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Câncer de Colo Uterino Papiloma Vírus Humano - HPV: Praticamente todas as pessoas com vida sexual ativa serão infectadas pelo HPV em algum momento da vida e algumas destas pessoas serão infectadas repetidas vezes; O HPV é o vírus mais comum de IST no mundo; O ponto máximo para a infecção é logo após o início da vida sexual; Período de incubação: de 3 a 12 meses; ❖ Não necessariamente quem se infectar irá desenvolver a doença. Transmissão do HPV: ❖ Contato direto com a pele ou mucosa infectada; ❖ A principal forma: vida sexual (contato oral-genital, genital-genital, manual-genital); ❖ Pode ocorrer mesmo na ausência de penetração vaginal ou anal; ❖ Pode haver transmissão durante o parto. Qual é o risco de uma mulher infectada pelo HPV desenvolver câncer de colo de útero? ❖ Risco é baixo, ainda que seja a IST mais frequente; ❖ A infecção pelo HPV é um fator necessário, mas não suficiente para determinar o câncer de colo de útero. Fatores de risco para a progressão para o câncer de colo uterino: Infecção pelo HPV (subtipo e carga viral, infecção única ou múltipla); Fatores de risco ligados à imunidade; AIDS; Genética; Comportamento sexual (infecção sexual precoce, multiplicidade de parceiros sexuais); Tabagismo: ❖ Causa alterações no sistema imunológico, principalmente, células NK (linfócitos responsáveis pela defesa do corpo importante no combate de infecções virais e células tumorais) - diretamente relacionado com número de cigarros. Multiparidade; Uso de contraceptivos orais; Idade: ❖ Mulheres com < 30 anos regride espontaneamente, > 30 anos a persistência é mais frequente. História de outras infecções sexualmente transmissíveis; Baixa condição socioeconômica; baixa escolaridade - cuidados com a saúde em geral. Como diminuir o risco de transmissão do HPV? Uso de preservativo; Status imunológico; Evitar múltiplos parceiros sexuais; Estilo de vida saudável; Vacina contra o HPV. Evolução natural do câncer de colo uterino: Vacinação no Brasil: Quadrivalente (HPV 6, 11, 16, 18); SUS: ❖ Meninas: 9 a 14 anos; ❖ Meninos: 11 a 14 anos; ❖ Homens e mulheres de 9 a 26 anos: ❖ Com HIV; ❖ Transplante de órgãos, de medula óssea; ❖ Pessoas em tratamento contra o câncer. Sistema privado: O objetivo da vacina é prevenir o câncer de colo de útero. ❖ A prevenção de outros tipos de câncer induzidos pelo HPV e verrugas genitais são considerados desfechos secundários. Como diagnosticar a infecção pelo HPV: Anatomia do Colo do Útero: Ectocérvice: epitélio escamoso; Endocérvice (do orifício externo até o interno): epitélio colunar; A junção desses dois epitélios é a junção escamocolunar (JEC). Principais Tipos Celulares do Colo Uterino: Células escamosas (ectocérvice); Células glandulares (endocérvice); Junção entre as células glandulares e escamosas (JEC); Metaplasia escamosa: é a transformação do epitélio glandular (colunar) em escamoso estratificado. ❖ É uma resposta fisiológica a hormônios e à exposição do ambiente ácido vaginal; ❖ Outras causas: trauma, inflamação, irritação crônica a agentes físicos, químicos, coito. Câncer do colo uterino - Carcinogênese: Zona de transformação ou metaplasia escamosa ou terceira mucosa; A importância da identificação da zona de transformação: quase todas as manifestações do vírus HPV na carcinogênese cervical ocorrem nesta zona; Imagens mostrando a metaplasia Carcinogênese: ❖ Proteínas virais E6 e E7 produzidas pelo HPV de alto risco - tem habilidade em ligar-se e inativar as proteínas p53 e pRb do hospedeiro (genes supressores tumorais), permitindo a replicação do DNA danificado; ❖ Maior reprodução celular - podendo evoluir para um câncer inicial e pode evoluir para um câncer invasivo infiltrante. Cofatores para evolução do câncer de colo uterino: ❖ Tabagismo; ❖ Coinfecção pelo HIV; ❖ Imunossupressão. Classificação Citológica Brasileira (INCA): Alterações benignas; Atipias de significado indeterminado; ❖ Em células escamosas (ASC-US / ASC-H); ❖ Em células glandulares (AGC ou AGUS). Lesão intraepitelial escamosa de baixo grau (LSIL); Lesão intraepitelial escamosa de alto grau (HSIL); Carcinoma invasor. Probabilidade de identificação de lesão precursora pela colpocitologia: Condutas nas alterações celulares: 2 Técnicas a considerar no tratamento de NIC II e III: Colonização: fazer um cone da área que tem alteração. Será visto a junção escamocolunar e a gente vai para o epitélio colunar e escamoso. Após a retirada do cone, é feito a sutura; Além da colonização, tem a cirurgia de alta frequência, que também pode ser chamada de exérese de alça diatérmica ou LEEP, que é um procedimento mais rápido, em que ao mesmo tempo que corta, cauteriza, não há ponto. Tem uma área um pouco menor. Então, quando a lesão é