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1ºAula Ética e moral – preliminares Que bom tê-los aqui conosco! Iremos, neste primeiro momento, abordar algumas definições importantes sobre o homem, a filosofia, ética e moral. Caso ao final desta aula vocês tenham alguma dúvida, poderão enviar seus questionamentos através das ferramentas “fórum” ou “quadro de aviso” e chat. Iremos inicialmente analisar os objetivos propostos e verificar as seções que serão estudadas no decorrer desta aula. Bom estudo!!! Bons estudos! Objetivos de aprendizagem Esperamos que, ao término desta aula, você seja capaz de: • ampliar novos horizontes na busca da valorização ética e moral; • refletir sobre condições de convivência humana e profissional; • perceber a importância de comportamentos de lealdade e respeito profissional; • desenvolver e assumir de forma crítica suas ações e conduta. Teoria e Ética Geral e Contábil 6 1 - Conceitos 2 - O Homem 3 - Filosofia 4 - Ética e moral Seções de estudo 1 - Conceitos O mundo globalizado é uma realidade em nossas vidas e nos leva a refletir, discutir e repensar nossos conceitos em busca de novos dilemas que possibilitem a reconstrução do nosso modo de pensar e agir. Desse modo, tanto nas empresas atuais, como também, em nossas vidas particulares, é preciso repensar os diversos contextos de relações e resultados. É preciso estar preparado e se adaptar à dimensão das mudanças para enfrentar o mundo em que vivemos. Os mecanismos impostos pela vida diária nos fazem refletir muito pouco. Deveríamos questionar, por exemplo, como essas realidades afetam o nosso fazer profissional e nossa vida pessoal. Qual nossos objetivos e sonhos. Minha autoridade. Como determino o relacionamento com o mundo e com meu próximo. Levar vantagem em tudo é uma atitude que não encontra mais espaço em nossa sociedade. O mundo corporativo exige transparência, lisura nos negócios e nas relações de trabalho como um todo. São fatores essenciais de competitividade e sobrevivência organizacional. Ainda há muito a se percorrer no caminho para alcançar transparência, credibilidade e eliminar a corrupção. Isso exige muito trabalho, conhecimento e participação ativa do profissional contábil, ocupando seu espaço no exercício de sua atividade. Enfim, a intenção de nossa parte é poder contribuir com aqueles que desejam trabalhar, agir e construir relações sociais mais humanas, suscitando a prática de uma boa convivência social, tanto pessoal como profissional: Não há sociedade que progrida com firmeza por muito tempo, que se mantenha politicamente consistente, que ofereça bem-estar social a seus membros, nem profissão que se imponha pelo produto de seu trabalho, que angarie respeito de todos, que se faça reconhecer por seus próprios méritos, sem que esteja a Ética a servir de cimento a fortalecer sua estrutura, de amarras a suportar tempestades, de alicerce a suportar o crescimento e de raízes e seiva para garantir a sobrevivência dessa sociedade ou dessa profissão. Sem Ética, a sociedade não se estrutura de forma permanente; e uma profissão também não (FIPECAPI, 1997, p. 11). Por mais arrojada que seja uma instituição, um grupo de pessoas ou até mesmo um indivíduo, estabelecer-se de maneira permanente na busca do bem comum e a satisfação das pessoas que o cercam é preciso estar alicerçado, estruturado dentro de uma conduta ética voltada para valorização dos princípios que são os pilares que afloram o crescimento de uma profissão. Ademais, a mudança vertiginosa que se operou nos costumes, após o advento dos avanços tecnológicos das comunicações e informações, merece uma revisão nos relacionamentos profissionais e um estudo racional sobre tais mudanças (SÁ, 2001, p.11). Segundo Nadel (1994) valores como credibilidade, confiança, honestidade, comprometimento, entre outros, vão sendo abandonados. Perdemos a fé em nossos líderes, tanto os políticos como os empresariais e religiosos. De acordo com a Fipecapi (1997) a força da ética se faz necessária no relacionamento de duas pessoas ou mais, no núcleo familiar, no relacionamento dentro de uma instituição religiosa, esportiva, cultural, empresarial, militar ou qualquer outra. Até organizações criminosas só