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Brazilian Journal of Development Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 6, n. 8, p. 58910-58927 aug. 2020. ISSN 2525-8761 58910 Estratégias adotadas pelas organizações: um estudo multicaso de empresas em Parnaíba-PI Strategies adopted by organizations: a multi-case study of companies in Parnaíba-PI DOI:10.34117/bjdv6n8-342 Recebimento dos originais:08/07/2020 Aceitação para publicação:19/08/2020 Antônio Carlos Tavares do Nascimento Graduação em curso de Tecnologia em Processos Gerenciais, Parnaíba PI Instituição: IFPI Endereço: Rua Santa Barbara, 55, Bairro Alto Santa Maria, Parnaíba-PI E-mail: antoniocarlostavares98@gmail.com Camila Sousa dos Santos Graduação em curso de Tecnologia em Processos Gerenciais, Parnaíba PI Instituição: IFPI Endereço: Rua Benedito Jonas Correia, 865, Dirceu Arcoverde, Parnaíba-PI E-mail: scamilasousa5@gmail.com Emanuelle Torres de Souza Graduação em curso de Tecnologia em Processos Gerenciais, Parnaíba PI Instituição: IFPI Endereço: Rua Jaicós, 886, Bairro Bebedouro, Parnaíba-PI E-mail: emanuelletorres13@gmail.com José Isaac Almeida da Silva Graduação em curso de Tecnologia em Processos Gerenciais, Parnaíba PI Instituição: IFPI Endereço: Rua das Mugubeiras, SN, Bairro Comprida, Araioses – MA E-mail: isaacsilva100@gmail.com Simone Pinho Oliveira Graduação em curso de Tecnologia em Processos Gerenciais, Parnaíba PI Instituição: IFPI Endereço: Av. Monsenhor Antônio Sampaio s/n, Bairro: Olho D’água, Parnaíba-PI E-mail: sisi09.phb@hotmail.com Aluydio Bessa Amaral Pós-graduação em Gestão de Pessoas pelas Faculdades Integradas (FIAR), Ariquemes – RO Instituição: UFPI Endereço: Conjunto Ipase, Qd. B, Casa 03, Bairro Pindorama, Parnaíba-PI E-mail: aluydio3@gmail.com Brazilian Journal of Development Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 6, n. 8, p. 58910-58927 aug. 2020. ISSN 2525-8761 58911 Jalva Lilia Rabelo de Sousa Doutora em Administração de Empresas, UNIFOR, Fortaleza - CE e professora-pesquisadora do IFPI, Parnaíba-PI Instituição: IFPI Endereço: Avenida Monsenhor Antônio Sampaio, S/N, Bairro Dirceu Arcoverde. E-mail: jalva@ifpi.edu.br RESUMO As condutas estratégicas podem constituir fatores determinantes na definição de políticas organizacionais, mediante o alinhamento da missão e dos objetivos organizacionais. Tendo isso em vista, o estudo proposto tem como objetivo diagnosticar as estratégias adotadas pelas empresas enquanto conduta de diferenciação no mercado. Nessa direção, contemplaram-se os setores supermercadista, indústria de bebidas, bancário e telecomunicações, os quais atuam na cidade de Parnaíba-PI. Optou-se pelo desenvolvimento de um estudo de natureza qualitativa, com a realização de entrevistas aos gestores de seis empresas do referido município. Os resultados destacam como diferencial competitivo a prioridade em ações de atendimento ao cliente e manutenção do planejamento estratégico com foco nas tendências das demandas do mercado local. Palavras-chave: Estratégia, Planejamento, Diferencial competitivo. ABSTRACT Strategic behaviors can constitute determining factors in the definition of organizational policies, through the alignment of the mission and the organizational objectives. With this in mind, the proposed study aims to diagnose the strategies adopted by companies as a differentiation conduct in the market. In this direction, the supermarket, beverage, banking and telecommunications sectors were contemplated, which operate in the city of Parnaíba-PI. We opted for the development of a qualitative study, with interviews to the managers of six companies in that municipality. The results highlight as a competitive differential the priority in customer service actions and maintenance of strategic planning with a focus on trends in the demands of the local market. Keywords: Strategy, Planning, Competitive edge. 1 INTRODUÇÃO Há quase quarenta anos, Ackoff (1982) afirmou que o processo de planejamento estratégico impacta a estrutura organizacional a ponto de gerar a necessidade de reorganização do sistema. Complementa, ainda, que aceitar as limitações da estrutura na implementação do processo pode privar a organização de colher as principais vantagens desse processo. Nessa perspectiva, concebe-se que o estabelecimento do planejamento estratégico sucita a melhora das interações formais e informais, do processo de tomada de decisão e de descentralização, sobretudo devido ao aumento da autonomia e do comprometimento a partir do momento em que a organização estabelece um caminho claro a ser percorrido. No entendimento de Hrebiniak (2006), o processo de planejamento estratégico impacta de forma direta à estrutura, por determinar a interdependência entre as diversas partes que compõem a Brazilian Journal of Development Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 6, n. 8, p. 58910-58927 aug. 2020. ISSN 2525-8761 58912 organização. Além disso, o uso de estratégias é um processo importante na determinação de políticas organizacionais e está intimamente ligado ao planejamento estratégico. Logo, contribui para a criação e o desenvolvimento da missão, dos objetivos e das estratégias, baseando-se na análise organizacional (HUNGER; WHEELEN, 2002). As empresas pequenas, médias ou micro exercem uma função inescusável no contexto socioeconômico nacional, em razão de sua tendência em criar postos de trabalho e integralizar