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Geovana Sanches - TXXIV Patologia Prática Professoras Denise Barcelos e Glaucia Soares MÉTODOS INVESTIGATIVOS EM PATOLOGIA Métodos investigativos são técnicas utilizadas pelo patologista para identificar uma lesão ou os graus dela. Os principais métodos de investigação e diagnóstico em patologia são as autópsias, biópsias ou exames anatomopatológicos, exames citopatológicos, imuno-histoquímica, imunofluorescência, hibridização in situ e biologia molecular. O patologista (ou anatomopatologista) é o profissional médico especialista em anatomia patológica ou simplesmente patologia. Anatomia patológica é um ramo da patologia e da medicina que estuda alterações, principalmente morfológicas, decorrentes das doenças e lida com o seu diagnóstico baseado no exame macroscópico de peças cirúrgicas e microscópicas para o exame de células e tecidos. Patologia clínica Anatomia patológica Procedimentos: bioquímicos; hematológicos; parasitológicos; microbiológicos. Aspectos morfológicos: coloração; imuno-histoquiímica; citometria; citogenética Autópsia ou necropsia Exame sistematizado de um organismo realizado pós-morte, com a finalidade principal de diagnosticar lesões, estabelecendo as causas básicas das doenças, além das causas consequenciais, terminais e contributivas relacionadas à morte. Biópsia Trata-se do exame anatomopatológico propriamente dito, que pode ser realizado em fragmentos de tecidos ou em peças cirúrgicas completas. Consiste em duas etapas: exame macroscópico (macroscopia) e exame microscópico (microscopia). A amostra é submetida a uma série de processos, o que permitirá posteriormente sua visualização ao microscópio. Etapas 1. Coleta do material: o material é acondicionado em frascos plásticos ou de vidro de tamanho proporcional ao material enviado. 2. Fixação: o material é fixado em formalina (formol a 10%), evitando sua deterioração (autólise) e permitindo que a imagem observada pelo patologista seja como um retrato do que se encontra no organismo. Após o recebimento, correta identificação do material e fixação, inicia-se o exame macroscópico, no qual o tecido ou a peça cirúrgica é medida, pesada e descrita segundo suas principais características: cor, consistência, aspecto das superfícies, presença de lesões, etc. Geovana Sanches - TXXIV Em seguida, o patologista seleciona os fragmentos que serão submetidos ao exame microscópico. Os cortes devem ser feitos estrategicamente para que a porção necessária seja corretamente analisada. Esse material pode ser inserido em cassetes histológicos, como o da figura. 3. Desidratação: a substância mais frequentemente utilizada é o álcool etílico. Retira-se progressivamente a água para inserção do álcool, evitando-se assim que a célula estoure. 4. Diafanização ou clarificação: realizada com xilol, o qual tem afinidade pela parafina. Há um tempo de permanência no xilo, com substituição periódica. 5. Impregnação e inclusão ou infiltração: preenche as cavidades com parafina, fazendo com que a estrutura fique firme. Os blocos de parafina preservam os tecidos indefinidamente, permitindo avaliações futuras. 6. Microtomia: o bloco de parafina é cortado através do micrótomo, retirando-se fatias e colocando-as em banho histológico. O material é então coletado em lâminas de vidro transparente e corados, rotineiramente, por hematoxilina-eosina (HE). As lâminas são avaliadas em microscópio óptico comum e o patologista, com base em seus conhecimentos histopatológicos, estabelece o diagnóstico e redige um laudo de exame anatomopatológico/biópsia. Citopatologia Estuda especificamente as alterações morfológicas em esfregaços ou centrifugados celulares realizados com material de raspados, imprints e aspirados. Citologia exfoliativa: células são avaliadas a partir de raspados de lesões ou mediante descamação natural de determinadas superfícies. Exemplo: colpo citológico (Papanicolau ou exame citológico cervicovaginal) à avaliação de alterações das células epiteliais cervicais com o objetivo de diagnosticar precocemente lesões pré-neoplásicas e neoplasias do colo uterino. Citologia aspirativa ou punção aspirativa por agulha fina (PAAF): utiliza-se material citológico adquirido por aspiração. Exemplos: secreções de árvore traqueobrônquica, conteúdos de cistos, secreção mamilar ou secreções do tubo gastrointestinal. Pode-se utilizar, ainda, líquidos, como urina e líquido amniótico. Workflow celular A partir da detecção de uma proteína podemos deduzir um possível comprometimento no DNA. O mesmo ocorre em qualquer um dos três âmbitos que podem ser analisados - DNA, RNA e proteínas - de forma que isso pode ser utilizado nos exames histológicos, como imuno-histoquímica, imuno-fluorescência, citometria de fluxo e morfometria. Imuno-histoquímica Método que utiliza anticorpos dirigidos contra antígenos celulares específicos, os quais podem estar localizados na membrana plasmática, no citoplasma e no núcleo. Ele detecta proteínas a partir de reações químicas no tecido e emite marcação amarronzada. Assim, identifica células habilitadas para iniciar determinado processo. Geovana Sanches - TXXIV A partir da imuno-histoquímica é possível, por exemplo: determinar a histogênese de neoplasias indiferenciadas, identificar sítio primário de carcinomas metastáticos e definir terapias-alvo em neoplasias. Imunofluorescência Técnica que permite a visualização de antígenos a partir de anticorpos ligados a moléculas fluorescentes. Necessita de microscópio de fluorescência. É muito útil para avaliação de depósitos de imunoglobulinas e frações do complemento em tecidos como pele e rim, sendo fundamental para o diagnóstico de doenças imunes que acometem esses órgãos. A imunofluorescência direta é o padrão ouro para estudo das glomerulopatias e nefropatias. Citometria de fluxo Técnica utilizada para contar, examinar e classificar partículas microscópicas suspensas em um meio líquido em fluxo. Permite a análise de vários parâmetros simultaneamente. Alguns podem, ainda, separar ativamente e isolar partículas com propriedades específicas. Os principais componentes são: laser ou fonte de luz; fluxo de células; detector e conversor de sistema analógico para digital; computador para análise dos sinais. Morfometria Utiliza oculares milimetradas ou programas de imagem e faz medições das dimensões dos tecidos e células normais e alteradas. É possível detalhar o tamanho da célula e identificar áreas similares a selecionada. Técnicas de Biologia molecular Biologia molecular é o campo da patologia que se baseia na avaliação do material genético (DNA e RNA) extraído de tecidos. Técnica de amplificação Exames baseados principalmente na reação em cadeia da polimerase (PCR), por meio da qual se pode pesquisar infecção por agentes patogênicos. PCR qualitativo: a partir da análise de bandas, nos informa se há ou não determinado gene ou parasita na amostra analisada. PCR quantitativo (qPCR) ou PCR realtime: além de informar a presença ou ausência do gene/ parasita, faz-se análise em software e, a partir de gráficos, é determinada a quantidade do reagente presente na amostra. Sequenciamento: realizado quando já se sabe que o gene/parasita está presente e a pergunta é como está esse gene ou sequência, qual o tipo de mutação presente. É utilizada para identificar patógenos específicos e mutações. Técnica de Hibridização Método que utiliza sondas de ácidos nucleicos dirigidas contra sequências específicas do material genético (DNA), sendo útil para diagnóstico de infecções virais e detecção de alterações citogenéticas específicas de determinadas neoplasias. Geovana Sanches - TXXIV A sonda é associada com alguma substância que permita a visualização da hibridização (radioativas, fluorescentes ou marcadas quimicamente), de forma que caso a sonda reconheça o material, uma luz é emitida. FISH: hibridizaçãoin situ fluorescente. É a técnica mais utilizada de hibridização e utiliza sondas de DNA e RNA para localizar sequencias específicas em um cromossomo, tentando identificar, por exemplo, alguma área do genoma que esteja mutada. PROCESSOS PATOLÓGICOS BÁSICOS Quando uma célula normal recebe um estímulo nocivo, ela pode seguir alguns caminhos: 1. Célula adaptada: quando a célula tem capacidade de se adaptar ao estímulo. 