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Resuminhos O que é a inflamação? É uma reação do organismo a uma infecção ou lesão dos tecidos. Em um processo inflamatório a região atingida fica avermelhada e quente. Isso ocorre devido a um aumento do fluxo de sangue e demais líquidos corporais migrados para o local. Como a inflamação geralmente provoca o edema e outras alterações que afetam as terminações nervosas provocando a dor, a melhora da inflamação leve a moderada diminui a sensibilidade dolorosa, tendo os anti-inflamatórios, portanto, também ação analgésica. A inflamação, ou resposta inflamatória, pode ser caracterizada como uma cascata complexa de eventos fisiológicos, os quais promovem proteção aos tecidos e órgãos do corpo. Tal cascata atua restringindo os danos no local da agressão, embora possa ter efeitos deletérios quando ocorre de forma exacerbada (BILATE, 2007). Os mediadores químicos variam de acordo com o processo inflamatório. Os fosfolipídios das membranas plasmáticas liberados pela destruição das células (por exemplo, dos neutrófilos, e, dos monócitos) podem ser transformados no ácido araquidônico em seus derivados, quase sempre através de enzimas especificas, levando a formação de mediadores químicos. A escolha e a via de administração dos medicamentos analgésicos dependem da natureza e da duração da dor. Geralmente, a dor leve e moderada é tratada com os fármacos anti-inflamatórios não esteroides denominados como AINEs (por exemplo, cefaleia, dismenorreia, dor muscular). A dor aguda intensa (devido a queimaduras, pós- operatórias, fraturas ósseas, câncer, artrite grave) é tratada com derivados da morfina, denominados opioides. A dor neuropática crônica (por exemplo, devido a amputação de extremidades) que não responde aos opioides é tratada com fármacos antidepressivos tricíclicos. são classificados em: Anti-inflamatórios não-esteroides (AINEs) Os AINEs correspondem ao grupo de fármacos que se apresentam quimicamente diferentes, inclusive diferem em suas atividades antipirética, analgésica e anti-inflamatória, inibindo as enzimas da via cicloxigenase, sendo excelentes medicamentos para tratar os efeitos indesejáveis causados pela resposta inflamatória. Quando ocorre uma lesão na membrana celular, que é constituída fundamentalmente por fosfolipídios, a enzima fosfolipase A2, presente nos leucócitos e plaquetas, é ativada por citocinas pró-inflamatórias, como a interleucina (IL)-1. Esta enzima leva à degradação dos fosfolipídios, resultando na produção de ácido araquidônico. Este, ao ser metabolizado, forma os leucotrienos, pela ação da enzima lipooxigenase, e as prostaglandinas, as prostaciclinas e os tromboxanos, pela ação da enzima cicloxigenase (Cox). Na produção das prostaglandinas a partir do ácido araquidônico, a primeira enzima envolvida é a Cox2-4. Esta converte, por oxigenação, o ácido araquidônico em dois componentes instáveis: a prostaglandina G2 e a prostaglandina H2. Essas prostaglandinas são posteriormente transformadas por isomerases em prostaciclina, em tromboxane A2, e em prostaglandinas D2, E2 e F2a. A prostaglandina E2 é importante por sua ação pirogênica e no aumento da sensibilidade à dor. O ácido araquidônico também leva à produção de leucotrienos, via enzima lipooxigenase. Apesar de geralmente seguros, podem levar a vários efeitos adversos, que variam desde uma simples dispepsia até a morte por uma úlcera perfurada ou hemorragia. Seu uso, portanto, deve ser criterioso e bem indicado para que possa proporcionar mais benefícios do que riscos ao paciente. Sua administração sempre deve ser monitorizada com exames laboratoriais complementares, com especial atenção à função hepática, renal e hemograma. A ação dos AINES consiste na inibição das enzimas Cox, com consequente diminuição da produção de prostaglandinas, combatendo, assim, a inflamação, a dor e a febre. Existem anti-inflamatórios que inibem de forma mais seletiva ou específica a Cox 1 ou a Cox 2. Apenas a Cox 1 inibe a formação de tromboxano. A inibição da Cox 1 está associada a aumento do risco de sangramentos e a danos no trato gastrintestinal. Os inibidores seletivos e específicos de Cox 2 foram desenvolvidos na tentativa de diminuir a incidência dos efeitos adversos da inibição da Cox 1. São eles: ✓ piroxicam, meloxicam, diclofenaco, naproxeno e nimesulida (inibidores seletivos da Cox 2, primeira geração); ✓ Celecoxibe, etoricoxibe, valdecoxibe, parecoxibe e lumiracoxibe (inibidores seletivos, mais específicos da Cox 2, segunda geração). Os fármacos anti-inflamatórios não-esteroides são classificados em grupos de acordo com a substancia que levou aos respectivos derivados: Derivados do ácido salicílico derivados da pirazolona Derivados do para-aminofenol derivados do ácido acético Derivados do ácido enólico derivados do ácido fenilantranílico Derivados do ácido propanoico inibidores seletivos da enzima cicloxigenase-2. Derivados do ácido salicílico Indicação: Anti-inflamatório, antipirético, analgésico, aumenta ventilação alveolar (doses terapêuticas), diminui a agregação plaquetária, prevenção da angina Pectoris e do infarto do miocárdio. ✓ A aspirina tem sido classificada por alguns autores como droga cardiovascular devido a importante ação antiplaquetária inibindo de forma irreversível a agregação plaquetária. ✓ Acetila irreversivelmente a enzima cicloxigenase, único AINE que inibe a agregação plaquetária, e, a desgranulação de forma irreversível), diminuindo a incidência de angina Pectoris, e, infarto do miocárdio em pacientes predispostos a estas doenças. ✓ Enquanto com os demais AINEs o efeito somente é mantido enquanto estes fármacos permanecem no plasma, com o uso da aspirina a recuperação da hemostasia normal depende da produção de novas plaquetas funcionantes, que ocorre após 7 a 10 dias (fato que deve ser lembrado antes de cirurgias pois pode causar hemorragia). Doses de aspirina superiores a 325 mg provocam a inibição da síntese de prostaciclinas no endotélio, provocando, portanto, efeito contrário à 3 prevenção do infarto agudo do miocárdio, pois, a prostaciclinas inibe a agregação plaquetária, e, leva a vasodilatação. A aspirina é absorvida no meio ácido do estomago. Cuidado ao empregar os salicilatos em pacientes que apresentem lesões hepáticas, hipoprotrombinemia, deficiência de vitamina K, hemofilia ou quando tomam anticoagulantes orais. A inibição da hemostasia plaquetária pode resultar em hemorragia severa. Derivados da pirazolona ▪ Potente ação anti-inflamatória, mas são discretos como analgésicos e antipiréticos. ▪ Não devendo ser utilizados por mais de uma semana devido aos efeitos adversos. ▪ Alguns autores não consideram a dipirona como fármaco com potente ação anti-inflamatória, referindo-se a este medicamento apenas como bom analgésico, e, antipirético (ação de reduzir a febre) devido a ação no SNC. Exemplos de fármacos: fenilbutazona (butazolidina); oxifenilbutazona (febupen); dipirona ou metamizol. Os efeitos adversos mais frequentes são: náuseas, vômitos, erupções cutâneas e desconforto epigástrico. Pode também ocorrer diarreia, insônia, vertigem, visão turva, euforia ou nervosismo, e hematúria. Derivados do para-aminofenol: Paracetamol ou acetaminofeno São considerados não-narcóticos porque não causam tolerância nem dependência física. Apresenta fraca ação anti-inflamatória porque em tecidos periféricos tem menor efeito sobre a cicloxigenase mas, no SNC temação efetiva sendo utilizado como analgésico e antipirético ✓ Em doses terapêuticas são mínimos os efeitos adversos, como erupções cutâneas e reações alérgicas que raramente ocorrem. O risco mais grave ocorre com doses altas que pode provocar a hepatotoxicidade e levar ao óbito (devido a reações bioquímicas reagindo com os grupamentos sulfidrila das proteínas hepáticas formando reações covalentes, o que leva a formação do metabólito Nacetilbenzoquinona). Sintomas de toxicidade: Náuseas, vômitos, dores abdominais, sonolência, excitação, e, desorientação. ➢ Como antídoto do paracetamol, dentro de dez horas após a administração do paracetamol, a administração de N-acetilcisteína pode ser a solução , pois, a N-acetilcisteína contém grupamentos sulfidrila aos quais o metabólito tóxico pode ligar-se. Derivados do ácido acético Aceclofenaco, Diclofenaco. Potente anti-inflamatório (mais do que a aspirina) em casos agudos dolorosos como artrite gotosa aguda, espondilite anquilosante e osteoartrite coxofemoral, controle da dor associada a uveíte e/ou pós-operatório de cirurgia oftalmológica. Diclofenaco de sódio x Diclofenaco de potássio: As diferentes indicações para uso do Diclofenaco, se devem somente à tecnologia farmacêutica que nada mais é do que a forma de liberação do fármaco- empregada. Sendo a forma de