sobrevivem por longo tempo quando, infelizmente, conseguem fazê-la predominar (a seu jeito, é claro). A contabilidade como ciência que estuda as situações patrimonial, financeira e econômica das organizações está inserida no meio de interesses diversos. E esses interesses podem ser conflitantes em dado momento, pois ocorrerá sempre a disputa entre fisco e contribuinte, empresa e empregados, sócios e diretores, concorrentes e muitos outros (ABREU, 2006). “Daí a necessidade de um comportamento ético a servir, a par do conhecimento técnico propriamente dito, de inabalável esteio ao exercício dessa sofrida profissão”. (FIPECAPI, 1997, p. 12). O ensino da disciplina de ética no exercício profissional é direcionado à formação do ser humano como um todo, sob o ponto de vista da conduta profissional. O discente deve receber um conjunto de informações sobre a ética, pois, ao se deparar com sua atividade profissional, deverá estar ciente e consciente de suas responsabilidades, sendo a postura e a conduta ética pré- requisitos indispensáveis para alcançar o sucesso profissional. O profissional da Contabilidade que não esteja em sintonia com os conhecimentos e os princípios éticos, certamente terá dificuldades na sua atuação (SPINELLI, 2003). De acordo Spinelli (2003), a acirrada concorrência no cotidiano, as incertezas, a velocidade das mudanças, a pressão para maximizar resultados, para cumprir metas, para superar os próprios objetivos, a necessidade de acompanhamento das constantes alterações de aspecto legal que, em regra, colidem com os princípios e as normas de Contabilidade, um considerável volume de regramentos e obrigações de toda ordem, na maioria das vezes conflitantes entre si, deixam o profissional contábil em rota de colisão na disputa dos interesses. Segundo Nalini (1999) é preciso despertar para a ética, acudir para as necessidades de uma formação acadêmica integral. Um dos primeiros compromissos éticos de qualquer pessoa é abraçar com disposição sua carreira profissional e conhecê-la bem. Deve reforçar o seu caráter e consciência, com estudo sério das disciplinas importantes para o bom desempenho em sua caminhada e o acréscimo profissional virá por consequência. 2 - O homem Nas várias espécies animais existentes sobre a terra encontramos formas estabelecidas de relacionamento que nos fazem pensar na 7 existência de regras que ordenam sua vida comunitária. Percebemos facilmente que os diversos animais se agrupam, convivem, se acasalam, sobrevivem e se reproduzem de forma mais ou menos ordenada, em função de suas potencialidades e do ambiente em que vive. A preservação da espécie e seu aprimoramento parecem ser o objetivo das suas formas de vida, convivência e sociabilidade. Assim alguns animais têm um ciclo de vida que lhes permite a reprodução e a manutenção de sua sobrevivência e a de seus descendentes. Estabelecem para isso modos de vida mais ou menos complexos, como os sistemas de acasalamento, alojamento, migração, defesa e alimentação. O homem, portanto, se distingue das demais espécies existentes porque nem tudo o que faz surge de sua estrutura genética, nem se desenvolve automaticamente em sua relação com a natureza, nem transmite à sua descendência através dos gens. É o único animal que necessita de aprendizado para uma série de atividades que lhe são próprias (COSTA, 1987, p. 2). O homem é por natureza, curioso. Sente necessidade de saber, conhecer, coisas que simplesmente lhe causam uma satisfação, um prazer natural. Passeia, viaja para ver, observa, interroga para saber. Informa-se dos homens e das coisas, como podemos ver na figura abaixo. Figura 1 – Homo sapiens Disponível em: <http://www.avph.com.br/homosapiens.htm>. Acesso em: 24 abr.2011. Afirma Costa (1987), que o Homo sapiens (nossa espécie) é a única que pensa que é capaz de transformar a sua experiência vivida em um discurso com significado e transmiti-lo aos demais semelhantes e a seus descendentes. O homem é capaz de recriar situações e emoções, é capaz de simbolizar, de atribuir significados às coisas, de separar, agrupar, estabelecer o mundo que o cerca segundo determinadas características. Os povos primitivos só se interessavam pelo mundo em que viviam como uma