Prévia do material em texto
Eclesiologia (Doutrina da Igreja - 1 - NOME – Aluno (a): ______________________________________________data: ____/___/______ Eclesiologia (Doutrina da Igreja - 2 - Índice Introdução.................................................................................................................................................................3 1. A Origem da Igreja............................................................................................................................4 2. A Fundação da Igreja....................................................................................................................6 3. A Natureza da Igreja.......................................................................................................................8 4. O Primeiro Concílio da Igreja Primitiva......................................9 5. A Igreja e os seus Símbolos..............................................................................................11 6. A Igreja e o Discipulado......................................................................................................14 7. A Igreja e os seus Membros............................................................................................18 8. As Doutrinas Bíblicas da Igreja.......................................................................18 9. A Disciplina Bíblica na Igreja.............................................................................20 10. A Igreja e os seus Obreiros...........................................................................................22 11. A Igreja e o Evangelismo..................................................................................................24 12. A Obra da Igreja...................................................................................................................................26 13. A Organização da Igreja..................................................................................................27 14. A Adoração da Igreja.............................................................................................................29 15. O Culto a Deus e a sua Direção.....................................................................31 16. O Batismo nas Águas................................................................................................................34 17. A Origem da Santa Ceia.................................................................................................36 18. Ensino Bíblico Sobre o Jejum..................................................................................38 19. A Autoridade da Igreja......................................................................................................41 20. A Igreja na Esperança da Vinda do Noivo........................42 Bibliografia..................................................................................................................................................................44 Eclesiologia (Doutrina da Igreja - 3 - Introdução greja de Deus vivo, coluna e firmeza da verdade” (1 Tm 3.15). A Igreja de Deus: projetada por Deus, fundada por Cristo, guiada pelo Espírito Santo Jesus projetou, claramente, a existência duma sociedade de seus seguidores que daria aos homens seu Evangelho e ministraria à humanidade no seu Espírito, e que trabalharia pelo aumento do reino de Deus como ele o fez. Ele não modelou nenhuma organização e nenhum plano de governo para essa sociedade... Ele faz algo mais grandioso que lhe dar organização – ele lhe concedeu vida. Jesus formou essa sociedade de seus seguidores chamando-os a unirem- se a ele, comunicando-lhes, durante o tempo em que esteve no mundo, tanto quanto fosse possível, de sua própria vida, de seu Espírito e de seu propósito. Ele prometeu continuar até ao fim do mundo concedendo sua vida à sua sociedade, à sua Igreja. Podemos dizer que seu dom à Igreja foi ele mesmo. “...a Igreja de Deus, que ele resgatou com o seu próprio sangue” (At 20.28). “Cristo amou a sua Igreja, e a si mesmo se entregou por ela” (Ef 5.25). “Grande é este mistério: digo-o porem, a respeito de Cristo e a Igreja” (Ef 5.32). “...Igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga... mas santa e irrepreensível ” (Ef 5.17). Eclesiologia (Doutrina da Igreja - 4 - Lição 1 1. A ORIGEM DA IGREJA “...edificarei a minha Igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela...” (Mt 16.18). Etimologia da palavra IGREJA A palavra “Igreja” vem do grego “EKKLESIA” e literalmente significa “Igreja” (Chamado para fora). Na Grécia antiga, identificava uma “assembléia”, em que um arauto convocava as pessoas para uma reunião, que podia ser realizada ao ar-livre, numa praça, com finalidade religiosa, política ou de outra ordem. Na realidade, fomos tirados “para fora” do mundo e Ele “nos fez assentar nos lugares celestiais, em Cristo Jesus” (Ef 2.6). No Novo Testamento, encontramos expressos que denotam o significado e missão espiritual da Igreja. a) “Multiforme sabedoria de Deus” (Ef 3.10). Neste aspecto, a Igreja revela ao mundo a sabedoria de Deus, em suas muitas e variadas formas de manifestação. A criação do mundo, do homem, e do universo, bem como suas revelações com as coisas criadas são expressões da sabedoria divina (Sl 19.1-4; Rm 1.19,20). b) “Coluna e firmeza da verdade” (1 Tm 3.15). É a única e exclusiva instituição, em todo o mundo, em todos os tempos, que tem credenciais para ser sustentáculo da verdade. As “verdades” dos homens mudam a cada dia. A verdade apresentada pela Igreja é imutável, pois é encarnada no próprio Cristo (Jo 14.6). A Tríplice Divisão da Raça Humana 1. “Judeus”, “Gentios” e “Igreja de Deus”. Diante de Deus, a humanidade toda se constitui desses três grandes grupos de pessoas. a) Judeus. São os descendentes de Abraão, fundador nação judaica. Embora religiosos, não são convertidos. No presente, poucos são os judeus que aceitam a Jesus como seu Salvador e Messias. b) Gentios. São todos os não-descendentes de Abraão. Adotam falsas religiões; adoram falsos deuses. Na era presente, multidões de gentios estão aceitando a Cristo. c) Igreja. É o povo convertido a Deus, formando a partir dos dois povos acima. A Igreja é a presente habitação de Deus entre os homens. Ela precisa hoje de um real, soberano e poderoso avivamento do Espírito Santo para que multidões sejam salvas e preparadas para a vinda do Senhor que se aproxima celeremente. Conceitos de Igreja Eclesiologia (Doutrina da Igreja - 5 - Quando nos referimos à Igreja devemos especificar qual sentido estamos atribuindo a esta palavra. Dependendo do contexto, podemos estar falando da Igreja como organismo ou apenas como organização. Vejamos, pois, o significado e os sentidos desta rica expressão. 1. O sentido literaldo termo. O termo “Igreja”, literalmente, significa “assembléia do povo”.Na antiga Grécia, regularmente, ou quando as autoridades queriam tratar de assuntos de interesse da comunidade, as pessoas eram convocadas a saírem de sua casas e se reunirem em local público, a fim de tomarem decisões comuns. 2. A Igreja invisível e universal (Hb 12.23). A Igreja universal é compostas de todos os que são “chamados para fora” do mundo, dentre todas as nações, para formarem o corpo de Cristo. Neste sentido, ela é: a) Perfeita. Está sendo preparada por Cristo, como “Igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, mas santa e irrepreensível” (Ef 5.27). b) A Noiva do Cordeiro. Ela aguarda as Bodas do Cordeiro (Ap 19.7-9). c) Um organismo. Comparada a um corpo vivo e dinâmico, a Igreja verdadeira tem a Cristo como Cabeça (Cl 1.18), e seus membros, que são os crentes em geral (1 Co 12.1227; Ef 1.22). d) É invisível. Integrada por todos os crentes salvos, vivos e mortos (Ap 5.9-11 e Hb 12.23). 3. A Igreja local. A Igreja local é formada, de modo visível, pelos crentes salvos em Cristo que se congregam em determinado local, cidade ou região, servindo ao Senhor na proclamação do evangelho de Cristo. a) É múltipla. No sentido universal, a Igreja é uma. No sentido local é multíplice. Daí a referência bíblica às “Igrejas” (at 16.5; 1 Co 7.17). b) É uma organização. Como tal precisa de ordenamento da vida eclesiástica através de normas, departamentos, estatutos etc. A expressão da Igreja exigiu a eleição de diáconos (At 6.1-5), a nomeação de presbíteros (Tt 1.5), e a atribuição de muitos ministérios (Ef. 411). Eclesiologia (Doutrina da Igreja - 6 - 2. A FUNDAÇÃO DA IGREJA A Fundação da Igreja 1. Considerada profeticamente Israel é descrito como uma Igreja no sentido de ser uma nação chamada dentre as outras nações a ser um povo de servos de Deus (At 7.38). Quando a Antigo Testamento foi traduzido para o grego, a palavra “consagração” (de Israel) foi traduzida “ekklesia” ou “Igreja”. Israel, pois, era a congregação ou a Igreja de Jeová. Depois de a Igreja judaica o ter rejeitado, Cristo, Cristo predisse a fundação duma nova congregação ou igreja, uma instituição divina que continuaria sua obra na terra (Mt 16.18). Essa é a Igreja de Cristo, que veio a ter existência no dia de Pentecoste. 2. Considerada Historicamente A Igreja de Cristo veio a existir, como igreja, no dia de Pentecoste, quando foi consagrada pela unção do Espírito. Assim como o tabernáculo foi construído e depois consagrado pela descida da glória divina (Ex 40 34), assim os primeiros membros da Igreja foram congregados no cenáculo e consagrados como Igreja pela descida do Espírito Santo. É muito provável que os cristãos primitivos vissem nesse evento o retorno da “Shekinah” (a glória manifesta no tabernáculo e no templo) que, havia muito, partira do templo, e cuja ausência era lamentada por alguns dos rabinos. Davi juntou os materiais para a construção do templo, mas a construção foi feita por seu sucessor, Salomão. Da mesma maneira, Jesus, durante seu ministério terrenal, havia juntado os materiais da sua Igreja, por assim dizer, mas o edifício foi erigido por seu sucessor, o Espírito Santo. Realmente, essa obra foi feita pelo Espírito, operando mediante os apóstolos que lançaram os fundamentos e edificaram a Igreja por sua pregação, ensino e organização. Portanto, a Igreja é descrita como sendo “edificados sobre o fundamento dos apóstolos...” (Ef 2.20). Fundamento da Igreja 1. Não é Pedro (Mt 16.15-18). O texto bíblico revela o diálogo entre Jesus e os discípulos, quando estes disseram que certas pessoas o consideravam como João Batista ressurreto, ou Elias, ou Jeremias ou outro dos antigos profetas (Mt 14.1,2; Lc 9.7,8; Mc 6.14,15). Jesus lhes perguntou: “E vós, quem dizeis que eu sou?” “E Simão Pedro, respondendo, disse: Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo”. Diante dessa resposta, Jesus disse: “Bem-aventurado és tu, Simão Barjonas, porque não foi carne e sangue quem te revelou, mas meu Pai, que está nos céus. Pois também eu te digo que tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela”. 2. A pedra é Cristo Na resposta de Jesus, podemos ver que Ele próprio é a pedra sobre a qual a Igreja está assentada. Quando Ele disse: “Tu és Pedro”, usou a palavra petros que quer dizer “pedrinha” ou “fragmento de pedra”, que pode ser removida. De fato, Pedro demonstrou certa fragilidade, em sua personalidade. Numa ocasião, deixou-se usar pelo inimigo (Mc 8.33); num momento crucial, negou Jesus três vezes (Mt 26.69-75). Por isso, quando Jesus disse: “sobre esta pedra edificarei a minha Igreja”, Ele utilizou a palavra petra, que tem o significado de rocha inamovível, e não petros que é “fragmento”. 3. A edificação da Igreja Eclesiologia (Doutrina da Igreja - 7 - Em Mt 16.18, vemos a promessa da edificação da Igreja sobre o próprio Cristo. Ele é a Rocha. Somente Ele satisfaz essa condição, conforme lemos em 1 Co 3.11; 10.14; Rm 9.33; Mt 21.42; Mc 12.20; Lc 20.17. Sem dúvida, Pedro foi um dos líderes da Igreja primitiva, ao lado de Tiago e de João (At 12.17; 15.13; Gl 2.9). Contudo, não há base bíblica para afirmar que a Igreja teria Pedro como a rocha sobre a qual ela seria edificada. Jesus é o fundamento da Igreja (1 Co 3.11). Se alguém tem dúvida, basta ouvir o que o próprio Pedro disse em 1 Pd 2.4,5; At 4.8,11. 4. As chaves dadas a Pedro Em sua resposta a Pedro, Jesus disse: “E eu te darei as chaves do Reino dos céus...” (Mt 16.9). As “chaves dos céus” são melhor entendidas como * “o poder e a autoridade para transmitir a mensagem do evangelho”. No Dia de Pentecostes, Pedro foi usado por Deus para abrir as portas do Cristianismo aos judeus (At 2.38-42) e aos gentios, na casa de Cornélio (At 10.34-36). Portanto, Pedro não é o porteiro do céu, como pensam os romanistas. A doutrina Bíblica do fundamento da Igreja Vejamos, finalmente, como se posiciona o Novo Testamento em relação a Cristo como o fundamento da Igreja. Paulo, em sua primeira carta aos Corintios, é enfático: “Porque ninguém pode pôr como fundamento, além do que já está posto, o qual é Jesus Cristo” (3.11). O apóstolo segue a mesma linha da declaração revelatória no ato da confissão de Pedro. Mas é possível que algum crítico possa pôr em dúvida a afirmação do apóstolo, alegando tratar-se de rivalidade entre ele e Pedro. Fosse desta forma, teria-se deste outro posicionamento. Todavia, a teologia petrina reitera a mesma posição. Em At 4.11 e Pd 2.6,7, Pedro sem qualquer pretensão apresenta Cristo como a pedra principal de esquina. Esta expressão denota a idéia de centralidade no alicerce de uma construção e está em sintonia com a teologia paulina. É tanto que Paulo faz uso da mesma linguagem em Ef 2.20,21. Assim sendo, o Novo Testamento apregoa a doutrina que sustenta a posição de Cristo como o fundamento eterno e inabalável da Igreja. “Edificarei a minha Igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela” (Mt 16.18) Eclesiologia (Doutrina da Igreja - 8 - 3. A NATUREZA DA IGREJA A Natureza da Igreja Que é Igreja? A questão pode ser solucionada considerando: 1) As palavras que descrevem essa instituição. 2) As palavras que descrevem os cristãos. 3) As ilustrações que descrevem a Igreja.1. Palavras que descrevem a Igreja A palavra grega no Novo Testamento para Igreja é “Ekklesia”, que significa “Uma assembléia de chamados para fora”. O termo aplica-se a: 1) Todo o corpo de cristãos em uma cidade (At 11.22; 13.1). 2) Uma Congregação. (1 Co. 14.19,35; Rm 16.5). 3) Todo o corpo de crentes na terra. (Ef 5.32). 2. Palavras que descrevem os Cristãos (a) Irmãos. A Igreja é uma fraternidade ou comunhão espiritual, no qual foram abolidas todas as divisões que separam a humanidade. “Não há grego nem judeu” – a mais profunda de todas as divisões baseadas na história religiosa é vencida; “não há grego nem bárbaro” – a mais profunda de todas as divisões culturais é vencida; “não há servo ou livre” – a mais profunda de todas as divisões sociais e econômicas é vencida; “não há macho nem fêmea” – a mais profunda de todas as divisões humanas é vencida. (Cl 3.11; Gl 3.28). (b) Crentes. Os cristãos são chamados “crentes” porque sua doutrina característica é fé no Senhor Jesus. (c) Santos. São chamados “santos” (literalmente “consagrados ou piedosos”) porque estão separados do mundo e dedicados a Deus. (d) Os eleitos. Refere-se a eles como “eleitos”, ou os “escolhidos”, porque Deus os escolheu para um ministério importante e um destino glorioso. (e) Discípulos. São “discípulos” (literalmente “aprendizes”), porque estão sob preparação espiritual com instrutores inspirados por Cristo. (f) Cristãos. São “cristãos” porque sua religião gira em torno da Pessoa de Cristo. (g) Os do caminho. Nos dias primitivos muitas vezes eram conhecidos como “os do Caminho” (At 9.2) porque viviam de acordo com uma maneira especial de viver. (h) O templo de Deus. (1 Pd 2.5,6). Um templo é um lugar em que Deus, que habita em toda parte, se localiza a si mesmo em determinado lugar, onde seu povo o possa achar “em casa” (Ex 25.8; 1 Rs 8.27). Assim como Deus morou no tabernáculo e no templo, assim também vive, por seu Espírito, na Igreja (Ef 2.21,22; 1 Cor 3.1617). Neste templo espiritual os cristãos, como sacerdotes, oferecem sacrifícios espirituais, sacrifícios de oração, louvor e boas obras. (i) A noiva de Cristo. Essa é uma ilustração usada tanto no Antigo como no Novo Testamento para descrever a união e comunhão de Deus com seu povo (2 Cor 11.2; Ef 5.25-27; Ap 19.7; 21.2; 22.17). Mas devemos lembrar que é somente uma ilustração, e não se deve forçar sua interpretação. O propósito dum símbolo é apenas iluminar um determinado lado da verdade e não o de promover o fundamento para uma doutrina. Eclesiologia (Doutrina da Igreja - 9 - 4. O PRIMEIRO CONCÍLIO DA IGREJA PRIMITIVA “Congregaram-se pois os apóstolos e os anciões para considerar este assunto” (At 15.6). Ao retornar da primeira viagem, Paulo deparou com um problema sério no meio dos judeus cristãos. Ele havia descoberto a fórmula da transculturação, ou seja, evangelizar os gentios sem os judaizar. Os radicais que permeavam a Igreja, os judaizantes, queriam que esses novos crentes seguissem o modus vivendi deles. Essa discussão deu origem ao Concílio de Jerusalém. 