinocelular e carcinoma basocelular) também 
são mais frequentes nos usuários de 
glicocorticoides. 
 O uso tópico de glicocorticóide pode levar 
ao surgimento de acne, alopécia, hipotricose e 
estrias. 
Músculo esquelético e ossos 
 Redução da função dos osteoblastos e 
aumento da atividade dos osteoclastos, podendo 
provocar osteoporose. 
 Períodos prolongados de uso de 
glicocorticóides provoca debilidade do músculo 
esquelético (miopatia por esteróides), 
provocando fraqueza e fadiga. 
Sendo assim, há uma atrofia tecidual, com: 
fraqueza muscular, osteoporose, inibição do 
crescimento (crianças; pode ser recuperada) e 
atrofia cutânea. 
Sistema nervoso central 
 A corticoterapia pode ocasionar: elevação 
do humor; mania, insônia, inquietação e aumento 
da atividade motora; ansiedade, depressão ou 
psicose leve. 
Em pacientes com síndrome de Cushing 
(quantidade excessiva de corticosteroides), 
observa-se uma alta incidência de neuroses e 
psicoses. 
Em geral, essas anormalidades 
desaparecem após a interrupção da terapia com 
glicocorticóides ou tratamento da síndrome de 
Cushing. 
Efeitos metabólicos dos glicocorticóides 
 Os efeitos metabólicos do cortisol causam 
elevação dos níveis sanguíneos de glicose, 
aminoácidos e triglicerídeos. 
Há estímulo da produção de glicose à o 
cortisol aumenta a glicemia ao antagonizar a ação 
da insulina e promover a gliconeogênese em 
jejum; diminuição da glicose periférica. 
Aumenta a degradação de proteínas à o 
cortisol aumenta o catabolismo das proteínas 
musculares, resultando em liberação de 
aminoácidos, que podem ser utilizados pelo fígado 
como fontes energéticas para a gliconeogênese. 
Potencializa ação do hormônio de 
crescimento sobre os adipócitos à ao 
potencializar o efeito do GH sobre os adipócitos, o 
cortisol aumenta a atividade da lipase sensível a 
hormônio e a liberação subsequente de ácidos 
graxos livres (lipólise). Os ácidos graxos livres 
aumentam ainda mais a resistência à insulina. 
Leva à redistribuição da gordura corporal. 
Eixo HHA (hipotálamo - hipófise - adrenal) 
 O hipotálamo produz o Hormônio 
Liberador de Corticotropina (CRH) , o qual 
estimula a produção de ACTH pela hipófise. O 
ACTH, por sua vez, estimula a produção de cortisol 
no córtex da adrenal (cerca de 30 mg/ dia de 
cortisol). 
 Com a administração contínua de 
glicocorticoides ocorre feedback negativo, ou seja, 
menor produção de CRH e de ACTH, afetando a 
produção da glândula adrenal. Com o passar do 
tempo, pode haver atrofia adrenocortical, visto 
que a ausência de ACTH leva a atrofia da zona 
fasciculada produtora de cortisol e da zona 
reticular envolvida na síntese de 
androgênios. Devido a esses efeitos, não deve 
ocorrer interrupção abrupta do uso de 
medicamentos corticoides, realizando um 
esquema de desmame. 
As células da zona glomerulosa que 
produzem aldosterona continuam a funcionar na 
ausência de ACTH, uma vez que a angiotensina II e 
o potássio sanguíneo continuam estimulando a 
síntese de aldosterona. 
RETIRADA GRADUAL DOS GLICOCORTICÓIDES 
 Pacientes em uso prolongado de corticoide 
podem ter risco de supressão de eixo hipotálamo-
hipófise-adrenal nas seguintes situações: 
• Paciente recebendo doses diárias totais 
maior ou igual a 10 mg de prednisona (ou 
outro corticóide em dose equivalente) por 
mais de 3 semanas; 
• Pacientes recebendo dose noturna maior 
ou igual a 5 mg de prednisona por mais de 
3 semanas; 
• Pacientes em uso de corticoide e aparência 
cushingoide. 
É indicado a redução gradativa de 10 a 20% 
da dose, levando em consideração a conveniência 
e a resposta clínica do paciente. O regime pode ser 
feito com redução de: 
Geovana Sanches - TXXIV 
• 5 a 10 mg por dia por uma ou duas 
semanas, quando a dose em uso de 
prednisona for maior que 40 mg/ dia de 
prednisona ou equivalente. 
• 5 mg por dia por uma ou duas semanas 
quando a dose de prednisona estiver entre 
10 e 20 mg/ dia. 
• 2,5 mg por dia por uma ou duas semanas 
quando a dose de prednisona estiver entre 
10 e 20 mg/dia. 
• 1 mg por dia por duas a 4 semanas quando 
a dose de prednisona estiver abaixo de 10 
mg/ dia (a prednisona pode ser substituída 
por prednisolona por solução oral, pela 
posologia, ou ser utilizada em dias 
alternados). 
EFEITOS ADVERSOS 
Síndrome de Cushing iatrogênica ao 
tratamento farmacológica com glicocorticóides 
exógenos. 
• Euforia (embora às vezes ocorram 
depressão ou sintomas psicóticos e 
labilidade emocional) 
• Corcova de búfalo 
• Hipertensão (associado ao efeito 
mineralocorticoide, com reabsorção de 
sódio) 
• Enfraquecimento da pele 
• Braços e pernas finas, devido a 
consumação muscular 
• Cicatrização deficiente das feridas 
• Hipertensão intracraniana benigna 
• Cataratas 
• Face em lua cheia com bochechas 
vermelhas (Face Cushingoide) 
• Aumento da gordura abdominal 
• Necrose avascular da cabeça do fêmur 
• Equimoses fáceis 
• Osteoporose 
• Tendência à hiperglicemia 
• Balanço nitrogenado negativo 
• Aumento do apetite 
• Aumento da suscetibilidade a infecções 
• Obesidade 
Efeitos adversos - Fludrocortisona 
Os efeitos adversos estão relacionados 
com a capacidade do fármaco simular um estado 
de excesso de mineralocorticóides. Assim, os 
principais efeitos são: Hipertensão (reabsorção de 
Na+); Hipopotassemia (Excreção de K+) e 
Insuficiência cardíaca. 
 Para assegurar a administração de uma 
dose apropriada de fludrocortisona, é importante 
monitorar rigorosamente os níveis séricos de K+ e 
a pressão arterial dos pacientes que utilizam esse 
fármaco. 
USOS CLÍNICOS DOS CORTICOSTEROIDES 
Terapia de reposição 
Nos casos de insuficiência suprarrenal 
primária (doença de Addison), deve-se administrar 
doses fisiológicasde glicocorticóides para 
melhorar os efeitos da insuficiência suprarrenal. A 
hidrocortisona oral constitui o glicocorticóide, de 
escolha. Fludrocortisona, um mineralocorticóide 
sintético e potente, com alguma atividade 
glicocorticóide, também pode ser necessário para 
suplementar a deficiência mineralocorticóide. 
Nos casos de insuficiência suprarrenal 
secundária e terciária (deficiência na produção de 
ACTH ou CRH), a síntese de aldosterona é menos 
prejudicada e, portanto, a hidrocortisona é usada 
para essa deficiência. 
Efeitos anti-inflamatório e imunossupressor 
 São utilizadas doses farmacológicas para 
suprimir a inflamação e as respostas imunes 
associadas a certos distúrbios: 
• Asma 
• Rinite alérgica 
• Condições inflamatórias da pele, olhos, 
orelha ou nariz, por exemplo: eczema, 
conjuntivite alérgica ou rinite) 
• Estados de hipersensibilidade: reações 
alérgicas graves 
• Doenças com componentes auto imunes e 
inflamatórios: artrite reumatoide e outras 
doenças do tecido conjuntivo, doenças 
inflamatórias intestinais, algumas formas 
de anemia hemolítica, púrpura 
trombocitopênica idiopática 
• Prevenção na doença do enxerto versus 
hospedeiro após transplante de órgãos ou 
medula óssea. 
Doenças neoplásicas 
São usados em combinação com agente 
citotóxicos no tratamento de doenças malignas 
específicas, como por exemplo doença de Hodgkin 
e leucemia linfocítica aguda. 
Para reduzir edema cerebral em pacientes 
com tumores cerebrais metastáticos ou primários 
utiliza-se principalmente dexametasona. 
São utilizados, ainda, para reduzir vômito 
causado pelo tratamento com quimioterápicos. 
Geovana Sanches - TXXIV 
Glicocorticóides, como a prednisolona e a 
dexametasona, têm efeitos inibidores na 
proliferação de linfócitos e são usados no 
tratamento de leucemias e linfomas. Sua 
capacidade para diminuir a pressão intracraniana 
e aliviar alguns dos efeitos adversos dos fármacos 
anti-câncer, como náusea e vômito, mostram a 
utilidade desses agentes como terapia de apoio 
quando se trata de outros cânceres, bem como no 
cuidado paliativo. 
Os mecanismos de ação exatos dos 
corticosteroides na prevenção da náusea ou na 
profilaxia do vômito é desconhecido. Sugere-se o 
antagonismo de prostaglandinas, a liberação de 
endorfinas e a depleção de triptofano. Entretanto, 
não se sabe se estes efeitos são periféricos ou 
mediados centralmente. É também possível que 
os efeitos anti-inflamatórios ou estabilizadores de 
membrana contribuam para os efeitos anti-
eméticos desses fármacos. 
Aceleração da maturação pulmonar 
 A maturação dos pulmões no feto é 
regulada pela secreção fetal de cortisol. O 
tratamento da mãe com grandes doses de 
glicocorticoides reduz a incidência da síndrome do 
desconforto respiratório em prematuros. 
 Quando a terapia com glicocorticoides está 
indicada para promover a maturação dos pulmões 
no feto, administra-se comumente dexametasona 
ou betametasona à mãe 48 horas antes de realizar 
o parto prematuro para acelerar a maturação 
pulmonar do feto. 
 A dexametasona e betametasona são 
substratos fracos da 11-βHSD 2 placentária e 
encontram-se, portanto, presentes na sua forma 
ativa na circulação materna e atravessam a 
placenta, passando para a circulação fetal, onde 
estimulam a maturação dos pulmões. 
A dose dos corticoides precisa ser 
cuidadosamente titulada, na medida em que uma 
exposição excessiva ao glicocorticoide pode ter 
efeitos deletérios sobre o desenvolvimento fetal. 
Corticoides na gravidez 
 A prednisona é preferida nas gestantes 
pois tem menos efeitos adversos sobre o feto. 
Durante a gravidez, a placenta separa 
metabolicamente o feto da mãe e, assim, a 
prednisona pode ser administrada à mãe sem 
efeitos adversos para o feto. 
O fígado materno ativa a prednisona em 
prednisolona, porém a 11-βHSD 2 placentária 
converte novamente a prednisolona em 
prednisona inativa. Como o fígado não funciona 
durante a vida fetal, o feto não consegue ativar a 
prednisona. 
 Por conseguinte, o uso da prednisona 
durante a gravidez não resulta em fornecimento 
de glicocorticóide ativo ao feto. 
 