novas tecnologias e inovações. Por essa razão, são identificadas como agentes profícuos ao desenvolvimento social e força impulsionadora do crescimento, bem como pilares para a sustentação da estabilidade econômica e política no País. Contudo, essas organizações apresentam várias dificuldades para manter-se no mercado e serem competitivas (FALLER; ALMEIDA, 2014; PESSÔA; COSTA; MACCARI, 2016). Por cúmulo, torna-se relevante mencionar o uso de estratégia como um processo essencial em uma época de mudanças constantes. De acordo com Tarapanoff (2006), as pesquisas voltadas à teoria organizacional indicam que as áreas estratégicas utilizam e criam três informações: as organizações observam o ambiente; coletam informações para dar significado ao que está acontecendo em seu entorno e ao que está gerando; logo após, investe em novos conhecimentos, ajusta a experiência de seus membros visando a aprender e inovar; por último, confere e analisa a informação para selecionar e empreender as ações adequadas, executando, dessa maneira, a gestão do conhecimento. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o comércio no Estado do Piauí cresceu na última década, passando, inclusive, da média nacional, alcançando números da receita bruta de renda, em 2011, de R$ 17.731.236.000,00, e em 2017, de R$29.579.931.000, expressando um aumento de quase 70% ao longo de seis anos (2011 a 2017). Considerando a importância desse setor para o Estado Piauí, definiu-se como público-alvo da pesquisa seis empresas do comércio varejista de Parnaíba-PI, representadas pelos setores: supermercadista; industrial; bancário (área da venda de crédito); telefonia. Isso posto, estabeleceu-se como objetivo geral diagnosticar as estratégias adotadas pelas empresas enquanto conduta de diferenciação no mercado – cujas sedes se localizam na cidade de Parnaíba-PI. Especificamente, pretende-se: identificar as estratégias adotadas por essas empresas; verificar as políticas gerenciais relacionadas às condutas do comportamento organizacional; e desenvolver a análise do ambiente interno das empresas pesquisadas. Para atender aos objetivos propostos, optou-se pela pesquisa qualitativa e descritiva, tendo como técnica de coleta de dados um roteiro semiestruturado de entrevista. Nessa direção, o Brazilian Journal of Development Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 6, n. 8, p. 58910-58927aug. 2020. ISSN 2525-8761 58913 referencial teórico divide-se de modo a abranger a temática em apreço, com destaque para os seguintes aspectos: a importância do planejamento estratégico na organização; análise do ambiente interno e satisfação do cliente; metodologia; análise dos resultados; conclusão. 2 A IMPORTÂNCIA DO PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO NA ORGANIZAÇÃO Hrebiniak (2006) afirma que o processo de planejamento estratégico impacta de forma direta a estrutura da organização, pois determina a interdependência entre as diversas partes que a compõem, além de distinguir as funções e os indivíduos que devem atuar visando a um mesmo objetivo. Desse modo, a estratégia define os métodos de coordenação e integração necessários para a realização das atividades que, por sua vez, é característica básica da estrutura organizacional. De acordo com Tarapanoff (2006), as pesquisas voltadas à teoria organizacional indicam que as áreas estratégicas utilizam e criam informações a partir do seguinte comportamento: as organizações observam o ambiente, colhendo informações para dar significado ao que está acontecendo em seu âmbito e o que está gerando; logo após, investe em novos conhecimentos, ajustando a experiência de seus membros, de forma a aprender e inovar. Para Kich, Simon, Pereira e Costa (2011), o planejamento estratégico é uma ferramenta de gestão norteadora do sucesso das organizações, considerando os seus ambientes. À vista disso, em muitas literaturas, assimila-se que na ação do planejamento estratégico, em sua fase de elaboração, há um comprometimento maior, mas quando é implementado, encontra seus maiores desafios, sobretudo pela falta desse engajamento (RIZZATTI; PEREIRA; AMARAL, 2012). Atesta-se, pois, a constante busca por aperfeiçoamento das atividades organizacionais em um ambiente em que é preciso buscar o envolvimento para o alcance dos maiores objetivos. Contudo, os obstáculos existem, a exemplo de mudanças de ambiente, falta de informações, concorrência. Apesar disso, com a execução do planejamento estratégico, é possível ter uma visão futura, por meio da qual a organização é impulsionada a seguir determinado panorama, mediante estratégias capazes de manter seus objetivos (FERNANDES, FURTADO; FERREIRA, 2016). Diante dessa realidade, as empresas utilizam amplamente o planejamento estratégico para alcançar seus objetivos, porquanto serve como o direcionador mais apropriado, pois se baseia na interpretação acerca do ambiente no qual a empresa está inserida (QUADROS et al., 2012). Na visão de Affeldt e Vant (2009), o planejamento estratégico representa a possibilidade de visualizar elementos estratégicos, como objetivos e metas; avaliar pontos fracos e fortes da organização; visualizar oportunidades e ameaças no ambiente externo. Isso ocorre a partir do Brazilian Journal of Development Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 6, n. 8, p. 58910-58927 aug. 2020. ISSN 2525-8761 58914 conhecimento de informações que são utilizadas para dar direcionamento aos negócios da organização. Em consonância com Reginato (2011), o planejamento estratégico possui um arcabouço que auxilia na resolução de questões específicas rapidamente, antecipando as variações do mercado e flexibilizando a instituição de acordo com as necessidades competitivas. Igualmente, Porter (1999) assevera que a base do desenvolvimento de um planejamento estratégico é relacionar uma empresa com o seu ambiente, podendo ser verificada sob duas perspectivas: macroambiental e setorial. 