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Introdução à Psicopatologia

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1 
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APLICABILIDADA E RELEVÂNCIA DA PSICOPATOLOGIA 
❖ Significado do termo “psicopatologia” 
Psicopatologia = psyché (alma, espírito, mente – cada momento e 
cultura viu esse conceito de forma diferente) + páthos (sofrimento ou doença – 
é de acordo com o modo que ela está sendo utilizada, antes era mais visto como 
sofrimento, mas hoje é mais doença) + lógos (estudo, ciência ou “falar sobre”). 
Por que é importante ter uma nomenclatura nacional / um padrão? 
Um mesmo termo pode ser utilizado com diferentes sentidos por diversos 
autores, ou seja, de acordo com o ponto de vista e o contexto, o mesmo termo 
pode ser utilizado de forma diferente. Exemplo: consciência – possui significado 
diferente na perspectiva de Freud, filosófica e da prática hospitalar. 
Determinados conceitos são considerados por alguns autores, mas 
ignorados por outros. Exemplo: “Asperger” – esse termo não existe mais, mas 
alguns autores ainda usam. Se todos aceitarem a mesma terminologia, o 
entendimento acaba se tornando mais fácil. 
Um mesmo conceito é designado por termos diferentes. Exemplo: 
superego / senso moral / estado de ego pai (AT) – é o mesmo conceito com 
termos diferentes. 
“O DSM tem sido utilizado por clínicos pesquisadores de diferentes 
abordagens que buscam uma linguagem comum para comunicar as 
características essenciais dos transtornos mentais apresentados por seus 
pacientes.” (APA, 2014). Então, esses manuais servem basicamente para 
conseguir padronizar os termos, para facilitar a comunicação e o estudo. 
❖ Por que estudar psicopatologia? 
Um dos motivos é para realizar diagnósticos confiáveis. Quer conseguir 
fazer o diagnóstico correto, mas na saúde mental não tem os mesmos recursos 
que outros exames. 
 
2 
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Na psicopatologia a clínica é a ferramenta para identificar a existência de 
alguma patologia. É através da análise do comportamento e do modo de falar de 
cada paciente. Contudo, cada profissional pode acabar tendo algum 
entendimento. 
Por isso, quanto mais estuda psicopatologia, mais consegue ter uma 
padronização sobre o diagnóstico do paciente. 
Outro motivo para estudar sobre psicopatologia é a epidemiologia. 
“Diagnósticos confiáveis são essenciais para orientar recomendações de 
tratamento, identificar taxas de prevalência para planejamento de serviços de 
saúde mental, identificar grupos de pacientes para pesquisas básicas e clínicas, 
e documentar importantes informações sobre a saúde pública, como taxas de 
morbidade e mortalidade.” (APA, 2014) 
Existem problemas específicos que ficam mais comuns por conta do 
momento que está sendo vivido, como, por exemplo, a ansiedade que ficou mais 
prevalente e evidente por conta da pandemia. 
Outras questões dentro da epidemiologia são: a faixa etária e gênero. 
❖ Perguntas norteadoras 
São perguntas que podem facilitar a análise no momento que receber o 
paciente. 
1. Persistência: duração a longo dos anos? 
Exemplo: paciente que está com medo da morte. Esse medo tem uma 
duração antiga ou é novo? Tem uma tendência a persistir? 
2. Prejuízos: qual o prejuízo que causa? 
Causa algum prejuízo escolar, no trabalho, nos relacionamentos, social 
ou na qualidade de vida? 
3. Agravos: se não tratar tem algum risco de evento grave? 
Tem risco de suicídio? Tem risco de violência contra outras pessoas? 
 
3 
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Nesse caso, nem sempre é o paciente que vai passar as informações, 
mas o estudo sobre psicopatologia vai permitir obter essas respostas. 
4. Tratamento: pacientes recebem tratamento adequado? Os 
tratamentos atuais são eficazes? 
É o melhor tratamento que ele pode receber na condição dele? Para 
responder tudo isso precisa conhecer a psicopatologia. 
❖ Tratamentos e pesquisas 
Site: pubmed.gov. 
Vai colocar um termo chave, mas precisa especificar de acordo com o 
caso do paciente. 
Os artigos presentes no site vão atualizar o profissional sobre o caso, bem 
como apresentar formas de tratamento. 
BREVE HISTÓRICO DA PSICOPATOLOGIA 
“A psiquiatria [...] é, sem sombra de dúvida, a mais antiga de todas as 
especialidades médicas. É a mais antiga porque seus métodos diagnósticos [...] 
e terapêuticos [...] estão entre os mais remotos recursos da medicina tradicional 
– transe hipnótico, catarse, persuasão, sugestão, interpretação de fantasias e 
sonhos, utilização de drogas psicoativas e até mesmo intervenções 
neurocirúrgicas, como as trepanações cranianas – em todas as épocas e 
culturas, mesmo as mais rústicas ou “primitivas””. (BASTOS, 2020) 
Hipócrates – “Os primeiros a compreender as doenças mentais como 
naturais, sem implicações religiosas, considerando o cérebro como o verdadeiro 
centro da atividade mental.” Ele foi o pai da medicina, já acreditava que as 
doenças mentais deviam ser vistas da mesma forma como as outras doenças do 
corpo. 
Os romanos continuaram essa tradição. 
Cícero – “Os romanos seguiram a tradição grega e procuraram descrever 
os quadros clínicos, suas origens e seus tratamentos, descrentes da influência 
 
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de demônios e outras entidades sobrenaturais.” Eles continuaram o trabalho dos 
gregos com mais técnicas para começar a desmistificar as crenças que existiam. 
Na doutrina de Galeno distinguiam-se três faculdades mentais: a 
imaginativa, a racional e a mnemônica. 
Eles começaram a entender que boa parte da alteração de 
comportamento ou pensamento era devido às perversões, diminuições ou 
perdas dessas capacidades, isoladas ou em combinação, ocasionavam os 
quadros clínicos: 
a. Frenitis ou frenesis: que ocorria com febre, alterações de 
consciência, delirium, confusão mental e agitação psicomotora. 
b. Letargia: onde as alterações de consciência que se seguiam à 
febre provocavam inibição psicomotora e estupor. 
c. Melancolia: em que ocorria depressão e inibição da 
psicomotricidade, sem febre nem alterações do estado de 
consciência. 
d. Mania: onde a agitação ocorria também sem febre nem 
delirium. Ocorria em três formas principais: alegre, furiosa e 
homicida. 
e. Moria: onde se observava a perda da crítica, que evoluía para 
a demência. É o quadro de demência que se conhece 
atualmente. 
f. Delírio: onde havia a perversão da imaginação. 
Os árabes também traduziram para sua língua muitos textos gregos 
clássicos e desenvolveram uma medicina de ótimo nível, com hospitais e asilos 
voltados para o bem-estar e a recuperação dos pacientes. 
Seu primeiro hospital para pacientes com doenças mentais foi construído 
em Bagdá, no ano 170 da Héjira (792 d.C.). Inclusive, existem hospitais 
específicos para doença mental muito antigos. 
Uma parte relevante dos conhecimentos árabes vieram da Índia e do 
Egito. 
 