2. Lesão celular reversível: quando a célula não consegue se adaptar. Nesse caso, há acúmulos de: glicogênio, gordura, proteína, carboidrato, etc. Caso o estímulo cesse, a célula é capaz de retornar ao estado original. 3. Morte celular: situações em que a célula não é passível de adaptação e sofre lesão irreversível. Adaptação celular As causas podem ser fisiológicas, em que há uma resposta celular ao estímulo normal de hormônios ou mediadores químicos endógenos ou exigências de estresse mecânico. Exemplo: gestação à aumento do número de células de mama para produção do leite materno, além de hiperplasia e hipertrofia do útero para carregar o feto. Entretanto, também podem ser patológicas, ou seja, resposta celular a um estresse, permitindo que as células modulem sua estrutura e função e, assim, escapem da lesão. Nesse caso, isso ocorre à custa da função normal da célula (sofre modificação). Tipos de adaptação celular Hipertrofia: aumento do tamanho da célula e de sua atividade metabólica. Hiperplasia: aumento do número de células. Atrofia: diminuição do tamanho da célula e da atividade metabólica. Metaplasia: mudança do fenótipo da célula e reprogramação da mesma. Lâmina 1: Atrofia de fibras musculares Lâmina 2: atrofia de rim Caracterizada por perda de substância celular nos túbulos e nos glomérulos. Em decorrência da menor quantidade de citoplasma, a célula se apresenta menos corada. A atrofia de rim pode ocorrer, por exemplo, em uma insuficiência renal, podendo evoluir à necrose. Geovana Sanches - TXXIV Lâmina 3: Metaplasia de pulmão A metaplasia de pulmão pode ser congênita. Em meio às estruturas normais do pulmão, como brônquio e paredes alveolares, vemos estruturas diferenciadas que lembram trabéculas ósseas à massa rósea compacta, com células semelhantes a osteócitos, indicando transformação das células pulmonares. Lesões celulares reversíveis Nas lesões reversíveis, ou degenerações, a célula agredida não está adaptada. Nesse caso, ela tem seu metabolismo reduzido, função diminuída (alteração regressiva), morfologia alterada e acúmulo de substâncias (produtos de um metabolismo perturbado em seu interior ou mesmo fora dela). Água: Degeneração hidrópica, inchação turva (ou edema celular) e degeneração vacuolar. Lipídios: Degeneração gordurosa, esteatoses ou lipidoses (acúmulo de cristais de gordura, por exemplo, em artérias). Proteínas: Degeneração hialina ou hialinoses. É o depósito de proteínas. O material hialino é constituído predominantemente por proteínas – fibras, como a colágena – e uma pequena quantidade de carboidratos. Pode ocorrer uma deposição de imunocomplexos (Ag-Ac). Carboidratos: Degeneração glicogênica ou glicogenoses. É o depósito de glicogênio intracelular, causada por: 1. Diminuição intracelular: indivíduos caquéticos, desnutridos. 2. Alteração na utilização: leva a hiperglicemia (obesidade, diabete mellitus). Muco: Degeneração Mucóide ou mucopolissacaridoses. Lâmina 1: degeneração glicogênica em fígado Os hepatócitos apresentam citoplasma com coloração mais clara e rico em vacúolos (espaço em branco) formados no interior da célula. Geovana Sanches - TXXIV Lâmina 2: degeneração glicogênica em fibra muscular Referente a Glicogenose tipo V, doença na qual o indivíduo apresenta muitas câimbras ao realizar exercício físico intenso. Lâmina 3: degeneração glicogênica no rim Nos glomérulos podemos identificar áreas mais claras e a formação de bolhas, as quais representam vacúolos mal delimitados. Esses vacúolos também podem ser identificados nos túbulos renais. Lâmina 4: degeneração hialina no rim Glomérulos preenchidos com hialina, praticamente acelulares (ausência de núcleos). Nos túbulos atróficos, quase não é possível identificar a luz. Já nos túbulos hipertróficos, a luz é visível e há uma dilatação. Geovana Sanches - TXXIV Morte celular Quando a célula não é capaz de se adaptar, ela não é encaminhada à lesão reversível ou o agente agressor persiste, ela sofrerá morte celular. A morte celular pode ter um estímulo fisiológico (exemplo: após o período de amamentação, não são mais necessárias todas as células da glândula mamária e elas entram em apoptose) ou patológico (doenças à ocorre mais frequentemente). Ela depende da intensidade, duração e gravidade do estímulo. As consequências da lesão celular, por sua vez, dependem do tipo, adaptabilidade e fenótipo genético da célula danificada. Existem dois tipos de morte celular: apoptose e necrose. Necrose É o tipo mais comum de morte celular em processos patológicos. Pode ser dividida nas seguintes fases: A. Células normais B. Picnose: diminuição do volume e intensa basofilia (condensação do núcleo). C. Cariorexe D. Fragmentação nuclear E. Cariólise: caracterizada por dissolução da cromatina e desaparecimento da estrutura nuclear (citoplasma granulado) Geovana Sanches - TXXIV Lâmina 1: necrose de coagulação Presença de áreas bem basofílicas (roxas), onde há células + áreas avermelhadas + áreas muito eosinofílicas (rosas), sem núcleos. Setas pretas: identificam núcleos menores e mais corados (picnose). Setas vermelhas: observa-se a fragmentação do núcleo (cariorexe) Setas azuis: cariólise (ausência do núcleo). As células que sofrem necrose têm sua membrana plasmática rompida, de forma que o material intracelular extravasa para o meio, estimulando a inflamação (possível identificar as células inflamatórias: leucócitos, linfócitos, neutrófilos). Processo inflamatório Quando há lesão no tecido por diferentes agentes, ocorre vasodilatação (aumento do fluxo sanguíneo), aumento da permeabilidade dos capilares (liberação de fluido), quimiotaxia (migração de leucócitos para zona lesada) e respostas sistêmicas, como febre e liberação de leucócitos. Esse processo inflamatório pode ser desencadeado por diferentes estímulos, como infecções (bacteriana, viral, fúngica, parasitária), necrose tecidual (isquemia, trauma e injúria física e química), corpos estranhos (lascas de madeira, sujeira, suturas) ou reações imunes (quando osistema imune causa dano aos próprios tecidos; tendem a ser persistentes) Lâmina 1: apendicite Pode-se observar a mudança de coloração na lâmina, identificando diferentes “faixas”: área que se apresenta em um tom de rosa mais claro até área corada, indicando a presença de muitas células. Geovana Sanches - TXXIV Nessa área mais corada, identificamos o processo inflamatório, sendo possível a visualização das células típicas desse processo. A seta preta identifica os neutrófilos. Os linfócitos, por sua vez, são células com núcleo bem arredondado, ocupando praticamente todo o citoplasma Ainda é possível identificar no processo inflamatório a hiperemia dos vasos, ou seja, grande quantidade de hemácias no seu interior. Imagens: http://anatpat.unicamp.br/ PATOLOGIAS DO SISTEMA RESPIRATÓRIO E INFECÇÕES ASSOCIADAS Histologia normal da região respiratória Os bronquíolos são revestidos internamente por epitélio pseudoestratificado, simples colunar ou simples cúbico. Possui, ainda, uma camada de músculo liso. Eles dão origem aos ductos alveolares. A maior parte do parênquima pulmonar é constituído por alvéolos pulmonares, os quais se abrem nos sacos alveolares: espaços de distribuição de ar. Os alvéolos são delimitados por delgadas paredes alveolares, também denominadas septos interalveolares. O revestimento de suas paredes é feita por dois tipos celulares:à Pneumócitos tipo I: células pavimentosas e muito delgadas, a partir das quais ocorre a troca gasosa. à Pneumócitos tipo II: células esféricas, que são responsáveis pela produção da substância surfactante, a qual mantém os alvéolos abertos. Pneumonia De maneira geral, a pneumonia é um quadro de infecção do parênquima pulmonar com expressão clínica. Os bronquíolos e os alvéolos são preenchidos por um exsudato inflamatório e crônico (presença de células mononucleares), comprometendo a função de troca gasosa, o que repercute na respiração do paciente. Geovana Sanches - TXXIV A pneumonia pode ser ocasionada por qualquer agente infeccioso, embora a maioria tenha origem bacteriana. O desenvolvimento