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579314095-Eclesiologia-1

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ECLESIOLOGIA
CURSOS DE GRAUDAÇÃO – EAD
Eclesiologia — Prof. Dr. Júlio Endi Akamine
Meu nome é Padre Julio Endi Akamine. Sou graduado em 
Filosofia pela Universidade Católica do Paraná (Curitiba), e 
Teologia pelo Studium Theologicum de Curitiba. Fiz 
especialização (mestrado e doutorado) 
em Teologia sistemática na Pontifícia Universidade Gregoriana 
de Roma.Tenho experiência no campo da formação dos padres 
e de irmãos da Sociedade do Apostolado Católico (SAC-
Palotinos) e colaborei, por seis anos, no Secretariado Internacional 
para a Formação da SAC. Resido atualmente em São Paulo (SP) 
e exerço a função de Reitor Provincial da Província São Paulo 
Apóstolo desde janeiro de 2008. Desde 1995 leciono no Instituto de Teologia Studium 
Theologicum de Curitiba. Lecionei as disciplinas de introdução à teologia, teologia 
fundamental, sacramentologia geral, sacramentos do Batismo, Crisma e Eucaristia, 
Eclesiologia. Atualmente leciono a disciplina de Teologia Trinitária. No Centro Universitário 
Claretiano, sou autor da disciplina Teologia Trinitária.
e-mail: jeakamine@tiscali.it
ECLESIOLOGIA
Prof. Dr. Júlio Endi Akamine
Caderno de Referência de Conteúdo
© Ação Educacional Claretiana, 2010 – Batatais (SP)
Trabalho realizado pelo Centro Universitário Claretiano de Batatais (SP)
Cursos: Graduação
Disciplina: Eclesiologia
Versão: jul./2013
Reitor: Prof. Dr. Pe. Sérgio Ibanor Piva
Vice-Reitor: Prof. Ms. Pe. José Paulo Gatti
Pró-Reitor Administrativo: Pe. Luiz Claudemir Botteon
Pró-Reitor de Extensão e Ação Comunitária: Prof. Ms. Pe. José Paulo Gatti
Pró-Reitor Acadêmico: Prof. Ms. Luís Cláudio de Almeida
Coordenador Geral de EaD: Prof. Ms. Artieres Estevão Romeiro
Coordenador de Material Didático Mediacional: J. Alves
Corpo Técnico Editorial do Material Didático Mediacional
Preparação 
Aline de Fátima Guedes
Camila Maria Nardi Matos 
Carolina de Andrade Baviera
Cátia Aparecida Ribeiro
Dandara Louise Vieira Matavelli
Elaine Aparecida de Lima Moraes
Josiane Marchiori Martins
Lidiane Maria Magalini
Luciana A. Mani Adami
Luciana dos Santos Sançana de Melo
Luis Henrique de Souza
Patrícia Alves Veronez Montera
Rita Cristina Bartolomeu 
Rosemeire Cristina Astolphi Buzzelli
Simone Rodrigues de Oliveira
Revisão
Felipe Aleixo
Rodrigo Ferreira Daverni
Talita Cristina Bartolomeu
Vanessa Vergani Machado
Projeto gráfico, diagramação e capa 
Eduardo de Oliveira Azevedo
Joice Cristina Micai 
Lúcia Maria de Sousa Ferrão
Luis Antônio Guimarães Toloi 
Raphael Fantacini de Oliveira
Tamires Botta Murakami de Souza
Wagner Segato dos Santos
Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução, a transmissão total ou parcial por qualquer 
forma e/ou qualquer meio (eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação e distribuição na 
web), ou o arquivamento em qualquer sistema de banco de dados sem a permissão por escrito do 
autor e da Ação Educacional Claretiana.
Centro Universitário Claretiano 
Rua Dom Bosco, 466 - Bairro: Castelo
Batatais/SP – CEP 14.300-000
cead@claretiano.edu.br
Fone: (16) 3660-1777 – Fax: (16) 3660-1780 – 0800 941 0006
www.claretiano.edu.br
SUMÁRIO
CADERNO DE REFERÊNCIA DE CONTEÚDO
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................... 9
2 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA DISCIPLINA ............................................ 11
3 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................... 36
UnidAdE 1 – O DESAFIO E A ATUALIDADE DA ECLESIOLOGIA
1 OBJETIVOS ........................................................................................................ 37
2 CONTEÚDOS ..................................................................................................... 37
3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE ............................................... 38
4 INTRODUÇÃO À UNIDADE ............................................................................... 38
5 DIFICULDADES PROVENIENTES DO CONTEXTO SOCIAL ATUAL ................... 38
6 OBJEÇÕES ORIGINADAS DA DIVISÃO ENTRE OS CRISTÃOS E O 
PLURALISMO RELIGIOSO ................................................................................. 41
7 IGREJA: SUJEITO DA FÉ .................................................................................... 45
8 IGREJA COMO OBJETO DE FÉ .......................................................................... 48
9 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ........................................................................ 51
10 CONSIDERAÇÕES ............................................................................................. 51
11 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................... 52
UnidAdE 2 – ANTIGO TESTAMENTO: A IGREJA ANTES DA IGREJA
1 OBJETIVOS ........................................................................................................ 53
2 CONTEÚDOS ..................................................................................................... 53
3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE ............................................... 54
4 INTRODUÇÃO À UNIDADE ............................................................................... 55
5 POVO E EXÉRCITO DE DEUS ............................................................................. 58
6 POVO dAS dOZE TRiBOS – AS dOZE TRiBOS.................................................. 60
7 RESTO SANTO ................................................................................................... 61
8 DIÁSPORA E EXÍLIO .......................................................................................... 63
9 COMUnidAdE CULTUAL – ASSEMBLEiA ........................................................ 64
10 REINO DE DAVI ................................................................................................. 66
11 REINO DE DEUS ................................................................................................ 68
12 RELAÇÃO COM OS OUTROS POVOS ................................................................ 71
13 AO SERVIÇO DO UNIVERSALISMO DA SALVAÇÃO ......................................... 73
14 SOLIDARIEDADE ENTRE INDIVÍDUO E COLETIVIDADE .................................. 74
15 ECLESIOLOGIA DO NOVO TESTAMENTO ........................................................ 90
16 A IGREJA SEGUNDO MATEUS .......................................................................... 100
17 ESCRITOS DE LUCAS ......................................................................................... 107
18 PALAVRA E FÉ .................................................................................................... 111
19 COMO É A VIDA DESSA IGREJA? ...................................................................... 113
20 IGREJA SEGUNDO O EVANGELHO DE JOÃO ................................................... 115
21 ESTRUTURAS DA IGREJA .................................................................................. 120
22 IGREJA SEGUNDO AS CARTAS PAULINAS ....................................................... 131
23 IGREJA NAS CARTAS PASTORAIS ..................................................................... 140
24 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ........................................................................ 153
25 CONSIDERAÇÕES .............................................................................................. 153
26 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................... 153
27 E-REFERÊnCiAS ................................................................................................ 154
UnidAdE 3 – A IGREJA ATRAVÉS DA HISTÓRIA
1 OBJETIVOS ........................................................................................................ 155
2 CONTEÚDOS ..................................................................................................... 155
3 ORIENTAÇÕES PARA ESTUDO DA UNIDADE ...................................................156
4 INTRODUÇÃO À UNIDADE ............................................................................... 156
5 ECLESIOLOGIA DOS PRIMEIROS SÉCULOS ..................................................... 158
6 LINGUAGEM DOS SÍMBOLOS ......................................................................... 160
7 IGREJA NO REGIME DA CRISTANDADE: MUNDO NA IGREJA ........................ 166
8 REFORMA GREGORIANA ................................................................................. 176
9 MUDANÇAS PROMOVIDAS PELA REFORMA GREGORIANA ......................... 181
10 ECLESIOLOGIA DO CORPO MÍSTICO ............................................................... 183
11 CONCÍLIO DE TRENTO: IGREJA SOCIEDADE ................................................... 185
12 CONCÍLIO DE TRENTO ...................................................................................... 192
13 TEOLOGIA DE CONTROVÉRSIA ........................................................................ 195
14 COnCÍLiO VATiCAnO i (1869-1870): PRiMAdO E iGREJA UniVERSAL ......... 198
15 ECLESIOLOGIA DO CONCÍLIO VATICANO I...................................................... 203
16 PRIMADO NA CONSTITUIÇÃO DOGMÁTICA PASTOR AETERNUS ................ 205
17 VATiCAnO ii (1962-1965): iGREJA POVO dE dEUS ......................................... 210
18 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ........................................................................ 227
19 CONSIDERAÇÕES .............................................................................................. 228
20 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................... 228
21 E-REFERÊnCiAS ................................................................................................ 229
UnidAdE 4 – REFLEXÃO SISTEMÁTICA
1 OBJETIVOS ........................................................................................................ 231
2 CONTEÚDOS ..................................................................................................... 231
3 ORIENTAÇÕES PARA ESTUDO DA UNIDADE ................................................... 233
4 INTRODUÇÃO À UNIDADE ............................................................................... 233
5 IGREJA: UMA COMPLEXA REALIDADE ............................................................ 234
6 PROPRIEDADES FUNDAMENTAIS DA IGREJA ................................................. 247
7 UNIDADE ........................................................................................................... 251
8 IGREJA UNIDA E ÚNICA .................................................................................... 252
9 UNIDADE EXTERNA E INTERNA ....................................................................... 256
10 VÍNCULOS DE UNIDADE: VISIBILIDADE E INTERIORIZAÇÃO ......................... 258
11 FÉ: PRINCÍPIO DE UNIDADE ECLESIAL ........................................................... 260
12 VIDA FRATERNA ............................................................................................... 264
13 UNIDADE NA PLURALIDADE E NA TENSÃO ENTRE PARTICULAR E 
UNIVERSAL ........................................................................................................ 265
14 UNIVERSAL E IGREJAS LOCAIS ......................................................................... 266
15 CONCILIAÇÃO COMPLEMENTAR E INCLUSIVA............................................... 274
16 FERIDAS DA UNIDADE ...................................................................................... 277
17 DISTINÇÃO ENTRE HERESIA E CISMA ............................................................. 278
18 RUMO À UNIDADE ........................................................................................... 288
19 SANTIDADE ....................................................................................................... 290
20 DADOS DA ESCRITURA ..................................................................................... 291
21 PATRÍSTICA ........................................................................................................ 296
22 IDADE MÉDIA E ÉPOCA MODERNA ................................................................. 299
23 NA SUA FORMA HISTÓRICA, A IGREJA É TAMBÉM PECADORA .................... 303
24 A IGREJA É CATÓLICA ....................................................................................... 306
25 MISSÃO ............................................................................................................ 317
26 CATOLICIDADE E INCULTURAÇÃO ................................................................... 321
27 MÉTODO MISSIONÁRIO ................................................................................... 322
28 FINALIDADE DA MISSÃO .................................................................................. 324
29 A IGREJA É APOSTÓLICA .................................................................................. 329
30 APOSTOLICIDADE NA PATRÍSTICA ................................................................... 333
31 APOSTOLICIDADE NA IDADE MÉDIA E MODERNA ........................................ 336
32 TRADIÇÃO APOSTÓLICA E SUCESSÃO APOSTÓLICA ...................................... 337
33 OS BISPOS SÃO SUCESSORES DOS APÓSTOLOS? ........................................... 338
34 SUCESSÃO APOSTÓLICA .................................................................................. 339
35 O PRIMADO ...................................................................................................... 347
36 O BISPO DE ROMA, SUCESSOR DE PEDRO ..................................................... 355
37 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ........................................................................ 365
38 CONSIDERAÇÕES .............................................................................................. 366
39 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................... 367
40 E-REFERÊnCiAS ................................................................................................ 367
CRC
Caderno de 
Referência de 
Conteúdo
Ementa –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Identificar e recolher as questões atuais mais importantes sobre a Igreja para 
mostrar a atualidade e a necessidade da Eclesiologia para a vida cristã. Estudar 
os fundamentos bíblicos da Eclesiologia do Antigo Testamento e do Novo Testa-
mento. Examinar o pensamento eclesiológico em seu desenvolvimento, desde 
a patrística até a renovação do Vaticano II, e confrontá-lo com as configurações 
concretas que a Igreja assumiu durante a sua história. Estudar as proprieda-
des fundamentais da Igreja, a saber: a unidade, a santidade, a catolicidade e a 
apostolicidade, procurando expô-las em sua índole escatológica e de complexa 
realidade.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
1. INTRODUÇÃO
Seja bem-vindo (a) ao estudo da disciplina Eclesiologia, dis-
ponibilizada para você em ambiente virtual (Educação a Distância).
