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Encefalites Virais Equinas Dentre os vírus da família Herpesviridae, tem a Alphaherpesvirinae (possui o ciclo replicativo muito rápido- lesões acentuadas) é o agente etiológico da mieloencefalapatia herpética equina. Dentro deles possuem 3 espécies de vírus: ➔ Herpesvírus equino tipo 1- EHV-1- vírus do aborto equino e da mieloencefalopatia herpética equina ➔ EHV-3: vírus do exantema coital equino ➔ EHV-4- antígeno EHV-1subtipo 2: vírus da rinopneumonite equina. Mieloencefalopatia herpética equina (EHM): Causada pelo EHV-1 que é um patógeno ubíquo em equinos, causa aborto e morte neonatal (principais sinais clínicos). A EHM (forma neurológica) é uma manifestação esporádica e menos comum- quando ocorre surtos as perdas são bem acentuadas. O ciclo reprodutivo é muito curto, em menos de 24h já começa a causar necrose. Os vírions são globulares a pleomóficos, entre 120 a 300nm, possui um envelope lipoproteico com espículas glicoproteícas (sensível a álcool), é um virion DNA de fita + capsídeo icosaédrico. São facilmente inativados em álcoois, detergentes ou solventes de gordura (envelopado). Existe a forma abortiva e neuroinvasor, depende do polimorfismo do DNA polimerase viral – alguns animais tem esse polimorfismo, o que torna o vírus mais neurovirulento e mais virêmico- alguns animais vão apresentar a forma neurológica outros não- pode ter abortivo (mais comum) e neurológico (pode vim sozinho em surtos agudos). 80% dos equinos possuem a infecção latente- em casos de estresse desenvolve os sinais clínicos, a prevalência varia de acordo com a região e idade. Por conta da latência, acredita que haja sub-diagnóstico. A transmissão ocorre através das secreções respiratórias, contato com fetos abrotados, placenta ou fômites. A infecção respiratória primária ocorre na desmama ou nas primeiras semanas de vida do animal. Na infecção primária ocorre a viremia (celular mediada, após algumas semanas as células latentemente infectadas como as células do sistema linforreticular e gânglio trigêmeo, pode ocorrer a reativação (em situações de estresse) pode ou não apresentar manifestação de sinais clínicos. O vírus é eliminado pela narina de 1 dia até 3 semanas pós- infecção em animais jovens; a eliminação nasal e transmissão na ausência de sinais clínicos respiratórios em animais jovens e adultos. O risco para abroto ocorre no 3° trimestre da infecção ou EHM (nervosa) em meia idade ou mais velhos. O vírus entra via TR, vão replicar, causa uma erosão de mucosa com eliminação do vírus em secreções, 48h depois irão migrar para leucócitos de linfonodos regionais de 4-10 dias PI já tem viremia celular mediada, depois terá infecção em sítios secundários e começa a fazer vasculite (resulta nos sinais clínicos- multiplicando em células endoteliais), podendo migrar para o útero, causando o aborto, ou pode migrar para o SNC, causando EHM. ESQUEMATIZANDO: Contato => trato respiratório => epitélio de vias aéreas (infecção primária) => erosão de mucosa e eliminação viral em secreções => 12-24hpi células lâmina própria => 24-48hpi leucócitos de LNs regionais => 4-10dpi viremia celular mediada => 9-13dpi infecção em sítios secundários => vasculite (replicação endotelial), trombose e necrose => EHM ou aborto (dependendo da cepa). Há uma correlação positiva entre a EHM e duração da magnitude da viremia, apesar dessa correlação, apenas 10% de equinos virêmicos desenvolvem EHM, depende da relação do patógeno com o hospedeiro para a forma nervosa. Os animais podem desenvolver sinais respiratórios- doença respiratória primária, e aborto de 3° trimestre, meningoencefalopatia, retinopatia, infecção latente. Surtos de doença respiratória em vários animais, 10- 40% desenvolvem quadro neurológico associados a viremia seguidos de febre sem sinais respiratórios; ataxia e paralisia que evolui para decúbito e incontinência urinária (atinge medula espinhal caudal- causando fraqueza de membros pélvicos, atonia de vesícula urinária e perda de sensibilidade de região perineal), casos mais graves com paresia, paralisia ou até tetraplegia, menos frequente: depressão, “head tilt”, ataxia, paralisia de nervos cranianos. O diagnostico ante-mortem é feito pela eliminação de outras causas de doenças neurológicas, fazer exame do CSF pelo aumento da concentração proteíca, isolamento/identificação do EHV-1 do trato respiratório do sangue ou do CSF, soroneutralização, fixação do complemento, ELISA. O diagnóstico post mortem é através da necrópsia, através de exame e descrição macro, fazer coleta de amostras apropriadas, fazer o diagnóstico de exclusão. Deve ser encontrado necrose e hemorragia do SNC. Na histologia EHM encontra vasculite (diferencial), trombose e infarto, corpúsculo de inclusão viral na substância