FARMACOLOGIA APLICADA AO SISTEMA 
RESPIRATÓRIO 
Sistema respiratório 
 O sistema respiratório é composto pelas 
vias aéreas superiores (nariz externo, cavidade 
nasal, faringe, laringe e parte superior da traqueia) 
e vias aéreas inferiores (parte inferior da traqueia, 
brônquios, bronquíolos, alvéolos e pulmões). Há 
situações patológicas que acometem 
separadamente cada uma dessas duas porções. 
 A principal função do sistema respiratório 
é realizar as trocas gasosas entre o meio externo e 
o meio interno do organismo, de forma que a cada 
inspiração trazemos o oxigênio ao meio interno e, 
a cada expiração, levamos o gás carbônico ao meio 
externo. 
Principais características 
• Íntimo contato com o meio externo; 
• Alvo de inúmeros agentes nocivos: 
o Químicos: poluição, fumaça, odores, etc. 
o Biológicos: bactérias, vírus, fungos e 
parasitos. 
o Físicos: alimento, pólen, poeira, etc. 
Mecanismos de defesa 
 Mecânicos: narina (cílios, turbilhonamento 
aéreo, espirro); fechamento da glote; muco; cílios 
bronquiolares; tosse. 
 Imunológicos: imunoglobulinas (IgE, IgM, 
IgG); células de defesa (linfócitos, mastócitos, 
monócitos, eosinófilos); mediadores químicos 
(citocinas, eicosanoides, aminas). 
Principais patologias 
 Trato respiratório superior (TRS): rinite, 
sinusite, gripe, faringite, laringite. 
 Trato respiratório inferior (TRI): asma, 
bronquite, tosse, enfisema e tuberculose e DPOC. 
Farmacologia do sistema respiratório 
Dentro da farmacologia aplicada ao 
sistema respiratório serão estudados 
medicamentos que: 
• Afetam a mucosa nasal: 
descongestionantes, glicocorticoides e 
anti-histamínicos. 
• Afetam as mucosas: fluidificantes, 
mucolíticos e expectorantes. 
Geovana Sanches - TXXIV 
• Afetam o tamanho dos brônquios, como 
broncodilatadores. 
• Afetam a sensibilidade das vias aferentes e 
que afetam o centro respiratório, como os 
antitussígenos. 
Regulação do calibre dos brônquios 
 Os brônquios são formados por 
musculatura lisa e seu calibre é regulado por 
sinalização colinérgica (principalmente), 
adrenérgica e por fibras do tipo NANC (ou seja, 
não adrenérgicas e não colinérgicas). 
Eles são extensamente inervados pelo 
Sistema Nervoso Parassimpático. Quando a 
acetilcolina liberada pelas fibras parassimpáticas 
se liga aos receptores muscarínicos (M3) há 
broncoconstrição. 
Quanto ao sistema nervoso simpático, a 
noradrenalina e adrenalina, quando se ligam aos 
receptores β2, ativam-nos e promovem a 
broncodilatação. 
As fibras NANC têm como principais 
sinalizadores: 
1. Broncodilatadores: óxido nítrico (NO); 
polipeptídeo intestinal vasoativo (VIP). 
2. Broncoconstritores: neurocinina A; Peptídeo 
relacionado com o gene da calcitonin (CGRP); 
Substância P ; Bradicinina; Neuropeptídeo Y. 
 Alguns estímulos como irritação mecânica, 
estímulos térmicos, partículas inaladas, liberação 
de histamina e mediadores inflamatórios, edema 
estimulam as fibras parassimpáticas, as quais 
aumentam a descarga colinérgica nos brônquios 
pulmonares e assim promovem broncoconstrição, 
reflexo da tosse e hipersecreção. 
SNA simpático - receptor β2 adrenérgico 
 
 Na musculatura lisa dos brônquios 
pulmonares encontramos receptores β2 
(metabotrópicos, acoplados a proteína Gs). A 
partir da via de sinalização, com transformação do 
ATP em AMPc e ativação da proteína-quinase A, 
promove-se o relaxamento do músculo liso dos 
brônquios. 
É importante lembrar que a enzima 
fosfodiesterase degrada o AMPc, pois alguns 
fármacos atuam inibindo essa enzima e, 
consequentemente, aumentam a disponibilidade 
de AMPc e o relaxamento da musculatura 
brônquica. 
 
ASMA 
 É uma doença crônica das vias 
respiratórias, caracterizada por exacerbações 
intermitentes de doença aguda (denominadas 
crises de asma). 
A asma é uma doença obstrutiva (causa 
broncoconstrição) e inflamatória, emresposta a 
hiper-reatividade imunológica. É caracterizada 
pela ativação de monócitos, liberação de IgE e 
linfócitos e envolve: edema das vias respiratórias, 
hiperplasia das células caliciformes, hipersecreção 
de muco e infiltração de células imunes e 
inflamatórias. 
 O tratamento deve ser feito, portanto, com 
broncodilatadores e antiinflamatórios esteroidais 
(AINES podem piorar o broncoespasmo). 
Pacientes que sofrem de asma apresentam 
hiperresponsividade brônquica, ou seja, alérgenos 
como pelo de gato, pólen, ácaros, irritantes 
ambientais, exercício, ar frio, infecções ou 
componentes emocionais levam à 
broncoconstrição intensa. 
Processo inflamatório na asma 
 Estímulo inflamatório (indivíduo entra em 
contato com alérgenos) → inflamação das vias 
aéreas à sinalização imunológica (linfócitos, 
mastócitos, eosinófilos, plasmócitos) → liberação 
de histamina e leucotrienos → 
hiperresponsividade brônquica → asma 
sintomática (secreção de muco, broncoconstrição 
e outras complicações). 
 Na terapêutica é importante o controle do 
ambiente (estímulo inflamatório), além do uso de 
antiinflamatórios e de broncodilatadores. 
Farmacoterapia 
Broncodilatadores: agonistas β-
adrenérgicos são o principal grupo. Os 
anticolinérgicos e metilxantinas também podem 
ser utilizados, sobretudo em pacientes com DPOC 
e cardiopatas (exceto metilxantinas). 
Antinflamatórios: glicocorticosteróides são 
o grupo de primeira escolha, pois além de serem 
mais baratos, apresentam eficácia durante crise. 
Também podem ser utilizados cromoglicatos, 
modificadores da via dos leucotrienos e anticorpos 
Anti-IgE. 
 