liberação imediata empregada principalmente como analgésica, pois o comprimido sofre desintegração e dissolução do fármaco no estômago, produzindo início de ação mais rápido e maior pico de concentração plasmática. Diclofenaco potássico e Diclofenaco sódico não apresentam diferenças farmacodinâmicas (mecanismo de ação) nem farmacocinéticas significantes. Ambos são administrados sob a mesma condição e absorvidos na forma ácida. Ademais, a porção ativa da molécula é o Diclofenaco. Porém, a única diferença (quase mínima) entre os dois é o tempo de início e duração da ação. Apesar de serem sais diferentes (um é sódio e o outro é potássio), possuem a mesma ação no organismo. Derivados do ácido enólico Piroxicam, meloxicam, tenoxicam... Possui a vantagem de ter a meia-vida mais longa, e, apenas cerca de 20% dos pacientes apresenta efeitos adversos, entretanto, aumenta o tempo de coagulação e pode interferir na eliminação renal de lítio. Além de serem usados para o tratamento das doenças inflamatórias, principalmente o piroxicam é também utilizado no tratamento das lesões musculoesqueléticas, na dismenorreia, na dor do pós-operatório. Derivados do ácido fenilantranílico Ácido mefenâmico. O principal uso tem sido na dismenorreia devido a ação antagonista nos receptores da PGE2 e PGF2alfa. A via de administração é oral. A limitação tem sido a diarreia e inflamações intestinais, e, tem sido relatados casos de anemia hemolítica. Derivados do ácido propiônico (ou ácido fenilpropiônico): Cetoprofeno, fenoprofeno , ibuprofeno, loxoprofeno, naproxeno, pranoprofeno. Analgésico e antipirético, a baixa toxicidade leva a melhor aceitação por alguns pacientes, com menor incidência de efeitos adversos do que a aspirina. O naproxeno sódico é absorvido mais rapidamente, e, o pico da concentração plasmática ocorre em período mais curto do que a forma não sódica. Alteram a função plaquetária e o tempo de sangramento, especialmente o naproxeno. Não alteram os efeitos dos hipoglicemiantes orais. Inibidores seletivos da enzima cicloxigenase-2 Nimesulida, celecoxib, etoricoxib e valdecoxib Estes fármacos têm a ação específica sobre a enzima cicloxigenase-2 (COX-2) sendo também conhecidos como coxibes. Anti-inflamatórios, analgésicos e antipiréticos Com o uso contínuo dos inibidores seletivos da enzima cicloxigenase-2 a produção da prostaciclinas (que tem ação vasodilatadora) fica inibida, e, como os fármacos desse grupo não inibem a COX-1 que leva à produção do tromboxano (que causa agregação plaquetária, vasoconstrição, e, proliferação vascular), assim, o uso prolongado (ou abusivo) desses medicamentos inibidores seletivos da enzima cicloxigenase 2 pode provocar a hipertensão arterial com as respectivas complicações como a angina Pectoris, e, o infarto agudo do miocárdio. Fármacos úteis no tratamento da artrite reumatoide: Quando não se consegue controlar a inflamação ou não são bem tolerados os AINE, usamos outros medicamentos são utilizados os fármacos de ação lenta no tratamento da artrite reumatoide. Geralmente, o inicio de ação ocorre depois de 3 a 4 meses de uso, tendo ação protetora e gradual, e, não atuam sobre os derivados do ácido araquidônico, portanto, não possuem atividade analgésica e nem são primariamente anti- inflamatórios. Medicamentos que fazem parte desse grupo: hidroxicloroquina, D-penicilamina e metotrexato. Hidroxicloroquina: Inibem a síntese de ácidos nucléicos, estabilizam a membrana dos lisossomos, e, aprisionam radicais livres. Na Artrite reumatoide que não respondem aos AINEs isoladamente, podendo ser usados juntamente com AINEs. Retardam o progresso das lesões erosivas ósseas, podendo proporcionar a remissão dos sintomas. São fármacos utilizados principalmente no tratamento da malária e atualmente estudado sobre o possível tratamento contra COVID 19. D-penicilamina Consiste em um análogo do aminoácido cisteína que retarda o progresso da destruição óssea e da artrite reumatoide, inclusive os níveis do fator reumatoide (Ig M) diminuem com a sua administração. A D-penicilamina também é usada no tratamento de envenenamento por metais pesados. Metotrexato Trata-se de um imunossupressor (ou imunodepressor) utilizado em Artrite reumatoide grave sem resposta adequada aos AINEs, e, a pelo menos uma das medicações (agentes) de ação lenta. Consiste em um antimetabólito, estruturalmente análogo ao ácido fólico, que inibe de maneira competitiva a atividade da enzima diidrofolato-redutase, e, considerado quimioterápico específico da fase S (de síntese) do ciclo celular (utilizado em alguns tipos de neoplasias malignas). A resposta ao metotrexato ocorre em 3 a 6 semanas após o início do tratamento. Entenda as duas formas de cicloxigenase: Cox1 e Cox 2. O fator de ativação das plaquetas) é um lipídio liberado indiretamente por muitas células inflamatórias (neutrófilos, macrófagos, eosinófilos ativados, por mastócitos e basófilos devido à interação com antígenos, e, por plaquetas após a estimulação com a trombina), sendo um mediador em muitos tipos de inflamação principalmente na resposta brônquica. O ácido araquidônico tem este nome porque foi inicialmente conhecido como derivado do ácido do amendoim. A maioria dos AINE bloqueia a produção de todas as prostaglandinas, incluindo as produzidas na mucosa gástrica, predispondo a gastrite. A prostaglandina PGE2 que aumenta a secreção do muco gástrico; inibe a secreção do ácido gástrico; tem maior ação pirogênica (provoca a febre); provoca a contração do útero grávido (é utilizada em Obstetrícia para interromper a gravidez). A prostaglandina PGF2alfa provoca a contração do útero (aumenta no período pré menstrual, e, é derivada da destruição das hemácias acumuladas, de modo fisiológico, no útero). Entre as prostaglandinas encontra-se também a prostaciclinas (PGI2) que estimula a secreção de muco gástrico, e, bicarbonato, além de inibir a secreção de ácido gástrico. A COX 2 corresponde a Cicloxigenase formada principalmente durante a inflamação, enquanto a COX 1, é formada fisiologicamente em grandes quantidades na mucosa gástrica, transformando o ácido araquidônico em prostaglandinas que protegem a mucosa gástrica. As prostaglandinas têmesse nome devido ser identificada ini cialmente na próstata, onde se acreditava que fosse produzida, e, estocada na vesícula seminal. Enquanto a enzima cicloxigenase-1 (COX-1) é a principal geradora do tromboxano (formado principalmente nas plaquetas) que causa a agregação plaquetária, vasoconstrição e proliferação vascular. Os leucotrienos apresentam este nome porque foram inicialmente encontrados nos leucócitos, e, possuem três duplas ligações na sua estrutura. Os leucotrienos provoca a broncoconstrição (contração que causa redução na passagem de ar pelas vias aéreas), um mecanismo que leva a crise asmática. • A Zona glomerulosa a mais externa produz hormônios classificados como mineralocorticóides, como a aldosterona, responsáveis pelo pela regulação do metabolismo hidroeletrolítico (e, pelo metabolismo hidrossalino). • A produção de aldosterona é regulada principalmente pelo sistema renina-angiotensina. A Zona fasciculada (zona média, logo abaixo da zona glomerulosa) produz glicocorticoides, principalmente o cortisol também conhecido como hidrocortisona. • Os glicocorticoides têm esse nome devido à ação sobre a glicose sanguínea, embora também tenha atividade sobre o metabolismo das proteínas, e, lipídios. • Os glicocorticoides são derivados do colesterol, e, produzidas pelo córtex adrenal em resposta ao ACTH também denominado como corticotropina, e, produzido pela hipófise. • Para a liberação do ACTH, a hipófise é estimulada pelo hipotálamo que produz o Fator de liberação da corticotropina. • Os glicocorticoides são produzidos continuamente, e, liberados de forma pulsátil, em um ritmo circadiano, com níveis maiores pela manhã (um dos motivos que aumenta o nível de estresse pela manhã), e, menores à noite. • Porém, situação de estresse contínuo, este ritmo é alterado. A zona reticular sintetiza androgênios suprarrenais. Os corticosteroides ou esteroides ou hormônios esteroidais compreendem os hormônios do córtex adrenal (glicocorticoides e mineralocorticóides), e, os hormônios sexuais (andrógenos, progestágenos e estrógenos). Somente os glicocorticoides apresentam atividade anti-inflamatória importante, além de suprimir a imunidade. Foram desenvolvidos vários fármacos derivados semissintéticos dos glicocorticoides, e, indiretamente bloqueiam a liberação do ácido araquidônico devido estes fármacos estimularem a produção da lipocortina que tem a ação de inibir a enzima fosfolipase A2, responsável pela transformação dos fosfolipídios em ácido araquidônico. Os corticosteroides também estabilizam a membrana celular do mastócito, e, dos