Como você poderá constatar, nesta parte, denominada Ca-
derno de Referência de Conteúdo, encontra-se o conteúdo básico 
das quatro unidades em que se organiza a presente disciplina.
© Eclesiologia10
 Claretiano - REDE DE EDUCAÇÃO
O estudo que agora iniciaremos tem como assunto princi-
pal o mistério da Igreja em sua complexidade: a Igreja é objeto e 
sujeito da fé, instituição e carisma, sociedade visível e comunhão 
invisível, comunidade fraterna e hierárquica, santa e pecadora, 
multiplicidade de Igrejas e comunhão delas. 
Levando em conta essa complexidade da Igreja, começare-
mos nosso estudo procurando identificar as questões mais im-
portantes que surgem do contexto social, de pluralismo religioso 
e confessional e da presença do pecado na Igreja. Tais questões 
irão ajudá-lo a reconhecer a pertinência de nosso estudo. Assim, a 
atualidade do tema "Igreja" não será apenas uma partedo nosso 
estudo, mas permeará ele todo. 
Com tais perguntas, procuraremos levantar os dados bíblicos 
que fundamentam a Eclesiologia. No Antigo Testamento e no Novo 
Testamento, estudaremos especialmente as imagens que serviram 
para exprimir e viver o mistério da Igreja. As imagens mais impor-
tantes são: 
1) Esposa de Cristo (Ef 5,25-32; Ap 21,2; 22,17). 
2) Corpo de Cristo (Rm 12,4-5; 1Cor 12,12-27; Ef 1,22-23; 
Cl 1,18.24). 
3) Povo de Deus (1Pd 2,10; Rm 9,25). 
4) Templo do Espírito Santo (1Cor 3,16; 6,19). 
5) Família e Casa de Deus (Ef 2,19-22).
O estudo continuará com o exame crítico da evolução histó-
rica da Igreja tanto no aspecto teórico quanto concreto. As ideias e 
as doutrinas que a Igreja elaborou influenciaram o modo como ela 
se configurou institucionalmente. Por outro lado, as configurações 
concretas da Igreja também condicionaram, de modo decisivo, as 
doutrinas eclesiológicas. Mas não basta somente catalogar e justa-
por doutrinas e modelos eclesiais. O objetivo do estudo histórico 
é, principalmente, o de avaliar a evolução histórica da Igreja se-
gundo o modelo da Igreja apostólica.
11© Caderno de Referência de Conteúdo
Por fim, nossa disciplina procurará responder à pergunta "o 
que é a Igreja?" por meio do estudo das propriedades fundamen-
tais da Igreja, a saber: a unidade, a santidade, a catolicidade e a 
apostolicidade.
Fazemos votos que esse percurso o ajude não só a estudar, 
mas também a amar mais fielmente a Igreja.
Bom estudo!
2. ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA DISCIPLINA
Abordagem Geral da Disciplina
Prof. Dr. Pe. Márcio Luiz Fernandez
Neste tópico, apresenta-se uma visão geral do que será es-
tudado nesta disciplina. Aqui, você entrará em contato com os 
assuntos principais deste conteúdo de forma breve e geral e terá 
a oportunidade de aprofundar essas questões no estudo de cada 
unidade. Desse modo, essa Abordagem Geral visa fornecer-lhe o 
conhecimento básico necessário a partir do qual você possa cons-
truir um referencial teórico com base sólida – científica e cultural 
– para que, no futuro exercício de sua profissão, você a exerça com 
competência cognitiva, ética e responsabilidade social. Vamos co-
meçar nossa aventura pela apresentação das ideias e dos princí-
pios básicos que fundamentam esta disciplina. 
A disciplina que apresentaremos refere-se ao tratado da 
Igreja que acabou ocupando lugar privilegiado, especialmente de-
pois do Vaticano II, dentro da teologia fundamental para poder fa-
lar da Igreja como objeto de fé e do valor do testemunho eclesial. 
O objetivo principal da eclesiologia para quem estuda teolo-
gia é conhecer os aspectos mais relevantes deste tratado e perce-
ber as formas como o fato cristão se apresenta na história. Além 
disso, é importante se aproximar do paradoxo e do mistério da 
Igreja a fim de superar o famoso e falso dilema: "Cristo sim, a Igre-
© Eclesiologia12
 Claretiano - REDE DE EDUCAÇÃO
ja não". Ao aproximarmo-nos deste tratado precisamos compre-
ender que a Igreja não só é uma expressão de vida, mas ela é uma 
vida que nos chega por meio de testemunhas que viveram séculos 
antes de nós. 
O poeta inglês Eliot, no sétimo dos seus coros de A Rocha, 
evoca a história religiosa da humanidade, e descreve a situação 
dramática do homem contemporâneo no contexto da negação de 
Deus e do homem que tem de dissimular sua presença:
Mas parece que algo aconteceu que antes jamais acontecera, em-
bora não saibamos com certeza quando, ou por que, ou como, ou 
onde. Os homens não renunciaram a Deus por outros deuses, di-
zem eles, mas por um deus nenhum; e isto jamais acontecera an-
tes: de que os homens renegassem tanto os deuses quanto a sua 
adoração, professando antes de tudo a Razão, e depois o Dinheiro, 
o Poder e o que chamamos Vida, ou raça ou dialética. A Igreja re-
pudiada, a torre derruída, os sinos emborcados, que haveríamos de 
fazer senão quedarmo-nos com as mãos vazias e espalmadas para 
o alto numa idade que avança progressivamente para trás? Ermo e 
Vazio. Ermo e Vazio. E trevas sobre a face do abismo. Foi a huma-
nidade que abandonou a Igreja ou foi a Igreja que abandonou a 
humanidade? Quando a Igreja não for mais considerada, ou sequer 
contestada, e houverem os homens esquecido todos os deuses, ex-
ceto a Usura, a Luxúria e o Poder (ROCHA, s. n. t.)
O poeta aponta, neste trecho, para a impossibilidade de eli-
minar a busca – inscrita no coração do ser humano – do relaciona-
mento com Deus, pois, de alguma forma haverá a substituição por 
aquelas realidades que ele chama de Usura, Luxuria e Poder. Es-
ses são ‘deuses’ inconscientes não proclamados. E, além disso, faz 
duas perguntas sugestivas que podem ser o ponto de partida para 
pensar a missão da Igreja hoje: foi a humanidade que abandonou 
a Igreja? Ou: foi a Igreja que abandonou a humanidade?
Talvez o homem contemporâneo – sentindo-se medida de 
todas as coisas e concebendo-se fora de uma realidade de comu-
nhão tenha se afastado da Igreja. Por outro lado, devemos admitir 
que há tentativas de congelar o sentido religioso do homem e fa-
zê-lo esquecer seu relacionamento com o mistério. Há também a 
possibilidade, acenada pela pergunta de Eliot da igreja abandonar 
13© Caderno de Referência de Conteúdo
a humanidade quando favorece a redução do fato cristão a partir 
da sua essência. Do ponto de vista prático isso significa concreta-
mente três coisas: favorecer o subjetivismo na interpretação da 
Palavra, acentuar o moralismo e, por fim, enfraquecer o princípio 
de unidade do povo de Deus com a sua tradição e da referência 
com o próprio bispo e deste com o bispo de Roma. 
A disciplina de Eclesiologia trata do sujeito histórico que é 
a Igreja. A Igreja, porém, não pode ser vista como uma mera con-
figuração sociológica e nem mesmo pode ser explicada simples-
mente como uma comunidade espiritual e invisível. A Igreja é uma 
realidade, portanto, única e complexa e deve ser descrita como 
sacramento, ou seja, como uma realidade que torna visível, carnal 
– na história - uma realidade invisível: a íntima união com deus e a 
unidade de todo o gênero humano. Ou seja, tratar a igreja supõe 
reconhecer os polos complementares – a convocação divina para 
a qual ela convida e a comunidade humana que ela gera. Qual-
quer juízo sobre a Igreja deve levar em conta este aspecto: ela é 
uma realidade composta por homens e que carrega consigo algo 
excepcional, sobrenatural, cujo objetivo é levar os homens ao rela-
cionamento com a divindade. Dessa forma, é uma Igreja paradoxal 
feita para uma humanidade que também vive de forma paradoxal.
