Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Maria Seiane Farias – medicina IESVAP Embriogênese da Cavidade Oral Desenvolvimento da cavidade oral primitiva ➞Em torno da quarta semana, o tubo digestivo divide- se em três porções: cefálica, média e caudal. ➞Na extremidade cefálica, a cavidade oral primitiva, ou estomódeo, originada por uma invaginação/depressão do ectoderma, é separada do intestino anterior ou cefálico por uma fina membrana ectodérmica/endodérmica – a membrana bucofaríngea –, que se forma no 22° dia do desenvolvimento ➞No 27° dia ocorre a perfuração da membrana que estabelece comunicação entre a cavidade oral primitivo e o intestino anterior. (4ª semana) À medida que toda a cabeça se expande de maneira marcante, esta membrana não acompanha e se rompe. ➞O tubo digestivo passa a ter comunicação com a cavidade bucal e o fluido amniótico invade o intestino primitivo. ➞Na extremidade caudal, ocorre processo semelhante, perfurando-se a membrana cloacal para comunicar o intestino posterior com o ânus ➞Período embrionário ou morfológico: onde se concentram os principais eventos da formação da face. ➞Período fetal (a partir da 9ª semana): a face já está praticamente formada, apenas o palato tem sua formação finalizada nesta fase. ➞A parte nasal da SFN (saliência frontonasal) forma o limite rostral do estomodeu, da boca primitiva e do nariz. As saliências maxilares pares formam os limites laterais do estomodeu, e o par de saliências mandibulares constitui o limite caudal da boca primitiva Aparelho Braquial ➞É composto de arcos, bolsas e sulcos branquiais. Essas estruturas contribuem para a maior parte da formação da face e do pescoço. Arcos Faríngeos/Braquiais ➞Começam a se desenvolver no início da quarta semana, quando as células da crista neural migram para a fatura região da cabeça e do pescoço ➞O disco embrionário trilaminar, inicialmente de forma achatada, vai se dobrando, ficando o ectoderma na superfície externa, o mesoderma entre o ectoderma e o endoderma, e o endoderma na superfície interna do embrião que agora se revela mais cilíndrico ➞Ao final da 4ª semana, quatro pares de arcos faríngeos são visíveis externamente. O 5º e o 6º arcos são rudimentares/subdesenvolvidos e não são visíveis na superfície do embrião. O quinto arco regride totalmente e não origina qualquer estrutura no adulto. O quarto arco é o resultado da fusão dos arcos IV e VI. ➞O primeiro arco faríngeo é subdividido em dois processos: mandibular – o maior, que formará a mandíbula e o osso temporal escamoso –, e maxilar – que formará a maxila, o arco zigomático e a porção escamosa do vômer. ➞Acima da cavidade oral primitiva forma-se o processo frontal, que, na sua porção anterior, constitui o processo frontonasal. Esse processo, bem como o maxilar e o mandibular delimitam a cavidade oral ➞O segundo arco branquial forma o osso hioide e as regiões adjacentes do pescoço. ➞Pavilhão auditivo é formado pelas regiões dorsais do primeiro e do segundo arco branquial. ➞Os processos mandibulares se desenvolvem muito rapidamente, são os primeiros a se fusionarem, e, no início da 6ª semana, já constituem uma estrutura única que forma a mandíbula. Pode estar associado a baixa prevalência de fissuras na mandíbula. ➞Cada arco faríngeo apresenta uma estrutura cartilaginosa que representa seu arcabouço estrutural. A cartilagem do primeiro arco faríngeo recebe o nome de cartilagem de Meckel e sua extremidade dorsal contribui para a formação de dois ossículos do ouvido médio – martelo e bigorna. O terceiro ossículo do ouvido médio, o estribo, é formado a partir da cartilagem do segundo arco faríngeo, a cartilagem de Reichert. Forma também o corno menor e a parte superior do corpo do osso hioide A cartilagem do terceiro arco, localizada na porção ventral do arco, ossifica-se, formando o corno maior e a parte inferior do corpo do osso hioide As cartilagens do quarto e sexto arcos se fundem para formar as cartilagens laríngeas, exceto a epiglote ➞Derivados musculares dos Arcos Faríngeos A musculatura do primeiro arco faríngeo forma os músculos da mastigação e outros músculos A musculatura do segundo arco faríngeo forma o estapédio, o estiloióideo, o ventre posterior do digástrico, o