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Estrutura do Mercado de Valores Mobiliários

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O sistema financeiro e parte integrante e importante de qualquer sociedade economica
Moderna e é indubitável o papel do mercado de valores mobiliários na economia e na promoção do bem estar social.
A temática em análise é de extrema importância…..
Importa referir que o mercado regulamentado e o não regulamentado fazem parte do mercado de valores mobiliários e de instrumentos derivados que, por sua vez, é um dos cinco mercados do sistema financeiro que, além deste, é composto pelo mercado monetário, mercado cambial, mercado de crédito, mercado de seguros e fundos de pensões. 
Peço embora não se consiga afirmar com exatidão, sabe-se, contudo, que no século XIX, como consequência da revolução financeira que tinha como cerne a concentração bancária e a criação de um mercado monetário, os bancos não tinham a capacidade de financiar a indústria do aço, máquinas elétricas, produtos químicos e comunicações através de empréstimos uma vez que a concepção dos mesmos iria afetar o levantamento de depósitos, surge uma forma diferente de financiar as empresas. Dando, deste modo, origem ao surgimento do mercado de valores mobiliários, que na visão de Pinheiro, é uma alternativa ao mercado de créditos, pois garante o acesso aos recursos financeiros em condições adequadas em termos de prazos, custos e exigibilidades, cujo fundamento reside em dois objectivos: 
• contribuir para o desenvolvimento económico, atuando como propulsor de capitais para os investimentos, estimulando a formação da poupança privada; e
 • permitir e orientar a estruturação de uma sociedade pluralista, baseada na economia de mercado, promovendo a participação colectiva de forma ampla na riqueza e nos resultados da economia
Com isto queremos dizer que o mercado de valores mobiliários permite a eliminação dos riscos sistémicos[footnoteRef:1] (diversificáveis e não diversificáveis) e ao permitir a realocação de riscos tornam factíveis um maior número de projetos de investimento e, desta maneira, contribui para o processo de crescimento da economia. [1: Por risco sistémico entende-se a possibilidade de um choque localizado nalgum ponto do sistema financeiro possa se transmitir ao sistema como um todo e eventualmente levar ao colapso da própria economia. Para mais desenvolvimento vide. Fernando J. C de Carvalho, Inovação Financeira e Regulação Prudencial: Da regulação de Liquides aos acordos de Basileia, São Paulo Atlas, 2005; Paulo Câmara – Manual de Direito dos Valores Mobiliários. 2ª ed. Coimbra: Almedina, 2011; José Engrácia Antunes – Os instrumentos financeiros. Coimbra: Almedina, 2009; João Labareda – Das acções das sociedades anónimas. Lisboa: AAFDUL, 1988, pág. 39; António Meneses Cordeiro (coord.) – Código das sociedades comerciais anotado. Coimbra: Almedina, 2009, pág. 772-775.] 
Hodiernamente, o termo mercado no seu sentido mais amplo, tem sido genericamente utilizado para designar espaços, não necessariamente físicos, de confluências de uma oferta e de uma procura de um determinado bem ou serviço.
 Nesta perspectiva, o mercado de valores mobiliários é o segmento do sistema financeiro que viabiliza a transferência de recursos de maneira directa entre os agentes económicos[footnoteRef:2], ou seja, será todo espaço, não necessariamente físico, de confluência de uma oferta e de uma procura de valores mobiliários, derivados e outros instrumentos financeiros. [2: Comissão do Mercado de Capitais – Livro de Bolso do Investidor Página | 3] 
De acordo com o art…. o mercado de valores mobiliários é regulado, supervisionado e fiscalizado pela Comissão de Mercado de Capitais (doravante CMC). No cumprimento da sua missão, a Comissão do Mercado de Capitais acompanha a atividade das entidades supervisionadas, o funcionamento do mercado dos valores mobiliários, dos sistemas de liquidação e dos sistemas centralizados de valores mobiliários, fiscaliza o cumprimento de regras legais e regulamentos, aprova os atos e concede as autorizações que lhe competem, efetua os registos legalmente previstos, instrói os processos e pune as infrações dentro da sua competência, dá instruções e formula recomendações, difunde informações e publica estudos.
Objecto de transicções no mercado de valores mobiliários 
Tendo como ponto de partida o conceito avançado de mercado de valores mobiliários é possível decifrar como objetos das transações em mercados regulamentados os seguintes: os valores mobiliários (as ações; as obrigações; as unidades de participação em organismos de investimento colectivo ou outros documentos representativos de situações jurídicas homogéneas desde que sejam susceptíveis de transmissão em mercado) os instrumentos derivados (as opções; os futuros; os swaps; os contratos a prazo) e outros instrumentos financeiros 
Por conseguinte, passaremos a densificar os instrumentos financeiros mencionados:
Valores mobiliários
O conceito de valor mobiliário é polissémico e, por esta razão, a sua natureza jurídica é objeto de entendimentos diversos na doutrina. 