Para que o homem de hoje possa experimentar a Cristo pre-
cisa encontrar e viver na comunidade daqueles que professam a 
fé na sua presença. Por isso, segundo alguns autores, como por 
exemplo, Giussani a Igreja vem definida como a comunidade na 
qual se encontra a fisionomia de Cristo na história. 
Após esta introdução, apresentaremos a você os três pontos 
que vamos seguir nesta primeira parte com a exposição sobre a 
realidade da Igreja.
1) Origem e fundamento da Igreja.
2) A Igreja primitiva: norma e fundamento da igreja de to-
dos os tempos.
3) A Igreja como realidade edificada pelos sacramentos. 
© Eclesiologia14
 Claretiano - REDE DE EDUCAÇÃO
Vamos nos deter, portanto, sobre o primeiro ponto. A Igreja 
tem sua origem e fundamento em Jesus Cristo. A nossa preocupa-
ção, neste tópico, será a de pensar a relação entre Jesus e a Igreja 
porque este é um tema de fundamental importância para a fé cris-
tã. Temos a esse respeito diversas abordagens ao longo da história 
da teologia. Nos escritos do Novo Testamento encontramos mui-
tos elementos para falar da formação da Igreja: nos evangelhos 
a pregação e a missão de Jesus e a mediação dos apóstolos; na 
literatura paulina aparecem elementos teológicos e organizacio-
nais da Igreja nascente. O conteúdo, portanto, da autoconsciência 
da Igreja das origens consistia no fato dela se conceber como a 
continuidade de Cristo na história. A maneira deexpressar aquilo 
que os mantinha unidos e o que dava consistência a própria vida 
era formulado – já nos princípios – por meio das confissões de fé 
nas quais vinha expressa o conteúdo da fé. As profissões de fé não 
eram fórmulas abstratas, mas a afirmação da pessoa, da obra e do 
destino de Jesus Cristo. A mais conhecida e também a mais impor-
tante que encontramos é a profissão de fé de I Cor 15,3-5. 
Já na fase patrística com Inácio, Ireneu, Orígenes, João Cri-
sóstomo, Ambrósio e Agostinho teremos a exposição sobre a for-
mação da igreja a partir do lado ferido do Crucificado – simbolismo 
que será retomado na Idade Média. Mas, será apenas a partir do 
iluminismo e no contexto da controvérsia modernista que se de-
baterá a questão da singular fundação da Igreja por parte de Jesus 
Cristo. No Concílio Vaticano II, nos quatro primeiros números da LG 
2-5, se delineia uma visão da instituição da Igreja na perspectiva 
de um processo e são empregadas as palavras fundação e funda-
dor. Se observarmos a história teológica recente sobre a natureza 
teológica da fundação da Igreja por parte de Jesus encontraremos 
diferentes abordagens: 
1) Uma obra sobre a vida de Jesus, escrita pelo luterano 
Reimarus (1694-1768), afirmava que o objetivo de Jesus 
e seus discípulos não era o de fundar uma igreja, e sim o 
de restabelecer o reino de Davi na Palestina. 
15© Caderno de Referência de Conteúdo
2) Já na pesquisa de alguns autores da linha histórico-libe-
ral (1932), entre eles R. Bultmann e seus seguidores, a 
posição é de negar qualquer forma de Igreja organizada 
no pensamento e na pregação de Jesus. 
3) Há ainda a abordagem do protocatolicismo – que teve 
grande influência sobre vários exegetas protestantes – 
em que se vê um contraste entre a eclesiologia paulina 
voltada para os carismas e a eclesiologia mais tardia – 
nas deuteropaulinas – que se baseia na autoridade dos 
ministros ordinários e, por isso, é uma eclesiologia de 
tipo católica que não pode ser mais atribuível a vontade 
do Jesus histórico. 
4) Alguns teólogos católicos – antes do Concílio – já falavam 
que a manifestação da Igreja depois da Páscoa estava 
em continuidade com Jesus e com suas obras e palavras, 
e chegaram a falar de "atos criadores da Igreja por parte 
de Jesus". nos últimos anos – em âmbito católico – já se 
fala de uma eclesiologia implícita. O que isto significa? 
Significa que Jesus não é entendido tanto como funda-
dor de uma nova instituição, mas aquele que reuniu o 
verdadeiro Israel dos últimos tempos: a Igreja. Assim o 
cristianismo nascente seria primeiro um movimento de 
renovação do próprio judaísmo e que consumou pouco 
a pouco sua ruptura com o judaísmo farisaico. Por meio 
dessa ideia da eclesiologia implícita e processual se de-
terminará a instituição por Jesus Cristo. Tal determina-
ção se dará a partir da pessoa e da consciência de Jesus, 
pois a pregação do Reino, iniciada por Jesus permanece, 
depois da Páscoa, ligado à pregação da Igreja.
Continuando, podemos chamar a atenção para outro as-
pecto do tratado sobre a Igreja referente à importância da época 
apostólica da Igreja primitiva como normativa para todos os tem-
pos, pois ali temos o momento da revelação plena e definitiva de 
Jesus Cristo. Esta origem apostólica tem a ver com os escritos do 
Novo testamento. 
Do ponto de vista histórico e sociológico pode-se dividir, con-
forme nos apresenta o professor Pie Ninot, em três períodos: 
© Eclesiologia16
 Claretiano - REDE DE EDUCAÇÃO
1) Período apostólico (30-65). 
2) Período sub-apostólico (66-100). 
3) Período pós-apostólico (100-150). 
No período apostólico temos de salientar que os cristãos se 
tornaram uma comunidade respeitável, sociologicamente identifi-
cável, na qual o batismo tinha a função de distinguir os seguidores 
de Jesus. Tal comunidade se distinguia pela oração; pela fração do 
pão como atualização da festa pascal judaica em perspectiva euca-
rística; pela atenção ao ensinamento dos apóstolos e pela comu-
nhão de bens atestada em At. 2,44s; 4, 32-37. 
Já a partir do ano 66 d.C. temos alguns dados importantes 
que provocam mudanças na vida dos cristãos: o desaparecimento 
dos grandes apóstolos (Tiago, Pedro e Paulo); a destruição do tem-
plo de Jerusalém e a crescente separação do judaísmo são todos 
fatores que contribuem para outra configuração da eclesiologia 
da Igreja nascente. O desaparecimento da geração apostólica, por 
exemplo, obrigou pouco a pouco a seguir o princípio da tradição 
por sucessão e elevou a encontrar sucessores do ministério exerci-
do pelos apóstolos. Por volta de 110 d.C, Inácio de Antioquia já tes-
temunha a presença do tríplice grau do ministério apostólico: bis-
pos, presbíteros e diáconos estabelecidos até os confins da terra e, 
desse modo, passa-se de um apostolado missionário para aquele 
da comunidade com um colégio de ministros locais. Vemos, então, 
que com o último escrito do n.T – a 2 carta de Pedro – encerra-se 
a época apostólica da Igreja primitiva. Existe uma pluralidade de 
realidades eclesiais fundadas pelos apóstolos e uma progressiva 
institucionalização da Igreja nascente e na qual emerge a função 
autoritativa do ministério eclesiástico.
Por fim, queremos chamar a atenção para o último ponto no 
qual se diz que a Igreja vem edificada pelos sacramentos. O que 
isso quer dizer? 
Desde o princípio na interpretação patrística apareceu o 
simbolismo sacramental da edificação da Igreja. Santo Agostinho 
17© Caderno de Referência de Conteúdo
resume bem o pensamento dos padres da Igreja a este respeito: 
"Quando o Senhor dormia na cruz, a lança atravessou o seu lado e 
dele brotaram os sacramentos com os quais a Igreja foi criada. E é 
assim que a Igreja foi criada da costela de Adão". 
O vínculo entre o batismo e a eucaristia permanecerá bem 
articulado durante os séculos. O batismo que distingue o fiel cris-
tão é o fundamento do seu sacerdócio comum: o batizado é con-
figurado à imagem de Cristo, constituído membro da Igreja, situa-
ção que manifesta que ele é sinal distintivo exigindo o testemunho 
de Jesus Cristo neste mundo. 
Na primeira parte discutimos sobre alguns eixos de susten-
tação do tratado da Igreja. Para poder refletir agora sobre o sig-
nificado do que é a Igreja, será útil considerar alguns conceitos 
utilizados pelo Vaticano II. A realidade paradoxal que é a Igreja, a 
partir deste Concílio, teve de retomar as fontes da renovação ecle-
sial: a Palavra de Deus e a celebração litúrgica para orientar, assim, 
o rumo ao futuro da missão da Igreja no mundo contemporâneo.
A Igreja como sacramento 
A descrição mais significativa da Igreja é quando ela é apre-
sentada como sacramento. Este termo traduz o conceito bíblico de 
mysterion cujo sentido é equivalente a algo divino manifestado na 
realidade visível. Por este termo se pode mostrar que a Igreja pode 
ser explicada como uma realidade paradoxal, na qual os polos apa-
rentemente opostos se fundem em unidade. Dizemos que a Igreja 
é santa e a vemos cheia de pecadores. Se diz que ela tem a missão 
de tirar os homens das preocupações terrestres para ocupar-se 
das coisas do céu e a vemos incessantemente ocupada das coisas 
da terra. Asseguram que é uma realidade universal e constatamos 
algumas vezes que seus membros, por uma espécie de fatalidade, 
se colocam em grupinhos fechados. Isso porque a Igreja está casa-
da – assume – com todas as características da humanidade, com 
todas as contradições sem fim que existem no ser humano. 
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A Igreja como povo de Deus 
A igreja é denominada também como povo de Deus. O ter-
mo Igreja em grego designa literalmente assembleia, reunião de 
pessoas. O termo com o qual as primeiras comunidades denomi-
navam suas reuniões – como Ecclesia Dei – a comunidade de deus, 
expressava a convicção de que eles eram o cumprimento pleno das 
promessas, por isso, o povo de Yahvé, porque justamente viviam 
como uma assembleia reunida pelo Deus de Jesus Cristo. Um dadoessencial é o seguinte: o que nutria a comunidade cristã como 
Igreja não era o fato do número de pessoas que aderiam e nem 
mesmo o puro fato de estar juntos, mas a consciência de que eram 
reunidos e convocados pelo próprio Deus. Deus elege e reúne os 
seus por meio da palavra e dos sacramentos. Enfim, o emprego 
dessa expressão Povo de Deus faz referência a todos os batizados 
e acabou por ser a marca essencial da eclesiologia do Vaticano II. 