auricular e os músculos da expressão facial A musculatura do terceiro arco faríngeo forma o estilofaríngeo. A musculatura do quarto arco faríngeo forma o cricotireóideo, o elevador do véu palatino e os constritores da faringe. A musculatura do sexto arco faríngeo forma os músculos intrínsecos da laringe ➞Quando o coração recua no sentido caudal possibilita espaço para desenvolvimento da face e do pescoço, o que possibilita a fusão sucessiva dos arcos faríngeos com os correspondentes. ➞O segmento intermaxilar dá origem: À parte central (filtro) do lábio superior. À parte pré-maxilar da maxila e a gengiva associada. Ao palato primário. ➞Durante a quinta semana, o segundo arco faríngeo aumenta e recobre o terceiro e o quarto arcos, formando uma depressão ectodérmica— o seio cervical ➞Um típico arco faríngeo contém: Uma artéria do arco faríngeo que surge do tronco arterial do coração primitivo e passa ao redor do primórdio da faringe para entrar na aorta dorsal. Um bastonete cartilaginoso que forma o esqueleto do arco. Um componente muscular que se transforma em músculos na cabeça e no pescoço. Nervos sensores e motores que suprem a mucosa e os músculos derivados do arco Lábios ➞Os lábios e as gengivas começam a se desenvolver quando o ectoderma forma um espessamento linear, a lâmina lábio gengival, dentro do mesênquima subjacente ➞Gradativamente, a maior parte desta lâmina degenera, deixando o sulco labiogengival entre os lábios e a gengiva ➞Uma pequena área da lâmina labiogengival persiste no plano mediano para formar o freio do lábio superior, que prende o lábio à gengiva. LÁBIOS INFERIORES ➞Um dos primeiros eventos na formação das estruturas faciais é a fusão das extremidades mediais dos processos mandibulares na linha média para formar o mento(queixo) e o lábio inferior. LABIOS SUPERIORES ➞Os processos maxilares caminhando em direção à linha média, fusionam-se com o segmento intermaxilar (fusão da saliências nasais mediais) interposto a eles. Inicia-se, neste momento, a fusão que culmina com a formação do lábio superior; Bolsas Faríngeas ➞Os pares de bolsas se desenvolvem numa seqüência cefalocaudal entre os arcos. O primeiro par de bolsas, por exemplo, fica entre o primeiro e o segundo arcos faríngeos. ➞Há quatro pares bem definidos de bolsas faríngeas; o quinto par é ausente ou rudimentar. O endoderma das bolsas entra em contato com o ectoderma dos sulcos faríngeos e, juntos, formam as membranas faríngeas, que separam as bolsas faríngeas dos sulcos faríngeos ➞O endoderma da 2ª bolsa forma o epitélio superficial e o revestimento das criptas tonsilares. Em torno da 20ª semana, o mesênquima em volta das criptas se diferencia em tecido linfoide, que logo se organiza nos nódulos linfáticos da tonsila palatina. Sulcos Faríngeos ➞Durante a quarta e quinta semanas, as regiões da cabeça e do pescoço do embrião humano apresentam quatro sulcos (fendas) faríngeos a cada lado ➞Estes sulcos separam os arcos faríngeos externamente. ➞Apenas um par de sulcos contribui para a formação de estruturas adultas; o primeiro par persiste como o meato acústico externo. Membranas Faríngeas ➞As membranas faríngeas aparecem no soalho dos sulcos faríngeos. Estas membranas se formam onde os epitélios dos sulcos e das bolsas se encontram. ➞Apenas um par de membranas contribui para a formação de estruturas no adulto; a primeira membrana faríngea, juntamente com a camada interposta de mesênquima, torna-se a membrana timpânica; Desenvolvimentodo Palato ➞A palatogênese inicia-se no final da quinta semana; entretanto, o desenvolvimento do palato não se completa antes da 12a semana. ➞O período crítico do desenvolvimento do palato vai do final da sexta semana até o início da nona semana. PALATO PRIMÁRIO ➞Processo palatino mediano (segmento intermaxilar): início do desenvolvimento na 6ª semana. ➞É formado pela fusão das saliências nasais mediais ➞É uma massa de mesênquima em forma de cunha entre as superfícies internas das saliências maxilares das maxilas em desenvolvimento. ➞Forma a parte pré-maxilar da maxila. ➞Representa apenas uma pequena parte do palato duro no adulto. PALATO SECUNDÁRIO ➞É o primórdio das partes duras e moles do palato ➞No início do desenvolvimento do palato, as