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Demonstrações Financeiras Básicas Demonstração do Resultado do Exercício Material Teórico Responsável pelo Conteúdo: Prof. Ms. Alexandre Saramelli Revisão Textual: Prof. Ms. Luciano Vieira Francisco 5 • Introdução • Despesas e receitas • Arte e tecnologia • O conceito de resultados e o reconhecimento das despesas e receitas • A demonstração do resultado do exercício • A estrutura legal da Demonstração do Resultado do Exercício É importante, que você participe dos fóruns propostos e se prepare para as avaliações planejadas. Nesta unidade, haverá um fórum de discussão e atividade de sistematização. Ao realizá- las, você poderá avaliar seus conhecimentos e se preparar para a avaliação presencial que ocorrerá no final do semestre. Entender e elaborar uma Demonstração do Resultado do Exercício. Demonstração do Resultado do Exercício 6 Unidade: Demonstração do Resultado do Exercício Contextualização Para iniciar esta Unidade observe as atividades no ramo alimentício de “comidas de rua” com base na interessante matéria jornalística de Nana Caetano para o canal M de Mulher. Ao assistir preste atenção sobre como “funcionam” os restaurantes de gastronomia de rua. Explore O vídeo está disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=Oy_Goq6hS68. http://www.youtube.com/watch?v=Oy_Goq6hS68 7 Introdução Para bem entender uma Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) é importante inicialmente conhecer em detalhes a operação de uma empresa, ou “como uma empresa trabalha”, quais são os seus procedimentos, ações. Isso em uma situação de rotina ou também quando ocorre algo de diferente, anormal. Por exemplo: escolha um restaurante ou uma lanchonete e analise alguns aspectos: onde está localizado esse estabelecimento? O objetivo é dar um atendimento rápido ou criar um ambiente onde as pessoas possam passar mais tempo? Observe, por exemplo, como o garçom ou uma garçonete trabalha. Normalmente esse funcionário aguardará o cliente chamar para entregar um cardápio. Após discutir as opções, que podem ter a opinião desse(a) atendente, inclusive, o pedido será preparado pelo cozinheiro ou pelo “Chef” e, após a refeição, o cliente pedirá para efetuar o pagamento e ir embora. Bom, essa é a operação de rotina, mas e se o cliente for meio atrapalhado, tropeçar e jogar toda a comida e bebida no chão, quebrando pratos, copos, cadeira e um espelho que estava ao fundo? Como se resolve tal situação? Solicita-se do cliente o ressarcimento do “prejuízo”, ou acomoda-se o cliente em outra mesa e gentilmente prepara-se outra refeição? Em outra circunstância, e se surge uma fiscalização de surpresa da Vigilância Sanitária municipal, que identifica alguns problemas? Como as coisas são resolvidas? Ou ainda, se há um cliente que gosta da refeição, mas por estar trabalhando em uma obra onde há muito barro, sente-se envergonhado em usar uma mesa do salão principal? Como será atendido? Enfim, aguce a sua curiosidade e observe a operação em detalhes. Nesses contextos a DRE nada mais é do que contar uma história, tudo o que ocorreu durante um determinado período de tempo. Mas para tal narrativa você precisa seguir uma estrutura, a fim de que não apenas você, mas de modo que outros contadores e usuários da Contabilidade também possam fazer uso de tais informações. Arte e tecnologia Diálogo com o Autor Immanuel Kant e outros filósofos de fins do século XVIII definiam a atividade artística como “livre”, isto é, não realizada com vistas ao lucro, mas governada somente pelo gênio do artista. A longevidade dessa ideia se deve ao fato de que expressava não apenas o desprezo aristocrático pelo comércio, mas também as novas condições da produção artística, resultantes da substituição do mecenato pelas transações de mercado como principal forma de remuneração do trabalho artístico. 8 Unidade: Demonstração do Resultado do Exercício O balanço patrimonial demonstra a situação econômico e financeira de uma entidade, ou seja, é um resumo dos saldos de bens, direitos e obrigações que essa mantém em um determinado momento. Essa é uma informação das mais importantes e pode ser a base para a tomada de decisões. Por exemplo, um fornecedor importante poderá começar a fornecer determinada matéria-prima restrita no mercado, ou atrair um sócio investidor. É comum instituições financeiras públicas e privadas manterem produtos específicos para quem tem estrutura (bens) para determinada atividade, por exemplo, exportadores, industriais, comerciários, produtores de audiovisual, taxistas, microempreendedores etc. Nesse caso, Anteriormente, o artista que produzia para nobres e eclesiásticos negociava com o mecenas o tema, as dimensões, a abordagem e, às vezes, até mesmo as cores e o número de figuras. Com a ampliação do mercado para obras de arte, correspondente ao avanço na substituição das relações sociais feudais pelas capitalistas, o artista passou a ser responsável pela escolha dos temas e abordagens capazes de chamar a atenção dos potenciais compradores. A substituição das imagens religiosas e mitológicas pelas naturezas-mortas, pelos retratos e pela pintura de gênero multiplicou os tipos possíveis de assuntos e abordagens. O princípio dominante da atividade artística passava a ser, cada vez mais, não a tradição, as regras acadêmicas ou qualquer outra autoridade, mas o gênio do artista, que antes ligava aos trabalhadores manuais em geral, passava a ser um sinal de sua ousada inventividade, partilhada com o cientista, o homem de negócios e o político. O trabalho artístico ganhou nova dignidade no cenário do capitalismo em desenvolvimento, um sistema social que, ao contrário dos anteriores, dignificava a atividade produtiva e enxergava as elites improdutivas do passado feudal como parasitas, por mais que os novos-ricos imitassem seu estilo de vida, comprando terras, títulos de nobreza e obras de arte. O artista refinado passava a ser visto como um criador de valor praticamente miraculoso, transmutando materiais relativamente baratos, às vezes em pouco tempo de trabalho efetivo, em mercadorias fabulosamente caras. A arte passava a ser considerada a forma mais elevada da atividade produtiva humana, o modelo pelo qual avaliar as outras formas de trabalho, em especial o trabalho padronizado, dividido e dirigido por gerentes, que veio a dominar a fábricas e escritórios do capitalismo em desenvolvimento (SIEGEL; MATTICK, 2010, p. 32, 33). A demonstração do resultado do exercício Quando falamos de “patrimônio” de uma empresa, logo nos veem à cabeça os bens e propriedades de uma empresa. Mas não consideramos apenas bens e propriedades como patrimônio empresarial, reconhece-se também os seus direitos (por exemplo, uma venda a prazo onde o cliente se compromete a pagar em alguns dias ou meses) e também suas dívidas. Assim, o balanço patrimonial sempre demonstra bens + direitos + obrigações (dívidas). 