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Princípios da Teoria Geral do Direito Privado

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Princípios da Teoria Geral do Direito Privado
Unidade 01 - O Direito Privado em face da interpenetração das esferas pública e privada
Aula 1 - Privatização do Direito Público e Privatização do Privado
Ler: https://pucminas.instructure.com/courses/8233/pages/unidade-01-notas-de-aula
Norberto Bobbio - Dicotomia entre o direito público e direito privado 
	Elementos caracterizadores de uma relação privada
	Elementos caracterizadores de uma relação pública
	· Relações jurídicas entre iguais;
· Relações de coordenação (as partes devem agir de forma conjunta de forma a obter a melhor satisfação de seu interesse;
· Relações caracterizadas pela justiça comutativa, havendo equivalência entre o valor da prestação e o valor da contraprestação.
	· Relação entre desiguais, na medida em que o Estado ocupa um papel superior ao que ocupa o indivíduo;
· Relação hierarquizada, de sujeição, porquanto o Estado pode impor ao indivíduo a sua vontade;
· Busca da justiça distributiva;
Dois fenômenos ocorreram, quais sejam a privatização do direito público e a publicização do direito privado. Essas duas esferas se interpenetram, compartilham momentos. No caso da publicização do direito privado, as relações havidas entre os particulares, por vezes chega a ocupar posição de desigualdade, assim como ocorre na relações públicas. Um bom exemplo disso são as relações de trabalho e de consumo, que, apesar de ser relações entre privados possui nítida desigualdade, o que deixa o esse direito privado com característica de direito público.
A vontade, é a fonte por excelência das relações privadas, enquanto a lei é a fonte por excelência do direito público. É necessária então, a intervenção legislativa, de modo a reequilibrar a relação privada. No caso do direito do trabalho, há a edição de lei que protegem o trabalhador, e no caso do direito do consumidor, há a edição e leis que conferem uma proteção ao consumidor.
Do ponto de vista da publicização do direito privado, podemos perceber que nós é reconhecemos a existência de partes que estão em situações desiguais, por isso, tem-se a interferência legal que vai substituir a própria vontade das partes.
Se a justiça distributiva era uma característica do direito público, e a justiça comutativa seria o fim do direito privado, por fim, cada vez mais se percebe que o direito privado absorve a ideia da justiça distributiva. Podendo ser verificada a interferência estatal nas relações privadas.
No tocante a privatização do direito público, se a relação entre o Estado e o particular era de desigualdade, nós observamos que tem várias situações em que particulares e a administração pública ocupam posição de igualdade. A lei passa a não ser mais a fonte principal do direito público, sendo admitida também a vontade como fonte. Desta forma, o Estado não mais impõe sua vontade ao particular, se negocia para atingir aos seus interesses.
Finalmente, no direito público também percebemos a ideia da justiça comutativa começa a se fazer presente, necessitando também de um equilíbrio na prestação e contraprestação que será recebida.
Leitura capítulo 1 livro Norberto Bobbio “Estado, governo e sociedade” parei no cap. 1 em “Dois processos paralelos”
Aula 2 - A dicotomia direito público - direito privado e sua interpenetração
A distinção entre direito público e direito privado nunca foi muito clara, sempre se buscou critérios para que se pudesse chegar a uma distinção mais clara, mais nítida entre os dois ramos. O que tem prevalecido recentemente é que não existe mais essa distinção entre direito público e privado. 
O que se entende hoje quando se fala em direito privado? Para Bobbio, enquanto a sociedade puder ser dividida em uma esfera pública e privada, precisamos de regras jurídicas diferenciadas que irão disciplinar as relações estabelecidas na esfera pública e privada.
Tradicionalmente o direito privado se assenta em relações jurídicas estabelecidas por partes que se encontram em igualdade de condições, relações essas que são de coordenação, e tem a vontade como fonte principal das normas estabelecidas pelas próprias partes, e o que se busca é a justiça comutativa. EX: Contrato, onde as partes negociam para se chegar a um denominador comum.
Essas são as regras tradicionais no direito privado.