leucócitos evitando ou diminui a liberação de histamina assim como de fatores quimiotáxicos, e, de mediadores inflamatórios, o que reduz o influxo de leucócitos para o local da inflamação. Portanto, a inflamação é acentuadamente reduzida com o uso de glicocorticoides que também tem a ação de evitar que os neutrófilos migrem até o local da inflamação, embora os glicocorticoides aumentem o número de neutrófilos circulantes. Os glicocorticoides são utilizados na terapia inflamatória, e, imunossupressora em variadas patologias, como: Doenças autoimunes, inflamatórias, asma, distúrbios alérgicos, do colágeno, dermatológicos, gastrintestinais, hematológicas, oftálmicas, orais, respiratórias. Outra indicação para o uso de glicocorticoides consiste em gestante com possibilidade de parto prematuro, e, com maturação inadequada dos pulmões, com o objetivo de acelerar o processo fisiológico (neste caso, o agente de eleição é a betametasona, pois, tem menor capacidade de ligação às proteínas plasmáticas, e, assim, o fármaco livre atravessa a barreira placentária). As vias de administração dependem da natureza da doença e da condição do paciente, e, podem administrados por via oral ,parenteral, tópica , oftálmica – inalatória – intra-articular – retal. A via retal é usada em inflamações intestinais, e, a via tópica é utilizada em distúrbios dermatológicos. De acordo com as potências. Os glicocorticóides podem provocar a Osteoporose pois: 1 – Inibem o crescimento e função dos osteoblastos; 2 – Diminui a absorção do cálcio intestinal, e, aumenta excreção do cálcio renal; 3 - Inibem a duplicação das células ósseas e síntese do colágeno I e II. Principais componentes: Albumina: Principal proteína plasmática; α1-Antitripsina: Modula a proteólise endógena; α2–Macroglobulina: Inibidor de proteinases; Haptoglobina: Ligante da Hb livre; β-Lipoproteína: LDL; Transferrina: Transporte de ferro para a síntese de Heme; Complemento: Proteínas imunidade humoral inata; Fibrinogênio: Importante fator de coagulação; Ceruloplasmina: Proteína ligante do cobre; Globulina: Ligante vitamina D; Hemopexina: Ligante do Heme; Glicoproteína α1-ácida: Ligante de progesterona e outros lipófilos Proteína C-Reativa: Ligante de Fosfatidilcolina e ácidos nucleicos Inibidorde proteinases / Ptnvolumosa Proteína mais abundante do plasma sanguíneo e altamente solúvel em água. Constitui até 2/3 das proteínas plasmáticas totais. Sintetizada no fígado, atua como repositório móvel de aminoácidos para incorporação a outras proteínas. Importante transportador de várias substâncias pelo plasma, tais como: tiroxina, bilirrubina, penicilina, cortisol. Aumento: Raro, desenvolvendo um quadro de desidratação. Redução: está conjugada ao quadro de desnutrição; Cirrose: A redução da síntese hepática, é compensada pela produção das imunoglobulinas. Síndrome nefrotica: Causada pela excreção de albumina na urina. A α1-fetoproteína é um análogo da albumina, sendo uma das primeiras α globulinas a aparecer no soro de mamíferos durante o desenvolvimento do embrião. Também é a proteína sérica dominante no início da fase embrionária. Ela reaparece no soro de adultos durante certas patologias, tais como: Carcinomas Hepatocelulares. Importante no metabolismo da vitamina D, pois esta liga-se a um componente grupo-específico da globulina. Mostra-se reduzida na síndrome nefrótica, levando à perda de vitamina D. Esta perda pode contribuir para os problemas subsequentes do metabolismo do cálcio encontrados na síndrome nefrótica. α – É um importante inibidor de proteinases do plasma Não é uma proteína de fase aguda. É uma molécula muito grande, e não se difunde no meio plasmático. Sua concentração aumenta significativamente na síndrome nefrotica. Concentrações baixas aparecem em paciente com pancreatite aguda grave e em pacientes com carcinoma avançado na próstata. Tem como principal função a ligação à hemoglobina liberada pela lise dos eritrócitos, afim de preservar as reservas de ferro e proteínas. Esse complexo é uma peroxidase potente, capaz de hidrolisar peróxidos liberados durante a fagocitose pelos leucócitos polimorfonucleares nos sítios de inflamação. Concentração sérica elevada em resposta ao estresse, infecção, inflamação aguda ou necrose tecidual, provavelmente por estimulação à síntese. É uma proteína de fase aguda. Possui uma grande importância na manutenção do estado iônico do ferro. Funciona como oxidante ou antioxidante, depende de fatores como a presença de íons de ferro livre e o sitio de ligação da Transferrina. • Corresponde a fração de LDL das lipoproteínas plasmáticas. • Vamos abordar na parte de dislipidemias, certo? • É encontrada na superfície celular das células nucleadas. • O aumento é caracterizado por insuficiência renal, inflamação,neoplasias associadas principalmente com linfócitos B. • é a principal proteína plasmática de transporte de ferro. • O complexo Transferrina transporta o ferro para as células, para incorporação nos citocromos, hemoglobinas, mioglobinas e para os locais de reserva como o fígado e o reticulo endotelial. • A Transferrina é utilizada no diagnostico da anemia e no monitoramento. • Deficiência de ferro: Transferrina elevada; • Proteína que tem propriedade de se ligar ao HEME, que é liberado pela degradação da hemoglobina, contribuindo para a manutenção das reservas de ferro. • As reduções mais profundas ocorrem após hemólise intravascular, quando a quantidade de hemoglobina disponível excede a capacidade de ligação da Haptoglobina. • É o mais abundante dos fatores de coagulação sanguínea, formador de coagulo de fibrina. ✓ Sua concentração elevada nas reações de fase aguda. ✓ A velocidade de sedimentação também encontra- se elevada devido aos conteúdos de fibrinogênio. ✓ Na gravidez e no uso de contraceptivos. • As concentrações se elevam sempre que houver necrose tecidual; • Está presente no soro e é capaz de se ligar a restos celulares; • Uma vez complexada, ativa a via clássica do sistema complemento. • É uma das primeiras a se elevar em doenças inflamatórias; • Em casos de infarto agudo do miocárdio, eleva-se 6 a 12 horas após o seu início. E pode apresentar valores 2000 vezes mais que o normal. • Conhecidas como: anticorpos humorais, reconhecem antígenos estranhos e iniciam o mecanismo que removem ou destrói. • São conhecidos 5 tipos: IgA, IgD, IgE, IgG e IgM. IgA: é encontrada nas secreções corporais, como: lagrimas, suor, saliva, leite, colostro... inibe a aderência dos microrganismos a superfície das células da mucosa, impedindo sua penetração. É envolvida em respostas contra parasitas por induzir a desgranulação dos eosinófilos. IgD: Principal imunoglobulina de membrana na superfície, especialmente de recém nascidos. IgE: é tão rápida e firmemente ligada aos mastócitos, que estão normalmente presentes no soro. Está envolvida nos processos de hipersensibilidade imediata. É importante na resposta imune humoral e parasitas, é encontrados em níveis elevados no caso de parasitados por helmintos. IgG: é o mais estudado, é constituída a principal imunoglobulina do sangue, produzida durante a resposta imune secundária. São os únicos anticorpos capazes de atravessar a barreira placentária. IgM: é a classe mais abundante de anticorpos secretados no sangue na fase inicial de uma resposta primaria por anticorpos. É uma macroglobulina, a única sintetizada por neonatos e não atravessa a barreira placentária. Pico policlonal - representa resposta imunológica simultânea de diversos clones plasmocitários a determinado estímulo antigênico, seja inflamatório, imune ou infeccioso, tais como tuberculose, leishmaniose, artrite reumatoide e lúpus eritematoso sistêmico. Este padrão aparece como aumento difuso da fração gama, representado pela presença de uma curva de base larga, demonstrando a produção de todas as classes de imunoglobulinas Pico monoclonal - consiste no aumento homogêneo e fusiforme da fração gama, que representa a produção por um único clone plasmocitários de um tipo específico de imunoglobulina e, sendo essas moléculas idênticas entre si, apresentam a mesma mobilidade eletroforéticos, levando à produção de uma curva de base estreita conhecida como pico monoclonal. A proteína monoclonal geralmente gera um pico na fração gama, porém, este pode estar presente algumas vezes na fração beta, quando a imunoglobulina envolvida é a IgA ou IgM. Hipogamaglobulinemia/ agamaglobulinemia – consiste na redução do nível das gamaglobulinas, geralmente sem alteração pronunciada nas outras regiões da globulina. Esse padrão está presente nas hipo ou agamaglobulinemias congênitas ou secundárias, em que há ausência de um ou mais anticorpos específicos, que resulta em infecções freqüentes algumas vezes fatais. Os tubos para coleta de