Em Portugal, o Código dos Valores Mobiliários elenca o que considera como valores mobiliários e o mesmo acontece no nosso ordenamento jurídico, concretamente, na al. q) do art. 2 do CódM, todavia, importa referir que é uma enumeração exemplificativa[footnoteRef:3], pois termina referindo-se a “outros documentos representativos de situações jurídicas homogéneas, desde que sejam susceptíveis de transmissão em mercado” [3: Abandonando a taxatividade acolhida pela lei revogada ] 
De acordo com a norma acima referida constituem valores mobiliários todas as ações, as obrigações, os títulos de participação as unidades de participação em instituições de investimento colectivo, os warrants autónomos e outros documentos representativos de situações jurídicas homogéneas desde que sejam susceptíveis de transmissão em mercado.
A legislação francesa também considera como valores mobiliários todos os títulos financeiros e contratos financeiros (Article L228-1, “Code de commerce” 2019), incluindo os títulos de capital emitidos por sociedades por ações, os títulos de didiva (obrigações); as unidades de participação ou ações de organismos de investimento colectivo; e futuros financeiros (Article L211-1, “Code de commerce” 2019)[footnoteRef:4]. [4: Ana Antunes...] 
Para o Ilustre Prof. Paulo Câmara, valor mobiliário é “a posição jurídica fungível representada ligada em termos causais a uma operação colectiva de investimento e susceptível de negociação em mercado”. 
Por sua vez, José Engracia Antunes entende que os valores mobiliários são instrumentos financeiros representados num título ou em registo em conta, que se consubstanciam posições jurídicas homogéneas e fungíveis e que são suscetíveis de negociação em mercado organizado.
Entre nós o Prof. Leonildo conceitua os valores mobiliários como sendo documentos emitidos por empresas ou outras entidades, em grande quantidade, que representam direitos e obrigações, podendo ser comprados e vendidos.
Valores mobiliários[footnoteRef:5] são documentos emitidos por empresas ou outras entidades, em grande quantidade, que representam direitos e deveres, podendo ser negociados dentro ou fora da Bolsa de Valores[footnoteRef:6]. Para as entidades que os emitem (emitentes), representam uma forma de financiamento alternativo ao crédito bancário. Para os investidores, são um modo de aplicação de poupanças alternativo aos depósitos bancários e a outros produtos financeiros, oferendo níveis diferentes de risco, rentabilidade e liquidez. [5: Os valores mobiliários são comumente denominados por títulos] [6: Comissão do Mercado de Capitais – Livro de Bolso do Investidor Página | 3] 
Classificações de valores mobiliários
Apresentaremos as classificações tendo por base critérios, a citar:
1-Quanto a sua representação, os valores mobiliários podem ser: escriturais ou titulados. Os primeiros são representados por registos electrónicos em contas, já os segundos são representados por documentos em papel, conforme dispõe do nº1 do art.50 do cód VM
2-Quanto a sua tipificação, temos valoresmobiliários típicos e atípicos, sendo que os primeiros se encontram previstos na lei e os segundos são criados ao abrigo da autonomia da vontade das partes
Os valores mobiliários típicos desdobram-se em dois, a citar:
· Modelos típicos do primeiro grau: onde encontraremos as acções, as obrigações, as unidades de participação em fundos de investimentos e os warrants autónomos.
 
· Modelos típicos do segundo grau: aqui teremos as obrigações convertíveis em acção, as obrigações com warrants, os valores mobiliários perpétuos e os títulos de participação.
3-Quanto a identidade do seu titular: teremos, de acordo com o art.56 do cód. VM, valores mobiliários nominativos e ao portador. Os primeiros são aqueles que o emitente tem a faculdade de a todo tempo conhecer a identidade do seu titular, já nos segundo o emitente não tem esta faculdade.
Instrumentos derivados 
Derivativos é o nome dado ao Gênero de mercados em que operações com liquidação futura são implementadas, tornando possível a gestão do risco de preço de diversos ativos, e dos quais quatro espécies de contratos são negociadas nesses mercados: “‘termo”, “futuro”, “opções” e “swaps”[footnoteRef:7]. [7: Tallyson Giovani M. Coutinho- Contrato no Mercado de Futuro, Universidade Federal de Viçosa Centro de Ciencias Humanas, Letras e Artes, Departamento de Direito...] 