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Na Idade Média apenas nos mosteiros (onde se encontravam todos os 
livros existentes na época) residiam a ciência, a filosofia, a arte e a literatura. 
Ocorre uma regressão sobre o conhecimento, porque todo o 
conhecimento da época ficava restrita, então a população cultivava todo tipo de 
superstições e crenças sobrenaturais. 
O renascimento não modificou muito o quadro medieval: às possessões 
demoníacas continuavam sendo atribuídos os distúrbios mentais. 
Também tem um contexto de forte repressão sexual religiosa eram 
frequentes os surtos catárticos grupais, “epidemias” de loucura em massa ou 
crises de histeria grupal, ritualizadas ou não. 
Era um ciclo vicioso, porque quanto mais repressão, mais surtos, mais as 
pessoas tinham medo, mais elas eram exorcizadas ou iam para a fogueira. 
Os livros de demonologia, como “Malleus Maleficarum” eram os tratados 
de psicopatologia do momento. Ele descrevia como erao comportamento das 
“bruxas”. 
Nem mesmo a sua desaprovação pela igreja impediu que tivesse 
inúmeras reedições e fosse amplamente usado por 200 anos, por católicos e 
protestantes. 
Médicos e filósofos, como Molitor de Constance, Erasmo de Rotterdam, 
Hieronimus Cardanus, Agrippa de Nettersheim, Johan Weyer ou Wier de Clèves, 
Paracelsus e Reginald Scot, e alguns religiosos, como Santa Teresa d’Ávila e 
São Vicente de Paulo, corajosamente declararam que as doenças da mente não 
eram diferentes das do corpo, e que mereciam tratamento e não repressão. 
Foi a partir disso que começou a ter uma esperança de que os 
entendimentos começassem a mudar sobre as doenças mentais. 
“Os humores, e não os espíritos maus causam as doenças... Os 
melancólicos, maníacos e frenéticos não são atacados por algum gênio hostil. 
Nem são eles afetados por instigação do demônio, mas por força de uma doença 
ou agressividade de humores, pelos quais, como que inflamada a mente humana 
se toma de fúria...”. (Lavinius Lemnius, 1558). 
 
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No século XIX ocorre um avanço importante, tanto em número, quanto 
em qualidade dos estudos sobre a mente e o inconsciente. 
É o início da psiquiatria cientifica, com a classificação e descrição das 
doenças mentais por Emil Kraepelin. 
Tem um avanço importante na descrição da anatomia, fisiologia e 
histopatologia do SNC e suas correlações com os quadros clínicos – por Broca, 
na Franças, Golgi, na Itália, Ramón y Cajal, na Espanha, Wernicke, na 
Alemanha, Hughlings Jackson, na Inglaterra, entre outros. 
Houve também a descrição das conversões histéricas por Charcot, e a 
correlação destas com as técnicas hipnóticas e sugestivas, desenvolvidas por 
Liébault e Bernheim. 
Pierre Janet apresentou os conceitos de dissociação e de manifestações 
inconscientes da mente, destacando seus aspectos preservadores do equilíbrio 
psíquico. Então não vai mais pensar só em doença, mas sim em como manter o 
cérebro saudável, em equilíbrio. 
No século XX temos Freud como uma figura importante, com seus 
estudos sobre a psicanálise. Ele evoluiu os estudos sobre a mente humana. 
Enfoque fenomenológico – Karl Jaspers e Ludwig Binswanger, na 
Alemanha. 
O estudo descritivo da esquizofrenia (anteriormente chamada de 
demência precoce) foi desenvolvido por Eugen Bleuler, em Zurich. 
No século XX também tem a questão dos fármacos como algo importante 
para a evolução do tratamento. Em 1950, P. Chapontier et al. sintetizaram a 
clorpromazina, o primeiro neuroléptico. 
Em 1953, J. Delay e P. Deniker descobriram seu uso no tratamento dos 
estados psicóticos sem a necessidade de internação. Isso foi importante para a 
diminuição da internação, então as pessoas conseguiam ser tratadas em casa. 
Era o início do fim da onda de psicocirurgias, iniciada em 1936. 
 
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De 1949 a 1951, 20 mil pacientes tiveram seus cérebros lesionados por 
essa prática só nos Estados Unidos. 
As descobertas psicofarmacológicas das décadas de 1950 e 1960 abriram 
novas perspectivas para o tratamento psiquiátrico, permitindo que a maioria dos 
pacientes pudesse viver total ou parcialmente fora dos hospitais psiquiátricos e, 
assim, tornar-se suscetível às técnicas psicoterápicas. 
Desse modo, os pacientes conseguiram ter uma vida fora dos hospitais 
psiquiátricos. 
As décadas de 1960 e 1970 também foram marcadas por críticas às 
internações manicomiais e ao papel social repressivo da psiquiatria tradicional. 
A crítica era sobre a psiquiatria como algo que pune e não que trata e se 
preocupa com o paciente. 
Nomes de destaque dos movimentos antipsiquiátricos e antimanicomiais: 
psiquiatras – Laing, Cooper, Szasz e Basaglia; ciências sociais – Foucault e 
Goffman. 
Em 1844 a 1918, a APA publicou classificações estatísticas de pacientes 
mentais institucionalizados para melhorar a comunicação sobre os tipos de 
pacientes que recebiam cuidados nesses hospitais. Isso permitiu uma 
padronização e uma melhor comunicação entre os profissionais que tratam 
desses pacientes. 
Em 1952 houve a publicação do DSM-I e em 2013 o DSM-V. O DSM foi 
evoluindo ao longo do tempo. 
CRITÉRIOS NORMATIVOS DE SAÚDE E DOENÇA 
O que é saúde? O que é doença? Historicamente, essas noções 
receberam grande carga valorativa; assim, definir alguém como normal ou 
anormal psicopatologicamente tem sido associado àquilo que é “desejável” ou 
“indesejável”, ou àquilo que é “bom” ou “ruim”. (DALGALARRONDO, 2019) 
Existe um preconceito / carga de valor em quem tem alguma doença 
mental. Há uma diferença no tratamento entre uma pessoa que está com alguma 
doença física e uma com doença mental, essa última é vista como algo “ruim”. 
 
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Critérios quantitativos ou estatísticos de normalidade determinam 
diversos conceitos fundamentais para a biologia, a medicina, a antropologia, a 
psicologia e outras ciências e práticas que necessitam medir ou avaliar grupos 
ou populações. Ou seja, existem esses critérios que conseguem medir e avaliar 
os grupos, mas nem todos são possíveis. 
Para casos que a média estatística não é suficiente para determinar a 
normalidade, precisamos estabelecer critérios platônicos, qualitativos ou 
normativos que se baseiam em uma imagem canônica, idealizada, do ser 
humano hígido. 
Não tem como normalizar estatisticamente, porque se pensar que o que 
a maioria possui é normal e o que a minoria possui é anormal, poderia deixar de 
tratar as pessoas que necessitam de tratamento. Exemplo: para tratar uma 
pessoa com depressão, precisa esperar que isso esteja presente na maioria das 
pessoas? Não, precisa tratar mesmo estando presente em poucas pessoas. 
Existem doenças que precisam ser combatidas e não normalizadas. 
Mesmo nas doenças “orgânicas”, nem sempre é fácil estabelecer as 
fronteiras entre a higidez e a enfermidade. Em alguns momentos, a situação 
acaba sendo vista como uma patologia, mas é o ciclo da vida ou possui algum 
benefício para o indivíduo. 
Por não ser possível determinar o que é normal, saúde e doença não 
podem ser considerados conceitos científicos, mas médicos com influências 
sociais e culturais. 
"Não é a norma pública convencional que estabelece estes critérios, mas 
uma outra norma, que envolve o equilíbrio, a harmonia e a dinâmica da 
personalidade como um todo." (BASTOS, 2020). 
E se a gente visse as doenças como soluções – mesmo que precárias 
– e não como problemas? 
Pneumonia, febre: recursos do organismo para enfrentar uma infecção 
bacteriana ou viral. A febre aumenta a temperatura do corpo para combater 
alguma infecção. 
 