A Igreja como comunhão 
Quando se define a Igreja como comunhão (communio) o 
significado deve ser procurado em diversas dimensões: a Igreja 
quer ser sinal básico de comunhão com Deus por meio da partici-
pação dos fiéis na Palavra e nos sacramentos. E, como consequên-
cia desta participação os homens são chamados a uma comunhão 
entre si. E, ainda, temos um terceiro nível que é o da comunhão 
das igrejas locais com a Igreja universal.
 Comunhão é um termo muito utilizado na igreja primitiva 
e apreciado, de forma especial, nas Igrejas orientais. De fato, nos 
primeiros séculos – na época patrística – a eclesiologia era mais 
vivida como consciência de pertença e comunhão entre os fiéis e 
os bispos e dos bispos com os fiéis do que propriamente como um 
tratado teológico sistemático. A vivência em um contexto litúrgico, 
espiritual e social no qual os fiéis sentiam-se pertencentes à Igreja 
como o lugar que os conduzia a salvação e, por meio do batismo, 
renovava a consciência de um novo sujeito era um dado funda-
19© Caderno de Referência de Conteúdo
mental. Era muito viva a ideia da maternidade da Igreja: a Ecclesia 
Mater. O princípio visível desta comunhão, como já observamos, 
são os bispos que individualmente são o fundamento da unidade 
nas suas igrejas particulares e sinal de unidade com a Igreja uni-
versal. 
A Igreja como corpo de Cristo 
O cristianismo é a afirmação de um fato bom para o ser hu-
mano, um anúncio, isto é, Cristo nascido, morto e ressuscitado. 
Não é algo abstrato. Portanto, segundo nos indica o estudioso do 
fato cristão, Luigi Giussani, ‘o cristianismo é um fator dramatica-
mente decisivo para o homem, somente se é considerado nesta 
sua originalidade, nesta sua densidade de fato, cuja fisionomia, há 
dois mil anos, era a de um homem singular, mas que já naquela 
época tinha também o rosto das pessoas que se uniam e iam, duas 
a duas, fazer aquilo que ele fazia e as mandava fazer, e depois vol-
tavam para junto dele. Em seguida, foram por todo o mundo en-
tão conhecido, como uma só coisa, para levar aquele fato. O rosto 
daquele homem é hoje o conjunto dos que creem, que são o sinal 
no mundo, ou – como disse são Paulo, são o Corpo dele, corpo 
Misterioso, chamado também povo Deus, Guiado por uma pessoa 
viva, os bispos em comunhão com o bispo de Roma. 
A igreja como tradição viva 
Definir a igreja como tradição viva significa mostrar todo o 
dinamismo de doutrina, culto, vida e expressão da fé que a mesma 
Igreja crê. 
A Dei Verbum usa a palavra tradição em dois sentidos: para 
descrever o que não está escrito na Escritura, mas, presente na 
tradição apostólica e, em segundo lugar, fala da tradição como o 
processo no qual a revelação é transmitida de maneira viva – como 
expressão do espírito santo – essa força vital que herdamos de 
nossos pais e que se perpetua é a chamada tradição viva que corre 
continuamente através dos tempos. 
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A Igreja como sociedade 
Em vários números da Lumem gentium a Igreja é descrita 
como uma realidade sociologicamente identificável. É um grupo 
visível e social, estabelecido e estruturado no mundo com as ca-
racterísticas próprias da sociedade. 
A Igreja como instituição 
Este conceito está estreitamente relacionado com o de Igre-
ja sociedade. A reflexão sobre a instituição revela as formas e ativi-
dades que, apesar de serem desenvolvidas dentro de uma história, 
mantêm traços permanentes nos seus ritos, nas funções de poder, 
nos símbolos, nas tradições consolidadas, e na unidade de gestos 
etc. 
O teólogo Pie Ninot dá três razões com as quais justifica a 
relevância e a importância da instituição Igreja: em primeiro lu-
gar a instituição aparece como sinal identificador do Espírito, isto 
é, ela ajuda a Igreja a identificar-se com a mensagem originária 
do Evangelho servindo-se das estruturas institucionais. O risco a 
ser evitado, evidentemente, será o de achar que a tarefa seria o 
de uma pura conservação histórica, sem a devida encarnação em 
cada situação concreta. O segundo aspecto que justifica a institui-
ção seria o fato de ser ela sinal da força integradora do Espírito. 
Cada crente e as diversas igrejas estão em unidade com a Igreja 
universal e o faz por intermédio das estruturas institucionalizadas 
da própria Igreja. O Espírito integra uma pluralidade na unidade. 
Este dado torna possível um sistema aberto ao Espírito, razão últi-
ma da unidade da Igreja, mediante os múltiplos dons que lhe são 
comunicados. O terceiro e último aspecto ressalta que a institui-
ção é sinal da força libertadora do Espírito, pois exime os cren-
tes de procurar sozinhos a própria salvação. A força libertadora 
da instituição, por sua vez, deve tornar possível uma participação 
dos crentes e co-responsabilidade por toda ela por meio de formas 
sinodais de participação. 
21© Caderno de Referência de Conteúdo
Quando se fala da Igreja devemos lembrar e examinar todos 
estes conceitos na sua convergência e complementaridade. Sabe-
mos que a Igreja é uma complexa realidade resultante da união do 
elemento divino e humano e, desse modo, compara-se ao mistério 
do verbo encarnado. Por isso, todos estes modos de descrever a 
Igreja são complementares e devem ser lidos à luz do mistério de 
Cristo. 
Os principais adjetivos com os quais se mostra as dimensões 
da Igreja e que estão presentes já no símbolo de Constantinopla 
do ano de 381 são quatro: 
1) Una. 
2) Santa. 
3) Católica. 
4) Apostólica.
Trata-se de quatro dimensões nas quais se mostram em sín-
tese o mistério da Igreja de Cristo. São categorias que permitem 
conhecer o ser íntimo da Igreja e revelam a íntima relação dela 
com Cristo.
 A Igreja é Una 
Os padres apresentavam a Igreja como o ícone da Trindade 
e definiam-na como "o povo reunido na unidade do Pai e do Filho 
e do Espírito Santo". Dessa forma aparecia claramente a razão e o 
fundamento de se afirmar que a Igreja era una, pois Deus é uno e 
único. Contudo, quais seriam as condições para afirmar este víncu-
lo de unidade? Quais os elementos que exprimem tal unidade? A 
unidade na Igreja vem estabelecida por elementos descritos já nos 
At 2,42 na primeira comunidade dos discípulos: 
1) Unidade de fé pelo ensinamento dos apóstolos (vinculum 
symbolicum). A fé é o princípio de união entre as pessoas 
que crêem na mesma coisa, este vínculo gera uma unida-
de tanto interior como exterior. 
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2) Unidade na fração do pão e, por isso, os padres vão di-
zer que a eucaristia faz a Igreja (vinculum liturgicum). A 
tradição sempre viu na água – o sacramento do batismo 
que nos incorpora à igreja – e no sangue – a eucaristia 
– que brotavam do lado de Cristo crucificado o símbo-
lo dos sacramentos que nos unem a Cristo e formam a 
Igreja. 
3) Por fim, a unidade de vida social/comunitária (vinculum 
sociale/communitarium). As imagens do Novo Testa-
mento mostram a realidade eclesial como mútua coope-
ração entre bispos, presbíteros, diáconos e os carismas 
dos fiéis. 
A Igreja é Santa 
Já no século 2º encontramos este adjetivo aplicado à Igreja: 
"Os cristãos são chamados de ‘nação santa’ (I Pd 2,9) em virtu-
de da eleição e da aliança de amor com Cristo. Em Ef. 5,25-27 se 
diz que Cristo amou a Igreja e quis que fosse santa e irrepreensí-
vel". Há toda uma tradição teológica na qual aparece a tradição de 
qualificar a Igreja como Santa e, dessa forma, chega-se ao Concí-
lio Vaticano II em que na LG a Igreja é apresentada como a inde-
fectivelmente santa, esposa imaculadae digna esposa. Mas uma 
vez que abriga em seu seio os pecadores, ela é santa, mas sempre 
necessitada de purificação, de renovação e de reforma. A igreja 
é peregrina neste mundo, por isso, tem de estar em permanente 
reforma e como Esposa de Cristo, sob a ação do Espírito Santo, não 
deve deixar de renovar-se.
A Igreja é Universal (católica) 
Será nos escritos de Inácio de Antioquia que pela primeira 
vez encontraremos este atributo de ‘católica’ dada a Igreja cujo 
significado será de universalidade e autenticidade. No símbolo 
niceno-constantinopolitano – no século 4º – aparecerá de forma 
definitiva. Santo Isidoro para explicar este conceito diz: "Católica 
23© Caderno de Referência de Conteúdo
universal significa segundo a totalidade, não como os grupinhos 
dos heréticos limitados a certas regiões, mas difundida por todo o 
orbe da terra". Já Tomás de Aquino e Alberto Magno vão sublinhar 
o sentido qualitativo dessa expressão: se a fé é universal significa 
que a Igreja anuncia a verdade sobre Deus, princípio e fim de todas 
as coisas, e desse modo, responde às exigências de totalidade do 
coração do ser humano. Tal plenitude está contida em Cristo: que 
para Tomás é sabedoria de Deus e salvador de todo o gênero hu-
mano. No Vaticano II se sublinha que esta universalidade da Igreja 
se evidencia na comunhão – uma espécie de osmose – entre as 
igrejas locais e a igreja universal.
A Igreja é Apostólica 
O sentido da apostolicidade deve ser visto sob dois aspectos 
fundamentais. De um lado, a questão da sucessão ministerial e, 
em segundo lugar, a tradição histórica. 