Geovana Sanches - TXXIV 
BRONCODILATADORES 
Agonistas β adrenérgicos 
 São os broncodilatadores mais efetivos, 
sobretudo os de ação prolongada. Eles estimulam 
receptores β adrenérgicos presentes na 
musculatura lisa que reveste o brônquio, 
aumentando a atividade Gs-AC-AMPc. Os 
agonistas β2 adrenérgicos também estimulam a 
motilidade ciliar. 
Adrenalina 
A adrenalina foi o primeiro tratamento a 
ser instituído como agonista de receptor β, sendo 
um agonista adrenérgico preferencial para 
agonistas β-adrenérgicos. Pode ser utilizado por 
via inalatória ou via subcutânea. 
Isoproterenol/Isoprenalina 
Agonista β seletivo ou preferencial: 
moléculas agonistas de receptores β1 e β2, que 
não interagem com receptores α adrenérgicos, 
diminuindo a quantidade de efeitos adversos. 
Todavia, esse medicamento oferece baixa 
segurança para o paciente asmático, pois causa 
taquicardia. 
 Devido a esse efeito colateral, a indústria 
farmacêutica desenvolveu agonistas seletivos do 
receptor β2, que é o principal receptor 
adrenérgico na musculatura lisa broncoalveolar. 
Agonistas β2 seletivos 
A seletividade é dependente da dose, de 
forma que altas doses também atuam em 
receptores β1. São classificados de acordo com o 
tempo de ação. 
Ação curta 
 São moléculas hidrossolúveis que 
interagem rapidamente com o receptor β2, 
ativando-o e promovendo broncodilatação. Não 
mantêm seus efeitos por muito tempo. 
• Fenoterol (princípio ativo do Berotec®) 
• Salbutamol (princípio ativo do Aerolin®) 
• Terbutalina (princípio ativo do Bricanyl®) 
• Pirbuterol 
• Bitolterol 
Na emergência (crise de broncoespasmo), 
o paciente deve usar agonista β2 de curta 
duração. 
Esses medicamentos têm alta potência. O 
maior problema deles é que podem sofrer 
absorção, caindo na corrente sanguínea e 
ativando receptores β2 adrenérgicos em outros 
tecidos à liberação de insulina, alterações 
glicêmicas, tremor, taquicardia. 
 
Ação prolongada 
 São moléculas que possuem 2 porções, 
uma hidrossolúvel e outra lipossolúvel. A porção 
da molécula de caráter lipofílico interage com 
lipídios de membrana, mantendo o medicamento 
mais tempo em contato com a musculatura lisa 
bronquiolar. A porção hidrofílica da molécula, por 
sua vez, interage com o receptor β2 
adrenérgico. Esses medicamentos são utilizados 
em tratamentos mais longos (uso contínuo). 
• Formoterol 
• Salmeterol 
Vias de administração: aerossóis e inalatórios 
 Apenas as partículas menores atingem a 
musculatura lisa brônquica, sendo que as maiores 
normalmente ficam presas à orofaringe. Sendo 
assim, grande parte do medicamento é deglutido 
e atinge o estômago e o intestino, sendo absorvida 
e provocando algumas das reações adversas 
sistêmicas ocasionadas por esses medicamentos. 
 Pacientes idosos e crianças normalmente 
utilizam esses medicamentos junto ao inalador 
pressurizado para diminuir a quantidade 
deglutida, tendo em vista que a câmara de 
expansão retém as partículas maiores. 
 Os inaladores pressurizados requerem 
baixo fluxo inspiratória e boa coordenação na 
administração. Os problemas mais frequentes são: 
esquecer de agitar, não posicionar na vertical, 
expirar parcialmente antes da inspiração 
profunda, inalação rápida, inspirar pelo nariz, 
pressionar o inalador mais que 1 vez, não apontar 
o inalador para a boca e não suspender a 
respiração após a inalação. 
Quando usados pela primeira vez ou após 
algum tempo de inutilização, os inaladores 
pressurizados devem ser ativados uma vez antes 
da administração. 
 Existem também inaladores de pó seco, os 
quais requerem fluxo inspiratório mais elevado do 
que os aerossóis. Além disso, são mais caros. São 
encontrados em doses unitárias ou doses 
múltiplas, sendo que os últimos permitem ajuste 
de dosagem. 
Efeitos colaterais/ reações adversas 
• Taquicardia: devemos ter cuidado ao usar 
agonista β2 em cardiopatas ou idosos com 
problemas cardíacos, pois ele ativa receptores 
β2 cardíacos, aumentando risco de arritmia, 
crise de angina e IAM. 
• Tremor 
• Alterações glicêmicas (elevação) 
Geovana Sanches - TXXIV 
Anticolinérgicos (antagonistas muscarínicos) 
 Os anticolinérgicos foram uma das 
primeiras medicações utilizadas pela medicina 
ocidental (Estramônio, o qual deu lugar a 
atropina). Atualmente são amplamente utilizados 
no tratamento da asma e DPOC. 
 Na musculatura brônquica há receptores 
excitatórios M3 muscarínicos, os quais são 
ativados pela Ach, gerando broncoconstrição e 
hipersecreção de muco. Os anticolinérgicos 
bloqueiam esses receptores, diminuindo a 
atividade Gq-PLC. 
Atropina 
Medicamento utilizado nos hospitais, 
embora nos últimos 10 anos seu uso tenha 
diminuído. Os principais efeitos adversos são: 
taquicardia, náusea, boca seca, obstipação e 
retenção urinária. 
Brometo de ipratrópio (Atrovent®) 
 É um sal de amônio quaternário derivado 
da atropina. Possui baixa absorção via oral, sendo 
usado de forma inalatória. Sua ação é curta e os 
principais efeitos colaterais são boca seca e 
desconforto intestinal. 
Brometo de tiotrópio 
 Possui alta biodisponibilidade por via oral e 
é um fármaco de ação prolongada (dissociação 
lenta dos receptores muscarínicos). 
 Na DPOC, o componente colinérgico é 
bastante intenso, fazendo-se necessário o uso de 
um anticolinérgico de longa duração. Muitas vezes 
o paciente com DPOC é um idoso cardiopata, logo 
não é possível usar agonista β2, pois tem risco de 
arritmia. 
• Pacientes com DPOC à utilizar anticolinérgico 
 Os principais efeitos colaterais são 
taquicardia (em menor proporção do que os 
agonistas β2) e boca seca. 
Metilxantinas ou xantinas 
As metilxantinas ou xantinas já foram 
amplamente utilizadas, mas atualmente seu uso é 
restrito, tendo em vista o baixo índice terapêutico 
(margem de segurança estreita). 
• Aminofilina à principal representante. 
Ação curta 
• Cafeína 
• Teofilina: ação curta 
• Teobromina 
As metilxantinas atuam na inibição das 
enzimas fosfodiesterases, com ↑ AMPc e 
consequente relaxamento da musculatura lisa 
brônquica (broncodilatação). Além disso, atuam 
no antagonismo de receptores de adenosina 
(receptores purinérgicos). 
Os principais efeitos adversos são: 
taquicardia, arritmias cardíacas, náusea e vômito, 
hipersecreção gástrica (aumento do AMPc nas 
células parietais do estômago ativa bomba de 
prótons), agitação psicomotora e diurese 
(xantinasinibem a liberação do ADH). 
Nos casos de intoxicação mais graves pode 
ocorrer encefalopatia tóxica, hipertermia, lesão 
cerebral, hiperglicemia e hipocalemia. 
ANTIINFLAMATÓRIOS 
Corticosteróides 
 São os principais antiinflamatórios 
utilizados para o tratamento da asma. Embora não 
sejam tão efetivos para o tratamento da DPOC, 
também são utilizados. 
 A via oral de administração apresenta 
muitos efeitos sistêmicos e, por isso, dá-se 
preferência a glicocorticóides de via inalatória 
(mínimos efeitos sistêmicos). 
Mecanismo de ação: atravessa a 
membrana celular à liga-se ao receptor GR à 
forma complexo hormônio-receptor à núcleo à 
ativação da transcrição de genes anti-
inflamatórios + inibição da transcrição de genes 
pró-inflamatórios. 
Os corticoides são substâncias 
amplamente empregadas para reduzir a atividade 
do sistema imunológico (leucotrienos e 
mediadores inflamatórios), produzindo rápido 
efeito na atividade inflamatória. 
Além disso, diminuem a degranulação 
mastocitária, migração leucocitária e exsudação; a 
expressão de imunoglobulinas, atividade da COX2; 
broncoespasmo e produção de muco. 
 Os glicocorticóides aumentam a expressão 
da lipocortina e anexina 1 → inibe fosfolipase A2 
→ diminui a síntese de ácido aracdônico → 
diminui a síntese de leucotrienos → diminui a 
resposta de quimiotaxia, broncoconstrição e 
outros efeitos promovidos pelos leucotrienos. 
Via inalatória 
• Beclometasona 
• Triancinolona 
• Fluticasona: aumenta a expressão de 
receptores β2 na musculatura lisa brônquica, 
aumentando a sensibilidade aos 
broncodilatadores agonistas de receptores 
β2. 
• Budesonida 
• Flunisolida 
Geovana Sanches - TXXIV 
• Mometasona 
• Ciclesonida 
 Deve-se ter muito cuidado com o depósito 
de gotículas de esteróides na orofaringe, pois isso 
pode gerar ação imunossupressora na mucosa 
bucal, facilitando proliferação de patógenos → 
desequilibra microbiota da boca, causando, por 
exemplo, candidíase. Orienta-se ao paciente a 
escovação dos dentes e enxágue bucal após a 
utilização do medicamento, uso de espaçadores 
(retêm partículas que ficariam na boca). 
Via oral 
 Em casos de asma persistente/grave, 
utilizam-se glicocorticóides por via oral: 
hidrocortisona; prednisona; prednisolona; 
dexametasona e betametasona. 
Efeitos adversos 
• Hiperglicemia, hiperinsulinemia 
• ↑ retenção de sódio e água (edema, 
hipertensão) 
• ↓ absorção intestinal de Ca++, ↑ reabsorção 
óssea, ↑ excreção renal de Ca++ 
(remodelamento ósseo) 
• ↑ proteólise, ↓ massa muscular, ↓ reparo 
tecidual, ↓ reparo de tendões (reduz 
replicação de fibras colágenas) 
Cromoglicato ou cromonas 
 São agentes estabilizadores de mastócitos, 
inibindo a degranulação dessas células. Também 
inibem a liberação de mediadores inflamatórios 
dos eosinófilos, neutrófilos, monócitos, 
macrófagos e linfócitos. 
• Cromoglicato dissódico (Cromolerg®, 
Intal®, Rilan®, Nasal®) 
• Nedocromil (Tilade®) 
 O mecanismo de ação não está 
completamente estabelecido, mas se sabe que 
eles atuam inibindo a entrada de Ca2++ e, 
consequentemente, a exocitose de grânulos que 
contém histamina e outros grânulos inflamatórios. 
Agentes modificadores da via dos leucotrienos 
 O ácido aracdônico sofre ação da enzima 
lipoxigenase formando leucotrienos. 
 O zileuton - Zyflo CRTM (norte americano) 
- é um fármaco administrado por via oral, cujo 
mecanismo de ação é a inibição da enzima 5-
lipoxigenase. 
Inibidores do receptor de cisteinil leucotrienos 
(CysLT1) 
Montelucaste: Singulair® - 10 mg/ dia à 
noite VO (adultos). Ele antagoniza o receptor de 
leucotrienos impedindo-os de promover 
broncoespasmo, quimiotaxia, liberação de 
histamina e mediadores inflamatórios. Usado para 
prevenir o broncoespasmo ao bloquear receptor 
de leucotrienos. 
Zafirlucaste: Accolate® - 20 mg/ dia - 2x/ 
dia (adultos). 
Anticorpos Anti-IgE 
Omalizumab 
 Anticorpo monoclonal que se liga ao 
domínio de ligação de alta afinidade ao receptor 
de IgE na IgE humana. Sendo assim, diminui a 
quantidade de IgE circulante e impede a ligação da 
IgE remanescente ao receptor nos mastócitos. 
 O nome comercial é Xolair®. É um 
medicamento de alto custo, porém boa 
efetividade. A administração é parenteral 
subcutânea, a cada 2 a 4 semanas. 
 