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Quadros conversivos, dissociativos, obsessivos: uma forma de conter 
ou afastar uma crise de ansiedade. 
Quadro paranoide: tentativa de organizar um mundo interno caótico, 
ambíguo ou contraditório. 
Por que pensar dessa forma? Soluções podem ser melhoradas, 
modificadas, complementadas ou substituídas; já os problemas têm de ser 
eliminados. Se entende que a febre, por exemplo, está ajudando o corpo a 
combater algum patógeno, então não é algo negativo. Não é aceitar, mas sim 
melhorar, modificar, complementar ou substituir, sendo a melhor estratégia para 
combater, porque nem sempre eliminar a situação vai ajudar. 
❖ Medicina baseada em evidências (MBE) 
Um dos conceitos importantes na MBE é a diferença entre quantitativo e 
qualitativo, sendo fundamental para classificar quadros clínicos, estabelecer 
protocolos, determinar condutas, acompanhar tratamentos. 
Na saúde mental vai utilizar critérios quantitativos, mas não vão ser tão 
eficazes para fechar um quadro, para fazer um diagnóstico e determinar se é 
normal ou não. Ela vai ser importante para o acompanhamento, umaclassificação da patologia do paciente (quanto é a ansiedade do paciente, por 
exemplo). 
❖ Critérios em psicopatologia 
1. Normalidade como ausência de doença. O primeiro critério que 
geralmente se utiliza é o de saúde como “ausência de sintomas, de sinais ou de 
doenças”. 
O paciente não tem nenhum sintoma, não tem nenhuma patologia. 
Críticas: além de redundante, baseia-se em uma “definição negativa” 
(não está dizendo o que o paciente é, mas sim o que ele não é), não por aquilo 
que ela supostamente é, mas pelo que lhe falta. Estabelece-se uma norma ideal, 
aquilo que é “sadio”, mais “evoluído”. Alto risco de uso para doutrinação! 
Está dizendo o que falta para o paciente. 
 
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2. Normalidade estatística. Norma = aquilo que tem maior frequência. 
Críticas: útil apenas para fenômenos quantitativos, com determinada 
distribuição estatística na população geral. Falha nos contextos de saúde geral 
e mental, pois nem tudo o que é frequente é necessariamente “saudável”, assim 
como nem tudo que é raro ou infrequente é patológico. 
Não é correto pensar que se a maioria faz ou possui alguma característica, 
isso é o normal, porque nem sempre é. Além disso, mesmo sendo “normal” ou 
“anormal”, por estar presente na minoria, não significa que não precise de 
tratamento. 
3. Normalidade como bem-estar. “completo bem-estar físico, mental e 
social” (WHO, 1946), e não simplesmente como ausência de doença. É o critério 
da OMS. Ele crítica o primeiro. 
Críticas: muito amplo e impreciso, pois bem-estar é algo difícil de se 
definir objetivamente. Além disso é tão utópico que poucas pessoas se 
encaixariam na categoria “saudáveis”. 
4. Normalidade funcional. O fenômeno é considerado patológico a partir 
do momento em que é disfuncional e produz sofrimento para o próprio indivíduo 
ou para seu grupo social. 
Críticas: funcionalidade também pode ser subjetiva. Interesses 
capitalistas. Classificar as pessoas como pessoas produtivas. A funcionalidade 
vai ser diferente para cada indivíduo. Por isso, esse critério é muito subjetivo. 
5. Normalidade como processo. Consideram-se os aspectos dinâmicos 
do desenvolvimento psicossocial, das desestruturações e das reestruturações 
ao longo do tempo, de crises, de mudanças próprias a certos períodos etários. 
Esse conceito é particularmente útil na chamada psicopatologia do 
desenvolvimento relacionada a psiquiatria e psicologia clínica de crianças, 
adolescentes e idosos. 
Pensa no que é normal para cada faixa etária. 
6. Normalidade subjetiva. Maior ênfase à percepção do próprio indivíduo 
em relação a seu estado de saúde, às suas vivências subjetivas. 
 
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Busca saber do próprio paciente como ele está se sentindo, mas nem 
sempre isso é totalmente verdade, precisa ter um olhar mais clínico também. Por 
isso, não vai funcionar para todos. 
Críticas: muitas pessoas que se sentem bem, “muito saudáveis e felizes”, 
como no caso de sujeitos em fase maníaca no transtorno bipolar, apresentam, 
de fato, um transtorno mental grave 
7. Normalidade como liberdade. Alguns autores de orientação 
fenomenológica e existencial propõem conceituar a doença mental como perda 
da liberdade existencial. Dessa forma, a saúde mental se vincularia às 
possibilidades de transitar com graus distintos de liberdade sobre o mundo e 
sobre o próprio destino. 
É um conceito mais filosófico. 
8. Normalidade operacional. Trata-se de um critério arbitrário, com 
finalidades pragmáticas. 
São critérios estudados e pensados, como, por exemplo, o DSM. Cria uma 
rigidez, perdendo a flexibilidade de olhar para cada caso como um caso. 
Define-se o que é normal e o que é patológico e busca-se trabalhar 
operacionalmente com esses conceitos, aceitando as consequências de tal 
definição prévia. 
Os critérios de normalidade e de doença em psicopatologia variam 
consideravelmente em função dos fenômenos específicos com os quais se 
trabalha e, também, de acordo com as opções filosóficas do profissional ou da 
instituição. 
[...] pode-se utilizar a associação de vários critérios de normalidade ou 
doença/transtorno, de acordo com o objetivo que se tem em mente. 
[...] é uma área da psicopatologia que exige postura permanentemente 
crítica e reflexiva dos profissionais. 
 
 
 
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SEMINOLOGIA EM SAÚDE MENTAL 
A seminologia, basicamente, é a ciência dos signos. 
Seminologia médica: o estudo dos sintomas e dos sinais das doenças, 
o qual permite ao profissional da saúde identificar alterações físicas e mentais, 
ordenar os fenômenos observados, formular diagnósticos e empreender 
terapêuticas. 
Em psicopatologia é o estudo dos sinais e sintomas dos transtornos 
mentais. 
Isso é importante para entender o conceito de síndrome – agrupamentos 
relativamente constantes e estáveis de determinados sinais e sintomas. 
Ou seja, basicamente, a síndrome é a junção de vários sinais e sintomas, 
dando um nome para isso. A síndrome não diz a definição / causa de uma 
doença, nem o curso / evolução, nem qual o processo patológico. 
As entidades nosológicas são doenças ou transtornos específicos 
(como esquizofrenia, doença de Alzheimer, anorexia nervosa, entre outras). 
Além dos sinais e sintomas, vai ter uma definição, etiologia, estrutura, 
estudo do curso, evolução, prognostico, estados terminais, fatores genéticos, 
processo patológico, quais tratamentos, entre outras questões que estão dentro 
do contexto de entidades nosológicas. 
Em psicopatologia e psiquiatria, frequentemente somos obrigados a 
trabalhar no âmbito das síndromes, pois, muitas vezes, o diagnóstico preciso de 
entidades nosológicas, doenças ou transtornos específicos é difícil ou incerto. 
Ou seja, é difícil ter uma doença ou transtorno específico para tudo. 
EXAME DO ESTADO MENTAL 
O que é o exame do estado mental? É uma pesquisa sistemática de 
sinais e sintomas de alterações de funcionamento mental durante a entrevista 
psiquiátrica. 
“Roteiro”: observação da aparência e comportamento do paciente; 
anamnese e entrevista com paciente; e relato de familiares e terceiros. 
 