No direito público, tem-se partes em condição de desigualdade. Em um dos polos está o Estado, que ocupa uma posição jurídica superior ao indivíduo. Como há essa desigualdade entre as partes, a relação, por consequência, não é de coordenação, e sim de subordinação do particular em relação ao Estado, que irá impor as regras. A vontade, no direito público não possui papel determinante. A fonte principal do direito público por excelência é a lei, tendo por objetivo, a busca pela justiça distributiva. EX: Direito tributário, onde se tem um contribuinte que, se sujeita as normas que são estabelecidas pelo Estado. O valor arrecadado com os tributos segue a lógica distributiva, para reduzir as desigualdades sociais. 
Essas são as regras tradicionais do direito público.
Essa distinção entre o direito público e o direito privado, quando analisadas no mundo real, não é mantida em sua integralidade. Isto porque, existem dois fenômenos que se complementam, quais sejam, a privatização do direito público e a publicização do direito privado. São fenômenos contemporâneos, onde se pode observar que a lógica do direito público se insere na estrutura ideológica do direito privado, ocorrendo o mesmo em relação ao direito público.
Assim como existem relações privadas, caracterizadas pela igualdade entre as partes, existem relações privadas que são caracterizadas pela desigualdade, onde um ente privado possui maior poder do que um particular que participa da relação privada. EX1: Relações direito do trabalho, onde o trabalhador está em desvantagem em relação ao empregador. EX2: Relações de consumo, onde o consumidor é vulnerável em relação ao fornecedor de produtos ou serviços, que tem o poder de estabelecer as condições em que o serviço será prestado. 
Desta forma, a publicização do direito privado significa que se aceita no âmbito das relações privadas, a lógica que seria aplicada ao direito público. Assim, a vontade do particular, que antes era caracterizada pela vontade, passa a ser regulada pela lei, para manter o equilíbrio entre as relações, da mesma forma que a lógica da vontade comutativa, acaba, em alguns momentos sendo superada pela lógica da justiça distributiva. 
Por outro lado, o mesmo fenômeno se deu em relação do direito público. É a chamada privatização do direito público, onde aquela ideia tradicional em que o Estado pode impor a sua vontade por meio de lei, acaba caindo por terra, na medida em que se passa a reconhecer também o poder privado. Se o poder privado tem um efeito no âmbito das relações privadas, também tem um efeito similar no âmbito das relações públicas. 
O Estado passa a se deparar com entes privados, dotados de poder que são capazes de impor a suas relações. As relações entre os entes privados e o poder público deixam então de ser relações de subordinação, para serem relações de coordenação, onde a vontade passa a ser um elemento relevante, e acaba superando a lei. EX: Copa do Mundo no Brasil em 2014, onde a FIFA fez várias exigências para que o Brasil pudesse sediar a copa. E o Estado brasileiro então, faz mudanças legislativas para atender as exigências daquele público, para poder receber tamanho evento. Outros exemplos, são as Parcerias Público Privadas, onde há essa negociação para se chegar a um fim comum.
A justiça distributiva, que também era característica das relações públicas também acaba sendo superada em alguns momentos pela justiça contributiva. 
Aula 3 – A concreta interpenetração entre o direito público e o direito privado
Duas situações práticas onde se tem a interpenetração entre o direito público e o direito privado. A primeira situação diz respeito a regra em que as escolas privadas não podem impedir o acesso do aluno a educação em caso de inadimplência. Diante da criação de umalei que estabeleceu essa vedação às escolas, tem a lógica distributiva no campo das relações privadas, onde a regra antes existente, que previa a exceção do contrato não cumprido, foi excepcionada por esse caso específico, ante o seu reflexo social gravíssimo.
O mesmo raciocínio pode ser usado para os planos de saúde, onde a operadora possui um rol dos tratamentos que estão disponíveis para o plano contratado, e depois a pessoa tem determinada necessidade médica que não está no contrato. Ao recorrer ao judiciário, que diz que a operadora de plano de saúde deverá custear o tratamento. 
A lógica é sempre a distributiva. Onde as obrigações que seriam do Estado são transferidas para o particular.
Há um complemento que deve ser lembrado sempre, que é o de que alguém tem de custear essa despesa. Dessa forma, os consumidores adimplentes, no caso das escolas acabam pagando mais por um determinado serviço. No caso dos planos de saúde, observa-se que há uma redução progressiva desses planos no mercado, diante do grande número de ações judiciais para que os tratamentos que não estão previstos em contrato sejam custeados. Portanto, a proteção jurídica conferida pelo Estado tem um custo, que será repassado para os demais.
