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CONSTITUCIONAL - PODER CONSTITUINTE

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Material elaborado por Genesis da Silva Honorato 
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SUMÁRIO 
 
1. CONCEITO: ............................................................................... 3 
2. CLASSIFICAÇÃO: ....................................................................... 3 
3. PODER CONSTITUINTE ORIGINÁRIO: ......................................... 4 
3.1. CARACTERÍSTICAS DO PODER CONSTITUINTE ORIGINÁRIO: 4 
4. PODER CONSTITUINTE DERIVADO REFORMADOR: ................... 12 
4.1. CARACTERÍSTICAS: ........................................................... 12 
JURISPRUDÊNCIA CORRELATA .......................................................... 22 
 
 
Este caderno foi elaborado a partir das aulas do professor GUILHERME 
PEÑA ministradas no Curso de Carreiras Jurídicas do Estratégia. 
 
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TEORIA DA CONSTITUIÇÃO 
PODER CONSTITUINTE: 
1. CONCEITO: 
É o poder de instituição ou reforma da constituição Federal ou Estadual. 
Duas observações são importantes: 
 
OBS1: QUANTO AOS OBJETOS: O poder constituinte tem dois objetos 1) instituição 
(criação da primeira constituição, de nova constituição); e 2) reforma (modificação). 
Todavia, malgrado doutrina minoritária que nega o segundo objeto, prevalece que tem 
por objeto a reforma (modificação). 
 
OBS2: QUANTO ÀS ORIGENS: Tem também duas origens 1) Federal; e 2) Federada. 
Se fala em duas constituições, portanto, sendo elas a Constituição Federal e a 
Constituição Estadual. 
 
Assim, devemos fixar que não é só poder constituinte o que cria a constituição, mas 
também o que modifica. Da mesma forma, é poder constituinte não apenas o que cria ou 
modifica a Constituição Federal, mas também o que cria ou modifica a constituição do Estado. 
 
2. CLASSIFICAÇÃO: 
A classificação que mais se segue no Brasil é a de NELSON DE SOUZA SAMPAIO: 
Poder constituinte é gênero. Vejamos o esquema: 
 
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A) ORIGINÁRIO: 
Seu objeto é a instituição da Constituição Federal. 
 
B) REFORMADOR: 
Como o próprio nome menciona, tem por objeto a reforma da constituição Federal. 
 
C) DERIVADO DECORRENTE INSTITUCIONALIZADOR: 
É aquele que institui a Constituição do Estado. 
 
D) DERIVADO DE REFORMA ESTADUAL: 
É aquele que reforma a constituição Estadual. 
 
 
3. PODER CONSTITUINTE ORIGINÁRIO: 
 
3.1. CARACTERÍSTICAS DO PODER CONSTITUINTE ORIGINÁRIO: 
Como vimos, é o que cria a Constituição Federal nova. 
Diante disso, podemos destacar suas características: 
 
a) INICIALIDADE: Por ele temos o início de uma nova ordem jurídica, pois serve como 
fundamento comum de validade de qualquer norma. A pirâmide de Kelsen (na verdade 
de seu discípulo) é o modo pelo qual podemos identificar a característica da inicialidade 
a partir da hierarquia estabelecida entre as normas. 
Qualquer norma de menor hierarquia possui fundamentação, ainda que indireta, da 
Constituição. Inclusive, é a partir disso que se pode compreender a distinção entre 
controle de constitucionalidade e controle de legalidade. 
Assim, a Constituição irradia validade para as demais normas jurídicas. Funciona como 
epicentro do novo ordenamento. 
 
b) INCONDICIONAMENTO: O produto do poder constituinte originário não está 
condicionado a formas preconcebidas ou preestabelecidas. Na verdade, as formas 
pelas quais ele se manifesta são formas livres e surgem cada vez mais formas novas. 
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c) ILIMITAÇÃO: Não está sujeito a restrições impostas pelo direito POSITIVO 
ANTERIOR. 
 
ATENÇÃO: Deve-se atentar para que o poder constituinte originário pode se sujeitar 
a restrições extrajurídicas, sendo ilimitado quanto ao aspecto jurídico. Ou seja, é 
JURIDICAMENTE ILIMITADO, mas não absolutamente ilimitado. 
 
OBS: O efeito cliquet é exceção a isso? E os tratados de direitos humanos? Vamos 
pensar nisso em breve. 
 
Meus caros, vamos avançar no tema sobre cada uma dessas características abordando 
as polêmicas doutrinárias: 
 
1) INICIALIDADE: 
A questão aqui é: Se ser inicial não significa zerar o que já tinha anteriormente à nova 
manifestação do poder constituinte originário, qual seria o efeito do poder originário sobre a 
constituição anterior? E qual o efeito da nova constituição sobre a legislação? 
 