O principio da apostolicidade da igreja implica o reconheci-
mento do ministério de ensinamento e de direção como institui-
ção derivada de Cristo por meio dos apóstolos e por meio deles. A 
apostolicidade refere-se, portanto, ao fato de que os anunciadores 
da fé estão ligados à regra da salvação em Cristo: eles não falam 
em nome próprio, mas são testemunhas daquilo que ouviram e 
nada na Igreja escapa a esta regra, o que se anuncia é a fé da Igre-
ja apostólica, por isso, a regra da fé exige testemunhas enviadas 
e que não se autorizam por si mesmas. Quanto a tradição histó-
rica deve-se afirmar aquilo que é comum em vários documentos 
ecumênicos: na vida das primeiras comunidades se delineia um 
desenvolvimento que conduz já no final do século 1º em que te-
mos os apóstolos e seus colaboradores no ministério e depois seus 
sucessores e que culmina no século 2º com a estabilização e leva 
ao reconhecimento do ministério do bispo. 
Com isso desejamos a você um ótimo trabalho.
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Glossário de Conceitos 
O Glossário de Conceitos permite a você uma consulta rápi-
da e precisa das definições conceituais, possibilitando-lhe um bom 
domínio dos termos técnico-científicos utilizados na área de co-
nhecimento dos temas tratados na disciplina Eclesiologia. Veja, a 
seguir, a definição dos principais conceitos desta disciplina: 
1) Regra da fé: "é o critério público e eclesial para discernir 
a verdadeira revelação comunicada por Cristo à Igreja. 
Santo Irineu de Lião (130-200) desenvolveu esse con-
ceito contra os gnósticos que pretendiam revelações 
especiais acessíveis a uma elite" (O’COLLINS; FARRUGIA, 
1995, p. 308). 
2) Tipologia: "é o modo de interpretar eventos, pessoas e 
coisas como tipos que revelam em modo obscuro os an-
titipos do Novo Testamento, que realizam a revelação e a 
salvação. Assim, Adão e Melquisedec são tipos de Cristo 
(Rm 5,14; Hb 6,20-7,28). A história do Povo de Deus no 
êxodo do Egito prefigura as dificuldades que os cristãos 
devem enfrentar e os sacramentos que recebem (1Cor 
10,1-11). O dilúvio prefigura o batismo (1Pd 3,20-21) e 
o maná no deserto antecipa o pão da vida (Jo 6,48-51). 
Santo Irineu (130-200) e, depois, a escola de Alexandria 
foram atentos a esse sentido típico da Escritura que Orí-
genes (185-254) desenvolveu em uma direção alegórica. 
No ocidente, a interpretação tipológica foi adotada por 
Ambrósio (339-397) e, em seguida, por Santo Agostinho 
de Hipona (354-430), por meio do qual passou para os 
latinos da Idade Média" (O’COLLINS; FARRUGIA, 1995, 
p. 390). 
3) Cesaropapismo: é a prática de Estado que interfere con-
tinuamente nos negócios da Igreja com o pretexto de 
defender os interesses dos fiéis. Os imperadores roma-
nos tinham sido os pontífices máximos da religião pagã 
estatal. Quando se converteram ao cristianismo, desres-
peitaram, muitas vezes, a autonomia do governo da Igre-
ja. Como o Império sobreviveu mais tempo no Oriente, 
os príncipes bizantinos dominaram os patriarcas, espe-
25© Caderno de Referência de Conteúdo
cialmente no período precedente à crise de 1054 entre 
Oriente e Ocidente (O’COLLINS; FARRUGIA, 1995, p. 51). 
4) Cluny: é o mosteiro fundado na Borgonha em 909 em 
continuidade com a reforma de Bento de Aniane. Uma 
vez que a decadência da vida religiosa provinha da ma-
nipulação de seculares, o fundador (o Duque da Aquitâ-
nia, Guilherme) doou esse mosteiro ao papa e aos seus 
sucessores. A sugestão dessa doação tinha vindo de Ber-
none (abade de Baume, de Gigny e, depois, de Cluny). 
A proteção pontifícia tinha o objetivo de assegurar a li-
berdade do mosteiro das intromissões do poder secular. 
Mais tarde, Cluny foi subtraída também da jurisdição do 
bispo de Mâcon, pois também ele estava muito sujeito à 
intromissão dos seculares. Para assegurar a unidade de 
observância, as três casas (Baume, Gigny e Cluny) rece-
beram o mesmo chefe (o abade de Cluny) e os mesmo 
costumes. Com o tempo Cluny fundou outros mosteiros 
que foram agregados ao mesmo movimento de reforma. 
O ideal perseguido foi o retorno ao fervor da Igreja primi-
tiva, a antecipação escatológica da Jerusalém celeste e a 
realização do mistério de Pentecostes. Luta das Investi-
duras: no final do século 11 e no início do 12 houve uma 
controvérsia acerca do papel do imperador e dos prínci-
pes na criação dos abades e dos bispos. O abade e o bis-
po eleitos recebiam do imperador e do príncipe o anel e 
o báculo e rendiam homenagem ao senhor secular antes 
de serem consagrados. O núcleo do problema era o pa-
pel da autoridade secular na nomeação dos dignitários 
eclesiásticos. O primeiro a condenar as investiduras dos 
leigos foi Nicolau II (1058-1061) em 1059. A condenação 
foi repetida por muitos papas. Em vários países, chegou-
-se a estabelecer diferentes acordos até que a questão 
foi finalmente resolvida com a concordata de Worms 
(1122) em um encontro entre Calixto II e o imperador 
Henrique V. O que estava em jogo já tinha sido exposto 
por Guido de Ferrara (1086) e, melhor ainda, por Yves 
de Chartres: os assuntos espirituais (spiritualia) eram 
domínio da Igreja; os assuntos materiais (temporalia) 
eram de responsabilidade do poder secular, mas ambos 
© Eclesiologia26
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estavam implicados no ofício dos bispos e dos abades. 
O imperador renunciou ao direito de investidura do anel 
e do báculo (símbolos do ofício eclesiástico) e concedeu 
a eleição canônica e a livre consagração. O papa, por sua 
vez, concedeu ao imperador o direito de estar presente 
nas eleições alemãs e a entregar o cetro (símbolo do po-
der ou potestade secular que o bispo exercia) antes da 
consagração. A luta das investiduras dos leigos significou 
um passo adiante no desentranhamento progressivo das 
relações entre a Igreja (bispos, clérigos e monges) e o 
Estado (príncipes e leigos) na Idade Média, processo que 
necessitaria ainda de vários séculos para chegar à sua 
conclusão (579-581) (O’DONNELL; PIÉ-NINOT, 2001). 
5) Confissão de Augsburg: "em 1530, foi apresentada na 
Dieta de Augsburg, diante o imperador Carlos V, uma 
profissão de fé. Escrita com a colaboração de Lutero, foi 
quase inteiramente obra de Philip Melanchon. Tinha a 
finalidade de responder às acusações de J. Eck (1486-
1543) de que o luteranismo estava fazendo reviver an-
tigas heresias. Levava em conta as posições de Zwinglio 
e se opunhaàs doutrinas anabatistas. Consta de vinte e 
oito artigos. Os vinte e um primeiros têm um tom con-
ciliador: Deus (1); o pecado original (2); o Filho de Deus 
(3); a justificação (4); o ministério eclesial (5 e 14); a nova 
obediência (6); a Igreja (7-8); os sacramentos (9-13); os 
ritos eclesiásticos (15); os assuntos civis (16); a escato-
logia (17); o livre arbítrio (18); a causa do pecado (19); 
a fé e as boas obras (20), a veneração dos santos (21). A 
segunda parte, escrita primeiro, é mais dura e trata dos 
abusos percebidos na Igreja do tempo: a comunhão sob 
as duas espécies (22); o matrimônio dos sacerdotes (23); 
a missa (24); a confissão (25); os alimentos, os jejuns e 
a abstinência (26); os votos monásticos (27) e o poder 
eclesiástico (28). Os teólogos do imperador, na Dieta, 
redigiram uma réplica, a Confutatio pontificia, que apro-
vava integralmente nove artigos, aceitava parcialmente 
e com observações seis, e rejeitava treze. Melanchton 
elaborou uma réplica ou Apologia, que o imperador não 
quis aceitar. A confissão de Augsburg é o documento 
27© Caderno de Referência de Conteúdo
básico do luteranismo. Por volta da década de 1950, no 
movimento luterano Die Sammlung, foi proposta uma 
interpretação mais católica do texto, mesmo que, na 
realidade, sem grandes consequências. Por ocasião do 
450º aniversário da Confissão, foram celebrados con-
gressos e apareceram numerosos estudos. Alguns cató-
licos começaram a perguntar se o documento poderia 
ser aceito como expressão autêntica de uma fé comum 
sobre a Igreja. Uns responderam positivamente, mas 
logo recuaram dessa posição; outros deram também 
uma resposta positiva, mas acrescentaram diferentes 
matizes; outros responderam negativamente. Também 
outras Igrejas estudaram suas implicações. A Eclesiolo-
gia da Confissão encontra-se principalmente nos Artigos 
5, 7, 8, 14 e 28, apesar de a palavra ‘ecclesia’ aparecer 
83 vezes no texto latino, e Kirche e seus cognatos, 54 
vezes. A principal afirmação sobre a Igreja está no Artigo 
7: ‘A Igreja una e santa permanecerá para sempre. Com 
efeito, esta Igreja é a congregação dos santos, na qual 
o evangelho é ensinado retamente (pure docetur / rein 
gepredigt) e os sacramentos são retamente (recte / ge-
reicht) administrados. Para essa unidade da Igreja, basta 
coincidir na doutrina do evangelho e na administração 
dos sacramentos. Não é necessário que as tradições dos 
homens, ou os ritos, ou as cerimônias instituídas pelos 
homens sejam em toda parte os mesmos [...]’. O signifi-
cado da expressão ‘santos’ é o do Novo Testamento (por 
exemplo, Fl 1,1) e o do credo. Quando diz no Artigo 8, 
referindo-se diretamente ao donatismo: ‘A Igreja é pro-
priamente (proprie sit / eigentlich nicht anders ist dann) 
a congregação dos santos e dos verdadeiros crentes [...] 