 
RINOSSINUSITES (RINITE E SINUSITE) 
 Rinite: é definida clinicamente por um 
distúrbio sintomático do nariz, induzido por 
inflamação da mucosa nasal mediada por IgE, após 
exposição à alérgenos. É caracterizada por edema 
de mucosa nasal, rinorreia, secreções na mucosa 
nasal. Está associada a outras doenças alérgicas, 
como conjuntivite, asma e doenças infecciosas 
(sinusites, amigdalites). 
Para o tratamento da rinite, devem-se 
utilizar medicamentos vasoconstritores que 
inibem a formação de edema, exercendo efeito de 
descongestionante nasal (alivia sintomas). A 
diminuição do processo inflamatório, por sua vez, 
será produzida pelo uso de corticoides de via nasal 
ou inalatório. 
Tratamento não farmacológico 
• Repouso 
• Ingestão de líquidos 
• Evitar tabaco 
Tratamento farmacológico 
Geovana Sanches - TXXIV 
• Descongestionante nasal 
• Anti-histamínico H1 
• Anti-inflamatório, sobretudo 
glicocorticoides 
DESCONGESTIONANTES NASAIS 
Agonistas α1 adrenérgicos 
Uso tópico 
Ativam receptores α1 dos vasos sanguíneos 
fazendo vasoconstrição → diminui 
extravasamento de líquido para o interstício → 
diminui formação de edema → efeito 
descongestionante. 
• Nafazolina (Sorine®, Neosoro®, Naridrin®) 
• Oximetazolina (Aturgyl®) 
Uso oral 
• Fenilefrina (VO) 
 Está contida em alguns 
antigripais. Também disponível em outras vias de 
administração, além da via oral. 
ANTI-HISTAMÍNICOS 
 Os anti-histamínicos são substâncias que 
bloqueiam os receptores de histamina (H1, H2), 
prevenindo os efeitos da histamina sobre os 
tecidos. Eles reduzem a broncoconstrição, 
dilatação vascular, edema e aumento de 
permeabilidade capilar. 
 Indivíduo em contato um alérgeno → 
sinalização de IgE → se liga nos mastócitos → 
degranulação dos mastócitos → liberação de 
vários mediadores inflamatórios, sobretudo 
histamina → receptor H1 na parede dos vasos 
sanguíneos → vasodilatação → ativação/retração 
das células endoteliais → aumento das moléculas 
de adesão nas células endoteliais → 
extravasamento de líquido para interstício → 
edema → congestão. 
 Também há receptores H1 em algumas 
regiões cerebrais e, a histamina, ao ativar esses 
receptores em algumas regiões, promove 
vigília. Sendo assim, os anti-histamínicos 
promovem depressão do SNC e sedação. 
Anti-histamínicos antagonistas de receptores H1 
 Reduzem os efeitos vasculares da 
histamina ; causam vasoconstrição e reduzem o 
extravasamento vascular. 
 Eles são classificados em: 
• 1ª geração: Dexclorfeniramina (Polaramine®), 
prometazina (Fenergan®). São bastante 
lipossolúveis, passando facilmente pela 
barreira hematoencefálica à bloqueiam os 
receptores H1 de histamina relacionados com 
a vigília, causando sonolência (sedação) e 
dificuldade de concentração. Seu início de 
ação é rápido, mas a resposta farmacológica é 
curta. 
• 2ª geração: loratadina (Claritin®), 
fexofenadina (Allegra®), levocetirizina 
(Zyxem®). São menos lipossolúveis, tendo sua 
passagem pela BHE dificultada (menor 
sonolência). Além disso, foi localizada uma 
glicoproteína P na BHE que realiza efluxo de 
anti-histamínicos de 2ª geração. O início de 
ação é mais lento, mas a resposta 
farmacológica é mais duradora. 
 