sangue se diferenciam uns dos outros pelas cores da tampa, sendo elas: Azul: tubo com citrato de sódio, O sangue que precisa passar por uma análise de coagulação, que deve conter amostra de plasma, deve ser colhido em um tubo com citrato de sódio. Amarelo /vermelho: tubo sem anticoagulante; Os tubos para coleta de sangue com as tampas em vermelho ou amarelo são para análises bioquímicas e sorológicas, pois contêm ativador de coágulo. A diferença entre as duas é que a vermelha possui gel e a amarela não. Verde: tubo com heparina; Para análises bioquímicas, gasometria ou outros exames, a amostra de plasma deve ser colhida em um tubo com heparina. Roxa: tubo com EDTA; para investigar possíveis distúrbios sanguíneos, é necessário realizar uma análise hematológica. Para isso, o tubo com tampa roxa é ideal, pois ele possui anticoagulante e EDTA. Cinza: tubo com fluoreto de sódio. A amostra do plasma deve ser colhida em um tubo com fluoreto de sódio, ou seja, de tampa cinza, quando será realizada uma análise de glicemia. • São formados no organismo como resultado do catabolismo de ácidos nucléicos, aminoácidos e proteínas. • Principais nitrogenados não proteicos: Creatinina, Ureia, Ácido Úrico. ✓ A creatina-fosfato é a principal reserva de fosfato altamente energético necessário ao metabolismo muscular. ✓ Sintetizada no fígado, rins e pâncreas a partir da arginina, glicina e metionina. ✓ A creatinina é filtrada pelos glomérulos mas é principalmente ou completamente reabsorvida pelos túbulos renais, sendo excretada a uma taxa constante, que é proporcional à massa muscular do indivíduo. Creatinina sérica e urinária são usadas como índices da função renal, em virtude da constância da formação da Creatinina (clearance) → A renovação da creatinina é constante: 1,0% a 2,0% da creatina total livre é transformada a cada 24 h. ✓ É um indicador bioquímico da função renal. ✓ A concentração sanguínea de creatinina é proporcional à massa muscular. ✓ A excreção de creatinina só se realiza por via renal, uma vez que ela não é reabsorvida nem reaproveitada pelo organismo. ✓ Aumenta de forma significativa e rápida na insuficiência renal. A ureia é sintetizada no fígado a partir da amônia derivada do catabolismo dos aminoácidos. É excretada principalmente pela urina, e em menor grau, pelo intestino e leite, sendo filtrada no glomérulo e parcialmente reabsorvida de forma passiva nos túbulos. A reabsorção da ureia no túbulo está relacionada de forma inversa com o fluxo da urina. A concentração de ureia pode estar aumentada em alimentação com excesso de proteína. Azotemia: É o aumento nas concentrações de compostos nitrogenados (ureia e creatinina) e outras substâncias residuais nitrogenadas não proteicas no sangue. Pode ocorrer por qualquer condição que reduza o fluxo sanguíneo renal. Uremia: É a presença de todos os constituintes da urina no sangue; pode ocorrer secundariamente a falência renal ou a distúrbios pós-renais, incluindo obstrução uretral e ruptura da vesícula urinária. ✓ A ureia é o principal produto excretado do catabolismo das proteínas, sendo sintetizada no fígado a partir de CO2 e da amônia gerada pela desaminação dos aminoácidos por meio do ciclo da ornitina ou do ciclo de Krebs-Henseleit. ✓ Mais de 90% é excretada pelos rins, onde é facilmente filtrada do plasma pelos glomérulos. Porém, de 40 a 80% são reabsorvidos por difusão passiva do túbulo renal para o interstício,para retornar ao plasma. Ureia elevada: ✓ Dieta rica em proteínas ✓ Catabolismo proteico elevado ✓ Tratamento com cortisol ou seus análogos sintéticos ✓ Desidratação ácido úrico é o produto final da degradação dos ácidos nucléicos e do catabolismo das purinas em seres humanos: adenosina e guanosina. Deriva de 3 fontes principais: 1. Catabolismo das nucleoproteínas ingeridas 2. Catabolismo das nucleoproteínas endógenas 3. Transformação direta de purina-nucleotídeos endógenos. ➢ É o principal composto nitrogenado do excremento dos répteis e pássaros. ➢ Encontrado em pequenas quantidades na urina dos mamíferos, e seus sais ocorrem nas articulações na gota. Sintomas suspeitos: • Insuficiência renal ou cálculos numa criança ou adulto jovem • Presença de gota num homem ou mulher, devido ao acumulo de ácido úrico no organismo. ▪ Consiste no acúmulo de cristais de ácido úrico nas articulações. ▪ Ocorre quando o urato monossódico se precipita dos líquidos corporais. ▪ A articulação do dedão do pé é o sítio clássico da gota. A artrite gotosa pode estar associada aos cristais de urato no líquido da articulação e a depósitos de cristais o tecido das articulações. Em qualquer lugar que ocorram, despertam uma resposta inflamatória intensa, consistindo de leucócitos polimorfonucleares e macrófagos. Geralmente, durante uma crise gotosa a concentração de ácido úrico plasmática é normal. Se classificam em: Primária e secundária: Primária: Associação de superprodução metabólica de purinas, excreção renal reduzida e ingestão alimentar elevada. Pode também estar relacionada a defeitos enzimáticos herdados na via metabólica da purina. Secundária: Resulta da hiperuricemia atribuível a diversas causas identificáveis. Doença Renal aguda ou crônica de qualquer tipo. Consequência da administração de diuréticos. Acidemia orgânica ocasionada pela elevação do aceto acetato (cetoacidose diabética) ou acidose láctica. Caso clinico: Homem de 46 anos chega ao setor de emergência com forte dor nos dedos do pé direito. O paciente apresentava um estado de saúde normal até de manhã cedo quando se levantou com dor forte no dedão do pé direito. O paciente nega qualquer trauma no pé por batida e não tinha histórico prévio desse tipo de dor em outras articulações. Relatou ter tomado “algumas cervejas a mais” com os amigos na noite anterior. O exame mostrou temperatura de 38,2°C e o incômodo decorrente da dor no dedão do pé direito, que estava inchado, quente, avermelhado e muito sensível. O resto do exame foi normal. Foi coletado líquido sinovial que mostrou a presença de cristais. 1. Qual o diagnóstico mais provável? 2. Como seria feito um diagnóstico definitivo? 3. Qual é a fisiopatologia dessa doença? Antibióticos Histórico • 1928- Fleming descobre a penicilina • 1939- Inicia-se uso clinico -> 2° Guerra Mundial • 1940- Howard Florey e Ernst Chain -> Produção em escala industrial ‘A era dos antibióticos’ • 1961- 513 Antibióticos • Atualmente – Cerca de 8000 antibióticos. • Liquens, algas, animais, plantas (+ 3000 substâncias com atividade antibiótica.) • 123 São produzidos por fermentação • + 50 são produzidos como compostos semissintéticos. • 3 são completamente sintéticos. Classificação de acordo com a estrutura química: Sulfonamidas e drogas relacionadas: Sulfametoxazol, dapsona (DDS, Sulfona). Quinolonas: Norfloxacino, Ciprofloxacino. Antibioticos B-Lactâmicos: Penicilinas, cefalosporinas,carbapenemas,monobactâmicos. Tetraciclinas: Doxiciclina. Derivados do nitrobenzeno: Cloranfenicol. Aminoglicosídeos: gentamicina, neomicina. Macrolídeos: eritromicina, raxitromicina, azitromicina. Polipeptídicos: Polimixina B, bacitracina. Glicopeptídicos: Vancomicina, teicoplanina. Poliênicos: anfotericina B, Nistatina. Classificação de acordo com o espectro de atividade: • Espectro estreito: Penicilina G, Estreptomicina, Eritromicina. • Espectro amplo: Tetraciclinas, cloranfenicol. Riscos para a gestante: necrose gordurosa do fígado, pancreatite e lesão renal (tetraciclinas) Classificação de acordo com o tipo de atividade: Bacteriostática: Sulfonamidas, tetraciclinas, cloranfenicol, eritromicina. Bactericida: Penicilinas, cefalosporinas, vancomicina, aminoglicosideos, polipeptídicos, quinolonas, rifampicina. Toxicidade dos antibioticos: ✓ Irritação local ✓ Dor e formação de abcessos. (intramuscular) ✓ Tromboflebites. (Intravenoso) ✓ Antibioticos irritantes: Eritromicina, tetraciclinas, cloranfenicol, algumas cefalosporinas. Dependentes da função renal: Necessidade de diminuição das doses. Na insuficiência renal leve: Aminoglicosídeos, vancomicina, cefalosporinas. Na insuficiência renal moderada-grave: Carbenicilina, fluoroquinolonas, Cotrimoxazol. Fármacos a evitar: Cefalotina, cefaloridina, ácido nalidixico, nitrofurantoína, tetraciclinas (exceto a doxiciclina) Dependentes da idade: ▪ Síndrome do bebê cinzento: cloranfenicol; ▪ Kernicterus: Sulfonamidas; ▪ Ototoxicidade: Aminoglicosídeos; ▪ Deposição nos ossos e dentes em formação: Tetraciclinas. Dependentes da função hepática: Necessidade de diminuição das doses: Cloranfenicol, metronidazol, clindamicina, rifampicina. Fármacos a evitar: Estolato de eritromicina, tetraciclinas, pefloxacina, acido nalidixico. Dependentes da Gravidez: ✓ Todos devem ser evitados. Riscos para o feto: Surdez (AMG), ossos e dentes (tetraciclinas) São