A) Constituição Antecedente: 
O efeito aqui é a chamada AB-ROGAÇÃO (Revogação integral), salvo ressalva 
expressa da nova constituição. 
 
#TEORIA DA DESCONSTITUCIONALIZAÇÃO: 
No MP/MG se perguntou sobre a teoria da DESCONSTITUCIONALIZAÇÃO. O que 
seria isso? 
De início, o Brasil não adota a teoria da desconstitucionalização. Por esta teoria, 
surgida a nova constituição, o intérprete deve verificar qual norma seria formalmente 
constitucional (qualquer matéria prevista no texto da constituição, sejam relacionadas ou não 
com matéria de constituição) e quais as normas materialmente constitucionais (matérias que 
são plenamente próprias de constituição). Lembrar que da mesma forma que a Constituição 
apresenta matérias que não são tipicamente constitucionais, a legislação infraconstitucional 
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também pode trazer normas constitucionais (lembrar aqui também das chamadas normas-
clones que repetem ipsis litteris o texto constitucional). 
Assim, avaliando o intérprete qual a natureza das normas, somente aquelas 
formalmente constitucionais seriam mantidas com status de normas legais (revogar-
se-ia apenas as normas materialmente constitucionais). 
Ou seja, desconstitucionalização é a conservação de vigência de normas formalmente 
constitucionais com o status de normas legais. 
 
B) Legislação anterior: 
Com a nova constituição, temos a teoria da RECEPÇÃO. 
 
ATENÇÃO: Recepção só existe no caso de NOVA CONSTITUIÇÃO. Emenda, 
tecnicamente, não recepciona. 
 
Quanto ao conceito da Recepção, temos que é o ingresso, na nova ordem jurídica, 
de normas legais anteriores e com ela [materialmente] compatíveis. 
A grande questão é saber se há ou não a compatibilidade. 
Vejamos algumas questões importantes: 
 
1) Que compatibilidade exigida é essa? Material, formal ou material e formal? 
Para controle de constitucionalidade, exige-se as duas (lembre-se disso). No caso da 
recepção, BASTA A COMPATIBLIDADE MATERIAL, ou seja, só se exige conteúdo compatível. 
Assim, mesmo que não haja compatibilidade formal será recepcionado com o status que a nova 
constituição lhe der (exemplo: o CTN – que foi recepcionado com o status de LC; da mesma 
forma o Código Penal). 
 
2) Se não for recepcionada, qual o efeito gerado na norma? 
O efeito hoje será a REVOGAÇÃO (EXISTÊNCIA). O STF entende dessa forma. 
ATENÇÃO: o STF tem tendido à mudança (inconstitucionalidade superveniente - 
VALIDADE). Isso pelo fato de que, com a Lei da ADPF, passou a ser possível o controle de 
norma não recepcionada (pois revogadas). Devemos lembrar que o STF já aplicou as normas 
da ADPF (ADPF’s 54 e 130, por exemplo). 
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3) O que quer dizer filtragem constitucional? 
Esse conceito pertence ao professor Paulo Ricardo Schier. Filtragem nada mais é 
do que releitura, uma nova interpretação (filtro axiológico da nova 
constituição). Seria um atributo a mais (um plus) da recepção. 
Um exemplo é o concubinato. Passou-se a ler as normas que tratavam do 
concubinato com o filtro da nova constituição, sendo reconhecido como sendo união 
estável. 
 
OBS: Se diferencia da MUTAÇÃO constitucional (releitura da própria 
constituição). 
 
2) INCONDICIONAMENTO: 
Os modos são livres. 
Quais os modos mais comuns pelos quais o poder constituinte pode se manifestar? 
Podemos elencar aqui dois modos: 
 
a) Modoautoritário (OUTORGA): 
É ligada à ideia de autoridade, ditadura. Constituição imposta por declaração unilateral 
de vontade do AGENTE do poder constituinte. Como exemplo: A Constituição de 1937 (Estado 
Novo). 
 
b) Modo democrático (PROMULGAÇÃO): 
Está relacionada à democracia. Estabelecida por deliberação majoritária de 
vontades dos AGENTES do poder constituinte. Como exemplo, temos a atual constituição. 
 
Esses são os modos mais comuns. Todavia, temos outros meios que são atualmente 
percebidos. Algumas mudanças são de ordem global e outras de ordem regional. Vejamos: 
 
#CONSTITUCIONALISMO PARTICIPATIVO (dimensão global - elaboração por rede 
social): 
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O poder constituinte é tão incondicionado que até mesmo a rede social pode ser o meio 
pelo qual o poder pode se manifestar. Como exemplo, temos a Islândia. Em 2009, foi composto 
o conselho constitucional que abriu páginas em redes sociais e conclamou sugestões que foram 
por ele reunidas para formulação de um texto final. 
Volta-se, assim, ao ideal grego de democracia DIRETA. Muda-se, inclusive, o papel da 
rede social. 
 