janela para entender todo o universo. Os gregos criaram as disciplinas e a filosofia, o “amor ao conhecimento”. Os egípcios elaboraram conhecimentos biológicos e químicos porque acreditavam na ressurreição e queriam conservar os cadáveres; os gregos disseram que tais conhecimentos não eram domínio da religião, mas da medicina (COSTA, 1987). Mas não contenta em consignar os fatos, pede explicação deles. Nada lhe é mais familiar do que as palavras “por quê” e “para quê”. Deve existir em sua opinião uma razão para todo ser, todo ato, toda situação, como para o universo. O homem se preocupa com a verdade. “Errare humanun est”. Mas pensa se muitas vezes é possível escapar do erro. Cumpre proceder com discrição (decência); Somos capazes de um exame consciencioso e de uma apreciação imparcial. Vamos agora, fazer uma breve leitura do trecho da música de um grande cantor, Jorge Ben Jor, com a composição “Errare humanun est”: Lá lá lá Tem uns dias Que eu acordo Pensando e querendo saber De onde vem O nosso impulso De sondar o espaço A começar pelas sombras sobre as estrelas-las-las-las E de pensar que eram os deuses astronautas E que se pode voar sozinho até as estrelas-las-las Ou antes dos tempos conhecidos Conhecidos Vieram os deuses de outras galáxias-xias-xias Ou de um planeta de possibilidades impossíveis E de pensar que não somos os primeiros seres terrestres Pois nós herdamos uma herança cósmica Errare humanum est Errare humanum est Nem deuses Nem astronautas Ô ô ô ô Eram os deuses astronautas Lá lá lá lá... O homem se sente um ser livre, sabe que é responsável por seus atos racionais e que a ele cabe dirigir e valorizar sua vida. Desde o momento em que ele disso toma consciência, surge-lhe o problema de seu destino final. Afirma Luft (2009) sobre mitos e mentiras que nossa cultura expõe em locais enfeitados e enfia todo esse material em nossa cabeça e alma, como se fosse algodão-doce colorido. Com eles chegam os medos que tudo nos inspira: medo de não estar bem enquadrados, valorizados pela turma, medo de não ser suficientemente ricos, magros ou musculosos, de não ir ao clube chique ou balada tradicional, de não possuir a melhor tecnologia de ponta de um celular ou computador. Medo de não sermos livres. Na verdade, estamos acorrentados numa rede de falsas liberdades. Nunca se falou tanto em liberdade, e poucas vezes fomos tão pressionados por exigências incabíveis. Fala-se em liberdade de escolha, mas somos levados pela propaganda como gados para o matadouro e as alternativas são tantas que não conseguimos escolher com calma. É possível estar contente e ter projetos bons depois dos 40 anos, sem iate, corpo perfeito e sem riquezas? Afirmamos que a liberdade não vem de correr através de “deveres” impostos de fora, mas de construir a nossa existência (LUFT, 2009). Teoria e Ética Geral e Contábil 8 Onde é necessário que ele vá? Onde se acha o fim supremo de sua existência? Por qual caminho poderá alcançá-lo? Como levar uma vida exemplar? O homem toma consciência da necessidade imperativa de um saber, viver e de uma linha de conduta? O que é essa força tão poderosa, abstrata e imortal? A pergunta ganha relevante validade no momento em que se exige uma lúcida tomada de consciência. Ao pensar, ao ser capaz de ordenar, de prever, de aprender, o homem sempre vivendo em comunidades, travou com o mundo ao seu redor, uma relação de traduções, significados e avaliações. Nisso se baseou seu conhecimento do mundo que, organizado, comunicado e compartilhado com seus semelhantes e transmitido à descendência, se transformou em cultura propriamente dita (COSTA, 1987). De acordo com Costa (1987), essa reelaboração de forma simbólica da experiência de vida fez com que os homens recriassem um novo espaço segundo as suas necessidades e opiniões próprias, transformando-o em conhecimento ou abstração. A partir desse ponto, do desenvolvimento dessa capacidade genuinamente humana de representar e transformar o ambiente natural, cada qual, compartilhando experiências comuns recriadas ao seu modo próprio de vida, de existência, crenças e pensamentos diversos. É por isso que encontramos formas de pensamentos, crenças tão diversas. 