considerados seguros: Penicilinas, cefalosporinas, eritromicina. Ação dos antibióticos: Dependentes de fatores locais: ✓ Presença de pus e secreções: Contém fagócitos, resíduos celulares e proteínas -> podem se ligar ao fármaco ou criar condições desfavoráveis para a sai ação. ✓ Presença de Hematomas: Ligação de fármacos á hemoglobina. (penicilinas, cefalosporinas e tetraciclinas.) ✓ Diminuição do pH no local da infecção: Diminuição da atividade dos aminoglicosídeos e macrolideos. ✓ Abcessos: Comprometimento da penetração na área-> necessidade de drenagem do abcesso. ✓ Presença de material necrótico e corpos estranhos. Escolha do antibiótico depende de: Espectro de atividade; Tipo de atividade; Sensibilidade ao microrganismo; Toxicidade relativa; Perfil farmacocinético; Vias de administração; Evidencias de eficácia clínica; Custo. Uso combinado de antibióticos Obter um sinergismo. ✓ Sulfametoxazol + trimetoprima; ✓ Amoxicilina + Acido clavulânico; Reduzir a gravidade ou incidência de efeitos adversos. Prevenir o desenvolvimento de resistência: ✓ Valor nas infecções crônicas -> tratamentos prolongados. (Hanseníase, h.pylori) Ampliar o espectro de ação: ✓ Tratamento de infecções mistas ✓ Tratamento inicial de infecções graves ✓ Topicamente (bacitracina + neomicina) Resistência bacteriana Inibidoresda parede celular: Beta-lactâmicos Estes antibióticos se caracterizam pela presença, em sua estrutura química, do anel β- lactâmico, responsável pela sua ação antimicrobiana. A ligação do anel βlactâmico com outros diferentes anéis, como anel tiazolidínico, nas penicilinas, ou o anel di-hidrotiazina, nas cefalosporinas, compõem as estruturas básicas que caracterizam as diferentes classes de antibióticos beta-lactâmicos. Ao longo do tempo, algumas bactérias adquiriram a capacidade de produzir enzimas, denominadas beta-lactamases, que são capazes de promover a hidrólise do anel beta-lactâmico, inativando a ação destes antibióticos. Ao se associar o ácido clavulânico à amoxicilina, esta combinação passa a exercer atividade antimicrobiana contra as cepas resistentes à amoxicilina. Dentre os antibióticos beta-lactâmicos estão incluídos todas as penicilinas, as cefalosporinas, carbapenêmicos e monobactâmicos Algumas bactérias adquiriram a capacidade de produzir “beta-lactamases”, que são capazes de hidrolisar o anel beta-lactâmico, inativando a ação destes antibióticos Existem os “inibidoras de beta- lactamase” que quando associados ao antibiótico originalmente sem atividade contra a bactéria, pode recuperar, e as vezes ampliar, a sua ação contra bactérias produtoras desta enzima. Mecanismo de ação dos antibióticos beta- lactâmicos: Todos os antibióticos beta-lactâmicos possuem ação bactericida. Eles atuam por inibição da síntese da parede celular bacteriana, que é uma estrutura essencial da célula por manter a sua integridade, prevenindo-a da lise osmótica. Devemos lembrar que a osmolaridade no interior da célula bacteriana é bem superior ao do meio em que elas habitualmente vivem, e parede celular é a estrutura fundamental que mantém as bactérias vivas e em seus formatos característicos. lista dos principais antibióticos beta-lactâmicos utilizados na prática clínica: Penicilinas naturais: Penicilina G (Benzil- penicilina): penicilina cristalina, procaína e benzatina, Penicilina V. Penicilinas semi-sintéticas: Oxacilina Aminopenicilinas: Ampicilina e Amoxicilina. Carboxipenicilinas: Carbenicilina, Ticarcilina. Inibidores da beta-lactamase: Ácido Clavulânico/amoxicilina, Tazobactam/Piperacilina , Sulbactam/ampicilina. Cefalosporinas: Primeira geração: Cefalexina, Cefadroxil, Cefalotina, Cefazolina. Estável frente ao ácido Ativo contra cepas G+ Moderadamente ativo contra G- Segunda geração: Cefoxitina, Cefuroxime, Cefaclor. Mais potente contra algumas G- (E.coli, Kleb, Proteus) Algumas tem boa atividade contra patógenos respiratórios. Menos ativo contra G+ que os de 1° geração. Nenhuma atividade contra pseudomonas. Terceira geração: Ceftriaxone, Cefotaxime, Ceftazidime. Muito potente contra G- Algumas possui atividade contra pseudomonas Moderadamente ativo contra anaeróbios. Quarta-geração: Cefepima, cefpiroma, cefoselis. Espectro mais equilibrado Permeabilidade da membrana elevada Ativas contra G- e G+ Modesta atividade contra anaeróbios. Glicopeptídeos Estruturas cíclicas complexas: Aminoácidos e açúcares Triciclicas: Vancomicina Tetracíclicas: Teicoplanina. ✓ De um modo geral, têm atividade contra bactérias gram-positivas aeróbias e anaeróbias. ✓ Não possuem atividade contra bacilos gram- negativos e Bacteroides fragilis. ✓ As principais indicações de uso englobam o tratamento de infecções por Staphylococus resistentes à oxacilina, Enterococcus resistentes a ampicilina e Streptococcus com resistência de alto nível às penicilinas. ✓ a Ceftriaxona é uma opção adequada contra Streptococcus com resistência intermediária às penicilinas Mecanismo de ação: • Nos microrganismos em reprodução, durante a formação de nova parede celular, os glicopeptídeos ligam-se e formam complexos com as unidades N-acetilglicosamina e N- acetilmurâmico-peptídeo, que iriam compor o peptidoglicano da nova parede. • Desta maneira, interrompem o processo de polimerização (formação) da parede celular. Desprovidas de parede celular, as bactérias sensíveis sofrem lise, devido à elevada pressão osmótica do seu meio interno. • Seu efeito é, portanto, bactericida. É importante observar que, apesar do processo ser diferente, o resultado é similar ao ocorrido com a administração de antibióticos beta-lactâmicos. Mecanismo de resistência: O mecanismo de resistência aos glicopeptídeos envolve uma menor afinidade destas drogas aos precursores de peptidoglicano das bactérias, permitindo a síntese de desta estrutura da parede celular apesar da exposição ao antimicrobiano. Este mecanismo é observado com maior frequência em espécies de Enterococcus, sobretudo E. faecium, sendo incomum nos demais cocos gram-positivos. Principais representantes da classe: ✓ Vancomicina: A vancomicina foi o primeiro antibiótico da classe desenvolvido para uso clínico. Foi obtida através de culturas de Amycolatopsis orientalis. • Está disponível na formulação endovenosa (mais amplamente difundida), mas também na oral. A administração pode ser feita a cada 8 ou 12 horas • Exerce atividade contra estafilococos, enterococos, estreptococos, Clostridium difficile (bactéria causadora de colite pseudomembranosa) e outras bactérias anaeróbias gram-positivas, como Peptostreptococcus. • Principais usos clínicos: A vancomicina é utilizada via endovenosa para o tratamento de bacteremias, infecções graves de pele e partes moles, intra-abdominais, urinárias, osteomielites, pneumonias, meningites e endocardites causadas por estafilococos resistentes a oxacilina, enterococos resistentes a ampicilina e estreptococos com resistência elevada às penicilinas. É recomendado o uso também, nestes casos, para pacientes que apresentam alergia às penicilinas e cefalosporinas. • A vancomicina deve ser indicada para infecções por cocos gram-positivos somente se não for possível o uso de penicilinas e cefalosporinas, por alergia ou resistência bacteriana. • Efeitos adversos: Uma dos efeitos adversos mais comuns da vancomicina é a “síndrome do homem vermelho”, associada à rápida velocidade de infusão. Está relacionada à ativação de mastócitos e liberação de histamina. Manifesta-se como pruridoe eritema, principalmente em face e pescoço. Em alguns casos, também ocorre angioedema e hipotensão. Outro efeito adverso descrito é a nefrotoxicidade, considerando-se a excreção renal, via filtração glomerular da droga. ✓ Teicoplanina: A teicoplanina foi desenvolvida a partir da fermentação do Actinoplanes teichomyceticus. • A formulação disponível do medicamento pode ser administrada por via endovenosa, intramuscular ou oral. No entanto, assim como descrito para Vancomicina, a droga possui baixa absorção oral. • O espectro de atividade é semelhante ao da vancomicina, porém apresenta meia-vida sérica mais longa, o que permite a administração em dose única diária. • Principais usos clínicos: As principais indicações terapêuticas são semelhantes às da vancomicina, no entanto, considerando-se que não ultrapassa barreira hematoencefálica mesmo na presença de inflamação meníngea, não é uma opção para tratamento de meningite. Para o tratamento de bacteremias e endocardites, a vancomicina também é superior. Aminoglicosídeos Os aminoglicosídeos são drogas altamente efetivas contra bacilos gram-negativos e potencializam o efeito de penicilinas e cefalosporinas em infecções graves. Todos os aminoglicosídeos de uso clínico foram obtidos inicialmente de duas espécies de fungos: Streptomyces spp. e o Micromonospora spp. Não são