desse quadro depende da patogenicidade do agende, mecanismo de defesa e capacidade de resposta do hospedeiro. Pneumonia intersticial O acometimento pode ser zonal (em uma região específica) ou difuso (aparente em vários focos diferentes), às vezes bilateral. Isso dependerá de como o agente infeccioso entrou na via respiratória. Macroscopicamente, o quadro é pouco característico, podendo haver apenas hiperemia na região. Por outro lado, microscopicamente, observa-se uma inflamação nitidamente intersticial, em que os septos alveolares se tornam alargados por edema e infiltrado de mononucleares. Além disso, em situações normais, o espaço do saco alveolar é caracterizado pelo formato dos alvéolos, enquanto na pneumonia intersticial, essa estrutura é perdida devido ao aumento das paredes dos septos. àInfiltrado inflamatório peribronquiolar Pneumonia parasitária Nas pneumonias parasitárias, podemos identificar uma região diferenciada, que perdeu suas características típicas à região acometida pelo parasita. Em contraposição, há as regiões preservadas. Em torno dos parasitas, é possível identificar a presença de fibroblastos e de fibras, os quais tentam encapsular o parasita. Há, ainda, processo inflamatório. Geovana Sanches - TXXIV Antracose pulmonar A antracose ocorre devido a uma lesão pulmonar induzida por carvão. Sendo assim, é mais comum acometer mineradores de carvão, habitantes da zona urbana e tabagistas. Os macrófagos englobam as partículas, mas nem sempre conseguem digeri-las. Por isso, elas se acumulam no tecido. A antracose em si é apenas o resultado desse processo, não sendo uma doença por si só. Macroscopicamente, aparecem como manchas enegrecidas no tecido pulmonar. Na lâmina acima, observamos antracose associada a outra alteração pulmonar (a estrutura dos sacos alveolares não está normal, com espessamento dos septos alveolares). Normalmente a antracose não se apresenta sozinha, podendo estar associada, por exemplo, a uma pneumonia. Enfisema pulmonar O enfisema é uma doença obstrutiva crônica das vias aéreas caracterizada por dilatação permanente dos espaços aéreos distais aos bronquíolos terminais. É caracterizada pelo aumento anormal e permanente do tamanho dos ácinos pulmonares, associado a destruição dos septos alveolares. Existem dois tipos: B- centroacinar ou centrolobular (tabagismo); C- pan-acinar ou panlobular (deficiência de a1-antitripsina). Fatores Exposição ambiental: tabagismo, combustíveis fósseis, etc. Fatores genéticos: polimorfismo do TGF- Beta1 e deficiência de alfa1-antitripsina (enzima inibidora da elastase, impedindo destruição da MEC). Outros fatores: bronquite crônica, processos inflamatórios antigos. Independente do fator, ele atua em células inflamatórias (citocinas e proteases à degradação da MEC), epiteliais (apoptose, necrose) e mesenquimais (apoptose, proliferação desequilibrada, contração diminuída, diminuição da síntese de matriz), causando destruição do parênquima alveolar. Geovana Sanches - TXXIV Nas lâminas, podemos identificar a descaracterização dos ácinos, o que representa um grande problema para o paciente. Macroscopicamente, não há uma diferenciação intensa, sendo o diagnóstico realmente microscópico. Edema pulmonar O edema pulmonar é uma situação bastante frequente na prática médica e que, quando extenso, é potencialmente fatal. A manutenção do equilíbrio adequado no balanço de fluidos através da barreira alvéolo-capilar é essencial para a função respiratório. Sendo assim, o aumento da permeabilidade alvéolo-capilar é a principal causa de edema. Edema pulmonar por aumento da pressão hidrostática capilar ou cardiogênico O edema surge em qualquer situação em que há aumento da pressão nos capilares pulmonares.O mecanismo principal é o desequilíbrio entre o débito cardíaco das câmaras direitas e a capacidade de propulsão da massa sanguínea pelas câmaras esquerdas. Arritmias cardíacas, lesões na valva mitral ou perda da massa ventricular funcionante por diversas causas elevam a pressão nos capilares pulmonares e aumentam a movimentação de fluidos do compartimento intravascular para o interstício. Microscopicamente, vemos o preenchimento das cavidades com líquido. Outra característica típica do edema pulmonar é a congestão, ou seja, presença de vasos sanguíneos carregados de sangue. Geovana Sanches - TXXIV CARDIOLOGIA Infarto agudo do miocárdio O infarto agudo do miocárdio é a primeira causa de morte, sendo cerca de 100.000 ao ano no Brasil. A etiologia consiste na obstrução de uma das artérias coronárias (normalmente ocasionada pelo ateroma), deixando o miocárdio sem suporte sanguíneo. Os principais fatores de risco para tal são pressão alta, obesidade, diabetes mellitus, colesterol alto, sedentarismo e tabagismo, além da idade propriamente dita, tendo em vista que o infarto normalmente acomete pessoas mais velhas. O infarto pode ser silencioso, sem sintomatologia, mas, caso contrário, o sinal e sintoma mais comum é uma forte dor no peito, de aparecimento súbito e construtiva. Nas lâminas em que o miocárdio apresentou infarto, é possível observar a perda de núcleo pelos miocardiócitos, processo denominado de cariólise (estágio final da necrose), se sobrecarregando. Pode-se identificar ainda bancas de hipercontração, as quais tentam “trabalhar” para suprir a atividade das células mortas. Além disso, outra característica é a presença de células inflamatórias (como os neutrófilos) entre os miocardiócitos necróticos à o processo de necrose ativa a inflamação de tecidos adjacentes. Geovana Sanches - TXXIV Na primeira lâmina do CUSC podemos identificar células que não tem mais o núcleo, ou seja, sofreram cariólise, além de núcleos hiper-cromados (condensação do núcleo, com aumento da basofilia; motra-se achatado e alongado no cardiomiócito) e bandas de hipercontração. Na segunda lâmina, observa- se a presença dos neutrófilos, importantes células inflamatórias. Lipofucsina A lipofucsina é um pigmento amarelo claro granuloso que se acumula e pode ser observado no citoplasma de células senescentes ou não replicativas (como os cardiomiócitos). É um material inerte, rico em lípides, não afetando o desempenho funcional das células. Infarto do miocárdio: Reparação No reparo do miocárdio, é possível identificarmos a “área hemorrágica”, a qual possui grande densidade de células e derramamento de células sanguíneas. Há também o foco de infarto em reabsorção, porção em que, após a necrose, os cardiomiócitos são fagocitados e digeridos. Nessa área de reabsorção, praticamente não são mais identificados cardiomiócitos, observando-se apenas células inflamatórias (principalmente macrófagos, pois se trata de um processo mais tardio). O reparo se da a partir do recrutamento de fibroblastos e fibras colágenas para o local, os quais irão preencher o espaço que sofreu necrose. Após todo o dano, podemos observar o tecido cicatricial (fibroso) na região. É possível observar a diferença na coloração da lâmina e característica das células que compõem Geovana Sanches - TXXIV o tecido normal e a fibrose: os miocardiócitos apresentam-se mais róseos e, na região da fibrose,possui um tom mais claro Geovana Sanches - TXXIV Na última lâmina, é possível identificar a margem da lesão, na qual há cardiomiócitos ainda nucleados, em contraste com a região preenchida pelo tecido fibroso. Pode-se observar, ainda, a presença de células inflamatórias, possivelmente macrófagos que estão fagocitando os restos celulares da lesão. Aterosclerose A aterosclerose é uma condição em que ocorre espessamento da camada íntima de uma artéria, ocasionando redução variável do diâmetro da luz, até uma possível obliteração. A íntima pode ficar mais espessa que a própria camada média. Há deposição e acúmulo de gordura extracelular, formando-se cristais de colesterol em forma de fenda, os quais podem ser observados ao microscópio óptico em HE. Pode-se observar, ainda, a presença de tecido fibroso denso e fibras musculares lisas. Geovana Sanches - TXXIV Nas lâminas do CUSC, além das características já citadas anteriormente, ainda podemos identificar a região de lípides dissolvidos, a qual se apresenta como uma área com coloração rosa mais claro