9 é importante para essas instituições financeiras analisarem se a estrutura no balanço patrimonial comporta o nível de atividade que a entidade se propõe a realizar. Se uma entidade possui muitas obrigações no passivo circulante e um saldo não muito relevante nos ativos não circulantes, certamente terá mais dificuldades para convencer investidores e atrair o interesse das pessoas em geral, a menos que consiga convencer que possui uma estratégia mais ousada, digamos assim. É igualmente comum alguns usuários da Contabilidade se interessarem em como a empresa lida com o dinheiro, com o seu fluxo de caixa. Ou seja, se a empresa “tem dinheiro” não enfrenta dificuldades para pagar os fornecedores e se sempre possui valores disponíveis no caixa. Para esses usuários da Contabilidade, uma boa relação entre o ativo circulante e o passivo circulante é o mais importante dos aspectos a se observar. Por exemplo, imaginemos que uma entidade tem R$ 1.000.000,00 em seu ativo circulante e R$ 500.000,00 em seu passivo circulante.Se dividirmos um grupo pelo outro, de acordo com a fórmula abaixo, teremos o seguinte resultado: A situação acima significa que a cada um real de obrigações (dívidas), a empresa tem dois reais em seu ativo circulante, o que é algo confortável, pois indica que a operação da empresa está boa, possui ”liquidez”! No entanto, em grande parte das análises dos usuários da Contabilidade, surge a necessidade de, além do patrimônio da empresa e sua liquidez, conhecer seu desempenho nas operações. Ou seja, tomar ciência de forma mais íntima do trabalho que realiza e principalmente se essa empresa atende as necessidades das pessoas e da sociedade em geral. Se vende bem, se possui custos coerentes e, principalmente, se obtém lucro. Há, inclusive, os usuários que priorizam esta observação! Esses não se importam se o patrimônio da empresa não é grande ou adequado, mas sim como está a operação empresarial, se essa empresa consegue obter lucro. Para atender a essa necessidade de informação, temos a Demonstração do Resultado do Exercício (DRE), que evidencia o desempenho de uma entidade ao longo de determinado período de tempo, normalmente um mês, um trimestre, ou mesmo um ano. Pense Imagine que você é o responsável pela liberação de crédito de uma instituição financeira e tem que decidir sobre uma proposta de um famoso estúdio de cinema de muito sucesso e que consegue altas bilheterias. Esse estúdio de cinema se propõe a fazer um grande filme. Mas... ao analisar o ativo dessa empresa você verifica que essa não possui equipamentos de filmagem! Não tem nem mesmo o “estúdio” (um galpão para filmar). Ao conversar com os responsáveis por essa empresa, descobre que alugam tudo o que precisam. Você investiria nesse estúdio de cinema? Ativo Circulante Passivo Circulante =2 10 Unidade: Demonstração do Resultado do Exercício A DRE é a diferença entre as receitas e despesas, que, assim como o balanço patrimonial, segue uma fórmula matemática: Receitas - Despesas = Resultado, apresentando seguinte estrutura básica: Ao longo do tempo, a Demonstração do Resultado do Exercício vai acumulando todas as receitas e despesas para depois as comparar, ou “confrontar”, a fim de descobrir qual foi o resultado. Observe que a formula matemática não é Receitas - Despesas = lucro por um simples motivo: o resultado pode tanto ser positivo, com o qual recebe o nome de “lucro”, como negativo, onde lhe é atribuída a condição de “prejuízo”. Então: Resultado = Se Receitas > Despesas = Lucro Mas, Se Receitas < Despesas = Prejuízo Então, o conceito de “resultado” é simples, não traz maiores dificuldades para as pessoas calcularem e interpretarem. Por isso, é comumente utilizado na prática, no dia a dia das pessoas, mesmo daquelas que não tenham interesse nenhum em conhecer particularidades conceituais do mundo dos negócios. Mas, ao mesmo tempo em que é um conceito simples, fatores como a necessidade de ganhar dinheiro, dificuldade em conseguir um cliente, além de outros impedimentos em geral e o próprio sentimento positivo de sucesso e entusiasmo podem levar os comerciantes a certa negligência e falta de cuidado ao fixarem seus preços e firmarem seus contratos e compromissos. Não necessariamente a DRE ou as demonstrações financeiras em geral precisam seguir o “ano calendário”, ou o “ano gregoriano”. É comum no Brasil, por exemplo, as empresas do setor sucroalcooleiro publicarem demonstrações em períodos que seguem a safra da cana de açúcar. No passado a DRE costumava ser chamada de Lucros e Perdas, ou em inglês, Gains and Losses, um termo usado até hoje! Representação artística da estrutura básica de uma DRE, com a fórmula matemática do resultado. 