Finalização leitura capítulo 1 livro Norberto Bobbio “Estado, governo e sociedade”.
Leitura texto “A privatização do casamento”
Comentário do texto “A privatização do casamento”
A privatização do casamento se insere num contexto mais amplo envolvendo autonomia e paternalismo. 
Historicamente a nossa familia se assenta nos moldes estabelecidos pelo direito canônico. Então, tradicionalmente se tem a familia como sendo a estrutura formada por pai, mãe e filho. Ao longo do tempo houve o afastamento entre Estado e Igreja. Passa-se então a admitir que a concepção de familia independe da intervenção do Estado, podendo a familia ser instituída de acordo com a vontade das pessoas. 
A partir dessas novas concepções, o divórcio passa a ser faculdade das pessoas, as formações familiares também passam a esfera restrita das pessoas. 
O texto defende a ideia de que as relações familiares devem se pautar, primeiramente na autonomia das pessoas que compõe aquela relação familiar, e as normas estatais seriam supletivas, usadas somente na ausência de vontade de uma das partes ou de ambas as partes essas regras seriam aplicadas.
Leitura texto “A insustentável leveza do ser”
Comentário ao texto “A insustentável leveza do ser”
Texto que fala do arremesso de anões, que era pratica comum em alguns estabelecimentos na França. Essa prática foi questionada pelo prefeito de uma cidade onde um estabelecimento a realizava, alegando que tal prática violaria o princípio da dignidade da pessoa humana. Os anões se defenderam alegando que não se sentiam ofendidos com aquilo.
Depois de longa discussão judicial, chegou-se ao consenso de que tal prática fere sim o princípio da dignidade da pessoa humana. 
O texto propõe um trabalho experimental, partindo-se de casos concretos e abstratos para se tentar descobrir, de fato, o que seria a dignidade humana. 
Por que o anão não tem o direito de escolher ser lançado? 
O direito possui dois modos característicos de julgamento: um baseado em regras outro baseado em princípios, que permite o afastamento das regras. Embora existam muitos princípios diferentes que podem exercer esse papel, o da dignidade da pessoa humana certamente se destaca entre eles. O apelo à dignidade humana é o principal trunfo para afastar os resultados gerados pelas regras; a maneira mais comum para colocar a máquina jurídica no modo manual.
Unidade 02
Panorama atual do Direito Privado - parte 01
O direito privado passou por uma mudança muito significativa e profunda ao longo dos anos.
Quando da promulgação da CF/88, dizia-se que não haveria influência nas relações abarcadas pelo Código Civil. Em uma primeira fase, os civilistas reconheciam na Constituição algumas regras de direito civil (regras de filiação, prazo de divórcio, união estável). Essas matérias não seriam tipicamente constitucionais. Em um segundo momento surge um fenômeno denominado constitucionalização do direito civil, onde passou a se reconhecer que a CF/88 produziria efeitos no campo das relações privadas, e que o próprio Código iria se sujeitar a ela. 
As mudanças vindas com a CF/88 serviram para a modernização do direito privado. Como ponto negativo tem-se as diversas decisões que obrigavam o particular a agir de determinada forma, seguindo princípios constitucionais, ainda que a lei civil lhes desse o direito de agir de forma diferente, EX: Motorista de fusca que bate em uma Ferrari e não é condenado sob o entendimento de que se ele tem um fusca e o outro motorista uma Ferrari, este deve contribuir para a erradicação da pobreza, não havendo condenação a reparação pelos danos materiais.
Neste novo estágio, entende-se que o Direito Civil precisa estar de acordo com a CF/88, mas a solução das relações privadas está essencialmente na legislação civil. Reconhece-se a importância e influencia da CF/88, bem como a incompatibilidade de alguns dispositivos do Código com a CF/88, e assim, as regras para solucionar os problemas advindos das relações privadas serão buscadas no Código e não na CF/88.
No cenário atual, temos então bastante influência do direito civil constitucional, contudo, verifica-se cada vez mais o desenvolvimento e a aceitação dos custos de transação e necessidade de se buscar a segurança jurídica, denominada análise econômica do direito.
Panorama atual do Direito Privado - parte 02
Uma característica que se identifica no direito privado de hoje é tal como os antigos autores já identificavam, a benevolência jurídica, que é uma característica cultural da população brasileira, de esperar que o Estado/magistrado possa no caso concreto lhes dar uma vantagem ou um direito que não tinha previsão legal.