FARMACOTERAPIA DA TOSSE 
 A tosse é caracterizada por uma expiração 
explosiva. Constitui um mecanismo fisiológico de 
defesa e que tem por objetivo limpar a árvore 
traqueobrônquica de secreções e corpo estranho. 
É considerada aguda quando dura menos que 3 
semanas, e crônica quando dura mais que isso. 
Além disso, pode ser classificada como tosse seca 
ou tosse produtiva (quando há produção de muco 
além do fisiológico). 
 Os fatores desencadeantes podem ser 
divididos entre irritantes e exógenos (fumo, 
poeira, corpos estranhos,medicamentos) ou 
irritantes e endógenos (secreções das vias aéreas, 
conteúdo gástrico). 
A tosse produtiva pode ser ocasionada por: 
tabagismo, infecções (bacterianas, fúngicas, 
virais), reações inflamatórias e alérgicas (rinite, 
asma), poluição, corpos estranhos, excesso de 
humidade. A característica da secreção expelida 
durante a tosse é importante para o diagnóstico: 
• Clara, translúcida: fisiológica 
• Abundante, branca, mucoide: bronquite 
crônica, asma 
• Esverdeada/acastanhada: infecção 
bacteriana 
• Cheiro fétido: infecção por anaeróbios 
• Rançosa: pneumonia pneumocócica 
• Rosada: edema pulmonar 
• Abundante em camadas: bronquiectasia 
• Sangue: tuberculose, embolia pulmonar, 
carcinoma 
Farmacoterapia da tosse seca 
Antitussígenos de ação central 
à Narcótico: codeína, morfina. São 
medicamentos altamente potentes, capazes de 
inibir o centro da tosse. 
à Não narcóticos: dropropizina, 
clobutinol, difenidramina, dextrometorfano. 
Geovana Sanches - TXXIV 
A dropropizina é capaz de bloquear a 
atividade dos receptores periféricos da tosse e 
também tem ação anti-histamínica. Ela diminui a 
sensibilidade das vias aferentes, de forma que 
quando a informação chega ao centro da tosse, ela 
não tem força o suficiente para estimulá-lo. 
O clobutinol e o dextrometorfano são 
capazes de bloquear o centro da tosse, impedindo 
que as vias aferentes vagais consigam estimular o 
centro. 
Antitússicos de ação periférica 
à Demulcentes: mel, gomas, mucilagens, 
óleos etéreos (como a essência de eucalipto). Elas 
criam uma camada fina de revestimento entre a 
luz do sistema respiratório e a mucosa, 
promovendo o isolamento das terminações vagais 
aferentes. 
à Anestésicos locais: benzocaína, 
tetracaína, cepacaína. Eles promovem anestesia 
na região da orofaringe, impedindo que as 
terminações vagais propaguem a informação até o 
centro da tosse. 
à Anti-histamínicos: clorfeniramina, 
loratidina dexclofeniramina, desloratidina. 
à AIEs: são utilizados em situações mais 
severas, quando os demais medicamentos não 
funcionam. Eles reduzem a atividade do sistema 
imunológico.Exemplos: dexametasona, 
betametasona, beclometasona, prednisona e 
prednisolona. 
Tratamento não farmacológico 
 É recomendado a inalação ou uso de 
humidificadores para humidificação das vias 
aéreas. Caso o paciente não tenha condições 
financeiras para tal, basta que seja colocado um 
pano molhado no chão do cômodo, o qual deixará 
a humidade do ar maior. 
Farmacologia da tosse produtiva: mucolíticos, 
fluidificantes e expectorantes 
Mucolíticos 
 São agentes que reduzem a viscosidade das 
secreções (muco ou escarro), contribuindo para 
sua remoção. Os mais usados são a acetilcisteína, 
ambroxol e bromexina. 
 Eles quebram pontes de sulfeto na mucina, 
aumentando a fluidez e diminuindo a viscosidade 
do muco → movimento ciliar auxilia na eliminação 
do muco. 
Expectorantes 
 Agentes que estimulam os mecanismos de 
expulsão das secreções. Não devem ser utilizados 
em conjunto com antitussígenos. 
 Apesar da sua ampla aceitação pela 
população leiga, seu benefício clínico não está 
claramente estabelecido e sua utilidade é 
questionada. 
 Exemplos: Iodeto de potássio, 
Guaifenesina. 
Classificação de fármacos mucoativos 
1. Indutores da secreção reflexa 
• Iodeto de potássio 
o Age sobre as terminações nervosas 
parassimpáticas do estômago, 
promovendo aumento reflexo da 
secreção salivar, nasal, lacrimal e 
traqueobrônquica. Realiza 
potencialização das proteases e 
estimulação da atividade ciliar. 
o Principais efeitos adversos: náuseas, 
vômitos, anorexia; gosto metálico na 
boca; edema de glândula salivar; 
erupções cutâneas. Disfunção da 
tireóide e reação alérgica ao iodo. 
• Guaifenesina e Ipecacuanha 
o Irritante gástrico, ação direta sobre as 
terminações parassimpáticas. 
o Efeitos adversos: náuseas, vômitos e 
anorexia. Inibição da adesão 
plaquetária, podendo ocorrer 
sangramentos. 
2. Modificadores das características físico-
químicas das secreções 
Interagem (quebram) com as pontes de 
dissulfeto de mucoproteínas, aumentando a 
fluidez do muco. São utilizados por nebulização, 
via oral ou IM. 
• Acetilcisteína 
o Potente antioxidante, sendo 
utilizada em intoxicações por 
Paracetamol. 
• Sobrerol 
3. Estimuladores da atividade secretora das 
glândulas mucosas 
• Bromexina 
o Promove liberação de enzimas 
lisossomais das células secretoras 
de muco (pneumócitos II). 
o Estímulo dos pneumócitos para 
que os mesmos possam produzir 
mais muco e enzimas que digerem 
o muco espesso. 
o É bem tolerado, podendo ocorrer 
diarreia esporadicamente. 
• Ambroxol 
Geovana Sanches - TXXIV 
4. Promotores de transporte do muco 
• Agonistas β2 -AR: salbutamol, terbutalina 
o Potencialização da atividade ciliar 
o Efeitos adversos: taquicardia, 
elevação da PA, agitação, tremores, 
elevação dos valores glicêmicos 
5. Inibidores da atividade dos pneumócitos II 
• Antagonistas MAch: brometo de ipratrópio. 
o Inibe os estímulos da Ach sobre os 
receptores M3. 
o Efeitos adversos: taquicardia, boca 
seca, agitação, ansiedade, 
midríase. 
Surfactante para tratamento de síndrome da 
angústia respiratória 
Esses surfactantes são administrados com 
auxílio de cânula no interior do pulmão de recém 
natos imaturos. Exemplo: → beractanto. 
 
PRINCÍPIOS DE QUIMIOTERAPIA: 
ANTIMICROBIANOS 
Ao nos referirmos a quimioterapia há uma 
associação errônea com medicamentos para 
tratamento exclusivo de câncer. 
Entretanto, quimioterapia é o conceito 
utilizado para substâncias químicas que levam ou 
provocam algum dano a célula, independe de sua 
origem (célula humana, animal ou de algum 
microrganismo). Sendo assim, os quimioterápicos 
são divididos em duas categorias: 
à Ação antimicrobiana: substâncias empregadas 
para inibir o crescimento ou comprometer a 
viabilidade de células ou organismos 
microbiológicos (microscópicos). 
à Ação antineoplásica: substâncias empregadas 
para inibir a proliferação de células anormais 
localizadas no organismo hospedeiro, as quais são 
capazes de originar massas teciduais anormais e 
sem função para o hospedeiro. 
O objetivo de um agente quimioterápico é, 
portanto, ser um fármaco empregado na terapia 
farmacológica antimicrobiana ou antineoplásica, 
apresentando toxicidade seletiva. 
Ele pode promover inibição de vias ou de 
alvos que são críticos para a sobrevida e a 
replicação de patógenos ou de células cancerosas, 
em concentrações do fármaco abaixo daquelas 
necessárias para afetar as vias do hospedeiro. 
Sendo assim, o agente quimioterápico poderá 
atuar em três principais mecanismos: 
(1) alvos exclusivos do patógeno ou da célula 
cancerosa que não estão presentes no 
hospedeiro. Exemplo: inibidor da síntese da 
parede celular bacteriana; 
(2) alvos presentes no patógeno ou na célula 
cancerosa que são semelhantes, mas não 
idênticos aos do hospedeiro. Exemplo: inibidor da 
diidrofolato redutase (DHFR)- todas as células 
precisam dessa enzima para o processo de 
replicação gênica, mas dependendo do tipo de 
microrganismo pode haver pequenas diferenças 
na expressão gênicas da enzima; 
(3) alvos no patógeno ou na célula cancerosa que 
são compartilhados com o hospedeiro, mas que 
variam quanto à sua importância entre o patógeno 
e o hospedeiro, conferindo, assim, uma 
seletividade maior para a célula-alvo. Exemplo: 5-
Fluoruracila: introdução de flúor na uracila, a qual 
inviabiliza a síntese de ácidos nucleicos. 
FARMACOLOGIA DOS ANTIMICROBIANOS 
Antimicrobianos são substâncias químicas 
que exercem ação seletiva sobre micro-
organismos. Não são sinônimo de antibióticos, 
sendo esses uma classe de antimicrobianos. 
Os antibióticos são substâncias de origem 
natural, que tem a função de ser “contrário à 
vida”. Foram descritos como: “processo natural de 
seleção pelo qual um ser vivo destrói outro para 
assegurar sua própria sobrevivência” (Vuillemin, 
1889). 
Antibióticos X Antimicrobianos 
Os antibióticos são metabólitosmicrobianos ou análogos sintéticos capazes de 
inibir processos vitais de outros organismos, 
mesmo em concentrações diminutas, sem causar 
toxicidade elevada ao hospedeiro. 
Agentes antimicrobianos englobam as 
substâncias sintéticas não relacionadas à produtos 
naturais capazes de inibir ou destruir o 
crescimento microbiano. 
Tipos de antimicrobianos 
Os antimicrobianos podem ser 
classificados de acordo com seu principal alvo 
microbiológico. Assim, temos fármacos: 
antibacterianos, antivirais, antifúngicos, 
antiprotozoários, antihelmínticos e anti-
trematódeos. 
Principais características dos antimicrobianos 
Toxicidade seletiva 
O antimicrobiano deve ter alta toxicidade 
para o agente infeccioso, além de baixa toxicidade 
ao hospedeiro. 
 