A denominação derivativos se dá em virtude de uma de suas notas características, qual seja, a oscilação de valor em relação ao número de referência, de acordo com as ofertas e demandas dos mercados presente e futuro. Diz-se, pois, que os benefícios econômicos do contrato derivam das oscilações de preços e outros indicadores dos “ativos” ao longo de sua existência[footnoteRef:8]. [8: “Derivativo pode ser definido como sendo um título financeiro cujo preço deriva do preço de mercado de outro ativo real ou financeiro – preço da saca de café, preço da arroba da carne bovina, preço da ação, taxa de juro, taxa de câmbio, índices ou quaisquer instrumentos financeiros aceito para ser negociado nesse mercado. (...) No mercado de derivativo, negociam-se contratos com vencimento e negociação financeira e física numa data futura por um preço determinado. Ele difere do mercado à vista tanto pela sua característica de negociação quanto pelos objetivos que vendedores e compradores desses contratos desejam obter: minimizar riscos de mercado inerentes à atividade econômica. Esta pode estar diretamente relacionada à produção de bens industriais, agrícolas, de serviços, bem como ao setor financeiro”. LOZARDO, Ernesto. Derivativos no Brasil: fundamentos e práticas. São Paulo: BM&F, 1998. p. 16/17. ] 
Os derivativos são ativos cujos valores dependem do preço de outros ativos, que são aqueles que originam o contrato de derivativos e que são chamados ativos-objetos ou ativos subjacentes. Por exemplo, os preços futuros de mercadoria, como soja, petróleo, milho, minerais etc., ou de um ativo inanceiro como uma moeda, ou um título de dívida, ou uma ação, dependem, respectivamente, do valor destas mercadorias e destes ativos inanceiros no mercado à vista; ou o preço de um contrato de opção de compra (direito de compra) de uma mercadoria ou de uma moeda também depende do valor da mercadoria ou da moeda que deine o contrato de opção[footnoteRef:9]. [9: Mário Pina - Derivativos ...] 
A visão doutrinária contemporânea predominante, acerca dos mercados derivativos, é de que estes existem para proteger determinado agente econômico, conhecido como hedger, dos riscos da variação futura nos preços dos ativos que possua ou que se espera que vá possuir, tal como moedas, títulos, ações e commodities agrícolas[footnoteRef:10]. [10: Tallyson Giovani M. Coutinho- Contrato no Mercado de Futuro, Universidade Federal de Viçosa Centro de Ciencias Humanas, Letras e Artes, Departamento de Direito...
] 
Afirmar-se ainda, que nos mercados futuros há a presença de um objeto único de negociação, o risco, e daí decorrer o fato de que quem procura uma bolsa de futuros está interessado em “comprar ou vender risco”. E de fato é esse o sentido o qual os contratos futuros são encarados, como instrumentos para a transferência de risco: de alguém interessados em se livrar do risco para alguém interessado em lucrar (especular) com esse risco[footnoteRef:11]. [11: Ibidem] 
– Espécies de derivativos
 Futuro(Future)
Os mercados futuros e de opções servem a um propósito econômico de extrema relevância: fornecer uma forma pela qual os riscos inerentes à atividade econômica, possam ser transferidos das pessoas que buscam evitá-los para àqueles que estejam dispostos assumi-los. O risco cuja uma atividade econômica está sujeita pode ser dividido em dois componentes: o risco intrínseco ao negócio em si e o risco relacionado a fatores externos. Nesse caso, o Mercado Futuro consiste na comercialização desses riscos relacionados a fatores externos[footnoteRef:12]. [12: ibidem] 
Os contratos futuros são instrumentos mais modernos do que os a termo e nasceram da tentativa de se criar mercados mais líquidos e com negociação em bolsa. Marco Aurélio Teixeira estabelece que: 
o desenvolvimento do mercado futuro facilita a comercialização de produtos, reduzindo os efeitos da sazonalidade; permite a atração de capital de risco para o mercado, possibilitando o aumento de liquidez; outorga maior transparência à formação dos preços, pela concentração dos compradores e vendedores em um mesmo lócus e pelos mecanismos de divulgação de cotações: leva, de forma indireta, à redução dos preços dos bens, ao facultar aos produtores a transferência de riscos: permite a redução dos custos de financiamento para as atividades produtivas e leva à criação de mecanismos de armazenamento e disseminação de informações relevantes sobre o mercado[footnoteRef:13]. [13: TEIXEIRA, Marco Aurélio. Mercados Futuros: Fundamentos e Características Operacionais, Bolsa de Mercadorias & Futuros – BM&F, São Paulo. 1992, pag. 19.] 
Quando eles são negociados nas bolsas de futuros, as condições de uma transação são previamente fixadas: a quantidade e qualidade do produto, a data e o local de entrega, as modalidades de entrega e o regulamento[footnoteRef:14]. [14: Tallyson Giovani M. Coutinho- Contrato no Mercado de Futuro, Universidade Federal de Viçosa Centro de Ciencias Humanas, Letras e Artes, Departamento de Direito...
