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Devido ao crescimento dos brotos brônquicos (primórdio dos brônquios e dos pulmões) nos canais pericardioperitoneais, um par de cristas membranosas é produzido na parede lateral de cada canal: • As cristas craniais – pregas pleuropericárdicas – estão localizadas superiormente aos pulmões em desenvolvimento. •As cristas caudais – pregas pleuroperitoneais – estão localizadas inferiormente aos pulmões. À medida que as cavidades pleurais primordiais se expandem ventralmente em torno do coração, elas se estendem para dentro da parede do corpo, dividindo o mesênquima em: • Uma camada externa que se torna a parede torácica. • Uma camada interna que se torna o pericárdio fibroso, a camada externa do saco pericárdico que envolve o coração. Aparelho Faríngeo, Face e Pescoço O aparelho faríngeo é formado por arcos, bolsas, sulcos e membranas faríngeas. Essas estruturas embrionárias iniciais contribuem para a formação da face e do pescoço. Arcos faríngeos Os arcos faríngeos começam a se desenvolver no início da quarta semana, quando as células da crista neural migram para as futuras regiões da cabeça e do pescoço. O primeiro par de arcos, as mandíbulas primordiais, aparece como elevações superficiais laterais à faringe em desenvolvimento. Outros arcos logo aparecem como cristas em cada lado das futuras regiões da cabeça e pescoço. Ao final da quarta semana, quatro pares de arcos são visíveis externamente. O quinto e o sexto arco são rudimentares e não são visíveis na superfície do embrião. Os arcos faríngeos são separados pelos sulcos faríngeos (fendas). Como os arcos, os sulcos são numerados em uma sequência craniocaudal. O primeiro arco separa-se nas proeminências maxilar e mandibular. A proeminência maxilar forma a maxila, o osso zigomático e uma porção do osso vômer. Aproeminência mandibular forma a mandíbula e o osso temporal escamoso. Juntamente com o terceiro arco, o segundo arco (arco hioide) contribui para a formação do osso hioide. Os arcos sustentam as paredes laterais da faringe primitiva, que se derivam da parte cranial do intestino anterior. O estomodeu (boca primitiva) inicialmente aparece como uma ligeira depressão do ectoderma superficial. Ele está separado da cavidade da faringe primitiva por uma membrana bilaminar, a membrana bucofaríngea, que é composta externamente por ectoderma e internamente por endoderma. Essa membrana rompe-se com aproximadamente 26 dias, fazendo com que a faringe e o intestino anterior se comuniquem com a cavidade amniótica. O revestimento ectodérmico do primeiro arco forma o epitélio oral. Componentes dos Arcos Faríngeos Cada arco consiste em um centro de mesênquima (tecido conjuntivo embrionário) e é recoberto externamente por ectoderma e internamente por endoderma. Originalmente, o mesênquima é derivado do mesoderma, durante a terceira semana; durante a quarta semana, a maior parte do mesênquima é derivada das células da crista neural, que migram para os arcos. A migração das células da crista neural para os arcos e sua diferenciação em mesênquima produz as prominências maxilar e mandibular, além de todo o tecido conjuntivo, incluindo a derme (camada da pele) e o músculo liso. Coincidindo com a migração das células da crista neural, o mesoderma miogênico das regiões paraxiais movem-se para cada arco, formando um núcleo central do primórdio do músculo. As células endoteliais nos arcos são derivadas do mesoderma lateral e de angioblastos invasivos (células que se diferenciam em endotélio dos vasos sanguíneos) que se movem para dentro dos arcos. O endoderma faríngeo desempenha um papel fundamental na regulação do desenvolvimento dos arcos. Um arco faríngeo típico contém diversas estruturas: • Uma artéria que se origina do tronco arterioso do coração primitivo e passa ao redor da faringe primitiva para entrar na aorta dorsal. •Uma haste cartilaginosa que forma o esqueleto do arco. •Um componente muscular que se diferencia nos músculos da cabeça e do pescoço. • Nervos sensoriais e motores que suprem a mucosa (tecido de revestimento) e os músculos derivados de cada arco. Os nervos que crescem nos arcos são derivados do neuroectoderma do encéfalo primitivo. Destino