11 Digamos, por exemplo, que um profissional especializado em funilaria e pintura automobilística receba uma proposta (tentadora) de pintura de quatrocentos automóveis da cor branca e que, por um motivo qualquer, necessitem ser pintados de verde. Ora, um pedido desses não é de se desprezar! O cliente então procura um profissional que faça o trabalho por um preço que julgar razoável e, uma vez encontrado, abre uma negociação. O pintor de carros então, precisando de dinheiro, aceita o trabalho por um valor X. Na sua mente, calculou rapidamente que gastaria em cada carro uma determinada quantidade de tinta, que teria de pagar o salário de um ou mais funcionários, além da sua conta de energia elétrica, que costuma ser de X reais e somando tudo rapidamente resolveu aceitar o trabalho ao afirmar que: – Dá para fazer! Vai render um bom dinheiro! Porém, esse pintor é comunicado de que, por conta de uma política interna do cliente, precisaria providenciar uma documentação que custará um bom dinheiro. Por conta também da política interna do cliente, teve que contratar um seguro de incêndio e de responsabilidade civil que não costumava fazer em suas operações normais, além de ter que comprar alguns exaustores e equipamentos de proteção ambiental, também exigências do cliente. Mais à frente constata que os carros são todos grandes, consomem mais tinta do que imaginava. Assim como o verde a ser pintado não é uma cor qualquer, mas uma tonalidade específica e somente misturada somente por um modelo específico de máquina, disponível longe de sua oficina, em uma loja que cobrava o triplo do que costumava comprar do fornecedor em seu bairro e que ainda não aceitava pagamento a prazo! Assim, teve que pagar um bom dinheiro de frete para transportar as latas de tinta. Mais à frente, precisando de dinheiro para pagar os funcionários, recorreu a um banco que cobra juros altíssimos. Para dificultar ainda mais, o seu compressor de ar falhou porque estava com grande desgaste, o que lhe obrigou a comprar outro para poder entregar os carros no prazo, afinal, se não o fizesse, poderia pagar uma multa. Seu funcionário tradicional, que era excelente pintor, ficou doente e teve de ser substituído por outro que não tinha tanta experiência e acabou por cometer alguns erros que precisaram de retrabalho, além de quebrar alguns vidros e. Enfim, nosso empreendedor de repente percebe que esse trabalho tentador e que não poderia perder de jeito nenhum, não lhe dá lucro, ao contrário, causa-lhe prejuízo! Fo nt e: T hi nk st oc k/ G et ty Im ag es “Renda” e “resultado” são conceitos diferentes! Renda tem a ver com o direito de uma pessoa a receber determinado valor que veio de aumento de patrimônio, enquanto que resultado é a apuração entre receitas e despesas. Para mais informações ver Artigo 43 do Código Tributário Nacional e Lei Complementar n.º 104/2001. 12 Unidade: Demonstração do Resultado do Exercício Assim, a DRE é uma demonstração que ajuda o comerciante não apenas a conhecer o que ocorreu no passado, mas também o que pode acontecer no futuro. Em síntese, a DRE ajuda a conhecer em detalhes a operação da empresa. Mais do que isso, saber o conceito de “resultado” e sua apuração em detalhes, auxiliando os comerciantes a negociar de forma adequada. Para bem entender o que é resultado, é imprescindível estudar detalhadamente os conceitos de receitas e despesas. A seguir, alguns exemplos de receitas e despesas: Exemplos de custos, despesas e receitas. Fato Gerado Conta contábil na DRE Receitas Realizou-se um serviço Receita de prestação de serviços Foram vendidas mercadorias compradas de terceiros e que estavam em estoque Receita de vendas de mercadorias Foram vendidas produtos que foram manufaturados, industrializados, usinados, transformados, convertidos, etc. pela empresa (matérias primas foram transformadas em outros produtos) Receita de venda de produtos Despesas Com as atividades produtivas: Gastos para realizar serviço Custos dos Serviços Prestados Gastos necessários para armazenar e colocar as mercadorias disponíveis para venda Custo das Mercadorias Vendidas Gastos para transformar o produto Custo dos Produtos Vendidos Com as atividades (Administrativas, vendas, financeiras) Usoda disponibilidade de trabalho dos funcionários Despesas com salários Pagamento de comissões a vendedores Despesas de vendas Desgaste das máquinas Depreciação Compra de apólices de seguros Despesas com seguros Realização de comerciais de TV Despesas com vendas Uso de capital de terceiros Despesas financeiras Pagamentos de taxas bancárias Despesas financeiras Uso de espaço alugado Despesas com aluguel Pagamento de impostos e taxas sobre o escritório e veículos da empresa Despesas administrativas Despesas e receitas Atenção Custos e despesas tem o mesmo sentido, com uma classificação importante: Custos são os gastos diretamente ligados à prestação de serviços, à comercialização de mercadorias ou à produção, enquanto as despesas são os gastos com o esforço de vendas, administração e apoio. Você terá a oportunidade de estudar em outras disciplinas Contabilidade de custos e Análise de custos. 13 E o que vem a ser despesas? A palavra despesa em língua portuguesa é empregada das mais variadas formas e transmite uma noção de esbanjar dinheiro, de uso sem nenhum critério. Veja um interessante exemplo do uso desse termo na letra de Conversa de botequim, escrita por Noel Rosa e Vadico em 1935 (SILVA, 2011, grifos nossos): Nesta que é uma das músicas populares e que tão bem representam o folclore brasileiro, Noel Rosa se posiciona como um verdadeiro malandro carioca de Vila Isabel. É como diz Silva (2011 p. 118): Seu garçom, faça o favor de me trazer depressa Uma boa média que não seja requentada Um pão bem quente com manteiga à beça Um guardanapo e um copo d’água bem gelada Feche a porta da direita com muito cuidado Que não estou disposto a ficar exposto ao sol Vá perguntar ao seu freguês do lado Qual foi o resultado do futebol Se você ficar limpando a mesa Não me levanto nem pago a despesa Vá pedir ao seu patrão Uma caneta, um tinteiro Um envelope e um cartão Não se esqueça de me dar palitos E um cigarro pra espantar mosquitos Vá dizer ao charuteiro Que me empreste umas revistas Um isqueiro e um cinzeiro Seu garçom, faça o favor de me trazer depressa Uma boa média que não seja requentada Um pão bem quente com manteiga à beça Um guardanapo e um copo d’água bem gelada Feche a porta da direita com muito cuidado Que estou disposto a ficar exposto ao sol Vá perguntar ao seu freguês do lado Qual foi o resultado do futebol Telefone ao menos uma vez Para três quatro, quatro, três, três, três E ordene ao seu Osório Que me mande um guarda-chuva Aqui pro nosso escritório Seu garçom me empresta algum dinheiro Que eu deixei o meu com o bicheiro Vá dizer ao seu gerente Que pendure esta despesa No cabide ali em frente Seu garçom, faça o favor de me trazer depressa Uma boa média que não seja requentada Um pão bem quente com manteiga à beça Um guardanapo e um copo d’água bem gelada