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Aparência – o ideal é que seja feita uma descrição precisa, de maneira 
que o leitor possa visualizar a aparência física do paciente no momento do 
exame, sem julgamentos e juízo de valor. 
Vai analisar o modo de andar, postura, roupas, adornos e maquiagem, 
sua higiene pessoal, cabelos alinhados ou desalinho, atitude (amigável ou 
hostil), idade aparente, as expressões faciais e o contato visual. 
1. Postura encurvada e desleixo nas roupas e higiene: pode 
sugerir afeto triste. 
2. Roupas extravagantes, excesso de adornos e maquiagem: 
fazem pensar em mania ou características histéricas de 
personalidade. 
3. Idade aparente maior do que a real: comum entre pessoas 
com doença crônica ou com um grande sofrimento (exemplo: 
depressão). 
4. Aparência mais jovem: pacientes hipomaníacos, histriônicos 
ou hebefrênicos. 
5. Pouco contato visual: pode indicar vergonha, ansiedade ou 
dificuldade de relacionamento. 
É útil a comparação das características de aparência do paciente com os 
indivíduos de mesma idade, profissão e condição socioeconômica, assim como 
a obtenção de informações com familiares a respeito de mudanças em relação 
a aparência anterior da pessoa. 
Vai juntar essas características com outras informações da entrevista. 
Atividade psicomotora – buscar entender como a atividade física se 
relaciona com o funcionamento psicológico, considerando os aspectos 
quantitativos e qualitativos do comportamento motor do paciente. 
Quadros: 
Um paciente em agitação psicomotora caminha constantemente, não 
consegue ficar parado e frequentementeapresenta pressão para falar e 
ansiedade. Outros sintomas comuns são rabiscar, balançar pés ou pernas, 
 
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cruzar e descruzar frequentemente as pernas, roer unhas, ficar enrolando o 
cabelo e outros, em padrão acelerado. 
O retardo psicomotor é caracterizado por uma lentificação geral dos 
movimentos, da fala e do curso do pensamento, usualmente acompanhado de 
humor deprimido. Também ocorrem respostas monossilábicas (responde com 
frases curtas), aumento na latência das respostas, manutenção da mesma 
posição por longo tempo, pouca gesticulação, expressão facial triste ou 
inexpressiva. 
Atitude – frequentemente os pacientes são inicialmente reservados, 
limitando-se a responder as perguntas do examinador. Isso é normal, então 
precisa analisar se é a característica normal ou se é algo individual do paciente, 
mas, para saber isso, é a partir de mais consultas. 
Alguns são mais abertos, fornecendo mais dados e informações ricas a 
partir de menos perguntas. Outros são reticentes, fechados e até desconfiados, 
por vergonha, falta de vontade ou medo de contar suas experiências pessoais. 
Também podem ser hostis, numa tentativa de envergonhar ou humilhar o 
examinador. Bajuladores, para agradar o entrevistador; ou sedutores. Ainda, 
podem ser ambivalentes, apresentarem simultaneamente emoções 
aparentemente incompatíveis, positivas e negativas. 
Tudo isso será registrado. Pode colocar algumas palavras-chave para o 
registro. 
A atitude frente ao examinador pode ser amigável, cooperativa, irônica, 
hostil, defensiva, sedutora ou ambivalente (esses são os principais termos para 
determinar a atitude do paciente). É interessante que se realize uma descrição 
do que o fez pensar em tal atitude. 
Comunicação – devem ser descritas as características da fala do 
paciente, em termos de quantidade, velocidade e qualidade de produção. É, 
principalmente, a fala do paciente. Não é apenas o que ele está falando, mas 
também a quantidade, a velocidade e a qualidade do que está sendo dito. 
O tipo de comunicação pode ser descrito como normalmente responsivo, 
loquaz, taciturno, prolixo, volúvel, não espontâneo. 
 
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A verbalização pode ser rápida, lenta, tensa, hesitante, emotiva, 
monótona, forte, sussurrada, indistinta. Também podem ser incluídos 'defeitos' 
da fala, como gagueira e tiques vocais, como ecolalia. 
Sentimentos despertados – é interessante descrever a sua impressão 
emocional geral. Os sentimentos despertados em você pelo paciente. Ou seja, 
é a impressão que o paciente passou para o profissional e buscar entender o 
motivo de ter sentido isso. 
Geralmente são sentimentos de tristeza, pena, irritação, raiva, desejo de 
ajudar, esperança, entre outros. 
Tais dados podem ser importantes pistas para a psicopatologia 
subjacente. Este item também é relacionado com a aparência do paciente e com 
a história do terapeuta. 
FUNÇÕES COGNITIVAS E AVALIAÇÃO CLÍNICA PARA O 
PSICOTERAPEUTA 
Funções cognitivas: 
1. CASOMI: consciência, atenção, sensopercepção, orientação, 
memória e inteligência. - Síndromes cerebrais orgânicas. 
Exemplo: delirium, Alzheimer. 
2. APeJuCoL: afetividade, pensamento, juízo crítico, conduta e 
linguagem. - Síndromes psicóticas e transtornos do humor. 
São sistemas para não esquecer. É a ordem do que deve ser avaliado. 
Isso é importante também para já ter alguma noção de qual alteração está 
lidando. 
❖ Consciência 
É o estado de lucidez ou de alerta em que a pessoa se encontra. É o 
reconhecimento da realidade externa ou de si mesmo em determinado momento, 
e a capacidade de responder aos seus estímulos. 
 
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Não se deve confundir com o sentido "moral" da palavra, que envolve o 
julgamento de valores; nem com o conceito psicodinâmico (consciente e 
inconsciente; nem com o sentido de autocrítica). 
É a consciência clínica mesmo, no sentido de lucidez. 
Avaliação: observar as reações do paciente frente aos estímulos, se sua 
reação é rápida ou lenta; se está sonolento ou não. No caso de lucidez, percebe-
se através da própria conversa com o paciente, porém, se houver alguma 
alteração devem-se utilizar estímulos verbais e/ou táteis. 
Na clínica médica é usada a escala de Glasgow, a qual avalia alterações 
no nível de consciência usando os parâmetros de: abertura ocular, resposta 
verbal e resposta motora a estímulos. Essa escala é utilizada principalmente por 
médicos. 
Alterações de consciência: 
Obnubilação/sonolência: está alterada a capacidade de pensar 
claramente, para perceber, responder e recordar os estímulos comuns, com a 
rapidez habitual. O paciente tende a cair em sono quando não estimulado. Às 
vezes é necessário falar alto ou tocá-lo para que compreenda uma pergunta. 
Vai analisar se isso é algo novo do paciente ou se é algo que ele já tem 
há tempos. 
Confusão: embotamento do sensório, dificuldade de compreensão, 
atordoamento e perplexidade, juntamente com desorientação e pobreza ideativa. 
O paciente demora a responder aos estímulos e tem diminuição do interesse no 
ambiente. A face de um doente confuso apresenta uma expressão ansiosa, 
enigmática e às vezes de surpresa. É um grau mais acentuado que a 
obnubilação. 
Estupor: ausência ou profunda diminuição de movimentos espontâneos, 
mutismo. O paciente somente responde a estímulos vigorosos, após os quais 
retorna ao estupor (ou seja, ele responde quando alguém sacode ele, por 
exemplo, mas depois retorna ao estado anterior). Acontece com os pacientes 
 
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esquizofrênicos, com intoxicações, doenças orgânicas, depressão profunda, 
reações epilépticas ou reações histéricas. 
Coma: há abolição completa da consciência; o paciente não responde 
mesmo aos estímulos externos (dolorosos), ou internos (fome, frio, 
necessidades fisiológicas). O paciente não responde mesmo sendo sacudido. 
Hiperalerta: estado no qual o paciente encontra-se ansioso, com 
hiperatividade autonômica e respostas aumentadas aos estímulos. 
❖ Atenção 
Designa a capacidade para manter o foco em uma atividade, o esforço 
voluntário para selecionar certos aspectos de um fato, experiência do mundo 
interno (memórias, pensamentos), ou externo (o que está acontecendo ao 
redor), fazendo com que a atividade mental se volte para eles em detrimento dos 
demais. 
Consegue selecionar o foco. É a modulação da atenção de acordo com a 
necessidade do momento. 
➢ Vigilância 
Capacidade de voltar o foco da atenção para os estímulos externos. Não 
tem relação com atividade mental, mas sim com contextos externos. 
Aumentada: hipervigil - prejuízo da atenção para outros estímulos. 
Diminuída: hipovigil - desatento em relação ao meio. 
Avaliação possível através da observação durante a entrevista. Também 
tem alguns testes que são feitos. 
➢ Tenacidade 
Capacidade de manutenção da atenção ou de uma tarefa específica. 
Deve-se observar a capacidade de prestar a atenção às perguntas durante a 
entrevista, sem estar constantemente distraindo-se. 
Pode ser hipo ou hipertenaz. 
 
