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Introdução ao Direito Constitucional

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INTRODUÇÃO 
AO DIREITO 
CONSTITUCIONAL
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO AO DIREITO CONSTITUCIONAL ������������������������������������������������������������� 3
E) CONCEITO DE CONSTITUIÇÃO: SENTIDOS OU FUNDAMENTOS ��������������������������������������������������������� 3
E.1) SENTIDO SOCIOLÓGICO (FERDINAND LASSALE, 1862) .............................................................................................3
E.2) SENTIDO POLÍTICO (CARL SCHMITT, 1928) ...............................................................................................................3
E.3) SENTIDO JURÍDICO (HANS KELSEN, 1925) ...............................................................................................................3
E.4) SENTIDO CULTURALISTA (MEIRELLES TEIXEIRA) ....................................................................................................3
F) EFICÁCIA DAS NORMAS CONSTITUCIONAIS ���������������������������������������������������������������������������������� 3
F.1) NORMAS DE EFICÁCIA PLENA ....................................................................................................................................3
F.2) NORMAS DE EFICÁCIA CONTIDA ...............................................................................................................................4
F.3) NORMAS DE EFICÁCIA LIMITADA ..............................................................................................................................4
G) NORMAS DEFINIDORAS DE DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS ����������������������������������������������� 5
INTRODUÇÃO AO DIREITO CONSTITUCIONAl 3
INTRODUÇÃO AO DIREITO CONSTITUCIONAL
E) CONCEITO DE CONSTITUIÇÃO: SENTIDOS OU FUNDAMENTOS
E�1) SENTIDO SOCIOlÓGICO (FERDINAND lASSAlE, 1862)
Neste sentido, a Constituição só é legítima se representar os fatores reais de poder, ou seja, a 
constituição escrita deve corresponder à real; caso contrário, será uma mera folha de papel. 
Por sua vez, a constituição real é a soma dos fatores reais de poder que regem uma nação.
E�2) SENTIDO POlÍTICO (CARl SCHMITT, 1928)
O fundamento da Constituição está na decisão política fundamental e distingue Constituição 
de Lei Constitucional. A primeira decorre de decisão política fundamental, estrutura e órgãos 
do Estado, direitos individuais e vida democrática, ao passo que a segunda seriam todas as 
outras normas constitucionais numa grande importância.
E�3) SENTIDO JURÍDICO (HANS KElSEN, 1925)
Constituição é um conjunto de normas, norma pura, dissociado de qualquer outro elemento 
(filosófico, político, sociológico), fruto do dever-ser, e não do mundo do “ser”. Ele diferencia 
o ordenamento em dois planos:
 » Jurídico positivo – Plano do posto, do dever-ser, é o conjunto de normas jurídicas 
positivadas.
 » Lógico-jurídico – Plano do suposto, pela norma hipotética fundamental.
E�4) SENTIDO CUlTURAlISTA (MEIREllES TEIXEIRA)
A Constituição é produto de um fato natural, produzido pela sociedade, e que nela pode influir. 
A constituição é um conjunto de normas fundamentais condicionadas pela cultura total.
F) EFICÁCIA DAS NORMAS CONSTITUCIONAIS
Todas as normas constitucionais têm eficácia jurídica ou social. A eficácia mínima de uma 
norma é a jurídica, ou seja, a qualidade da norma para produção de efeitos jurídicos próprios.
Algumas normas apresentam eficácia jurídica e social. Esta também é chamada de aplicabili-
dade, o que representa a qualidade da norma de ser aplicada na prática.
Segundo José Afonso da Silva, as normas podem ser de eficácia plena, contida e limitada.
F�1) NORMAS DE EFICÁCIA PlENA
No momento em que entram em vigor, estão aptas a produzir todos os seus efeitos. Têm 
aplicabilidade direta, imediata e integral.
 » Direta – Não dependem de norma regulamentadora para produzir efeitos.
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 » Imediata – Produz efeitos imediatamente, tão logo entra em vigor.
 » Integral – Não permite contenção de sua eficácia nem redução de sua abrangência.
Exemplos de normas constitucionais de eficácia plena:
Art. 2º. São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário.
Art. 5°, III – ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante.
Art. 14, § 2º. Não podem alistar-se como eleitores os estrangeiros e, durante o período do serviço militar obriga-
tório, os conscritos.
F�2) NORMAS DE EFICÁCIA CONTIDA
As normas constitucionais de eficácia contida têm aplicabilidade direta e imediata, mas pos-
sivelmente não integral, de modo que o conteúdo pode ser reduzido/limitado por norma 
infraconstitucional. Enquanto não houver lei reduzindo sua abrangência, considera-se plena 
sua eficácia.