que estão mesclados com os hipócritas e os pecadores 
(admixit sunt / bleiben)’, não é claro se Melanchton que-
ria dizer mais do que disse LG 15, que afirma que, para a 
plena comunhão, são necessárias a graça e a fé. Por ou-
tro lado, as palavras ‘na qual’ do Artigo 7 implicam uma 
Igreja visível, da qual não está excluído o ministério. Em 
relação à ordenação eclesiástica, a Confissão exige que o 
candidato seja chamado à ordem para ensinar e adminis-
trar os sacramentos (14). Em conclusão, há uma grande 
© Eclesiologia28
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seção absolutamente negativa em relação ao abuso do 
poder episcopal, especialmente em assuntos seculares 
(28), mesmo que Melanchton defendesse uma jurisdi-
ção episcopal claramente delimitada. Dado o desejo de 
unidade e o fato de o texto pertencer aos primeiros anos 
da Reforma, é compreensível que o documento guarde 
silêncio sobre matérias que mais tarde serão causa de 
divisão como: o papado, a transubstanciação, o purga-
tório e a Virgem Maria. Por outro lado, é preciso admitir 
que são possíveis duas leituras do texto: uma mais pro-
testante e outra mais católica. Mas, diferentemente dos 
documentos posteriores da Reforma, ‘este admite cla-
ramente um cristianismo no qual a salvação é mediada 
pela Igreja e não unicamente pelo evangelho’. Também 
é verdade que as leituras evangélicas da Confissão, em 
relação, por exemplo, ao aspecto fiducial da fé, tende-
ram em geral a não levar em conta a teologia católica 
polêmica dos séculos posteriores. Como apresentação 
católica do cristianismo evangélico, ainda hoje continua 
tendo valor para o diálogo ecumênico. Dado o lugar sim-
bólico de Augsburg, nesta mesma cidade foi assinada a 
Declaração conjunta católico-luterana sobre a doutrina 
da justificação em 31 de outubro de 1999" (O’DONNEL; 
PIÉ-NINOT, p. 216-219).
6) Deísmo: termo genérico para indicar as teorias de mui-
tos escritores ingleses, europeus e americanos dos sé-
culos 17 e 18 os quais, em várias maneiras, sublinhavam 
o papel da razão no fato de religião e negavam a revela-
ção, os milagres e qualquer ação providencial na nature-
za e na história dos homens (O’COLLINS, G.; FARRUGIA, 
1995, p. 103).
7) Por Igreja como "societas inaequalis" se entende uma 
sociedade: "na qual deveria haver alguns que presidis-
sem aos outros, chefes a quem competisse zelar pela 
observância exata de leis salutares, juízes que julgassem 
as variadas ações de seus subordinados segundo a pres-
crição da razão e de prescrições tradicionais, mestres 
que estivessem aptos a examinar casos duvidosos, de-
terminar os graves, retificar os cotidianos, prevenir os 
29© Caderno de Referência de Conteúdo
perigosos; administradores dos remédios tornados efi-
cientes no sangue do Redentor, para fornecê-los aos que 
estejam preparados e negá-los devidamente aos outros" 
(FEINER; LOEHRER, 1975).
8) Galicanismo: é um movimento que durou muito tempo 
na França e teve tendências análogas em outros países. 
Reivindicava uma forte independência do papado. A sua 
forma clássica é expressa nos Quatro Artigos Galicanos: 
eles foram redigidos pelo bispo de Meaux, Jacques-
-Bénigne Bossuet (1627-1704) e aprovados por uma as-
sembleia do clero de Paris em 1628; entre outras, afir-
mava-se que os concílios gerais tinham uma autoridade 
superior à do papa (DS 2281-2285). Apesar de esses ar-
tigos terem sido revogados pelo rei Luis XIV e pelo clero 
em 1639, a sua influência continuou no século 19 até 
que um papado enérgico e o ensinamento do Vaticano 
I puseram fim ao Galicanismo (O’COLLINS; FARRUGIA, 
1995).
9) Conciliarismo: "teoria que surgiu no tempo do Grande 
Cisma (1378-1417), enquanto o Ocidente estava dividi-
do, quanto à fidelidade, entre dois papas e até mesmo 
entre três. Essa teoria sustentava que a máxima autori-
dade compete a um concílio ecumênico independente-
mente do papa. O Concílio Vaticano II coloca, porém, o 
Colégio episcopal com e sob o papa" (O’COLLINS; FAR-
RUGIA, 1995, p. 66).
10) Epônimo (que dá o nome): é um termo usado na litera-
tura exegética para indicar uma pessoa, cujo nome pas-
sou para uma tribo, um clã, uma família, ou uma cidade. 
Nas narrativas, essa relação apresenta-se como uma ge-
nealogia; por exemplo, Judá é o ancestral dos judaítas, 
os "filhos" de Judá. 
11) Montanismo e novacianismo: Montano apresentava-se 
como porta-voz do Espírito Santo. O montanismo carac-
terizou-se por um rigorismo extremo, pelo entusiasmo, 
pela profecia extática e pela glossolalia. Rechaçavam a 
hierarquia, pois apelavam para a autoridade do Espíri-
to Santo. Como movimento apocalíptico esperava o fim 
iminente. Somente os espirituais (pneumáticos) faziam 
© Eclesiologia30
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parte da Igreja. Somente eles podiam batizar valida-
mente. A experiência do montanismo levou ao declínio 
da presença dos carismas, especialmente da profecia 
na Igreja primitiva. Os carismas apareceram como uma 
ameaça para a Instituição. Por isso, a instituição não 
mais os fomentou. 
12) Novaciano negou comunhão aos que haviam apostata-
do da fé durante a perseguição de Décio (249-250). Por 
isso fundou uma seita rigorista. O lema deles: "A Igreja 
éo povo que não renegou o nome de Cristo e mantém 
o evangelho em sua totalidade" (O’COLLINS; FARRUGIA, 
1995). 
13) Gnosticismo é um sistema filosófico e religioso no qual 
a salvação se alcança mediante a comunicação de um 
conhecimento secreto transmitido aos iniciados. Esse 
conhecimento é uma preparação para a separação final 
do princípio espiritual do corpo. Hoje, pensa-se que o 
gnosticismo teve origem da deformação do cristianismo. 
Muito sincretista, mesclava elementos da filosofia grega, 
do judaísmo, do cristianismo, de diversas fontes pagãs, 
de magia e das religiões orientais. 
14) Chamam-se hussitas "os seguidores de João Hus (aprox. 
1369-1415), um sacerdote da Boêmia que ensinava filo-
sofia e teologia na Universidade de Praga. Conheceu as 
ideias da reforma de João Wycliffe (aprox. 1330-1384) 
e as difundiu. Foi julgado e condenado à fogueira pelo 
Concílio de Constança (cf. DS 1201-1230; 1247-1279; 
FCC 7.075-7.086; 9.096-9.098), tornando-se assim um 
herói nacional tcheco. Os hussitas adotaram as suas 
posições, entre as quais a predestinação e a Escritura 
como a única norma da fé. A herança hussita continua 
em várias Igrejas da Moravia espalhadas pelo mundo. 
Em 1920, a Igreja Tchecoslovaca hussita, que afirmava 
ser a sua representante, separou-se da Igreja Católica, 
depois de ter pedido uma liturgia em língua vulgar, o ce-
libato livre para o clero e a participação dos leigos no 
governo da Igreja. Esses pedidos não foram aceitos. Hus 
rejeitou erroneamente a validade dos sacramentos ad-
ministrados por padres simoníacos. A prioridade que ele 
31© Caderno de Referência de Conteúdo
deu para a Escritura como única norma da fé fez dele um 
precursor dos Reformadores (cf. DS 1480; FCC 7098). Ele 
sustentou que os leigos podiam comungar sob as duas 
espécies. Isso foi admitido no Concílio Vaticano II (cf. DS 
1725; FCC 9.160; SC 55)" (O’COLLINS; FARRUGIA, 1995, 
p. 164). Com a palavra "indefectível", exprime-se em 
forma negativa o mesmo conceito que em forma posi-
tiva é definido com o termo "santo". "Quando se afirma 
que a Igreja é indefectível, deseja-se dizer que ela nunca 
perderá a graça de Cristo que a consagra inteiramente a 
Deus e que, portanto, não perderá jamais a sua amizade, 
a inabitação do Espírito Santo e a incorporação a Cristo. 
A Igreja nunca poderá cair sob o jugo do Maligno. Essa é 
uma promessa explícita que Jesus fez a Pedro, chefe da 
comunidade apostólica e da Igreja nascente: ‘Tu és Pe-
dro e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja, e as por-
tas do inferno nunca prevalecerão sobre ela’ (Mt 16,16)" 
(MONDIN, 1993, 194-195).
15) Tiago é o nome próprio de muitas pessoas no NT. Tiago, 
filho de Zebedeu, chamado por Jesus juntamente com 
seu irmão João quando ambos estavam no barco de pes-
ca com o pai (Mt 4,21; Mc 1,19). Tiago, filho de Alfeu, 
outro membro dos Doze mencionados nas listas (Mt 
10,3; Mc 3,18; Lc 6,15; At 1,13). Tiago, irmão do Senhor 
(Mt 13,55; Mc 6,3), foi o chefe da primeira comunidade 
de Jerusalém (At 12,17).
Esquema dos Conceitos-chave 
Para que você tenha uma visão geral dos conceitos mais im-
portantes deste estudo, apresentamos, a seguir (Figura 1), um Es-
quema dos Conceitos-chave da disciplina. O mais aconselhável é 
que você mesmo faça o seu esquema de conceitos-chave ou até 
mesmo o seu mapa mental. Esse exercício é uma forma de você 
construir o seu conhecimento, ressignificando as informações a 
partir de suas próprias percepções. 
© Eclesiologia32
 Claretiano - REDE DE EDUCAÇÃO
É importante ressaltar que o propósito desse Esquema dos 
Conceitos-chave é representar, de maneira gráfica, as relações entre 
os conceitos por meio de palavras-chave, partindo dos mais com-
plexos para os mais simples. Esse recurso pode auxiliar você na or-
denação e na sequenciação hierarquizada dos conteúdos de ensino. 
Com base na teoria de aprendizagem significativa, entende-se 
que, por meio da organização das ideias e dos princípios em esque-
mas e mapas mentais, o indivíduo pode construir o seu conhecimen-
to de maneira mais produtiva e obter, assim, ganhos pedagógicos 
significativos no seu processo de ensino e aprendizagem. 