 
Geovana Sanches - TXXIV 
Espectro de ação 
Ele deve apresentar amplo espectro de 
ação para combater o máximo de microrganismos. 
Quanto à estrutura química e origem 
1. Beta-lactâmicos: penicilinas, cefalosporinas 
2. Sulfonamidas e drogas relacionadas: 
sulfametoxazol 
3. Fluorquinolonas: norfloxacino, floxaxina 
4. Tetraciclinas: doxaciclina 
5. Derivados do nitrobenzeno: cloranfenicol 
6. Aminoglicosídeos: gentamicina 
7. Macrolídeos: eritromicina, azitromicina 
8. Polipeptídeos: polimixina B 
9. Glicopeptídeos: vancomicina 
10. Poliênicos: anfotericina B 
Quanto ao mecanismo de ação 
Quanto ao modo de ação, os agentes 
antimicrobianos podem ser classificados como 
agentes “cidas” (bactericida) ou “staticos” 
(bacteriostático). Vale lembrar que todo cida é 
capaz de matar imediatamente o agente biológico, 
enquanto os staticos são capazes de inibir a 
replicação/crescimento do agente microbiológico. 
Os bactericidas podem promover 
destruição dependente da concentração (como 
aminoglicosídios e quinolonas) ou dependente do 
tempo (como beta-lactâmicos e vancomicina). 
Os bacteriostáticos devem ser evitados em 
pacientes imunocomprometidos, tendo em vista 
que essa substância inibe apenas a replicação do 
microrganismo e, consequentemente, o 
organismo quem deverá combater o agente 
infeccioso. Sendo o organismo do indivíduo 
comprometido, seu sistema imunológico não tem 
essa capacidade e o medicamento se torna 
ineficaz. 
Além disso, podem ser classificados de 
acordo com o mecanismo de ação, podendo atuar 
em: 
1. Síntese de parede celular: Beta-lactâmicos, 
vancomicina, isoniazida. 
2. Síntese da membrana celular 
3. Replicação do DNA: quinolonas, metronidazol 
4. Síntese de RNA: rifampicina 
5. Síntese de proteínas: podem atuar tanto na 
região 30S do ribossomo (aminoglicosídeos, 
tetraciclinas) ou na região 50S (cloranfenicol, 
macrolídeos). 
6. Antimetabólicos: comprometem vias 
metabólicas específicas: sulfonamidas, dapsona, 
trimetoprim. 
 
Critérios que orientam a escolha 
 Existe uma gama muito grande de 
antimicrobianos que podem ser utilizados. Dessa 
forma, a escolha deve ser orientada a partir do 
diagnóstico da infecção (achados clínicos), além da 
identificação do patógeno causados da doença e 
conhecimento da prevalência dos micro-
organismos causadores do processo infeccioso. 
 Para identificar qual o agente etiológico em 
questão é necessário a cultura com isolamento do 
mesmo. Após esse processo, pode-se fazer o 
antibiograma, sorologia ou utilizar técnicas da 
biologia molecular. O agente etiológico deve ser 
isolado em todas as infecções hospitalares. 
 
 Além disso, deve-se levar em consideração 
a eficácia (espectro de ação do antimicrobiano); 
capacidade de atingir o sítio/local da infecção 
(como por exemplo, a penetração da droga no 
líquido cefalorraquidiano para tratamento de 
meningite ou nos ossos para uma infecção óssea -
> o medicamento deve ter a capacidade de chegar 
a esses tecidos); segurança terapêutica 
(diminuição dos efeitos adversos e tóxicos); 
comodidade de administração e custo -> via de 
administração, dose, intervalos e duração do 
tratamento. 
 Quanto as doses necessárias, deve-se 
analisar a potência ou concentração inibitória 
mínima (MIC) do antimicrobiano, a qual 
representa qual a concentração necessária para 
inibir o crescimento do microrganismo. Quanto 
menos a MIC, maior a potência e, quanto maior a 
potência, maior a dificuldade da bactéria em 
desenvolver resistência. 
 Considerar, ainda, a necessidade de 
fármacos adjuvantes para melhora da eficácia. 
Exemplos: probenicida (aumenta o tempo de 
meia-vida da penicilina), ácido clavulânico 
(protege a ação de beta-lactamicos contra beta-
lactamases). 
 Situações clínicas especiais do hospedeiro: 
idade, gravidez, lactação, insuficiência hepática ou 
Geovana Sanches - TXXIV 
renal, história prévia de hipersensibilidade, 
assepsia de material purulento ou corpo estranho. 
Objetivos da antibioticoterapia 
 Os principais objetivos da 
antibioticoterapia são a eficácia clínica, com 
melhora dos sinais e sintomas o mais rápido 
possível e com a maior segurança; prevenção de 
complicações agudas e sequelas futuras; e 
erradicação do agente infeccioso. 
Terapia antimicrobiana ideal 
Agente antimicrobiano único e específico 
Deve ter resposta eficiente, baixa MIC e 
baixa toxicidade; diminui a presença de 
microrganismos resistentes. 
Quando se conhece a etiologia da doença, 
deve-se prescrever sempre drogas de menor 
espectro e maior potência. A meningococcemia, 
por exemplo, é uma infecção muito grave, mas 
não há necessidade de ampliar o espectro 
antimicrobiano, mas sim intensificar sua potência 
utilizando a penicilina G cristalina por via 
parenteral em altas doses. 
Terapia antimicrobiana empírica 
 A seleção do antimicrobiano é, nesse caso, 
baseada em achados clínicos, sem a identificação 
do microrganismo ou sensibilidade do fármaco 
(antibiograma). 
 Orientações: estabelecer o diagnóstico 
clínico da infecção microbiana; obter amostras 
para exame laboratorial; formular um provável 
diagnóstico microbiológico; instituir o tratamento, 
utilizando antimicrobianos de amplo espectro. 
 Isso é utilizado principalmente na urgência, 
para infecções que possuem estatísticas bem 
definidas, como por exemplo: 
Infecção Principais agentes 
Faringite Estreptococos do 
grupo A 
Bronquite, otite H. influenzae, S. 
pneumoniae, M. 
catarrhalis. 
 
Sinusite aguda S. pneumoniae, H. 
influenzar; M. 
catarrhalis 
Sinusite crônica Anaeróbios, S. aureus 
(bem como os 
suspeitos da aguda) 
Terapia profilática 
 É baseada na prevenção de infecções em 
pacientes que estão em situações de risco. Por 
exemplo: 
à Extração dentária: prevenção de colonização de 
válvulas cardíacas. 
à Prevenção de tuberculose ou meningite, caso 
haja contato direto com pacientes infectados. 
à Pré-operatório, como em cirurgia de bexiga, 
substituição de articulação, cesariana. 
Avaliação do efeito da antibioticoterapia 
 Para avaliarmos se o antibiótico escolhido 
está promovendo sua ação adequadamente, 
deve-se analisar a resposta clínica e laboratorial 
em 48 a 72 horas: curva febril; leucograma (deve 
haver regressão para os valores normais); sinais 
clínicos específicos para cada tipo de infecção; 
desaparecimento dos infiltrados radiográficos 
(como por exemplo um raio-X de tórax para 
identificação de pneumonia); novas culturas. 
 A duração da terapia é muito importante, 
tendo em vista que ela depende do patógeno, 
local da infecção, antimicrobiano utilizado e 
fatores do hospedeiro. 
 Deve-se avaliar ainda a resistência a 
agentes antimicrobianos, na qual o medicamento 
não produzirá efeito sobre a infecção. Essa 
resistência pode ser natural ou adquirida. 
Pode ocorrer a partir de mutações do DNA 
(gene mutante à proteína diferente à bactéria 
com características diferentes) por transmissão 
vertical (transferência de genes para células filhas) 
ou horizontal (transferência de genes de um 
micro-organismo resistente ao outro, por exemplo 
através dos plasmídeos). 
Além disso, pode haver seleção por 
antibioticoterapia, situação na qual a infecção tem 
cepas de bactéria sensíveis e não-sensíveis ao 
antibiótico. Apartir do uso do medicamento, há 
morte das sensíveis e proliferação das resistentes. 
Mecanismos de resistência 
 
Redução da concentração intracelular do fármaco 
à Produção de enzimas hidrolíticas, como 
as beta-lactamases (degradam penicilinas). 
à Bomba de efluxo: transportadores 
ativos da membrana, que transportam 
antimicrobiano para fora da célula. Exemplos: P-
Geovana Sanches - TXXIV 
Glicoproteína e MDR (Sistemas de resistência a 
múltiplas drogas). 
Alteração do alvo 
 A bactéria pode reprogramar ou camuflar 
os alvos dos fármacos. Um exemplo é o 
enterococo resistente a vancomicina, o qual 
promove uma alteração da sequência terminal 
normal de D-Ala-D-Ala por D-Ala-D-lactato; com 
isso, há redução de 1000x a afinidade de ligação 
da vancomicina. 
 