] 
Sendo assim, as bolsas se restrigem a produtos que apresentam: i) certas características homogêneas que permitem definir qualidades padronizadas e contratos normalizados; ii) produtos que podem ser estocados; iii) objeto de um comércio importante que apresenta dificuldades como a concentração da produção em determinadas áreas geográficas e iv) preços que apresentam flutuações importantes e irregulares[footnoteRef:15]. [15: Ibidem] 
A viabilidade de um mercado futuro é dependente ainda de um importante e contínuo volume de transações e por isso, a função principal das bolsas é reunir um grande número de participantes, dando liquidez ao contrato[footnoteRef:16]. [16: ibidem] 
 – Opções (Options)
As opções também são instrumentos transacionáveis em mercados de derivativos, embora mais recente que os outros dois tipos de contratos anteriormente apresentados. A utilização deste tipo de contrato resulta na ampliaçãodos resultados financeiros e concede ao seu possuidor o direito de comprar ou vender um produto financeiro a um preço pré-estabelecido dentro de um período determinado, inexistindo a obrigatoriedade de efetuar a transação[footnoteRef:17]. [17: ibidem] 
O detentor da opção pode lucrar com movimentos de preços favoráveis, tendo como único risco o prêmio pago, se os preços variarem adversamente[footnoteRef:18]. [18: ibidem] 
Basicamente, as opções podem ser classificadas em: opções de compra (call option) usadas para reduzir o risco de que os preços de um ativo tenham subido quando tiver que ser adquirido em algum momento no futuro. E opções de venda (put option) usadas com o objetivo de diminuir o risco de queda de preços de ativos para seusdetentores, como também para especular[footnoteRef:19]. [19: ibidem] 
Por fim, as opções também podem ser qualificadas enquanto uma opção europeia, podendo ser exercida somente na data de vencimento ou uma opção americana que pode ser executada a qualquer momento, até o vencimento[footnoteRef:20]. [20: ibidem] 
– Swaps
Swaps diz respeito à mais recente inovação financeira cujo surgimento se deu intuítode dar certeza de preço a um custo menor que o das opções. São transações em que duas partes trocam fluxos de pagamento. Nesse contrato, nenhuma commodity física é realmente transferida entre o comprador e o vendedor. A swap evita a despesa de venda do portfólio e a compra de títulos ou obrigações (bond). Permite também ao investidor reter algum ganho que seu portfólio possa ter realizado[footnoteRef:21]. [21: ibidem] 
Os contratos dessa natureza são geralmente empregados para converter uma exposição de mercado existente relativa a um empréstimo, um título, uma moeda ou uma taxa de juros em outra diferente. Os investidores recorrem ao swaps para alcançar um conjunto de objetivos do investimento, como aumentar o rendimento corrente (yield pickup swap), diversificação ou concentração de portfólio (swap de substituição ou swap de setor), obter melhor desempenho dos preços em caso de variações dos juros (swap de taxa de juro) ou minimizar o pagamento de impostos[footnoteRef:22]. [22: ibidem] 
A legislação brasileira não tipifica o swap, fazendo com que seja tratado como contrato inominado. Desta forma, deve-se aplicar a regra geral de negócio jurídico e contratos, bem como as regras estabelecidas pelos órgãos reguladores[footnoteRef:23]. [23: ibidem] 
Players do mercado de valores mobiliários 
No mercado de valores mobiliários há uma diversidade de intervenientes e estes são agrupados em classes ou grupos que são: os emitentes, os investidores e os intermediadores de valores mobiliários.
A doutrina tem vindo a classifica-los em sujeitos principais e sujeitos prestadores de serviços no mercado, sendo que: sujeitos principais são os emitentes e investidores. E os sujeitos prestadores de serviços são os intermediários financeiros, auditores, analistas, consultores e as sociedades de notação de risco.
Por conseguinte, passaremos a elucidar o papel que cada desempenha. 
Emitentes 
Os emitentes são dos intervenientes mais importante do mercado sem os quais não existe valores mobiliários para serem negociados ou transacionados no mercado. Os emitentes são as pessoas de direito público ou privado que, carecendo de meios para financiarem as suas actividades de investimento e face as características do mercado bancário, se relacionam directamente com os investidores emitindo valores mobiliários.
Os emitentes são classificados em função da natureza dos títulos mobiliários que emitem e, neste contexto, podem ser vistos como emitentes de acção – quando emitem unidades de participação do capital de sociedade comercial ou de fundos de investimentos –, emitentes de obrigação – quando emitem títulos de dívidas, como por exemplo, obrigação e papel comercial.
Investidores 
Os investidores são as pessoas física ou jurídica que participam no mercado de valores mobiliários com o intuito de valorizar as suas poupanças e activos, por meio de aquisição titulos financeiros.
Os investidores podem ser:
• Individuais ou não institucionais: pessoas físicas ou jurídicas que participam diretamente no mercado, comprando ou vendendo ações por decisão própria, assumindo o risco das operações. Por outras palavras, são aqueles que não tem conhecimento sustentado sobre o mercado de valores mobiliários como é o caso dos empreendedores, estudantes, quitandeiras e outros. O investidor individual pode ser ainda especulador ou não se buscar ou não lucros em decisões mais curtas dentro do cenário do mercado, aproveitando de movimentos mais agressivos através de operações especulativas. 
