Prévia do material em texto
CÂNCER DE COLO DO ÚTERO Profª Dra Izabela D. S. Caldeira Profª Me Marceli Vituri Marques • No Brasil, excluídos os tumores de pele não melanoma, o câncer do colo do útero é o terceiro tipo de câncer mais incidente entre mulheres • Para cada ano do triênio 2023-2025 foram estimados 17.010 casos novos CÂNCER DE COLO DE ÚTERO INCA, 2023 Santos, MO et al, 2023 Ectocérvice (externo) Endocérvice (interno) ÚTERO E COLO DO ÚTERO Visão Frontal do colo uterino = CÉRVICE ÚTERO E COLO DO ÚTERO PARTE EXTERNA (contato com a vagina) Revestida de tecido de várias camadas = Epitélio escamoso estratificado PARTE INTERNA (canal cervical ou endocérvice) Camada única de células cilíndricas (produtoras de muco) = Epitélio colunar simples Ectocérvice (externo) Cérvice Orifício interno (OI) Orifício externo (OE) Endocérvice (interno) Junção Escamocolunar (JEC) Zona de Transformação Ectocérvice Endocérvice ÚTERO E COLO DO ÚTERO Junção Escamocolunar (JEC) ◦ Entre entre os 2 epitélios ◦ A localização da JEC pode mudar de acordo com a idade e atividade hormonal ◦ Mais vulnerável a oncogênese Zona de Transformação ◦ Região em que o canal cervical “abre- se” para o canal vaginal ◦ Região do colo, onde o epitélio colunar foi e/ou está sendo substituído pelo novo epitélio escamoso Região do colo, onde o epitélio colunar foi e/ou está sendo substituído pelo novo epitélio escamoso metaplásico Zona de transformação Normal Metaplasia escamosa imatura e/ou madura Sem carcinogênese cervical Anormal ou atípica (ZTA) Alteração displásica (carcinogênese) Quase todas as manifestações de carcinogênese cervical ocorrem neste local COLO DO ÚTERO: ZONA DE TRANSFORMAÇÃO Junção escamocolunar (JEC) J E C o Colo uterino aumenta de tamanho, cresce e o canal endocervical se alonga. Isto leva à eversão do epitélio colunar da parte inferior do canal endocervical próximo à ectocérvice. Esta condição é denominada de ECTRÓPIO OU ECTOPIA, visível como uma ectocérvice de aspecto bem avermelhado na inspeção visual Junção escamocolunar (JEC) Colo uterino: visão esquemática lateral Ação hormonal: estrógenos Ectopia: fisiológico Antes da aplicação do ácido acético Seta amarela: Epitélio escamoso Seta azul: Epitélio colunar Seta amarela: JEC Após aplicação do ácido acético Atlas de Colposcopia, IARC. A METAPLASIA ESCAMOSA é uma modificação fisiológica, em que o epitélio colunar é transformado em epitélio escamoso estratificado, em resposta à hormônios e exposição à acidez vaginal JEC e a Metaplasia Escamosa HORMÔNIOS E GRAVIDEZ Epitélio colunar simples Epitélio escamoso estratificado Avanço da maturação da metaplasia escamosaJEC e a Metaplasia Escamosa Com frequência as alterações oncogênicas acontecem na JEC. Adicionalmente, a metaplasia escamosa por envolver substituição do epitélio (proliferação celular) faz com que essas células, mediante outros fatores, fiquem mais suscetíveis à transformação T ip o s Carcinoma epidermóide 80% -> Epitélio escamoso Adenocarcinoma 20% -> Epitélio glandular CÂNCER DE COLO DE ÚTERO X HPV HPV: PAPILOMAVÍRUS HUMANO O câncer do colo do útero está associado à infecção persistente por subtipos oncogênicos do vírus HPV (Papilomavírus Humano), especialmente o HPV-16 e o HPV-18, responsáveis por cerca de 70% dos cânceres cervicais. PA P IL O M A V ÍR U S H U M A N O ( H P V ) • 6 e 11 (não oncogênicos) são encontrados em condilomas genitais e papilomas laríngeos • 16 e 18 estão presentes em casos de câncer do colo do útero. (SMITH et al., 2007). • A infecção pelo HPV é muito comum. (SANJOSE, 2007). 