NOTA: NOVO CONSTITUCIONALISMO LATINO-AMERICANO (dimensão regional): 
Essa expressão pertence ao autor espanhol RUBÉN DALMAU. Ele se referiu a 3 
constituições: 
a) Venezuela (1999) 
b) Equador (2005) 
c) Bolívia (2009) 
d) O professor Guilherme Peña adiciona ainda Cuba (2018) 
 
Essa seria uma terceira via que é a constituição bonapartista ou cesarista. Esta 
pode ser conceituada como constituição outorgada e depois sujeita a consulta popular 
(Referendo ou plebiscito). A consulta tem a finalidade de legitimar essa constituição, 
tendo em vista que ela nasce ilegítima. 
Deve-se mencionar que esta via estava em desuso e passa a ser novamente utilizada por 
estes Estados. 
 
3) ILIMITAÇÃO: 
Neste ponto, lembremos que o direito positivo anterior não tem o condão de impor 
limitações à nova ordem, embora haja limitação fora do Direito. 
 
A questão aqui é: É possível haver limitação jurídica? 
Aqui temos duas discussões: a) TIDH e b) Efeito Cliquet. 
 
Esses dois casos NÃO CONSTITUEM EXCEÇÃO à ilimitação jurídica. A regra, portanto, é 
absoluta. Mesmo assim, tratemos das duas questões: 
 
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a) Tratados e Convenções de Direito Humanos: 
A resposta depende do status que se reconhece aos tratados. 
Uma questão importante é a do Art. 5º, LXVII da CF: 
LXVII - não haverá prisão civil por dívida, salvo a do responsável pelo 
inadimplemento voluntário e inescusável de obrigação alimentícia e a do 
depositário infiel; 
 
Lembre-se que o Pacto de San José da Costa Rica não admite a prisão do depositário 
infiel. Assim, como fica essa prisão? Ela existe ou não? 
Vamos dividir nossa resposta em duas partes: 
 
1) Parte Teórica: Temos aqui 4 posições sobres os status normativos dos tratados: 
 
 
OBS1: à luz da primeira posição (de baixo pra cima – Status legal dos tratados), seria 
possível a decretação da prisão do depositário infiel. 
 
OBS2: Para a segunda posição (status supralegal), os tratados não afetariam a 
Constituição, mas atinge a legislação (pois seu patamar é superior) e provoca o efeito 
paralisante na legislação. Por essa posição, a prisão não seria possível, tendo em vista o 
efeito paralisador sobre a norma legal. 
 
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OBS3: Para a terceira posição, por termos status constitucional, prevalece a norma mais 
benéfica à pessoa humana, ou seja, atinge-se a Constituição (cedendo espaço ao tratado). 
Assim, a prisão não seria possível. 
 
OBS4: Para a quarta posição, o status do tratado seria supraconstitucional (muda-se 
aqui a ideia da hierarquia das normas de Kelsen). Aqui nasce a limitação jurídica do poder 
constituinte originário, mesmo que o tratado seja posterior à elaboração da Constituição. 
Inclusive, nem no futuro a prisão poderia ser viável, pois se submeteria a esse tratado. 
 
2) Parte Jurisprudencial: O STF, no RE 466.343 e Súmula Vinculante 25, adotou 
a tese da segunda corrente (GILMAR MENDES). Adotam essa posição o Brasil, a França 
e a Holanda. 
Prevalece na maior parte dos países a posição defendida pela terceira corrente. 
 
O STF fez uma separação entre os tratados anteriores à Emenda Constitucional 45 e 
depois dela (impactando o rito e o status). 
Assim, antes de 2004, aplica-se o Art. 49, I e Art. 84, VIII. Ou seja, o presidente celebraria 
o tratado e o Congresso ratificaria. Se o CN ratificasse, seguiria 3 regras: 
a) Sessão unicameral; 
b) Um turno de votação; 
c) Maioria simples. 
Assim, o status seria supralegal. 
 
Depois da EC/45, aplica-se o Art. 5º, §3º, mudando-se o rito de feitura do tratado e 
também o seu status. 
a) Sessões separadas; 
b) 2 turnos por casa; 
c) 3/5. 
O status aqui seria CONSTITUCIONAL (equivalente a emenda constitucional). 
 
OBS1: O art. 5º, §3º consubstancia o conceito de BLOCO DE CONSTITUCIONALIDADE 
para aqueles que entendem sua aplicação no Brasil. 
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OBS2: O efeito gerado pelo Art. 5º, §3º é o deslocamento do processo legislativo 
do poder executivo para o poder legislativo. Agora, o protagonista do processo é o próprio 
Congresso Nacional. 
 
OBS3: Por “equivalente a emenda” entendesse que gera pelo menos 2 efeitos: 
a) Fica fora do texto da Constituição; e 
b) Não possui número próprio de Emenda. 
 