1. Causa da Discussão 1a. Os perturbadores judaizantes. Deus abriu a porta da fé aos gentios. Isso era ponto pacífico (At 11.18; 14.27). Outro problema surgiu sobre a situação deles: deviam ser judaizados? Essa questão era séria e podia ameaçar as bases do Cristianismo. Alguns dentre os de Jerusalém foram a Antioquia, dizendo que os gentios deviam se tornar judeus para serem salvos. Diziam que os gentios deviam viver o modus vivendi judaico, prescrito na lei (At 15.1,5). Isso era proveniente dos fariseus que se haviam convertido. Eles se apresentaram como vindos da parte de Tiago (Gl 2.12), que jamais os autorizou, como ele mesmo declara (At 15.24). Saíram da Igreja em Jerusalém, realmente, mas não foram autorizados a falar em nome dos apóstolos. 2b. Liberdade cristã ameaçada. Em Antioquia da Síria, eles fizeram um estrago muito grande. Até Pedro e Barnabé se deixaram levar por essa “dissimulação”, fazendo “vista grossa” (Gl 2.11-13). Paulo entendeu com clareza meridiana o que isso representava e com justiça ficou revoltado. Repreendeu publicamente um dos principais líderes da Igreja (Gl 2.14). 2. Os Discursos do Concílio 1a. Pedro. Havia grande discussão, quando Pedro se levantou, chamando a atenção dos ouvintes. Ela evocou a revelação que recebeu, antes de ir à casa de Concílio. Lembrou ainda que Deus o escolheu para falar aos gentios, uma alusão à experiência na residência do centurião (At 10). A declaração de Pedro no versículo 11 revela que ele concordou com Paulo na discussão da Antioquia da Síria. São as mesmas palavras que o apóstolo dos gentios usou em Gálatas 2.16. 2b. Paulo e Barnabé. A experiência de Paulo e Barnabé, na primeira viagem, é um testemunho vivo. Como Deus tratou com os gentios de maneira extraordinária, sem o ritualismo judaico e nem os seus encargos. Isso era prova de que essas práticas não serviam para a salvação. Esse testemunho esmagador de Paulo e Barnabé, somando ao discurso de Pedro, testificava contra os judaizantes. 3. Palavra do Presidente 1a. Valor das decisões convencionais. Tiago (o presidente) esperou que Pedro, Paulo e Barnabé apresentassem os seus parecer sobre o assunto, para depois tomar a palavra. A citação de Amós 9.11.12 é apenas uma das muitas passagens do Antigo Testamento que prevê a salvação dos gentios (Gn 22.18; Sl 22.27; Is 9.2; 42.4; 45.22; 49.6; 60.3; 66.23; Dn 7.14, etc.). Jesus determinou que pregassem a todas as nações (Mt 28.19; Lc 24.47; At 1.8). A expressão “povo para o seu nome” era usada com referência a Israel (2 Cr 7.14). No entanto, Tiago reconhecia que a Igreja era um povo com essa dignidade, constituído de judeus e gentios convertidos ao Senhor. 2b. Como conduzir uma reunião. O que os demais participantes do evento acabavam de ouvir de Pedro, Paulo e Barnabé era o cumprimento das promessas de Deus e profecias do Antigo Testamento. Por isso, Tiago dirigiu-se, respeitosamente, aos presentes, chamando-os de “irmãos”. Não tinha intenção de atacar nem legalistas e muito menos os “liberais”, mas o seu compromisso era com a Palavra de Deus. Eclesiologia (Doutrina da Igreja - 10 - 3c. Um povo e não uma seita. Ele chamou Pedro pelo seu nome hebraico “Simão”. Isso mostra que Tiago não o reconhecia como a pedra, como reivindica a Igreja Católica. A citação parafraseada que Tiago faz nas palavras de Pedro se reveste de suma importância, porque descarta a possibilidade de o Cristianismo ser uma seita judaica: “Deus visitou os gentios, para tomar deles um povo para o seu nome”. Assim como Israel era uma nação, da mesma maneira seria a Igreja. As três características de Israel, Pedro aplicam também à Igreja: “Mas vós sois geração eleita, o sacerdócio real, a nação santa, o povo adquirido” (1 Pd 2.9). Esse mistério da vocação dos gentios é assunto que Paulo se aprofundou em Ef 3. No entanto, Tiago, nesse Concilio, já havia apresentado este tema. 4. Decisão do Concilio 1a. “Que vos abstenhais das coisas sacrificadas aos ídolos”. Esse preceito diz respeito às restrições que se referem aos alimentos sacrificados aos ídolos. Essa matéria foi aprofundada posteriormente por Paulo (Rm 14.13-16; 1 Co 8.7-15; 10.23-33). 2b. Proibição do sangue. A proibição de se alimentar de sangue está prevista na lei de Moisés (Lv 3.17). No entanto, ele era usado como alimento ou bebida pelos gentios. Interpretar tal passagem, como proibição para a transfusão de sangue, sustentada pelas testemunhas-de-Jeová, é uma “camisa-de-força” e não resiste à exegese bíblica. Primeiro, porqueo sangue dessa passagem é o dos animais, e não o humano. Pois elas seriam obrigadas a admitir que a “carne sufocada” seja uma referencia à carne humana. Em segundo lugar, porque nenhum preceito bíblico é nocivo à vida. Essa crença das testemunhas-de-Jeová é condenada por Jesus (Mt 112.3-7). 3c. Abstenção da carne sufocada. Esse preceito está na lei de Moises (Gn 9.5; 17.10-16; Dt 12.16,23-25). Era muito comum entre os gentios, e ainda hoje, abater animais sem o derramamento de seu sangue. 4d. Abstenção de prostituição. O padrão moral deles estava muito aquém do judaico- cristão. Era grande o risco de os gentios convertidos naufragarem nessas práticas licenciosas. Havia nos templos a chamada “prostituição sagrada”. 5e. Caráter dessas regras. A expressão “destas coisas fazeis bem se vos guardares” parece mais uma recomendação. Tiago acrescenta ainda: “Porque Moisés, desde os tempos antigos, tem em cada cidade quem o pregue e, cada sábado, é lido nas sinagogas”. Isso significa que judeus tem o alto padrão de conduta e um modus vivendi exemplar, porque estudam sobre isso nas sinagogas todos os sábados. Os gentios não aprenderam os bons costumes, porque nunca tiveram quem os ensinassem. Por essa razão, o modus vivendi deles era precário. Aplicar essa conduta judaica aos gentios era o mesmo que afirmar que a graça do Senhor não era suficiente. A lei de Moises seria o complemento para a salvação. Isso reduziria o Cristianismo a uma mera seita do judaísmo e, além disso, confundiria com a identidade judaica. Nesse caso, era como se os cristãos de hoje usassem o talit (manto usado pelos judeus religiosos) e o kippar (solidéo que eles usam sobre a cabeça), alimentando-se apenas de khasher, como os judeus; além de outros ritos, como condição para a salvação. 6f. Uma questão de consciência. Essas regras eram o mínimo que se pedia dos gentios, para não escandalizarem os judeus cristãos. Porém, mais por amor a eles, do que um meio de salvação. Uns acham que se trata de injunções e não ordenanças obrigatórias, usando como base Rm 14.13-16; ‘ Cor 8.7-13 e 10.27-29. Os contrários dizem que o assunto tratado por Paulo nas citações acima é outro. Causa-nos estranheza, hoje, quando alguém levanta questões sobre usos e costumes, que, às vezes, sequer aparecem na Bíblia (exceto com interpretações subjetivas de certas passagens isoladas da Bíblia e fora do contexto), como condição para a salvação. Vivemos os bons costumes, porque somos salvos e não para sermos santificados. Tudo o que a consciência acusa, corrompe os bons costumes, viola a santidade e, causa escândalo, é pecado. Leia: Atos (15.6-20,22,28,29). Eclesiologia (Doutrina da Igreja - 11 - 5. A IGREJA E OS SEUS SÍMBOLOS A Igreja como Noiva de Cristo 1. A importância da noiva Esta é a primeira alusão do comentário pela importância que as Escrituras dão ao matrimonio, como instituição divina, quando o compara ao relacionamento entre Cristo e a Igreja. É primordial na Igreja fortalecer o casamento, isto porque há uma ação maligna em curso contra ele por ser, em primeiro lugar, a estratégica que melhor serve ao inimigo no seu famigerado propósito de tentar destruir o plano de Deus para o homem.Em segundo lugar, porque desmoraliza uma instituição que melhor representa o tipo de comunhão que Cristo mantém com a sua noiva, no presente, e a perspectiva da vida que ambos desfrutarão na era vindoura (Ap 19.7,8). 2. A sujeição da noiva Outra lição que o texto de Paulo oferece é a da sujeição da Igreja a Cristo (Ef 5.24). O apóstolo a usa para exemplificar a mesma atitude da mulher para com o marido. No entanto, a idéia não é a de uma sujeição imposta pela força ou por uma decisão unilateral e legalista da esposa. É fruto, isto sim, do amor intenso dedicado pelo esposo, que produz nela profundo sentimento de afeto resultado no reconhecimento espontâneo de sua sujeição posicional. É assim a relação de Cristo com a sua noiva. O amor que Ele lhe devota é tal, como demonstrado no ato da redenção, que ela se sente espontaneamente constrangida a ser-lhe eternamente fiel e a viver em função de sua liderança (2 Co 5.14,15). 3. A pureza da noiva Outro detalhe expresso no símbolo é que a pureza da Igreja como noiva resulta da entrega do Senhor por ela (Ef 5.26,27). É ele quem santifica, purifica e a torna imaculada e irrepreensível. Não é um ato intrínseco da Igreja, que, por si mesma, possa desenvolver essas qualidades da vida cristã. Ela depende de estar abrigada sob o amor do noivo e ter a noção exata da grande compaixão implícita nesta entrega. Só assim poderá viver essas características e apresenta-se, no dia das bodas, como “Igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante...” Tal é o comportamento que Deus espera dos cônjuges. O amor do marido pela esposa deve evidenciar-se de tal maneira, não só por palavras, mas acima de tudo por atos, que a mulher se sinta prazerosamente motivada a manter a sua pureza interior, bem como as suas qualidades morais e físicas para que ambos tenham, por toda a vida, plena satisfação na união conjugal. Assim, estarão dando um testemunho sem palavras, na dimensão humana, do que representa, no nível mais sublime, a comunhão entre Cristo e a Igreja (Ef 5.32). A Igreja como Templo de Deus 1. Lugar da habitação de Deus A Igreja, como templo de Deus, traz a idéia subjacente da construção de um edifício habitacional, que se ergue sob rigorosas normas de engenharia (“bem ajustado”) (Ef 2.21). Aqui se evidenciam duas coisas: a) Quem normatiza e aplica os detalhes técnicos da obra é o engenheiro responsável, principio este que denota a mesma responsabilidade no trato de Cristo com a Igreja. As normas partem dele e já estão reveladas na Bíblia, não podendo ser substituídas por suposições humanas sob pena de fazer ruir todo o edifício, Cl 2.20-23. b) A Igreja foi projetada como lugar da habitação do Deus trino, que, mediante o Espírito Santo, envolve-se em toda a sua peregrinação histórica. O projeto, portanto, pertence ao Pai, a execução ao Filho e o acompanhamento ao Espírito Santo (Ef 3.9; Mt 16.18; Jo 14.16,17,26). Outro desdobramento cabível aqui é a doutrina da transcendência e da imanência de Deus. Em sua transcendentalidade, Deus é chamado de altíssimo porque habita “em um alto e santo Eclesiologia (Doutrina da Igreja - 12 - lugar”. Todavia, ao mesmo tempo em que o céu dos céus é a sua eterna morada, identifica-se também como o Deus imanente, que habita “com o contrito e abatido de espírito”, Is 57.15. 2. Templo de adoração a Deus Outro conceito implícito no símbolo do templo, é que faz parte da natureza essencial da Igreja adorar a Deus. Este é o sentido do termo cultuar. Infelizmente, porém, Igrejas há amarradas a uma liturgia cultural engessada, onde o Espírito Santo não encontra liberdade para atuar. As reuniões acabam-se tornando uma rotina repetitiva e enfadonha com pouco proveito espiritual para os participantes. Em muitos casos a adoração passa para o plano secundário ou mesmo terciário – se não for totalmente esquecida – e os que se destacam na coordenação do culto ocupam o centro das atenções. Os crentes, de modo geral, deixam de ser adoradores para transformar-se em assistentes. Muitos se escudam atrás da recomendação bíblica sobre decência e ordem para defender essa situação. Todavia, levar este principio ao extremo e isola-lo do contexto conduz ao formalismo. Em todas as reuniões da Igreja, como templo de Deus, sem menosprezo da organização, há espaço garantido para os elementos que compõem o culto ao Senhor e aí o Espírito Santo tem liberdade para agir(1 Co 14.26-33). A Igreja como corpo de Cristo 1. O padrão orgânico do corpo Por ultimo, neste comentário, a Igreja é analisada sob a perspectiva do corpo humano. De inicio, traduz a idéia de que são diversos órgãos e muitos membros, mas todos trabalham de forma orgânica e harmônica, interligados, em função do corpo. Este recebe os benefícios (1 Co 12.12). Vale a pena reiterar: eles não trabalham em função de si mesmos. Qualquer ação de um órgão ou membro em corpo saudável esta comprometida com a estrutura orgânica que sustenta a vida. E acima está a cabeça – o cérebro – no comando. Assim é a Igreja de Cristo. Ela conta com milhões de membros espalhados pelo mundo. Quando todos cumprem a sua parte, a Igreja se beneficia, mas se algum deles está enfermo espiritualmente e não é logo restaurado, afeta todo o corpo. Haja vista inúmeros exemplos que promovem escândalos e trazem má fama ao povo de Deus. É responsabilidade de todos os crentes trabalharem de forma orgânica e harmônica, interligados, em favor do crescimento, saúde e fortalecimento da Igreja, tendo Cristo, como cabeça, na liderança (Ef 1.22,23). Sem nenhum exagero, a Igreja atual precisa ser mais corpo e menos indivíduos. 2. A utilidade de cada membro do corpo Todavia, a idéia de corpo não anula a utilidade de cada membro em particular. Todos cumprem uma atividade regular e indispensável no processo da vida. Se algum deles por qualquer motivo pára de trabalhar, o corpo ressentir-se-á de sua inatividade. Esta é a mesma visão que norteia a presença da Igreja na Terra (1 Co 12.14,27). Muitos, no entanto, por não entenderem corretamente este principio, sentem-se inúteis e não se envolvem no serviço cristão. Mas se todos se impregnarem do senso de utilidade, a vida de oração será aprofundada, não faltarão recursos para a expansão do Reino, a evangelização será mais rápida, a obra missionária não andará a passos lentos, a unidade não constituir-se-á em utopia e a Igreja terá relevância no mundo (1 Co 15.58). Como noiva de Cristo, esteja a Igreja consciente de que Ele é a fonte de pureza espiritual. Como templo de Deus, tenha ela a visão de que é o lugar santo de Sua habitação na Terra e do compromisso de permanentemente adora-Lo. Como corpo de Cristo, mostre-se ao mundo como um corpo bem ajustado, onde cada membro cumpra com alegria e sua responsabilidade em favor do corpo. Eclesiologia (Doutrina da Igreja - 13 - EXERCÍCIO 1 1. O que significa o termo “Igreja”?......................................................................... ................................................................................................................................ ................................................................................................................................ 