Obs.: S. aureus associado a infecções 
hematogênicas hospitalares graves são resistentes 
a quase todos os antimicrobianos disponíveis 
(penicilinas, cefalosporinas, cloranfenicol, ácido 
fusífico, trimetroprima, rifampicina, norfloxacino 
ciprofloxacino). 
Associação de fármacos antimicrobianos 
 Quando os mecanismos de resistências 
estão bem instalados, algumas vezes são 
necessárias associações de fármacos 
antimicrobianos. Alguns casos de necessidade são: 
pacientes graves; infecções polimicrobianas 
(como abcessos intra-abdominais); diminuir o 
aparecimento ou seleção de cepas resistentes; 
utilizar doses menores dos antimicrobianos, afim 
de reduzir a toxicidade de pelo menos um deles; 
aumentar a capacidade de inibição ou destruição 
dos microrganismos; sinergismo; reduzir a 
capacidade do microrganismo em desenvolver 
resistência (como na TB, na qual utiliza-se uma 
associação de 4 antimicrobianos). 
Nesses casos, os principais riscos são o 
aumento da toxicidade e custos, além da redução 
da eficácia (antagonismo farmacológico). 
Mecanismos de sinergismo 
à Bloqueio de etapas sucessivas numa 
sequência metabólica: Trimetoprima + 
sulfametoxazol 
à Inibição da inativação enzimática: Beta-
lactamicos + sulbactam ou clanulonato ou 
tazobactam 
à Aumento da captação do fármaco 
antimicrobiano: agentes ativos contra a parede 
celular (beta-lactâmicos) + aminoglicosídeos 
Mecanismos de antagonismo 
 à Inibição da atividade bactericida por 
agente bacteriostático: tetraciclinas ou 
cloranfenicol + beta-lactâmicos 
 à Fármacos que atuam sobre a parede 
celular precisam que a bactéria esteja ativamente 
crescendo e se multiplicando 
Proposta Anvisa para uso racional de antibióticos 
na comunidade 
Exigência de receita de controle especial 
em 2 vias (modelo C1). 
 Apresentação e retenção de uma via da 
receita no ato da dispensação. 
 Dizeres de rotulagem e bula devem 
apresentar a seguinte frase: “venda sob prescrição 
médica – só pode ser vendido com retenção da 
receita”. 
 Controle eletrônico da movimentação 
(entradas e saídas) de antibióticos nas farmácias e 
drogarias do setor privado no Sistema Nacional de 
Gerenciamento de Produtos Controlados – 
SNGPC. 
 
ANTIMICROBIANOS INIBIDORES DA SÍNTESE DA 
PAREDE CELULAR 
 São eles: beta-lactâmicos, vancomicina e 
teicoplanina, bacitracina, isonizadia (específico 
para M. tuberculosis). 
BETA-LACTÂMICOS 
 Os beta-lactâmicos são antimicrobianos 
que atuam comprometendo a síntese da parede 
celular. 
Essa classe é composta por: penicilinas, 
cefalosporinas, carbapenemicos, 
monobactâmicos, além dos inibidores de beta-
lactamase. Todos eles possuem em sua estrutura 
o anel beta-lactâmico, o qual os confere a 
característica bactericida à responsável por inibir 
a enzima de transpeptidação e a síntese do 
peptideoglicano. 
 