• Institucionais: são as entidades que vem discriminadas no art. 13 do cód. VM e atuam como pessoas jurídicas que ao investir parte de seu capital no mercado de ações criam uma carteira de investimento. Entendes que são entidades que conhecem a linguagem da transação dos valores mobiliários, segundo a norma acima citadas são elas:
· As instituições financeiras; 
· As instituições financeiras estrangeiras; 
· O Estado; 
· O BNA; e 
· A Unidade de Gestão Dívida Pública.[footnoteRef:24] [24: Sendo certo que o nº2 do art.13 dá a possibilidade de entidades diferentes das referidas no nº1 possam, junto da CMC, adquirir o estatuto de investidor institucional. ] 
• Investidores nacionais ou residentes ou investidores estrangeiros sendo que os últimos são aqueles que não residem em Angola, mas decidem aplicar o seu dinheiro no nosso mercado[footnoteRef:25]. [25: Não obstante a classificação apresentada todos os investidores devem ser tratados em observância a dois princípios, nomeadamente: princípio da igualdade e da protecção do investidor. O primeiro impõe que se dê o mesmo tratamento aos investidores, em matéria de: informação (devem ter acesso à informação em igualdade de circunstâncias) e protecção (devem beneficiar dos mesmos mecanismos de tutela disponíveis).No que concerne aos mecanismos de protecção, os investidores gozam de mecanismos gerais e específicos ( que são: acção popular, fundos de garantia, mediação de Conflitos e por via das associações de Defesa dos Investidores)
] 
Intermediadores
Os Agentes de Intermediação também denominados por Intermediários Financeiros (IF) são empresas prestadoras de serviços ou entidades singulares ou colectivas, públicas ou privadas, registadas na Comissão do Mercado de Capitais (CMC), habilitadas a exercer no mercado financeiro, a título profissional, alguma actividade de intermediação[footnoteRef:26] financeira. Estes podem ser apreciados como “volantes” de direcção para o crescimento do mercado de valores mobiliários angolano, pois detêm conhecimento sustentado e profundo sobre o Mercado de Valores Mobiliários, têm a responsabilidade de intermediar, educar, elucidar, capacitar, ajudar e proteger os investidores institucionais e, principalmente, os investidores não institucionais, no interesse de investir em Valores Mobiliários dentro e fora do mercado regulamentado ou de Bolsa (BODIVA). [26: Que é integrada por operações de recepção e de transmissão de ordens de instrumentos financeiros, também conhecidas como ordem de bolsa, execução de ordens por conta de outrem, gestão de carteira por conta de outrem, tomada firme e a colocação com ou sem garantia em oferta pública de distribuição, negociação por conta própria e a gestão de sistema de negociação multilateral. Integram-se ainda os serviços auxiliares como, por exemplo, os contratos de assistência, de recolha de intenção de investimento, de registo e depósito, de empréstimo, de consultoria empresarial e análise financeira. 
] 
Os IF´s jogam um papel preponderante porquanto a sua actividade permite a redução das assimetrias informativas e prestam assessoria aos investidores ou aos emitentes conferindo maior eficiência ao mercado. Os investidores (não institucional) muitas vezes não têm conhecimento e experiência suficiente para alcançar os riscos que envolvem as operações em valores mobiliários, por isso mediante contrato de intermediação o agente de intermediação realiza operação de investimento por ordem e representação dos investidores. 
No contexto do nosso mercado, actualmente estão registados na CMC como agentes de intermediação, as Instituições Financeiras Bancárias (que actuam na qualidade de sociedades distribuidoras de valores mobiliários), mobiliários e as sociedades corretoras de valores mobiliários . Estas entidades prestam serviços de Intermediação Financeira, que consiste na transferência de recursos, de forma eficiente, sendo assim a ponte de ligação entre os agentes económicos excedentários e os agentes económicos deficitários, através de operações de compra e venda de valores mobiliários. Actualmente estão registados na CMC 27Agentes de Intermediação, destes 24 são Bancos e 3 Sociedades Corretoras[footnoteRef:27]. [27: A principal diferença entre estas sociedades consiste nos serviços que prestam aos investidores, ou seja, os Bancos por se comportarem como Sociedades Distribuidoras, podendo negociar os títulos que detêm em sua carteira e, intermediar a compra e venda de títulos dos seus clientes. Adicionalmente, podem conceder créditos para investimento em títulos e valores mobiliários. Os bancos também são membros de liquidação e de custódia, sendo que apenas estes podem participar nos leilões no mercado primário e liquidar os negócios efectuados nos mercados. Quanto às Sociedades Corretoras somente estas estão autorizadas a prestar serviços de consultoria financeira, de acordo com as normas e regulamentos aprovados pela CMC.] 