dos Arcos Faríngeos Complexo buco-maxilo-facial Os arcos faríngeos contribuem extensivamente para a formação da face, das cavidades nasais, da boca, da laringe, da faringe e do pescoço. Durante a quinta semana, o segundo arco aumenta e recobre o terceiro e o quarto arcos, formando uma depressão ectodérmica, o seio cervical. Ao final da sétima semana, o segundo até o quarto sulcos faríngeos e o seio cervical desaparecem, dando ao pescoço um contorno liso. Derivados das Cartilagens dos Arcos Faríngeos A extremidade dorsal da cartilagem do primeiro arco (cartilagem de Meckel) está intimamente relacionada como desenvolvimento da orelha. No início do desenvolvimento, pequenos nódulos soltam-se da parte proximal da cartilagem e formam dois dos ossos da orelha média, o martelo e a bigorna. As porções ventrais das cartilagens do primeiro arco formam o primórdio da mandíbula em forma de ferradura, e acompanhando seu crescimento, elas guiam sua morfogênese inicial. Uma cartilagem primitiva independente, próxima à extremidade dorsal da cartilagem do segundo arco(cartilagem de Reichert), participa no desenvolvimento da orelha. Ela contribui para a formação do estribo da orelha média e o processo estiloide do osso temporal. A cartilagem entre o processo estiloide e o osso hioide regride; seu pericôndrio (membrana de tecido conjuntivo) forma o ligamento estilo-hióideo. Aextremidade ventral da cartilagem do segundo arco ossifica-se para formar o corno menor (chifre menor). A cartilagem do terceiro arco, localizada na porção ventral do arco, ossifica-se para formar o corno maior do osso hioide. O corpo do osso hioide é formado pela eminência hipobranquial. As cartilagens do quarto e do sexto arcos fundem-se para formar as cartilagens laríngeas, exceto a epiglote. A cartilagem da epiglote desenvolve-se a partir do mesênquima na eminência hipofaríngea, uma saliência no assoalho da faringe embrionária que é derivada do terceiro e quarto arcos. O quinto arco, quando presente, é rudimentar e não tem derivados. Derivados dos Músculos dos Arcos Faríngeos A musculatura do primeiro arco forma os músculos da mastigação e outros músculos. A musculatura do segundo arco forma o estapédio, o estilohióideo, o ventre posterior do digástrico, o auricular e os músculos da expressão facial. A musculatura do terceiro arco forma o estilofaríngeo. A musculatura do quarto arco forma o cricotireóideo, o elevador do véupalatino, e os constritores da faringe. A musculatura do sexto arco forma os músculos intrínsecos da laringe. Derivados dos Nervos dos Arcos Faríngeos Cada arco é suprido por seu próprio nervo craniano (NC). Os componentes eferentes viscerais especiais (branquiais) desses nervos suprem os músculos derivados dos arcos. Como o mesênquima dos arcos contribui para a formação da derme e das membranas mucosas da cabeça e do pescoço, essas áreas são supridas com nervos aferentes viscerais especiais. A pele facial é suprida pelo nervo trigêmeo (NC V); entretanto, apenas seus dois ramos caudais (maxilar a mandibular) suprem derivados do primeiro arco. O NC V é o principal nervo sensorial da cabeça e do pescoço e é o nervo motor para os músculos da mastigação. Seus ramos sensoriais inervam a face, os dentes e as membranas mucosas das cavidades nasais, palato, boca e língua. O nervo facial (NC VII), o nervo glossofaríngeo (NC IX) e o nervo vago suprem o segundo, o terceiro e do quarto ao sexto (caudal) arcos, respectivamente. O quarto arco é inervado pelo ramo laríngeo superior do NC X e pelo seu ramo laríngeo recorrente.Os nervos do segundo ao sexto arcos apresentam pouca distribuição cutânea, mas eles inervam as membranas mucosas da língua, faringe e laringe. Bolsas faríngeas A faringe primitiva, que é derivada do intestino anterior, alarga-se cranialmente conforme se une ao estomodeu e estreita-se à medida que se une ao esôfago. O endoderma da faringe reveste as superfícies internas dos arcos e das bolsas faríngeas. As bolsas desenvolvem-se em uma sequência craniocaudal entre os arcos. O primeiro par de bolsas, por exemplo, encontra-se entre o primeiro e o segundo arcos. Primeira Bolsa Faríngea A primeira bolsa expande-se em um alongado recesso tubotimpânico. A porção distal