3 ANÁLISE DO AMBIENTE INTERNO E SATISFAÇÃO DO CLIENTE Devido à alta competitividade do mercado, as empresas definem métodos mais adequados para destacarem-se em meio os concorrentes. Para tanto, é necessária uma análise dos pontos fortes e fracos da organização, com vistas a realizar um diagnóstico interno. Nessa direção, a análise de Swot (que significa Strengths = Forças; Weaknesses = fraquezas; Opportunities = oportunidades; Threats = Ameaças) é uma técnica amplamente usada pelas entidades para analisar elementos internos e externos da empresa. Com a adoção da análise interna, os gestores observam o ambiente interior da empresa, intentando identificar os pontos fortes e fracos, por meio de um levantamento de dados sobre os diversos aspectos da organização e suas operações (MAXIMIANO, 2004). Para Rasmussen (1990), o planejamento estratégico engloba planejar o futuro perante as limitações psicológicas e físicas dos pontos fortes e fracos de uma organização. Com a competitividade vivenciada pelas empresas nos últimos anos, considera-se cada vez mais a vitalidade das organizações e a análise de pontos fortes e fracos, além de ameaças e oportunidades como ferramenta de gestão (FERNANDES, 2013). Por conseguinte, o diagnóstico das potencialidades das empresas pode contribuir com a definição de estratégias de relacionamento com os clientes. Na acepção de Sheth, Mittal e Newman (2001), a atmosfera da empresa pode estimular o consumidor a fortalecer vínculos ou afastar-se, daí porque a percepção de que esse ambiente influencia o comportamento do consumidor é amplamente aceita na literatura de marketing (TURLEY; MILLIMAN, 2000). A qualidade é garantia de que o cliente se tornará fiel à empresa, pois a satisfação está atrelada ao melhor pré e pós-atendimento, ao cumprimento de prazos de entrega, além de condições de preço e pagamento. Brazilian Journal of Development Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 6, n. 8, p. 58910-58927 aug. 2020. ISSN 2525-8761 58915 Coadunando Neiva e D’Elia (2009, p. 133), “qualidade não é mais um detalhe diferenciador. Qualidade é uma questão de sobrevivência, para empresas e profissionais que querem permanecer no mercado e manter o seu nível de competitividade”. Por sua vez, Silva, Kovaleski e Gaia (2014) aduzem que o conceito de qualidade se torna abrangente, pois envolve não somente a satisfação em relação ao produto, mas também a fatores externos (não controláveis) que influenciam as decisões das empresas pela busca desse atributo. Nesse contexto, Rosenbaum et al. (2017) apresentam o conceito de permanência contínua do cliente, que está ligada aos fatores psicológicos que permeiam o ambiente de troca e promovem bem-estar ao cliente, levando-o à recompra. A propósito, os recursos do produto ou do serviço não são mais diferenciadores únicos, e garantia de ter o cliente como um veículo de divulgação da marca. Com a competitividade, as organizações devem aprimorar as ações, investir em inovações que levem os consumidores a desenvolver uma relação de lealdade, visando a auferir vantagens competitivas a longo prazo e promover o boca-a-boca do cliente, como apontam Kandampully, Zhang e Bilghan (2015). Deveras, Orel e Kara (2014) ratificam que a probabilidade de falta de identificação com as condutas da empresa em relação à perspectiva de um cliente para outro diminui à medida que o consumidor se sente satisfeito com o serviço prestado, patenteando que a excelência do serviço impacta positivamente a satisfação do cliente, refletindo na formação de sua lealdade. 4 METODOLOGIA A pesquisa é de natureza qualitativa e descritiva, realizada em empresas do comércio varejista, a fim de diagnosticar as estratégias adotadas como conduta de diferenciação no mercado. Para tanto, adotaram-se os procedimentos de pesquisa multicaso que, para Yin (2001), caracteriza- se pelo maior foco na compreensão e na comparação qualitativa dos fenômenos, pois proporciona maior abrangência de resultados e não se limita às informações de uma só organização. O trabalho desenvolveu-se por meio de entrevistas gravadas com os gestores das seis empresas da cidade de Parnaíba, do Estado do Piauí, abrangendo os setores supermercadista, industrial, bancário e telefonia, sendo aplicado um roteiro de entrevista semiestruturado a cada gestor. Assim,por meio de um roteiro previamente definido e aberto, que permite absorver respostas subjetivas e ricas de detalhes, procurou-se direcionar o estudo para resultados mais relevantes (MALHOTRA, 2011). Brazilian Journal of Development Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 6, n. 8, p. 58910-58927 aug. 2020. ISSN 2525-8761 58916 As entrevistas foram devidamente transcritas, decumpadas, categorizadas, analisadas a partir da técnica de análide de conteúdo, e por fim, concluídas. Bardin (2016) apresenta a organização, codificação, categorização e inferência como metódo de pesquisa chamado análise de