2. Quando a Igreja veio a existir.?.......................................................................... ............................................................................................................................... ............................................................................................................................... 3. Quais são as palavras que descrevem os Cristãos.?.......................................... .............................................................................................................................. .............................................................................................................................. 4. Quais foram às “decisões” do primeiro concílio da Igreja primitiva? .............................................................................................................................. .............................................................................................................................. .............................................................................................................................. ............................................................................................................................. 5. Quais são os Símbolos da Igreja?....................................................................... .............................................................................................................................. .............................................................................................................................. Eclesiologia (Doutrina da Igreja - 14 - Lição 2 6. IGREJA E O DISCIPULADO “Portanto ide , ensinai todas as nações, batizando-as em nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo” (Mt 28.19) O discipulado é a comunidade da integração. É o processo em que o novo convertido recebe todas as instruções indispensáveis ao crescimento de sua fé. Não basta apenas evangelizar. O texto de Mt 28.19 é claro: “Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações”. Depois de integrado à Igreja, o novo convertido precisa continuar desfrutando de cuidados especiais até que alcance a maturidade espiritual e se torne, ele mesmo, um discipulador. Bases para o Discipulado 1. A necessidade do discipulado Assim como a criança recebe, nos primeiros dias de vida, um tipo de alimentação adequada ao seu tenro organismo, da mesma forma o novo convertido nesta fase. Ou seja, a vida espiritual segue o mesmo princípio da biologia. É uma necessidade. Compare com Hb 5.12 e veja que Paulo, aqui, está questionando os crentes que, pelo tempo, deviam ser mestres, mas dependiam ainda de “leite”, ao invés do “sólido alimento”. O apóstolo não nega, neste texto, a necessidade de “leite” aos que ainda são novos na fé. O que ele repele é o fato de crentes amadurecidos, cujas raízes deveriam ser fortes, estarem repisando a todo o momento, por falta de convicção, os rudimentos da fé. Isto nos leva a outro raciocínio: queimar etapas e deixar de ensinar os primeiros passos da vida cristã ao novo convertido é propiciar-lhe crescimento anômalo (1 Pd 2.2,3). 2. O embasamento bíblico do discipulado Além do fato de Cristo ter ordenado à Igreja que faça discípulos, Paulo, por sua vez, recomenda: “e o que de mim, entre muitas testemunhas, ouviste, confia-o a homens fieis, que sejam idôneos para também ensinarem os outros”, 1 Tm 2.2. O princípio prevalecente, no texto, é o da continuidade, ou seja, o que eu aprendi, devo ensinar a outros para que estes passem adiante o que aprenderam. Isto pressupõe que o trabalho do ganhador de almas só se completa quando Cristo é gerado em cada novo crente, através do discipulado, e este possa levar outros aos pés de Cristo pelo mesmo processo. O discipulado pode ser embasado, ainda, em três exemplos do Novo Testamento. a) O discipulado de Paulo O principal discipulador do apóstolo dos gentios foi Barnabé (At 9.27,28; At 11.25). Depois, em Gl 1.15,18, o próprio Paulo deixa implícito o tempo de duração de seu discipulado, antes de iniciar o ministério apostólico. b) O discipulado de João Marcos Aqui, mais uma vez, o responsável pelo discipulado foi Barnabé (At 15.36-39) e veja que Paulo tinha razões para não levar novamente João Marcos em sua segunda viagem missionária. No entanto, Barnabé tinha também as suas razões. Faltava ao rapaz um discipulado mais profundo. Foi o que fez o “filho da consolação”. Mais tarde, o apóstolo reconheceu os frutos do trabalho de Barnabé junto a João Marcos 2 Tm4.11). c) O discipulado de Timóteo Aqui, os principais discipuladores foram sua avó, Lóide, e sua mãe, Eunice 2. Tm 1.5. O texto revela também uma outra verdade: o quanto os pais são importantes no discipulado dos filhos. É um erro pensar que esta tarefa cabe somente à Igreja Ensinar os filhos nos caminhos do Senhor é dever dos pais. Eclesiologia (Doutrina da Igreja - 15 - 3. A importância do discipulado Do exposto, chega-se à conclusão que o discipulado é sumamente importante e indispensável na vida de qualquer crente, sem exceção, nos primeiros anos da vida cristã. Todavia, é o que está faltando, hoje, na maioria de nossas Igrejas. Infelizmente, não tem havido, algures, cuidados especiais com os novos convertidos. Os pecadores aceitam a Cristo e são abandonados à sua própria sorte, sem qualquer acompanhamento. O Maximo que acontece é receberem uma visita, isto se os cartões de decisão forem corretamente preenchidos. Quanto ao mais, que se arranjem sozinhos! Como fazer o Discipulado 1. O discipulado individual Aqui o crente “adota” um novo convertido e o acompanha até que ele ande com os seus próprios pés. É o método de maior resultado, se os crentes o levam a sério. Se cada um assumisse o compromisso de ganhar uma alma e discípulá-la, o crescimento da Igreja seria vertiginoso. E com qualidade. Poderia, inclusive, ser criado em cada Igreja local um programa com o slogan “Adote um novo convertido”, com propósito de estimular os crentes a assumirem o seu papel como células que se multiplicam no Corpo de Cristo. 2. O discipulado coletivo Neste caso o discipulador se responsabiliza por um grupo, que pode ser a classe de novos convertidos, na Escola Dominical, ou mesmo durante a semana, ou ainda um núcleo de estudo bíblico no lar. Cabe à Igreja local escolher a melhor forma. O importante é que haja o discipulado. 3. O uso de literatura própria Para o discipulado, faz-se necessário o uso de literatura apropriada. 4. Qualidades do discipulador O discipulador é alguém preparado e vocacionado para esta tarefa. Bebês espirituais têm que ser tratados da mesma maneira que os pais físicos tratam seus bebês. Com disciplina, mas sem amor, graça e cercados de todas as atenções necessárias. Já nos primeiros meses ele precisa aprender pequenas regras que o disciplinarão pelo resto da vida. Mas nada que sua tenra idade não possa suportar. Eis algumas qualidades do discipulador: a) Profunda convicção. A falta de convicção produz inconstância, dúvidas e falta de firmeza nos discípulos. b) Paixão pelos perdidos. Se não há paixão pelas almas, como fazer um discipulado produtivo? c) Preparo espiritual. Lembremo-nos que é nosso dever ensinar, também, pelo exemplo. Crentes espirituais formarão, outrossim, discípulos espirituais. d) Preparo bíblico. O obreiro aprovado é aquele que maneja bem a palavra da verdade 2 Tm 2.15. Se faltar esta qualidade, como ensinar o discípulo? e) Facilidade de relacionamento. Relacionar-se é qualidade preponderante no discipulador. Ele terá de visitar os discípulos, acompanhar-lhes os passos, responder-lhes as dúvidas, interessar-se pelos seus problemas, demonstrando profundo amor cristão. Isto exige desprendimento e paciência. As Bênçãos do Discipulado 1. Colheita mais produtiva Além da semeadura, o lavrador toma todas as medidas para que a colheita seja mais produtiva. Todavia, muito do que se colhe, no Brasil, é depois jogado fora por falta de cuidado no transporte entre o produtor e o consumidor. O mesmo principio é válido no sentido espiritual. Almas se convertem, mas depois são lançadas fora. Um bom discipulado mudará as estatísticas, aumentando o percentual dos que darão frutos para o reino de Deus. Se os números da parábola do bom semeador forem alcançados, os resultados serão promissores. 2. Crentes enraizados Outra benção do discipulado é que ele produzirá crentes com raízes profundas, que substituirão com firmeza aos ventos da tempestade. Foi o que Paulo questionou quanto aqueles que deveriam já ser considerados mestres e viviam ainda como meninos. Eclesiologia (Doutrina da Igreja - 16 - 3. Redução do número de desviados. Outra constatação das pesquisas é que a “porta dos fundos” é maior do que a “porta da frente”. Ou seja, há mais pessoas que se desviam do que as que se convertem. Por quê? Falta de discipulado. Com a mudança de mentalidade, este quadro também mudará. 4. Avivamento. Avivamento é a vida dinâmica da Igreja em crescimento, no poder do Espírito. Não se trata meramente de barulho, fruto da emoção. É algo mais além. É óbvio que o discipulado prestará também sua contribuição ao avivamento, pois almas que permanecem firmes na fé, depois de discipuladas, são potenciais ganhadores de outra almas, que viverão o dia-a-dia das realidades de fé cristã: batismo no Espírito Santo, fruto do Espírito, dons espirituais e outras experiências que edificam e tornam a Igreja viva. 5. Obreiros bem preparados. Sabe-se, através da experiência, que os melhores obreiros são os que receberam boa formação quando novos crentes que freqüentaram a Escola Dominical. Se quisermos obreiros dedicados amanhã, discipulemos, hoje, os novos convertidos. 6. Antídoto contra as heresias. Muitos crentes acabam presos das heresias porque não conhecem os fundamentos da fé. Não estão preparados para “responder com mansidão” acerca de sua esperança 1 Pd 3.15. O que não ocorre com os aptos das seitas, que recebem treinamento intensivo e só saem às ruas para a catequese quando se revelam devidamente preparados. O discipulado é o meio para mudar esta situação. Ele tornará os novos crente colunas da verdade. O que produz a falta de Discipulado 1. Aumento do número de desviados Este é o quadro que hoje se verifica, conseqüência natural da falta de discipulado. É óbvio que um bebê, se não for alimentado,, morre. Ninguém jamais conseguiu alterar esta lei biológica. No entanto, é assim que muitos tratam os novos crentes: não lhes dão alimento. Por isso, morrem. 2. Crentes enfraquecidos Há muitos, em nosso meio, que não sabem a razão de sua fé. Quando confrontados com seu comportamento austero, o máximo que afirmam é que “a Igreja proíbe”, ou o “pastor não deixa”. A culpa não é deles. É da Igreja que não os ensinou de maneira correta. Faltou, com certeza, discipulado bíblico. 3. Presas fáceis das heresias Se não têm como explicar as razões de sua fé, como poderão fazer frente às heresias que batem todo o dia à sua porta? Infelizmente, muitos crentes têm sido tragados pelas seitas falsas por não terem sido bem ensinados na fé. 4. Obreiros inconseqüentes A desnutrição na infância se reflete por toda a vida, mesmo que na juventude sejam tomadas medidas para suprir as deficiências. Crentes antigos e mal formados tiveram origem na falta de discipulado. Por isso, continuarão agindo como crianças na fé, sempre dependendo de “leite”. Daí a obreiros neófitos, inconseqüentes e desleixados é apenas um passo. 5. Igrejas sem paixão pelas almas O maior mal da falta de discipulado é que, em razão da ausência de novos crentes, a vida dinâmica da Igreja no poder do Espírito Santo vai perdendo sentido, esgota-se o interesse pela salvação das almas e o avivamento morre. Não havendo novos crentes, não haverá, conseqüentemente, batismos no Espírito Santo, manifestação dos dons espirituais, novas experiências e crescimento na fé. Eclesiologia (Doutrina da Igreja - 17 - 7. A IGREJA E OS SEUS MEMBROSOs Membros da Igreja O Novo Testamento estabelece as seguintes condições para os membros da Igreja: 1) Fé implícita no Evangelho e confiança sincera e de coração em Cristo como o único e divino Salvador (At 16.31); 2) Submeter-se ao batismo nas águas como testemunho simbólico da fé em Cristo; 3) Confessar verbalmente essa fé (Rm 10.9,10). No principio, praticamente todos os membros da Igreja eram verdadeiramente regenerados. “E todos os dias acrescentava o Senhor à Igreja aqueles que se haviam de salvar” (At 2.47). Entrar ma Igreja não era uma questão de unir-se a uma organização, mas de tornar-se membro de Cristo, assim como o ramo é enxertado na arvore. No transcurso do tempo, entretanto, conforme a Igreja aumentou um número e em popularidade, o batismo nas águas e a catequese tomaram o lugar da conversão. O resultado foi influxo na Igreja de grande número de pessoas que não eram cristãs de coração. E desde então, essa tem sido mais ou menos a condição da cristandade. Assim como nos tempos do Antigo Testamento havia um Israel dentro dum Israel, israelitas de verdade, bem como israelitas nominais, assim também no transcurso da história da Igreja vemos uma Igreja, dentro da Igreja, cristãos verdadeiros no meio de cristãos apenas de nome. Portanto, devemos distinguir entre a Igreja invisível, compostas dos verdadeiros cristãos de todas as denominações, e a Igreja visível, constituída de todos os que professam ser cristãos – a primeira, composta daqueles cujos nomes estão registrados no rol de membros das Igrejas. Nota-se a distinção em Mt 13, onde o Senhor fala dos “mistérios do reino dos céus” – expressão essa que corresponde à designação geral “cristandade”. As parábolas nesse capítulo esboçam a historia espiritual da cristandade entre o primeiro e o segundo advento de Cristo, e nelas aprendemos que haverá uma mistura de bons e maus na Igreja, até a vinda do Senhor, quando a Igreja será purificada e se fará separação entre o genuíno e o falso (Mt 13.36-43,47-49). O apóstolo Paulo expressa a mesma verdade quando compara a Igreja a uma casa na qual há muitos vasos, uns para honra e outros para desonra (2 Tm 2.19-21). É a Igreja sinônimo do reino de Deus? Que a Igreja seja uma fase do reino entende-se pelo ensino de Mt 16.18,19, pelas parábolas em Mt 13, e pela descrição de Paulo da obra cristã como sendo parte do reino de Deus (Cl 4.11). Sendo “o reino dos céus” uma expressão extensa, podemos descrever a Igreja como uma parte do reino. William Evans assim escreveu: “A Igreja pode ser considerada como uma parte do reino de Deus, assim como o Estado de Illinois é parte dos Estados Unidos”. A Igreja prega mensagem que trata do novo nascimento do homem, pelo qual se obtém entrada no reino de Deus (Jo 3.3-5; 1 Pd 1.23). Eclesiologia (Doutrina da Igreja - 18 - 8. AS DOUTRINAS BÍBLICAS DA IGREJA A Doutrina da Igreja no Novo Testamento 1. Seu caráter universal De inicio, em que pese a quantidade de denominações existentes, o Novo Testamento não se manifesta em momento algum e esse respeito. O seu ensino acerca da estrutura da Igreja encerra basicamente duas verdades. Em primeiro lugar, aponta para o seu caráter universal (At 20.28; Ef 2.21,22; Hb 12.23). É o povo de Deus espalhado pelo mundo, que professa a fé em Cristo, proclama as boas novas aos perdidos da Terra e cultiva no seu viver diário a comunhão em seu duplo aspecto: vertical (com Deus) e horizontal (uns com os outros). As expressos paulinas – “há um só corpo”, “um só Espírito”, “uma só esperança”, “um só Senhor, uma só fé, um só batismo” e “um só Deus”- transmitem essa idéia, deixando claro que a Igreja está acima das estruturas humanas. Ainda que estas sejam necessárias para a sua instrumentalização na face da Terra, ela se constitui de um único corpo formado por aqueles que foram comprados pelo sangue de Cristo e vivenciam a vida cristã na “unidade do Espírito pelo vinculo da paz”. Fundamentos da Unidade do Corpo A “unidade do Espírito” é firmada na unidade da Trindade divina. Em Ef 4.1-6 encontramos algumas expressões que confirmam a unidade da Trindade, tais como “um Espírito; “um Senhor”; “um só Deus e Pai”. Para que haja “um só corpo” (a Igreja), o exemplo maior é o da Trindade. Porém Paulo queria ensinar Ef 4.4-6 é sobre o tipo de unidade que mantém a Igreja, que é a unidade de fé e doutrina. 