absorvíveis por via oral, portanto, para que tenham efeito sistêmico precisam ser administrados por via parenteral. Mecanismo de ação: ✓ Os aminoglicosídeos são drogas primariamente bactericidas por causarem alterações em proteínas sintetizadas pela bactéria, ao ligarem- se irreversivelmente aos ribossomos bacterianos. ✓ Podem também atuar de forma bacteriostática ao inibirem a síntese de proteínas. ✓ Para agirem é fundamental que entrem dentro da bactéria e esta etapa é dependente de energia e oxigênio. A passagem do antibiótico do meio externo para o meio intracelular é mediada por um mecanismo ativo de transporte, auxiliado pelo potencial elétrico transmembrana (carga positiva da droga e carga negativa do meio intracelular) da bactéria. ✓ A penetração dos aminoglicosídeos na bactéria é facilitada pela ação de antibióticos que inibem a síntese da parede celular, como os antibióticos betalactâmicos. ✓ Três características descrevem a atividade bactericida dos aminoglicosídeos ao inibir a síntese de proteínas da bactéria: é dependente da concentração da droga no local da infecção, o efeito pós-antibiótico e o sinergismo com outros antibióticos, em especial a penicilina, ampicilina, oxacilina, cefalosporinas e a vancomicina. Dentre os principais mecanismos de resistência aos aminoglicosídeos estão a produção de enzimas inativadoras e a redução da permeabilidade da membrana celular bacteriana às drogas. Esta resistência costuma ter origem na aquisição de plasmídeos conjugativos, mas pode ter origem cromossômica. Os principais aminoglicosídeos de uso clínico: ✓ Estreptomicina: A estreptomicina foi descoberta em 1944, e foi o primeiro antibiótico que demonstrou ação contra bacilos gram-negativos e, em especial, contra o Mycobacterium tuberculosis. ✓ A ação nas enterobactérias (E.coli, Klebsiella, Proteus) é variável e dependendente da sensibilidade do isolado bacteriano, por isso não é o aminoglicosídeo recomendada para o tratamento de infecções causadas por estes microrganismos. ✓ É recomendada para uso por via intramuscular (IM), aplicada diariamente de 3 a 5 vezes por semana, na fase de ataque do tratamento da tuberculose, que deverá ser completado por medicamentos por via oral na fase de manutenção. Gentamicina: A gentamicina, juntamente com a amicacina, compõem as principais drogas desta classe para o tratamento de infecções causadas por enterobactérias e Pseudomonas aeruginosa. A sua absorção por via intramuscular é completa, mas em infecções graves a via endovenosa é a preferida. Pode ser indicada em infecções urinárias, com alta taxa de cura. A gentamicina pode ser utilizada na profilaxia cirúrgica em procedimentos no trato gênito- urinário (TGU) e gastrintestinal (TGI), para casos de alergia a betalactâmicos. ▪ Amicacina: A amicacina é o aminoglicosídeo semi-sintético mais utilizado na prática clínica, e é um derivado da canamicina. É o mais resistente à inativação pelas enzimas produzidas por enterobactérias e Pseudomonas aeruginosa. ▪ A amicacina está indicada no tratamento de infecções por estafilococos em associação com a oxacilina, em casos de endocardite e pode ser usado no início do tratamento (3 a 5 dias) em infecções graves de outros sítios (pneumonia, sepse, celulite). Tetraciclinas A primeira tetraciclina foi descoberta a partir de um rastreamento de potenciais antibióticos naturais oriundos de bactérias presentes no solo. As tetraciclinas são compostos formados por um núcleo central de quatro anéis ligados a vários radicais periféricos. Uma dimetil-amina posicionada na posição Carbono-4 é necessária para condicionar a atividade antimicrobiana destes medicamentos. Radicais contendo oxigênio na porção inferior da molécula também parecem exercer papel importante na atividade terapêutica, já que são os sítios de ligação de alguns metais como o magnésio e zinco, importantes mediadores da ligação destes antibióticos no ribossomo bacteriano. Mecanismos de ação: As tetraciclinas atuam através da inibição da síntese proteica bacteriana, o que ocorre principalmente através da sua ligação reversível à subunidade 30S do ribossomo bacteriano. Desta forma, há inibição da ligação do RNA transportador ao ribossomo e, consequentemente, ocorre interferência no aporte e na ligação dos aminoácidos formadores das proteínas. São considerados, portanto, antibióticos bacteriostáticos. Principais representantes da classe: ✓ Doxiciclina: É considerado um antimicrobiano de amplo espectro, sendo ativo contra cocos gram- positivos (Staphylococcus aureus e Streptococcus pneumoniae), alguns bacilos gram-negativos, microrganismos intracelulares, atípicos, riquétsias e espiroquetas. A doxiciclina pode ser usada em diversas situações, dentre elas: ▪ Infecções sexualmente transmissíveis: é a opção de escolha para o tratamento de linfogranuloma venéreo e donovanose (causas de úlcera genital de evolução prolongada). Também é recomendada no esquema de tratamento de doença inflamatória pélvica. ▪ Infecções respiratórias: é uma alternativa para o tratamento de pneumonias comunitárias quando há impossibilidade do uso de beta-latâmicos ou quando se suspeita de infecção por microrganismos atípicos, como alternativa ao uso de macrolídeos. Também é uma opção para tratamento de sinusites. ▪ Infecções de pele, partes moles e osteomielite: considerando-se a boa penetração da droga nestes sítios, é uma opção para o tratamento destas infecções causadas por microrganismos sensíveis. ▪ Febre maculosa: como apresenta espectro de ação contra Rickettsia, é a droga de escolha para o tratamento de febre maculosa, quando for possível o uso de medicação por via oral. ✓ Minociclina: A minociclina apresenta espectro de ação semelhante à doxiciclina. Atualmente, no entanto, seu uso não é difundido. A principal indicação é na composição do esquema terapêutico para hanseníase. ✓ Efeitos adversos: As tetraciclinas geralmente são bem toleradas, mas podem causar intolerância alimentar, náuseas, vômitos e diarreia. É também descrito fotossensibilidade e hiperpigmentação, esta última principalmente associada à minociclina. • Glicilciclinas: As glicilciclinas foram desenvolvidas apartir de modificações químicas realizadas na minociclina, o que proporcionou ampliação do espectro de ação, abrangendo microrganismos resistentes às tetraciclinas. O único representante da classe é a tigeciclina, que está disponível somente na formulação para uso endovenoso. • Atuam também sobre Staphylococcus aureus resistentes a oxacilina, Enterococcus resistentes à vancomicina, enterobactérias e Acinetobacter baumannii. Não há atuação contra Proteus e Pseudomonas aeruginosa. Macrolideos • Eritromicina • Claritromicina • Azitromicina Os macrolídeos constituem um grupo de antibióticos formados quimicamente por um anel macrocíclico de lactona, ao qual se ligam um ou mais açúcares. As principais drogas pertencentes a esta classe são a eritromicina, a claritromicina, a azitromicina e a espiramicina. Mecanismo de ação: • Para facilitar a compreensão do mecanismo de ação dos macrolideos, é fundamental o conhecimento dos mecanismos envolvidos na síntese proteica bacteriana, que é um processo metabólico bastante complexo, comandado por genes cromossômicos. • O cromossomo bacteriano, ligado à face interna da membrana celular, é formado por uma única molécula longa de DNA, na qual está contido o código genético com o programa completo da síntese de proteínas. Para que ocorra a produção de qualquer proteína, é necessária a participação de três tipos de RNA: RNA mensageiro (RNAm), RNA transportador (RNAt) e RNA ribossômico (RNAr). • O RNAm é sintetizado a partir do DNA durante o processo denominado transcrição, através da atividade da enzima RNA polimerase. No RNAm está especificado o tipo e a ordem de aminoácidos a serem ligados (códons) para formar a proteína, de acordo com o código genético determinado pelo DNA. Ao ser produzido, associa-se aos ribossomos que são os locais onde ocorrerá a síntese proteica. Os ribossomos das bactérias possuem coeficiente de sedimentação 70S (unidade Svedberg: medida indireta do tamanho do ribossomo conforme sua velocidade de sedimentação quando submetido a uma força ultracentrífuga). • O RNAr, constituinte dos ribossomos, constitui 70% do RNA celular total, ou seja, apresenta-se em maior quantidade que o RNAm (14%) e o RNAt (16%). Os agregados ribossomo-RNAm são denominados polirribossomos ou polissomos e contêm todos os componentes do sistema de síntese de proteínas. Finalmente, o RNAt, também produzido pela célula, se encarregará de trazer os aminoácidos absorvidos para serem ligados na composição do peptídeo. • Os RNAt apresentam uma sequência de bases que formam os anticódons, fixando-se ao complexo RNAm-ribossomo no local do códon