conteúdo, indispensável para que se alinhem os objetivos de uma pesquisa qualitativa com a aplicação de entrevista. Consoante Bardin (2016), “a partir do momento em que a análise de conteúdo decide codificar o seu material, deve produzir um sistema de categorias”. Nessa direção, designaram-se categorias para cada empresa, embora possam contar com mais de uma categoria, conforme o grau de importância dado na resposta pelo entrevistado. Inicialmente, as empresas foram categorizadas de acordo com dados como segmento, região, colaboradores, fundação e missão, como descrito no Quadro 1. Ressalta-se que todas as empresas entrevistadas possuem uma missão bem definida e voltada para a satisfação dos colaboradores e do cliente. Quadro 1 – Perfil das empresas ENTREVISTA FUNDAÇÃO, SEGMENTO, REGIÃO, COLABORADORES E MISSÃO Empresa A A empresa atua no ramo de drogarias desde 2017, na Região Nordeste, na cidade de Parnaíba, contando com três funcionários. Missão: busca a satisfação do cliente, valorizando a ética profissional da empresa e buscando a confiança do cliente. Empresa B Atua no mercado de microfinanças desde 2003, predominante na Região Nordeste, tem 4.000 colaboradores. Missão: inclusão da sociedade no mercado de microcrédito, contemplando valores como a ética e a confiança. Empresa C Iniciou as atividades em 1985, na Região Nordeste do País. Vende, principalmente, pele in natura, até o produto acabado. Nos últimos anos, importou peles em estado dewet blue de diversos Países (Nigéria, Etiópia, Sudão, Arábia, Quênia, Espanha, Grécia, China), pois cresceu bastante e a produção nacional se mostrou insuficiente. Mantém 150 colaboradores diretos e cerca de 300 indiretos. Missão: continuar com a liderança do mercado de peles, atendendo às necessidades dos clientes, com qualidade e inovação. Empresa D É uma das agentes autorizadas representante da segunda maior rede de telefonia móvel e internet do Brasil. Fica localizada na cidade de Parnaíba, sendo a única até então. Possui oito funcionários. Missão: vender serviços telefônicos aos clientes, resolver ocasionais problemas e dar suporte ao cliente. Empresa E Fundada em 1980, é uma rede de supermercados com centenas de funcionários. A empresa oferta oportunidade a jovens que não possuem experiência para cargos de trabalho, mas querem se especializar nos mais diferentes cargos dentro da logística de um mercado. Missão: comercializar produtos de excelente qualidade, oferecer variedade e preços justos, buscando sempre superar as necessidades e expectativas dos clientes. Empresa F A empresa atua no ramo de ótica desde 2015, na Região Nordeste, na cidade de Araioses – MA, onde conta com três funcionários. Missão: busca a satisfação do cliente acima do lucro, cativando clientes “fixos” por meio da confiança e do cuidado quanto ao cliente. Fonte: Elaboração própria, com base nos dados da pesquisa (2018). Brazilian Journal of Development Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 6, n. 8, p. 58910-58927 aug. 2020. ISSN 2525-8761 58917 Ademais, vale a pena ressaltar que nas pesquisas que pretendem estudar as estratégias organizacionais, é primordial analisar a percepção da missão organizacional pelos colaboradores da empresa, buscando conhecer se existe alinhamento da empresa com os funcionários nesse âmbito (LIM; WANG; LEE, 2017). 5 ANÁLISE DOS DADOS Os gestores foram questionados sobre as estratégias priorizadas como diferencial competitivo, ao que responderam que o planejamento prioriza condutas de melhoria contínua para o atendimento ao cliente, além do processo de produção. As empresas A e F, que atuam no setor farmacêutico e de ótica, respectivamente, destacam como preferencial a inovação no produto; C, que atua o beneficiamento in nature do couro, sobreleva que além da inovação ao produto, há uma preocupação com a capacitação dos colaboradores; B, do setor bancário, D, do ramo de telefonia, e E, supermercadista, destacaram que o foco é na qualidade do atendimento aos clientes. Nessa perspectiva, observa-se que a estratégia adotada varia em função do setor de atuação. É extremamente importante que os clientes estejam satisfeitos, pois assim, há chances maiores de permanência na loja, aumentando a probabilidade de comprar (UDO et al., 2010). Acrescenta-se a isso aspectos descobertos por meio de um estudo etnográfico, como o ambiente, o design e a decoração, que transmitem mensagens de grande valia aos clientes, podendo gerar satisfação aos clientes, consequentemente influenciando a percepção de atendimento (SHERRY; MCGRATH, 1989). Quadro 2 – Diferencial competitivo CATEGORIAS PERGUNTA 1: QUAIS CONDUTAS ESTÃO SENDO TOMANDAS PARA ESTABELECER UM DIFERENCIAL COMPETITIVO? Foco no produto [...] é o que o nosso cliente vem atrás. Digamos que o cliente venha atrás de um determinado produto, que não tenha como eu oferecer. Procuro então adquirir esse mesmo produto, para que na próxima vez que o mesmo cliente voltar, o determinado produto que antes ele queria e não tínhamos, agora sim vamos ter e poder oferecer para o mesmo [...] (EMPRESA A). Atendimento ao cliente [...] o ponto forte como sempre a gente debate é o atendimento ao cliente, e falando sobre produtos, a nossa empresa recentemente baixou ainda mais a taxa de juros para o cliente, essa também é uma das estratégias para que a gente continue sendo líder no mercado (EMPRESA B). Brazilian Journal of Development Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 