Importa referir que a relação que se estabelece no mercado de valores mobiliários tem uma peculiaridade que consiste na figura da CMC que funciona como um “polícia ou guardião “do mercado. A CMC é o organismo público responsável pela regulação, supervisão, fiscalização e promoção do mercado de capitais e das actividades que envolvam todos os agentes que nele intervenham directa ou indirectamente, ao abrigo do n.º 1 do artigo 1.º, conjugado com o n.º 1 do artigo 4.º, todos do seu Estatuto Orgânico, aprovado pelo Decreto Presidencial n.º 54/13, de 6 de Junho. Sendo certo que os seus poderes de supervisão e fiscalização não se desdobram no mesmo modo em todas as dimensões do mercado[footnoteRef:28]. [28: Conforme veremos mais a frente ] 
Estrutura do Mercado de Valores Mobiliários 
Quando o assunto é mercado de valores mobiliários é comum a doutrina apresentar a clássica dicotomia que contrapõe o mercado primário ao mercado secundário, não obstante o actual código de valores mobiliários ter abandonado é por ela que começaremos, nesta afã:
Mercado Primário é o mercado de criação de valores mobiliários, isto é, aquele em que o valor mobiliário é emitido pela primeira vez por meio de um processo de admissão[footnoteRef:29], ou seja, é o mercado onde as acções, obrigações e outros instrumentos de capital são vendidos pela primeira vez para a colecta de capitais de longo prazo. Por lidar com novas emissões, este mercado é também conhecido como o Mercado das Novas Emissões. Neste mercado, o fluxo de fundos vai sempre dos poupadores para os devedores (Governo e indústrias), que os utilizam para a modernização de fábricas, máquinas, edifícios, a expansão de negócios e para a criação de novas unidades de negócios. [29: Leonildo Manuel ] 
No mercado primário os instrumentos financeiros são emitidos sob a forma de: oferta pública, oferta para venda, colocação privada, emissão certa e oferta pública inicial electrónica.
Papel do mercado primário 
O mercado primário visa essencialmente a:
· Criação de títulos 
· Capitalização das empresas 
· Abertura de capital 
· Documentação legal e contábil 
· Registros na CMC e na Bolsa 
· Colocação dos papéis e repasse dos recursos para os emitentes.
Por sua vez, o seu contraposto, o mercado secundário, é aquele onde as compras e vendas de activos previamente emitidos têm lugar, ou seja, é aquele onde se negoceiam e se transmitem os valores mobiliários já emitidos (no mercado primário)[footnoteRef:30]. As transações no mercado secundário são, geralmente, realizadas por via de bolsas de valores[footnoteRef:31]. [30: Leonildo Manuel] [31: BOLSA DE VALORES Local físico ou virtual onde se negoceiam (compra e venda) valores mobiliários e instrumentos financeiros derivados como acções, opções, etc. Apesar de possuírem poderes de auto-regulação, as bolsas estão sujeitas ao controlo e a regulação da autoridade reguladora, conforme veremos mais a frente.
] 
Papel do mercado secundário
O papel primordial do mercado secundário é indubitavelmente a criação de liquidez aos títulos emitidos no mercado primário. Se um indivíduo compra um activo e, a seguir, quer vende-lo, ele pode faze-lo por meio de uma bolsa de valores, por meio de um intermediário. Ou seja, nesse mercado ocorre apenas a transferência de propriedade e de recursos entre investidores. Além da criação de liquidez, o mercado secundário visa também a:
· Negociação de títulos
· Troca da propriedade do título
· Proporciona liquidez aos títulos
· Incentivar o mercado primário
De acordo com Miller e Vanhoose (2001), mercados secundários contribuem para o funcionamento eficiente dos mercados primários, pois a possibilidade de comprar ou vender activos financeiros anteriormente emitidos torna esses ativos mais líquidos. É nesse mercado que atuam as bolsas de valores, dando liquidez aos ativos financeiros, propiciando aos investidores e as empresas envolvidas, organização e transparência nas negociações, além de preservar elevados padrões éticos, divulgando - com rapidez, amplitude e detalhes - as operações executadas.
Assim, o Mercado Primário tem como função a colocação de novas acções (ou outros títulos) provenientes de novas emissões, e o Mercado Secundário encarrega-se de transferir os recursos e títulos de entre investidores e/ ou instituições[footnoteRef:32]. De referir ainda que, tradicionalmente, o mercado secundário é o mercado os valores mobiliários, pois é nele onde circulam, se negoceiam e se transmitem os valores mobiliários. Este pode apresentar-se como mercado regulamentado e mercado não regulamentado[footnoteRef:33]. [32: Cavalcanti; Misumi, 2001] [33: No Brasil utilizam a expressão mercado institucionalizado e mercado não institucionalizado. Sendo que o segmento não institucionalizado é aquele que não está sujeito à regulamentação e ao controle das autoridades, sendo as negociações feitas de forma direta entre empresa e investidor, sem a participação de instituições financeiras. Geralmente, as negociações desse mercado ocorrem no mercado de balcão. Já as negociações no segmento institucionalizado são controladas pelos órgãos de controle e acompanhamento de mercado.] 