Aplicado a diversas áreas do ensino e da aprendizagem es-
colar (tais como planejamentos de currículo, sistemas e pesquisas 
em Educação), o Esquema dos Conceitos-chave baseia-se, ainda, 
na ideia fundamental da Psicologia Cognitiva de Ausubel, que es-
tabelece que a aprendizagem ocorre pela assimilação de novos 
conceitos e de proposições na estrutura cognitiva do aluno. Assim, 
novas ideias e informações são aprendidas, uma vez que existem 
pontos de ancoragem. 
Tem-se de destacar que "aprendizagem" não significa, ape-
nas, realizar acréscimos na estrutura cognitiva do aluno; é preci-
so, sobretudo, estabelecer modificações para que ela se configure 
como uma aprendizagem significativa. Para isso, é importante con-
siderar as entradas de conhecimento e organizar bem os materiais 
de aprendizagem. Além disso, as novas ideias e os novos concei-
tos devem ser potencialmente significativos para o aluno, uma vez 
que, ao fixar esses conceitos nas suas já existentes estruturas cog-
nitivas, outros serão também relembrados. 
Nessa perspectiva, partindo-se do pressuposto de que é você 
o principal agente da construção do próprio conhecimento, por 
meio de sua predisposição afetiva e de suas motivações internas 
e externas, o Esquema dos Conceitos-chave tem por objetivo tor-
nar significativa a sua aprendizagem, transformando o seu conhe-
33© Caderno de Referência de Conteúdo
cimento sistematizado em conteúdo curricular, ou seja, estabele-
cendo uma relação entre aquilo que você acabou de conhecer com 
o que já fazia parte do seu conhecimento de mundo (adaptado do 
site disponível em: <http://penta2.ufrgs.br/edutools/mapascon-
ceituais/utilizamapasconceituais.html>. Acesso em: 11 mar. 2010). 
Eclesiologia
Questões 
Introdutórias à 
Cristologia e à 
Eclesiologia
Reino de Deus
Missão de Jesus: 
anúncio do Reino 
de Deus
Reino de Deus e 
sua 
transformação na 
Terra
Sociedade 
econômica e 
política da época 
de Jesus
Igreja no contexto 
histórico atual: 
Eclesiologia –
Introdução:
- Processo de 
socialização da fé.
- Fé no ato 
coletivo da Igreja.
- Definição de 
eclesiologia.
- Como fazer a 
eclesiologia.
A morte e 
ressurreição de 
Jesus: 
Sentido da morte 
de Jesus.
Ressurreição de 
Jesus
Mistério da 
encarnação e 
unidade do Pai e 
do Filho em Cristo
histórico atual: 
desafios e respostas
-Pós -Modernidade.
- Globalização, crise 
ecológica.
Modelos de Igreja na 
História:
-Paradigma.
-Vaticano I e II.
-Conferência latino-
americana.
-Eclesiologia latino-
americana.
Figura 1 Esquema dos Conceitos-chave da disciplina Eclesiologia. 
Como pode observar, esse Esquema oferece a você, como 
dissemos anteriormente, uma visão geral dos conceitos mais im-
portantes deste estudo. Ao segui-lo, será possível transitar entre 
os principais conceitos desta disciplina e descobrir o caminho para 
construir o seu processo de ensino-aprendizagem. 
O Esquema dos Conceitos-chave é mais um dos recursos de 
aprendizagem que vem se somar àqueles disponíveis no ambien-
te virtual, por meio de suas ferramentas interativas, bem como 
àqueles relacionados às atividades didático-pedagógicas realiza-
das presencialmente no polo. Lembre-se de que você, aluno EaD, 
deve valer-se da sua autonomia na construção de seu próprio co-
nhecimento. 
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Questões Autoavaliativas
No final de cada unidade, você encontrará algumas questões 
autoavaliativas sobre os conteúdos ali tratados, as quais podem ser 
de múltipla escolha, abertas objetivas ou abertas dissertativas. 
 Responder, discutir e comentar essas questões, bem como 
relacioná-las com a prática do ensino de Eclesiologia pode ser uma 
forma de você avaliar o seu conhecimento. Assim, mediante a re-
solução de questões pertinentes ao assunto tratado, você estará se 
preparando para a avaliação final, queserá dissertativa. Além disso, 
essa é uma maneira privilegiada de você testar seus conhecimentos 
e adquirir uma formação sólida para a sua prática profissional. 
As questões de múltipla escolha são as que têm como respos-
ta apenas uma alternativa correta. Por sua vez, entendem-se por 
questões abertas objetivas as que se referem aos conteúdos 
matemáticos ou àqueles que exigem uma resposta determinada, 
inalterada. Já as questões abertas dissertativas obtêm por res-
posta uma interpretação pessoal sobre o tema tratado; por isso, 
normalmente, não há nada relacionado a elas no item Gabarito. 
Você pode comentar suas respostas com o seu tutor ou com seus 
colegas de turma.
Bibliografia Básica
É fundamental que você use a Bibliografia Básica em seus 
estudos, mas não se prenda só a ela. Consulte, também, as biblio-
grafias complementares.
Figuras (ilustrações, quadros...)
Neste material instrucional, as ilustrações fazem parte inte-
grante dos conteúdos, ou seja, elas não são meramente ilustra-
tivas, pois esquematizam e resumem conteúdos explicitados no 
texto. Não deixe de observar a relação dessas figuras com os con-
teúdos da disciplina, pois relacionar aquilo que está no campo vi-
sual com o conceitual faz parte de uma boa formação intelectual. 
35© Caderno de Referência de Conteúdo
Dicas (motivacionais)
O estudo desta disciplina convida você a olhar, de forma 
mais apurada, a Educação como processo de emancipação do ser 
humano. É importante que você se atente às explicações teóricas, 
práticas e científicas que estão presentes nos meios de comunica-
ção, bem como partilhe suas descobertas com seus colegas, pois, 
ao compartilhar com outras pessoas aquilo que você observa, per-
mite-se descobrir algo que ainda não se conhece, aprendendo a 
ver e a notar o que não havia sido percebido antes. Observar é, 
portanto, uma capacidade que nos impele à maturidade. 
Você, como aluno do curso de Graduação na modalidade 
EaD, necessita de uma formação conceitual sólida e consistente. 
Para isso, você contará com a ajuda do tutor a distância, do tutor 
presencial e, sobretudo, da interação com seus colegas. Sugeri-
mos, pois, que organize bem o seu tempo e realize as atividades 
nas datas estipuladas. 
É importante, ainda, que você anote as suas reflexões em 
seu caderno ou no Bloco de Anotações, pois, no futuro, elas pode-
rão ser utilizadas na elaboração de sua monografia ou de produ-
ções científicas.
Leia os livros da bibliografia indicada, para que você amplie 
seus horizontes teóricos. Coteje-os com o material didático, discu-
ta a unidade com seus colegas e com o tutor e assista às videoau-
las. 
No final de cada unidade, você encontrará algumas questões 
autoavaliativas, que são importantes para a sua análise sobre os 
conteúdos desenvolvidos e para saber se estes foram significativos 
para sua formação. Indague, reflita, conteste e construa resenhas, 
pois esses procedimentos serão importantes para o seu amadure-
cimento intelectual.
Lembre-se de que o segredo do sucesso em um curso na 
modalidade a distância é participar, ou seja, interagir, procurando 
sempre cooperar e colaborar com seus colegas e tutores.
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Caso precise de auxílio sobre algum assunto relacionado a 
esta disciplina, entre em contato com seu tutor. Ele estará pronto 
para ajudar você. 
3. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
FEINER, J.; LOEHRER, M. Mysterium Salutis, IV/1. Petrópolis: Vozes, 1975. 
MONDIN, B. As novas eclesiologias. São Paulo: Paulus, 1984.
O’DONNELL C; PIÉ-NINOT, S. Diccionario de eclesiología. Madrid: San Pablo, 2001.
O’COLLINS, G.; FARRUGIA, E. Dizionario sintético di teologia. 1995, p. 103
EA
D
1
O Desafio e a Atualidade 
da Eclesiologia
1. OBJETIVOS
• Refletir e compreender a Igreja de maneira significativa.
• Identificar as faces do mal-estar causado pelo pecado.
• Analisar os desafios da Eclesiologia.
• Compreender a Eclesiologia na atualidade. 
2. CONTEÚDOS
• Dificuldades provenientes do contexto social atual.
• Objeções originadas da divisão entre os cristãos e do plu-
ralismo religioso.
• Igreja: sujeito da fé.
• A Igreja como objeto de fé.
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3. ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE
Antes de iniciar o estudo desta unidade é importante que 
você leia as orientações a seguir:
1) Tenha sempre a mão o significado dos conceitos explici-
tados no Glossário para o estudo desta e de todas as uni-
dades deste CRC. Isso poderá facilitar sua aprendizagem 
e seu desempenho.
2) Não se prenda somente as obras citadas na bibliografia 
dessa unidade. Fique à vontade para pesquisar em livros 
e sites confiáveis sobre o assunto abordado.
3) Além dos temas estudados nesta unidade, observe no 
seu cotidiano como estes temas são abordados nas di-
versas mídias formadoras de opiniões e compare com 
sua visão crítica sobre o assunto. 
4. INTRODUÇÃO À UNIDADE
A Igreja, como tema teológico, parece sofrer certa desafei-
ção. E, tal desafeição, se enfrentada com seriedade, ajuda a refletir 
e a falar sobre a Igreja de maneira mais pertinente e significativa.
Assim, procuraremos, inicialmente, identificar as várias fa-
ces do mal-estar que esse tema provoca e, com base nessa cons-
tatação, mostraremos a importância da disciplina que estamos 
iniciando. Depois de mostrar a atualidade da presente disciplina, 
voltaremos nossa atenção para a dupla perspectiva em que o tema 
“Igreja” será tratado.
5. DIFICULDADES PROVENIENTES DO CONTEXTO SO-
CIAL ATUAL
Do ponto de vista sociológico, a relação dos cristãos com a 
Igreja tem-se tornado difícil e exige da Teologia uma resposta.
39© O Desafio e a Atualidade da Eclesiologia
Atualmente, a Igreja está lançada no mercado da sociedade 
pluralista: a religião passou a ser considerada um bem de consumo 
de livre escolha, sujeita à lei da oferta e da procura como qualquer 
outro produto.
A Igreja numa sociedade fragmentada –––––––––––––––––––
Miranda (2006) descreve a situação hodierna da sociedade vendo nela não somente 
os problemas, mas também as oportunidades que se abrem para a missão da Igreja. 