à nesse caso, esses lipídeos não estão formando os cristais. Geovana Sanches - TXXIV Trombo arterial Os trombos são as causas mais comuns de trombose, estando associado ao infarto do miocárdio e grande parte dos infartos cerebrais. A patogênese envolve a lesão do endotélio vascular, o que propicia agregação de plaquetas sobre o colágeno subendotelial (um dos elementos da tríade de Virchow). Vale lembrar que os trombos venosos apresentam coloração mais vermelha, devido a maior presença de hemácias, enquanto os trombos arteriais, mostram-se mais esbranquiçados, por conterem mais fibrina e plaquetas. Geovana Sanches - TXXIV DERMATOPATOLOGIAS Histologia normal da pele A camada basal da epiderme é constituída por células germinativas, as quais se multiplicam por mitose e empurram as demais células para cima, formando as camadas da pele. Elas também podem ser encontradas na porção espinhosa, sendo que a quantidade diminui até a camada córnea, na qual não há células vivas. A impermeabilização aumenta conforme ocorre aproximação da camada córnea. Carcinoma basocelular O carcinoma basocelular normalmente se desenvolve em indivíduos de pigmentação clara e exposição crônica solar e idosos acima de 60 anos (não pela idade em si, mas decorrente da ampla exposição solar ao longo da vida). A mortalidade é baixa devido a precocidade do seu diagnóstico nas áreas expostas. Trata-se de uma neoplasia de aspecto basalóide, ou seja, derivam de células basais da epiderme e se assemelham a elas (simulam essa camada). Devido a essa proximidade fenotípica, acreditava-se que essas células originavam o tumor, mas hoje acredita-se que a origem são células do bulbo piloso. As células produzem uma matriz mucinosa, a qual se apresenta em coloração mais clara no corte histológico. O tumor tem caráter infiltrativo, com migração para as demais camadas da epidermeà limitado poder de metastatização. Sendo assim, pode ser considerado um tumor de baixo grau de malignidade (capacidade de invasão local e destruição tecidual). Ele é considerado recidivante, tendo em vista que a exposição solar acomete todo o corpo do paciente, podendo ter transformações celulares em diversos locais. Outra possibilidade é que, na retirada do tumor, restaram células tumorais no local. A lesão tem crescimento lento e apresenta-se como uma ferida ulcerada, podendo ocorrer sangramentos. São pouco circunscritas (margem irregular) e com borda elevada. Existem diversos subtipos do carcinoma basocelular, sendo os mais frequentes carcionoma basocelular nodular e carcionoma basocelular micronodular. Ambos apresentam matriz mucinóide. Carcinoma basocelular nodular Geovana Sanches - TXXIV Nessa lâmina de carcinoma basocelular nodular, é possível observar a pele normal, seguida de perda total da histologia padrão. É possível identificar a presença de fragmentos soltos (ulceração) e nódulos. A lesão aumenta em relação ao tecido normal, podendo fazer dobras sobre ele (representando pela margem pintada com tinta nanquim). No subtipo nodular identificamos os ninhos (blocos arredondados), os quais são formados a partir do crescimento das células tumorais. Esses nódulos apresentam limites nítidos (baixa capacidade infiltrativa), delimitados pelas células em paliçada (conjunto de células alongadas e paralelas). As células tumorais se encontram interiormente as células em paliçada, com disposição aleatória. É possível identificar, ainda, uma substância amorfa entre os nódulos, a qual é a matriz de mucina produzida por essas células. Carcinoma basocelular micronodular Também constituída por células basalóides, porém em nódulos menores e sem os limites por células em paliçada. Assim como o anterior, possui matriz mucinosa. Geovana Sanches - TXXIV Nas lâminas do CUSC, podemos identificar: - Aglomerado de células (mais basofilicas) e matriz mucinosa; - Células em formado basalóide, com nucléolo aparente (indica atividade mitótica); - Mitoses (apontada pelo marcador vermelho) - Micronódulos irregulares, representando as infiltrações; distribuição irregular; - Ausência de células em paliçada à carcinoma basocelular micronodular. Principais diferenças Nodular Micronodular Blocos celulares arredondados (40x ou 100x) Ilhotas de células com basofilia (400x) Margens nítidas em paliçada (400x) Ausência de células em paliçada (400x) Geovana Sanches - TXXIV Melanoma O melanoma é caracterizado pela proliferação não controlada de melanócitos. É a neoplasia de maior mortalidade, sendo a média mundial de sobrevida de 69%. Esse tumor apresenta maior capacidade infiltrativa pois penetra verticalmente nas estruturas adjacentes. Na pele normal, os melanócitos injetam melanina nos queratinócitos. Os melanócitos encontram-se localização próxima a membrana basal, de forma que se visualizarmos pigmento, ele deve estar nessa região. No tecido alterado, por sua vez, é possível a identificação de melanócitos em outras camadas. O melanoma é um tumor altamente maligno, original dos melanócitos na camada basal da epiderme e com infiltração para a derme. Podem ser espessos e ulcerados, e apresentar áreas melanóticas (pigmentada) e amelanóticas (melanina é escassa). A produção ou não de melanina não está relacionada ao prognóstico do melanoma. Subtipos de melanoma 1. Extensivo superficial à UV- mais comum 2. Nodular à 10 a 15% 3. Acral lentiginoso à negros e asiáticos (alta taxa de melanina; aparecem em regiões plantares) 4. Lentigo maligno à apresentam-se como manchas semelhantes a sardas. A área do melanoma se apresenta enegrecida (devido a produção de melanina) e elevada em relação ao tecido normal. Geralmente está associada a ulcerações. Geovana Sanches - TXXIV Nessas imagens é possível identificar mitoses (como no canto superior direito) e nucléolos aparentes. Pode-se identificar, ainda, a presença de pigmento. Lâmina CUSC Na lâmina acima é possível identificarmos uma porção normal da pele e uma porção aumentada, a qual provavelmente é decorrente do processo inflamatória associado a neoplasia. Após essa área aumentada, identificamos uma área com histologia completamente diferente, a qual apresenta grande densidade celular, desorganização e ausência de margem entre derme e epiderme. Essa região é onde está o tumor. Na lâmina abaixo, podemos identificar células desorganizadas, com melanócitos na camada superior (diferente do fisiológico). Geovana Sanches - TXXIV Observamos as mitoses, além de células carregadas com melanina; o nucléolo é evidente à representação da massa tumoral. Índice de breslow O índice de breslow mede a espessura da lesão em milímetros, desde a epiderme até as células tumorais mais profundas na pele. A partir disso e com as demais características(ulceração, número de mitoses), ele indica qual o prognóstico do tumor e qual o tempo aproximado de vida que ainda resta ao paciente. Nas lâminas do CUSC, podemos identificar a presença de muitas mitoses (alta taxa mitótica), além de ulcerações, o que indica um provável prognóstico ruim para esse paciente. Vitiligo Não é um tumor. Trata-se da ausência de melanócitos em determinada região da pele, a qual promove ausência de melanina e, consequentemente, áreas esbranquiçadas no paciente. Geovana Sanches - TXXIV TRATO GASTROINTESTINAL: FÍGADO O fígado é uma glândula anexa de grande importância para o sistema digestório, tendo em vista que auxilia o processo de digestão. Histologia normal do fígado O lóbulo hepático possui uma vênula centrolobular, sendo os hepatócitos organizados de forma radial a ela. Há também o espaço porta, com as ramificações da vênula centrolobular e da artéria hepática. Evolução da doença hepática no fígado Esteatose A esteatose é um processo degenerativo reversível (degeneração gordurosa intracelular), tendo em vista a possibilidade do retorno à homeostasia. Pode ser definida como o acúmulo de gordura no interior dos hepatócitos e algumas possíveis etiologias são: consumo excessivo de gorduras/carboidratos na dieta; consumo excessivo de álcool; insuficiência cardíaca (decorrente da hipóxia). Macroscopicamente, o fígado adquire coloração amarelada e há um aumento de seu volume. Caso haja uma inflamação (decorrente da gordura) associada a esteatose, o