Como exemplo temos o Decreto Legislativo 186/08. 
 
A partir disso, podemos falar que os tratados são limitações ao poder constituinte 
originário? 
NÃO! No Brasil não se adota a ideia de que são de status supraconstitucional, 
sendo, no máximo, de status constitucional. 
 
Passado esse ponto, vamos ao seguinte problema: 
 
b) Proibição do retrocesso social (efeito Cliquet): 
O STF tem acórdãos, inclusive deste ano, aplicando esse princípio. 
Trata-se de limitação jurídica? 
NÃO! 
 
1) Para que fosse limitação jurídica, dever-se-ia adotar a tese de norma constitucional 
originária inconstitucional. Trata-se de um pressuposto lógico. Todavia, no Brasil não 
se adota essa tese. 
 
2) Mesmo que se aplicasse a tese das normas originárias inconstitucionais, no Brasil não 
se aplicaria este princípio às normas constitucionais. Ele é aplicado no caso de norma 
constitucional de eficácia limitada (abstrata, programática). Essa norma seria 
regulamentada por uma norma legal. O efeito Cliquet incide sobre a vedação à 
revogação da norma que efetivou a norma constitucional de eficácia limitada, sem 
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que haja, pelo menos, política substitutiva. Ou seja, se aplica entre NORMAS 
LEGAIS (infraconstitucionais). 
Uma questão teórica é a suspensão do serviço público no caso de inadimplência do 
particular. Temos aqui a norma da Constituição de eficácia programática (defesa do 
consumidor), posteriormente regulamentada pelo CDC no Art. 22. Posteriormente, todavia, a 
Lei das concessões acaba violando a vedação do retrocesso. 
O STF aplicou o princípio em caso diverso: Sucessão dos companheiros é igual a dos 
cônjuges (Lei anterior ao Código Civil de 2002). Posteriormente, o CC/02 separou os dois 
regimes (Art. 1.790). O STF reconheceu o princípio e declarou inconstitucional o dispositivo do 
CC. 
 
4. PODER CONSTITUINTE DERIVADO REFORMADOR: 
Este é o que tem por objeto a reforma da Constituição (objeto) Federal (origem). 
 
4.1. CARACTERÍSTICAS: 
Ao contrário do Originário, temos: 
 
a) DERIVAÇÃO: 
É o oposto da inicialidade. Aqui, o poder constituinte derivado reformador busca 
fundamentação de validade na Constituição Federal. 
 
b) CONDICIONAMENTO: 
Aqui temos que o produto do poder constituintetem formas de manifestações definidas 
e já preconcebidas. Não são livres, mas aprisionadas. 
 
c) LIMITAÇÃO: 
O produto do poder constituinte derivado reformador está sujeito a restrições impostas 
pelo Direito positivo em vigor. 
 
Vamos extrair diversas questões sobre cada uma dessas características: 
 
 
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1) DERIVAÇÃO: 
Questão relevante aqui é saber: Se o poder constituinte derivado busca fundamentação 
na CF e não a encontra o que acontece? É possível falar em normas constitucionais 
inconstitucionais? 
 
Aqui devemos separar normas constitucionais originárias e as normas 
constitucionais derivadas. 
a) Norma constitucional originária: NÃO PODE SER INCONSTITUCIONAL. O STF não 
reconhece essa possibilidade (ver: ADI 981). Para o STF, a norma decorre do poder 
que é inicial e ilimitado. 
Façamos aqui 3 observações: 
 
OBS1: O Brasil não segue a teoria de OTTO BACHOF (normas constitucionais 
inconstitucionais? – 1952). Essa obra é do segundo pós-guerra e decorre da preocupação com 
o retorno do nazismo. Leva-se em conta o supra direito. 
 
OBS2: Havendo conflito entre normas originárias, o que pode ser feito? RONALD 
DWORKIN aponta a fórmula do “TUDO OU NADA”. Mas, isso só seria possível num ordenamento 
em que fosse possível o reconhecimento de normas constitucionais originárias inconstitucionais. 
 
Exemplo de conflito: Art. 61, §1º, II, d X Art. 128, §5º. 
Art. 61, §1º, II, d 
 
Art. 128, §5º 
§ 1º São de iniciativa privativa do 
Presidente da República as leis que: 
 
II - disponham sobre: 
 
d) organização do Ministério Público e 
da Defensoria Pública da União, bem 
como normas gerais para a 
organização do Ministério Público e 
da Defensoria Pública dos Estados, 
do Distrito Federal e dos Territórios 
§ 5º Leis complementares da União e 
dos Estados, cuja iniciativa é 
facultada aos respectivos 
Procuradores-Gerais, estabelecerão 
a organização, as atribuições e o 
estatuto de cada Ministério Público, 
observadas, relativamente a seus 
membros. 
 