Outro fenômeno que se pode identificar é o solidarismo jurídico, que foi um movimento que se identificou na França que tinha por objetivo combater o Marxismo jurídico, modificar o direito privado para que se tivesse um direito. O solidarismo tinha como objetivo, manter a mesma base/estrutura econômica, mas ao mesmo tempo, criar o dever de solidariedade, que não seria exclusivamente uma virtude. A solidariedade passaria então a ser um dever jurídico. Essa tese vigou por 3 décadas na França, até se chegarem na conclusão de que não há como forçar a solidariedade, não há como compelir uma pessoa a ser solidaria. 
No Brasil mais recentemente se tem observado o retorno ao solidarismo no campo das relações privadas. Esse fenômeno aqui foi denominado de neosolidarismo, novo solidarismo. 
Trata-se de um discurso aparentemente interessante, contudo, não se coaduna com a dinâmica das relações privadas. 
Uma outra característica que se pode identificar é o paternalismo jurídico, que consiste na imposição de condutas ou abstenções a pessoa, que deverá agir ou deixar de agir de determinado modo em nome do seu melhor interesse. O paternalismo se justifica historicamente com o objetivo de proteger aquela parte vulnerável (menores, mulheres, portadores de deficiências mentais), que não teriam discernimento necessário para manifestar a sua vontade. 
Com o passar do tempo, o paternalismo começa a ser dirigido a certas categorias, EX: Inquilino que supostamente teria um poder negocial inferior ao do locador, portanto, criam-se regras que o beneficiam, pelas quais ele poderá manter o contrato que supostamente estariam de acordo com os seus interesses. O paternalismo passa a ser usado também no campo de proteção ao trabalhador, no campo de proteção ao acionista minoritário, no campo das relações de consumo.
O paternalismo pretoriano, ocorre quando o magistrado cria normas que beneficiam uma das partes se que hajam estudos, normas ou fundamentos que justifiquem essa proteção. Seria um ato que decorreria mais de piedade do magistrado.
Unidade 3 
Aula 1 – Paternalismo Jurídico
Quando falamos do paternalismo, estamos batendo de frente com um dos princípios centraisdo direito privado, que é o da autonomia. O paternalismo pode ser conceituado como sendo a imposição de uma ação ou abstenção ao particular em nome do seu interesse. A partir deste conceito chega-se a seguinte indagação: em que medida uma terceira pessoa teria condições de definir o que é melhor para cada indivíduo ou não? 
No que tange a certas categorias de pessoas (menores, ébrios, mulheres casadas que eram consideradas incapazes, deficientes...) ao longo dos anos o paternalismo diminuiu. Já em relação a determinadas situações jurídicas o paternalismo cresce, então não se preocupa em verificar a situação específica do indivíduo. O que é verificado é que em determinadas situações, por mais sagaz que o ser humano seja, não tem capacidade para negociar efetivamente as condições do negócio que irá celebrar. EX: Direito do trabalho, onde constantemente são ditadas regras para limitar os poderes do empregador.
Outro ramo onde se encontra regras paternalistas é o direito do consumidor.
Quando se fala em paternalismo, tem uma distinção que precisa ficar clara. Alguns autores quando trabalham o conceito de paternalismo o dividem em paternalismo suave e paternalismo exacerbado. O paternalismo suave seria aquela regra em que não se nega a pessoa a liberdade de estabelecer a conduta que ela vai adotar, permitindo a pessoa de ter uma melhor noção do negócio que vai ser celebrado. EX: Quando a lei estabelece a obrigatoriedade do dever de informar, que não se está privando o indivíduo de nada.
Já no paternalismo exacerbado encontraremos o oposto. Há a edição de normas que impedem a pessoa de agir de uma determinada forma, mesmo se tratando de pessoas que compreendem a situação e naquele caso poderiam assumir as consequências daquele ato.
Há uma outra modalidade de paternalismo. É o paternalismo pretoriano ou paternalismo jurisprudencial, que é bastante criticado, pois quando falamos de normas paternalistas devemos presumir que aquelas normas foram discutidas antes de sua elaboração, e por tanto existiria uma justificativa mais racional para aquela norma paternalista. No caso do paternalismo pretoriano, estamos tratando de decisões judiciais que em um caso concreto impõe uma determinada conduta. Neste caso, a pessoa pratica um ato que a ordem jurídica lhe permitia praticar, e depois ela se arrepende, vai ao Poder Judiciário, e então o magistrado acaba dando a ela o ganho de causa, dizendo que neste caso ela não poderia ter agido dessa forma porque essa conduta seria prejudicial a ela.