Feche a porta da direita com muito cuidado Que não estou disposto a ficar exposto ao sol Vá perguntar ao seu freguês do lado Qual foi o resultado do futebol Em “Conversa de botequim”, Noel Rosa se coloca na posição de um malandro que, sentado à mesa de um bar, manda e desmanda no garçom. Ambos pobres diabos, malandro e garçom, que aqui estão posicionados verticalmente: um é freguês, o outro o serve. Mas como malandro que é malandro sabe que para se conseguir as coisas é preciso muito jeito, o personagem da canção de Noel prefere dizer “por favor” ao garçom do que travar uma batalha de posição social – até porque a diferença entre eles é circunstancial, muito provavelmente ambos moram na mesa casa e dividem o mesmo bonde para chegar lá. 14 Unidade: Demonstração do Resultado do Exercício Ou seja, Noel Rosa expõe despesa como algo tão dispensável que nem precisaria ser cobrado! Quando muito se quer alguma coisa, com jeito e malandragem se consegue! Nesse sentido, bastaria ter talento para saber manejar as coisas a seu favor. Mas agora, segundo Iudícibus (2010, p. 66), observe que a definição de despesa na Contabilidade é: Então, veja que não é qualquer gasto que pode ser considerado despesa, que também não é o mero ato de esbanjar dinheiro, ou utilizá-lo de forma aleatória, muito menos algo ruim que surge no meio do caminho, mas que dá para manejar para não nos afetar. Despesa é um gasto fundamentado, planejado, que traz consigo a intenção de gerar vendas. Se isso não ocorrer, não é uma despesa! Nesse sentido, Griffin (2012 p. 49) diz que custos e despesas “São gastos incorridos por uma empresa para fazer negócio em um período específico, incluindo custo de materiais, suprimentos, trabalho, leasing e utilitários”. É interessante esta definição de Griffin (2012) porque complementa o pensamento de Iudícibus (2010, p. 66) com a realização de negócios. Despesas (e receitas) são, então, algo relacionado com um negócio. Isso nos impele imediatamente a estudar o que são receitas. E o que vem a ser receitas? Iudícibus (2010, p. 66) ensina que é a “Entrada de elementos para o ativo, sob a forma de dinheiro ou direitos a receber, correspondentes, normalmente à venda de mercadorias, de produtos ou à prestação de serviços”. Receita então não é qualquer dinheiro depositado para a empresa, ou um compromisso firmado em contratos, sejam esses formais ou contratos tácitos. É a venda efetiva dos produtos e/ou serviços que a empresa se propõe para seus clientes. O consumo de bens ou serviços que, direta ou indiretamente, deverá produzir uma receita. Diminuindo o ativo ou aumentando o passivo, uma despesa é realizada com a finalidade de se obter uma receita cujo valor será superior à diminuição que provoca no patrimônio líquido. Explore Como um bom exemplo de despesas, temos os gastos com publicidade e propaganda, onde convida- se os consumidores a comprar e consumir um produto, mas não de forma direta, mas sim artística. Em 2011 os publicitários da AlmapBBDO criaram uma campanha de vendas para a Antarctica (Atual Ambev), inspirados na música Conversa de botequim, de Noel Rosa. Saiba mais e assista em: <http://www.adnews.com.br/destaques/noel-rosa-embala-campanha-da-antarctica>. http://www.adnews.com.br/destaques/noel-rosa-embala-campanha-da-antarctica 15 Griffin (2012 p. 48) enfatiza o seguinte A seguir, continuaremos a estudar os conceitos de despesas, receitas e resultados, já que é o momento correto de reconhecê-los. Raifur Kos realizou uma pesquisa com empresários na Cidade de Guarapuava, que fica no Estado do Paraná e concluiu que boa parte desse empresariado não entende o conceito contábil de resultado, apesar de utilizarem as informações contábeis para suas tomadas de decisão. O que Raifur Kos concluiu é o que se observa em inúmeras outras cidades: as pessoas não conseguem entender o que é receita sob o ponto de vista contábil. Glossário Contratos orais, que ninguém formaliza no papel, às vezes por não ser necessário ou prático, como usar um ônibus urbano ou uma passagem de avião. As receitas são os benefícios totais reconhecidos por uma entidade como a venda de seus produtos ou prestação de serviços durante um período específico. Isso pode incluir a venda de produtos (vendas), prestação de serviços (honorários) e ganhos advindos de juros, dividendos, rendimentos de leasing, e royalties. Dependendo do tipo de organização, as receitas podem assumir vários nomes. Para um comerciante, a maior parte das receitas será na forma de venda de mercadorias. Em um escritório de advocacia, boa parte das receitas será proveniente dos honorários, assim como uma escola obtém suas receitas de mensalidades e taxas. No caso dos governos, as receitas são os recebimentos brutos de impostos, taxas e outros encargos. O conceito de resultados e o reconhecimento das despesas e receitas Para Pensar Esta pode ser uma excelente ideia para realizar um estudo de iniciação científica, um artigo ou um trabalho acadêmico! Que tal estudar em sua cidade, na sua região, no ramo de negócios em que está atuando, ou com algum interesse sobre como os comerciantese empresários entendem conceitos de Contabilidade? 16 Unidade: Demonstração do Resultado do Exercício Parte dessa dificuldade está em entender que a Contabilidade segue princípios, convenções e normas internacionais. No caso de despesas, receitas e resultados, entre todos os princípios e convenções contábeis, deve-se considerar a Convenção do conservadorismo (prudência); o Princípio da confrontação das despesas com as receitas; o Princípio da realização da despesa, sendo que esses dois princípios juntos geram o chamado Regime de competência. Assim, é necessário confrontar as despesas de um período com as receitas desse mesmo intervalo de tempo. Eventuais gastos e entradas de valor no caixa que não atendam aos conceitos de despesas e receitas devem ser tratados contabilmente de forma a não distorcer o confronto das despesas e receitas. Comumente isso é feito por meio das contas contábeis adiantamento de clientes que é uma obrigação que fará parte do passivo da entidade, ou adiantamento a fornecedores que é um direito, é demonstrado no ativo. A seguir, uma representação artística do confronto entre