cinzenta e branca na medula espinhal, medula oblonga, mesencéfalo e diencéfalo. Pode-se utilizar a imunohistoquimica ou a hibridização in situ- encontra-se antígeno viral e DNA viral em células endoteliais do SNC. Pode-se fazer o PCR (pode ser uma infecção latente se der positivo e o animal não tiver quadro clínico). Não há um tratamento específico, é feito um tratamento de suporte e o resultado depende da severidade do quadro, o tratamento deve ser feito quanto antes, medidas para evitar que o animal se machuque, utilização de drogas anti-inflamatórias para diminuir inflamação do SNC. A prevenção e controle é importante a vacina para animais que nunca foram expostos, assim reduz a eliminação viral, em animais previamente expostos não evita a infecção, viremia, latância ou EHM; quarentena de animais recém chegados, monirtorar febre e outros sinais clínicos; isolamento de casos suspeitos até o diagnóstico; sangue e secreção nasal- fazer o PCR para EHV-1; em casos positivos fazer o isolamento e desinfecção do ambiente e utensílios. Os flavivírus estão associados com encefalites em equinos- febre do Nilo ocidental, encefalite japonesa, encefalite de saint louis. São virions esféricos e hexagonais, possui nucelocapsídeo icosaédrico, envelope MP do hospedeiro (quando ele sai pega um pouco da MP), genoma com RNA de fita simples, replicação citoplasmática com efeito citopático (meios de cultura com células de mamíferos) e não citopático (meios de cultura de inseto não tem efeito citopático). São arboviroses (causada por insetos), utiliza os insetos para multiplicação, mas não mata o hospedeiro. Febre do Nilo Ocidental: Causada pelo vírus Nilo ocidental (WNV), arbovírus, mosquito Cullex pipiens (principal); os passariformes, arseniformes e aves de rapina são hospedeiro reservatório, enquanto humanos e equinos são os hospedeiros terminais (possuem baixa viremia). Tem como transmissão transovariana- a fêmea de um mosquito tem o vírus passa o vírus para os ovos e os ovos que eclodem transmite o vírus. No tempo de frio as fêmeas dos mosquitos hibernam. A transmissão ocorre por: ➔ Picada de mosquitos infectados ➔ Transplacentária ➔ Colostro ou leite ➔ Transfusão ou transplante ➔ Acidentes laboratórias ➔ Aves ingerindo carcaças de pássaros infectados ➔ Crocodilos carne de equinos infectados. Sinais clínicos em equinos: ➔ Enfermidade aguda e quadro neurológico ➔ Baixa viremia ➔ Maioria casos assintomáticos ➔ Anorexia, fraqueza, depressão, incoordenação, ataxia e decúbito ➔ Bruxismo, andar em círculos, hiperexcitabilidade, pressão da cabeça contra obstáculos e convulsões ➔ Taxa de letalidade 25-45% ➔ Polioencafalomielite- lesão na substância cinzenta na medula espinhal e no encéfalo Sinais clínicos em aves: ➔ Depressão, letargia, penas arrepiadas ➔ Ataxia, paralisia, pedalagem, opistótono e incoordenação ➔ Alta mortalidade em passariformes, corvídeos e arseniformes Sinais clínicosem humanos: ➔ Manifestação aguda autolimitante ➔ Hipertermia, cefaleia, fadiga, dores musculares e fraqueza ➔ Sinais gastrointestinais e hemorragias cutâneas ➔ Rigidez dor cervical ➔ Meningite e encefalite- mais comum em idosos ou imunocomprometidos O diagnóstico é feito através do isolamento viral em células Vero ou RK-13 requer um laboratório com biossegurança tipo 3, faz imunofluerecência ou neutralização ou PCR. Em aves coleta rim, coração, cérebro e intestino. Em equinos é efeito testes sorológicos (ELISA, HI) e amostras do SNC para isolamento, PCR, necropsia e histopatologia, imunofluorecencia; é usado ELISA para IgM (mesmo em animais com anticorpos para outros flavivírus). Na necropsia normalmente é sem lesão ou com hemarragia e malácia de ME torácica e/ou lombrar. Na histopatologia lesão na substância cinzenta, lesão no tronco encefálico ou medula tóraco-lombar, polioencefalomielite linfo-histocítica, gliose, degeneração e necrose neural, hemorragia e malácia; fazer o imunohistoquímico. Patogenia em equinos: se da pela inoculação do mosquito com a replicação local dos vírus (em queratinócitos, células endoteliais, dendríticas e fibroblastos), atinge linfonodos regionais, sangue, vai para o SNC, atinge neurônios e micróglia (células endoteliais em aves). Os monócitos e macrófagos contribuem para disseminação sistêmica. A replicação em macrófagos e em fibroblasto altera a cascata de coagulação levando a hemorragia- não há evidências de replicação endotelial em equinos. Para o controle e profilaxia de equinos é importante a vacinação em áreas endêmicas; combater os vetores em áreas endêmicas, minimizar exposição aos vetores, utilização de inseticidas, larvicidas e repelentes, telas de proteção, inibir a proliferação de mosquito, monitoramento sorológico em aves silvestres e em equinos. Encefalite Japonesa: É transmitido por mosquito Cullex, os