6, n. 8, p. 58910-58927 aug. 2020. ISSN 2525-8761 58918 Qualidade dos produtos A qualidade dos produtos é o principal diferencial competitivo e por isso a empresa investe em treinamento do pessoal da parte técnica. Em 2017 foram feitos intensos trabalhos de desenvolvimentos em conjunto com os principais fornecedores, a fim de estar atualizado com o que há de mais novo em termos de produtos químicos para couro no mundo [...] estamos também atentos à tecnologia, a fim de associar à qualidade com a produtividade, garantindo competitividade de custos em relação aos concorrentes. Em 2017 adquirimos três máquinas importadas da Itália e em 2018 traremos mais 2 novas (EMPRESA C). Treinamentos [...] sempre fazemos uma seleção de funcionários, e os qualificamos para melhor atender os clientes (EMPRESA D). Promoções nos produtos [...] busca-se fazer ações diferenciadas de promoções e marketing, além de conscientizar os nossos colaboradores ao respeito aos clientes, a distribuição e comercialização de mercadorias de qualidade (EMPRESA E). Prazos de entrega [...] no ramo de ótica, a questão do diferencial trata muito da questão da pontualidade na entrega (EMPRESA F). Fonte: Elaboração própria, com base nos dados da pesquisa (2018). Quanto ao planejamento estratégico e ao tipo de planejamento, percebeu-se que todas as empresas adotam um planejamento priorizando satisfazer as necessidades dos clientes. A empresa A, atuante no mercado farmacêutico, preocupa-se em ofertar os produtos de que seus clientes necessitam, enquanto B e C focam em planejamentos anuais; por seu turno, a empresa D procura inovar nos produtos para conquistar os clientes; já F pretende satisfazer os clientes e respeitá-los.Quadro 3 – Planejamento estratégico CATEGORIAS PERGUNTA 2: A INSTITUIÇÃO POSSUI PLANEJAMENTO? QUAL? Planejamento de Demanda [...] procuramos saber os medicamentos que são mais existentes e mais receitados pelo posto de saúde para poder a população do nosso bairro ter o que eles precisam [...] (EMPRESA A). Planejamento Anual Sim. [...] a gente faz um planejamento anual com a diretoria onde traçam todas as diretrizes e o foco da gestão naquele ano, bem como, todas as metas que são estabelecidas para o resto do ano (EMPRESA B). Planejamento Orçamentário Anual A empresa possui um planejamento, com objetivos em todas as áreas (industrial, administrativa, comercial). No início do ano, direção, sócios e gerência elaboram o orçamento anual onde são projetados todos custos, despesas, vendas e receitas. Também são projetadas metas de faturamento, rendimento, projetos a desenvolver a fim de criar um esboço do caminho a ser trilhado no próximo ano (EMPRESA C). Promoções de Vendas Sempre lançamos promoções, e ofertas nos aparelhos, buscamos atrair o novo, para assim atrair o cliente (EMPRESA D). Planejamento Organizacional Sim. A instituição possui um planejamento organizacional para que as ações da empresa possam fluir com uma facilidade maior (EMPRESA E). Planejamento com foco na satisfação do cliente A gente tem como planejamento alcançar satisfação independente do lucro ou não. Como assim? Por exemplo: há pessoas que vão fazer consultas na ótica que não precisam de tratamento do uso dos óculos, elas precisam de cirurgia, então a gente encaminha para o profissional que a gente tem uma parceria. Isso basicamente não traz lucro para a empresa, para instituição, mas a gente se responsabiliza em fazer com que a pessoa tenha esse atendimento, tenha consulta com especialista se possível, faça cirurgia. (EMPRESA F) Fonte: Elaboração própria, com base nos dados da pesquisa (2018). Para alcançar os objetivos elencados, o gestor deve planejar, tarefa que remete a organizar antes de começar, para que a execução da ação seja mais direcionada e assertiva (ARAÚJO; Brazilian Journal of Development Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 6, n. 8, p. 58910-58927 aug. 2020. ISSN 2525-8761 58919 TEIXEIRA; LICÓRIO, 2015). Logo, os varejistas devem buscar serem melhores que os seus concorrentes, por meio da satisfação de seus clientes (DABHOLKAR et al., 1996). Sabe-se que além de definir os propósitos organizacionais, as empresas também precisam socializá-los. Nesse sentido, as empresas B, D e E o fazem por meio de site; C não publicita seus propósitos; enquanto A e F socializam seus propósitos por intermédio dos clientes, boca a boca – esse tipo de divulgação, se feita positivamente, agrega qualidade ao produto ou serviço, além de outras ferramentas, como lealdade do consumidor, promoções e intenção de recompra (CRONIN; BRADY; HULT, 2000). Quadro 4 – Socialização dos propósitos CATEGORIAS PERGUNTA 3: ONDE ESTÃO SOCIALIZADOS OS PROPÓSITOS DA ORGANIZAÇÃO? Fidelização de Clientes Através da confiança dos nossos clientes, procuramos socializar nossos valores, assim os clientes vão se fidelizando e gostando, vão compartilhando suas experiências com a empresa, elogiando para outras pessoas e assim atraindo mais clientes (EMPRESA A). Inclusão Socioeconômica O propósito da organização geral é a inclusão financeira, é fazer com que as pessoas que estão vivendo em uma situação de risco financeiro sejam incluídas no mercado de trabalho e saiam dessa pobreza extrema que o nosso Nordeste brasileiro vive (EMPRESA B). Inexistente* Não estão socializados (EMPRESA C). Internet No site oficial (EMPRESA D). Instalações físicas A nossa missão os valores e a visão estão expostos