1. Há um só corpo. O texto de Ef 2.15,16 apresenta o retrato da criação da Igreja, sob a linguagem figurada do novo homem que forma um corpo, o corpo místico de Jesus. A Igreja é a constituição de milhões de membros no mundo inteiro de formar um só corpo (Rm 12.5; 1 Co 10.7; 12.12-30). Somos um só corpo, independente das diferentes denominações evangélicas, com exceção das falsas Igrejas cristãs. Temos uma só cabeça espiritual: Cristo. 2. Há um só Espírito. A Igreja tem a vida do Espírito Santo. Assim como o corpo humano é dinamizado pelo espírito humano, o corpo de Cristo é dinamizado pelo Espírito Santo. É Ele, a terceira pessoa da Trindade, que dá vida ao corpo de Cristo. Só faz parte desse corpo os regenerados pelo Espírito (2 Co 5.17; Rm 8.9.11; 1 Co 12.12). 3. Há uma só esperança. A “esperança da vossa vocação”. Quando Deus nos chamou para a salvação tornou possível o nosso futuro em Cristo. De que valeria o cristianismo se existisse apenas o hoje, e nunca o amanhã. A obra que Cristo realizou no Calvário nos propiciou a esperança da glória. Esta esperança vem da Bíblia, a qual nos assegura que um dia teremos a libertação do corpo de pecado e a obtenção de um corpo espiritual e glorioso, o qual jamais terá dores e morte (1 Ts 4.16,17; 1 Co 15.44,52-54; Cl 3.4). 4. Há um só Senhor. Quem é o senhor do corpo, senão a cabeça que o comanda? Assim, Cristo é o Senhor da Igreja (Ef 1.22,23). 5. Há uma só fé. Trata-se aqui do nosso credo, aquela fé racional e espiritual que produz a vida cristã. Diz respeito ao corpo de doutrina da Bíblia que rege a vida cristã (Gl 1.23; 1 Tm 3.9; 4.1; 2 Tm 6.7; Jd v.3). A Igreja segue e obedece a uma só fé, isto é, tem uma só doutrina. 6. Há um só batismo. Trata-se, é evidente, do batismo como sinal físico e simbólico da nossa entrada no corpo de Cristo, e esse batismo é o realizado por imersão em água. É o símbolo da regeneração operada pelo Espírito Santo na vida do novo crente. Nós, pentecostais, cremos também no batismo no Espírito Santo como uma experiência altamente importante na vida do crente (At 2.38; 22.16; Rm 6.3,4). O batismo a que se refere a Bíblia aqui, é o batismo que dá entrada de qualquer pessoa à vida da Igreja como o corpo do Senhor. 7. Há um só Deus e Pai de todos. Há uma só família cristã abrangendo a todos os redimidos por Cristo. Deus é o Pai dessa família. Deus é Pai, tanto por geração (como Criador), quanto por regeneração (nova criação) Ef 2.10; Tg 1.17,18; 1 Jo 5.7. Eclesiologia (Doutrina da Igreja - 19 - As 14 Doutrinas Bíblicas Principais da Igreja 1. Um só Deus, eternamente subsistente em três pessoas: o Pai, o Filho e o Espírito Santo (Dt 6.4; Mt 28.19; Mc 12.29). 2. A inspiração verbal da Bíblia Sagrada, única regra infalível de sé normativa para a vida e o caráter cristão (2 Tm 3.14-17). 3. A concepção virginal de Jesus, em sua morte vicária e expiatória, em sua ressurreição corporal dentre os mortos e sua ascensão vitoriosa aos céus (Is 7.14; Rm 8.34; At 1.9). 4. A pecaminosidade do homem que o destituiu da glória de Deus, e que somente o arrependimento e a fé na obra expiatória e redentora de Jesus Cristo é que pode restaurar a Deus (Rm 3.23 e At 3.19). 5. A necessidade absoluta do novo nascimentopela fé em Cristo e pelo poder atuante do Espírito Santo e da Palavra de Deus, para tornar o homem digno do Reino dos Céus (Jo 3.3-8). 6. O perdão dos pecados, na salvação presente e perfeita e na eterna justificação da alma recebida gratuitamente de Deus pela fé no sacrifício efetuado por Jesus Cristo em nosso favor (At 10.43; Rm 10.13; 3.24-26 e Hb 7.25; 5.9). 7. O batismo bíblico efetuado por imersão do corpo inteiro uma só vez em águas, em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, conforme determinou o Senhor Jesus Cristo (Mt 28.19; Rm 6.1-6 e Cl 2.12). 8. A necessidade e na possibilidade que temos de viver vida santa mediante a obra expiatória e redentora de Jesus no Calvário, através do poder regenerador, inspirador e santificador do Espírito Santo, que nos capacita a viver como fiéis testemunhas do poder de Cristo (Hb 9.14 e 1 Pd 1.15). 9. O batismo no Espírito Santo que nos é dado por Deus mediante a intercessão de Cristo, com a evidência inicial de falar em outras línguas, conforme a sua vontade (At 1.5; 2.4; 10.44-46; 19.1-7). 10. A atualidade dos dons espirituais distribuídos pelo Espírito Santo á Igreja para sua edificação, conforme sua soberana vontade (1 Co 12.1-12). 11. A Segunda Vinda premilenial de Cristo, em duas fases distintas. Primeira – invisível ao mundo, para arrebatar a sua Igreja fiel da terra, antes da Grande Tribulação; segunda – visível e corporal, com sua Igreja glorificada, para reinar sobre o mundo durante mil anos (1 Ts 4.16,17; 1. Co 15.51-54; Ap 20.4; Zc 14.5 e Jd 14). 12. Que todos os Cristãos comparecerão ante o Tribunal de Cristo, para receber a recompensa dos seus feitos em favor da causa de Cristo na terra (1 Co 5.10). 13. O juízo vindouro que recompensará os fieis e condenará os infiéis (Ap 20.11-15). 14. A vida eterna de gozo e felicidade para os fieis e de tristeza e tormento para os infiéis (Mt 25.46). Eclesiologia (Doutrina da Igreja - 20 - 9. A DISCIPLINA BÍBLICA NA IGREJA “Aplica à disciplina o teu coração, e os teus ouvidos às palavras do conhecimento” (Pv 23.12). A Bíblia e a disciplina na Igreja No âmbito da revelação divina e da vida cristã, a disciplina é um assunto altamente positivo. Deus disciplina os seus para fazer destes, discípulos ainda melhores. E, para tanto, a partir da sua Palavra, utiliza-se de vários meios. É de disciplina que vem a palavra discípulos. 1. Os primórdios da disciplina bíblica “A primeira idéia clara de disciplina está em Êxodo 12.15, 19.20”. Nessa passagem, Deus ordenou que os israelitas retirassem todo e qualquer fermento de suas casas,. O fermento, na Bíblia, simboliza o pecado: age secreta e invisivelmente na vida do povo de Deus. Uma outra noção clara de disciplina acha-se em Números 5.1-4. Aqui está prescrito que todos os leprosos e imundos fossem mantidos fora do arraial. Isso nada tem a ver com discriminação. Em Deuteronômio, aparece nove vezes a prescrição disciplinar: “Tirarás o mal do meio de ti”. 2. A necessidade da disciplina bíblica O pecado é agente causal espiritual que, além do seu contágio, conduz à morte espiritual. Pode ser individual ou coletivo (Lv 4.13; Rm 6.23; Tg 1.15; Ef 2.1). 3. A finalidade da disciplina bíblica a) Dar testemunho da santidade da Igreja (1 Co 3.16,17). b) Levar o transgressor a corrigir-se. Israel, na sua obstinação, ignorou a disciplina do Senhor, e deu-se mal (Jr 7.28). Hoje, há Igrejas que já aboliram a disciplina bíblica e amorosa, argumentando que ela não é bíblica. E, assim, prejudicam a feição característica da Igreja-a de ser separada para Deus e para o seu uso. c) Dar testemunho da santidade de Deus e servir de exemplo perante o mundo. 4. A atitude de Jesus referente à disciplina Em João 8, o Senhor Jesus usou de misericórdia para com a mulher flagrada em adultério, mas recomendou-lhe: “Vai, e não peques mais”. Em Mateus 18.15-22, Ele nos deixa um profundo ensino sobre a disciplina cristã. 5. Formas de disciplina na Igreja Quando um crente peca, e continua em seu pecado, quer ele saiba ou não, está afetando toda a congregação à qual pertence. Afinal, a Igreja de Cristo é comparada na Bíblia a um corpo, e quando um de seus membros é afetado todo o corpo sente (1 Co 12.12-27). Eclesiologia (Doutrina da Igreja - 21 - a) A disciplina preventiva Destina-se a evitar que os males surjam no meio do povo (1 Jo 2.1; 1 Co 6.12; 10.23; 1 Co 10.32). b) A disciplina corretiva Enquanto a disciplina preventiva é branda e suave, a disciplina corretiva costuma ser dolorosa. São muitos os recursos da disciplina corretiva. O caso de Corinto é um exemplo. Infelizmente, em certas Igrejas, a disciplina corretiva é aplicada sem amor e temor de Deus. O descanso com o pecado na Igreja Em estudo, o transgressor prosseguiu na igreja como se nada tivesse acontecido. A congregação, por sua vez, ignorou o assunto. Tratava-se de um pecado hediondo. Um membro da Igreja estava vivendo com sua madrasta, conjugalmente, como se fossem marido e mulher. A lei de Deus condenava tais práticas (Lv 18, Dt caps. 22;27; 30). No Sermão da Montanha, Jesus confirmou esses ensinos (Mt 5.17,18). Por sua vez, a lei civil romana também condenava esse repulsivo pecado. Era preciso restaurar o irmão transgressor, e ao mesmo tempo corrigir repreensível da Igreja. O que teria levado aquele crente de Corinto a cometer um pecado tão torpe e, nele, continuar abertamente? Talvez na consciência estivesse “cauterizada”, como está escrito em 1 Tm 4.2. Um crente de consciência cauterizada pode agir pior que um incrédulo. A disciplina na Igreja é Bíblica, contanto que seja administrada no amor de Deus, segundo a doutrina do Senhor, visando sempre a restauração do crente em pecado ou desviado. No caso de Corinto, não era só aquele crente que estava ruim diante de Deus; a Igreja também o estava. Uma Igreja precisa pensar nisso na hora de disciplinar os seus membros. Um crente, ou uma Igreja que tem prazer em excluir os faltosos, estão distanciados do Espírito de Cristo, pois: “Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para que condenasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por Ele” (Jo 3.17; 6.39). Eclesiologia (Doutrina da Igreja - 22 - 10. A IGREJA E OS SEUS OBREIROS O ministério da Igreja “E ele mesmo deu uns para apóstolos, e outros para profetas, e outros para evangelistas, e outros para pastores e mestres” (Ef. 5.11). No Novo Testamento são reconhecidas duas classes de ministério: 1) “O ministério geral e profético” – geral, porque era exercido com relação às Igrejas de modo geral mais do que em relação a uma Igreja particular, e profético, por ser criado pela possessão de dons espirituais. 2) “O ministério local e prático” – local porque era limitado a uma Igreja, e prático, porque tratava da administração da Igreja. 1. O ministério geral e profético. 1) Apóstolos. Eram homens que receberam sua comissão do próprio Cristo em pessoa (Mt 10.5; Gl 1.1), que haviam visto a Cristo depois de sua ressurreição (At 1.22; 1 Cor 9.1); haviam gozado duma inspiração especial (Gl 1.11,12; 1 Ts 2.13). exerciam um poder administrativo sobre as Igrejas (1 Cor 5.3-6; 2 Cor 10.8; Jo 20.22,23); levavam credenciais sobrenaturais (2 Cor 12.12), e cujo trabalho principal era estabelecer Igrejas em campos novos (2 Cor 10.16). Eram administradores da Igreja e organizadores missionários, chamadospor Cristo e cheios do Espírito. Os “doze” apóstolos de Jesus, e Paulo (que por sua chamada especial constituía uma classificação à parte), eram apóstolos por preeminência; entretanto, o titulo de apóstolo também foi outorgado e outros que se ocupavam na obra missionária. A palavra “apóstolo” significa simplesmente “missionário” (At 14.14; Rm 16.7). Tem havido apóstolos desde então? A relação dos doze para com Cristo foi uma relação única que ninguém desde então pôde ocupar. Sem dúvida, a obra de homens tais como João Wesley, com toda razão, pode ser considerada como apostólica. 2) Profetas. Eram os dotados do dom de expressão inspirada. Desde os primeiros dias até ao fim do século constantemente apareceram, nas Igrejas cristãs profetas e profetisas. Enquanto o apóstolo e o evangelista levavam sua mensagem aos incrédulos (Gl 2.7,8), o ministério do profeta era particularmente entre os cristãos. Os profetas viajavam de Igreja em Igreja, tanto como os evangelistas o fazem na atualidade; não obstante, cada Igreja tinha profetas que eram membros ativos dela. 3) Mestres. Eram os dotados de dons para a exposição da Palavra. Tal qual os profetas, muitos deles viajavam de Igreja em Igreja. 2. O ministério local e prático. O ministério local, que era nomeado pela Igreja, à base de certas qualidades (1 Tm cap.3), incluía os seguintes: 1. Presbíteros, ou anciãos, aos quis foi dado o titulo de “bispo”, que significava supervisor, ou que serve de superintendente. Exerciam a superintendência geral sobre a Igreja local, especialmente em relação ao cuidado pastoral e à disciplina. Seus deveres eram, geralmente de natureza espiritual. Às vezes se chamam “pastores” (Ef 4.11; At 20.28). Durante o primeiro século cada comunidade cristã era governada por um grupo de anciãos ou bispos, de modo que não havia um obreiro só fazendo para a Igreja o que um pastor faz no dia de hoje. No principio do terceiro século colocava-se um homem à frente de cada comunidade com o titulo de pastor ou bispo. 2. Associados com os presbíteros havia um numero de obreiros ajudantes chamados diáconos (At 6.1-4; 1 Tm 3.8-13; Fl 1.1) e diaconisas (Rm 16.1; Fl 4.3), cujo trabalho parece, geralmente, ter sido o de visitar de casa em casa e exercer um ministério prático entre os pobres e necessitados (1 Tm 5.8-11). Os diáconos também ajudavam os anciãos na celebração da Ceia do Senhor. Que tipo de Obreiros nós somos? 1. Aprovados. “Aprovados de Deus” ( 2 Tm 2.15) “Procura ser obreiro aprovado que maneja bem a palavra da verdade” (2 Tm 3.15) 2. Reprovados. “Malditos” (Jr 48.10) Será que somos reprovados pelo Senhor Como no caso do anjo (pastor) da Igreja em Laodicéia? (Ap 3. 14-19). Oremos e vigiamos para que sejamos Obreiros Aprovados em Cristo (2 Tm 2.15) Eclesiologia (Doutrina da Igreja - 23 - EXERCÍCIO 2 1. O que é Discipulado?........................................................................................................ ............................................................................................................................................. ............................................................................................................................................ 2. Quais são as condições que o Novo Testamento estabelece para os membros da Igreja?................................................................................................................................. ............................................................................................................................................ ............................................................................................................................................. ............................................................................................................................................. 3. Quais são os Fundamentos para a unidade do corpo de Cristo?....................................... ............................................................................................................................................. ............................................................................................................................................. ............................................................................................................................................ 