correspondente. • A ligação ao ribossomo se dá pelas unidades 30S e 50S. Ocorre então uma série de reações, catalisadas pela enzima peptidil-transferase por meio das quais o ribossomo, deslocando-se ao longo dos RNAm, vai ligando os aminoácidos trazidos pelo RNAt. • Este processo resulta na formação de peptídeos de acordo com o programa contido no RNAm, finalizando por constituir a proteína codificada geneticamente no cromossomo. A síntese proteica pode sofrer interferência dos antibióticos em várias fases do seu desenvolvimento. As drogas pertencentes à classe dos macrolideos são consideradas bacteriostáticas na maioria dos casos. Agem bloqueando a síntese proteica bacteriana ao se ligarem à subunidade 50S do ribossomo. Assim, impedem a transferência dos aminoácidos conduzidos pelo RNA transportador para a cadeia polipeptídica em formação. Medicamentos disponíveis: ✓ Eritromicina: É formado por três componentes, as eritromicinas A, B e C, sendo a eritromicina A a predominante e mais ativa. O conjunto destas substâncias é referido como eritromicina básica (base), que apresenta baixa absorção oral. ✓ Esse medicamento age contra Streptococcus, Staphylococcus, Listeria monocytogenes, Corynebacterium diphtheriae. ✓ Em relação à cobertura para microrganimos Gramnegativos, demonstra excelente atividade contra Bordetella pertussis, moderada atividade contra Neisseria gonorrohae e Neisseria meningitidis e espectro bastante restrito para Haemophilus influenzae. ✓ Para o uso em gestantes, deve-se evitar a formulação com o éster estolato, devido ao maior risco de hepatotoxicidade (icterícia colestática). ▪ Espiramicina: A espiramicina é um antibiótico macrolídeo natural obtido a partir de culturas de Streptomyces ambofaciens. Apresenta propriedades antimicrobianas semelhantes às da eritromicina, porém com menor potência antimicrobiana. Mantém o mesmo espectro, porém, diferente desta, demonstra atividade contra o protozoário Toxoplasma gondii, causador da toxoplasmose. ▪ Atualmente, o principal uso clínico da espiramicina é no tratamento de toxoplasmose na gestação, quando não há evidências de infecção fetal, já que esta droga também não ultrapassa adequadamente a barreira placentária. Claritromicina: A Claritromicina é um antibiótico semissintético derivado da eritromicina. Apresenta maior estabilidade no ácido gástrico, possibilitando melhor absorção via oral. Além de melhor tolerada que a eritromicina, não sofre interferência da alimentação e apresenta meia vida mais prolongada, o que possibilita administração duas vezes ao dia. É uma das principais drogas para o tratamento de pneumonias atípicas, infecções por micobactérias do complexo Mycobacterium avium e infecções causadas por Helicobacter pylori (bactéria associada a úlceras pépticas, linfoma gástrico, gastrite). Azitromicina: Azitromicina também é um macrolideos semissintético derivado da eritromicina. É considerado como pertencente à subclasse dos azalídeos, devido à modificação ocorrida no anel básico da eritromicina que possibilitou o seu desenvolvimento. Diferencia-se da eritromicina por seu espectro de ação mais amplo, maior meia-vida, boa tolerância oral e baixa toxicidade. É uma alternativa para o tratamento de infecções de vias aéreas (superior e inferior) causadas por Streptococcus, Staphylococcus, Haemophilus influenzae, Moraxella catarrhalis e também infecções de pele de menor gravidade causadas por Streptococcus e Staphylococcus. É ativa no tratamento da coqueluche. Clindamicina A clindamicina é um derivado semissintético da lincomicina, um antibiótico natural obtido da fermentação do fungo Streptomyces lincolnensis. Usos clínicos: Infecções graves por anaeróbios, infecções ginecológicas, abcessos pulmonares, gangrena gasosa. A clindamicina encontra-se disponível em solução injetável e cápsulas para uso oral. ✓ A clindamicina atua predominantemente em bactérias aeróbias gram-positivas e anaeróbios. Não tem ação contra aeróbios gram-negativos. ✓ não atua nas Enterobactérias, portanto não deve ser usada no tratamento de infecções suspeitas ou comprovadas por aeróbios gram-negativos. Ela também não age contra Enterococcus, H. influenza e N. meningitidis. Cloranfenicol Mecanismo de ação: O cloranfenicol se liga à subunidade 50S do ribossomo, inibindo a síntese protéica da bactéria, tendo, assim, ação bacteriostática. Porém, pode ser bactericida contra algumas espécies como S. pneumoniae, H. influenzae e N. meningitidis, através de mecanismo não bem elucidado. Mecanismos de resistência: A resistência pode ser adquirida através de plasmídeos ou alterações de permeabilidade à droga. Mais frequentemente,a resistência é determinada pela produção de uma enzima, acetiltransferase ou nitro redutase, que inativa o composto. O primeiro antibacteriano utilizado nos Estados Unidos, em 1935, foi uma Sulfonamidas, a sulfanilamida. Nos anos subsequentes, este composto foi modificado no intuito de reduzir os efeitos colaterais e ampliar o espectro de ação. A utilização conjunta das sulfonamidas com um derivado diaminopirimidínico (trimetoprima) foi empregada a partir de 1968, o que possibilitou maior eficácia terapêutica para o tratamento de diversas infecções bacterianas e também para algumas causadas por protozoários e fungos. ffdfd sdsf Mecanismo de ação: ✓ As Sulfonamidas e as diaminopirimidinas bloqueiam, sequencialmente, a biossíntese de tetraidrofolatos (a forma ativa do ácido folínico). ✓ As sulfonamidas inibem as sintetases, que transformam o ácido paraaminobenzoico (PABA) em ácido fólico. ✓ Já as diaminopirimidinas inibem as redutases, que reduzem o ácido fólico a ácido folínico. ✓ Não havendo a formação de tetraidrofolatos, fica comprometida a síntese de bases nitrogenadas (purinas), que iriam originar os ácidos nucleicos Desta maneira, o uso associado de sulfonamidas e diaminopirimidinas promove bloqueio sequencial na via de síntese do ácido folínico de microrganismos sensíveis. ✓ Sulfametoxazol – trimetoprima: Trata-se de composto bem absorvido por via oral, sem interferência de alimentos. Há disponível também a formulação endovenosa. Atravessa a barreira hematoencefálica, atingindo concentrações terapêuticas no líquor. Indicações clínicas: • Tem sido usado no tratamento de infecção por enterococos resistentes à vancomicina. • Pode ser utilizada nas salmoneloses, principalmente na febre tifóide. • É alternativa no tratamento de meningite bacteriana e epiglotite, artrite séptica e osteomielite por Haemophilus influenzae em pacientes alérgicos aos ß-lactâmicos. • Indicado no tratamento de ricketsioses ou erlickiose Efeitos colaterais: • Reações de hipersensibilidade como erupção macular ou vesicular acompanhada ou não de febre são incomuns. • Náuseas, vômitos, alteração no paladar, diarréia e irritação anal podem ocorrer durante administração oral. • A toxicidade hematológica apresenta-se com reticulocitopenia, podendo evoluir com anemia, granulocitopenia e trombocitopenia. Essas alterações são dose-dependentes e reversíveis com a suspensão da droga. • Também pode apresentar-se como anemia aplástica irreversível, geralmente entre 3 e 12 semanas após a terapia. Embora rara, freqüentemente é fatal e pode ocorrer com qualquer apresentação, mesmo tópica. A “Síndrome do bebê cinzento” é outra forma grave de toxicidade, cujos sinais se iniciam após 3 a 4 dias de tratamento, caracterizando-se por vômitos, distensão abdominal, letargia, cianose, hipotensão, respiração irregular, hipotermia e morte. Ocorre pela falta de capacidade do recém-nascido conjugar e eliminar a droga. Como atravessa a placenta e é encontrada no leite, seu uso deve ser evitado em gestantes e lactantes. É contraindicada no terceiro trimestre de gestação, devido ao risco de “síndrome cinzenta”. Sulfonamidas Farmacocinética: ✓ As quinolonas, com exceção do Ácido Nalidíxico e da Norfloxacina, são consideradas drogas de alto Volume de Distribuição (Vd) e Ligação Protéica (Lp) reduzida o que, pelo menos em parte, explica sua adequada penetração nos diversos compartimentos do organismo. ✓ Assim, conseguem atingir níveis terapêuticos em pele, articulações, ossos, pulmão, parênquima renal e próstata. Novamente, a incorporação de radicais às estruturas básicas da classe permite às quinolonas altas taxas de absorção oral. ✓ As quinolonas e seus metabólitos são eliminados preferencialmente pela via renal. Em geral, não há necessidade de ajustes significativos de dose de acordo com a função renal ou hepática, com exceção da ciprofloxacina. ✓ Eventos adversos são pouco comuns, entretanto, fototoxicidade, alterações no ritimo cardíaco e encefalopatia sejam descritos. Farmacodinâmica: As Quinolonas são consideradas bactericidas para a maioria das síndromes infecciosas onde possuem indicação. A