 
 As enzimas betalactamases tem como 
função a clivagem da ligação que contém o 
nitrogênio e o oxigênio no anel beta-lactâmico, 
fazendo com que o fármaco perca sua ação. Para 
tentar evitar esse ataque, podem ser associados os 
inibidores de beta-lactamases (principalmente as 
Geovana Sanches - TXXIV 
penicilinas), como o ácido clavulânico e o 
sulbactam. Essas moléculas também possuem o 
anel beta-lactâmico em sua estrutura molecular, 
mas são mais simples facilitando o ataque das 
enzimas e, assim, reduzindo o ataque ao 
antimicrobiano original. 
PENICILINAS 
 A penicilina foi descoberta em 1928 por 
Fleming e, a partir de 1941, iniciou-se o seu uso 
para fins terapêuticos. Mais de 70 anos depois, 
essas drogas ainda como utilizadas como 
“centrais” no tratamento antimicrobiano de uma 
enorme variedade de infecções. 
 As penicilinas podem ser divididas em 
cinco gerações. 
A primeira delas são as chamadas 
penicilinas naturais: penicilina G (primeira a 
comercializada, é sensível ao ácido clorídrico, não 
podendo ser administrada via oral; uso IM ou EV) 
e penicilina V (atualmente não é muito utilizada, 
mas pode ser administrada via oral) à são 
fármacos muito potentes para o combate de 
bactérias Gram-positivas. Alguns dos tipos 
disponíveis são: 
à Penicilina G cristalina: aquosa, solúvel, com 
ação rápida (3-6h), endovenoso. Utilizada para 
infecções graves, como meningite, pneumonia e 
endocardite. 
à Penicilina G procaína: é uma associação entre a 
cristalina e a benzatina, mas atualmente não é 
muito utilizada. Trata-se de uma suspensão, IM, 
com duração de aproximadamente 24h; é mais 
alergênica. Utilizada nas pneumonias, infecções 
de pele (erisipela, celulite) e em algumas situações 
de artrite reumatoide. 
à Penicilina G benzatina: o radical benzatil origina 
um composto insolúvel em água, fazendo um 
depósito. É aplicada via IM e não se pode fazer 
compressas quentes ou frias no local, a não ser 
que haja dor intensa -> utilizar compressa morna, 
por curto tempo. Ela mantém concentrações 
plasmáticas por 3 semanas. Usos: faringite 
causada por estreptococo, profilaxia da infecção 
estreptocócica em crianças que tiveram doença 
reumática, tratamento de sífilis primária, 
secundária e latente (é um dos melhores 
medicamentos para essa doença). 
Outra classe são as penicilinas penicilinase-
resistente, as quais também são potentes contra 
bactérias Gram-positivas. A mais utilizada é a 
meticilina (IM e EV, com espectro estreito), 
seguida pela oxacilina (VO, IM e EV, com espectro 
estreito). 
Há ainda as penicilinas de espectro 
ampliado, as quais são mais hidrossolúveis e 
passam pelos poros das bactérias Gram-negativas. 
Apesar disso, são sensíveis as beta-lactamases. As 
mais utilizadas são a Ampicilina (VO, IM e EV), 
Amoxicilina (VO) e Carbenicilina (IM e EV). 
Penicilinas semi-sintéticas (penicilinas + radicais 
adicionados) 
A oxacilina é uma isoxazolilpenicilina. 
A ampicilina e a amoxicilina são 
aminopenicilinas. 
A piperaciclina é uma ureidopenicilina. 
A carbenicilina é uma carboxipenicilina. 
Principais usos das penicilinas 
 As penicilinas são amplamente indicadas 
para o tratamento de: 
à Sífilis e gonorreia 
à Pneumonia pneumocócica: principal causa de 
pneumonias em todos os grupos etários. Uso da 
amoxicilina 
à Meningites bacterianas: benzil-penicilina 
cristalina em altas doses 
à Faringites e otites: amoxicilina 
à Infecções do trato urinário: principalmente 
amoxicilina, mas é extremamente dependente do 
agente infeccioso envolvido 
à Infecções graves por Pseudomonas 
aeruginosas: ticarcilina e piperacilina 
à Infecções ósseas e de articulações 
à Infecções de pele e tecidos moles 
Farmacocinética 
Absorção: é variável no trato 
gastrointestinal. Algumas não são disponíveis para 
via oral (oxacilina e penicilina G), pois são 
destruídas pelo suco gástrico. A amoxicilina é 
muito absorvida quando administrada por via oral. 
Distribuição da droga: geralmente se ligam 
as proteínas séricas, mas sem efeito prático. 
Alcançam nível terapêutico na maioria dos 
tecidos, mas não penetram na célula e, portanto, 
não tem ação sobre patógenos intracelulares. 
Atravessam placenta, cavidade pleural e 
pericárdica, bile, salive e leite (apesar disso, não 
alteram significativamente a microbiota do 
lactente). Há menor concentração na próstata, 
SNC, fluido intraocular (pode melhorar em 
processoinflamatório). 
Excreção: geralmente é renal (70% por 
filtração glomerular e 30% por secreção tubular) e 
costumam ter meia-vida curta. 
Geovana Sanches - TXXIV 
Beta-lactâmicos x Gestação 
 Tendo em vista que esses fármacos 
atravessam a barreira placentária, há um grau de 
risco, mas este é considerado em categoria B: 
estudos animais (com risco) porém sem evidência 
de risco em humanos. Sendo assim, as penicilinas 
podem ser utilizadas em gestantes. 
Efeitos adversos 
à Hipersensibilidade: atinge cerca de 7% 
da população, sendo muito comum em crianças. 
Ocorre devido ao reconhecimento dos 
antimicrobianos pelos anticorpos quando eles 
estão ligados às proteínas transportadoras. 
Apresenta-se como febre, doença do soro, 
vasculite cutânea, nefrite intersticial, entre outras. 
à Diarreia: é um antimicrobiano 
altamente irritativo para a mucosa intestinal, além 
de promover desarranjo na microbiota 
à Neurotoxicidade: alucinações, 
irritabilidade e convulsões quando administrados 
intratecalmente, EV em altas doses ou em 
pacientes epilépticos. 
à Alterações hematológicas: diminuição 
da série vermelha e branca, podendo causar 
anemia hemolítica e leucopenia transitória. 
à Nefrite intersticial aguda: é rara e está 
associada a altas doses, tendo em vista que as 
penicilinas são nefrotóxicas. 
Mecanismo de ação 
 As penicilinas se ligam às PBP , impedindo 
que o peptideoglicano origine as pontes cruzadas 
e, consequentemente, forme a parede celular 
bacteriana. Elas também promovem o aumento da 
indução da expressão gênica de enzimas 
autolíticas, as quais são responsáveis por quebrar 
a parede celular já existente. Sendo assim, são 
medicamentos bactericidas. 
 Os mecanismos de resistência bacteriana 
são a produção de enzimas inativadoras (beta 
lactamases) e a modificação da estrutura das PBP, 
impedindo a ligação do antibiótico. 
Interações medicamentosas 
Anticoncepcionais orais: tanto por via oral, 
como por parenteral. É possível diminuição do 
efeito contraceptivo, pois as penicilinas alteram o 
ciclo entero-hepático. Deve ser administrado com 
precaução. 
Anticoagulantes orais: aumento do efeito 
anticoagulante, pois pode ocorrer redução da 
disponibilidade de vitamina K sintetizada e 
liberada pela microbiota intestinal. 
Beta-bloqueadores: há risco de 
taquicardia, já que ocorre redução da absorção 
gastrointestinal destes medicamentos. 
AINE: ocorre possível aumento dos efeitos 
tóxicos de ambos os fármacos, devido a 
competição por sítios de união em proteínas 
plasmáticas. 
Antibióticos macrolídeos: antagonismo do 
efeito bactericida das penicilinas pela ação 
bacteriostática dos macrolídeos (efeito 
antagônico farmacodinâmico). É recomendado 
administrar a penicilina algumas horas antes da 
administração do antibiótico macrolídeo. 
INIBIDORES DE BETA-LACTAMASES 
A fim de contornar o mecanismo de 
resistência, é possível associar alguns 
medicamentos. O ácido clavulânico tem estrutura 
semelhante ao anel beta-lactâmico, sendo assim, 
vai atuar como falso substrato, inibindo a enzima 
beta-lactamase e a penicilina consegue atuar 
adequadamente. 
• Ácido clavulânico ou clavulanato 
• Sulbactam 
• Tazobactam 
 O antimicrobiano para MRSA não funciona 
com inibidor de beta-lactamase, pois a resistência 
não se dá pela produção de beta-lactamase, mas 
sim, mudança de alvo de ligação. 
CEFALOSPORINAS 
 As cefalosporinas são uma das classes dos 
beta-lactâmicos. Sua estrutura molecular é 
estreitamente semelhante às penicilinas e o 
mecanismo de ação é o mesmo: bloqueiam a 
atividade das PBP, impedindo a formação da 
parede celular bacteriana. 
 São altamente resistentes às penicilinases. 
Entretanto, algumas bactérias produzem 
cefalosporinases, enzimas que destroem o núcleo 
cefalosporina. Sendo assim, é muito raro a 
associação de cefalosporinas com inibidores de 
beta-lactamases. 
Principais características 
 à Drogas bactericidas: quando 
comparadas às penicilinas, as cefalosporinas são 
mais ativas. 
à Beta-lactâmicos semi-sintéticos 
 à Mais resistestes às Beta-lactamases 
Propriedades farmacológicas 
 Absorção: são hidrossolúveis, com 
apresentação oral e parenteral, tendo boa 
biodisponibilidade quando administrados por 
essas vias. Na via oral, são estáveis em meio ácido, 
Geovana Sanches - TXXIV 
de forma que os ésteres axetil, pivoxil e proxetil 
facilitam sua absorção. 
Apresentam baixa concentração 
intracelular, porém boa penetração SNC 
(principalmente as cefalosporinas de 3ª e 4ª 
geração). 
Excreção: é renal, com exceção da 
Ceftriaxona, a qual é excretada via biliar. 
Efeitos colaterais 
à Gastrointestinal 
à Tromboflebite: quando o fármaco é 
administrado via intravenosa. 
à Hipersensibilidade: pode ocorer 
especificamente com as cefalosporinas (1 a 2,5%), 
ou em reação cruzada com penicilinas (5 a 16%) 
à Hematológicas 
à Neurológicas 
Classificação 
1ª geração 
Principais representantes: cefalotina, 
cefalexina, cefazolina, cefadroxila. 
São resistentes às beta-lactamases dos 
estafilococos Oxa-S, porém sensíveis as beta-
lactamases de Gram negativos. 
Apresentam boa atividade antimicrobiana 
contra cocos Gram+ (com exceção dos 
enterococos, MRSA e S. epidermidis), porém 
atividade restrita sobre Gram- (Moraxella 
catarrhalis, Escherichia coli, Klebsiella pneumoniae 
e Proteus mirabilis). Possuem, ainda, atividade 
contra anaeróbios presentes na cavidade oral, 
com exceção de Bacterioides fragilis. 
Indicações mais comuns são para infecções 
de: pele, ITU não complicada e em gestantes, 
profilaxia cirúrgica (ceftazolina), tratamento 
ambulatorial após esquema parenteral e faringo-
amigdalite. São utilizados, ainda, como 2ª escolha 
para estafilococos produtores de penicilinase. 
Não é recomendado para sinusite, otite 
média e pneumonia adquirida na comunidade 
(PAC), tendo em vista que tem pouca ação contra 
H. influenzae e M. catarrhalis. 
Esses fármacos apresentam categoria B na 
gestação. Por ser excretada pelo sistema urinário, 
é necessário ajuste de dose para pacientes com 
insuficiência renal e não há necessidade de ajuste 
para insuficiência hepática. 
2ª geração 
Principais representantes: cefuroxima, 
cefoxitina, cefaclor, axetilcefuroxima. 
 Possuem melhor espectro para Gram-, 
porém é reduzido para Gram+. O espectro se dá 
para cocos gram+ (menor que as de 1ª geração), 
cocos gram-, H. influenzae e M. catarrhalis, 
enterobactérias (E. coli, Klebsiella, P. mirabilis, 
Salmonella e Shigella), Bacterioides fragilis 
(cefoxitina). Não oferece cobertura para 
Pseudomonas. 
Indicações clínicas: 
à Infecções respiratórias: faringoamigdalite, otite 
média aguda, sinusite aguda, pneumonia 
comunitária – 2ª escolha. 
à Infecções de pele e subcutâneo: celulite sem 
porta de entrada; alternativa à co-amoxi 
(amoxicilina com ácido clavulônico) ou cefalexina. 
à Casos refratários: pneumococo penicilino-
resistente (resistência intermediária) – uso de 
cefuroxima. 
à Infecções urinárias por bacilo Gram negativo 
entérico: indica-se a cefuroxima. 
Quanto a gestação, o grau de risco é B. É 
necessário ajuste na insuficiência renal, mas não 
na hepática. 
3ª geração 
Principais representantes: ceftriaxona, 
cefotaxima, ceftazidima, cefixima... o maior 
conjunto está na 3ª geração, sendo cerca de 20 
moléculas empregadas. 
Possui maior espectro contra Gram 
negativos, como: H. influenzae, M. catarrhalis, 
Neisseria spp, Citrobacter spp, Enterobacter ssp, 
Acinobacter spp, M. morganii, Serratia sp. 
Combatem também bactérias gram-positivas, mas 
com menor potência. 
 
Principais indicações (ceftriaxona e 
cefotaxima): tratamento empírico de 
meningoencefalites bacterianas, infecções 
pneumocócicas, DSTs, infecções intestinais e 
peritonite bacteriana espontânea. 
Em suspeita de infecção por Pseudomonas 
aeruginosa, o melhor fármaco é a ceftazidima. 
São medicamentos que se distribuem 
amplamente pelo SNC. 
A cefotaxima necessita de ajuste renal, 
porém não hepático. Por outro lado, a ceftriaxona

Continue navegando