cavidades oral e nasal comunicam-se, e o espaço entre elas é ocupado pela língua em desenvolvimento e delimitado anteriormente pelo palato primário. Somente quando o palato secundário se desenvolve é que as cavidades oral e nasal se separam. ➞Começa a se desenvolver no início da sexta semana, a partir de duas projeções mesenquimais que se estendem das faces internas das saliências maxilares ➞Inicialmente os processos palatinos laterais ou prateleiras palatais se projetam ínfero-medialmente a cada lado da língua. ➞7ª a 8ª semana: os processos palatinos laterais se alongam e ascendem para uma posição horizontal superior à da língua. Esta mudança na orientação ocorre por um processo fluente facilitado em parte pela liberação de ácido hialurônico pelo mesênquima dos processos palatinos. ➞Desenvolve-se osso no palatino primário: Formando a parte pré-maxilar da maxila, que aloja os incisivos. Avança a partir da maxila e do palato para os processos palatinos laterais (prateleiras palatinas) para formar o palato duro ➞As partes posteriores desses processos não são ossificadas. - se estendem posteriormente para além do septo nasal, fundindo-se para formar o palato mole, incluindo sua projeção cônica mole — a úvula. ➞A rafe palatina mediana indica a linha de fusão dos processos palatinos laterais ➞Um pequeno canal nasopalatino persiste no plano mediano do palato entre a parte pré-maxilar da maxila e os processos palatinos da maxila. É representado no palato duro adulto pela fossa incisiva - a abertura comum dos pequenos canais incisivos direito e esquerdo Uma sutura irregular corre da fossa incisiva para o processo alveolar da maxila, entre os dentes incisivo lateral e canino a cada lado - indica o local da fusão dos palatos primário e secundário embrionários. ➞Septo nasal: desenvolve-se como um crescimento para baixo a partir das partes internas das saliências nasais mediais fundidas ➞A fusão entre o septo nasal e os processos palatinos começa pela parte anterior, durante a nona semana, e termina pela parte posterior, na 12a semana, superior ao primórdio do palato duro. Desenvolvimento da língua ➞No final da quarta semana, uma elevação triangular mediana aparece no soalho da faringe primitiva, anterior ao forame cego. Esta elevação— o broto lingual mediano (tubérculo ímpar) — é a primeira indicação do desenvolvimento da língua. ➞Dois brotos linguais distais (saliências linguais laterais) se desenvolvem a cada lado do broto lingual mediano. ➞Os três brotos linguais resultam da proliferação do mesênquima nas porções ventromediais do primeiro par de arcos faríngeos ➞Os brotos linguais distais aumentam rapidamente de tamanho, fundem-se um com o outro e crescem sobre o broto lingual mediano. Os brotos linguais distais fundidos formam os dois terços anteriores da língua (parte oral) ➞O broto lingual mediano não forma nenhuma parte reconhecível da língua adulta. ➞Formação do terço posterior da língua (parte faríngea): é indicada por duas elevações que se desenvolvem caudalmente ao forame cego. A cópula se forma pela fusão das partes ventromediais do segundo par de arcos faríngeos. A saliência hipofaríngea desenvolve-se caudalmente à cópula a partir do mesênquima das partes ventromediais do terceiro e quarto pares de arcos. ➞A partir do desenvolvimento da língua, a cúpula some e a parte faríngea se desenvolve a partir da porção anterior da saliência hipofaríngea. ➞A linha de fusão das partes anterior e posterior da língua é aproximadamente indicada por um sulco em forma de V — o sulco terminal ➞A língua está completamente dentro da boca ao nascimento; aos 4 anos de idade, seu terço posterior desce para a orofaringe. Influência no palato ➞Ao mesmo tempo que o palato, centralmente, a língua, em pleno surto de crescimento, inicia um movimento de baixo para cima, ocupando rapidamente todo o espaço bucal. Inicialmente, surgem tubérculos que se formam a partir do assoalho bucal. Na espécie humana, raros são os casos de agenesia de língua, embora não sejam incompatíveis com a vida. ➞A língua influencia mecanicamente a formação do palato secundário, pois se interpõe aos processos palatinos, forçando-os a ficar em uma posição oblíqua. ➞Da sexta à sétima semana de vida intrauterina