1. Até 80% das mulheres sexualmente ativas irão adquiri-la ao longo de suas vidas. 2. 32% estão infectadas pelos tipos 16, 18 ou ambos. A infecção pelo HPV é um fator necessário, mas não suficiente para o desenvolvimento do câncer do colo do útero. • Na maioria das vezes a infecção cervical pelo HPV é transitória. 1. Ocorre regressão espontânea entre 6 meses a 2 anos após a exposição (IARC, 2007). 2. Em mulheres com menos de 30 anos a maioria das infecções por HPV regride espontaneamente. 3. Acima dos 30 anos a persistência é mais frequente (IARC, 2007). https://www.inca.gov.br/causas-e-prevencao/prevencao-e-fatores-de-risco/hpv-e-outras-infeccoes https://www.inca.gov.br/causas-e-prevencao/prevencao-e-fatores-de-risco/hpv-e-outras-infeccoes HPV E CÂNCER DO COLO DO ÚTERO “é possível ter HPV e não ter câncer, mas se existe câncer do colo do útero existe HPV”. A relação entre HPV (PapilomaVírus Humano) e o câncer do colo do útero já foi demonstrada. (Brasil, 2012) Esta relação foi sugerida por Zur Hausen em 1977. Foi comprovada na década de 1980, com o isolamento do vírus, em células de tumores cervicais. (HAUSEN, 2002). Em 1999 foi reforçada, com a pesquisa de Walboomers e colaboradores, em 22 países, localizados em diferentes continentes: Africano, Americano, Asiático, Europeu e Oceania. Nesta pesquisa foi demonstrada a prevalência (predomínio, domínio) de 99,7% de HPV. HPV http://biofreitas.com.br/arquivos/imagens/cncer_de_colo_de_tero.jpg • Família: Papilomaviridade – formação de verrugas e papilomas. • Pequenos vírus não envelopados. • O vírus possui tropismo por células epiteliais cutâneas ou mucosas. CÂNCER DE COLO DE ÚTERO • Em caso de PERSISTÊNCIA de infecção por um tipo HPV ONCOGÊNICO = podem surgir LESÕES PRECURSORAS LESÕES PRECURSORAS • Devem ser identificadas e tratadas. Isto PREVINE a progressão para o carcinoma cervical invasivo. (WHO, 2008). CICLO DO HPV https://www.youtube.com/watch?v=8J8ohR EO34o http://tede2.pucgoias.edu.br:8080/bitstream/tede/3027/1/LUANA%20CARVALHO%20DA%20SILVA.pdf Fa to re s d e ri sc o Infecção pelo HPV Início da atividade sexual Número de parceiros Fragilizam o colo do útero Número de gestações Uso de AC orais? Discutível Tabagismo Resposta Imune Infecções múltiplas Inf. Por C. trachomatis e HSV-2 FATORES DE RISCO INCA = Instituto Nacional Câncer PREVENÇÃO está relacionada à diminuição do risco de contágio pelo HPV. A transmissão da infecção pelo HPV pode ocorrer: • por meio do contato com: a pele da vulva, a região perineal, a região perianal e a bolsa escrotal. • por via sexual. Prevenção Primária O uso de preservativos protege parcialmente do contágio pelo HPV oO Ministério da Saúde disponibiliza a vacina TRETAVALENTE que protege contra os -6, -11, -16 e -18 oMeninas de 9-14 anos oMeninos: 11-14 oMaior eficácia para os que ainda não iniciaram a vida sexual o 3 doses: 2ª e 3ª dose administradas após 2 e 6 meses da primeira dose Prevenção Primária PREVENÇÃO SECUNDÁRIA RASTREAMENTO Aplicação de um teste ou exame em uma população