 » Direta – Não dependem de norma regulamentadora para produzir efeitos.
 » Imediata – Produz efeitos imediatamente, tão logo entra em vigor.
 » Não integral – Permite contenção de sua eficácia e redução de sua abrangência. A 
limitação pode se dar das formas abaixo.
Por lei – Art. 9º. É assegurado o direito de greve, competindo aos trabalhadores decidir sobre a oportunidade de 
exercê-lo e sobre os interesses que devam por meio dele defender.
§ 1º A lei definirá os serviços ou atividades essenciais e disporá sobre o atendimento das 
necessidades inadiáveis da comunidade.
Pela própria Constituição – Estado de defesa e estado de sítio limitando diversos direitos fundamentais (arts. 
136, §1° e 139 da CF)
Por conceitos jurídicos indeterminados – Ordem pública, paz social, bons costumes: Art. 5°, XXV – no caso de 
iminente perigo público, a autoridade competente poderá usar de propriedade particular, assegurada ao proprietá-
rio indenização ulterior, se houver dano.
Outros exemplos de norma constitucional de eficácia contida:
Art. 5°, XIII – é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais 
que a lei estabelecer.
Art. 5°, VIII – ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou 
política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação 
alternativa, fixada em lei.
Art. 5°, XV – é livre a locomoção no território nacional em tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos 
da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens.
F�3) NORMAS DE EFICÁCIA lIMITADA
No momento em que entram em vigor, não têm a possibilidade de produzir os efeitos, preci-
sando de norma regulamentador infraconstitucional
 » Indireta – Dependem de norma regulamentadora para produzir efeitos.
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 » Reduzida/mediata – Não produz efeitos imediatos.
 » Diferida – Diferida no tempo até a produção da norma regulamentadora.
No entanto, como toda norma tem eficácia mínima, jurídica, as normas constitucionais de 
eficácia limitada apresentam eficácia jurídica imediata e vinculante.
 » Efeito negativo – Revogação de leis em sentido contrário e proibição de leis poste-
riores que se oponham ao seu comando.
 » Efeito vinculativo – Obrigação do legislador ordinário de editar lei regulamentadora.
As normas de eficácia limitada podem ser de princípio institutivo ou organizativo, ou seja, têm 
esquemas de estruturação de instituições, órgãos ou entidades.
Art. 18, § 2º. Os Territórios Federais integram a União, e sua criação, transformação em 
Estado ou reintegração ao Estado de origem serão reguladas em lei complementar.
Art. 37, VII – o direito de greve será exercido nos termos e nos limites definidos em lei 
específica. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
Art. 88. A lei disporá sobre a criação e extinção de Ministérios e órgãos da administração 
pública. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001)
Art. 144, § 8º. Os Municípios poderão constituir guardas municipais destinadas à proteção 
de seus bens, serviços e instalações, conforme dispuser a lei.
Normas de princípio programático – Veiculam programas/diretrizes a serem implementadas pelo Estado.
Art. 196. A saúde é direito de todose dever do Estado, garantido mediante políticas sociais 
e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso 
universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação.
Art. 3º. Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil:
I – construir uma sociedade livre, justa e solidária;
II – garantir o desenvolvimento nacional;
III – erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais;
IV – promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e 
quaisquer outras formas de discriminação.
G) NORMAS DEFINIDORAS DE DIREITOS E GARANTIAS FUNDA-
MENTAIS
As normas definidoras de direitos e garantias fundamentais têm aplicação imediata.
Art. 5, § 1º. As normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais têm aplicação 
imediata.
O termo “aplicação” não se confunde com “aplicabilidade”. Nem todas as normas constitu-
cionais têm aplicabilidade imediata, como as de eficácia limitada. No entanto, mesmo estas 
têm aplicação imediata.
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Aplicação imediata, segundo José Afonso da Silva, significa que todos os direitos e garantias 
fundamentais estão dotados dos meios e dos elementos necessários à sua pronta incidência 
a fatos, situações e comportamentos que elas regulam. Essas normas serão aplicadas até 
onde puderem, até onde as instituições oferecerem condições para seu atendimento. O Poder 
Judiciário, ao ser invocado diante de uma situação concreta, deve conferir primazia ao direito 
fundamental.
O art. 5°, §1°, veicula um princípio, algo que deve ser cumprido sempre que possível.
A omissão na edição de norma regulamentadora, nos casos da norma de eficácia limitada, 
gera omissão inconstitucional, a qual será garantida pelo remédio constitucional, denominado 
mandado de injunção, ou por uma ação direta de inconstitucionalidade por omissão.
Art. 5°, LXXI – conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta de norma regu-
lamentadora torne inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das 
prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania.

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