3 - Filosofia 4 - Ética e moral É necessário nos aproximarmos da filosofia, tomar contato com seus principais problemas, tentar compreendê- la, já que ela se constitui em um dos elementos essenciais da vida humana. Há milhares de anos atrás, o homem, coletor de comida, assumiu tarefas posicionais ou relativamente sedentárias. Começou a especializar-se. O desenvolvimento da escrita e da imprensa marcou fases importantes do processo. Tornaram-se extremamente especializados em separar os papéis do conhecimento dos papéis da ação, embora às vezes pudessem dar a impressão de que “a pena era mais poderosa do que a espada”. Mas com a eletricidade e a automação, a tecnologia dos processos, fragmentados de repente fundiu-se com o diálogo humano e com a necessidade de levar em consideração integração a unidade humana. De repente, os homens passaram a ser nômades à cata de conhecimento – nômades como nunca, informados como nunca, livres como nunca do especialismo fragmentário, mas envolvidos como nunca no processo social total; com a eletricidade, efetuamos a extensão de nosso sistema nervoso central, globalmente, inter-relacionado instantaneamente toda a experiência humana (MCLUHAN, 1993 apud MATTAR, 1997). O homem é capaz de perceber e sentir, quer no mundo das realidades visíveis, quer no mundo dos objetos, ideais, problemas e mistérios. É preciso manter diante do universo misterioso uma atitude de curiosidade, admiração e perplexidade. A filosofia nasceu na Grécia e foi tomando consciência dela mesma no homem. Sãos as visões do mundo e a concepção da vida, sistema de crença e ideais a propósito do lugar do homem no universo e do papel que lhe cabe desempenhar. Por estranho que pareça é a eterna companheira do homem. O desejo de conhecer a natureza das coisas é inato e se manifesta desde os primeiros momentos da vida humana. Vamos continuar estudando sobre a filosofia? A história da filosofia se entrelaça com a evolução da cultura. O seu desenvolvimento não é o resultado da força criada de um homem ou de uma época e sim da contribuição intelectual de toda humanidade. A filosofia é um sistema de conhecimento natural, metodicamente adquirida e ordenada, que tende a explicar todas as causas por suas razões fundamentais. Todo homem anseia ser livre. A liberdade está mais para o espírito do que para o corpo. É uma condição que satisfaz apenas como condição. A liberdade ganha corpo quando atinge o corpo, tornando-se concreta. Dentre as liberdades, umas das mais importantes, sem dúvida, é a do trabalho. Quando há trabalho forçado, escravo constitui pena para crimes graves. Trabalho é dever que se realiza como direito (CRC-MS, 1999). Ética sempre foi assunto nas sociedades. Faça- se um balanço nas relações humanas, o mais remoto, como o presente, constatar-se-à a força dessa palavra entre os homens (OLIVEIRA JUNIOR, 2002, p. 13). Segundo Vázquez (1995 apud NALINI, 1999) ética é a ciência do comportamento moral dos homens em sociedade. É uma ciência, pois tem objeto próprio, leis e método próprio. O objeto da ética é a moral. A designação moral é um das facetas do comportamento do ser humano. A expressão moral tem origem na palavra mores, que significa costumes. De forma simplificada,pode-se definir o termo ética como sendo um ramo da filosofia que lida com o que é bom ou mau, certo ou errado. Pode-se dizer, também, que ética e “filosofia da moral” são sinônimos. O que parece ser uma definição simples e de fácil aplicação é, na realidade, um conceito muito amplo e complexo, pois engloba juízos de valor, muitas vezes não tão fáceis de serem cumpridos (FIPECAPI, 1997). Em seu sentido de maior amplitude, a ética tem sido entendida como a ciência da conduta humana perante o ser e seus semelhantes. Envolve, no entanto, os estudos de aprovação ou desaprovação da ação dos homens e a consideração de valor como equivalente de uma medição do que é real e voluntarioso no campo das ações virtuosas: A conduta do ser é sua resposta ao estímulo mental, ou seja, é uma ação que se segue ao comando do cérebro e que, manifestando- se variável, também pode ser observada e avaliada. O que a ética estuda, pois, é a ação que, comandada pelo cérebro, é observável e variável, representando a conduta humana (SÁ, 2001, p. 24-25). 