expandida desse recesso entra em contato com o primeiro sulco, onde mais tarde contribui para a formação da membrana timpânica (tímpano). Segunda Bolsa Faríngea Embora a segunda bolsa seja em grande parte obliterada conforme a tonsila palatina se desenvolve, parte da cavidade dessa bolsa permanece como o seio tonsilar (fossa), a depressão entre os arcos palatoglosso e o palatofaríngeo. O endoderma da segunda bolsa prolifera e cresce penetrando no mesênquima subjacente. As partes centrais desses brotos se rompem, formando as criptas tonsilares (depressões semelhantes a fossetas). O endoderma da bolsa forma o epitélio superficial e o revestimento das criptas tonsilares. Terceira Bolsa Faríngea A terceira bolsa expande-se e forma uma parte dorsal bulbar sólida e uma parte ventral oca alongada. Sua conexão com a faringe é reduzida a um ducto estreito que logo se degenera. Por volta da sexta semana, o epitélio de cada parte bulbar dorsal da bolsa começa a se diferenciar em uma glândula paratireoide inferior. Oepitélio das partes ventrais da bolsa alongada se prolifera, obliterando suas cavidades. Essas partes se unem no plano mediano para formar o timo, que é o órgão linfoide primário. Quarta Bolsa Faríngea A quarta bolsa expande-se em uma parte bulbar dorsal e uma ventral alongada. Sua conexão com a faringe é reduzida a um ducto estreito que logo degenera. Por volta da sexta semana, cada porção dorsal se desenvolve em uma glândula paratireoide superior, que se localiza na superfície dorsal da glândula tireoide. Como as glândulas paratireoides derivadas das terceiras bolsas acompanham o timo, elas estão em uma posição mais inferior que as glândulas paratireoides derivadas das quartas bolsas. Sulcos faríngeos As regiões da cabeça e do pescoço do embrião exibem quatro sulcos (fendas branquiais), em cada lado, durante a quarta e quinta semanas. Esses sulcos separam os arcos externamente. Apenas um par de sulcos contribui para estruturas pós-natais; o primeiro par persiste como o meato acústico externo (canais auditivos). Os outros sulcos situam-se em uma depressão do tipo fenda (seios cervicais) e são normalmente obliterados com o seio conforme o pescoço se desenvolve. Anomalias congênitas do segundo sulco são relativamente comuns. Membranas faríngeas As membranas faríngeas aparecem nos assoalhos dos sulcos faríngeos. Essas membranas se formam onde os epitélios dos sulcos e das bolsas se aproximam. O endoderma das bolsas e o ectoderma dos sulcos são logo infiltrados e separados pelo mesênquima. Apenas um par de membranas contribui para a formação de estruturas adultas; a primeira membrana e a camada interposta de mesênquima torna-se a membrana timpânica. Desenvolvimento da língua Próximo ao final da quarta semana, uma elevação triangular mediana aparece no assoalho da faringe primitiva, imediatamente rostral ao forame cego. Essa tumefação lingual mediana (broto da língua) é a primeira indicação do desenvolvimento da língua. Logo depois, duas tumefações linguais laterais ovais (brotos linguais distais) desenvolvem-se em cada lado da tumefação lingual mediana. As três tumefações resultam da proliferação do mesênquima nas porções ventromediais do primeiro par de arcos faríngeos. As tumefações linguais laterais rapidamente aumentam em tamanho, fundem-se uma com a outra, e crescem sobre a tumefação lingual mediana. As tumefações linguais laterais fundidas formam os dois terços anteriores da língua (parte oral). O local de fusão das tumefações é indicado pelo sulco da linha média e internamente pelo septo lingual fibroso. A formação do terço posterior da língua (parte faríngea) é indicada no feto por duas elevações que se desenvolvem caudalmente ao forame cego. A cópula forma-se pela fusão das partes ventromediais do segundo par dos arcos faríngeos. A eminência hipofaríngea desenvolve-se caudalmente à cópula a partir do mesênquima nas partes ventromediais do terceiro e do quarto pares de arcos faríngeos. O suprimento sensorial da mucosa de quase dois terços da língua é fornecido pelo ramo lingual da divisão mandibular do nervo trigêmeo (NC V), o nervo do primeiro arco faríngeo. Esse arco forma as tumefações mediana e laterais da língua. Embora o nervo