despesas e receitas: No Brasil há um costume de considerar o momento exato para o reconhecimento das receitas quando o cliente assina o canhoto da nota fiscal. Esse ato significa que o cliente aceita e valida o negócio. Se o canhoto da nota fiscal não for assinado, não há ou não haveria como provar que o cliente de fato concordou com o negócio. Glossário No regime de competência o resultado é apurado quando as vendas são realizadas pela empresa, independentemente de quando serão pagas e quando as despesas serão incorridas, quando a empresa usa bens e serviços em suas atividades, independentemente de quando foram ou serão pagas. Há outro regime, que é o de caixa (que a legislação fiscal brasileira aceita para alguns casos, mas que, com as normas internacionais de Contabilidade, tende a ficar cada vez mais em desuso), que é quando as despesas e receitas são reconhecidas no momento em que são pagas ou recebidas. [...] o princípio de realização da receita fornece diretrizes para mensuração da receita na demonstração do resultado. O princípio, em geral, exige que a receita seja reconhecida nas demonstrações financeiras quando for realizada e ganha. As receitas são realizadas quando os produtos ou serviços são trocados ou efetuados com dinheiro ou recebíveis (contas a receber). As receitas são consideradas ganhas quando uma empresa cumpriu o necessário para ter direito aos benefícios representados pelas receitas. O reconhecimento normalmente acontece por meio de vendas ou por meio do fornecimento (efetuação) de serviços (GRIFFIN, 2012, p. 47). Importante: Consulte o que são princípios e convenções contábeis. 17 Volte ao exemplo do nosso pintor de veículos que teve a felicidade de obter um contrato para pintar quatrocentos carros. Ao final da negociação, as duas partes assinam um contrato. O pintor certamente sairá da sala todo contente, dizendo que havia “lucrado” bastante. Mas, estaria correto reconhecer um lucro, se o pintor simplesmente assumiu um contrato, dado que nem sequer viu os carros ainda? De forma alguma! O contador precisa ser conservador nessas situações. Apesar da boa notícia da assinatura do contrato, absolutamente nada foi feito de real até o momento. Não se trata de negatividade, mas nada impede que o cliente, por algum motivo qualquer, cancele toda a negociação! Digamos que na negociação, preocupado com o fluxo de caixa, o pintor peça um adiantamento ao cliente, que efetua o depósito no banco. Nesse caso ainda não houve despesas e receitas, o dinheiro depositado é uma dívida do pintor para com o cliente. Na pior das hipóteses, é um dinheiro que o pintor terá que devolver ao cliente, caso o serviço não seja realizado por qualquer motivo. Representação artística do canhoto de uma nota fiscal, ato que costuma validar e reconhecer uma receita. Você Sabia ? As notas fiscais (conhecidas pelos estrangeiros como brazilian invoices) eram impressas em sequência, rigorosamente numeradas. As grandes empresas normalmente solicitavam a impressão de formulários personalizados, também numerados (além do número sequencial da nota fiscal, havia o número do formulário, também sequencial). Considere o rigor existente em torno das notas fiscais, emitidas em inúmeras vias. Os canhotos assinados eram colados manualmente e então arquivados. Era comum dedicar excessivo tempo colando canhotos em arquivos de notas fiscais! Atualmente, com o Sistema Público de Escrituração Digital (SPED), sistema padronizado de escrituração fiscal, temos a figura do Documento Auxiliar da Nota Fiscal Eletrônica (DANFE), mas a assinatura do cliente na hora da entrega da mercadoria não foi abolida! É o ato que valida a negociação e que dá o reconhecimento à receita. No exterior, há a figura da invoice, que é uma carta simples, sem muitos detalhes, mas nem por isso menos importante. 18 Unidade: Demonstração do Resultado do Exercício Agora, imagine que o pintor começa efetivamente a pintar os carros. Esse inicia a incorrer em custos com a matéria-prima e outras despesas envolvidas. Aí sim, o contador pode começar a reconhecer as despesas. Terminados os carros, ou algumas unidades, pode-se reconhecer a receita? Ainda não! Pode ser que o contador seja excessivamente conservador, mas ainda existe uma possibilidade de o cliente não aceitar o serviço! Podem acontecer inúmeras situações desagradáveis: o cliente pode não gostar do serviço e se recusar pagar; os carros não estarem na tonalidade correta e precisarem ser repintados... os problemas podem ser inúmeros. E quando o cliente recebe os carros, aceita, elogia e assina os documentos confirmando tudo isso? Aí sim, a receita pode ser reconhecida e pode-se realizar a apuração do resultado do exercício! Assim, imaginemos a seguinte situação: Serviço de pintura especial de quatrocentos veículos: (+) Receitas = R$ 4.000.000,00 (-) Despesas = R$ 4.100.000,00 (=) Resultado (prejuízo) = R$ 100.000,00 É evidente que o empresário não ficará nada contente com essa situação! Imagine o trabalho que teve para pintar quatrocentos carros e ao invés de ganhar dinheiro, perde R$ 100.000,00. Não é fácil! Mas é essa a situação, como empresário precisa rever seu preço de venda ou, se isso não for possível, verificar o que é possível fazer para diminuir suas despesas e custos. Mas imagine que, por um erro na Contabilidade, um contrato de outro cliente para o qual ainda não iniciou nenhum trabalho, indevidamente teve a receita reconhecida. Digamos que esse contrato tinha o valor de R$ 400.000,00. O que ocorreria? A palavra consumo ajuda a reconhecer uma despesa: se um produto ou serviço foi consumido em determinado período como algo necessário para gerar uma receita, trata-se de uma despesa. Não é que o contador seja rigoroso ou queira “torcer contra” ou “agourar”. Esse comportamento é correto de acordo com os princípios contábeis. Enquanto o empresário/comerciante costuma ser empolgado quanto a seus negócios, o contador precisa trabalhar com absoluta neutralidade e refletir o que de pior poderá ocorrer, a fim de que o negociante/empresário tenha condições de tomar boas decisões. 