9 Há algumas coisas que não nos convêm e outras que nos convêm para que possamos viver, mas nem sempre as coisas que nos convêm estão claras. Não podemos escolher o que nos acontece, mas podemos decidir o que fazer diante dos acontecimentos. Se um barco leva mercadorias, e em alto-mar é surpreendido por uma grande tempestade, e a única maneira de salvar embarcação e tripulação é jogar na água o carregamento, o capitão prefere salvar barco e tripulação, a enfrentar o grande e arriscado temporal. Diante do fato de ter que escolher entre uma coisa e outra, fez o que mais lhe convém. Salvou o que era mais importante e valioso naquele momento (SAVATER, 2005). Disponível em: <http://amadeo.blog.com/repository/715119/2244562.jpg>. Acesso em: 30 mai. 2011. Ética é uma das palavras que mais temos ouvido neste país, nos últimos anos. Para ser mais claro, o que realmente temos mais ouvido falar é da falta de ética em nossa sociedade. Isso ocorreu, principalmente, a partir do movimento de ética e política pelo impeachment de Fenando Collor. Mas a ética (ou falta dela) é tão antiga quanto a própria civilização (ALVES, 2002). Hoje o que muitas pessoas pensam, quando se fala em ética e moral, é que as palavras são usadas comumente como sinônimos. É preciso estar atento, pois tais palavras assumem conceitos diversos, dependendo da postura de quem as utiliza. Afinal, o que então é ética e moral? O que elas representam para nós? Qual o real conceito de cada um desses vocábulos? “Usadas alternadamente com o mesmo significado, as palavras ética e moral têm a mesma base etimológica: a palavra grega ethos e a palavra mores, ambas significando hábitos e costumes” (FIPECAPI, 1997, p. 24): Moral vem do latim – a língua dos romanos antigos – e a palavra mos, com o plural mores¸ significando costumes, modos, donde as expressões “aprender bons modos”, “pessoa sem modos”, “que modos são estes, menino!” e outras tantas, quando pessoas mais velhas chamam à atenção os mais jovens, que as chocam com a forma como se sentam, se vestem, falam com os pais, etc. A palavra ética, por sua vez, vem do grego – ethos, com ethoi como plural – e naquele idioma significa caráter, modo de ser (ALVES, 2001, p. 22). Moral é um conjunto de comportamentos e normas que você, eu e outras pessoas costumamos aceitar como válidas. Ética, ao contrário, é a reflexão sobre por que consideramos válidos alguns comportamentos e outros não, é a comparação com outras morais, de outras pessoas e culturas (SAVATER, 2002). É preciso lembrar que nem todos os estudiosos sobre o assunto escrevem, falam ou discutem ética e moral da mesma maneira ou a distinguem de forma clara uma da outra. Para Handel (2001 apud Silva, 2003), ética é objeto de reflexão, por aqueles interessados no comportamento humano. O aparecimento dos primeiros elementos sistematizados sobre o tema deu-se com Sócrates, na antiga Grécia, no ano de 399 antes de Cristo. Falar de ética é tratar de uma parte primordial na vida humana, uma vez que ela é responsável pela compreensão e orientação dos aspectos relacionados à convivência dos seres. A ética nada mais é do que uma tentativa racional de procurar viver melhor, de forma humana, com outros humanos. É necessário acreditar que é possível alcançar uma vida digna, com boas relações com o nosso próximo. Para isso, atitude é fundamental (SAVATER, 2002). Afirma Alencastro (1997 apud Alves, 2002, p. 24): A moral pode ser entendida como o conjunto das práticas cristalizadas pelos costumes e convenções histórico-sociais. Cada sociedade tem sido caracterizada por seus conjuntos de normas, valores e regras. São as prescrições e proibições do tipo “não matarás”, “não roubarás”, de cumprimento obrigatório. Muitas vezes essas práticas são até mesmo incompatíveis com os avanços e conhecimentos das ciências naturais e sociais. A época atual propicia os conflitos de valores essenciais e aqueles que nós desejamos. O mais interessante e que nos chama a atenção é que muitas pessoas desconhecem o que causa esses conflitos e por consequência não o solucionam. Acomodam-se, não sabem o que fazer. Para resolvê-los é preciso atitude, novas percepções, orientações para a própria realidade e o ambiente em que