4. Quais são as três finalidades da Disciplina Bíblica?........................................................... ............................................................................................................................................. ............................................................................................................................................. 5. Quais são as duas classes de Ministérios que o Novo Testamento Reconhecia?........................................................................................................................ ............................................................................................................................................. ............................................................................................................................................. Eclesiologia (Doutrina da Igreja - 24 - Lição 3 11. A IGREJA E O EVANGELISMO “E disse-lhes: Ide por todo mundo, pregai o evangelho a toda a criatura” (Mc 16.15). A Igreja foi estabelecida para a Evangelização 1. O lugar da evangelização É comum colocar-se a evangelização como a prioridade número um da Igreja. Em certo sentido, não deixa de estar correto, pois em relação ao mundo esta é a sua principal tarefa. No entanto, neste comentário ela não foi colocada em terceiro lugar por acaso. Há uma razão. É que a evangelização só terá êxito, se os crentes estiverem bem ajustados quanto aos pontos anteriores. Em João 17.23 esta seqüência aparece de maneira clara: “Eu neles, e tu em mim” (Comunhão com Deus); “Para que eles sejam perfeitos em unidade” (comunhão uns com os outros), e “para que o mundo conheça que tu me enviaste” (evangelização de resultados). Uma Igreja que não adora a Deus e onde não se exercita a comunhão uns com os outros não terá o brilho da verdadeira luz que atrai os pecadores (Mt 5.14-16). Antes de sair ao mundo para pregar, a Igreja precisa desenvolver seu relacionamento com Deus e a comunhão entre os membros que a compõem. Isto, por si só, bastará para que ela seja afogueada em seu desejo de ganhar as almas. 2. A ordenança da evangelização “A evangelização é uma ordenança bíblica dada por Jesus à sua Igreja” (Mc 16.15; Mt 28.19; At 1.8). Deixar de evangelizar é o mesmo que passar ao largo, enquanto pessoas estão morrendo, abandonadas sob os escombros de um incêndio. Imagine a cena e sinta o quão dura ela é. Esta é, todavia, a exata situação de muitas Igrejas que estão encasteladas em sua opulência, enquanto à sua volta muitos resvalam para o abismo do fogo eterno. Uma Igreja assim não merece este título e precisa o quanto antes se arrepender para não ser achada em falta e sofrer o juízo divino (Ap 3.14-18). Eclesiologia (Doutrina da Igreja - 25 - 3. O imperativo da evangelização A evangelização é um imperativo porque este é o meio pelo qual os pecadores podem arrepender-se e chegar ao conhecimento da verdade(Jo 6.39,40). Lembre-se que você foi alcançando por ela e, portanto, deve dar continuidade ao processo para que outros sejam também alvos da mesma benção. Proclamar o nome de Jesus Cristo significa oferecer a única possibilidade de salvação para o perdido (At 4.12). Se ele não tiver acesso e este nome que salva, estará irremediavelmente condenado. 4. A evangelização e os seus desdobramentos Finalmente, a evangelização não se esgota no ato de falar de Cristo a alguém. Ali apenas inicia-se o trabalho. A ordem do Mestre é clara: “Fazei discípulos”. É algo que começa com o anuncio das boas novas e continua até que Cristo seja formado em cada novo convertido. Tem os seguintes desdobramentos: a) A integração O ato de tornar o novo crente parte natural do Corpo de Cristo. b) O discipulado O processo de formação espiritual do novo crente através do ensino bíblico adequado para esta fase. A integração e o discipulado são,.portanto, prioridades da Igreja em sua tarefa de trazer os pecadores a Cristo. 5. Com o propósito do culto Este é outro ponto de fundamental importância no processo de integração. Além do propósito de adorar a Deus, é preciso que a filosofia do culto esteja bem definida para que todos os atos da programação cumpram a finalidade proposta. Os cânticos, por exemplo, não podem ser vistos como alguma coisa para “passar o tempo” até a hora da pregação. E nem a pregação pode ser vista como alguma coisa para ser feita porque “já acabou o tempo”. Há uma lógica na unidade do culto que se presta a Deus e no seu propósito como meio de proclamação do Evangelho para a salvação dos pecadores. “...Quem ganha almas sábio é” (Pv 11.30) Eclesiologia (Doutrina da Igreja - 26 - 12. A OBRA DA IGREJA “Porque, assim como o corpo sem o espírito está morto, assim também a fé sem obras é morta” (Tg 2.26) A Obra da Igreja 1. Pregar a salvação A obra da Igreja é pregar o Evangelho a toda a criatura (Mt 28.19,20), e explanar o plano da salvação tal qual e ensinado o plano da salvação tal qual é ensinado nas Escritura. Cristo tornou acessível a salvação por provê-la; real por proclamá-la. 2. Prover meios de adoração Israel possuía um sistema de adoração divinamente estabelecido, pelo qual se chegava a Deus em todas as necessidades e crises da vida. Assim também a Igreja deve ser uma casa de oração para todos os povos, onde Deus é cultuado em adoração, oração e testemunho. 3. Prover comunhão religiosa O homem é um ser social; ele anela comunhão e intercâmbio de amizade. É natural que ele se congregue com aqueles que participam dos mesmos interesses. A Igreja provê uma comunhão baseada na Paternidade de Deus e no fato de ser Jesus o Senhor de todos. É uma fraternidade daqueles que participam duma experiência espiritual comum. O calor dessa comunhão era uma das características notáveis da Igreja primitiva. Num mundo governado pela máquina política do Império Romano, em que o individuo era praticamente ignorado, os homens anelavam uma comunhão onde pudessem livrar-se do sentimento de solidão e desamparo. Em tal mundo uma das características mais atraentes da Igreja era o calor e a solidariedade da comunhão – comunhão em que todos as distinções terrenas eram eliminadas e os homens e mulheres tornavam-se irmãos e irmãs em Cristo. 4. Sustentar uma norma de conduta moral A Igreja é “a luz do mundo”, que afasta a ignorância moral; é o “sal da terra”, que preserva da corrupção moral. A Igreja deve ensinar aos homens como viver bem, e a maneira de se preparar para a morte. Devem proclamar o plano de Deus para regulamentar todas as esferas da vida e sua atividade. Contra as tendências para a corrupção da sociedade, deve ela levantar a sua voz de admoestação. Em todos os pontos de perigo deve colocar uma luz como sinal de perigo. As Estratégicas da Igreja para o mundo Urbano 1. Uma Igreja consciente de suas responsabilidades O quadro há pouco pintado retrata a vida urbana em cores pálidas. Ele é mais forte. Mas a Igreja consciente de suas responsabilidades e capacidade pelo poder do Espírito Santo há de estar pronta para ser obediente à visão de Deus e transpor todas as barreiras para ser relevante com a mensagem do evangelho. Assim como Paulo foi obediente ao chamado divino (At 16.9,10; 26.19,20), a Igreja igualmente não pode fugir da realidade das grandes cidades, metrópoles e megalópoles, pois aí estará praticamente a maior parte da população mundial nos próximos anos. 2. Uma Igreja com visão multi-ministerial Por outro lado, somente a Igreja que dispor de visão multi-ministerial terá condições de estar presente em todas as circunstâncias que demandam sua ação na vida urbana. Em sã consciência, as reuniões tradicionais da semana, sem menosprezar o seu valor, não são suficientes para confrontar a vida paradoxalmente opulenta e ao mesmo tempo degradante da urbanização. Das crianças aos mais idosos, todos precisam estar mobilizados em todas frentes – menores carentes, drogados, prostitutas, mendigos, etc – a fim de que se cumpra através da Igreja o ministério da reconciliação (2 Co 5.18). Eclesiologia (Doutrina da Igreja - 27 - 13. A ORGANIZAÇÃO DA IGREJA A Organização da Igreja O Governo da Igreja É evidente que o propósito do Senhor era que houvesse uma sociedade de seus seguidores que comunicasse seu Evangelho aos homens e o representasse no mundo. Mas ele não moldou nenhuma organização ou plano de governo; não estabeleceu nenhuma regra detalhada de fé e pratica. Entretanto, ele ordenou os dois singelos ritos de batismo e comunhão. Ao mesmo tempo, ele não desprezou a organização, pois sua promessa concernente ao Consolador vindouro deu a entender que os apóstolos seriam guiados em toda a verdade concernente a esses assuntos. O que ele fez para a Igreja foi algo mais elevado do que organização – ele lhe concedeu sua própria vida, tornando-a em organismo vivo. Assim como o corpo vivo se adapta ao meio ambiente, semelhantemente, ao corpo vivo de Cristo foi dada liberdade para selecionar suas próprias formas de organização, segundo suas necessidades e circunstâncias. Naturalmente, a Igreja não era livre para seguir nenhuma manifestação contrária aos ensinos de Cristo ou à doutrina apostólica. Qualquer manifestação contrária aos princípios das Escrituras é corrupção. Durante os dias que se seguiram ao Pentecoste, os crentes praticamente não tinham nenhuma organização, e por algum tempo faziam os cultos em suas casas e observavam as horas de oração no templo. (At 2.46). Isso foi completado pelo ensino e comunhão apostólicos. Ao crescer numericamente a Igreja, a organização originou-se das seguintes causas: primeira, oficiais da Igreja foram escolhidos para resolver as emergências que surgiam, como, por exemplo, em At 6.1-5; segunda, a possessão de dons espirituais separava certos indivíduos para a obra do ministério. As primeiras Igrejas eram democráticas em seu governo – circunstância natural em uma comunidade onde o dom do Espírito Santo estava disponível a todos, e onde toda e qualquer pessoa podia ser dotada de dons para um ministério especial. É verdade que os apóstolos e anciãos presidiam as reuniões de negócios e a seleção dos oficiais; mas tudo se fez em cooperação com a Igreja (At 6.3-6; 15.22; 1 Cor 16.3; 2 Cor 8.19; Fl 2.25). Pelo que se lê em At 14.23 e Tt 1.5, poderá entender-se que “Paulo” e “Barnabé” nomearam anciãos sem consultar a Igreja; mas historiadores eclesiásticos de responsabilidade afirmam que eles os “nomearam” da maneira usual, pelo voto dos membros da Igreja. (eles governavambem a Igreja primitiva) Vemos claramente que no Novo Testamento não há apoio para uma fusão das Igrejas em uma “máquina eclesiástica” governada por uma hierarquia. Nos dias primitivos não havia nenhum governo centralizado abrangendo toda a Igreja. Cada Igreja local era autônoma e administrava seus próprios negócios com liberdade. Naturalmente os “Doze Apóstolos” eram muito respeitados por causa de suas relações com Cristo, e exerciam certa autoridade (At 15). Paulo exercia certa supervisão sobre as Igrejas gentílicas; entretanto, essa autoridade era puramente espiritual, e não uma autoridade oficial tal como se outorga numa organização. Embora que cada Igreja fosse independente da outra, quanto à jurisdição, as Igrejas do Novo Testamento mantinham relações cooperativas umas com as outras (Rm 15.26,27; 2 Cor 8.19; Gl 2.10; Rm 15.1; 3 Jo 8). Nos séculos primitivos as Igrejas locais, embora nunca lhes faltasse o sentimento de pertencerem a um só corpo, eram comunidades independentes e com governo próprio, que mantinham relações umas com as outras, não por uma organização política que as reunisse todas elas, mas por uma comunhão fraternal mediante visitas de delegados, intercâmbio de cartas, e alguma assistência recíproca indefinida na escolha e consagração de pastores. Eclesiologia (Doutrina da Igreja - 28 - O que é a Unidade na Igreja 1. No ministério O ministério é uma dádiva divina concedida à Igreja (1 Co 3.3-9; 12.28; Ef 4.11). Podemos ver a unidade ministerial em dois aspectos: a) Dos ministros entre si Nenhum ministro possui todos os dons ministeriais (Rm 12.6-8; 1 Co 12.28-30); juntos, porém, completam-se, pois dependem um do outro (1 Co 12.15-17). Todos os dons ministeriais são necessários à Igreja (1 Co 2.5-9). Em Antioquia, os obreiros possuíam diferentes dons e estavam unidos e coesos em torno da causa de Cristo (At 13.1-3). b) Dos ministros e a Igreja Os ministros trabalham para a edificação da Igreja (Ef 4.12). Cada crente tem uma missão especial a cumprir (Mc 13.34), e deve ser aperfeiçoada para o seu trabalho na Igreja através da orientação dos ministros que Deus nela colocar. Quando isso ocorre, a Igreja permanece unida dentro do padrão divino (At 8.1-4; 11.19,20; Fl 1.5), e terá um crescimento extraordinário (Ef 4.4,5), tanto no amadurecimento espiritual quanto no número dos salvos (At 9.31). 3. Entre os membros em geral Vejamos alguns aspectos dessa unidade: a) União. Todos os que têm vida em Jesus foram unidos a Ele num mesmo Espírito e num só corpo (1 Co 12.13; 6.17). Através do amor, ligamo-nos uns aos outros (1 Jo 4.7,21; 5.12). Nessa união, desaparece toda a distinção de cor, raça, povo, posição social ou nível intelectual (Gl 3.11; 1 Co 12.13; Gl 6.16). b) Dependência. No corpo de Cristo, não existem membros “independentes”: todos estão ligados aos demais, dependem uns dos outros. Todos têm uma tarefa especial, porém todos são limitados e precisam da ajuda dos demais. c) Individualmente. Embora haja muitos membros, cada um exerce uma função respectiva na vida da Igreja (Ef 4.15,16). d) Participação. No corpo místico de Cristo, todos estão ligados à cabeça, que é o próprio Senhor, e participam das bênçãos dela oriundas. Ligados a Jesus, participamos da plenitude do Espírito (Cl 2.9,10), e seremos abençoados com todas as bênçãos celestiais (Ef 1.3). Eclesiologia (Doutrina da Igreja - 29 - 14. A ADORAÇÃO DA IGREJA “Mas a hora vem, e agora é, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade; porque o Pai procura os tais que assim o adorem” (Jo 4.23). “Deus é Espírito, e importa que os que adoram o adoram em espírito e em verdade” (Jo 4.2). A Adoração da Igreja Das epístolas de Paulo inferimos que havia duas classes de reuniões para adoração: uma consistia em oração, louvor, pregação; a outra era um culto de adoração, conhecido como a “Festa de Amor” (“Ágape”, em língua grega). O primeiro era culto público; o segundo era um culto particular ao qual eram admitidos somente os cristãos. 1. O Culto Público O culto público, segundo o historiador Robert Hastings Nichols, era “realizado pelo povo conforme o Espírito movesse as pessoas”. Citamos um trecho dos escritos desse historiador: Oravam a Deus e davam testemunhos e instruções espirituais. Cantavam os Salmos e também os hinos cristãos, os quais começaram a ser escritos no primeiro século. Eram lidas e explicadas as Escrituras do Antigo Testamento, e havia leitura ou recitação decorada dos relatos das palavras e dos atos de Jesus. Quando os apóstolos enviavam cartas às Igrejas, a exemplo das Epístolas do Novo Testamento, essas também eram lidas. Esse singelo culto podia ser interrompido a qualquer momento pela manifestação do Espírito na forma da profecia, línguas e interpretações, ou por alguma iluminação inspirada sobre as Escrituras. Essa característica da adoração primitiva é reconhecida por todos os estudantes sérios da história da Igreja, não importando sua filiação denominacional ou escola de pensamento. Pela leitura de 1 Cor 14.24,25 sabemos que essa adoração inspirada pelo Espírito era um meio poderoso de atrair e evangelizar os não-convertidos. 