19 Serviço de pintura especial de quatrocentos veículos: (+) Receitas = R$ 4.400.000,00 (-) Despesas = R$ 4.100.000,00 (=) Resultado (lucro) = R$ 300.000,00 Estaria informando um lucro de R$ 300.000,00! Nada mau! Certamente esse pintor ficaria feliz em ter feito no período um lucro de R$ 300.000,00. Mas esse número seria irreal, uma ilusão que faria com que o empresário mantivesse o mesmo preço e não se interessasse em analisar seus custos e despesas. Ao invés de um prejuízo de R$ 100.000,00, poderia incorrer em prejuízos ainda maiores. Por isso, é imprescindível que a confrontação entre as despesas e receitas se deem no mesmo período e com os devidos ajustes, se esses forem necessários. Isso pode ser maistrabalhoso, mas é absolutamente imprescindível! Você deve ter percebido até então que o resultado é mais do que uma fórmula matemática, não é mesmo? Sim, O resultado é uma medida de desempenho! No caso de nosso empresário pintor de veículos, será que consegue pintar um veículo de grande porte em curto espaço de tempo e seguindo alguns pré-requisitos por R$ 10.000,00? E seus concorrentes, conseguem cumprir o prazo nessas condições e preço? Nesse sentido, o pensamento de Eugen Schmalenbach (1955 p. 39), um autor clássico da Escola Alemã de Contabilidade, ajuda a melhor entender o conceito de resultados, comentando que: Assim, apurar o resultado, por tudo o que representa, é uma das tarefas mais relevantes do contador e um dos aspectos importantes a serem observados pelos usuários da Contabilidade em suas análises. A seguir há a estrutura para a DRE, conforme os pronunciamentos contábeis. A nossa ideia de resultados precisa começar pela natureza de um negócio. O negócio é uma parte da totalidade da vida econômica a que é chamado a atuar para fazer parte de uma divisão de tarefas da economia como um todo. Como uma parte da economia que recebe matérias-primas e serviços de vários tipos e retorna para a economia mercadorias ou serviços. Nesse processo, deve produzir um valor adicionado, senão o negócio não estará contribuindo para a economia como um todo, estará, ao contrário, consumindo-a. Aquilo que é pego da economia geral é despesa do negócio. Aquilo que contribui para a economia geral em mercadorias, serviços ou outros atos é receita do negócio. O resultado é a diferença entre receitas e despesas, sua determinação, é a tarefa da contabilidade de negócios. 20 Unidade: Demonstração do Resultado do Exercício Segundo o Comitê de Pronunciamentos Contábeis 00 conceitual básico (CPC, 2011, parte 4.24), o resultado é considerado uma medida de performance, ou seja, de desempenho empresarial. Portanto, a International Accounting Standards Board (IASB) e o CPC reconhecem o caráter avaliativo e a importância dessa demonstração para os usuários da Contabilidade. Assim, é necessário fixar uma estrutura legal para que haja uma uniformidade nas demonstrações contábeis. A Lei n.º 6.404/1976, já devidamente ajustada e complementada pela Lei n.º 11.638/2007, que ordenou a seguinte estrutura: A estrutura legal da Demonstração do Resultado do Exercício 4.24 O resultado é frequentemente utilizado como medida de performance ou como base para outras medidas, tais como o retorno do investimento ou o resultado por ação. Os elementos diretamente relacionados com a mensuração do resultado são as receitas e as despesas. O reconhecimento e a mensuração das receitas e despesas e, consequentemente, do resultado, dependem em parte dos conceitos de capital e de manutenção de capital adotados pela entidade na elaboração de suas demonstrações contábeis. Disposições contidas na seção V, artigo 187 da Lei n.º 6.404/76, Seção V da Lei n.º 6.404/76. Demonstração do Resultado do Exercício. Art. 187. A demonstração do resultado do exercício discriminará: I - a receita bruta das vendas e serviços, as deduções das vendas, os abatimentos e os impostos; II - a receita líquida das vendas e serviços, o custo das mercadorias e serviços vendidos e o lucro bruto; III - as despesas com as vendas, as despesas financeiras, deduzidas das receitas, as despesas gerais e administrativas e outras despesas operacionais; IV - o lucro ou prejuízo operacional, as receitas e despesas não operacionais e o saldo da conta de correção monetária (artigo 185, § 3º); IV - o lucro ou prejuízo operacional, as receitas e despesas não operacionais; (redação dada pela Lei n.º 9.249, de 1995); V - o resultado do exercício antes do Imposto sobre a Renda e a provisão para o imposto; VI - as participações de debêntures, empregados, administradores e partes beneficiárias, e as contribuições para instituições ou fundos de assistência ou previdência de empregados; 21 Essa estrutura é descrita na Lei n.º 6.404/76 da seguinte forma: Quadro 2 – Estrutura básica da Demonstração do Resultado do Exercício. VI - as participações de debêntures, de empregados e administradores, mesmo na forma de instrumentos financeiros, e de instituições ou fundos de assistência ou previdência de empregados, que não se caracterizem como despesa (Redação dada pela Lei n.º 11.638, de 2007); VII - o lucro ou prejuízo líquido do exercício e o seu montante por ação do capital social; § 1º - Na determinação do resultado do exercício serão computados: a) as receitas e os rendimentos ganhos no período, independentemente da sua realização em moeda; e b) os custos, despesas, encargos e perdas, pagos ou incorridos, correspondentes a essas receitas e rendimentos. § 2º - O aumento do valor de elementos do ativo em virtude de novas avaliações, registrados como reserva de reavaliação (artigo 182, § 3º), somente depois de realizado poderá ser computado como lucro para efeito de distribuição. Receita bruta de venda de bens e serviços: (-) Devoluções, abatimentos, descontos comerciais; (-) Impostos sobre venda; = Receita líquida; (-) Custo dos produtos e serviços vendidos; = Lucro bruto; (-) Despesas de vendas; (-) Despesas financeiras; (+) Receitas financeiras; (-) Despesas administrativas; (-) Outras despesas operacionais; (+) Outras receitas operacionais; = Lucro operacional; = Lucro antes do Imposto de Renda; (-) Provisão para Imposto de Renda; (-) Participações e contribuições; = Lucro líquido do exercício; Lucro por ação. Fonte: Lei n.º 6.404/1976. 