maior, há uma limitação a esse procedimento e é feita a colonização. Colpocitologia Oncótica - Interpretação do Laudo: Adequabilidade da amostra: satisfatória ou insatisfatória; Material acelular ou hipocelular (< 10% do esfregaço); Leitura prejudicada (75% do esfregaço) por presença de sangue, piócitos, artefatos de dessecamento, contaminantes externos ou intensa superposição celular; Se insatisfatória: a mulher deve repetir o exame entre 6 e 12 semanas com correção, quando possível, do problema; O que tem que ter no resultado para se saber que realmente foi colhido o local certo de forma adequada? ❖ Células presentes na amostra (ter, pelo menos, 2 epitélios): ❖ Células escamosas; ❖ Células glandulares (não inclui o epitélio endometrial); ❖ Células metaplásicas. ❖ Caso não haja a representação de 2 desses epitélios, repetir a coleta em 1 ano. Tratamento: Não há tratamento específico para eliminar o vírus; Associar medicamentos melhoram a imunidade; Tratamento de lesões iniciais (depende da extensão, número e localização); Condilomas / verrugas: ❖ Podofilina 9 a 10 - 25% (solução): 1x por semana até o desaparecimento das lesões; ❖ Contraindicado para gestantes. ❖ Ácido tricloroacético (ATA) a 80 - 90% (solução): aplicar pequena quantidade somente nos condilomas e deixar secar, quando a lesão esbranquiçar. Usar 1x por semana até 8 a 10 semanas. Evolução Natural: O HPV inicia seu processo de infecção pelas camadas basais (camada mais profunda), ocasionando que a replicação viral ocorra junto com a divisão celular; A evolução da infecção pelo HPV para o câncer envolve 4 passos: ❖ Infecção do epitélio metaplásico da zona de transformação cervical; ❖ Persistência da infecção viral; ❖ Progressão do epitélio persistentemente infectado a pré-câncer cervical; ❖ Invasão através da membrana basal do epitélio. Câncer do Colo Uterino - Tipos Histológicos: Carcinoma epidermóide (escamoso) - 70 a 95% dos casos: células escamosas; Adenocarcinoma (5 a 25% dos casos): células colunares; Carcinoma adenoescamoso: células escamosas e colunares (glandulares); Outros tipos histológicos mais raros: carcinoma de células claras, neuroendócrino, sarcomas, linfomas, melanomas. Como diagnosticar? Exames pélvicos e história clínica: exame vaginal, colo do útero, útero, ovário e reto através de avaliação com espéculo, papanicolau, toque vaginal e toque retal; Exame preventivo (papanicolau); Colposcopia: exame que permite visualizar a vagina e o colo do útero com um aparelho chamado colposcópio, capaz de detectar lesões anormais nessas regiões; Biópsia: se células anormais são detectadas no exame preventivo (papanicolau), é necessário realizar uma biópsia, com a retirada de pequena amostra de tecido para análise no microscópio; Clínica: depende da localização e extensão; Estadiamento clínico: ❖ Prevalente em países em desenvolvimento; ❖ Falta de consenso quanto aos exames: TC, RM, PET. Nas lesões precursoras a paciente é assintomática e não são vistas a olho nu. Quando se está diante de um diagnóstico de câncer, nos estadiamentos iniciais pode ter:❖ Corrimento fétido; ❖ Sinusorragia; ❖ Dor pélvica. Quando em estadiamentos maiores (III e IV), já pode ter invasão de paramétrio, vagina, útero, bexiga e reto. O câncer vai evoluindo, infiltrando, invadindo e vai gerando a sintomatologia de cada área / órgão invadido. ❖ Corrimento fétido; ❖ Sinusorragia; ❖ Dor pélvica; ❖ Alterações miccionais, hematúria; ❖ Fístulas; ❖ Insuficiência renal (obstrução uretral); ❖ Óbito. Disseminação do Câncer de Colo Uterino: Extensão direta: ❖ Tecido paracervical; ❖ Vagina; ❖ Paredes pélvicas (lateralmente); ❖ Bexiga (anteriormente); ❖ Reto (posteriormente). Metástases: ❖ Linfática (principalmente linfonodos pélvicos e para-aórticos); ❖ Contiguidade. Tratamento: Nos estágios iniciais, centímetros, milímetros: ❖ Estágio IA1: conização; ❖ Estágios IA2, IB1 e IIA: histerectomia radical via abdominal (sobrevida em 5 anos - 85 a 90%); ❖ Traquelectomia radical: remoção do colo uterino e dos tecidos parametrais, associada à linfadenectomia pélvica - indicada para pacientes jovens e sadias, preservação da função ovariana; ❖ Radioterapia: pacientes com comorbidades, idade avançada e contraindicação para a cirurgia. Estágios mais avançados, cirurgia, radio e quimioterapia: ❖ Cirurgia de Wertheim-Meigs: retirada do útero, terço superior da vagina, ligamentos uterossacros e vesicouterinos e todo paramétrio, bilateralmente, até a parede pélvica + linfadenectomia pélvica bilateral (dissecção dos linfonodos das cadeias ilíaca externa). A sobrevida em 5 anos da cirurgia associada a radioterapia em estágio IIB é de 60%, III é de 40%, IVA é de 20%; ❖ Quimioterapia: nas recidivas e / ou doença metastática; ❖ Estágios IVB: cuidados paliativos.