“O imperativo cultural predominante em nossos dias é a busca da realização pesso-
al. Cada um se acha no direito de viver a seu modo, procurando o que lhe parece 
construir sua felicidade, seja do ponto de vista afetivo, material, comportamental e 
até religioso. Cada um quer ser considerado e respeitado em sua singularidade, 
em suas aspirações, interesses, afeições e conflitos, contrapondo-se, assim, à pas-
teurização cultural e à penúria de relações sociais consistentes que caracterizam 
as sociedades ocidentais afluentes, burocratizadas e atomizadas. Igualmente cada 
um reivindica sua capacidade própria de refletir, julgar e decidir sobre suas opções 
concretas, mesmo as de cunho religioso, e mesmo sem ponderar reflexamente os 
critérios utilizados. Ninguém quer ser considerado apenas uma concretização anôni-
ma de norma geral, aplicada igualmente a outros. Mesmo reconhecendo essa busca 
de autorrealização permeada por ideais consumistas e hedonistas, seria possível 
aproveitá-la para apresentar hoje a fé cristã?” (MIRANDA, M. A igreja numa socieda-
de fragmentada. São Paulo: Loyola, 2006, p. 201-202).
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Nesse contexto de mercado, muitos fiéis não vivem mais 
seu afastamento da Igreja Católica como um abandono público de 
oposição, mas como uma desvinculação tranquila. A desvinculação 
institucional da Igreja não se dá mais de forma dramática, mas é o 
resultado de um distanciamento discreto e quase espontâneo.
Também o modo como os cristãos aderem à Igreja sofreu 
mutações importantes. Muitos, que se consideram católicos “pra-
ticantes”, nutrem formas bastante seletivas e parciais de fazer par-
te da Igreja. Na verdade, muitos católicos identificam-se não tanto 
com “a Igreja”, mas com determinadas comunidades, com movi-
mentos particulares e, até mesmo, com alguns padres. A adesão 
parcial e seletiva garante,de um lado, uma sintonia muito estreita 
de linha de pensamento e de ação e, de outro, a exclusão daqueles 
com os quais não se identificam.
Diversificaram-se, também, as posições diante da Igreja. Po-
demos identificar, ao lado de uma virulenta oposição laicista da 
© Eclesiologia40
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Igreja, uma aceitação acrítica e tradicionalista dela. Nesse contex-
to, cresce igualmente a exigência de que a adesão à Igreja seja fru-
to de uma opção livre e responsável e não tanto de uma tradição 
recebida. Há, também, os que lutam por uma reforma da Igreja e 
aqueles que defendem o slogan “Jesus sim, Igreja não!” e, por isso, 
veem tal reforma como completamente inútil.
Jesus sim, Igreja não! –––––––––––––––––––––––––––––––––
Pelo menos no começo, os seguidores do programa “Jesus sim, Igreja não” nor-
malmente não desejam se situar expressamente contra a Igreja, mas apenas 
sem a Igreja. O que está na base de tal posição é o postulado de que Jesus 
pode e deve ser buscado fora da Igreja. P. G. Muller combate tal postulado como 
exegeticamente insustentável. “A tradição do que é propriamente ‘Jesus’ não 
pode ser pensada sem o fator ‘Igreja’, porque esse ‘Jesus’, como conteúdo da 
tradição de Jesus, só foi conservado de maneira permanente pela Igreja, devido 
ao interesse eclesial por ‘Jesus’. Um ‘Jesus’ sem ou fora da Igreja nunca existiu e 
em última instância nunca poderá existir, porque com a perda da ‘Igreja’ também 
se perde a única instância que é capaz de testemunhar quem é ‘Jesus’ e o que 
ele significa. Isto porque toda linguagem do NT é uma ‘linguagem testemunhal’, 
inclusive os logia de Jesus. Quem, portanto, não ouve essa linguagem do tes-
temunho eclesial também não ouve ‘Jesus’”. Além disso, a contraposição entre 
Cristo e a Igreja não esvazia só a Igreja. Esvazia, também, o Cristo: constrói-se 
um Jesus à imagem e semelhança dos homens e dos seus interesses. Com 
efeito, o acesso a Jesus Cristo, o encontro pessoal com ele e a fé nele só são 
possíveis através da igreja (BARREIRO, 2001, p. 33).
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Também do ponto de vista sociopolítico, nota-se que a pre-
sença da Igreja na vida pública tem encolhido rapidamente e que 
os seus representantes oficiais perdem espaço no desenvolvimen-
to da sociedade. Sintomas desse encolhimento são as críticas que 
acusam a Igreja de ser atrasada, repressora das liberdades pes-
soais e obstáculo do progresso científico. Nesse sentido, as seitas 
parecem estar mais adaptadas, sociologicamente falando, às ne-
cessidades do homem pós-moderno.
Além do afastamento dos fiéis, a Igreja institucional parece 
também se tornar cada vez mais distante deles. Por causa do alto 
grau de sua organização, a Igreja torna-se para muitos de seus fiéis 
uma instituição cada vez mais burocratizada e centralizada. Ela se 
distancia, assim, da experiência religiosa do indivíduo e tem cada 
vez menos impacto na vida das pessoas.
41© O Desafio e a Atualidade da Eclesiologia
Outro grande desafio que surge do contexto social é a função 
política que a Igreja desempenha. A Teologia da Libertação, distin-
guindo e articulando fé e política, teve o mérito de evidenciar que 
não há fé, Igreja e religião sem função política. Nesse sentido, a 
Eclesiologia é instada a articular essas duas realidades no contexto 
social atual, procurando, assim, evitar tanto o perigo e a crueldade 
de uma política sem fé quanto a opressão do fanatismo de uma 
religião politizada e instrumentalizada.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
A respeito da relação que há entre religião e vida pública, o papa Bento XVI es-
creveu recentemente na encíclica Caritas in veritate, 56:
“A exclusão da religião do âmbito público e, na vertente oposta, o fundamentalis-
mo religioso impedem o encontro entre as pessoas e a sua colaboração para o 
progresso da humanidade. A vida pública torna-se pobre de motivações, e a polí-
tica assume um rosto oprimente e agressivo. Os direitos humanos correm o risco 
de não ser respeitados, porque ficam privados do seu fundamento transcendente 
ou porque não é reconhecida a liberdade pessoal. No laicismo e no fundamen-
talismo, perde-se a possibilidade de um diálogo fecundo e de uma profícua co-
laboração entre a razão e a fé religiosa. A razão tem sempre necessidade de ser 
purificada pela fé; e isto vale também para a razão política, que não se deve crer 
onipotente. A religião, por sua vez, precisa sempre de ser purificada pela razão, 
para mostrar o seu autêntico rosto humano. A ruptura deste diálogo implica um 
custo muito gravoso para o desenvolvimento da humanidade (BENTO XVI. Carta 
encíclica caritas in veritate. Disponível em: <http://www.vatican.va/holy_father/
benedict_xvi/encyclicals/documents/hf_ben-xvi_enc_20090629_caritas-in-veri-
tate_po.html>. Acesso em: 23 fev. 2010. 
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
6. OBJEÇÕES ORIGINADAS DA DIVISÃO ENTRE OS 
CRISTÃOS E O PLURALISMO RELIGIOSO
A divisão entre os cristãos e tudo o que ela provocou e pro-
voca parecem desacreditar o tema “Igreja”. Será que vale a pena, 
então, dedicar tempo e esforço para estudar uma realidade que 
se fragmentou em confissões e comunidades separadas e que, na 
história, guerrearam entre si, foram perseguidas mutuamente e, 
reciprocamente, excomungaram-se? É possível elaborar uma ecle-
siologia que não esteja voltada unilateralmente para a defesa da 
própria confissão e para o ataque das demais? Em vez da divisão, a 
© Eclesiologia42
 Claretiano - REDE DE EDUCAÇÃO
Eclesiologia pode promover e estar a serviço da unidade dos cris-
tãos? Ela pode ajudar no diálogo ecumênico e na busca da unidade 
de todos os cristãos na única Igreja de Cristo?
Veja o que diz Dianich e Noceti (2007, p. 45-46) sobre tais 
questionamentos:
Depois das divisões, hoje, no plano conceitual, todo aquele que crê 
em Cristo se entende na interação de três perspectivas de identifi-
cação. Como acontecia no primeiro milênio, um cristão é definido 
antes de tudo pela “identidade cristã”, como a união com Cristo, 
fundada sobre o dom do batismo, vivida na fé trinitária, alimentada 
pela palavra de Deus e, finalmente, pela “identidade eclesial”, como 
é apresentada no Símbolo. Esses dois traços permanecem comuns 
e unitários quanto à essência em todas as igrejas cristãs; contudo, 
no segundo milênio, configura-se um terceiro plano de definição 
para o cristão: a “identidade confessional”, que diz respeito à forma 
específica com que cada igreja confessa sua fé e, portanto, o modo 
particular – historicamente, culturalmente, doutrinalmente defini-
do – de viver a identidade cristã e eclesial, que a distingue com 
respeito às outras. Nessa modalidade existem diferenças quanto 
ao modo de conhecer a relação entre Credo Ecclesiam e formas 
de existência histórica da igreja, com consequente diversidade na 
maneira de institucionalizar as relações (estruturas sinodais, papa-
do, acentuação no elemento local ou do universal) e na individua-
lização dos princípios constitutivos da igreja (Eucaristia, Escritura, 
Tradição). Diversificaram-se os modelos de agregação e de perma-
nência (batismo dos recém-nascidos ou de adulto, celebração uni-
tária da iniciação eucarística ou dilação da celebração do batismo, 
crisma, eucaristia) e dos papéis e funções (ministério, participação 
dos leigos). O caráter necessário desses elementos é reconhecido 
por todos, mas interpretado diferentemente.
Além da ferida da sua divisão, a Igreja está lançada em um 
mundo em que as religiões se encontram e se desencontram con-
tinuamente. Essa situação inevitavelmente acaba despertando 
perguntas decisivas para a Eclesiologia: todas as religiões condu-
zem à salvação? Se isso é verdade, a Igreja tornou-se inútil para a 
salvação? Pode a Igreja aprender algo do diálogo inter-religioso?
Como você pode notar, refletir teologicamente sobre a Igreja 
não é mera atividade intelectual desligada da realidade dos cris-
tãos, mas procura se colocar a

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