aparentemente saudável. Objetivo: identificar lesões precursoras ou sugestivas de câncer e encaminhar paciente para confirmação diagnóstica e tratamento. DIAGNÓSTICO PRECOCE Abordagem de indivíduos com sinais e/ou sintomas sugestivos da doença. Objetivo: confirmação da doença e início o mais rápido possível do tratamento. Prevenção Secundária RASTREAMENTO PREVENÇÃO SECUNDÁRIA Colpocitologia oncótica “Papanicolau”: Mulheres de 25-64 anos. Alterações citológicas em 90% dos casos de câncer. Colposcopia Localização precisa das lesões com aparelho. Permite remoção de um fragmento de tecido de região suspeita para biópsia. (Histopatologia) Hibridização in situ Detecta DNA viral. PCR Alta sensibilidade para genomas do HPV. Células; Tecidos; Fluidos corporais. Início do rastreamento Sexualmente ativa 25 anos de idade Mulheres entre 25 e 64 anos Após 2 exames consecutivos negativos Coleta com intervalo de 3 anos Mulher com mais de 64 anos Após 2 exames consecutivos negativos nos últimos 5 anos Interromper o rastreamento (exames) Rastreamento: Exame citopatológico (Papanicolau) RASTREAMENTO: GESTANTES • As gestantes tem o mesmo risco que não gestantespara câncer do colo do útero. 1. O achado destas lesões é oportunista, se o rastreamento for feito durante o pré-natal. 2. Nas gestantes a JEC = junção escamocolunar está exteriorizada (na ectocérvice) e isso dispensa a coleta endocervical. RECOMENDAÇÃO: • O rastreamento é igual em periodicidade e faixa etária. • O Pré-natal é sempre oportunidade para o rastreamento. RASTREAMENTO: PÓS-MENOPAUSA 1. Mulheres sem história de diagnóstico ou tratamento de lesões precursoras apresentam baixo risco para desenvolvimento de câncer (SASIENI; CASTAÑON; CUZICK, 2010). 2. O rastreamento citológico pode levar a resultados falso- positivos causados pela atrofia secundária ao hipoestrogenismo. RECOMENDAÇÃO: • Mulheres na pós-menopausa devem ser rastreadas de acordo com as orientações para as demais. • Caso necessário, proceder à estrogenização prévia à realização da coleta. RASTREAMENTO: Histerectomia e sem atividade sexual • Mulheres Histerectomizadas: 1. Se a histerectomia total foi realizada devido a lesões benignas sem história prévia de diagnóstico; sem tratamento de lesões cervicais de alto grau, elas podem ser excluídas do rastreamento, desde que apresentem exames anteriores normais. 2. Se a histerectomia foi realizada por motivo de lesão precursora ou câncer do colo do útero, ela deve ser acompanhada de acordo com a lesão tratada. • Mulheres sem história de atividade sexual não tem indicação para rastreamento do câncer do colo do útero e seus precursores. RASTREAMENTO: MULHERES IMUNOSSUPRIMIDAS. São consideradas imunossuprimidas: 1. Infectadas pelo Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV) 2. Transplantadas de Órgãos Sólidos 3. Em Tratamentos de Câncer 4. Usuárias Crônicas de Corticosteroides RASTREAMENTO MULHERES em IMUNOSSUPRESSÃO: • Transplantadas de órgãos sólidos; em tratamentos de câncer; usuárias crônicas de corticosteroides. RECOMENDAÇÃO: 1. Exame citopatológico em intervalos de 6 meses no 1º ano. Se resultados normais, manter seguimento anual enquanto se mantiver o fator de imunossupressão. Transplante de órgãos sólidos Em tratamento quimioterápico Uso crônico de corticoides Rastreamento em situações especiais: IMUNOSSUPRIMIDAS RASTREAMENTO MULHERES HIV+ • Em mulheres infectadas pelo HIV: 1. O desaparecimento do HPV é dependente da contagem de células CD4+ 2. Lesões precursoras tendem a progredir mais rapidamente. RECOMENDAÇÃO: 1. Devem ser submetidas ao rastreio citológico de forma mais frequente (USA/CDC, 2006). 