Aula 2 – Direito Privado entre a autonomia e o paternalismo 
O direito privado deve ser compreendido como o espaço de liberdade do indivíduo. Quando se trata de direito privado temos que entende-lo de acordo com a concepção de que a sua finalidade seria resguardar a pessoa. Recentemente começamos a entender que uma outra função do direito privado é proteger as pessoas também do particular.
Princípios do Direito Privado
1 – Princípio da Autonomia da Vontade
Autonomia da vontade é o que Pontes de Miranda chamava de auto regramento de interesses. Trata-se da possibilidade de a pessoa definir as regras as quais ela irá se sujeitar em uma esfera de interesses.
A autonomia da vontade na sua concepção originária, ela era entendida como plena, absoluta. Neste momento se tinha uma importância máxima da autonomia de tal forma, que somente seria legitima aquela regra criada pela própria pessoa. Assim, pode se dizer que a vontade era a força criadora, a fonte por excelência das regras jurídicas.
Com o passar do tempo, no entanto, foi se verificando que a vontade acaba sendo condicionada por uma serie de elementos externos ao próprio agente. Então verificou-se que quando se trata de uma determinada relação (relação de trabalho por exemplo), o empregado não tem como estabelecer a sua vontade da forma que lhe convier, neste caso, ele acaba se sujeitando a determinadas condições empresariais, que não exprimem exatamente a vontade do empregado.
Os dois extremos do direito são: autonomia de um lado e paternalismo do outro. Então faz-se a seguinte indagação: qual seria o limite da intervenção do paternalismo na vontade do indivíduo? 
Como o direito privado transita entre os dois extremos que são o paternalismo e a autonomia? Nos demais ramos do direito civil existem regras especificas que vão orientar o interprete, então quando se falado do direito contratual, nós podemos identificar fundamentalmente a função social e a boa-fé objetiva.
A boa-fé objetiva não apresenta maiores questionamentos, ela é uma construção jurisprudencial feita partindo dos tribunais alemães. 
A função social traz um outro questionamento. Isto porque a própria origem da função social é discutível. Há quem diga que a função social tem sua origem na Itália fascista. A função social no nosso ordenamento jurídico, ainda não tem um conceito certo.
Então a dificuldade que se tem com a função social é saber delimitar quais são os seus parâmetros. Qual é exatamente a extensão da palavra função social. É uma limitação a autonomia? Sim, sem dúvida.
Nos direitos reais, a função social também existe, mas com o sentido de funcionalização da posse e da propriedade. 
No direito das famílias e sucessões observa-se o surgimento do princípio da afetividade. A família atualmente tem passado por mudanças significativas. A família de hoje está bem distante do modelo de família tradicional, que era a família burguesa pós revolução. O afeto é o que impulsiona as novas formações familiares. 
Em se tratando do direito empresarial, o mesmo se apresenta se apresenta nebuloso. Não conseguimos identificar nele um novo principio que altere a sua feição tradicional. Ainda subsiste no direito empresarial a ideia de uma autonomia mais intensa.
Leitura do texto “A defesa do Consumidor e o Paternalismo Jurídico”
Aula 3 - Comentários ao texto “A defesa do Consumidor e o Paternalismo Jurídico”
O consumidor em uma relação jurídica com o fornecedor precisa de um tratamento diferenciado. O texto aborda esse tratamento e sustenta a necessidade de uma proteção mais leve, que não gere a subtração da vontade do consumidor, e por consequência não vede o seu direito de escolha.
Em algumas situações, o risco faz parte da atividade, portanto é completamente normal que o consumidor se submeta a esse risco.
	
Unidade 4
Aula 1 – O sistema de incapacidades e o Estatuto do Portador de Deficiências
Se observarmos o nosso direito é possível notar uma mudança paradigmática no último século. Se pensarmos na estrutura do direito na época de Teixeira de Freitas, que foi primeiro grande nome do direito privado, e se formo até o dia de hoje percebe-se uma mudança significativa.