2. O Culto Particular Lemos que os primeiros cristãos perseveraram no “partir do pão” (At 2.42). Descrevem essas palavras uma refeição comum ou a celebração da Ceia do Senhor? Talvez ambas. É possível que houvesse acontecido o seguinte: no principio a comunhão dos discípulos entre si era tão unida e vital que tomavam suas refeições em comum. Ao sentarem-se à mesa para pedir a benção de Deus sobre o alimento, vinha-lhes à lembrança a última Páscoa de Cristo, e assim essa benção sobre o alimento espontaneamente se estendia em culto de adoração. Dessa forma, em muitos casos, é difícil dizer se os discípulos faziam uma refeição comum ou participavam da Comunhão. A vida e a adoração a Deus estavam intimamente relacionadas naqueles dias! Porém muito cedo os dois atos, o partir do pão e a Ceia do Senhor, foram distinguidos, de forma que o segundo se tornou a ordem do culto: em determinado dia os cristãos reuniam-se para comer uma refeição sagrada de comunhão, conhecida como Festa de Amor, a qual era uma refeição alegre e sagrada, simbolizando o amor fraternal. Todos traziam provisões e delas participavam todos em comum. Em 1 Cor 11.21,22 Paulo censura o egoísmo daqueles que comiam seus alimentos sem distribui-los entre os pobres. Ao terminar a Festa de Amor, celebrava-se a Ceia do Senhor. Na Igreja de Corinto alguns se embriagavam durante a “Ágape” e participavam do sacramento nessa condição nessa condição indigna.Mais tarde, no primeiro século, a Ceia do Senhor foi separada do “Ágape” e celebrada na manhã do Dia do Senhor. Eclesiologia (Doutrina da Igreja - 30 - A Igreja foi estabelecida para adorar a Deus 1. A visão bíblica da adoração Segundo definição da Bíblia de estudo Pentecostal, “a Adoração se constitui de ações e atitudes que reverenciam e honram a dignidade do grande Deus do céu e da terra”. Ela exige uma entrega de fé ao Todo-Poderoso e um reconhecimento de que ele é Deus e Senhor”. Essa entrega, no Antigo Testamento, era representada através dos sacrifícios instituídos no Pentateuco, pelos quais o ofertante reconhecia os pecados e se submetia plena e voluntariamente à soberania divina. Mesmo antes das normas dadas por Deus através de Moisés, regularizando o culto divinodo povo de Israel, os patriarcas tinham como prática a oferta de holocaustos como testemunho de sua adoração Leia: (Gn 12.7,8; 13.4,18; 26.25; 33.20). No Novo Testamento, a adoração é oferecida mediante o eterno e perfeito sacrifício de Jesus Cristo, que substitui para sempre o sistema de sacrifícios de Antigo Testamento e outorgou ao homem o direito de chegar, com ousadia e liberdade, à presença de Deus. (Hb 10.19-23). Segundo Romanos 12.1, adoração é a entrega pessoal e incondicional de todo o ser “em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus”. Isto implica em que cada ato praticado, mesmo os considerados mais simples, sob a nova aliança, deve trazer em si o propósito de reconhecer e honrar a Deus como o Senhor soberano sobre todas as coisas. No encontro entre Jesus e a mulher samaritana (Jo 4.20-24), ele definiu a adoração como algo que deve ser feito em !espírito e em verdade”. “Em espírito”, porque não depende mais de elementos litúrgicos externos que visibilizem o propósito do ofertante. É algo do coração, para ser recebido por Deus, e não visto pelos homens. Não é, portanto, a aparência que determina o valor da adoração. É o conteúdo. “Em verdade”, porque deve ser fruto da sinceridade do pecador que, contrito, reconhece a sua total dependência de Deus, mediante a obra vicária de Cristo na cruz. Leia Lucas 18.9-14 e descubra, ali, o contraste entre a hipocrisia do fariseu, com a exterioridade de sua adoração, e a sinceridade do publicano, que, humilhado, mas sem qualquer formalismo exterior, dependia unicamente da misericórdia de Deus. Quem foi abençoado? 2. A Igreja chamada à adoração Com a rejeição de Israel ao plano divino, a Igreja deu continuidade ao propósito de Deus. Portanto, uma de suas finalidades é a adoração no Senhor. Todos os seus atos, diretos ou indiretos, visam reconhecer o governo de Deus sobre ela, através de Jesus Cristo, buscando, em primeiro lugar, a perseverança na comunhão íntima e pessoal com o Altíssimo (1 Pd 2.5; Ef 2.21,22) e veja que Igreja é “a morada de Deus no Espírito”, o que implica em estar plena de sua presença em glória, majestade e poder, manifestando perfeita sintonia entre o Pai e seus adoradores (Jo 4.23). Eclesiologia (Doutrina da Igreja - 31 - 14. O CULTO A DEUS E A SUA DIREÇÃO “Rogo-vos pois, irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis os vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é vosso culto racional” (Rm 12.1). “Mas faça-se tudo descentemente e com ordem” (1 Co 14.40). As características do culto Divino Neste tópico, atentaremos ás características do culto divino. E haveremos de constatar que, quando servimos a Deus em espírito e em verdade, não carecemos de nenhum sucedâneo. 1. O culto A palavra “culto” é originária do vocábulo “latino” culto, e significa “adoração ou homenagem que se presta ao Supremo Ser”. O culto é o momento de adoração por excelência do povo de Deus. Marca o encontro do Pai Celeste com seus filhos. 2. Finalidade do culto A principal finalidade do culto é fortalecer e realçar a comunhão da alma com Deus. Serve como preparação para a nossa vida na eternidade, e deve ser visto como o prenúncio do serviço que, na Jerusalém Celeste, haveremos de prestar a Cristo. Visa o verdadeiro culto integrar todo o nosso ser num serviço incondicional ao Criador. Leva-nos a separar-nos do mundo e a consagrar-nos inteiramente a Deus: “Rogo-vos, pois, irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis o vosso corpo em sacrifício vivo, santo agradável a Deus, que é o vosso culto racional” (Rm 12.1). 3. Elementos do culto. A liturgia da Igreja Primitiva, ao contrário do culto levítico, era simples e carismática. Os dons espirituais faziam parte dos serviços, e ninguém estranhava quando alguém se manifestava noutras línguas, pois eram estas interpretadas, exortando, consolando e edificando os fiéis, e descobrindo os corações aos incrédulos. Todas as coisas, porém, eram feitas com decência e ordem (1 Co 14.40). Em pelo menos três ocasiões, o apóstolo refere-se aos elementos que compunham o culto da Igreja Primitiva. Aos coríntios, deixa bem claro que os atos litúrgicos devem ser usados para a edificação: “Que fareis, pois, irmãos? Quando vos ajuntais, cada um de vós tem salmo, tem doutrina, tem revelação, tem língua, tem interpretação. Faça-se tudo para edificação” (1 Co 14.26). Já aos colossenses, realça os cânticos na adoração cristã: A palavra de Cristo habite em vós abundantemente, em toda a sabedoria, ensinando-vos e admoestando-vos uns aos outros, com salmos, hinos e cânticos espirituais; cantando ao Senhor com graça em vosso coração” (Cl 3.16). E finalmente aos efésios, mostra o apóstolo que o verdadeiro culto a Deus é um eficiente meio da graça para enlevar a espiritualidade cristã: “E não vos embriagueis com vinho, em que há contenda, mas enchei-vos do Espírito, falando entre vós com salmos, e hinos, e cânticos espirituais, cantando e salmodiando ao Senhor no vosso coração, dando sempre graças por tudo a nosso Deus e Pai, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo, sujeitando-vos uns aos outros no temor de Deus” (Ef 5.1821). A Organização do Culto 1. Ingredientes do culto Conforme 1 Co 14, o culto é resultado do ajuntamento de pessoas que têm como objetivo principal adorar a Deus, e edificarem-se umas às outras. Nessa reunião, destaca-se dois elementos: Doutrina e Salmos. O ultimo relaciona-se à música na Igreja. Por doutrina, Eclesiologia (Doutrina da Igreja - 32 - entendemos os fundamentos da nossa fé; são os princípios sobre os quais a fé está fundamentada. O culto precisa sempre priorizar a Palavra de Deus; de nossos púlpitos, ela deve ser explanada e ensinada de forma continua e exaustiva. O conhecimento e a prática das doutrinas é que determinam a maturidade espiritual do crente. 2. Quanto à duração do culto Não será pelo muito falar que seremos ouvidos. Muitas reuniões arrastam-se por horas a fio, sem necessariamente serem edificantes. Não é apropriado terminarmos muito tarde nossos cultos pois, além de gerar tédio e indisposições, muitos terão de se levantar cedo no dia seguinte para trabalhar. É bom senso que nossos cultos comecem pontualmente, e tenham entre uma hora e meia e duas horas de duração. 3. Relação entre pregação-ensino e a música nos cultos O propósito da música evangélica é edificar e levar o povo à adoração. No entanto, ela deve ser bem escolhida. Algumas letras são utilizadas para promover a idolatria, o paganismo e o culto a demônios. Nossa música precisa ter, basicamente: 1) verdade Bíblica; 2) espírito de adoração. É importante frisar a relevância da música, e de igual modo é bom deixar claro que o destaque e o espaço maior devem ser sempre dados ao ensino e pregação da Palavra. É preciso evitar os excessos das cantorias intermináveis, e utilizar a música de forma inteligente e realmente edificante. 4. Quanto às participações individuais no culto Cada qual deve aproveitar as oportunidades para participar dos cultos com bom senso e educação. Há um padrão quanto ao tempo destinado ao canto, à saudação, ao testemunho ou para pregar. O cantor deve obedecer a limitação quanto ao número de hinos com que participará no culto. Quem é chamado para dar uma saudação, ou um testemunho, não deve pregar. É de bom tom que todos sejam avisados de sua participação, com antecedência, pelo pastor ou dirigente, evitando assim os improvisos. O tempo na casa do Senhor é precioso; se cada um permanecer se seu lugar, tudo corre de forma ordeira. Finalidades do Culto Segundo 1 Co 14.26, tudo deve serfeito para edificação. Este é, portanto, o propósito principal do culto. Entretanto, para que haja edificação é imprescindível a observância de : 1. Comunhão 1 Jo 1.7 nos diz que “se andarmos na luz, como ele na luz está, temos comunhão uns com os outros”. O encontro na Igreja é a oportunidade que se oferece ao crente para uma comunhão mais íntima com Deus e, também, para partilhar com os irmãos nossas bênçãos, experiências e necessidades. O bem relacionamento entre os irmãos é de fundamental importância para o nosso crescimento espiritual. 2. Adoração O culto é o momento em que a Igreja adora ao Senhor em louvor, oração, manifestando gratidão por suas bênçãos e proteção. A fim de adorar ao Senhor, nós, seus servos, devemos nos prostar diante dele com respeito, admiração e temor. Sem adoração, a vida pode ser tudo, menos cristã, pois vida cristã exige adoração ao Rei do universo (Gn 24.26; Sl 42.4; 1 Cr 29.20). 3. A pregação da Palavra de Deus O maior impacto que o homem pode receber é o da pregação profundamente bíblica. Além de quebrantar o homem, ela o desenvolve intelectualmente para crescer no conhecimento e evitar fanatismos. Toda ação de adoração na Igreja deve ser seguida de reflexão para que se não caia em exageros e distorções. Adoração sem reflexão pode conduzir à balbúrdia e a práticas antibiblicas. Esta era situação da Igreja de Corinto. 4. Trabalho No culto e através dele, aprendemos que o trabalho na casa do Senhor é função de todos. Às vezes acha-se que o trabalho na Casa do Senhor é obrigação do líder da Igreja e do ministério local. Esta posição constitui-se em grande erro, pois nenhuma pessoa salva por Jesus está fora desta obrigação. A Igreja, além de ser uma comunidade adoradora, é, também, uma comunidade trabalhadora. Trabalhar para o Senhor é um dos maiores privilégios do crente. Reflexão bíblica que não conduz ao trabalho pode gerar intelectualismo e vida espiritual insossa e sem significado. Eclesiologia (Doutrina da Igreja - 33 - EXERCÍCIO 3 1. O que é Evangelização?....................................................................................... .............................................................................................................................. ............................................................................................................................ 2. Quais são as Obras da Igreja?............................................................................. .............................................................................................................................. .............................................................................................................................. 3. Quais os dois Apóstolos que Organizava bem a Igreja primitiva?.................. ............................................................................................................................. ............................................................................................................................. 4. Qual é a definição Bíblica de Adoração?......................................................... .............................................................................................................................. ............................................................................................................................. 5. Qual é a definição da palavra “Culto” ?............................................................ .............................................................................................................................. .............................................................................................................................. Eclesiologia (Doutrina da Igreja - 34 - Lição 4 15. O BATISMO NAS ÁGUAS “Portanto, ide ensinai toda as nações, batizando-as em nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo” (Mt 28.19). “O Batismo nas águas é tão importante para o crente, que Jesus, para nos dar o exemplo, pediu para ser Batizado” (Mt 3.13-17). O batismo 1. O modo A palavra “Batizar”, usada na fórmula de Mt 28.19,20, significa literalmente Mergulhar ou Imergir. Essa interpretação é confirmada por eruditos da língua grega e pelos historiadores da Igreja. Mesmo eruditos pertencentes a Igrejas que batizam por aspersão admitem que a imersão era o modo primitivo de batizar. Além disso, há razões para crer que para os judeus dos tempos apostólicos, o mandamento de ser “batizado” sugeriria “batismo de prosélito”, que significava a conversão dum pagão ao Judaísmo. O convertido estava de pé na água, até ao pescoço, enquanto era lida a lei, depois do que ele mesmo se submergia na água, como sinal de que fora purificado das contaminações do paganismo e que começara uma nova vida como membro do povo da aliança. De onde veio, então, a prática da aspersão e de derramar a água? Quando a Igreja abandonou a simplicidade do Novo Testamento, e foi influenciada pelas idéias pagãs, atribuiu importância antibíblica ao batismo nas águas, o qual veio a ser considerado inteiramente essencial para se alcançar a regeneração. Era, portanto, administrado aos enfermos e moribundos. Posto que a imersão não era possível em tais casos, o batismo era administrado por aspersão. Mais tarde, por causa da conveniência do método, este se generalizou. Também, por causa da importância da ordenança, era permitido derramar a água quando não havia suficiente para praticar a imersão. Notem a seguinte citação dum antigo escritor do segundo século: Agora, concernente ao batismo, batiza assim: havendo ensinado todas essas coisas, batiza em nome do Pai, do Filho, e do Espírito Santo, em água viva (corrente). E se não tiveres água viva, batiza em outra água; e se não podes em água fria, então em água morna. Mas se não tiveres nem uma nem outra, derrama água três vezes sobre a cabeça, em o nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. Não obstante, o modo bíblico e original é imersão, o qual corresponde ao significado simbólico do batismo, a saber, morte, sepultura, e ressurreição (Rm 6.1-4). 