facial (NCVII) seja o nervo do segundo arco faríngeo, seu ramo da corda do tímpano inerva os corpúsculos gustativos nos dois terços anteriores da língua, exceto para as papilas circunvaladas. Como o componente do segundo arco faríngeo, a cópula (parte estreita ligando duas estruturas), é recoberta pelo terceiro arco, o NC VII não inerva a mucosa da língua, exceto os corpúsculos gustativos na parte anterior da língua. As papilas circunvaladas na parte anterior da língua são inervadas pelo nervo glossofaríngeo (NC IX) do terceiro arco. A explicação usual é que a mucosa do terço posterior da língua é tracionada ligeiramente para frente à medida que a língua se desenvolve. Anquiloglossia O freio lingual normalmente conecta a superfície inferior da língua ao assoalho da boca. Algumas vezes, o freio é curto e estende-se até a ponta da língua. Isso interfere com a protrusão livre da língua e pode dificultar a amamentação. A anquiloglossia (língua- presa) ocorre em aproximadamente 1 a cada 300 neonatos norte-americanos, mas isto normalmente não apresenta significância funcional permanente. Um freio curto geralmente se alonga com o tempo, tornando desnecessária a correção cirúrgica do defeito. Língua bífida ou fendida (glossosquise) A fusão incompleta das tumefações linguais laterais resulta em um profundo sulco na linha média da língua. Esse sulco geralmente não se estende até a ponta da língua. A glossosquise é um defeito de nascimento bastante raro. As glândulas parótidas são as primeiras a se desenvolverem e aparecem no início da sexta semana. Elas se desenvolvem a partir de brotos que surgem do revestimento ectodérmico oral próximo aos ângulos do estomodeu. O alongamento das mandíbulas causa estiramento do ducto da parótida, com a glândula remanescente próxima ao seu local de origem. As glândulas submandibulares aparecem no final da sexta semana. Elas se desenvolvem de brotos endodérmicos no assoalho do estomodeu. As glândulas sublinguais aparecem durante a oitava semana, aproximadamente 2 semanas mais tarde do que outras glândulas. Elas se desenvolvem a partir de múltiplos brotos epiteliais endodérmicos que se ramificam e se canalizam para formar entre 10 e 12 ductos, que se abrem independentemente no assoalho da boca. Desenvolvimento da face Os primórdios da face aparecem no início da quarta semana em torno do estomodeu (primórdio da boca). Os cinco primórdios faciais aparecem como proeminências em torno do estomodeu: • Uma proeminência frontonasal. • Um par de proeminências maxilares. • Um par de proeminências mandibulares. As proeminências maxilares e mandibulares são derivadas do primeiro par de arcos faríngeos. As proeminências são produzidas principalmente pela expansão de populações da crista neural que se originam a partir das pregas neurais do mesencéfalo e do rombencéfalorostral durante a quarta semana. Essas células são a principal fonte de componentes de tecido conjuntivo, incluindo cartilagens, osso e ligamentos nas regiões facial e bucal. A proeminência frontonasal circunda a porção ventrolateral do prosencéfalo, que dá origem às vesículas ópticas que formam os olhos. A parte frontal da proeminência frontonasal forma a testa; a parte nasal forma o limite rostral do estomodeu e do nariz. As proeminências maxilares formam os limites laterais do estomodeu, e as proeminências mandibulares constituem o limite caudal do estomodeu. A mandíbula inferior e o lábio inferior são as primeiras partes da face a se formar. Elas resultam da fusão das extremidades mediais da proeminência mandibular no plano mediano. A covinha comum do queixo resulta da fusão incompleta das proeminências. No final da quarta semana, espessamentos ovalados bilaterais do ectoderma superficial (placoides nasais, os primórdios do epitélio nasal) desenvolveram-se nas partes inferolaterais da proeminência frontonasal. Inicialmente, esses placoides são convexos, mas mais tarde são estirados para produzir uma depressão plana em cada placoide. O mesênquima nas margens dos placoides prolifera, produzindo elevações em forma de ferradura, as proeminências nasais mediais e laterais. Como resultado, os placoides nasais situamse nessas depressões, as fossetas nasais. Essas fossetas são