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Tem relação com a motivação para executar a tarefa. Pode ter uma 
variação com a questão da motivação, porque se a pessoa está sendo avaliada 
ela pode não ter tanta motivação para fazer. 
➢ Concentração 
Capacidade de manter a atenção voluntária em processos internos do 
pensamento ou em alguma atividade mental. São os pensamentos, estudos, 
leitura, cálculo, entre outros. 
Um teste formal para a avaliação da concentração é o da subtração 
consecutiva do número 7 a partir do número 100. 
Alterações da atenção: 
Desatenção: incapacidade de voltar o foco para um determinado 
estímulo. Quandoa pessoa se distrai e não consegue voltar para o foco anterior. 
Distração: incapacidade de manter o foco em determinado estímulo. A 
pessoa não consegue manter o foco na atividade. 
Isso vai estar alterado nos seguintes casos: depressões, demência, 
delirium, efeito adverso de medicamentos, TDAH, mania, retardo mental, entre 
outros. 
Existem várias atividades clínicas para avaliar a atenção. 
❖ Sensopercepção 
Designa a capacidade de perceber e interpretar os estímulos que se 
apresentam aos órgãos dos sentidos. 
Está relacionada com os sentidos. 
➢ Ilusão 
Ocorrem quando os estímulos sensoriais reais são confundidos ou 
interpretados erroneamente; geralmente ocorrem quando há redução de 
estímulos ou do nível de consciência (exemplo: delirium). 
A ilusão pode ser um sintoma de algum transtorno, como, por exemplo, a 
esquizofrenia. 
 
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➢ Dismegalopsias 
São ilusões nas quais os objetos ou pessoas tomam tamanho e/ou 
distâncias irreais. 
Macropsias: os objetos parecem mais próximos e maiores. 
Micropsias: parecem menores e mais distantes. 
Isso acontece por um descolamento de retina, ou distúrbio de 
acomodação visual, ou lesão temporal posterior, ou por intoxicações por drogas. 
Pode ser por algo no olho mesmo ou algo mental. 
➢ Alucinações 
Ocorre a percepção sensorial na ausência de estímulo externo. 
Na ilusão existe um objeto e a pessoa distorce, mas na alucinação não 
tem nenhum objeto / estímulo. 
Pseudoalucinações: sentidas, mas percebidas como falsas. Ou seja, a 
pessoa sente ou vê, mas sabe que é falso. 
1. Alucinações auditivas 
Podem ser elementares (escuta ruídos) ou complexas (escuta vozes ou 
palavras). 
Comum entre pacientes psicóticos (TAB, esquizofrenia) e Síndromes 
Cerebrais Orgânicas. 
Alguns pacientes, nos estágios iniciais de surtos psicóticos ouvem seus 
próprios pensamentos "falando em voz alta". Mais adiante as vozes perdem o 
contato com a pessoa, parecendo vir de fora, fazendo comentários sobre o 
comportamento do paciente ou discutindo sobre ele na terceira pessoa (o 
conteúdo da voz pode ser diverso). 
As alucinações auditivas podem ser congruentes com o humor, por 
exemplo: "mate-se", para um paciente depressivo, ou incongruentes com o 
humor (Schneiderianas). 
 
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O comportamento do paciente não está depressivo, ele começa a ouvir 
essas questões do nada. 
2. Alucinações visuais 
Podem ser simples (luzes, estrelas, quadrados) ou complexas (figuras, 
pessoas, animais, cenas). As imagens podem ter cores e contornos definidos, 
que torna mais difícil contrariar o paciente com argumentos lógicos. 
São mais características de transtornos mentais orgânicos (delírium) e 
esquizofrenia. Podem ocorrer no luto normal (visão da pessoa falecida), 
depressões psicóticas (verse dentro de um caixão). 
3. Alucinações táteis 
Geralmente referidas como picadas de insetos, algo rastejando ou 
formigamentos na pele. Sempre vai ser algo na pele, do lado de fora do corpo. 
Ocorrem na intoxicação por cocaína, anfetaminas, em psicoses e delirium 
tremens devido à abstinência do álcool. 
Pacientes esquizofrênicos podem apresentar sensações estranhas; 
orgasmos produzidos por objetos ou seres invisíveis. Devem ser distinguidas do 
aumento da sensibilidade (hiperestesia) e da sua diminuição (hipoestesia). 
Outros diagnósticos diferenciais que precisam ser feitos são com 
alucinação somáticas, doenças de nervos periféricos e alterações vestibulares 
(alucinações relacionadas com o equilíbrio. Ex: sensação de estar voando) 
4. Alucinações olfativas 
Relatos mais comuns envolvem sentir cheiro de algo podre e de enxofre. 
Se uma mulher possui baixa autoestima, pode preocupar-se com o odor vaginal 
e interpretar que outras pessoas estão percebendo seu mau cheiro. Em crises 
parciais complexas, de origem no lobo temporal, alucinações olfativas de tinta 
ou borracha podem representar auras. 
5. Alucinações gustativas 
Normalmente envolve a sensação do gosto de ácido, sangue, urina e 
outros líquidos atípicos. 
 
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6. Alucinações hipnagógicas 
É relacionada com o sono. 
Ocorrem imediatamente antes de dormir e sua ocorrência, quando 
ocasional, é normal, porém, experiências repetidas representam invasões do 
sono REM na consciência. 
Pode ser normal se for esporádico, mas se for recorrente não é normal. 
7. Alucinações hipnopômpicas 
Precedem o acordar, geralmente nos estados semicomatosos. 
8. Alucinações de presença 
Sensação de presença de outra pessoa ou ser vivo que permanece 
invisível. Nas alucinações extra campinas o indivíduo vê objetos fora do campo 
sensorial (atrás de sua cabeça), enquanto na autoscopia, o paciente visualiza 
ele próprio projetado no espaço. 
Ele tem a sensação de que alguém está presente, mas ele não está 
vendo. O paciente realmente acredita nisso. 
9. Alucinações somáticas 
Experiências sensoriais irreais envolvendo o corpo do paciente ou seus 
órgãos internos (sentir o fígado apodrecido, algo se mexendo dentro dele). 
São sensações que o paciente sente algo dentro dele. 
Primeiro, precisa excluir a possibilidade de realmente ter algo, precisa 
fazer exame. 
10. Despersonalização 
Esquisita impressão de que o corpo está mudando, perda da identidade 
corporal, com sensação de estranheza em relação a ele. 
Ele se olha no espelho e não se reconhece. 
Não é uma alucinação, mas sim alteração da sua percepção. 
 