2. Em mulheres com CD4 abaixo de 200 células/mm3, realizar citologia e encaminhar para colposcopia a cada 6 meses (ACOG, 2009). TIPOS DE LESÕES QUE PODEM SER ENCONTRADAS Neoplasia Intra-Epitelial Cervical LSIL HSIL Partículas virais: crescimento desordenado das células Partículas virais infecciosas TRATAMENTO Tipos de tratamento Como funciona Crioterapia Congelamento de porção alterada com nitrogênio líquido, Freon® ou óxido nitroso Conização: biópsia em cone Ressecção em forma de cone do tecido uterino alterado. Base do cone: ectocérvice e a ponta canal endocervical. A ZT está incluída na amostra do cone Tratamento com lase Um feixe concentrado de luz de alta energia é utilizado para destruir o tecido uterino tumoral. Útil para destruição de células pré-cancerosas e na prevenção da evolução do câncer Histerectomia Remoção cirúrgica do útero e do colo uterino Radioterapia Aplicação de radiação no colo uterino ou externa, incluindo vasos linfáticos da pelve Quimioirradiação Sessão manual com cisplatina junto à radioterapia Referências ◦ Santos, MO et al. Estimativa de Incidência de Câncer no Brasil, 2023-2025. Revista Brasileira de Cancerologia, 2023. ◦ Diretrizes brasileiras para o rastreamento do cancer do colo do utero / Instituto Nacional de Cancer Jose Alencar Gomes da Silva. Coordenacao de Prevencao e Vigilancia. Divisao de Deteccao Precoce e Apoio a Organizacao de Rede. – 2. ed. rev. atual. – Rio de Janeiro: INCA, 2016. ◦ Silva, Luana Carvalho. Conhecimento e percepção dos acadêmicos de enfermagem sobre a infecção pelo Papilomavírus humano (HPV), o câncer do colo do útero e a vacina anti-HPV. Dissertação (mestrado) – Pontifícia Universidade Católica de Goiás, Programa de Pós- Graduação Stricto Sensu em Ciências Ambientais e Saúde, 2015. ◦ BRASIL. Atlas de citopatologia ginecológica. Brasília: Ministério da Saúde; CEPESC: Rio de Janeiro, 2012. ◦ Imagens: https://smart.servier.com/?s=cancer ◦ Atlas de colposcopia da Agência Internacional de Pesquisa para o Câncer (IARC): https://screening.iarc.fr/atlascolpoptdetail.php?Index=38&e=,0,1,2,3,8,10,15,19,30,31,43,46,47,60 ,61,68,73,83,88,89,93,96,102,105,111 https://smart.servier.com/?s=cancer https://screening.iarc.fr/atlascolpoptdetail.php?Index=38&e=,0,1,2,3,8,10,15,19,30,31,43,46,47,60,61,68,73,83,88,89,93,96,102,105,111 https://screening.iarc.fr/atlascolpoptdetail.php?Index=38&e=,0,1,2,3,8,10,15,19,30,31,43,46,47,60,61,68,73,83,88,89,93,96,102,105,111 Slide 1: CÂNCER DE COLO DO ÚTERO Slide 2 Slide 3 Slide 4 Slide 5 Slide 6 Slide 7 Slide 8 Slide 9 Slide 10 Slide 11 Slide 12: Slide 13: CÂNCER DE COLO DE ÚTERO X HPV Slide 14 Slide 15 Slide 16: HPV Slide 17: CICLO DO HPV Slide 18 Slide 19 Slide 20: PREVENÇÃO Slide 21 Slide 22 Slide 23 Slide 24: RASTREAMENTO Slide 25 Slide 26 Slide 27 Slide 28 Slide 29 Slide 30 Slide 31 Slide 32 Slide 33: TIPOS DE LESÕES QUE PODEM SER ENCONTRADAS Slide 34 Slide 35: TRATAMENTO Slide 36 Slide 37: Referências