os primórdios das narinas anteriores e das cavidades nasais e as proeminências nasais laterais formam as asas (lados) do nariz. Ao final da sexta semana, cada proeminência maxilar começa a se fundir com a proeminência nasal lateral ao longo da linha do sulco nasolacrimal. Isso estabelece a continuidade entre o lado do nariz, que é formado pela proeminência nasal lateral e a região da bochecha, formada pela proeminência maxilar. Entre a sétima e a décima semanas, as proeminências nasais mediais fundem-se com as proeminências maxilares e nasais laterais. A fusão das proeminências requer a desintegração de seus epitélios de superfície que estavam em contato, o que resulta no entrelaçamento das células mesenquimais subjacentes. A fusão das proeminências nasal medial e maxilar resulta na continuidade da mandíbula superior e do lábio e na separação das fossetas nasais do estomodeu. Quando as proeminências nasais mediais se fundem, elas formam um segmento intermaxilar. Esse segmento forma a parte média (filtro) do lábio superior, a parte pré-maxilar da maxila e suas gengivas associadas e o palato primário. O desenvolvimento facial necessita de todos os seguintes componentes: • A proeminência nasal frontal forma a testa, dorso e o ápice do nariz. • As proeminências nasais laterais formam as asas (lados) do nariz. • As proeminências nasais mediais formam o septo nasal, o osso etmoide e a placa cribriforme (aberturas para a passagem dos nervos olfatórios). • As proeminências maxilares formam as regiões das bochechas superiores e o lábio superior. • As proeminências mandibulares formam o queixo, o lábio inferior e as regiões das bochechas. Desenvolvimento das cavidades nasais Conforme ocorre o desenvolvimento da face, os placoides nasais tornam-se deprimidos, formando as fossetas nasais. A proliferação do mesênquima circundante forma as proeminências nasais mediais e laterais, que resultam no aprofundamento das fossetas nasais e a formação dos sacos nasais primitivos. Cada saco cresce dorsalmente e em posição ventral ao prosencéfalo em desenvolvimento. No início, os sacos estão separados da cavidade oral pela membrana oronasal. Essa membrana rompe-se no final da sexta semana, fazendo com que a cavidades nasal e oral se comuniquem. As regiões de continuidade entre as cavidades nasal e oral são as coanas primitivas (aberturas da cavidade nasal dentro da faringe nasal). Após o desenvolvimento do palato secundário, as coanas estão localizadas na junção da cavidade nasal e faringe. Enquanto essas alterações estão ocorrendo, as conchas nasais superior, média e inferior desenvolvem-se como elevações das paredes laterais das cavidades nasais. Ao mesmo tempo, o epitélio ectodérmico no teto de cada cavidade nasal torna-se especializado para formar o epitélio olfatório. Algumas células epiteliais diferenciam-se em células receptoras olfativas (neurônios). Os axônios neuronais constituem os nervos olfatórios, que crescem para os bulbos olfatórios do encéfalo. Seios Paranasais Alguns seios paranasais, como os seios maxilares, começam a se desenvolver durante o final da vida fetal; os seios restantes desenvolvem-se após o nascimento. Eles se formam a partir de divertículos (protuberâncias) das paredes das cavidades nasais e se tornam extensões pneumáticas (cheias de ar) das cavidades nasais nos ossos adjacentes, como os seios maxilares na maxila, e os seios frontais nos ossos frontais. As aberturas originais dos divertículos persistem como orifícios dos seios adultos. Órgão Vomeronasal A primeira aparência do primórdio vomeronasal é sob a forma de espessamentos epiteliais bilaterais sobre o septo nasal. A invaginação posterior do primórdio e a sua separação do epitélio do septo nasal forma um órgãovomeronasal (OVN) tubular entre o 37° e o 43° dia. Essa estrutura quimiossensorial, que posteriormente termina em um fundo cego, atinge seu maior desenvolvimento entre a 12ª e a 14ª semanas. Mais tarde, a população receptora é gradativamente substituída por células ciliadas desiguais. O OVN está consistentemente presente na forma de uma estrutura bilateral do tipo ducto no septo nasal, superior à cartilagem parasseptal. O OVN tubular humano com suas minúsculas aberturas