Primeiramente tem-se uma concepção tradicional acerca da incapacidade. Incapazes são aqueles que não tem discernimento necessário para praticar os atos da vida civil. Então, quando se fala em incapazes, se está falando dos menores, loucos de todo o gênero, das mulheres casadas, dos pródigos. Os menores porque a sua pouca idade gera uma presunção de falta de experiencia, inocência que faz com eles tenham um tratamento favorecido, uma restrição da sua capacidade. O que se observa é a redução da maioridade.
Os loucos de todo o gênero é uma expressão politicamente incorreta, e foi adotada por contemplar a ampla categoria de pessoas que tinham algum tipo de deficiência mental. 
As mulheres que precisavam de uma proteção justamente pela sua condição de inferioridade em relação ao homem. Os pródigos são as pessoas que dissipavam a sua fortuna. 
A primeira ruptura vem com o ECA. Quando se trabalha com as incapacidades tradicionais, tem-se um sistema fechado, a pessoa é absolutamente capaz, relativamente capaz ou capaz.
Se para as relações patrimoniais essa lógica funciona, pela lógica existencial não funciona. 
Com o surgimento do ECA, se assegura a criança e adolescentes alguns direitos. Direitos esses não de natureza patrimonial, mas sim de natureza existencial.
Recentemente tivemos o Estatuto da Pessoa com Deficiência que inaugura um novo paradigma. O EPD promoveuma completa subversão na nossa ordem jurídica. O que se pode ver nesse novo paradigma é que a capacidade da pessoa não é afetada pela sua deficiência, conforme expresso no artigo 6º do EPD. Este Estatuto faz cair por terra práticas que até pouco tempo eram inquestionáveis. 
O EPD além de prever expressamente que a deficiência não afeta a plena capacidade, no artigo 84 ele volta a ressaltar que a pessoa com deficiência tem assegurado o direito de exercer sua capacidade legal em igualdade de condições com as demais pessoas. Excepcionalmente, no parágrafo 1º do artigo 84, o EPD autoriza o processo de curatela da pessoa com deficiência. Já no artigo 2º, o EPD faculta à pessoa com deficiência a adoção do processo de tomada de decisão apoiada. Neste caso, a curatela se dará apenas em casos extremos, onde a pessoa não possui capacidade de exprimir sua vontade.
A ideia do EPD é permitir que a pessoa com deficiência tenha alguma restrição na medida do necessário, sendo que a capacidade das mesmas é a regra, e excepcionalmente ela poderá vir a ter a sua curatela deferida.
A curatela, no caso dos portadores de deficiência, alcançará tão somente os atos relacionados aos direitos de natureza patrimonial, não afetando o direito ao próprio corpo, à sexualidade, ao matrimônio, à educação, à saúde, ao trabalho e ao voto (art. 85, EPD).
No processo de tomada de decisão apoiada a pessoa com deficiência irá eleger duas pessoas idôneas com as quais mantem vinculo e que gozem de sua confiança para lhe prestar apoio. Esse procedimento é voluntário, a ser requerido pela pessoa a ser apoiada. A ideia do processo de tomada de decisão apoiada é não apenas dar segurança para a pessoa com deficiência, como também conferir maior segurança jurídica para aquele que contratar com a pessoa com deficiência, na medida em que a interveniência desses apoiadores certamente faça com que se torne menos questionável aquela relação negocial.
Aula 2 – Estatuto da Pessoa com Deficiência
Tradicionalmente as medidas paternalistas se destinam às mulheres, menores aos deficientes mentais, ou seja, aquelas pessoas que supostamente não teriam discernimento necessário para a prática dos atos da vida civil. 
O surgimento do EPD, quebra uma sequencia milenar, onde desde o direito romano era conferida uma proteção aos portadores de doenças mentais. O EPD parte do pressuposto da intervenção mínima. Assim, as hipóteses de restrição a essa categoria de pessoas se tornam limitada, e o Estado passa a ter uma intervenção mínima em suas vidas.
Leitura do texto “O direito protetivo no Brasil após a convenção sobre a proteção da pessoa com deficiência: impactos do novo CPC e do Estatuto da Pessoa com Deficiência”
Aula 3 – Comentários ao texto “O direito protetivo no Brasil após a convenção sobre a proteção da pessoa com deficiência: impactos do novo CPC e do Estatuto da Pessoa com Deficiência”

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