disponibilidade da droga tanto no interstício quanto no meio intracelular proporciona concentrações várias vezes maiores que a Concentração Inibitória Mínima (CIM) para cada microrganismo. O efeito terapêutico das Quinolonas ocorre através da inibição de duas enzimas, a Topoisomerase II ou DNA- Girase e a Topoisomerase IV, envolvidas na síntese do material genético bacteriano. A inibição destas duas moléculas faz com que as cadeias de DNA sejam formadas com falhas estruturas em sua composição, inibindo a replicação e levando à morte bacteriana. Tem ação sobre bactérias gram negativas, gram- positivas, protozoários e fungos. No entanto, a resistência bacteriana a estas drogas tem se difundido amplamente, tanto na comunidade quanto no ambiente hospitalar, limitando seu uso para infecções causadas por Streptococcus, Staphylococcus, Enterobacteriaceas, dentre outros. Principais usos clínicos: ✓ Dentre as infecções bacterianas, os principais usos clínicos são para tratamento de infecções urinárias e prostatites. ✓ No entanto, como mencionado anteriormente, as taxas crescentes de resistência dos principais patógenos, como a Escherichia coli, têm limitado seu uso clínico. ✓ Já foi utilizada em larga escala para tratamento de infecções estreptocócicas de vias aéreas superiores e inferiores. ✓ Em relação às infecções fúngicas, é a principal alternativa terapêutica para tratamento e profilaxia primária e secundária de infecções por Pneumocystis jirovecii, infecção oportunista frequente em portadores de HIV/aids. Quinolonas • As Quinolonas foram descobertas por acaso e artificialmente a partir da síntese da Cloroquina. • São conhecidas quatro estruturas moleculares precursoras, a partir das quais as Quinolonas vêm sendo desenvolvidas e aprimoradas. • Todas são formadas por um conjunto bicíclico aromático e uma função cetona na posição quatro das moléculas. Principais representantes e suas indicações clínicas: ✓ Ácido Nalidíxico: Primeiro representante das Quinolonas para uso clínico, o Ácido Nalidíxico também representa a única Quinolonas de primeira geração. Por suas limitações de espectro de ação antimicrobiana, absorção oral e pela incapacidade de atingir concentrações séricas terapêuticas, ficou restrita para o tratamento de infecções não complicadas do trato urinário e diarreias bacterianas. ✓ Norfloxacina: O primeiro produto das Quinolonas de segunda geração possui um espectro de ação bastante semelhante ao apresentado pelo Ácido Nalidixico. Manteve a ação já conhecida para o tratamento de infecções por enterobactérias, sendo incluído em seu espectro a Pseudomonas aeruginosa. ✓ Ciprofloxacina: Esta Quinolonas é a representante da classe mais prescrita na atualidade. A Ciprofloxacina manteve o amplo espectro de ação antimicrobiana em bacilos gram negativos, entretanto, a atividade consistente em Pseudomonas aeruginosa é o que marca a sua atividade neste grupo de microrganismos. Outro aspecto notório de seu espectro de ação se dá na ampliação de atividade em cocos gram positivos. ✓ Ofloxacina: Este outro representante das quinolonas de segunda geração possui características muito semelhantes às apresentadas pela Ciprofloxacina, muito embora a sua utilização seja restrita no país aos pacientes em tratamento de infecções pelo Micobacterium tuberculosis, resistentes aos tuberculostáticos de primeira linha. ✓ Levofloxacina: A Levofloxacina inaugura o grupo das quinolonas de terceira geração, sendo também conhecidas como quinolonas respiratórias.Possuem um espectro de ação maior em relação à Norfloxacina e à Ciprofloxacina, já que mantém a atividade em enterobactérias e Pseudomonas aeruginosa e oferece cobertura consistente para gram positivos, incluindo o Estreptococcus pneumoniae e os microorganismos atípicos como Legionella pneumophila, Micoplasma pneumoniae e Chlamydophila pneumoniae. ✓ Moxifloxacina: A Moxifloxacina foi a terceira quinolona de terceira geração a ser disponibilizada no Brasil, após a remoção da gatifloxacina do mercado brasileiro pela associação com casos insuficiência hepática. Manteve boa parte das características de farmacocinética da Levofloxacina, porém, evoluiu na potência e no espectro de ação antimicrobiana. Farmacocinética e farmacodinâmica Farmacocinética: Absorção, distribuição metabolismo e excreção de fármacos. Farmacodinâmica: Estuda os efeitos fisiológicos, bioquímicos e mecanismo de ação dos fármacos. Farmacologia x Fisiologia Sódio, potássio Potencial de ação Cálcio Sinapse Contração e relaxamento muscular Agonista e Antagonista Receptores celulares Farmacodinâmica: Fármaco + Receptor: Tipos de transdutores de sinais: Receptores: Proteínas possuidoras de um ou mais sítios que, quando ativados por substâncias endógenas, são capazes de desencadear uma resposta fisiológica. SÍTIOS DE AÇÃO: Locais onde as substâncias endógenas ou exógenas (fármacos) interagem para promover uma resposta fisiológica ou farmacológica. Em Farmacologia: Receptor - local onde o fármaco interage e produz um efeito farmacológico. Principais alvos para ação dos fármacos: Receptores (receptores para ligantes reguladores endógenos) Canais Iônicos Transportadores Enzimas Proteínas Estruturais. AÇÃO DOS FÁRMACOS Para produzir efeito farmacológico o fármaco precisa ter duas características: TIPOS DE RECEPTORES FARMACOLÓGICOS: Receptores ligados a canais: ✓ Denominados receptores ionotrópicos Participam principalmente da transmissão rápida. ✓ Proteínas oligoméricas dispostas ao redor de um canal. ✓ A ligação do ligante e a abertura do canal ocorrem em milissegundos. ✓ Alguns exemplos: nAch, GABAA , NMDA. Receptores ligados à proteína G: ✓ Receptores metabotrópicos ✓ A proteína G é uma proteína de membrana que consiste em três subunidades (), em que a subunidade possui atividade GTPase. ✓ Existem vários tipos de proteína G, que interagem com diferentes receptores e controlam diferentes efetores. ✓ Alguns exemplos: mAch, adrenorreceptores, GABAB. Efetores controlados por proteínas G: ✓ Duas vias chaves são controladas por receptores através de proteínas G. ✓ Ambas podem ser ativadas ou inibidas por ligantes farmacológicos. ✓ Via da adenilato ciclase/cAMP: - AC catalisa a formação do mensageiro intracelular cAMP - O cAMP ativa várias proteínas quinases, fosforilando de várias enzimas, transportadores e outras proteínas. Afinidade pelo receptor Atividade intrínseca Capacidade de se ligar. Depois de ligar tem que ter capacidade de ativar. Receptor beta adrenérgico: Efetores controlados por proteínas G: ✓ Via da fosfolipase C/trifosfato de inositol/ diacilglicerol: Catalisa a formação de dois mensageiros intracelulares ✓ IP3 e DAG - O IP3 aumenta a concentração intracelular de cálcio - O [ ] intracelular de cálcio desencadeia eventos como: contração, secreção, ativação enzimática e hiperpolarização de membrana. ✓ O DAG ativa proteína quinase C que controla muitas funções celulares. Receptores ligados a quinases: ▪ Os receptores de vários hormônios (p. ex insulina) e fatores de crescimento incorporam a tirosina quinase em seu domínio intracelular. ▪ Estão envolvidos principalmente em eventos que controlam o crescimento e a diferenciação celulares e atuam indiretamente ao regular a transcrição gênica. Receptores intracelulares: Controlam a transcrição gênica Os ligantes incluem hormônios esteroides, hormônios tiroidianos, vit. D, ac. retinóico Os receptores são proteínas intracelulares, os ligantes devem penetrar nas células. Os efeitos são produzidos em consequência da síntese alterada de proteínas e, portanto, de início lento. Ação e efeito das drogas são a mesma coisa? Ação das drogas: Combinação da droga com seu receptor. Efeito das drogas: Consiste na alteração final da função biológica, consequência da ação da droga. Tipos de efeito das drogas: Estimulação: Aumento da atividade celular (exemplo: adrenalina estimula as glândulas salivares.) Depressão: Redução da atividade celular. (exemplo: Barbitúricos deprimem o SNC.) Irritação: Efeito lesivo sobre células. (exemplo: ácidos irritam a mucosa gástrica) Reposição: Acrescentar molécula ausente ou deficiente. (exemplo: insulina no diabetes.) Citotóxica: Destruição seletiva das células. (exemplo: antibióticos destruindo as bactérias.) O que é dose? É a quantidade adequada de uma droga que é necessária para produzir certo grau de resposta em determinado paciente. A dose de uma droga deve ser determinada em termos de resposta escolhida. Exemplo: Dose analgésica da aspirina: 0,3 a 0,6g dose anti-inflamatória da aspirina: 3 a 6g/dia. Janela terapêutica: Especificidade: Os receptores são específicos para os ligantes. Descreve a tendência de uma droga para combinar-se com um tipo particular de receptor. As substancias
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