Num caso como esse, a resolução se dará mediante interpretação harmoniosa / 
harmonização (evitar falar “ponderação”, pois esta técnica é para princípios). 
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Aqui, o Congresso criou duas leis, dando solução harmoniosa para a questão (LC 75 e Lei 
8.625). A primeira decorre do Art. 128 da CF e a segunda Art. 61 da CF. 
 
OBS3: Muitos autores dizem que não há hierarquia entre normas originárias da 
constituição já que o STF não entende haver normas constitucionais inconstitucionais. 
Todavia, deve-se diferenciar a hierarquia em formal e informal. De fato, não há hierarquia 
formal, mas HÁ HIERARQUIA AXIOLÓGICA, ou seja, de valores entre elas. Como exemplo, 
o Art. 1º, III da CF (epicentro do ordenamento jurídico) e Art. 242, §2º da CF (colégio Pedro 
II). Assim, cuidado com a afirmação da hierarquia entre as normas da constituição. 
No Art. 102, §1º da CF temos a ADPF. A CF quando cria a ADPF entende justamente que 
determinadas normas têm hierarquia axiológica (preceito fundamental – superioridade 
axiológica). 
 
 
b) Norma constitucional derivada: PODE SER INCONSTITUCIONAL. Temos aqui duas 
situações: 
i. Norma constitucional federal contida em emenda ou revisão que viole limitação 
ao poder de reforma da Constituição; 
Se uma EC preveja pena de morte em situação além da guerra externa, temos um 
exemplo de norma constitucional derivada que viola a limitação prevista na CF. 
 
ii. Norma constitucional estadual que viole norma constitucional federal de 
repetição obrigatória pelos Estados (princípio da simetria). 
Exemplo: norma estadual dizendo que homens e mulheres não são iguais perante a 
lei. 
OBS: Simetria é exceção, pois quanto mais se aplica, mais se limita o poder do 
Estado-membro. Todavia, a questão reside em saber quando deve a constituição do 
Estado seguir ou não regra federal (simetria). 
Aqui deve-se perguntar: Se o Estado seguir norma diferente, há possibilidade de 
ameaçar o equilíbrio do pacto federativo? Se a resposta for positiva, então a matéria 
é sujeita à simetria. 
 
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2) CONDICIONAMENTO: 
Aqui a questão relevante está relacionada com o seguinte: Quais as formas pelas 
quais o poder constituinte derivado reformador se manifesta? 
 
Temos duas, sendo espécies de REFORMA: 
a) Emendas; 
b) Revisão. 
 
Diferença entre as duas: Há uma diferença material (conteúdo) e uma diferença 
formal (procedimento). 
a) Material: A emenda é pontual (atinge matéria certa), a revisão é global, é mais 
extensa que a emenda. 
b) Formal: é relativa ao rito. No Art. 60 da CF temos os procedimentos da Emenda e no 
ADCT, Art. 3º, temos o procedimento da revisão. Vejamos: 
 
EMENDA REVISÃO 
 
Art. 60, § 2º: A proposta será 
discutida e votada em cada Casa do 
Congresso Nacional, em dois 
turnos, considerando-se aprovada 
se obtiver, em ambos, três quintos 
dos votos dos respectivos membros. 
 
Art. 3º, ADCT: A revisão 
constitucional será realizada após 
cinco anos, contados da 
promulgação da Constituição, pelo 
voto da maioria absoluta dos 
membros do Congresso Nacional, 
em sessão unicameral. 
 
PERGUNTA-SE: Já que a revisão é mais fácil que a emenda, seria possível uma 
nova revisão hoje? 
Temos aqui controvérsia na doutrina e já temos decisão do STF sobre o tema. 
A posição minoritária pertence a MANOEL GONÇALVES FERREIRA FILHO e MICHEL 
TEMER. Para eles, seria possível uma nova revisão, desde que seja feita uma emenda à 
constituição convocando esta revisão. O argumento é de que não há limitação explícita. 
A posição dominante pertence a JOSAPAHT MARINHO e EDUARDO RIBEIRO 
MOREIRA. Para eles, não é possível, pois há limitação implícita no Art. 3º do ADCT (“a revisão”). 
Na ADI 981, o STF reconheceu que a revisão seria feita uma única vez. 
 
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Essas modificações (emenda e revisão) são mudanças formais. 
 
#NOTA: MUTAÇÃO CONSTITUCIONAL: 
É modificação informal da Constituição. É chamada também de poder constituinte difuso. 
Aqui, conforme doutrina, temos a mudança de contexto sem mudança de texto (o 
texto deve permanecer o mesmo). 
 