quadro recebe o nome de Esteato- hepatite. Nesse caso, o fígado adquire coloração mais amarronzada, decorrente do maior aporte sanguíneo ocasionado pela inflamação. Geovana Sanches - TXXIV Microscopicamente, a esteatose é representada pela vacuolização extensa dos hepatócitos. A arquitetura do tecido se encontra diferente, sem a organização radial dos hepatócitos. Isso ocorre devido ao aumento de volume dessas células, as quais adquirem uma gotícula de gordura em seu citoplasma. Essa gotícula comprime o núcleo, levando-o à periferia da célula. Sendo assim, pode-se observar que, na esteatose hepática, os hepatócitos se assemelham à adipócitos. Hepatite A hepatite é a inflamação do tecido hepático. O termo é aplicado a um grande número de doenças diferentes e formas distintas de lesão do fígado. Independente do agente etiológico, apresenta padrão histopatológico semelhante. A hepatite pode ser classificada em aguda, quando associada puramente a inflamação, ou crônica, quando o processo associa-se também à cicatrização. Alguns dos possíveis agentes etiológicos são os vírus (hepatite A, B e C), toxinas (oriundas de plantas ou medicamentos) ou alcoólica. Tendo em vista essa gama de possibilidades, a biópsia não é capaz de fechar o diagnóstico, sendo necessária a correlação com os achados clínicos. Características à Desorganização da arquitetura lobular, parcialmente decorrente da necrose. à Colestase: acúmulo de bilirrubina (bile) dentro e fora dos hepatócito (coloração acastanhada) à Infiltrado inflamatório mononuclear dos espaços porta e dos lóbulos. Na primeira imagem é possível visualizarmos um hepatócito em regeneração à célula adulta diferenciada dividindo-se e originando um novo hepatócito, processo importante para suprir a demanda do tecido. Já na segunda, podemos identificar a presença de células inflamatórias, representadas pelas setas de diferentes cores: > Seta verde: plasmócitos à apresenta núcleo concentrado em um dos lados da célula. > Seta amarela: linfócitos à celulas arredondadas, praticamente sem visualização do citoplasma. > Seta rosa: macrógafos com bilirrubina à fagocitam a bile. No centro da imagem podemos identificar o espaço porta, formado por um ramo da veia centro-lobular e arteríolas pertencentes a artéria hepática. Vemos desorganizacão do tecido, com áreas aparentemente preservadas e outras com focos inflamatórios (presentado pelo pontilhado na figura). Ao ampliarmos a região pontilhada, observamos: > Seta preta: colestase (coloração amarronzada) > Seta vermelha: plasmócitos > Seta azul: linfócitos > Seta verde: mitose (núcleo alongado, semelhante a um rabisco) > Seta amarela: hepatócito binucleado (mitose) Geovana Sanches - TXXIV Cirrose A cirrose é um processo difuso, caracterizado por fibrose e pela conversão da arquitetura hepática normal em nódulos estruturados anormais. É irreversível, com cicatrização do tecido hepático e está entre as 10 maiores causas de morte no mundo ocidental. Três processos são essenciais para a patogenia da cirrose: morte dos hepatócitos, deposição de matriz extracelular e reorganização vascular. Esse quadro pode ocorrer após: esteato-hepatite alcoólica ou não; doenças autoimunes; infecções virais crônicas; sobrecarga de ferro. Morfologia à Septos fibrosos (bem espessos) à Lóbulos parenquimatosos ou psudolóbulos: apresentam arquitetura distorcida pela necrose e regeneração dos hepatócitos. A organização funcional do lóbulo hepática é perdida. Geovana Sanches - TXXIV A placa limitante preservada impede a comunicação entre a área lesada e a área preservada do tecido hepático. Pode ocorrer uma tentativa de fagocitose, com agressão à placa limitante e presença de células inflamatórias. Imuno-histoquímica: coloração apenas de fibras do tecido conjuntivo, as quais são responsáveis pela formação dos septos. Lâminas CUSC Na vista panorâmica, é possível observar a presença de septos espessos de tecido conjuntivo (denso e frouxo), além de hepatócitos preservados ou em processo de morte. Aproximando-se a imagem, observam-se os pseudolóbulos entre os septos fibrosos. Na imagem abaixo, observa-se o processo de necrose no pontilhado azul, com conteúdo citoplasmático e núcleo praticamente ausente (cariólise parcial). É possível identificar, ainda, mitoses (pontilhado preto), representando a tentativa de regeneração do fígado. Ao longo da lâmina, vemos deposição de bile e a “divisão” entre as células inflamatórias concentradas e a formação dos psudolóbulos. Geovana Sanches - TXXIV CARCINOMA GÁSTRICO (ADENOCARCINOMA GÁSTRICO) O carcinoma gástrico se localiza no estômago e é classificado de acordo com a profundidade de invasão, padrão de crescimento macroscópico e histologia. A Classificação de Lauren separa os cânceres gástricos em dois tipos: intestinal e difuso. Câncer gástrico intestinal: tumor bem diferenciado O tumor intestinal tem origem em células gástricas mucosas que sofreram previamente metaplasia intestinal no contexto de gastrite crônica. Macroscopicamente, pode ser exofítico (projeção externa) ou polipoide. Pode ocorrer ulceração, relacionada ao crescimento do tumor à falta de oxigenação na área. Geovana Sanches - TXXIV Os principais fatores de risco são a presença de H. pylori, vírus Epstein-Barr (EBV) e metaplasia intestinal decorrente de gastrite crônica. Sabendo-se a evolução da gastrite crônica, é possível a interferência médica para que não haja evolução ao adenocarcinoma gástrico. A primeira figura representa uma úlcera péptica, com a presença de tecido inflamado e área de úlcera (interrupção do tecido). A segunda, um adenocarcinoma, com margem elevada e alteração na coloração e textura da região. Microscopicamente, o tumor se apresente bem diferenciado (lembra as células de origem), formando glândulas desorganizadas, com presença ou não de luz. Características macroscópicas e histológicas • Volumosos • Estruturas glandulares • Massa exofídica ou tumor ulcerado • Presença de vacúolos apicais de mucina • Mucina abundante pode estar presente na luz das glândulas Câncer gástrico difuso: tumor pouco diferenciado O tumor difuso se origina diretamente de células gástricas mucosas inativas (mutação de novo, ou seja, aleatóriaà não sabemos o motivo do surgimento) sem passar por metaplasia intestinal. Macroscopicamente, é ulcerativo ou difusamente infiltrativo. Esses tumores infiltrativos normalmente evocam uma reação desmoplásica, ou seja, crescimento de tecido conjuntivo ou fibroso em torno da neoplasia maligna. Isso enrijece a parede gástrica e pode causar achatamento rugal difuso (perda das pregas) e uma parede rígida e espessada, conferindo aparência de “garrafa de couro” denominada linite plástica. Microscopicamente, apresenta células em anel de sinete, as quais se apresentam como células soltas (desconexas), sem formação glandular, com núcleo em forma de meia lua e citoplasma carregado de mucina (empurram o núcleo para a periferia). Geovana Sanches - TXXIV Características macroscópicas e histológicas • Crescimento infiltrativo • Célula em anel de sinete • Reação desmoplásica • Achatamento rugal difuso • Parede rígida e espessa • “Garrafa de couro” à linite plástica Classificação de Lauren para o adenocarcinoma gástrico Tipo intestinal Tipo difuso Idade Méda, 55 anos (pico de 60 a 69) Média 48 anos (pico de 50 a 59) Gênero H:M= 1,8 a 2 H:M= 1,2 Mucosa gástrica Gastrite crônica atrófica em 90% dos casos; metaplasia intestinal e displasia são muito frequentes Gastrite crônica atrófica em 30%; metaplasia intestinal menos frequente; displasias são raras. Epidemiologia Mais comum nas populações de alto risco. Nas últimas décadas, queda da incidência nos países desenvolvidos 50% dos casos em populações de baixo risco; a incidência não se alterou nas últimas décadas Estrutura geral Glandular; massas sólidas Células isoladas Estrutura celular Pleomorfismo, polarização e coesão celulares Padrão uniforme; despolarização e pouca coesão celular; secreção abundante de muco intracelular Crescimento Expansivo (Borrmann I e II) Infiltrativo (Borrmann III e IV) Prognóstico Mais favorável Menos favorável à Adenocarcinoma de estômago • Lesão vegetante: possui células que se desprendem • Aspecto fosco, friável (que se desmancha facilmente) • Pulverulento (que lembra poeira ou pó) • Área central ulcerada e aspecto infiltrativo, sem limites precisos • A mucosa exige áreas com apagamento do pregueado e aspecto mamelonado (forma arredondada e elevada) Geovana Sanches - TXXIV à Neoplasia de crescimento difuso • Segmento de estômago apresentando neoplasia de crescimento difuso, infiltrando em todas as camadas da parede • Presença de reação desmoplásica conferindo rigidez à parede • Há espessamento da parede e manutenção da forma do órgão - linite plástica (bolsa de couro) Diferenciação do tecido gástrico O tecido normal, representado na imagem A, possui um padrão monótono, ou seja, repetitivo. No adenocarcinoma gástrico é possível identificar as áreas normais e áreas alteradas, sendo que esse limite pode ser identificado na imagem B. Na imagem C, por sua vez, podemos identificar a área glandular cribriforme, a qual se apresenta glândulas com organização e tamanho aleatórios à são glândulas dentro de glândulas. Em um aumento maior, podemos identificar o acúmulo de mucina na luz das glândulas (D) e a presença de grande quantidade de mitoses (E). A B C D E Geovana Sanches - TXXIV ADENOCARCINOMA DE INTESTINO GROSSO O adenocarcinoma de intestino grosso é uma das neoplasias mais frequentes, principalmente na região do cólon. O pico de incidência está entre 60 e 79 anos, sendo que apenas 20% dos casos ocorrem antes dos 50 anos. Macroscopicamente, em um segmento de cólon descendente, podemos observar lesão de aspecto vegetante (que se solta facilmente), frágil, podendo sangrar facilmente. Ele é fosco, friável e pulverulento (fragmentação), fazendo com que sua presença no intestino do paciente seja complicada. Dentro da lesão podem ter locais mais ou menos comprometidos, com infiltração ou não. Em um segmento de cólon esquerdo também podemos observar lesão vegetante, constritiva, com aspecto em anel de guardanapo, fosco, friável e pulverulento (pó); aspecto compatível com adenocarcinoma de cólon. No segundo segmento de cólon esquerdo apresentado, há lesão vegetante, constritiva, com aspecto em anel de guardanapo, fosco, friável e pulverulento; presença de pólipo séssil (PS) e pólipo pediculado (PP). Aspecto microscópico Na porção normal do cólon podemos identificar uma prega mucosa tradicional com as quatro camadas: mucosa, submucosa, muscular e serosa. Ao lado, temos uma massa que destoa do restante, com perda da estrutura pregueada, de caráter exofídico e, após penetração, caráter endofídico. Geovana Sanches - TXXIV Cólon normal O padrão normal do cólon é denominado canteiro de margaridas, no qual encontramos células caliciformes e células colunares, em padrão monótono. Adenocarcinoma No tumor, vemos a arquitetura desorganizada das células e a presença de diversas mitoses, com ausência de células caliciformes. A primeira imagem entre as lâminas do CUSC apresenta a lâmina em aumento 40x, sendo possível identificar a área preservada e a área do tumor. Na imagem à direita, temos a seta apontando a área de transição entre as duas regiões. Geovana Sanches - TXXIV Abaixo, é possível identificar o aspecto glandular amorfo e, possivelmente, a implantação do tumor. Em um aumento maior, é possível identificar células anaplásicas, ausência de células caliciformes, com presença de pleomorfismo celular e mitoses (apontadas com a seta azul na imagem abaixo). SISTEMA GENITAL FEMININO Histologia do tecido mamário normal A mama é formada por lóbulos e ductos, além do tecido adiposo. O lóbulo mamário é constituído por um conjunto de ácinos, intermediados pelo estroma intralobular (tecido conjuntivo denso). Entre os lóbulos, encontra-se o estroma interlobular, o qual também é constituído por tecido conjuntivo. Todos os ácinos de um lóbulo desembocam em um ducto mamário, o qual apresenta luz extensa. Geovana Sanches - TXXIV Em maior aumento, é possível identificar que tanto os ácinos, quanto os ductos, apresentam dupla camada de população celular. A camada externa é constituída por células mioepiteliais, as quais apresentam capacidade de contração. A camada interna, por sua vez, é constituída por células epiteliais. Adenocarcinoma de mama O adenocarcinoma de mama é o tumor maligno mais frequente no sexo feminino, representando 30% de todos os cânceres; uma em cada nove mulheres apresentam esse tumor ao longo da vida. O tipo histológico mais frequente é o carcinoma ductal invasivo, o qual é pouco diferenciado. Esse tipo de tumor é caracterizado pela formação de cordões sólidos que infiltram difusamente; há extensa reação desmoplásica. É mal delimitado e sem cápsula, infiltrando o tecido adiposo e o tecido mamário pré-existente. Nesse esquema apresentando um corte longitudinal da mama, é possível verificarmos a formação dos lóbulos e sua desembocadura nos ductos. O ducto mamário normal apresenta dupla camada de células, enquanto no carcinoma ductal, o processo neoplásico acomete as células epiteliais, de forma que os clones neoplásicos se proliferam e tendem a obliterar a luz do tubo. Enquanto as células neoplásicas se proliferam, mas permanecem dentro do ducto, temos um carcinoma ductal in situ. Em contrapartida, caso essas células continuem a se proliferar e invadam tecidos adjacentes, temos um carcinoma ductal invasivo. Geovana Sanches - TXXIV No corte histológico, é possível a identificação da reação desmoplásica, a qual é estimulada pelas células neoplásicas e se caracteriza pela densidade do tecido conjuntivo adjacente a elas. Na imagem ao lado, a reação desmoplásica está apontada pelas setas amarelas.Outra característica importante do adenocarcinoma é a presença dos cordões sólidos de células neoplásicas. Infere-se da imagem a alta celularidade que esse tumor apresenta. Nas imagens abaixo, é possível identificar estruturas semelhantes aos ácinos presentes na mama. Todavia, há presença de reação desmoplásica, além das células neoplásicas, caracterizando o processo tumoral. Em maior aumento, visualizamos nucléolos evidentes e binucleação, indicando a presença do processo mitótico. Além disso, há presença de pleomorfismo (células com características diferentes) e alteração na relação núcleo-citoplasma, sendo essas características gerais das neoplasias. Lâminário CUSC As lâminas presentes no CUSC são provenientes de um adenocarcinoma de murinos, mas é possível a identificação de estruturas semelhantes às apresentadas acima. Em uma visão panorâmica, identifica-se extensa área tumoral, a qual é caracterizada por intensa basofilia, indicando alta celularidade (presença de muitos núcleos). Em maior aumento, visualizamos a diferenciação entre um tecido conjuntivo mais frouxo e mais denso, além da organização das células em cordões sólidos. Geovana Sanches - TXXIV No aumento de 400x, fica mais nítida a presença de mitoses (núcleo com um elo), binucleação (célula com dois núcleos, indicando a divisão celular), nucléolos evidentes, alteração na relação núcleo-citoplasma e a presença do tecido fibroso indicando reação desmoplásica. Todos esses padrões são típicos nas neoplasias de forma geral, como já citado anteriormente. Carcinoma epidermóide de colo de útero O carcinoma epidermóide de colo uterino apresenta-se ao exame clínico como área endurecida ou úlcera elevada; o diagnóstico é realizado a partir de uma biópsia. Entre os fatores que modificam o prognóstico estão o estadiamento clínico, idade da paciente e o grau de diferenciação da neoplasia, sendo que os tumores bem diferenciados apresentam melhor taxa de sobrevida. Microscopicamente, esses carcinomas podem ser classificados em três graus, de acordo com o grau de diferenciação. Classificação Características Grau 1: bem diferenciado Abundante produção de queratina, com frequentes pérolas córneas Grau 2: moderadamente diferenciado Células mais pleomórficas, com menor queratinização individual e pérolas córneas escassas Grau 3: pouco diferenciado Pleomorfismo celular acentuado, alto índice mitótico e frequentes áreas necróticas. É diíficl identificar a queratinização Geovana Sanches - TXXIV Na histologia normal da cérvice, é possível visualizarmos um epitélio com diversas camadas, sendo que