suínos são so principais reservatórios/ amplificador, ocorre a mumificação, aborto e sinais neurológicos em leitões. Os pássaros e os mamíferos são carreadores. Os equinos são os hospedeiros terminais, sinais clínicos semelhante outras encefalites, ocorre uma encefalite mononuclear. Encefalite de Saint Louis: Vírus da encefalite de Saint Luis (SLEV). O vetor é Mosquitos gênero Cullex. As aves são hospedeiros amplificadores. É uma doença subclínica (maioria dos casos). Na forma de doença clínica: semelhante a outras encefalites. Mortalidade entre 3 a 30%. Os vírus dos gêneros Alfavirus tem como vetores os artrópodes. Possui uma aparência frouxa de envelope, o virion e genoma são esféricos ou discretamente pleomórficos, com nucleocapsídeo icosaédrico, envelope lipídico (por pegar a MP do hospedeiro), RNA de cadeia simples. A replicação ocorre em células vero e BHK-21 com títulos elevados, efeito citopático. As células de mosquito não possuem alterações celulares. Encefalomielite equina venezuelana (VEE): Surtos frequentes de doença febril e encefalite. Possui vetores de vários gêneros- Cullex, aedes, Psorophora. Os hospedeiros naturais são pequenos mamíferos silvestres (roedores- reservatório), os equinos são hospedeiros amplificadores. Ocorre surtos epizoóticos a cada 10 ou 20 anos após chuvas intensas- ocorre mutação de VEEV enzoóticos avirulentos ou manutenção de cepas epizoóticas, transmissão transovariana. Ciclo epizootico: fica ciclando entre a população de mosquito e a população silvestre. Surge em outras populações por possíveis alterações climáticas, em que a população de insetos cresce em forma acentuada. A população não da conta de alimentar o vetor e ele começa a pular para outros hospedeiros. Patogenia: inoculação e replicação em células de Langerhans e vão para os linfonodos regionais, começa a sofrer viremia primária e replicação secundária em órgãos linfoides (MO, baço, timo, GALT) e músculo, viremia secundária com replicação em plexo coroide e em células endoteliais do SNC. Em equinos encontra replicação linfoide com depleção de MO, destruição de linfócitos de LNs e baço, encefalomielite neutofílica, com vasculite, degeneração neural e necrose de células de Purkinge. Em humanos apresenta um quadro gripal e cefaleia. Os sinais clínicos ocorrem 2-5dpi ➔ Hipertermia, depressão, taquicardia, anorexia e diarreia ➔ Evolução para quadro neurológico (5-10 dpi)- Dependente do nível de viremia ➔ Incoordenação, andar em círculo, cegueira, fotofobia, dificuldade de deglutição, bruxismo e hiperexcitabilidade ➔ Paralisia, decúbito e convulsões => óbito ➔ Óbito sem manifestação neurológica (frequente) O diagnóstico leva em conta os aspectos clínicos e epidemiológicos -Encefalite ou mortes súbitas em regiões endêmicas ➔ Diagnóstico diferencial (encefalites ou doenças neurológicas) ➔ Necropsia- Exame macro e coleta de material ➔ Histopatologia e IHQ- Isolamento viral => HI ou IF • Sangue (animais virêmicos) • Cérebro (necropsia) ➔ Solorogia (ELISA, SN e HI) ➔ PCR ➔ Sequenciamento (diferenciar sorotipos) Para controle e profilaxia existe vacinação área equinos e humanos, não utilizada no BR. Como medidas de controle- evitar contato com vetores, repelentes, inseticidas, restringir proliferação dos vetores. Encefalomielite equina do leste: Tem caráter enzoótico: em mosquitos e aves, presentes em áreas alagadiças. Forma intermitente, em estações de alto precipitação- com alta densidade de vetor O vetor é o Culiseta melanura, infecção restrita aos pássaros. Sinais clínicos: subclínico ou sistêmica não neurológico ou neurológica e morte. Período de incubação de 5 dias, hipertermia, depressão, anorexia, sonolência e fraqueza. Letalidade de até 90% em animais e 75%em humanos. Patologia: substancia, cinzenta- especialmente da medula espinhal, hiperemia, edema, petéquias e necrose focal. Micro- manguitos perivasculares, microgliose, degeneração neuronal, necrose cerebrocortical, vasculite e trombose. Diagnóstico: clínico/epidemiológico ➔ Necropsia, histopatologia e IHQ ➔ Testes sorológicos- IgM fase aguda, SN ou HI ➔ Isolamento do sangue- viremia transitória, SNC, CSF ➔ PCR- sangue ou tecidos- SNC. Controle e profilaxia: vacinação em áreas endêmicas; Controle de vetores, repelentes, inseticidas em equinos, inibir a proliferação do vetor, proteção das instalações. Encefalomielite equina do Oeste: Mantido em ciclos endêmicos- INSETOS E AVES, vetores Cullex e Aedes. Os pássaros são reservatórios e amplificadores; equinos e humanos são hospedeiros terminais. Sinais clínicos: quadro neurológico mais frequente, EEEV- porém sem envolvimento sistêmico ou linforreticular. Controle e profilaxia: vacina multivalente inativada, medidas de prevenção semelhante a VEE e EEE.
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