ATENÇÃO: A mutação constitucional não se opera somente no poder judiciário, mas 
ocorre também no poder executivo e legislativo. 
Vejamos alguns exemplos do STF: 
 
a) HC 82.959: Art. 5º (caso da progressão de regime prisional no caso de crimes 
hediondos); 
 
b) MS 26.602: Art. 55 (infidelidade partidária): 
- Enumeração exemplificativa do Art. 55. 
 
c) ADPF132: Art. 226, §3º (Possibilidade de união estável homoafetiva); 
 
d) AP 937: Art. 53, §1º: 
- Crime deve ser praticado no mandato e em razão do mandato para haver 
foro especial. 
 
e) ADI 3406: Art. 52, X: 
- Abstrativização do controle concreto. Toda vez que o STF, em plenário, conheça 
em abstrato de um caso concreto, a decisão terá, naturalmente, efeito vinculante. 
 
Duas considerações finais: 
 
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OBS1: É importante lembrar que a mutação tem limite. O limite é o limite do texto 
(limite semântico), pois não se pode ir contra o texto. No STF, vamos encontrar casos onde 
o STF vai contra o texto constitucional (a exemplo da AP 937). 
 
OBS2: Diferença entre mutação e filtragem constitucional: 
O ponto de contato se dá no fato de que as duas situações são releituras, 
reinterpretações. 
Como distinção, na filtragem temos releitura de norma ANTERIOR à constituição que foi 
recepcionada. Na mutação, é a norma da PRÓPRIA CONSTITUIÇÃO sendo relida. 
 
3) LIMITAÇÃO: 
Quais são as limitações? Como são classificadas? 
 
Aqui, será seguida a classificação de NELSON SAMPAIO:Teríamos: 
 
 
A) TEMPORAIS: 
Impedem a reforma durante um determinado intervalo de tempo. A nossa constituição 
não tem nenhuma limitação temporal. No império houve, na república não mais houve. 
 
OBS: temos normas parecidas com limitações temporais, mas que na verdade não são: 
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a) Art. 3º do ADCT: NÃO É LIMITAÇÃO TEMPORAL, pois só proibiu a revisão e não 
as emendas. 
b) Art. 60, §5º, ADCT: NÃO É LIMITAÇÃO TEMPORAL, pois proíbe apenas a emenda 
que foi rejeitada (regra da irrepetibilidade). 
 
B) CIRCUNSTANCIAL: 
Durante uma circunstância excepcional, veda-se a reforma. Prevista essa limitação no 
Art. 60, §1º: 
§ 1º A Constituição não poderá ser emendada na vigência de intervenção 
federal, de estado de defesa ou de estado de sítio. 
 
Diferentemente da limitação temporal, aqui não sabemos a quantidade de tempo. 
 
C) MATERIAL: 
Impede a reforma sobre certa matéria, tema, assunto. Essa limitação pode ser implícita 
ou explícita (cláusula pétrea). Esta última está no Art. 60, §4º. 
Quanto às implícitas, podemos extraí-las do sistema, malgrado o texto não seja claro. 
 
Duas limitações implícitas inquestionáveis: 
i. Titularidade e exercício do poder constituinte (Art. 1º, §único); 
ii. Processo de reforma constitucional (Art. 60, caput, §§ 2º, 3º e 5º). 
 
Cláusulas implícitas nas quais temos discussão: 
i. Norma sobre as cláusulas pétreas (dupla reforma – falaremos adiante); 
ii. Forma e sistema de governo (falaremos adiante). 
 
 
#CLÁUSULAS PÉTREAS: QUESTÕES RELEVANTES. 
Vejamos algumas questões sobre a cláusulas pétreas relacionadas à EXTENÇÃO e à 
PROFUNDIDADE das cláusulas: 
§ 4º Não será objeto de deliberação a proposta de emenda TENDENTE 
A ABOLIR: 
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I - a forma federativa de Estado; 
II - o voto direto, secreto, universal e periódico; 
III - a separação dos Poderes; 
IV - os direitos e garantias INDIVIDUAIS. 
 
1) EXTENSÃO: Conforme o Art. 60, §4º, IV: “Direitos e Garantias INDIVIDUAIS”. 
Qual a extensão que podemos dar a esse termo? Podemos incluir aqui qualquer direito 
fundamental? 
 
Há controvérsia. 
1ªC: SYLVIO MOTTA entende que a limitação se restringe a direito individual. Usa-se aqui 
interpretação LITERAL. Assim, Emenda que abolisse salário mínimo é válida (pois direito social). 
 
2ªC: (MAJORITÁRIA) Para MANOEL GONÇALVES FERREIRA FILHO, entende-se, na 
verdade, todos os direitos fundamentais (individuais, coletivos, sociais, nacionalidade e direitos 
políticos). Usa-se interpretação EXTENSIVA. Assim, PEC que abolisse salário mínimo seria 
inconstitucional. 
 
O STF tem acórdão dizendo que licença gestante é cláusula pétrea, ou seja, é extensiva 
limitação a qualquer direito fundamental. 
 