22 Unidade: Demonstração do Resultado do Exercício Já o Pronunciamento CPC (2011, parte 82) 26 – apresentação das demonstrações contábeis, emite as seguintes orientações: Vamos então analisar essas rubricas: As receitas são separadas em dois conceitos: • Receita bruta: é a soma de todas as vendas realizadas pela empresa em um determinado período; • Receita Líquida: sobre a receita bruta, desconta-se as deduções de vendas, que são basicamente de três tipos: • Devolução e abatimento: devoluções são quando a empresa vende um produto, embarca e quando esse é entregue ao cliente, é rejeitado. Isso pode ocorrer porque o cliente verificou que o produto entregue não estava com a qualidade esperada ou porque o cliente simplesmente mudou de ideia. O abatimento ocorre quando, ao invés da devolução, opta-se por conceder um valor a menos para uma próxima venda de mercadorias. A demonstração do resultado do período deve, no mínimo, incluir as seguintes rubricas, obedecidas também as determinações legais: (a) Receitas; (b) Custo dos produtos, das mercadorias ou dos serviços vendidos; (c) Lucro bruto; (d) Despesas com vendas, gerais, administrativas e outras despesas e receitas operacionais; (e) Parcela dos resultados de empresas investidas reconhecida por meio do método de equivalência patrimonial; (f) Resultado antes das receitas e despesas financeiras; (g) Despesas e receitas financeiras; (h) Resultado antes dos tributos sobre o lucro; (i) Despesa com tributos sobre o lucro; (j) Resultado líquido das operações continuadas; (k) Valor líquido dos seguintes itens: (i) Resultado líquido após tributos das operações descontinuadas; (ii) Resultado após os tributos decorrentes da mensuração ao valor justo menos despesas de venda ou na baixa dos ativos ou do grupo de ativos à disposição para venda que constituem a unidade operacional descontinuada. (l) Resultado líquido do período. O Código d e Defesa do Consumidor fixa um prazo para que o consumi dor devolva ou não a mercador ia, sendo que em algumas situaçõ es o comerciante tem o direito de recusar a devolução. No en tanto, é comum no mercado, principalmente entre as emp resas que têm forte relaciona mento, aceitar devoluções. 23 • Desconto comercial: há situações onde a empresa divulga uma lista de preços que não pode ser modificada,por questões comerciais ou até legais. Quando se vê na necessidade de cobrar menos de um determinado cliente, mantém o preço fixado, mas concede um desconto. • Impostos sobre venda: são os impostos que incidem diretamente sobre as vendas. Uma relação desses impostos está disponível no quadro a seguir: Quadro 3 – Impostos que incidem diretamente sobre as vendas. Sigla Descrição Âmbito ICMS Imposto sobre Circulação de Mercadoria e Prestação de Serviços Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicações Estadual IPI Imposto sobre Produtos Industrializados Federal ISS Imposto Sobre Serviço Municipal IE Imposto sobre Exportação Federal PIS PASEP COFINS Respectivamente, Programa de Integração Social; Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público; Contribuição para Financiamento da Seguridade Social Federal • Custos: também são despesas, mas são as despesas relacionadas diretamente com o esforço de produção da empresa, seja para prestar um serviço, comercializar uma mercadoria já pronta ou transformar matéria-prima em outro produto. Nesta rubrica os usuários da Contabilidade podem verificar a eficiência de uma empresa para produzir os bens ou serviços que se propõe, ou o que em inglês é chamado de core business, ou seja, o que está ligado com o negócio principal; • Lucro bruto: é a diferença entre a receita líquida e o custo dos itens vendidos. Nesta rubrica o usuário da Contabilidade pode analisar o desempenho do esforço de vendas da empresa; • Receitas e despesas: apurado o lucro bruto, descontam-se as despesas e adicionam-se eventuais receitas com a operação da empresa. Não são as receitas diretamente ligadas à produção, mas para dar apoio e vendas. Ou o que é costume denominar em inglês de back office, aquilo que “está por trás” do negócio. Não entenda o que “está por trás” como algo sem ou de importância menor. Ao contrário, é comum empresas terem excelentes vendas, ótimos custos de produção, mas não representam sucesso com gastos de vendas, administrativos e financeiros. É justamente isso que os usuários externos verificam com considerada ênfase! Ainda quanto a definição de receitas e despesas, segue parte do CPC (2011, parte 4.25) Conceitual Básico, onde são definidas as receitas e despesas: Você Sabia ? O Fisco enxerga com muita desconfiança devoluções, abatimentos e descontos comerciais porque essas modalidades podem ser aproveitadas como subterfúgios e fraudes. De uma maneira geral, o Fisco não considera normal que uma empresa realize vendas e depois receba de volta produtos ou dê descontos e abatimentos. 24 Unidade: Demonstração do Resultado do Exercício Sendo que entre as despesas e receitas há as seguintes classificações: • Despesas de vendas; • Despesas financeiras; • Receitas financeiras; • Despesas gerais/administrativas. • Equivalência patrimonial: é o resultado obtido por meio das empresas investidas, situação comum nos chamados grupos empresariais. A priori, os resultados dessas empresas não dependem necessariamente do esforço dos sócios e/ou dos administradores, não raramente ocorrem de forma independente. Fazem parte do resultado da empresa investidora, mas para não confundir o usuário da Contabilidade, é demonstrado nessa linha em particular e atualmente há a Demonstração do Resultado Abrangente; • Resultado antes do Imposto de Renda e da Contribuição Social sobre o lucro líquido: esta conta mostra o resultado que incidirá o Imposto de Renda e a Contribuição Social sobre o lucro líquido, tributo devido ao Governo Federal pelas empresas que estão sujeitas ao recolhimento do Imposto de Renda com base no lucro real. • Resultado líquido do exercício: após essas apurações e descontado o imposto sobre a renda e a contribuição social, esta é a conta contábil que representa um aumento de patrimônio para a empresa caso seja lucro ou uma diminuição do patrimônio na condição de prejuízo. Até antes das normas contábeis internacionais, este resultado costumava receber o nome de lucros acumulados. Agora, entende-se que lucros devem ter uma destinação, ser distribuídos aos sócios e/ou acionistas, ou ainda direcionados para reservas e não acumulados para um novo período. Já os prejuízos, podem e devem ser acumulados para um novo período. Em inúmeras situações é comum um negócio apresentar prejuízos nos primeiros anos de operação e se recuperar posteriormente. 