anteriores é um homólogo verdadeiro do OVN em outros mamíferos, répteis e anfíbios, utilizados como um órgão sensorial olfatório tipicamente auxiliar para detectar feromônios. Desenvolvimento do palato O palato desenvolve-se a partir de dois primórdios, os palatos primário e secundário. O período crítico da palatogênese é a partir do final da sexta semana até o início da nona semana. O palato desenvolve-se em dois estágios: primário e secundário. Palato Primário No início da sexta semana, o palato primário (processo mediano) começa a se desenvolver. Formado pela fusão das proeminências nasais mediais, este segmento é inicialmente uma massa em forma de cunha de mesênquima entre as superfícies internas das proeminências maxilares das maxilas em desenvolvimento. O palato primário forma a face anterior e da linha média da maxila, a parte pré-maxilar da maxila. Ele representa apenas uma pequena parte do palato duro no adulto (anterior à fossa incisiva). Palato Secundário O palato secundário (palato definitivo) é o primórdio das partes duras e moles do palato. Palato começa a se desenvolver no início da sexta semana, a partir de duas projeções mesenquimais que se estendem das faces internas das proeminências maxilares. Esses processos palatinos laterais (prateleiras palatinas) inicialmente projetam-se inferomedialmente em cada lado da língua. Com o alongamento da mandíbula, a língua é puxada de sua raiz, e é trazida em uma posição inferior na boca. Durante a sétima e oitava semanas, os processos palatinos laterais assumem uma posição horizontal sobre a língua. Essa alteração na orientação ocorre por um processo fluente facilitado em parte pela liberação de ácido hialurônico pelo mesênquima dos processos palatinos. Gradativamente, os ossos desenvolvem-se no palato primário, formando a parte pré-maxilar da maxila, que aloja os dentes incisivos. Ao mesmo tempo, os ossos estendem-se a partir das maxilas e dos ossos palatinos dentro dos processos palatinos laterais para formar o palato duro. As partes posteriores desses processos não se ossificam. Elas estendem-se posteriormentepara além do septo nasal e se fundem para formar o palato mole, incluindo sua projeção cônica mole, a úvula. A rafe palatina indica a linha de fusão dos processos palatinos. Um pequeno canal nasopalatino persiste no plano mediano do palato entre a parte anterior da maxila e os processos palatinos das maxilas. Esse canal é representado no palato duro do adulto pela fossa incisiva, que é a abertura comum para os pequenos canais incisivos direito e esquerdo. Uma sutura irregular corre em cada lado a partir da fossa para o processo alveolar da maxila entre os dentes incisivo lateral e o canino, em cada lado. Ela é visível na região anterior dos palatos em pessoas jovens. Essa sutura indica onde os palatos embrionários primário e secundário se fundiram. O septo nasal desenvolve-se como um crescimento para baixo a partir das partes internas das proeminências nasais mediais fundidas. A fusão entre o septo nasal e os processos palatinos começa anteriormente, durante a nona semana, e termina posteriormente, na 12ª semana, superior ao primórdio do palato duro. Fenda labial e fenda palatina As fendas do lábio superior e do palato são as anomalias congênitas craniofaciais mais comuns. Um relato de 2014 do U.S. Department of Health and Human Services indicou que aproximadamente 7.000 recém- nascidos apresentavam fendas orofaciais a cada ano nos Estados Unidos. Os defeitos são normalmente classificados de acordo com critérios de desenvolvimento, com a fossa incisiva utilizada como um marco de referência. Essas fendas são especialmente conspícuas, pois elas resultam em uma aparência facial anormal e fala com defeito. Existem dois grupos principais de fendas do lábio e fenda palatina. Imagem: Tipos de fenda labial e palatina. A, Lábio e palato normais. B, Úvula fendida. C, Fenda unilateral do palato secundário (posterior). D, Fenda bilateral da parte posterior do palato. E, Fenda unilateral completa do lábio e do processo alveolar da maxila com uma fenda unilateral do palato primário (anterior). F, Fenda bilateral completa do lábio e dos processos alveolares das maxilas com fenda bilateral da parte