 
2) PROFUNDIDADE: O quer dizer a CF com a expressão “tendente a abolir”? De um 
lado é possível acrescentar, do outro não é possível abolir. Mas, e no caso das 
pequenas reformas em que se mantém seu núcleo essencial? A cláusula pétrea é um 
dogma ou é possível mudança? Como exemplo, poderíamos ter um salário mínimo 
ESTADUAL? 
 
1ªC: GERALDO ATALIBA entende ser impossível, pois só seria acréscimo, não sendo 
possível a subtração ou modificação (pois qualquer modificação é tendente a abolir). 
 
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2ªC: (MAJORITÁRIA) Para NAGIBE SLAIBI FILHO, é possível desde que essa modificação 
preserve o núcleo essencial (características do direito que, sem elas, ele se desnatura). Não 
seria tendente a abolir, pois a cláusula não é um dogma. 
 
ATENÇÃO: todos os direitos são cláusulas pétrea, mas de cada um só se protege o seu 
núcleo essencial. 
 
LIMITAÇÕES IMPLÍCITAS CONTROVERSAS: 
I- Enumeração das limitações materiais explícitas: DUPLA REFORMA. 
 
Aqui, queremos saber o que é a dupla reforma, sendo esta o modo indireto de se violar 
uma cláusula pétrea. A premissa é de que quando a CF define uma cláusula prevê que as normas 
sobre aquelas matérias não podem ser modificadas. Todavia, nada diz sobre poder ser 
modificada a norma que preveja essas matérias. 
 
Como exemplo: Se quisermos abolir o sigilo do voto, vemos que o Art. 60, §4º, II diz ser 
cláusula pétrea o voto secreto. Assim, não seria possível uma EC prevendo voto público. A dupla 
reforma diz que a norma do Art. 60, §4º, II não é protegida e pode-se revogar este dispositivo. 
Posteriormente, seria feita outra emenda agora prevendo o voto público. 
 
Aqui há controvérsia: 
 
MANOEL GONÇALVES FERREIRA FILHO diz ser possível a dupla reforma, pois não há 
nada que a vede. Ainda, não seria possível entender que uma geração impusesse sobre a outra 
seus valores. 
 
A posição majoritária entende que não é possível. O argumento é de que há 
limitação material implícita sobre a enumeração das limitações materiais explícitas. 
 
 
 
 
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II- Forma e sistema de Governo: 
 
GUSTAVO JUST DA COSTA E SILVA entende que é possível a modificação da forma e 
sistema de governo, pois não há limitação material explícita. Para ele, a consulta popular não 
seria condição, embora se legitimasse. 
 
FABIO KONDER COMPARATO (MAJORITÁRIO) entende que não é possível, pois há 
limitação implícita (houve plebiscito e o povo escolheu república presidencialista, 
havendo preclusão). Só seria possível isso se fosse veiculado em nova Constituição. Mutatis 
Mutandis, é a mesma discussão que houve no Brexit. 
 
Assim, temos as seguintes limitações implícitas: 
 
i. Titularidade e exercício do poder constituinte (Art. 1º, §único); 
ii. Processo de reforma constitucional (Art. 60, caput, §§ 2º, 3º e 5º); 
iii. Enumeração das limitações materiais explícitas; 
iv. Forma e sistema de governo; 
v. Nova revisão à Constituição. 
 
É isso, meus caros. Espero que tenham gostado do caderno e bons estudos! 
Divulguem e compartilhem 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SDG 
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JURISPRUDÊNCIA CORRELATA 
 
EMENTA: PRISÃO CIVIL. Depósito. Depositário infiel. Alienação fiduciária. Decretação da medida 
coercitiva. Inadmissibilidade absoluta. Insubsistência da previsão constitucional e das normas 
subalternas. Interpretação do art. 5º, inc. LXVII e §§ 1º, 2º e 3º, da CF, à luz do art. 7º, § 7, 
da Convenção Americana de Direitos Humanos (Pacto de San José da Costa Rica). Recurso 
improvido. Julgamento conjunto do RE nº 349.703 e dos HCs nº 87.585 e nº 92.566. E ilícita a 
prisão civil de depositário infiel, qualquer que seja a modalidade do depósito. 
(...) diante do inequívoco caráter especial dos tratados internacionais que cuidam da proteção 
dos direitos humanos, não é difícil entender que a sua internalização no ordenamento jurídico, 
por meio do procedimento de ratificação previsto na CF/1988, tem o condão de paralisar a 
eficácia jurídica de toda e qualquer disciplina normativa infraconstitucional com ela conflitante. 
Nesse sentido, é possível concluir que, diante da supremacia da CF/1988 sobre os atos 
normativos internacionais, a previsão constitucional da prisão civil do depositário infiel (art. 5º, 
LXVII) não foi revogada (...), mas deixou de ter aplicabilidade diante do efeito 
paralisante desses tratados em relação à legislação infraconstitucional que 
disciplina a matéria (...). Tendo em vista o caráter supralegal desses diplomas normativos 
internacionais, a legislação infraconstitucional posterior que com eles seja conflitante também 
tem sua eficácia paralisada. (...) Enfim, desde a adesão do Brasil, no ano de 1992, ao PIDCP 
(art. 11) e à CADH — Pacto de São José da Costa Rica (art. 7º, 7), não há base legal para 
aplicação da parte final do art. 5º, LXVII, da CF/1988, ou seja, para a prisão civildo depositário 
infiel. [RE 466.343, rel. min. Cezar Peluso, voto do min. Gilmar Mendes, P, j. 3-12-2008, DJE 
104 de 5-6-2009, Tema 60.] 
 