no centro de distribuição no CD onde ficam toda a parte do escritório da empresa, contabilidade, comercial, RH, financeiro da qual faço parte. Além disso, está no site e em todas as lojas do grupo (EMPRESA E). Documentação [...] na questão boca a boca para os nossos colaboradores. A gente deixa bem exposto também em documentos escritos dentro da própria instituição, todos os propósitos, aquilo que nós temos como objetivo, deixamos associado a isso (EMPRESA F). Fonte: Elaboração própria, com base nos dados da pesquisa (2018). *Inexistente – Não foi socializado pela empresa. No tocante a esse questionamento, pode-se atinar que todas as empresas se preocupam com o desempenho que o colaborador possa ter diante de, por exemplo, uma mudança em sua área de trabalho. A empresa A enxerga uma tomada de decisão de forma positiva, pois se promove pela satisfação dos clientes; B, C, D, E e F levam em consideração o desempenho do colaborador, então cada tomada de decisão visa a não prejudicá-los; a empresa B conversa com os colaboradores, e tomam decisões juntos; C prioriza o serviço, verificando se obterão resultados; D, E e F, por tratarem de vendas, tendem a treinar seus colaboradores para melhor atender às necessidades da empresa e de seus clientes. Aliás, Legge (1995) argumenta que políticas adequadas quanto aos colaboradores devem promover um comprometimento dos empregados e, como consequência, uma boa vontade no sentido de agirem de maneira flexível e adaptativa rumo à busca da excelência nas organizações. Brazilian Journal of Development Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 6, n. 8, p. 58910-58927 aug. 2020. ISSN 2525-8761 58920 Uma estratégia empresarial que vise à produção e oferta de produtos e serviços de valor agregado deve suscitar o desenvolvimento e a implantação de políticas de gestão de pessoas que produzam empregados de alta qualidade – na verdade, constitui “a diferença que faz a diferença” (LEGGE, 1995, p. 208). Quadro 5 – Tomada de decisão e desempenho CATEGORIAS PERGUNTA 4: COMO A TOMADA DE DECISÃO INFLUENCIA NO DESEMPENHO DO COLABORADOR? Positivamente através dos resultados Influência de forma positiva. O nosso funcionário procura se desempenhar cada vez melhor, por perceber que as decisões que a empresa tem são sempre positivas e enxergam o crescimento, através dos próprios clientes que elogiam, agradecem a atenção, o atendimento. Com isso, o desempenho do funcionário melhora de cada vez (EMPRESA A). Decisão em grupo A tomada de decisão na nossa empresa nunca é unilateral. Aqui as decisões são conversadas justamente para evitar que haja uma reação diferente nos nossos colaboradores (EMPRESA B). Cuidado na tomada de decisão A tomada de decisão pode influenciar diretamente no desempenho do colaborador de várias formas, como por exemplo: Decisão do tipo de tecnologia (maquinário) a ser usado – por maior empenho que um funcionário tenha, se não tiver o maquinário correto seu desempenho pode ser inferior; Alocação de mão-de-obra para cada função – decisão de qual função é mais adequada para o perfil de cada pessoa, se for tomada de maneira errada pode haver desempenho ruim [...] (EMPRESA C). Positivamente através de treinamentos Nós trabalhamos com metas, a cada nova meta lançada, temos que priorizar o serviço, passar por um novo treinamento e estimular os funcionários para que possa atingi-las (EMPRESA D). Análise antes da tomada de decisão Sim. Antes da gente fazer qualquer tomada de atitude em relação ao um colaborador, seja ele uma promoção ou qualquer coisa do tipo, a gente analisa [...] (EMPRESA E). Conhecimento e segurança para o colaborador É necessário que o profissional saiba discernir o que é o problema de vista, e o que a pessoa pode ser um exagero no uso de aparelhos eletrônicos, nessa hora que ele tem o conhecimento, do seu trabalho e das técnicas de ótica, então, isso é fundamental (EMPRESA F). Fonte: Elaboração própria, com base nos dados da pesquisa (2018). Os clientes percebem holisticamente os ambientes, e as suas reações ao ambiente físicodependem do conjunto de efeitos ou configurações (LOVELOCK; WIRTZ, 2011). Isso mostra que o ambiente poderá afetar os consumidores não apenas cognitivamente, mas também emocionalmente, também pela harmonia (MUHAMMAD et al., 2014). Todas as empresas têm a percepção de clima organizacional como motivação para o colaborador trabalhar em melhores condições, em harmonia, com mais desempenho e garantindo melhores resultados para a empresa. Quadro 6 – Clima organizacional e desempenho CATEGORIAS PERGUNTA 5: COMO O CLIMA ORGANIZACIONAL INFLUÊNCIA NO DESEMPENHO DO COLABORADOR? Harmonia e Crescimento profissional Positivamente, devido ao colaborador perceber harmonia entre os sócios que o propósito da empresa é o crescimento dele, para que quanto mais o nosso funcionário cresça a nossa empresa cresça junto (EMPRESA A). Transparência e Reconhecimento Toda decisão, toda mudança causa um tipo de estresse, isso é normal. Então todos os anos quando é feito planejamento, que há algumas mudanças, a gente tenta repassar isso Brazilian Journal of Development Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 6, n. 8, p. 58910-58927 aug. 2020. ISSN 2525-8761 58921 o mais transparente possível para que as pessoas entendam que essas mudanças são necessárias (EMPRESA B). Produtividade O clima organizacional tem influência direta no desempenho da equipe e está intimamente ligado