4.25 Os elementos de receitas e despesas são definidos como segue: (a) receitas são aumentos nos benefícios econômicos durante o período contábil, sob a forma da entrada de recursos ou do aumento de ativos ou diminuição de passivos, que resultam em aumentos do patrimônio líquido e que não estejam relacionados com a contribuição dos detentores dos instrumentos patrimoniais; (b) despesas são decréscimos nos benefícios econômicos durante o período contábil, sob a forma da saída de recursos ou da redução de ativos ou assunção de passivos, que resultam em decréscimo do patrimônio líquido, e que não estejam relacionados com distribuições aos detentores dos instrumentos patrimoniais. Importante Na linha de deduções de vendas demonstra-se apenas os impostos incidentes diretamente sobre as vendas e nessa linha os impostos sobre a renda. A definição de renda pode ser encontrada no Artigo 43 do Código Tributário Nacional e Lei Complementar n.º 104/2001. 25 Material Complementar A leitura do artigo abaixo ajudará no aprofundamento de seus estudos. Este texto é particularmente importante porque detectou as dificuldades que os empreendedores costumam sentir quando se deparam com as demonstrações financeiras e com a Demonstração do Resultado do Exercício (DRE). Inteirado deste tema e com esta leitura já poderá ajudar eventuais empreendedores que você conheça, dado que o conteúdo desta disciplina será útil em sua vida profissional! O texto integral está disponível em: http://www.congressousp.fipecafi.org/web/artigos112011/364.pdf. 11º Congresso USP de Controladoria e Contabilidade. São Paulo, SP, 28 e 29 julho de 2011. Compreensão e utilização da informação contábil pelos micro e pequenos empreendedores em seu processo de gestão Sonia Raifur Kos Universidade Federal do Paraná Raquel Prediger Anjos Universidade Federal do Paraná Márcia Maria dos Santos Bortolocci Espejo Universidade Federal do Paraná Léo Raifur Universidade Estadual do Centro Oeste RESUMO: Dados do IBGE (2009) destacam que as micro e pequenas empresas (MPEs) respondem por cerca de 70% dos empregos e 20% do Produto Interno Bruto. No entanto, apesar da já mencionada importância das MPEs, nota- se um interesse ainda pequeno no sentido de conhecer, analisar e propor alternativas para esse segmento empresarial. O presente estudo objetiva verificar se os gestores das MPEs recebem, compreendem e utilizam informações contábeis em seu processo de gestão. Três construtos foram investigados, (1) compreensão da informação; (2) utilização da informação e (3) recebimento da informação e relacionamento entre gestor e contador. A amostra foi constituída por 50 empresas da cidade de Guarapuava-PR. A coleta de dados foi realizada pessoalmente, por meio de questionário com questões abertas e fechadas com escala Likert. Os resultados mostram que os gestores recebem parte das informações, não as compreendem, porém as usam como subsídio em seu processo decisório, dentro do limite de sua compreensão. O termo que mais gerou dificuldade de entendimento foi Receita Contábil. Ainda observou-se que o nível de formação do gestor interfere na compreensibilidade da informação. Com de 0,008 foi demonstrado que o grau de instrução do gestor é determinante na compreensão da informação, já que existe diferença entre o escore médio de cada grupo. PALAVRAS-CHAVE: Micro e pequenas empresas; Informação; Compreensibilidade; Utilização; Relacionamento. http://www.congressousp.fipecafi.org/web/artigos112011/364.pdf 26 Unidade: Demonstração do Resultado do ExercícioReferências BRASIL. Lei n.º 6.404/76, de 15 de dezembro de 1976, dispõe sobre as sociedades por ações. Brasília, DF, 1976. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6404consol. htm>. Acesso em: 1 jul. 2014. ______. Lei nº 11.638, de 28 de dezembro de 2007, altera e revoga dispositivos da Lei n.º 6.404, de 15 de dezembro de 1976 e da Lei n.º 6.385, de 7 de dezembro de 1976 e estende às sociedades de grande porte disposições relativas à elaboração e divulgação de demonstrações financeiras. Brasília, DF, 2007. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007- 2010/2007/lei/l11638.htm>. Acesso em: 1 jul. 2014. ______. Lei n.º 11.941, de 27 de maio de 2009, altera a legislação tributária federal relativa ao parcelamento ordinário de débitos tributários; concede remissão nos casos em que específica. Brasília, DF, 2009. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007- 2010/2009/lei/l11941.htm>. Acesso em: 1 jul. 2014. CPC (Org.). Pronunciamento 26 (R1) apresentação das demonstrações contábeis. Brasília, DF, 2011. Disponível em: <http://www.cpc.org.br/Arquivos/Documentos/312_CPC_26_ R1_rev%2003.pdf>. Acesso em: 1 jul. 2014. ______. Pronunciamento conceitual básico (r1) estrutura conceitual para elaboração e divulgação de relatório contábil-financeiro. Brasília, DF, 2011. Disponível em: <http:// www.cpc.org.br/Arquivos/Documentos/147_CPC00_R1.pdf>. Acesso em: 1 jul. 2014. GRIFFIN, M. P. Contabilidade e finanças. Trad. Giovanna Matte; Giuliana Castorino. São Paulo: Saraiva, 2012. (Série Fundamentos, conhecimento real para o mundo real). IUDÍCIBUS, S. (Coord.). Contabilidade introdutória. 10. ed. São Paulo: Atlas, 2010. SCHMALENBACH, E. Dynamic accounting. 12. ed. Cologne, Italy: Arno, 1955. SIEGEL, K.; MATTICK, P. Arte & dinheiro. Trad. Ivan Kuck. Rio de Janeiro: Zahar, 2010. SILVA, T. T. da. Conversa de botequim: o processo criativo da função conativa em Noel Rosa. Cadernos do Il. Porto Alegre, RS, n. 43, p.111-125, 31 dez. 2011. Disponível em: <http://seer. ufrgs.br/index.php/cadernosdoil/article/view/25330>. Acesso em: 1 jul. 2014. 27 Anotações www.cruzeirodosulvirtual.com.br Campus Liberdade Rua Galvão Bueno, 868 CEP 01506-000 São Paulo SP Brasil Tel: (55 11) 3385-3000 http://www.cruzeirodosulvirtual.com.br
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