 
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11. Desrealização 
Sensação de que o ambiente está mudando ou mudou, parece irreal, 
como se fosse um filme. Comum em esquizofrênicos. 
Não é só alteração do tamanho, mas sim referente ao ambiente. 
❖ Orientação 
Capacidade do indivíduo de situar-se no tempo, espaço ou situação e 
reconhecer sua própria pessoa. 
➢ Avaliação 
Tempo: perguntar ao paciente qual é a hora aproximada, dia da semana, 
dia do mês, mês, ano, há quanto tempo ele está nesse lugar. Em cada contexto 
vai ter uma expectativa maior (um paciente que está internado vai ter uma 
percepção do tempo diferente de um paciente que não está internado). 
Espaço: o paciente deve ser capaz de nomear o local onde se encontra 
(consultório, nome do prédio, endereço aproximado), cidade, estado, país, quem 
são as pessoas à sua volta. 
A própria pessoa: perguntar dados sobre o paciente, nome, data de 
nascimento, profissão e o que faz no local. Estas informações devem ser 
conferidas através de uma fonte confiável, como um familiar ou documentos. 
Demais pessoas: deve ser capaz de identificar seus familiares, amigos 
próximos e pessoal que o atende (médicos, enfermeiras). 
Desorientação: 
Pode ser influenciada por alterações na atenção e consciência. 
Transtornos mais comuns: síndromes Cerebrais Orgânicas (flutuação 
na orientação conforme hora do dia - pior a noite), psicoses afetivas, 
esquizofrenia. 
Precisa avaliar se o paciente errou porque não entendeu a pergunta, ou 
se realmente tem alguma desorientação. 
 
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Nos Transtornos Dissociativos (fuga) ocorre uma amnésia psicogênica, 
de maneira que o indivíduo não sabe o seu nome, ou outros dados de 
identificação ou a identidade das pessoas de seu ambiente, nem o local de onde 
é proveniente ou reside. 
Perda: tempo -> espaço -> relação a si (raro). Primeiro ele não consegue 
responder o tempo, depois o espaço e, por último, a percepção de si mesmo. 
Recuperação: relação a si -> espaço -> tempo. Essa é a ordem comum 
que o paciente recupera. 
❖ Memória 
É a capacidade de registrar, fixar ou reter, evocar e reconhecer objetos, 
pessoas e experiências passadas ou estímulos sensoriais. 
São fixados na memória fatos ousituações que, quando ocorreram, 
provocaram emoções associadas: prazer, medo, etc., ou que foram significativas 
para a pessoa. Ao ser evocada, a lembrança pode trazer a emoção a ela 
associada. 
A memória está fortemente ligada a emoções! Geralmente a pessoa grava 
melhor quando tem alguma emoção ligada. 
Memória imediata: pedir ao paciente para repetir uma sequência de 
números com 3, 4, 5, 6 e 7 algarismos, ou mencionar 3 objetos não relacionados, 
como "pente, rua e azul" e pedir para repetir imediatamente. 
Memória recente: a) de curto prazo: pode-se solicitar ao paciente que 
guarde três palavras ("pente, rua e azul") e que as repita 5 minutos após; b) de 
longo prazo: indaga-se ao paciente sobre o que comeu no café da manhã ou ou 
o que fez no último final de semana. 
Memória remota: solicita-se que o paciente fale de um evento importante 
do passado (nascimento, aniversário, casamento, nascimento dos filhos, onde 
cresceu, estudou, últimos 3 presidentes). É uma memória de longo prazo. 
Também existem alguns testes de memória que podem ser aplicados. 
Amnésia: incapacidade parcial ou total de evocar experiências passadas. 
 
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Amnésia imediata: geralmente existe um comprometimento cerebral 
agudo. 
Amnésia anterógrada: o paciente esquece tudo o que ocorreu após um 
fato ou acidente importante. Exemplo: TCE, distúrbio dissociativo (histeria). 
Amnésia retrógrada: esquecimento de situações ocorridas 
anteriormente a um trauma, doença ou fato importante. 
Amnésia lacunar: esquecimento dos fatos ocorridos entre duas datas. 
Amnésia remota: esquecimento de fatos ocorridos no passado. 
Pacientes idosos com algum grau de demência. 
É importante ter a diferenciação desses conceitos. 
Outras classificações de amnesia: 
a. Pela extensão: parciais: esquecimento de um nome, um local, uma 
língua; total: perda total das lembranças; 
b. Pelo mecanismo: de fixação: por falta de reações lógicas, referenciais 
cronológicos e memorização; de evocação: por inibição emocional da 
evocação; conservação: por extinção definitiva das lembranças 
antigas demais; 
c. Paramnésias: déjà vu: sensação de familiaridade com uma percepção 
efetivamente nova; jamais vu: sensação de estranheza em relação a 
uma situação familiar. 
d. Hipermnésia: capacidade aumentada de registrar e evocar os fatos. 
 
❖ Inteligência 
Capacidade de assimilar conhecimentos factuais, compreender as 
relações entre eles e integrá-los aos conhecimentos já adquiridos anteriormente; 
de raciocinar logicamente e de forma abstrata manipulando conceitos, números 
ou palavras. 
Capacidade de resolver situações novas com rapidez e êxito mediante a 
realização de tarefas que envolvam a apreensão de relações abstratas entre 
fatos, eventos, antecedentes e consequências, entre outros. 
 
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Na psicopatologia a inteligência é referente ao raciocínio logico e 
compreensão de conceitos, por exemplo. 
Idade Mental é o nível intelectual médio de determinada idade. Binet 
elaborou uma equação que permite expressar a capacidade intelectual de um 
sujeito em Coeficiente de Inteligência (QI), através da avaliação com testes 
padronizados. É através desse método que consegue avaliar a inteligência. 
É importante coletar informações sobre o desenvolvimento e rendimento 
escolar do paciente: idade de ingresso na escola, se repetiu algum ano, 
dificuldades em matérias específicas, dificuldade de leitura e escrita, quando 
parou os estudos, por que motivo. Tudo isso é importante para fazer uma 
avaliação subjetiva desse teste. 
Para avaliar "grosseiramente" o rendimento intelectual, pode-se 
questionar a capacidade do paciente de adaptar-se ao meio e a novas situações, 
aprender com a experiência, desenvolver atividades coerentes com um objetivo, 
utilizar pensamento abstrato (incluindo conceitos como liberdade, amor) e 
resolver problemas do cotidiano. 
A inteligência pode ser inferida através do desempenho intelectual 
durante o exame e através de perguntas como: o troco em dinheiro para R$ 6,37 
quando se deu R$ 10,00; multiplicar 2x12; 2x24;2x48; 2x96; distância 
aproximada entre duas capitais; nome do presidente do país e os últimos dois 
que o antecederam; informações sobre programas populares de televisão; 
conhecimentos gerais com perguntas sobre geografia ou fatos relevantes da 
história, estando-se sempre atento ao nível cultural do paciente. 
O vocabulário e o desempenho nos testes de abstração dependem não 
somente da capacidade intelectual, mas também da idade, ambiente social e 
nível educacional. Precisa analisar a avaliação subjetiva a experiência vivida 
pelo paciente. 
Por exemplo: a presença de bom vocabulário e capacidade para 
abstração, apesar de primeiro grau incompleto, indicam inteligência acima da 
média. Se o vocabulário e a capacidade para abstração são pobres, deve-se 
considerar a privação social. Na ausência deste fator ou se o paciente tem ensino 
 