vivem. Ao tomar decisões, pressupõe capacidade de assumir responsabilidade coerente e adequada (LUCAS, 2003). Desde o início podemos nos perguntar: por que devemos nos ocupar com a ética? Ela ocupa lugar de destaque na sociedade? Ou ela é uma representação qualquer? A ética parece ser um fenômeno da moda. Entre os jovens intelectuais, antigamente, havia interesse mais pelas assim chamadas teorias críticas da sociedade. Ao contrário disto, na ética supõe-se uma reflexão sobre valores reduzida ao individual e ao inter-humano. E teme-se que aqui, contudo não seria possível encontrar nada obrigatório, a não ser remontando-se às tradições cristãs ou de outras religiões. É o ético, ou então, ao contrário, as relações de poder, que são determinantes na vida social? E estas não determinam, por sua vez, as representações éticas de um tempo? Por outro lado, não podemos desconsiderar que, tanto no âmbito das relações humanas quanto no político, constantemente julgamos de forma moral. No que diz respeito às Teoria e Ética Geral e Contábil 10 relações humanas, basta observar que um grande espaço nas discussões entre amigos na família ou no trabalho abrangem aqueles sentimentos que pressupõem juízos morais: rancor, indignação, sentimentos de culpa e de vergonha (TUGENDHAT, 2000, p. 11-12). Figura 3 - Ética e moral. Disponível em: <http://cidadaniactiva-cp1.blogs pot.com/2009_02_01_archive. html>. Acesso em: 30 mai. 2009. Como já vimos até agora, a moral determina normas e princípios, ou seja, regras de comportamentos. Isto é prática, exercício das normas. Já a ética é a reflexão sobre a moral. Portanto, ética é teoria. É a reflexão moral. Mas afinal de contas, vocês podem estar perguntando, para que serve a ética? A ética nos conduz à reflexão sobre a responsabilidade do ato moral, que é um ato de livre escolha. E diante das alternativas de conduta, decidimos prever as possíveis consequências dessa escolha, avaliá-las e tomar decisões sobre qual a alternativa mais correta diante de nossos objetivos e valores. A moral pertence ao campo da prática e dá-se em situações particulares e em contextos diferentes e, nem sempre os nossos valores e princípios já estabelecidos dão conta de orientar nosso comportamento nas diversas situações propostas (ALVES, 2002). Existe uma regra estabelecida para nós como, por exemplo, “não matar”. De repente surge uma situação inusitada como uma guerra, em que teremos que combater contra seres humanos, chamados de “inimigos”. Qual será nossa reação frente essa nova situação? É aí que surge a ética que nos faz pensar, refletir se este ato poderia ou não acontecer. A éticanos conduz às tomadas de decisão sobre aquilo que é certo ou errado, diante das normas morais impostas à nossa conduta. Como podemos observar, a ética não apenas faz pensar, refletir, como também orienta como fazer, chamando-nos à responsabilidade perante os outros e a sociedade como um todo. A moral está presente em nosso cotidiano, mesmo naqueles atos comuns (ou aparentemente inofensivos) como “puxar uma soneca” em sala de aula ou numa palestra, receber troco a mais e não devolver, mesmo sendo um valor pequeno, entre outros. Algumas situações impostas pela própria vida expõem- se ao limite de sua existência e que, por conseguinte não são costumes ou normas do comportamento do ser humano. Alguns exemplos para reflexão: • Devemos atender a um doente em fase terminal, com grande sofrimento, que pede para interromper os medicamentos ou métodos que o mantém vivo? • Quando ocorre um roubo e o motivo é a absoluta carência daquele que praticou o ato, isto é certo? • Um feto que apresenta anomalias é correto ser abortado? Nem sempre os atos morais e as questões éticas envolvem pessoas que estão se relacionando diretamente. Muitas vezes, aquelas que não mantêm contato direto, podem também ser afetadas. Às vezes pode ser atingida toda uma sociedade inteira (ALVES, 2002). Para aprimorar suas habilidades pessoais, sociais e políticas, leia um jornal ou revista, em qualquer dia da semana. Envolva- se com os assuntos e séries de atos contidos em sua leitura, fazendo uma reflexão moral e ética. Pesquise esses materiais, análise, identifique e avalie-os. Vamos fazer uma leitura