2. A fórmula “Batizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo” (Mt 28.19). Como vamos reconciliar isso com o mandamento de Pedro: “...cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo”? (At 2.38). Estas últimas palavras não representam uma fórmula bastimal, porém uma simples declaração afirmando que recebiam batismo as pessoas que reconheciam Jesus como Senhor e Cristo. Por exemplo, o “Didaquê”, um documento cristão escrito cerca do ano 100 A.C., fala do batismo cristão celebrado em nome do Senhor Jesus, mas o mesmo documento, quando descreve o rito detalhadamente, usa a fórmula trinitária. Quando Paulo fala que Israel foi O Batismo nas Águas Simboliza três coisas: Morte Sepultamento Ressurreição Eclesiologia (Doutrina da Igreja - 35 - batizado no Mar Vermelho “em Moisés”, ele não se refere a uma fórmula que se pronunciasse na ocasião; ele simplesmente quer dizer que, por causa da passagem milagrosa através do Mar Vermelho, os israelitas aceitaram Moisés como seu guia e mestre como enviado do céu. Da mesma maneira, ser batizado em nome de Jesus significa encomendar-se inteira e eternamente a ele como Salvadorenviado do céu, e a aceitação de sua direção impõe a aceitação da fórmula dada por Jesus no capítulo 28 de Mt. A tradução literal de At 2.38 é: “seja batizado sobre o nome de Jesus Cristo”. Isso significa, segundo dicionário de Thaver, que os judeus haviam de “repousar sua esperança e confiança em sua autoridade messiânica”. Note-se que fórmula trinitária é descrita duma experiência. Aquelas que são batizados em nome do trino Deus, por esse meio estão testificando que foram submergidos em comunhão espiritual com a Trindade. Desse modo pode-se dizer acerca deles: “A graça do Senhor Jesus Cristo, e o amor de Deus, e a comunhão do Espírito Santo seja com vós todos” (2 Cor 13.13). 3. O recipiente Todos os que sinceramente se arrependem de seus pecados e exercitam uma fé viva no Senhor Jesus, são elegíveis para o batismo. Na Igreja apostólica o rito era acompanhado das seguintes expressões exteriores: 1) Profissão de fé (At 8.37). 2) Oração (At 22.16). 3)Voto de consagração (1 Pd 3.21). Visto que os infantes não têm pecados de que se arrepender e não podem exercer a fé, logicamente são excluídos do batismo nas águas. Com isso não os estamos impedindo que venham a Cristo (Mt 19.13,14), pois eles podem ser consagrados a Jesus em culto público. 4. A eficácia O batismo nas águas, em si não tem poder para salvar; as pessoas são batizadas, não para serem salvas, mas porque já são salvas. Portanto, não podemos dizer que o rito seja absolutamente essencial para a salvação. Mas podemos insistir em que seja essencial para a integral obediência a Cristo. Como a eleição do presidente da nação se completa pela sua posse do governo, assim a eleição do convertido pela graça e pela glória de Deus se completa por sua pública admissão como membro da Igreja de Cristo. 5. O significado O batismo sugere as seguintes idéias: 1) Salvação. O batismo nas águas é um drama sacro (se nos permitem falar assim), representando os fundamentos do Evangelho. A descida do convertido às águas retrata a morte de Cristo efetuada; a submersão do convertido fala da morte ratificada ou seja o seu sepultamento; o levantamento do converso significa a conquista sobre a morte, isto é a ressurreição de Cristo. 2) Experiência. O fato de que esses atos são efetuados com o próprio convertido demonstra que ele se identificou espiritualmente com Cristo. A imersão proclama a seguinte mensagem: “Cristo morreu pelo pecado para que este homem morresse para o pecado”. O levantamento do convertido expressa a seguinte mensagem: “Cristo ressuscitou dentre os mortos a fim de que este homem pudesse viver uma nova vida de justiça”. 3) Regeneração. A experiência do novo nascimento tem sido descrita como uma “lavagem” (Literalmente “banho”, Tt 3.5), porque por meio dela, os pecados e as contaminações da vida de outrora foram lavados. Assim como o lavar com água limpa o corpo, assim também Deus, em união com a morte de Cristo e pelo Espírito Santo, purifica a alma. O batismo nas águas simboliza essa purificação. “Levanta-te e lava os teus pecados (isto é, como sinal do que já se efetuou)” (At 22.16). 4) Testemunho. “Porque todos quantos fostes batizados em Cristo já vos revestistes de Cristo” (Gl 3.27). O batismo nas águas significa que o convertido, pela fé, “vestiu- se” de Cristo – o caráter de Cristo – de modo que os homens podem ver a Cristo nele, como se vê o uniforme no soldado. Pelo rito de batismo, o convertido, figurativamente falando, publicamente veste o uniforme do reino de Cristo. Eclesiologia (Doutrina da Igreja - 36 - 17. A ORIGEM DA SANTA CEIA “E, tendo dado graças, o partiu e disse: Tomai, comei; isto é o meu corpo que é partido por vós; fazei isto em memória de mim”. Porque todas as vezes que comerdes este pão e beberdes este cálice anunciais a morte do Senhor, até que venha” (1 Co 11.24,26). A Ceia do Senhor Pontos principais: Define-se a Ceia do Senhor ou Comunhão como o rito distintivo da adoração cristã, instituído pelo Senhor Jesus na véspera de sua morte expiatória. Consistente na participação solene do pão e vinho, os quais, sendo apresentados ao Pai em memória do sacrifício inexaurível de Cristo, torna-se um meio de graça pelo qual somos incentivados a uma fé mais viva e fidelidade maior a ele. Os 5 pontos-chave da ordenança da Santa Ceia: 1. Comemoração “Fazei isto em memória de mim”. Cada ano, no dia 4 de Julho, o povo norte-americano recorda de maneira especial o evento que o fez um povo livre. Cada vez que um grupo de cristãos se congrega para celebrar a Ceia do Senhor, estão comemorando, dum modo especial, a morte expiatória de Cristo que os libertou dos pecados. Por que recordar a sua morte mais do que qualquer outro evento de sua vida? Porque a sua morte foi o evento culminante de seu ministério e porque somos salvos, não meramente por sua vida e seus ensinos, embora sejam divinos, mas por seu sacrifício expiatório. 2. Instrução A Ceia do Senhor é uma lição objetiva que expõe os dois fundamentos do Evangelho: 1) A encarnação. Ao participar do pão, ouvimos o apóstolo João Dizer: “E o Verbo se fez carne e habitou entre nós” (Jo 1.14); ouvimos o próprio Senhor declarar: “Porque o pão de Deus é aquele que desce do céu e dá vida ao mundo” (Jo 6.33). 2) A expiação. Mas as bênçãos incluídas na encarnação nos são concedidas mediante a morte de Cristo. O pão e o vinho simbolizam dois resultados da morte: a separação do corpo e da vida, e a separação da carne e do sangue. O simbolismo do pão partido é que o pão deve ser quebrantado na morte (Calvário) a fim de ser distribuído entre os espiritualmente famintos; o vinho derramado nos diz que o sangue de Cristo, Eclesiologia (Doutrina da Igreja - 37 - o qual é sua vida, deve ser derramado na morte a fim de que seu poder purificador e vivificante possa ser outorgado às almas necessitadas. 3. Inspiração Os elementos, especialmente o vinho, nos lembram que pela fé podemos ser participantes da natureza de Cristo, isto é ter “comunhão com Ele”. Ao participar do pão e do vinho da Ceia, o ato nos recorda e nos assegura que, pela fé podemos verdadeiramente receber o Espírito de Cristo e ser o reflexo do seu caráter. 4. Segurança “Este cálice é o Novo Testamento no meu sangue” (1 Cor 11.25). Nos tempos antigos a forma mais solene de aliança era o pacto de sangue, que era selado ou firmado com sangue sacrificial. A aliança feita com Israel no Monte Sinais foi um pacto de sangue. Depois que Deus expôs as suas condições e o povo as aceitou, Moisés tomou uma bacia cheia de sangue sacrificial e aspergiu a metade sobre o altar do sacrifício, significando esse ato que Deus se havia comprometido a cumprir a sua parte do convênio; em seguida, ele aspergiu o resto do sangue sobre o povo, comprometendo-o, desse modo, a guardar também a sua parte do contrato (Ex 24.3-8). A nova aliança instituída por Jesus é um pacto de sangue. Deus aceitou o sangue de cristo (Hb 9.14-24); portanto, comprometeu-se, por causa de Cristo, a perdoar e salvar a todos os que vieram a ele. O sangue de Cristo é a divina garantia de que ele será benévolo e misericordioso para aquele que se arrepende. A nossa parte nesse contrato é crer na morte expiatória de Cristo (Rm 3.25,26). Depois, então, poderemos testificar que foram aspergidos com o sangue da nova aliança (Pd 1.2). 5. Responsabilidade Quem deve ser admitido ou excluído da Mesa do Senhor? Paulo trata da questão dos que são dignos do sacramento em 1 Cor 11.20-34. “Portanto, qualquer que comer este pão, ou beber estecálice do Senhor indignamente, será culpado (uma ofensa ou pecado contra) do corpo e do sangue do Senhor”. Quer isso dizer que somente aqueles que são dignos podem chegar-se à Mesa do Senhor? Então, todos nós estamos excluídos! Pois quem dentre os filhos dos homens é digno da mínima das misericórdias de Deus? Não, o apóstolo não está falando acerca da indignidade das pessoas, mas da indignidade das ações. Sendo assim, por estranho que pareça, é possível a uma pessoa indigna participar dignamente. E em certo sentido, somente aqueles que sinceramente sentem a sua indignidade estão aptos para se aproximar da Mesa; os que se justificam a si mesmos nunca serão dignos. Outrossim, nota-se que as pessoas mais profundamente espirituais são as que mais sentem a sua indignidade. Paulo descreve-se a si mesmo como o “principal dos pecadores” (1 Tm 1.15). O apóstolo nos avisa contra os atos indignos e a atitude indigna ao participar desse sacramento. Como pode alguém participar indignamente? Praticando alguma coisa que nos impeça de claramente apreciar e significado dos elementos, e de nos aproximarmos em atitude solene, meditativa e reverente. No caso dos Coríntios o impedimento era sério, a saber, a embriaguez. Eclesiologia (Doutrina da Igreja - 38 - 18. O ENSINO BÍBLICO SOBRE O JEJUM O que é o Jejum? O Jejum é outra área para a qual a Igreja precisa preparar o novo crente, a fim de que ele evite o extremo dos que o rejeitam ou resvale para o extremo dos que o praticam sem a verdadeira noção bíblica do seu significado. Infelizmente, a falta de conhecimento sobre o jejum tem gerado excessos nefastos para a obra de Deus a tal ponto que muitos crentes, por extrema cautela, acabam não usufruindo uma prática aprovada e utilizada por Jesus. Outros, por diferentes motivos, desprezam-no pura e simplesmente, torcendo até mesmo a Palavra de Deus para justificar os seus conceitos errados. No entanto, há os que têm sido abençoados porque sabem praticá-lo de maneira correta, segundo ensina a Bíblia, e o fazem não para agradar aos homens, mas a Deus. O novo crente que assim for ensinado, poderá também ser alvo das mesmas bênçãos que o farão ainda mais produtivo na obra de Deus. O ensino Bíblico sobre o Jejum 1. O que é o jejum bíblico Em suma, “o jejum bíblico é a abstinência parcial ou total de alimentos com finalidades espirituais”. Essa prática vem desde o Antigo Testamento, onde o povo de Israel jejuava por diferentes razões (Sl 69.10; 2 Sm 12.16; Et 4.16; Ed 8.21,23). Ela foi incorporada ao Novo Testamento, onde, entre outros casos, a Igreja de Antioquia é uma clara demonstração de que os crentes primitivos a utilizavam, a exemplo de Paulo (At 12.2,3; 2 Co 6.5; 11.27). O Jejum Parcial compreende apenas a abstenção de determinados alimentos, enquanto outros são ingeridos, como fizeram Daniel e seus companheiros na Babilônia. Ali a dieta constava apenas de legumes e água (Dn 1.8-15). Quem pratica o Jejum Total, por sua vez, abster-se-á de todo alimento, exceto de água. Há, também, o chamado Jejum Absoluto, de alimento e água, como ordenou Éster aos judeus e foi praticado por Paulo imediatamente após a sua conversão (Et 4.16; At 9.9).Frise-se que nestes dois exemplos o jejum não perdurou mais do que três dias, isto porque o organismo não pode permanecer mais tempo sem água, pois é ela quem elimina as toxinas e mantém o corpo hidratado. Por falta de conhecimento disso, muitos crentes se excedem e acabam cometendo sérias aberrações, com graves transtornos à sua saúde e tremendas conseqüências para a obra de Deus. 2. O jejum de Moisés e Elias Muito apontam o jejum de Moisés e Elias, por quarenta dias, para justificar seus excessos e rebeldia contra o ensino ministrado pela Igreja. No entanto, o exemplo deles foge à regra porque foi praticando sob condições sobrenaturais (Ex 24.38; Dt 9.9,18; 1 Rs 19.8). E ambos relacionados com o monte de Deus, o Sinai. A exceção de Jesus, a Bíblia registra apenas esses dois casos prolongados, dando a entender tratar-se de algo incomum que não pode ser repetido, sob condições normais, por contrariar as leis da natureza estabelecidas pelo próprio Deus. Portanto, jejum sem água não pode exceder a três dias sob pena de sujeitar o organismo a graves enfermidades e até a morte. Eclesiologia (Doutrina da Igreja - 39 - 3. O jejum de Jesus O jejum de Jesus, por outro lado, parece ter sido apenas de alimento. O fato de ter tido fome e não sede, após o jejum, como registra Mt 4.2, reforçado por Lc 4.2, pressupõe que ele tenha bebido água durante os quarenta dias. Isto porque se não o fizesse, exigiria a intervenção sobrenatural de seus atributos divinos, o que o tornaria incapaz de exercer o papel de sumo sacerdote dos bens eternos. Como homem, ele não podia lançar mão de “nenhum outro meio que não estivesse à disposição do crente cheio do Espírito Santo”. 4. O ensino de Jesus sobre o jejum O Senhor Jesus não só o praticou, como deu o seu aval ao verdadeiro jejum. O que ele reprovou foi a atitude dos fariseus, que o praticavam com o mesmo propósito de suas orações em público: para serem admirados e reconhecidos pelos homens. Era apenas uma prática formal, visual, ritualística, com semblantes desfigurados, para exteriorizar uma aparência de piedade que de fato não refletia o interior. Por fora, crentes de primeira linha. Por dentro, sepulcros caiados. Por fora, orgulhosa santidade. Por dentro, corações cheios de ódio, inveja e maledicência. O Senhor os condenou, ao mesmo tempo em que deixou claro alguns princípios: a) O jejum neotestamentário não é fruto da tristeza nem motivo para ela; b) O jejum neotestamentário não é para ser visto pelos homens, mas aceito por Deus; c) O jejum neotestamentário não é ato de penitência, mas de adoração ao Senhor; É com esta visão que o novo crente deve prosseguir em sua caminhada cristã. Porque Praticar Jejum 1. É um ato de consagração a Deus O jejum é parte do culto racional (Rm 12.1), pois ele simboliza o ato de entrega sem reservas ao Senhor através do despojamento da própria carne. Embora seja uma prática distinta em si mesma, a oração é a força que o impulsiona. Isto se depreende da advertência de Jesus aos discípulos, que os esclareceu dizendo que certos tipos de demônios só saem com oração e jejum. Confira Mc 9.29. Quando o crente se dedica à oração, o jejum é conseqüência natural, pois a comunhão com Deus o leva a colocar suas necessidades físicas em plano secundário. 2. Libera o espírito para a comunhão com Deus Outro efeito do jejum é que ele libera o espírito para entregar-se por inteiro ao relacionamento íntimo e pessoal com Deus. À medida que a carne se mortifica, o espírito fica livre para exercitar o que ele mais deseja: voar nas asas da graça do Altíssimo. A oração é mais proveitosa, a meditação na Palavra de Deus torna-se mais profunda e o senso de sua doce presença é visibilizado de forma intensa. 