a camada basal forma uma linha bem definida no local de encontro com o tecido conjuntivo. É comum identificarmos células com citoplasma claro próximas a camada córnea. Na região tumoral, identificamos brotos sólidos que se infiltram no tecido conjuntivo, os quais são denominados perolas córneas ou ilhas de células epiteliais. Há perda da histologia normal da região, além da perda da continuidade da camada basal. Em aumentos maiores, identificamos disceratose (citoplasma muito denso e corado em rosa, rico em proteínas), hipercromatismo nuclear e regiões com mitoses fora da camada basal. Geovana Sanches - TXXIV Lâminário CUSC Em vista panorâmica, é possível identificar a organização diferente das células, perda de continuidade da camada basal e as pérolas córneas que se soltaram infiltrando no tecido conjuntivo. Em um aumento maior, identifica-se a presença de disceratose (apontadas com um círculo). Na lâmina com 400x, vemos o pleomorfismo (células com tamanhos e formatos diferentes), células sem núcleo (necrose), com núcleo pequeno (picnose), com núcleo super pigmentado (hipercromatismo). Geovana Sanches - TXXIV Teratoma de ovário (cisto dermóide) O teratoma de ovário é uma neoplasia benigna que acomete principalmente mulheres na idade reprodutiva. Aproximadamente 90% dos casos originados são por células germinativas, o que faz com que o tumor seja composto por diferentes tecidos, sendo os mais comuns: epitélio plano estratificado corneificado, folículos pilosos, glândulas sebáceas e glândulas sudoríparas. Além deles, também podem ser identificados tecido ósseo, cartilagíneo, nervoso, entre outros. Esses tumores podem atingir grandes volumes, causando danos por compressão e podem se romper, levando a peritonite química; a principal complicação é a torção do pedículo vascular com infarto hemorrágico. Macroscopicamente, é um tumor cístico preenchido por cabelos e material sebáceo. Microscopicamente, por sua vez, os tecidos estão topograficamente desorganizados e agrupados sem nenhuma lógica. Geovana Sanches - TXXIV Geovana Sanches - TXXIV Lâminário CUSC Em vista panorâmica, não é possível identificar quais tecidos compõem o tumor, mas vemos diversas regiões semelhantes a diferentes tecidos. Vista panorâmica Matriz óssea Geovana Sanches - TXXIV Cartilagem Epitélio respiratório Formação ductal de dupla conformação Geovana Sanches - TXXIV SISTEMA GENITAL MASCULINO A próstata é um órgão masculino que se encontra logo abaixo da bexiga. Ela é dividida em diferentes regiões, como apresentada na figura ao lado: a zona interna ou periuretral encontra-se ao redor da uretra prostática; a zona transicional circunda a zona interna e é mais diferenciada; há ainda a região central e, por fim, a zona periférica. De maneira geral, as lesões hiperplásicas normalmente acometem as zonas transicional, central ou interna, enquanto os carcinomas acometem a zona periférica. Prostatite A prostatite pode ser classificada em aguda, crônica ou crônica granulomatosa. A prostatite aguda é caracterizada por achados clínicos e laboratoriais básicos, como infiltrado agudo neutrofílico, congestão e edema; eventualmente, aparecem micro abscessos. A crônica é inespecífica, mas normalmente apresenta um infiltrado linfocitário e muitas vezes, lesão glandular. Por fim, a prostatite crônica granulomatosa ocorre em resposta a agentes específicos, como na tuberculose, sarcoidose e infecções fúngicas; em torno do granuloma há glândulas e um halo linfocitário típico do granuloma, com necrose caseosa no centro. Com esse achado, é necessário realizar coloração de Ziehl-Nielsen. Geovana Sanches - TXXIV Hiperplasia nodular benigna A hiperplasia nodular benigna é caracterizada pelo aumento no volume, tamanho e peso da próstata (50 a 300g). Macroscopicamente, há manutenção do formato e preservação do sulco mediano (peça inteira), com formações nodulares entremeadas por septos fibrosos. O aspecto é compatível com hiperplasia nodular e pode ser identificado a partir do toque retal. O aumento de tamanho e a formação de nódulos acaba esmagando o canal uretral, causando desconforto ao paciente e podendo desencadear dificuldade de micção e aumento na incidência de infecções urinárias. Os níveis de PSA geralmente estão aumentados. Microscopicamente, é possível identificar a presença de nódulos bem definidos, os quais se projetam para fora da próstata; normalmente se localizam na região central e transitória. Ao analisarmos, vemos aumento do estroma e também no tecido do interior dos ácinos. Biópsia prostática A biópsia prostática é uma ferramenta muito importante para diferenciação de processos benignos e tumores, tendo em vista que as lesões são similares. No epitélio hiperplásico é possível identificar projeções papilares para o interior das glândulas, além da presença de nódulos prostáticos, com proliferação atípica de pequenos ácinos (ASAP). É semelhante ao câncer de próstata em fase inicial, podendo ser considerada uma lesão simuladora do carcinoma.Parâmetros clínicos: concentrações de PSA acima de 4ng/ml. Na imagem abaixo podemos identificar glândulas de volume reduzido (região de atrofia), a qual está circundada em azul; em contraponto, a porção circundada em vermelho nos trás duas glândulas prostáticas de volume normal. Esse padrão é semelhante ao adenocarcinoma microacinar. Geovana Sanches - TXXIV Abaixo identificamos uma hiperplasia glandular e estromal, ou seja, há aumento tanto na camada celular, formando camada duplas de epitélio colunar, quanto da região estromal. Geovana Sanches - TXXIV Nas imagens abaixo vemos glândulas com epitélio papilífero e estroma concentrado, além de grande acúmulo celular em relação a uma glândula normal. Em maior aumento, identificamos acúmulo de células colunares e as células basais (importantes, pois sua falta é indicativa de adenocarcinoma). É possível identificar, ainda, os corpos amiláceos na luz da glândula. Geovana Sanches - TXXIV Carcinoma ou Adenocarcinoma de próstata O adenocarcinoma de próstata é assintomático e entre 60 e 75% deles se origina lobo posterior da próstata. A queixa (tardia) é uma dificuldade para iniciar ou terminar o jato urinário, aumento da frequência para urinar e hematúria. Ao exame físico, percebe-se um nódulo endurecido, sendo o diagnóstico padrão a biópsia; exames complementares como US transretal e toque retal podem ser utilizados. Como recurso propedêutico há a dosagem do antígeno específico da próstata (PSA), todavia, ele sempre dever ser associado às demais técnicas diagnósticas. Macroscopicamente, podemos identificar um tumor sólido, área apontada com o ponto vermelho. Em comparação, a área preservada da próstata apresenta aspecto glandular. Neoplasia intraepitelial prostática (NIP) O citoplasma das células tumorais pode ser pálido/claro (como nas glândulas benignas, retratando aspecto de normalidade) ou escuro (roxo-escuro) nos casos malignos (mostra-se diferente das glândulas tradicionais). Os núcleos das células são aumentados e frequentemente podem ser identificados um ou mais nucléolos proeminentes, o que é indicativo de intensa atividade nuclear. Há discreto pleomorfismo nuclear e as mitoses são raras. As células podem se organizar em arranjos: > Sólido: sem formar glândulas > Medular: microácinos glandulares > Glândulas cribriformes > Ninhos de células ou células infiltrantes individuais. Na imagem abaixo, identifica-se a camada de células basais enfileiradas e demonstradas por imuno- histoquímica, o que afasta o diagnóstico de malignidade. A transição entre NIP para adenocarcinoma invasivo é a interrupção da membrana basal glandular e o desaparecimento das células basais; quanto mais descaracterizada a arquitetura está, mais maligno e mais invasivo é o tumor. Geovana Sanches - TXXIV Apesar da imagem superior apresentar ácinos, a massa de células destoa da arquitetura normal. No arranjo cribriforme, vemos poros com células desorganizadas ao seu redor, como se fosse uma tentativa para formar novas glândulas. Ao contrário disso, os microácinos neoplásicos apresentam conjuntos celulares justapostos, caracterizando a formação de glândula. Geovana Sanches - TXXIV É importante observar que a formação de