com reflexão e analisar esse caso dado por Julia Falivene Alves: Um profissional lançou mão indevidamente de recursos financeiros da instituição onde exerce um cargo importante. Ao ser constatado o desvio da verba, o “criminoso” passa a ser procurado. Algumas pessoas sabem exatamente quem é ele; outras têm pistas que indicam que talvez possa mesmo ser ele e outras não têm a menor idéia de quem possa ser. Dentre elas, uma é a psicoterapeuta que o atende e, outra, o padre da igreja por ele freqüentada. Ambos o ouviram em confissão e, em suas funções, respectivamente, devem manter sigilos sobre questões referentes a pacientes ou fiéis. Seu advogado para assuntos pessoais, coincidentemente advogado também de um dos “grandes” da instituição, desconfiou dele, inquiriu-o e ele confirmou o fato, mostrando, contudo, que cometera o ato por estar sendo chantageado. Um repórter está investigando o caso e conhece fatos que podem comprometê-lo, mas não tem certeza de que é ele o culpado e existem também outros suspeitos. Os membros do seu partido receiam um escândalo que possa comprometer a imagem do mesmo. Estão sendo procurados pelos profissionais da mídia para darem depoimentos, mas sabem que eles poderão ser veiculados de forma manipuladora por alguns órgãos da imprensa. Por isso, estão se escondendo e se negando a contar o que sabem a respeito. A cúpula da administração institucional teme a repercussão que o “golpe” possa ter na opinião pública, entre seus clientes e entre os concorrentes. Sob o ângulo da relação custos X benefícios, não sabem o que seria melhor: levar adiante um processo ou abafar o caso (ALVES, 2002, p. 31-32). Esse contexto nos aproxima dos mais diversos interesses, muitos até antagônicos, e esclarece de forma sucinta os assuntos já discutidos sobre as questões da ética e da moral. Evidencia- 11 se que cada um dos personagens citados dá uma concepção da complexidade que poderemos enfrentar ao longo de nossa vida pessoal e profissional. Por isso, é preciso reforçar, construir a cada dia nossa identidade, caráter, com bases sólidas, sustentada por valores, princípios morais e éticos. As virtudes do amor a si mesmo e ao semelhante, do respeito ao próximo, da solidariedade, da honestidade, do patriotismo, do trabalho, do otimismo racional, do interesse pela cultura, da reflexão, da temperança, da perseverança, da tolerância, da racionalização de atitudes, da sensibilidade para o belo, da pontualidade, do zelo pela saúde, do interesse pelo metafísico, da conquista de uma permanente liberdade, da busca de uma permanente prosperidade, do valor da vida, do respeito à lei, do respeito à natureza, em suma de tudo o que possa representar o exercício do espírito pela mente, consubstanciado na ação consciente, formam este prodigioso complexo educacional que deve formar a base da educação moral, ética, cívica, religiosa, etc. (SÁ, 2001, p. 52). Lembrando sempre que a ética nos leva a refletir sobre os valores morais diante daquilo que a sociedade considera bom ou ruim. A ética nos leva a uma escolha, decisão sobre a nossa liberdade de ação, de expressão, opinião, enfim, nos estimula a tomar decisões. A moral tem suas regras rígidas, suas ideias, interesses e preconceitos que, em certos momentos, favorecem apenas alguns grupos. A forma de conduzir de uma pessoa diz respeito a sua moral. Aquilo que pode ser moral hoje, já não mais será amanhã. Segundo Alves (2002) a ética diz: não obedeça simplesmente às ordens e costumes. Questione-as. Não seja um robô, seja livre! Faça o que quiser. Seja você mesmo, mas dentro da ética. Figura 4 - Ética e moral Não olhamos para o estado em que se encontra o nosso país com o costumeiro olhar crítico daqueles poucos que, no passado, se punham a si mesmo numa posição ética e começavam a julgar tudo e todos, à luz de deveres ou de ideais. Estamos no mesmo barco e em meio a estas dificuldades que falamos, escrevemos e propomos. E o fazemos segundo uma perspectiva estratégica, isto é, a partir de uma avaliação do lugar em que nos encontramos e de uma direção (ZAJDSZNAJDER, 2001, p.15). É preciso pensar no desenvolvimento do senso ético e na capacidade de julgar e agir dentro da ética, em situações das mais diversas. Bom estudo a todos!!! Disponível em: <http://cidadaniactiva-cp1.blogs pot.com/2009_02_01_archive. html>. Acesso em: 30 mai. 2009. Retomando a aula Parece que chegamos bem, então, vamos recordar o que já estudamos até agora? 