com o nível de produtividade fabril. Colaboradores que convivem em ambiente de trabalho onde é admitido desrespeito, qualquer tipo de assédio por parte de lideranças ou colegas, falta de companheirismo, falta de reconhecimento ou atmosfera psicológica tóxica têm comprovadamente baixo rendimento (EMPRESA C). Competitividade Por se tratar de vendas, sempre existem competitividade, porém são saudáveis, fazendo assim que cada um busque sempre dar o seu melhor (EMPRESA D). Equipe motivada Sim. O clima organizacional influência. Se você tiver uma equipe unida e lutando pelo mesmo propósito, você vai ter um colaborador empenhado e consequentemente o seu trabalho vai render muito mais. Por outro lado, se você tiver uma equipe desmotivada, uma equipe que não se respeita, consequentemente isso vai explanar no trabalho dele que não vai ser um dos melhores (EMPRESA E). Cliente bem recepcionado O cliente deve se sentir em casa ao entrar na instituição, porque tem um ditado que diz que “se a pessoa chega na sua casa e ela é mal recebida, dificilmente ela voltará a te visitar [...] (EMPRESA F). Fonte: Elaboração própria, com base nos dados da pesquisa (2018). O questionamento alusivo aos pontos fortes nas organizações revelou que a maioria das empresas têm elementos únicos como ponto forte: B e E discorrem que a união de equipe faz com que alcancem seus objetivos com mais precisão e dessa forma possam atender aos propósitos da empresa com mais determinação, já que esses colaboradores têm em mente o coletivo. Tal postura repercute em um bom atendimento, contribuindo para uma compra agradável e uma avaliação positiva do varejo, tanto por clientes utilitários quanto por hedônicos motivados (TEIXEIRA; HERNANDEZ, 2012). Outrossim, os consumidores atribuem interações satisfatórias com a equipe do prestador de serviços à administração (BECERRIL-ARREOLA et al., 2017). As empresas D e F também demonstraram pontos fortes em comum, já que ambas indicaram dedicação no atendimento. A ênfase no bom atendimento é repassada a todos os colaboradores das organizações citadas, para que fique claro que os propósitos mais importantes dessas empresas são a satisfação do cliente, a confiança na marca, a localização e o know-how. Segundo Hambrick (1987), a localização geográfica é um recurso estratégico para a atividade de distribuição física, uma vez que a parcela de detentores desse recurso é mínima, o que o torna potencialmente capaz de pleitear vantagem competitiva para a empresa. Contudo, apenas a reputação é capaz de promover vantagem competitiva sustentável, enquanto a localização proporciona vantagem competitiva temporária, e os demais recursos garantem apenas paridade competitiva (LEÃO; LEITE; SALAZAR, 2018). Quadro 7 – Pontos fortes CATEGORIAS PERGUNTA 6: O QUE VOCÊ CONSIDERA PONTO FORTE NA ORGANIZAÇÃO? Tecnologia A facilidade de procurar os produtos dentro do nosso programa, e além de tudo outro ponto bem forte é a forma como esse programa me mostra as estatísticas das vendas, quais os produtos que mais tem saída, as melhorias que vem acontecendo dentro da empresa durante um mês ou ano nas vendas (EMPRESA A). Brazilian Journal of Development Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 6, n. 8, p. 58910-58927 aug. 2020. ISSN 2525-8761 58922 Colaboradores Hoje sem dúvidas o ponto forte da nossa organização são as equipes, muito motivada e treinadas (EMPRESA B). Confiança na marca, localização e know-how Nome consolidado no mercado (mais de 30 anos de atuação), know-how de fabricação de peles, boa localização geográfica em relação à matéria-prima (peles), acesso ao mercado internacional, tanto para exportação quanto para importação (EMPRESA C). Atendimento ao cliente Temos como ponto forte prestar um bom atendimento, procurando solucionar as dificuldades dos clientes e buscando sempre inovação (EMPRESA D). Colaboradores Olha na minha visão hoje um dos pontos fortes da empresa, é a união da nossa equipe [...] Nós temos equipes muito unidas e com um único propósito, que é o respeito dos clientes [...] (EMPRESA E). Atendimento ao cliente “...entrega do produto e o atendimento. Eu tenho total certeza que tanto nós os proprietários, quanto os colaboradores, eles têm tratado cliente da forma que o cliente merece [...] (EMPRESA F). Fonte: Elaboração própria, com base nos dados da pesquisa (2018). As empresas classificadas como pequenas, médias ou micro exercem uma função indubitável no contexto socioeconômico nacional, em razão de sua tendência em criar postos de trabalho e integralizar novas tecnologias e inovações. Por conta disso, são identificadas como importantes agentes de desenvolvimento social, força impulsionadora do crescimento e pilares para a sustentação da estabilidade econômica e política no País. Todavia, essas organizações apresentam várias dificuldades para manter-se no mercado e serem competitivas (FALLER; ALMEIDA, 2014; PESSÔA; COSTA; MACCARI, 2016). Um dos problemas citados por algumas organizações entrevistadas foi a falta de informatização, pois os sistemas utilizados são antigos, promovendo problemas que afetam a empresa internamente, mas podem ser resolvidos com facilidade, porém, futuramente, pois demandam um investimento elevado. A falta ou mesmo a baixa tecnologia foi apresentada como principal fragilidade das empresas. Para mais, identificou-se também a localização, a comunicação e os atrasos nas entregas como pontos fracos. Enquanto