Feita essa introdução já estamos em condições de entrarmos no cerne do nosso tema e dedicar as nossas atenções a uma das inovações trazidas pelo actual código de valores mobiliários que é exactamente a divisão do mercado em: mercado regulamentado e o não regulamentado.
Do ponto de vista doutrinário, o Mercado Regulamentado tem sido entendido como qualquer espaço físico ou sistema multilateral destinado à negociação ou ao registo de operações com valores mobiliários, por um conjunto de pessoas autorizadas a operar, que actuam por conta própria ou de terceiros. O art. 2º alínea i) do códM define Mercados Regulamentados como “qualquer espaço ou um sistema multilateral a funcionar em Angola e que possibilite de forma organizada o encontro de interesses relativos a valores mobiliários e instrumentos derivados com vista a celebração de negócios sobre os mesmos”. 
Os mercados regulamentados devem ser administrados por uma sociedade gestora de mercado regulamentado (doravante SGMR) e, em Angola, deve ser uma sociedade anónima, salvo quando o Estado seja o único sócio, cujo exemplo actual é o da BODIVA, SMGR, SA. (Bolsa de Dívida de valor de Angola..) A constituição dessa sociedade depende de autorização do Ministro das Finanças mediante audição da CMC e o seu regime jurídico vem definido no Decreto Legislativo Presidencial nº6/13, de 10 de Outubro e no regulamento nº3/14 da CMC, de 30 de Outubro - Regulamento das SGMR.
A BODIVA é a entidade que administra a bolsa de valores[footnoteRef:34] que é uma instituição que proporciona os meios técnicos e infra-estruturas (física e tecnológica) para a negociação de valores mobiliários emitidos pelo Estado ou por empresas. A principal função da bolsa é de proporcionar um ambiente mais líquido, transparente e seguro para a realização de negócios, contribuindo assim para a eficiência do mercado de capitais [34: Até o surgimento do home broker, quem quisesse comprar ou vender ações precisava passar em grandes salas onde os agentes de intermediação transmitiam, com o auxílio de gestos e sinais,as ordens dos seus clientes. A entidade que geria o mercado registava as diversas ordens de compra e de venda, calculava a cotação de cada valor mobiliário e dava como realizadas as operações, promovendo a sua liquidação.Os primeiros foram criados em 1999. Hodiernamente, com avanço da tecnologia tudo se processo num click. Em Angola, a negociação em bolsa realiza-se na BODIVA, por via de sistemas electrónicos, de acordo com dois métodos de negociação, nomeadamente, (i) negociação por oferta em contínuo (ambiente multilateral) e (ii) registo de operações (ambiente bilateral).] 
A nível tecnilógico, a BODIVA usa o sistema CAPIZAR EZ TRADE que é o mecanismo onde se efectua interacção das ordens, de compra e de venda, dos demais participantes e se garante a transparência no processo de descoberta de preço e permite a todos os participantes do mercado efectuarem uma gestão integrada da sua carteira de investimentos..
Organização do mercado regulamentado
O mercado regulamentado é constituído pelo mercado da bolsa de valores e mercado de balção autorizado[footnoteRef:35] e dentro destes existem segmentos. [35: no Brasil há ainda o mercado de balção não autorizado 
] 
1-Mercado de Bolsa
O mercado de bolsa é o local onde se oferece as condições e o sistema necessário para a realização de negociação de compra e venda de valores mobiliários, bem como outro instrumentos financeiros a médio e longo e prazo de forma transparente. Por isso, constitui um ambiente favorável a negociação de títulos registados no mercado de forma a orientar e a fiscalizar os serviços prestados pelos seus intermediários, facilitar a divulgação constante de informações sobre as empresas e sobre negócios que se realizam sobre o seu controle.
O Mercado de Bolsa destina-se exclusivamente à admissão de valores mobiliários para negociação à vista de: acções, obrigações; direitos destacados no âmbito de ofertas públicas; outros direitos representativos de realidades homogéneas, nomeadamente mercadorias. Assim excluem-se da Bolsa, todos os outros instrumentos financeiros, nomeadamente derivados, mesmo que representados por valores mobiliários. Fazem parte deste mercado os seguintes segmentos:
· Mercado de Bolsa de Títulos do Tesouro (MBTT) (BT, OTNR, OTX) 
· Mercado de Bolsa de Obrigações Privadas (MBOP) (SBA) 
· Mercado de Bolsa de Unidades de Participação (MBUP)
· Mercado de Bolsa de Acções (MBA) 
2-Mercado de Balcão Organizado 
O Mercado de balcão é o espaço físico ou electrónico onde são realizadas negociações dos mais diversos títulos de valores mobiliários que não possuem autorização para serem negociados na Bolsa de Valores, isto é, as transações são celebradas bilateralmente de forma anónima.