3. Fortalece para os embates espirituais O jejum deve ser praticado com propósitos bem definidos. Praticá-lo para melhorar o currículo na área das realizações espirituais é presunção e anula os seus efeitos.Quem jejua não precisa tocar trombeta sobre a sua espiritualidade (Lc 18.9-14). Os frutos dirão a seu respeito. Uma das finalidades do jejum é humilhar-se diante de Deus, reconhecer a sua soberania e admitir que nada é ante a sua imensa grandeza (Ed 8.21). Ele é também uma arma de luta em embates espirituais contra as potestades do mal. Sua prática aparece na expulsão de demônios (Mc 9.29), em decisões especiais da Igreja (At 13.2,3; 14.23) e no fortalecimentoda fé para enfrentar os problemas e as tentações pessoais (Lc 4-1-13). O novo crente deve, portanto, aprender que o jejum é também um meio que está ao seu dispor para a batalha espiritual. 4. Exerce poder medicinal sobre o corpo Quando o jejum é praticado com propósitos espirituais, o poder medicinal exercido sobre o corpo é secundário, mas não menos importante. Zelar pela saúde também está implícito na Palavra de Deus (1 Co 3.16,17). O jejum desintoxica o organismo, elimina o excesso de reservas energéticas acumuladas nas gorduras localizadas, torna o corpo mais ágil e menos sujeito às fadigas e previne contra certos tipos de doenças. Está é a razão pela qual o jejum absoluto, sem água, não pode exceder a três dias. Se a pessoa deixa de ingerir água por período maior, as toxinas se acumulam, ao invés de serem eliminadas pela água, prejudica a circulação sanguínea e o funcionamento normal dos rins, podendo criar situações irreversíveis que ocasionam até mesmo a morte. Eclesiologia (Doutrina da Igreja - 40 - Como se Pratica o Jejum 1. A preparação para o jejum É uma boa iniciativa preparar-se para o jejum. Empanturrar-se de comida, como fazem alguns horas antes de inicia-lo praticamente sem sentido. É recomendável ir-se eliminando os alimentos pesados, substituindo-os por comida leve, como legumes e frutas não cítricas, até a hora de iniciar o jejum. Ao encerra-lo, observa-se o mesmo processo, principalmente se o jejum for prolongado. As transformações no metabolismo e a ausência prolongada de alimentos exigem que a retomada seja parcial, paulatina e em menor quantidade, com legumes e frutas não cítricas, isto porque o organismo passou a manter-se através de energias acumuladas no corpo, cessando durante o período a produção de ácidos e enzimas digestivos. Caso ocorra uma retomada abrupta, o estomago não estará preparado para a digestão, ocasionando pesada sensação de mal-estar e até mesmo danos à saúde. Para um jejum prolongado, é conveniente, ainda, escolher-se um local adequado a fim de que o crente seja interrompido por situações alheias que poderão prejudica-lo em seu propósito. É também um contra-senso que pessoas debilitadas, com problemas de saúde, queiram praticar o jejum sem estar em perfeitas condições físicas e mentais. O jejum em si, quando praticado de maneira correta e observadas todas as exigências clínicas, não causa nenhum mal à saúde. No entanto, se há problemas físicos ou mentais, pode agrava-los, recomendando-se que tais pessoas o evitem. 2. A duração do jejum O jejum pode ter duração diferenciada. Alguns o iniciam pela manhã, sem tomar o café, e o encerram ao meio-dia. Outros abstém-se apenas de uma refeição no dia, por exemplo, o almoço. No entanto, a herança judaica do jejum determina que ele seja praticado, pelo menos, da manhã até o pôr-do-sol. Há quem jejue dias seguidos, fazendo uma refeição leve a cada 24 horas. Outros preferem abster-se totalmente de alimento e água por período não superior a três dias. E há os que se propõe a períodos mais prolongados, observada a norma da ingestão de água. O que conta são as motivações do coração. De nada adiantará jejuar, se o crente não abstiver do pecado (Jr 14.10-13). De igual modo, merecerá a reprovação do Senhor se não estiver acompanhado dos frutos da justiça e do amor para com o próximo (Is 58.6-10). Eclesiologia (Doutrina da Igreja - 41 - 19. A AUTORIDADE DA IGREJA A Autoridade da Igreja 1. O poder de Ligar e desligar “E eu te darei as chaves do reino dos céus; e tudo que ligares na terra será ligado nos céus, e tudo o que desligares na terra será desligado nos céus” (Mt. 16.19). Trata-se de autoridade dada por Cristo à Igreja, representada ali por Pedro, usado por Deus, e estendida a todos os apóstolos (Mt 18.18; Jo 20.23), no sentido de receber a aceitação de pecadores ao Reino dos céus, ou de desliga-los, mediante a autoridade concedida por Jesus. Esse poder não é absoluto. Só pode ser utilizado de modo legitimo, nos limites estabelecidos pela Palavra de Deus. 2. A autoridade para reconciliar Jesus mostrou que há quatro passos importantes, para a reconciliação entre irmão: a) o ofendido deve procurar o irmão: “vai e repreende-o entre ti e ele só” (Mt 18.15); neste passo, há uma bifurcação; “se te ouvir, ganhaste a teu irmão” (Mt 18.15): “mas, se não te ouvir”, vem o segundo passo; b) “leva ainda contigo um ou dois, para que pela boca de duas testemunhas, toda a palavra seja confirmada”n(Mt 16.16); c) “e se não as escutar, dize-o à Igreja” ; d) “e, se também não escutar à Igreja, considera-o como um gentio e publicano”. Aqui, temos algumas observações. Primeiro Jesus não mandou o irmão ofendido pedir perdão ao ofensor, como ensina alguém, de modo ingênuo. Segundo, vemos, nesse texto, a autoridade da Igreja para respaldar a reconciliação e para excluir aquele que não quer reconciliar-se. 3. Autoridade da concordância (Mt 18.19,20). a) “se dois de vós concordarem na terra” Esta expressão mostra-nos o valor da união entre os crentes, bem como o valor da oração coletiva, a começar por um grupo de duas pessoas, que resolvem orar a Deus, em nome de Jesus (Jo 14.13), num só pensamento, nem só propósito santo. Esse ensino previne contra o egoísmo na adoração. Deus é “Pai nosso”, de todos, e não apenas de cada individuo. A oração individual é valiosa (Mt 6.6), mas não exclui a oração coletiva. b) “Acerca de qualquer coisa que pedirem” A expressão “qualquer coisa” tem levado muitos a uma interpretação forçada do texto, crendo que o crente pode pedir o que deseja a Deus, tendo este obrigação de atende-lo. Ocorre que Jesus ensinou algumas condições para o crente ser ouvido. Não é só dois crentes se unirem e pedirem, por exemplo, a morte de um desafeto; ou para ganharem rios de dinheiro; ou para fazerem o casamento de alguém com outrem. É necessário que as pessoas estejam em Cristo, e que sua Palavra esteja nas pessoas (Jo 15.7). É importante lembrar que Deus nos atende se pedirmos algo de acordo com sua vontade (1 Jo 5.14). c) “Isto será feito por meu Pai que está nos céus” Conforme dissemos no item anterior, Deus atende o crente que lhe pede algo em nome de Jesus (Jo 14.13), e se tal pedido for da sua vontade (1 Jo 5.14). d) “Dois ou três” Jesus nos garante que podemos ter sua presença, não só nas grandes reuniões, mas em qualquer lugar em que dois ou três crentes estejam em comunhão com Deus e com eles mesmos. Dessa forma, a dimensão da Igreja local (At 20.28; 1 Co 1.2) ou universal (Hb 12.23) não depende de grandes números, mas de união e reunião em nome de Jesus. Eclesiologia (Doutrina da Igreja - 42 - 20. A IGREJA NA ESPERANÇA DA VINDA DO NOIVO “...Ora vem, Senhor Jesus.. (Ap 22.20). “Aguardando a bem-aventurada esperança e do aparecimento da gloria do grande Deus e nosso Senhor Jesus Cristo”( Tt 2.13). Como Esperar a Vinda do Senhor 1. Com vigilância (Mt 24.42) “Vigiai, pois, porque não sabeis a que hora há de vir o vosso Senhor”. As jovens, Consideradas loucas, em Mt 25, ficaram de fora da festa nupcial, porque não vigiaram, deixando faltar o azeite em suas vasilhas. Nos dias atuais, há muitos negligentes. Mas Jesus mandou vigiar constantemente, pois não sabemos a hora em que Ele há de vir. 2. Com oração (Mt 26.41) Somente com oração, muitas vezes reforçada pela prática do jejum, é que podemos venceras concupiscências dacarne. É evidente que a maioria dos crentes, hoje, não gosta de orar e, muito menos de jejuar. Não precisa consultar o ibope para averiguar isto. Basta verificar os bancos vazios nos cultos de oração. 3. Com santidade (1 Pd 1.13-15) Santidade é uma palavra esquecida por muitos. Para agradar a todos, numa atitude demagógica, muitos obreiros deixam de ministrar a doutrina da santificação, principalmente para a juventude. O evangelho do entretenimento tem suplantado o evangelho do sofrimento por Cristo. Mas, sem santificação “ninguém verá o Senhor” (Hb 12.14). Ser santo é ser separado, consagrado para Deus. Pedro nos exorta a sermos obedientes e santos em toda a nossa maneira de viver (1 Pd 1.13-15). Santidade pressupõe vida irrepreensível. “e o mesmo Deus de paz vos santifique em tudo; e todo o vosso espírito, e alma, e corpo sejam plenamente conservados irrepreensíveis para a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo” (1 Ts 5.23), é o que declara o apóstolo Paulo. 4. Na unção do Espírito Santo Na parábola das Dez Virgens, vemos a necessidade do azeite que simboliza a presença do Espírito Santo. O apóstolo declara que temos a “unção do Santo” (1 Jo 2.20). É preciso estar cheio do Espírito (Ef 5.18; At 13.52); andar em Espírito (Rm 8.1); adorar em espírito (jo 4.24); ser ensinados pelo Espírito (Jo 14.26); ser testemunhas no Espírito (At 1.8); ser guiados pelo Espírito (Rm 8.14); ajudados pelo Espírito (Rm 8.26); ser fervorosos no Espírito (Rm 12.11); demonstrar o poder de Deus no Espírito (1 Co 2.4); ser templo do Espírito (1 Co 6.19); buscar os dons do Espírito (1 Co 14.1); cultivar o fruto do Espírito (Gl 5.22). Quem não tem o Espírito Santo não é de Deus (Rm 8.9).Sem a unção do Espírito Santo, é impossível viver a Palavra de Deus, obedecer ao Senhor e estar pronto para o arrebatamento. 5. Com amor Os crentes que subirão ao encontro do Senhor serão seus discípulos fieis e verdadeiros. Já vimos que a “marca registrada” do Cristão é o nome da denominação, nem o nome de família, nem o cargo que ocupa na Igreja local, mas o amor de Deus no coração e na prática diária. Jesus disse: “Um novo mandamento vos dou: Que vos ameis uns aos outros; como eu vos amei a vós, que também vós uns aos outros vos ameis. Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros” (Jo 13.34,35). 6. Permanecendo fiel Há muitos que começam a carreira cristã, mas não a terminam. Em Mt 24.45, o Senhor destaca a qualidade de fidelidade e prudência do servo que estará esperando Sua vinda. Estas características devem fazer parte da vida dos que entendem que estamos vivendo a geração da última hora, da geração que verá e fará parte do arrebatamento da Igreja. “Quem é, pois, o servo fiel e prudente que o Senhor constitui sobre a sua casa para dar o sustento a seu tempo?”. Se cada cristão vivesse em oração e vigilância, esperando a vinda de Jesus, certamente o cristianismo já teria alcançado muito mais espaço entre as nações apressando, assim, a volta do Senhor. “Que Deus nos guarde em seu amor, em santidade e integridade para que não sejamos apanhados de surpresa, despreparados para o grande Dia do Arrebatamento”. Eclesiologia (Doutrina da Igreja - 43 - EXERCÍCIOS 1. Qual é a formula batismal do Batismo nas Águas?........................................... .............................................................................................................................. .............................................................................................................................. 2. Quais são os “Cinco” pontos básicos das ordenanças da Santa Ceia?.............. ............................................................................................................................... ............................................................................................................................... 3. O que é o Jejum Bíblico? .................................................................................... .............................................................................................................................. .............................................................................................................................. 4. Quais são as três Autoridades da Igreja?........................................................... ............................................................................................................................ ............................................................................................................................ 5. Escreva com suas palavras “Como a Igreja deve esperar a vinda de Cristo”?... ................................................................................................................................. ................................................................................................................................. ................................................................................................................................ ................................................................................................................................ ............................................................................................................................... Amém! Eclesiologia (Doutrina da Igreja - 44 - Bibliografia BAP – Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal, CPAD. Bíblia de Estudo Pentecostal, CPAD. Bíblia de Estudo Anotada, Mundo Cristão. Bíblia de Estudo Thompson, Vida. Bíblia de Tradução Almeida Revista e Corrigida, CPAD. Noções do Grego Bíblico, Vida Nova A Missão da Igreja, Gary Luther Royer, CPAD. Conhecendo as Doutrinas da Bíblia, Vida. Dicionário da Língua Portuguesa, Fênix. Pequena Enciclopédia Bíblica, CPAD. Esboço de Eclesiologia, Josiel Saraiva Lima, FAESP Atenção! Proibido a reprodução total ou parcial sem prévia autorização por escrito do autor. Todos os direitos reservados. Lei Federal Nº 5088 – 14/12/1973. Eclesiologia (Doutrina da Igreja - 45 - Prova de Eclesiologia Aluno (a): ............................................................................................................data........../.........../............. (Marque um X na alternativa correta) 1. O que significa “as chaves do reino dos céus”? O poder da oração e do jejum O poder de perdoar pecadores e ímpios Significa o poder e a autoridade de transmitir a mensagem do evangelho 2. Quem discípulou o apostolo Paulo? Barnabé Marcos Lucas 3. Quem era o presidente do primeiro concílio da Igreja primitiva? Pedro Tiago João 4. Qual foi os três homens que deram exemplos de ser discipulados, no Novo Testamento? Pedro, Tiago e João Paulo, Barnabé e Pedro Paulo, Marcos e Timóteo 5. Quais são as duas formas de Disciplina Bíblica? A disciplina Individual e a disciplina Coletiva A disciplina Preventiva e a disciplina Corretiva A disciplina de Edificação e a disciplina de Exortação 6. Qual foi o historiadorde segundo ele “o culto público era realizado pelo povo conforme o Espírito movesse as pessoas”? Flavio Josefo Matinho Lutero Robert Hastings Nichols 7. O que significa a palavra “Culto”? Vem do hebraico e significa “Adoração ou prostrar-se” Vem do grego e significa “Adoração ao Deus Supremo” Vem do latim e significa “Adoração ou homenagem que se presta ao supremo Ser” 8. Qual a formula batismal do Batismo nas Águas ? A formula é em nome de Jesus Cristo A formula é em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo O batismo significa “Morte, Sepultamento e Ressurreição” 9. Quais são os dois fundamentos do Evangelho que a Santa Ceia nos trás como lição objetiva? A Morte e Ressurreição de Cristo A Encarnação e a Expiação de Cristo A Ressurreição e o Arrebatamento da Igreja 10. Quais são os três tipos de Jejum Bíblico? O jejum Parcial, o jejum Médio e o jejum Total O jejum Parcial, o jejum Total e o jejum Absoluto O jejum Coletivo, o jejum Vegetal e o jejum Espiritual Observação: Só existe uma alternativa correta em cada questão, e cada questão vale 1 Ponto. Registro Nº.............................................. Professor.................................................................................