1 – Conceitos A força da ética se faz necessária no relacionamento de duas pessoas ou mais, no núcleo familiar, no relacionamento dentro de uma instituição religiosa, esportiva, cultural, empresarial, militar ou qualquer outra. • O aluno, ao adquirir conhecimentos nos seus aspectos profissionais, desenvolvendo habilidades, amplia novos horizontes na busca da valorização ética e moral, dando condições de convivência humana, agindo dentro das regras comportamentais com lealdade, respeito profissional e assumindo de forma crítica suas ações e conduta. 2 – O Homem O homem é por natureza, curioso. Sente necessidade de saber, conhecer, coisas que simplesmente lhe causam uma satisfação, um prazer natural. Passeia, viaja para ver, observa, interroga para saber. Informa-se dos homens e das coisas. • Homo sapiens (nossa espécie) é a única que pensa que é capaz de transformar a sua experiência vivida em um discurso com significado e transmiti-lo aos demais semelhantes e a seus descendentes. O homem é capaz de recriar situações e emoções, é capaz de simbolizar, de atribuir significados às coisas, de separar, agrupar, estabelecer o mundo que o cerca segundo determinadas características. 3 – Filosofia A filosofia nasceu na Grécia e foi tomando consciência dela mesma no homem. Sãos as visões do mundo e a concepção da vida, sistema de crença e ideais a propósito do lugar do homem no universo e do papel que lhe cabe desempenhar. Por estranho que pareça é a eterna companheira do homem. A filosofia é um sistema de conhecimento natural, metodicamente adquirida e ordenada, que tende a explicar todas as causas por suas razões fundamentais. 4 – Ética e Moral “Ética sempre foi assunto nas sociedades. Faça-se um balanço nas relações humanas, o mais remoto, como o presente, constatar-se-à a força dessa palavra entre os homens” A éticanos conduz à reflexão sobre a responsabilidade Teoria e Ética Geral e Contábil 12 do ato moral, que é um ato de livre escolha. E diante das alternativas de conduta, decidimos prever as possíveis consequências dessa escolha, avaliá-las e tomar decisões sobre qual a alternativa mais correta diante de nossos objetivos e valores. A moral pertence ao campo da prática e dá-se em situações particulares e em contextos diferentes e, nem sempre os nossos valores e princípios já estabelecidos dão conta de orientar nosso comportamento nas diversas situações propostas. Moral vem do latim – a língua dos romanos antigos – e a palavra mos, com o plural mores¸ significando costumes, modos, donde as expressões “aprender bons modos”, “pessoa sem modos”, “que modos são estes, menino!” e outras tantas, quando pessoas mais velhas chamam à atenção os mais jovens, que as chocam com a forma como se sentam, se vestem, falam com os pais, etc. A palavra ética, por sua vez, vem do grego – ethos, com ethoi como plural – e naquele idioma significa caráter, modo de ser. Ética é a reflexão sobre por que consideramos válidos alguns comportamentos e outros não, é a comparação com outras morais, de outras pessoas e culturas. VIEIRA, M. G. Ética na profissão contábil. São Paulo: IOB Thomson, 2006. Hoje mais do que nunca, a atitude comportamental em relação às questões éticas tem sido o diferencial do sucesso ou fracasso alcançado pelos profissionais, principalmente na profissão contábil, que protege os interesses dos usuários. Ética Empresarial. Disponível em: <www. eticaempresarial.com.br>. Instituto Brasileiro de Ética nos Negócios. Disponível em: <www.eticanosnegocios.org.br>. Recursos Humanos. Disponível em: <www.rh.com. br>. Vale a pena Vale a pena ler Vale a pena acessar Preço de Uma Escolha, com Demi Moore, Sissi Spacek e Cher. Debatam com seus colegas sobre o assunto, reúnam opiniões, analisem e julguem o caso dado no filme. Vale a pena assistir OBS.: Se ao final desta aula tiverem dúvidas, vocês poderão saná-las através das ferramentas “fórum” ou “quadro de avisos” e “chat”. Minhas anotações
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