as entregas pontuais proporcionam uma criação de valor positivo ao produto e à marca, o oposto disso desvaloriza ambos (ALMEIDA, 2012). Quadro 8 – Pontos fracos CATEGORIAS PERGUNTA 7: O QUE VOCÊ CONSIDERA DE PONTO FRACO NA ORGANIZAÇÃO? Tecnologia Infelizmente através do nosso programa eu não consigo ter uma visão geral do que está faltando de produto no estoque [...] (EMPRESA A). Tecnologia O nosso sistema ainda deixa um pouco a desejar (EMPRESA B). Localização Localização geográfica ruim em relação aos clientes e fornecedores (o que implica em altos gastos com transportes) (EMPRESA C). Centralização nas decisões Por sermos uma loja AA (Agente Autorizada) possuímos um sistema limitado diferente de uma loja própria, com isso as vezes não conseguimos solucionar alguns serviços, causando infelizmente a insatisfação do cliente (EMPRESA D). Falta da Comunicação Nós ainda pecamos na comunicação ... a falta dela no caso (EMPRESA E). Brazilian Journal of Development Braz.J. of Develop., Curitiba, v. 6, n. 8, p. 58910-58927 aug. 2020. ISSN 2525-8761 58923 Atraso nas entregas [...] um ponto franco na área de ótica [...] é o atraso, e acaba prejudicando porque o cliente necessita, o mais rápido possível dos seus óculos e, por algum eventual imprevisto, acaba atrapalhando (EMPRESA F). Fonte: Elaboração própria, com base nos dados da pesquisa (2018). Para Marcial e Grumbach (2012), é oportuno conhecer os pontos fracos da organização para protegê-la e buscar soluções a curto, médio e longo prazo, devendo a organização, inclusive, reforçar sempre seus pontos fortes, fomentando a superação e melhoria dos aspectos negativos. 6 CONCLUSÃO Com base no objetivo geral deste projeto, que consiste em diagnosticar as estratégias adotadas nas empresas enquanto conduta de diferenciação no mercado, em empresas dos setores supermercadista, industrial, bancário e telefonia da cidade de Parnaíba-PI, concebeu-se que o diferencia mais lembrado alude ao atendimento ao cliente, com foco em sua satisfação. Ademais, as empresas têm-se preocupado em criar um planejamento estratégico ancorado em condutas competitivas, quais sejam: foco no produto; atendimento ao cliente; promoções de vendas; qualidade dos produtos; qualificação dos recursos humanos; valor ao produto; e cumprimento dos prazos de entrega; estabelecimento dos propósitos organizacionais (missão, visão, valores). Aliá, as empresas participantes desta investigação possuem planejamentos que servem como estratégias da organização, a saber: planejamento para atendimento da demanda; planejamento anual; planejamento orçamentário anual; promoções de vendas; planejamento organizacional; e satisfação do cliente. Quanto às políticas gerenciais atinentes às condutas do comportamento organizacional, apurou-se como as emoções influenciam as decisões tomadas nas empresas. Nesse ensejo, verificou- se que estas não têm receio de mudanças, mas se preocupam como o colaborador será impactado, e fazem com que ele entenda que essas alterações são necessárias para o desenvolvimento da organização. A partir da análise interna das organizações, deduziu-se que na maioria das empresas, os pontos positivos são: o trabalho em equipe; a tecnologia; a satisfação do cliente interno e externo; e o atendimento ao cliente. Como pontos fracos, assimilou-se que os problemas enfrentados são diferentes nas três organizações: enquanto uma destaca a má comunicação como ponto negativo, outra destaca a ausência de informatização. Brazilian Journal of Development Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 6, n. 8, p. 58910-58927 aug. 2020. ISSN 2525-8761 58924 Com isso, depreendeu-se um dado importante: a tecnologia pode ser um ponto forte e um ponto fraco, merecendo estudos mais profundos para identificar tal ambiguidade. Em relação às categorias, identificaram-se: 1. diferencial competitivo: foco no produto; atendimento ao cliente; qualidade dos produtos; treinamentos; promoções nos produtos; prazos de entrega. 2. planejamento estratégico: planejamento para atendimento da demanda; planejamento anual; planejamento orçamentário anual; promoções de vendas; planejamento organizacional; satisfação do cliente. 3. socialização dos propósitos: fidelização de clientes; inclusão socioeconômica; Internet; documentação. 4. tomada de decisão e desempenho: positivamente, por meio dos resultados; decisão em grupo; cuidado na tomada de decisão. Positivamente, mediante treinamentos; análise antes da tomada de decisão; conhecimento e segurança para o colaborador. 5. clima organizacional e desempenho: harmonia; crescimento profissional; transparência; reconhecimento; produtividade; competitividade; equipe motivada; cliente bem recepcionado. 6. pontos fortes: tecnologia; colaboradores (2); confiança na marca (2); know-how; localização; atendimento ao cliente (2); equipe unida. 7. pontos fracos: tecnologia (2); localização; centralização das decisões; falta de comunicação; atraso nas entregas. Como sugestão para futuros estudos, recomenda-se a ampliação deste para um estudo de mercado, de modo que se identifiquem as ameaças e oportunidades das empresas pesquisadas. REFERÊNCIAS ACKOFF, R. L. Planejamento empresarial. Rio de Janeiro: LTC – Livros técnicos e científicos. Editora S.A., 1982. ALMEIDA, M. I. Formação do professor do ensino superior. São Paulo: Cortez, 2012. ARAÚJO, A.; TEIXEIRA, E. M.; LICÓRIO, C. 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