a língua, totalmente diferenciada, ocupa toda a cavidade bucofaríngea, e exerce uma participação mecânica fundamental na formação do palato secundário. ➞Sua permanência entre os processos palatinos pode impedi-los de se fusionarem, originando uma fissura palatina. ➞Com o desenvolvimento da mandíbula, a língua se desloca da sua raiz, e como resultado, assume uma posição inferior na boca. Fenda Palatina ➞A fenda palatina com ou sem fenda labial ocorre uma vez em cada 2.500 nascimentos e é mais comum no sexo feminino que no masculino. ➞O fato de os processos palatinos se fundirem aproximadamente uma semana mais tarde no sexo feminino pode explicar por que a fenda palatina é mais comum no sexo feminino que no masculino. POSSÍVEL CAUSA ➞A velocidade de movimentação dos processos nasais em direção um ao outro poderia ser um importante fator na determinação da suscetibilidade às fissuras. ➞Uma movimentação lenta de um ou ambos os processos, aumentaria a probabilidade de uma fusão inadequada, e teratógenos que afetassem a migração desses processos poderiam atuar por um intervalo de tempo maior ➞Fatores genéticos e ambientais poderiam interferir na quantidade e na migração das células da crista neural que originam a maior parte do mesênquima das proeminências faciais, resultando em um contato impossível ou inadequado entre as mesmas. ➞O comprometimento anatômico das fissuras está diretamente relacionado à época de atuação do fator teratogênico responsável pela sua formação e à época de fusão dos processos faciais envolvidos, portanto, as fissuras de lábio e de rebordo alveolar se formam até a 8ª semana, enquanto as de palato, até a 12ª semana. ➞Quanto mais cedo atuar o fator teratogênico, mais grave será a fissura FATORES DE RISCO ➞A história familiar é significante. Outros fatores de risco descritos para a fissura palatina (FP) isolada incluem: medicação anticonvulsivante, diabetes e abuso de álcool materno, síndrome alcoólica fetal e deficiência de ácido fólico. DESENVOLVIMENTO E TIPOS ➞Período crítico, no fechamento do palato secundário, da 7ª a 8ª semana. ➞Pode envolver somente na úvula; a úvula fendida tem uma aparência de cauda de peixe ➞Nos casos graves, associados à fenda Iabial, a fenda no palato se estende por toda a porção alveolar da maxila e pelos lábios em ambos os lados. ➞Fenda palatina completa: indica o grau máximo de fenda de qualquer tipo. O marco de distinção entre as anomalias de fendas anteriores e posteriores é a fossa incisiva. As fendas unilaterais e bilaterais do palato são classificadas em três grupos: Fendas do palato anterior (ou primário, anteriores à fossa incisiva) resultam da falta de aproximação e fusãodas massas mesenquimais nos processos palatinos laterais (prateleiras palatinas) com o mesênquima do palato primário. Fendas do palato posterior (ou secundário, fendas posteriores à fossa incisiva) resultam da falta de aproximação e fusão das massas mesenquimais dos processos palatinos laterais entre si e com o septo nasal. Fendas das partes anterior e posterior do palato (fendas dos palatos primário e secundário) resultam da falta de aproximação e fusão das massas mesenquimais dos processos palatinos laterais com o mesênquima do palato primário entre si e com o septo nasal. A FL(P) unilateral resulta da não fusão das saliências maxilares do lado afetado com as saliências nasais médias fundidas A FL(P) bilateral ocorre pela não fusão das saliências maxilares com as saliências nasais médias ➞A causa embriológica da FP é o não encontro e não fusão das massas mesenquimais dos processos palatinos, com o septo nasal e/ou com o processo palatino médio ou palato primário ➞As fissuras de palato primário ocorrem no período embrionário, enquanto as fissuras de palato secundário ocorrem no período fetal. ➞Complicações: Dificuldade de alimentação – regurgitação de alimentos para as fossas nasais Dificuldade de fonação Infecções de vias aéreas recorrentes – mucosa afetada pela entrada de alimentos no sistema respiratório. Podem ter dentes em falha Má formação da cavidade oral Anomalias ➞Fendas palatinas ➞Lábio leporino/Fissura labial ➞Língua: Microglossia / Macroglossia Língua bífida / fissurada Anquiloglossia ou língua presa
Compartilhar