anterior do palato. G, Fenda bilateral completa do lábio e dos processos alveolares dos maxilares com fenda bilateral da parte anterior do palato e fenda unilateral da parte posterior do palato. H, Fenda bilateral completa do lábio e dos processos alveolares das maxilas com fenda bilateral completa do palato anterior e posterior. Imagens: Anomalias congênitas do lábio e do palato. A, Criança com fenda labial unilateral esquerda e fenda palatina. B, Criança com uma fenda labial bilateral e fenda palatina. Defeitos na fenda anterior incluem fenda labial com ou sem uma fenda da parte alveolar da maxila. Em um defeito na fenda anterior completa, a fenda estende-se através do lábio superior e parte alveolar da maxila para a fossa incisiva, separando as partes anterior e posterior do palato. Defeitos na fenda anterior resultam de uma deficiência do mesênquima nas proeminências maxilares e do processo palatino mediano. Defeitos na fenda posterior incluem fendas do palato secundário que se estendem através das regiões do palato mole e duro até a fossa incisiva, separando as partes anterior e posterior do palato. Os defeitos das fendas posteriores resultam de um desenvolvimento defeituoso do palato secundário e distorções de crescimento dos processos palatinos laterais que impedem sua fusão. Outros fatores, tais como a largura do estomodeu, a mobilidade dos processos palatinos laterais (prateleira palatina), e os locais de degeneração focal alterada do epitélio palatino, podem contribuir para estes defeitos de nascimento. Uma fenda labial unilateral resulta de uma falha da proeminência maxilar no lado afetado de unir-se com as proeminências nasais mediais. A falha das massas mesenquimais em fundirse e do mesênquima em proliferar e suavizar o epitélio sobrejacente resulta em um sulco labial persistente. O epitélio no sulco labial torna-se esticado, e o tecido no assoalho do sulco se rompe, resultando em um lábio que é dividido em partes medial e lateral. Uma ponte de tecido, chamada faixa de Simonart, algumas vezes, junta as partes da fenda labial unilateral incompleta. Uma fenda labial bilateral resulta de uma falha das massas mesenquimais de ambas proeminências maxilares em se encontrar e se fundirem com as proeminências nasais mediais. O epitélio em ambos os sulcos labiais torna-se esticado e se rompe. Nos casos bilaterais, os defeitos podem ser diferentes, com vários graus de alteração em cada lado. Quando ocorrer uma fenda bilateral completa do lábio e da parte alveolar da maxila, o processo palatino mediano fica com uma borda livre e se projeta anteriormente. Esses defeitos são especialmente deformantes em consequência da perda de continuidade do músculo orbicular dos lábios, que fecha a boca e aperta os lábios. Uma fenda palatina completa indica o grau máximo de fenda de qualquer tipo particular. Por exemplo, uma fenda completa do palato posterior é um defeito no qual a fenda estende-se através do palato mole e anteriormente à fossa incisiva. O marco para distinguir defeitos de fenda anterior da posterior é a fossa incisiva. Fendas unilaterais e bilaterais do palato são classificadas em três grupos: • Fendas do palato anterior (fendas anteriores à fossa incisiva) resultam da falha de massas mesenquimais dos processos palatinos laterais de se encontrarem e se fundirem com o mesênquima no palato primário. • Fendas do palato posterior (fendas posteriores à fossa incisiva) resultam da falha das massas mesenquimais dos processos palatinos laterais de se encontrarem e se fundirem entre si e com o septo nasal. Fendas das partes secundárias do palato (fendas dos palatos anterior e posterior) resultam da falha das massas mesenquimais dos processos palatinos laterais de se encontrarem e se fundirem com o mesênquima no palato primário entre si e com o septo nasal. A maioria das fendas do lábio superior e do palato resulta de múltiplos fatores genéticos e não genéticos (herança multifatorial, com cada um causando um pequeno distúrbio do desenvolvimento. Diversos estudos mostram que o gene do fator regulatório do interferon-6 (IRF6) está envolvido na formação das fendas isoladas. Algumas fendas do lábio e/ou do palato aparecem como parte de síndromes