É ilícita a prisão civil de depositário infiel, qualquer que seja a modalidade de 
depósito. [Tese definida no RE 466.343, rel. min. Cezar Peluso, P, j. 3-12-2008, DJE 104 
de 5-6-2009, Tema 60.] 
 
 
AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. RESOLUÇÃO N. 1 - RCF, DO CONGRESSO 
NACIONAL, DE 18.11.1993, QUE DISPÕE SOBRE O FUNCIONAMENTO DOS TRABALHOS DE 
REVISÃO CONSTITUCIONAL E ESTABELECE NORMAS COMPLEMENTARES ESPECIFICAS. AÇÃO 
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DE INCONSTITUCIONALIDADE AJUIZADA PELO GOVERNADOR DO ESTADO DO PARANA. 
ALEGAÇÕES DE OFENSA AO PARÁGRAFO 4. DO ART. 60 DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL, EIS QUE 
O CONGRESSO NACIONAL, PELO ATO IMPUGNADO, "MANIFESTA O SOLENE DESIGNIO DE 
MODIFICAR O TEXTO CONSTITUCIONAL", MEDIANTE "'QUORUM' DE MERA MAIORIA 
ABSOLUTA", "EM TURNO ÚNICO" E "VOTAÇÃO UNICAMERAL". SUSTENTA-SE, NA INICIAL, 
ALÉM DISSO, QUE A REVISÃO DO ART. 3. DO ADCT DA CARTA POLÍTICA DE 1988 NÃO MAIS 
TEM CABIMENTO, POR QUE ESTARIA INTIMAMENTE VINCULADA AOS RESULTADOS DO 
PLEBISCITO PREVISTO NO ART. 2. DO MESMO INSTRUMENTO CONSTITUCIONAL 
TRANSITORIO. "EMENDA" E "REVISÃO", NA HISTÓRIA CONSTITUCIONAL BRASILEIRA. 
EMENDA OU REVISÃO, COMO PROCESSOS DE MUDANCA NA CONSTITUIÇÃO, SÃO 
MANIFESTAÇÕES DO PODER CONSTITUINTE INSTITUIDO E, POR SUA NATUREZA, LIMITADO. 
ESTÁ A "REVISÃO" PREVISTA NO ART. 3. DO ADCT DE 1988 SUJEITA AOS LIMITES 
ESTABELECIDOS NO PARÁGRAFO 4. E SEUS INCISOS, DO ART. 60, DA CONSTITUIÇÃO. O 
RESULTADO DO PLEBISCITO DE 21 DE ABRIL DE 1933 NÃO TORNOU SEM OBJETO A REVISÃO 
A QUE SE REFERE O ART. 3. DO ADCT. APÓS 5 DE OUTUBRO DE 1993, CABIA AO 
CONGRESSO NACIONAL DELIBERAR NO SENTIDO DA OPORTUNIDADE OU 
NECESSIDADE DE PROCEDER A ALUDIDA REVISÃO CONSTITUCIONAL, A SER FEITA 
"UMA SÓ VEZ". AS MUDANCAS NA CONSTITUIÇÃO, DECORRENTES DA "REVISÃO" DO ART. 
3. DO ADCT, ESTAO SUJEITAS AO CONTROLE JUDICIAL, DIANTE DAS "CLAUSULAS PETREAS" 
CONSIGNADAS NO ART. 60, PAR. 4. E SEUS INCISOS, DA LEI MAGNA DE 1988. NÃO SE FAZEM, 
ASSIM, CONFIGURADOS OS PRESSUPOSTOS PARA A CONCESSÃO DE MEDIDA LIMINAR, 
SUSPENDENDO A EFICACIA DA RESOLUÇÃO N. 01, DE 1993 - RCF, DO CONGRESSO NACIONAL, 
ATÉ O JULGAMENTO FINAL DA AÇÃO. MEDIDA CAUTELAR INDEFERIDA (STF - ADI: 981 PR, 
Relator: Min. NÉRI DA SILVEIRA, Data de Julgamento: 17/12/1993, Tribunal Pleno, Data de 
Publicação: DJ 05-08-1994 PP-19299 EMENT VOL-01752-01 PP-00030).

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