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superior, cogita-se comprometimento intelectual por algum distúrbio orgânico 
(demência). 
A capacidade de abstração deve ser avaliada através da solicitação de 
interpretação de provérbios e metáforas como: "Quem não tem cão, caça com 
gato"; "Mais vale um pássaro na mão que dois voando"; "Não se tira leite de 
pedras”; "Quem não tem teto de vidro que atire a primeira pedra". 
Se a pessoa não conseguir interpretar podemos perceber uma 
dificuldade. 
E da comparação de semelhanças e diferenças (maçã e laranja, criança 
e anão, mentira e engano). 
Alterações da inteligência: 
Deficiência mental: atraso ou insuficiência de desenvolvimento 
intelectual (QI < 70), com interferência no desempenho social e ocupacional. 
Demência: deterioração global e orgânica do funcionamento intelectual 
sem alteração no nível de consciência. Não tem alteração no nível de 
consciência, ele ainda está lúcido. 
Frequentemente é acompanhada de: distraibilidade; déficit de memória; 
dificuldade em cálculos e linguagem; alteração no humor e afeto; prejuízo no 
julgamento e abstração. 
❖ Afetividade e humor 
Afetividade: é a experiência imediata e subjetiva das emoções sentidas 
pelo paciente em relação ao que o cerca, abrangendo desde sentimentos em 
relação a pessoas e ambientes até lembranças de fatos, situações, ou pessoas 
do passado, bem como expectativas sobre o futuro. 
Afeto é a experiência da emoção subjetiva, ligada a ideias ou 
representações mentais e que pode ser observada pelas suas manifestações 
objetivas: alegre, triste, embotado, expansivo, lábil, inapropriado. 
São formas para descrever o afeto do paciente. 
 
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Humor: o espectro de sentimentos predominantes e mais constantes, que 
pode influenciar a percepção de si mesmo e do mundo ao seu redor. 
Humor se refere à emoção predominante, mais constante, enquanto afeto 
é a sua expressão, o que se observa, sendo mais flutuante. 
O humor é aquilo que predomina, é o que é mais constante na vida da 
pessoa. 
O normal, para qualquer tipo de afeto, é que ocorra uma variação na 
expressão facial, tom de voz e gestos, denotando um espectro de intensidade 
na emoção expressada (de superficial a profunda). Da mesma forma, é normal 
que ocorram variações no humor. 
Deve ser descrito o tom predominante durante a entrevista, sendo 
eutímico o paciente que está com o afeto/humor normal. 
Alterações: 
Afeto achatado, aplainado ou embotado nos casos de severa redução 
na expressão afetiva. 
Afeto grandioso ou expansivo nos casos de exagero na valorização das 
próprias capacidades, posses ou importância. 
Em casos de disparidade entre o afeto e o conteúdo do pensamento diz-
se que o afeto está inapropriado ou incongruente. 
O entrevistadordeve considerar as diferenças culturais na expressão 
afetiva. Precisa entender qual o normal dentro do contexto de cada paciente. 
Labilidade afetiva: rápidas alternações de afetos opostos. Uma hora a 
pessoa está chorando e outra ela está rindo, por exemplo. Ela muda de 
sentimento muito rápido. 
Incontinência emocional: transparece todas as emoções que sente, 
geralmente de forma intensa. O paciente não consegue segurar as emoções. 
Indiferença afetiva ou "la belle indiference": ocorre uma restrição 
importante na saúde ou vida do paciente, como não conseguir movimentar um 
 
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membro, e a reação deste é praticamente indiferente. O paciente não demonstra 
emoções. 
Afeto inapropriado ou incongruente: em relação ao que está sendo 
relatado. O que o paciente está falando não condiz com o que ele está 
expressando. 
Afeto hipomaníaco e maníaco, exaltado, expansivo: euforia e êxtase, 
sendo desproporcional às circunstâncias. 
Afeto deprimido: tristeza, desesperança, baixa autoestima e sentimento 
de culpa. 
Apatia, afeto achatado ou embotado: resposta emocional diminuída ou 
indiferente às alterações dos assuntos 
Transtornos mais comuns: Transtorno Afetivo Bipolar (tristeza e euforia 
intercaladas); Esquizofrenia (afeto embotado, inapropriado); Transtornos de 
Ansiedade (medo e ansiedade); Demência (labilidade). 
Cada transtorno possui alterações, mas pode ser que tenha outras 
alterações. E ter alguma dessas alterações não significa necessariamente que 
possui um transtorno. 
❖ Pensamento 
É o conjunto de funções integrativas capazes de associar conhecimentos 
novos e antigos, integrar estímulos externos e internos, analisar, abstrair, julgar, 
concluir, sintetizar e criar. 
O pensamento é avaliado em três aspectos: Produção ou forma, curso e 
conteúdo 
➢ Produção 
Como o paciente organiza as ideias, em que sequência, se segue ou não 
as leis da sintaxe e da lógica. 
O normal é que a produção do pensamento seja lógica (ou coerente), isto 
é, clara e fácil de seguir e entender. 
 
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Ilógica quando a sequência não segue as leis da lógica formal, ou seja, 
ocorrem inferências falsas ou indevidas. 
Mágica quando não obedece às leis da realidade, tempo e espaço, 
envolvendo sorte, misticismo, poder a distância, força do pensamento para 
provocar ações, entre outros. São relatos que não tem como serem reais. Não é 
coerente com a realidade. 
➢ Curso 
Quantidade de ideias que vêm ao pensamento, podendo ser de 
abundante a escassa. Vai ser percebido pela fala. 
Velocidade com que as ideias passam pelo pensamento, de modo que o 
curso pode ser rápido, lentificado ou estar completamente bloqueado (paciente 
não consegue pensar em nada). 
Fuga de ideias: associação de palavras de maneira inapropriada, com 
base em seu significado. 
Perda de associações: se perde no meio do discurso, sem saber o quê 
estava falando. 
Tangencialidade: não ocorre aprofundamento nos assuntos, o paciente 
detém-se em detalhes e tem dificuldade de falar sobre o ponto de interesse em 
si. O paciente se perde do assunto principal, ele não tem um foco no interesse 
principal da conversa. 
Circunstancialidade: detalhes desnecessários, ao invés de chegar ao 
ponto em questão. 
Perseveração: ocorre a permanência no mesmo assunto, mesmo que se 
tente mudar o tópico, o paciente, sem se dar conta, retoma. O paciente pode se 
manter em um pensamento para fugir do que está pedindo para ser dito ou por 
ter esse problema. 
Associação por rimas: semelhante à fuga de ideias, porém apenas em 
relação aos sons, ex. maquinista-fascista. Vai fugir do foco principal porque 
lembrou de uma palavra que rima com o que estava sendo dito. 
 
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➢ Conteúdo 
São as ideias propriamente ditas, sua conexão ou não com a realidade, 
refletindo ou não aspectos reais do mundo externo ou interno. 
A principal preocupação é a presença de ideias que sugiram que o 
paciente possa apresentar perigo para si ou para outros (ideação suicida, de 
agressão, homicídio). 
Delírio ou ideia delirante: ideia falsa ou crença irreal com 
impossibilidade de conteúdo, não compartilhado por outros com a mesma 
cultura, religião e na mesma sociedade, e impossibilidade de remover esta 
certeza pela lógica. 
Não é algo que tem relação com religião. É algo que foi criado pelo 
paciente, onde não existe em nenhum lugar. Esse pensamento não vai ser 
removido com lógica, então nada do que digam vai fazer mudar de ideia. 
Ideias supervalorizadas: crença exagerada, como desconfiança, 
implicância gratuita. Na maioria das vezes não chega a ser um delírio. Pode ser 
sobre outras questões. 
Ideias de referência: sensação inevitável de que outras pessoas e meios 
de comunicação referem-se a si, podendo ser interpretações de palavras ou 
ações, com crítica de que este sentimento se origina no próprio paciente. São 
sempre sobre o paciente. 
Pobreza de pensamento: pouca informação, repetições vazias, vago 
Obsessões: ideias, imagens ou impulsos repetitivos desagradáveis que 
entram involuntariamente na mente do paciente que tem dificuldade para livrar-
se delas. É, por exemplo, o caso do TOC. 
Quanto à temática das ideias supervalorizadas ou delirantes e delírios, 
podem ser: 
1. Persecutórias ou paranoides: está sendo seguido, observado, 
procurado. 
2. De grandeza: acredita ser um rei, imperador, alguém famoso, entre 
outros. 
 