glândulas no adenocarcinoma indica boa diferenciação e menor grau de malignidade; quanto menor o grau de diferenciação, ou quanto mais sólido, maior o indicativo de malignidade. Geovana Sanches - TXXIV 1. Formação glandular: todas as glândulas são aproximadamente do mesmo tamanho (aspecto monótono) 2. Há variação, mas ainda se assemelha ao tecido original 3. Formação mais concentrada de células, dando coloração mais escura à amostra 4. As glândulas perdem sua coloração habitual e o tumor começa a se infiltrar. Há aspecto cribriforme (pontos vazios em meio das pseudo-glândulas) 5. Desorganização total, com áreas micronodulares e áreas sólidas à caracteriza tumor maligno. Indica tumor de alta malignidade Geovana Sanches - TXXIV Lâminas CUSC A imagem demonstra desorganização estrutural, com grande área de estroma e glândulas assimétricas e diferentes, totalmente fora do padrão de normalidade. A região circundada em verde demonstra o aspecto cribriforme já discutido anteriormente. Presença de células pequenas e claras, com nucléolos evidenciados (as vezes com dois nucléolos). Nota-se, ainda, pleomorfismo, com células de tamanhos variados. O retângulo indica uma mitose, as quais não são tão frequentes. Geovana Sanches - TXXIV As imagens apresentam área de microácinos, na qual identificamos pequenas glândulas com tamanho irregular e desorganizadas, além de células largas. Geovana Sanches - TXXIV PATOLOGIA ÓSSEA Constituintes do osso O osso longo é dividido em epífise, metáfise e diáfise. Na região da epífise e da metáfise há osso esponjoso trabecular, o qual contém medula óssea vermelha. Por outro lado, na região de diáfise, encontramos (no adulto) medula óssea amarela. O osso maduro, histologicamente, apresenta trabéculas ósseas e lacunas/lamelas, as quais são preenchidas pelas células denominadas osteócitos; as lamelas são paralelas à superfície da trabécula. Na região da medula óssea, é possível identificar a presença de adipócitos, compostos por gotículas de lípides. Geovana Sanches - TXXIV A medula óssea é composta pela série eritroblásticas (hemácias/células vermelhas), série granulocítica (células brancas), adipócitos e megacariócito (célula que originará as plaquetas). Osteomielite A osteomielite pode se manifestar em qualquer idade e em qualquer osso do corpo, mas ocorre com mais frequência na infância e na velhice. Trata-se de uma inflamação que acomete a medula óssea e o tecido esponjoso e compacto, podendo ou não se estenderaos tecidos vizinhos, como tecido muscular e pele. Ela tende a ocluir vasos sanguíneos locais, causando necrose óssea (isquêmica). Além disso, a infecção pode se expandir e formar abcessos subcutâneos, os quais podem drenar espontaneamente através da pele. A etiologia da maioria das osteomielites são infecções bacterianas. Pode estar relacionado, ainda, a condições pré-existentes, como tuberculose e sífilis ou infecções fúngicas. Clinicamente, a doença pode ser classificada como aguda, a qual acomete ossos periféricos e se manifesta por perda ponderal, fadiga, febre, calor localizado, edema, eritema e dor (sinais cardinais da inflamação); ou crônica, na qual há dor intermitente (meses a muitos anos) e sensibilidade. Microscopicamente, identifica-se um processo inflamatório supurativo, que causa destruição óssea e formação de fragmentos necróticos, os quais são denominados sequestros. Pode-se identificar, ainda, o processo de reparo, levando a neoformação óssea (pode ter área de cicatrização). Geovana Sanches - TXXIV No maior aumento, vemos os sequestros em destaque, os quais são regiões de trabéculas em que os osteócitos estão em processo de morte. Ao redor das trabéculas, identificamos a mudança da arquitetura, a qual é lisa no tecido normal e se torna dentada (borda indentadas), o que ocorre a partir da digestão da mesma. Há formação de exsudato purulento nos espaços medulares. Neotrófilos: primeiras célu,as inflamatórias (inflamação aguda) que aparecem na tentativa de conter a resposta inflamatória. Fibrinas: produto de cascata da coagulação. Osteoclastos: células fagocitárias que digerem o tecido necrótico,criando as bordas indentadas em “saca bocado”. Os osteócitos nas lacunas aparecem já sem núcleo (cariólise completa) ou em processo de morte celular, com cariorexe. Geovana Sanches - TXXIV Osteossarcoma Trata-se de uma neoplasia maligna, em que as células neoplásicas produzem matriz osteóide. Tem maior incidência na segunda década de vida e corresponde a 20% dos tumores ósseos. O tumor é geralmente grande, com envolvimento e destruição da cortical óssea e extensão aos tecidos moles. Clinicamente, manifesta-se principalmente por dor e crescimento tumoral, o qual pode levar a limitação dos movimentos e faturas ósseas patológicas. Geovana Sanches - TXXIV Microscopicamente, vemos deposição de matriz osteóide, produção de cartilagem e invasão tumoral do musculo esquelético. Os osteoblastos podem apresentar-se com pleomorfismo, enquanto a matriz óssea (osteóide) pode apresentar-se calcificada. Geovana Sanches - TXXIV Geovana Sanches - TXXIV MENINGIOMAS Tumor benigno das meninges que surge das células meningoteliais aracnóideas, tipicamente aderidos à superfície interna da dura-máter. Considera-se como um tumor benigno devido aos aspectos clínicos baseados nos aspectos anatomopatológicos. São os tumores mais comuns do cérebro e podem comprimir tecidos cerebrais adjacentes; acometem adultos entre 40 a 60 anos e é 2 vezes mais frequente em mulheres. Em 80% dos casos, o tumor é de grau 1, ou seja, cresce lentamente e pode ser ressecado. O tumor não apresenta característica pulverulenta, ou seja, é firme com um caráter elástico e arredondado → caráter de benignidade (menor chance de metástase). Além de serem firmes, são bem diferenciados, brancos ou acinzentados com superfície externa lisa ou lobulada. Quando atravessa a dura-máter e infiltra o osso, pode induzir hiperostose característica. Também pode se estender aos tecidos moles, como pele, músculos, tecido adiposo, e é comum na órbita. Microscopicamente há formação de ninhos/ lóbulos. Nota-se uma massa mais celular com pigmentação mais escura (áreas avermelhadas e mais escurecidas podendo representar necrose), arredondada interna e externamente. Pode haver regiões de cartilagem no tecido devido ao corte histológico. Nos meningiomas, há um padrão de regularidade, pois os núcleos das células são aproximadamente do mesmo tamanho, os ninhos conferem uma monotonia ao tecido, os nucléolos estão presentes e há poucas mitoses ocorrendo. Há uma mesma coloração/ pode ter colágeno. Na célula, também é possível observar um “fiozinho”, que demonstra uma fragilidade da membrana devido a um alongamento que ocorre (fenda/ dobra) e confere um aspecto semelhante a um grão de café. PADRÕES HISTOLÓGICOS Sincicial: dá o nome aos grupos de células espiraladas sem membrana celulares visíveis que se assentam em grupos apertados. Fibroblásticos: apresenta células alongadas e deposição abundante de colágeno, entre elas. Transicional: compartilha características dos tipos sincicial e fibroblástico. Pseudomatoso: com muitos corpos de psamomas. Secretórios: apresenta secreções eosinofílicas PAS-positivas do tipo glandular, conhecidas como corpos de pseudopsamomas. Obs: os termos para comparar histologicamente um tecido normal com um tecido tumoral são “diferenciação” e “indiferenciação”; para comparar tumores entre si usa-se “pleomorfismo”, “panorama/ padrão”, “monotonia”. CLASSIFICAÇÃO Os meningiomas são graduados de I a IV. Meningiomas atípicos (WHO graus II/IV) São reconhecidos pela presença de certas características histológicas (nucléolos proeminentes, maior celularidade, sem padrão de crescimento) e muitas vezes têm frequência mitótica mais elevada. Esses tumores demonstram crescimento local mais agressivo e frequência de recorrência mais elevada; podem exigir terapia além da cirurgia. Meningiomas anaplásicos (malignos; WHO graus III/IV) São tumores altamente agressivos que podem se assemelhar ao sarcoma ou carcinoma de alto grau, embora normalmente haja alguma evidência histológica de uma origem celular meningotelial.
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