determinadas por genes mutantes únicos. Outras fendas são partes de síndromes cromossômicas, especialmente a trissomia do 13. Uns poucos casos de fendas labiais e/ou do palato parecem ser causadas por agentes teratogênicos (p. ex., medicamentos anticonvulsivantes). Estudos em gêmeos indicam que os fatores genéticos são mais importantes em casos de fenda labial com ou sem fenda palatina do que uma fenda palatina isolada. Fendas faciais Diversos tipos de fendas faciais ocorrem, mas todas são raras. Fendas graves normalmente estão associadas a defeitos grosseiros da cabeça. Fendas faciais oblíquas são frequentemente bilaterais e se estendem do lábio superior até a margem medial da órbita (cavidade óssea contendo o globo ocular). Quando isto ocorre, os ductos nasolacrimais são sulcos abertos (sulcos nasolacrimais persistentes). As fendas faciais oblíquas associadas à fenda labial resultam da falha das massas mesenquimais nas proeminências maxilares de se fundirem com as proeminências nasais lateral e medial. As fendas faciais laterais ou transversais correm da boca em direção à orelha. As fendas bilaterais resultam em uma boca muito grande (macrostomia). Em casos graves, as fendas nas bochechas estendem-se quase para as orelhas. Resumo do aparelho faríngeo, face e pescoço • A faringe primitiva é limitada lateralmente pelos arcos faríngeos. Cada arco consisteem um núcleo de mesênquima coberto externamente pelo ectoderma e internamente pelo endoderma. O mesênquima original de cada arco é derivado do mesoderma. Mais tarde, células da crista neural migram para os arcos e são a principal fonte de componentes de tecido conjuntivo, incluindo cartilagem, osso e ligamentos das regiões oral e facial. Cada arco contém uma artéria, uma haste cartilaginosa, nervos e componente muscular. • Externamente, os arcos faríngeos são separados pelos sulcos faríngeos. Internamente, os arcos são separados por evaginações da faringe (bolsas faríngeas). Em que o ectoderma de um sulco entra em contato com o endoderma de uma bolsa, as membranas faríngeas são formadas. • Os sulcos faríngeos desaparecem, exceto para os do primeiro par, que persistem como meato acústico externo. As membranas faríngeas também desaparecem, exceto as do primeiro par, que se tornam as membranas timpânicas. A primeira bolsa faríngea forma a cavidade timpânica, o antro mastoide e a tuba faringotimpânica. A segunda bolsa faríngea está associada ao desenvolvimento da tonsila palatina. • O timo é derivado do terceiro par de bolsas faríngeas, e as glândulas paratireoides são formadas a partir do terceiro e quarto pares de bolsas. • A glândula tireoide desenvolve-se a partir de um crescimento para baixo do assoalho da faringe primitiva na região onde a língua se desenvolve. As células parafoliculares (células C) na glândula tireoide são derivadas de corpos ultimofaríngeos, que são derivados principalmente do quarto par de bolsas faríngeas. •Os cistos, seios e fístulas cervicais podem desenvolver-se de partes do segundo sulco faríngeo, o seio cervical, ou da segunda bolsa faríngea que falha para se obliterar. •Uma glândula tireoide ectópica resulta quando a glândula falha em descer completamente de seu local de origem na língua. O ducto tireoglosso pode persistir, ou os seus remanescentes podem formar cistos do ducto tireoglosso e massas de tecido tireóideo ectópico. Cistos infectados podem perfurar a pele e formar seios do ducto tireoglosso que se abrem anteriormente no plano mediano do pescoço. • Fenda do lábio superior é uma anomalia congênita comum. Embora frequentemente associada à fenda palatina, à fenda labial e à fenda palatina são etiologicamente defeitos distintos, que envolvem diferentes processos do desenvolvimento, que ocorrem em tempos diferentes. A fenda do lábio superior resulta da falha de massas mesenquimais de se fundirem nas proeminências nasais mediais e maxilares, enquanto a fenda palatina resulta da falha de massas mesenquimais nos processos palatinos de se encontrarem e se fundirem. A maior parte dos casos de fenda labial, com ou sem fenda palatina, é causada por uma combinação de fatores genéticos e ambientais (herança multifatorial).
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