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3. Desvalia: avaliações negativas e irrealistas do próprio valor. 
4. Ruína: vive em um mundo repleto de desgraças, está condenado à 
miséria, ele e sua família irão passar fome, o futuro lhe reserva apenas 
sofrimentos e fracassos. 
5. Infidelidade: acredita estar sendo traído. 
6. Erotomania: acredita estar sendo amado por alguém de posição 
social muito proeminente. 
7. Controle: acredita que as suas ações e pensamentos são controlados 
por outra pessoa, grupo ou forças externas, ou são influenciadas por 
radiações, telepatias ou máquinas controladas por inimigos. 
 
❖ Juízo crítico 
É a capacidade para perceber e avaliar a realidade externa e separá-la 
dos aspectos do mundo interno ou subjetivo. Implica separar sentimentos, 
impulsos e fantasias próprios dos de outras pessoas. 
Refere-se também à capacidade de autoavaliar-se adequadamente e ter 
uma visão realista de si mesmo, suas dificuldades e suas qualidades. 
A capacidade de julgamento é necessária para todas as decisões diárias, 
para estabelecer prioridades e prever consequências. 
Os distúrbios do julgamento podem ser limitados a uma ou mais áreas, 
como dinheiro ou sexualidade, mantendo as demais áreas adequadas. Precisa 
analisar cada área do juízo crítico para saber se a visão é geral. 
Insight: uma forma mais complexa de juízo. 
Envolve um grau de compreensão do paciente sobre si mesmo, seu 
estado emocional, sua doença e as consequências desta sobre si, pessoas que 
o cercam e sua vida em geral. 
Importante mecanismo de mudança psíquica nas psicoterapias. O insight 
emocional leva o paciente a uma mudança em sua personalidade ou padrão de 
comportamento, de modo que este conhecimento altera suas ações e 
experiências no futuro. 
 
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É o que vai decidir se o paciente está apto para fazer uma psicoterapia. O 
paciente que está com o juízo crítico muito alterado não vai conseguir ter o 
insight. 
Avaliação: 
A partir da entrevista geralmente tem-se uma boa ideia a respeito da 
capacidade de julgamento e insight. 
Porém, nas ocasiões em que permanecem dúvidas pode-se fazer 
perguntas objetivas, como: "o que você faria se encontrasse uma carta 
endereçada e selada na rua?" sendoque as respostas adequadas seriam 
"colocaria em uma caixa de correio" ou "procuraria o dono". 
Alterações: 
Falar coisas inapropriadas; ser inconveniente; gastar mais do que pode; 
não medir as consequências; não se dar conta da gravidade da doença; não 
reconhecer limitações; negar os benefícios de um tratamento comprovado. 
❖ Conduta 
São os comportamentos observáveis do indivíduo: comportamento motor, 
atitudes, atos, gestos, tiques, impulsos, verbalizações, entre outros. 
Tem relação com o juízo crítico. 
São os comportamentos que podem ser observados pelo profissional. 
Avaliação: 
A partir da observação do paciente durante a entrevista, de perguntas 
objetivas ou de entrevistas com os familiares, pesquisa-se dados sobre os 
hábitos do paciente, o que costuma fazer todos os dias e em situações especiais 
(maneira como se diverte, trabalha, convive socialmente); sua movimentação 
(lento ou agitado), a forma como se expressa (anamnese); e procura-se 
alterações, indagando sobre as possíveis alterações a seguir. 
Precisa perguntar o máximo de informações para todos os pacientes, 
deixando de lado julgamentos por sua aparência. 
 
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➢ Compulsão 
Urgência irresistível de realizar um ato motor aparentemente sem motivo, 
repetitivo, estereotipado, reconhecido como sem significado, mas que tem a 
função de alívio psíquico. 
É o exemplo do TOC. 
Alterações da conduta: 
Inquietação, agitação (hiperatividade, aumento de energia) ou retardo 
(hipoatividade, diminuição do interesse por atividades, lentificação dos 
movimentos e da fala) psicomotores; agressividade, sadismo, masoquismo; 
comportamento catatônico (ficar parado, sem qualquer movimento durante 
horas, mesmo em posição desagradável, podendo alternar-se com 
hiperatividade), bizarro (fazer coisas absurdas ou estranhas, como revirar lixo) 
ou autista (concentrado em si mesmo e independente do mundo ao seu redor, 
fica apático a estímulos externos); negativismo (fazer o contrário do que é 
solicitado); tiques e cacoetes; comportamento histriônico (sentimentos 
expressos de forma exagerada e dramática); Risos imotivados; uso/abuso de 
álcool e drogas, fissura (ou "craving", perda do controle em busca do uso de 
SPA), roubo, vandalismo, exposição ao perigo; jogo, compras/gastos, 
comer compulsivos ou excessivos; mesquinhez; anorexia; tentativa de 
suicídio, homicídio; aumento ou diminuição da atividade sexual, parafilias; 
tricotilomania; impulsividade; rituais, limpeza e ordem exagerados, 
evitações; somatizações, estados dissociativos (sintomas físicos persistentes 
sem explicação plausível), estados de transe; dimuição das habilidades 
sociais (não se dar conta que está se comportando mal em público), piora dos 
cuidados pessoais (higiene), isolamento social (evitar encontros com amigos, 
familiares); aparência excêntrica (diferente do seu grupo sociocultural, com 
roupas, ornamentos, postura ou trejeitos discrepantes). 
Transtornos mais comuns: Transtorno de Personalidade Antissocial 
(conduta impulsiva, uso de SPA); Depressão (retardo psicomotor, negativismo, 
piora cuidados pessoais); Mania (aceleração, inquietude, gastos excessivos, 
hiperatividade sexual); Esquizofrenia (bizarra, catatônica, risos imotivados, piora 
 
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das habilidades sociais, tiques e cacoetes); Outros: T Alimentar; TP Borderline, 
TOC, Fobias. 
Não é por ter essas características é que vai ter o transtorno. 
❖ Linguagem 
A maneira como a pessoa se comunica, verbal ou não verbalmente, 
envolvendo gestos, olhar, expressão facial ou por escrito. 
Comportamentos, aparência e tudo que vimos até agora também 
comunicam algo, mas não vão entrar na avaliação da linguagem nesse contexto. 
Aqui vamos dar mais ênfase à fala, avaliando-se: 
1. Quantidade: loquaz, prolixo, taciturno, não-espontâneo ou normal. 
2. Velocidade ou fluxo: verbalização rápida, lenta, hesitante, 
monótona. 
3. Qualidade: gagueira, ecolalia. 
4. Volume: alto ou baixo. 
5. Gramática e sintaxe. 
6. Vocabulário ou escolha de palavras. 
Para cada paciente vai registrar cada item para saber se vai se encaixar. 
Alterações: 
1. Neologismos: invenção de palavras com significados para o 
paciente. 
2. Disartria: dificuldade na articulação da palavra. 
3. Bradilalia: falar muito devagar. 
4. Taquilalia: falar muito rápido. 
5. Ecolalia: repetir as últimas palavras do interlocutor Afasia: não 
conseguir falar. 
6. Logorréia: não parar de falar 
7. Mutismo: ficar completamente quieto. 
8. Vulgaridade: usar vocabulário de baixo calão Coprolalia: uso de 
palavras obcenas. 
9. Disgrafia: escrever palavras incorretamente.

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