Este é constituido pelos seguintes segmentos:
· Mercado de Registo de Operações sobre Valores Mobiliários (MROV) 
· Mercado de repositório (MOR) ou de “Repôs”
Mercado de Bolsa de Títulos do Tesouro (MBTT)
O Mercado de Bolsa de Títulos do Tesouro, abreviadamente MBTT, é o segmento que permite aos investidores negociarem títulos do tesouro, estes, por sua vez, são títulos financeiros públicos, emitidos pelo Tesouro Nacional que garantem segurança e rentabilidade fixa findos prazos previamente acordados.
Foi o primeiro segmento do mercado de bolsa disponibilizado pela BODIVA, em Novembro de 2016, permitindo aos investidores efectuarem as suas operações em regime de order driven, isto é, por meio de interacção permanente de todos os interesses de compra e venda. Os TT apresentam-se sob a forma de:
a) Bilhete de Tesouro (BT)
Os bilhetes do tesouro são instrumentos de dívida pública de curto prazo com um valor nominal de mil kwanzas, podendo ser emitidos com maturidades até 364 dias, emitidas a desconto através do leilão de preços e reembolsáveis no vencimento pelo seu valor nominal. Os Bilhetes do Tesouro podem ser transaccionados em mercado secundário mediante registo de alteração de titularidade.
 b) Obrigações do Tesouro não indexados (OT-NR, OT-XC e OT-ME)
As Obrigações do tesouro não indexadas são instrumentos de dívida pública de médio e longo prazo, com um valor nominal de 100.000,00 emitidas com uma Limit yield que permite o desconto nos leilões competitivos, pagando cupões semestralmente e o reembolso acontece no vencimento pelo seu valor nominal mais o último cupão
 c) Obrigações do Tesouro Indexados (OT-NR, OT-TXC e OT-ME)
As Obrigações do tesouro indexadas são instrumentos de dívida pública de curto prazo com um valor nominal dependente do seu indexante, podendo ser emitidas em leilão competitivo ou não competitivo pagando cupões semestralmente e o reembolso acontece no vencimento pelo seu valor nominal mais o último cupão. 
Mercado de Bolsa de Obrigações Privadas (MBOP) 
O Mercado de Bolsa de Obrigações Privadas, abreviadamente MBOP, é o segmento que permite aos investidores negociarem obrigações emitidas por empresas de referência, como forma de financiarem a sua actividade no médio/longo prazo.
Mercado de Bolsa de Unidades de Participação (MBUP)
O Mercado de Bolsa de Unidades de Participação[footnoteRef:36], abreviadamente MBUP, é o segmento que permite a negociação de unidades de participação emitidos por Organismos de Investimento Colectivos[footnoteRef:37] (OIC`s), nomeadamente os Fundos de Investimento. Assim, este segmento proporciona aos investidores a possibilidade de estarem expostos ao mercado de uma forma passiva, delegando para tal a gestão do capital investido numa sociedade gestora. Este segmento entrou em funcionamento a 30 de Março de 2022 com a admissão do fundo BFA Oportunidades XI, sob gestão da Sociedade Gestora de Organismos de Investimento Colectivo (SGOIC) BFA GA, com 10 milhões de Unidades de Participação (UP). [36: As unidades de participação são as parcelas em que se divide o património de um fundo de investimento. A duração das unidades de participação deve ser equivalente ao prazo de duração do fundo. Comissão do Mercado de Capitais – Livro de Bolso do Investidor Página | 3] [37: Regulado pelo Decreto Legislativo Presidencial n.º 7/13 de 11 de Outubro que trata do REGIME JURÍDICO DOS ORGANISMOS DE INVESTIMENTO COLECTIVO] 
Os fundos de investimento são organismos de investimento colectivo constituídos pelas poupanças arrecadas de vários investidores. O conjunto dessas poupanças constitui o património do fundo[footnoteRef:38]. [38: Comissão do Mercado de Capitais – Livro de Bolso do Investidor Página | 3] 
Para Ronaldo Pesente[footnoteRef:39], os fundos de investimento são considerados, juridicamente, como condomínios, “comunhão de recursos”, os quais serão constituídos com o objetivo de promover a aplicação coletiva dos recursos de seus participantes – os cotistas. [39: MERCADOS FINANCEIROS, UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA FACULDADE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, Salvador 2019, pág 69] 
Um fundo de investimento é um condomínio que reúne recursos de um conjunto de investidores (cotistas) com o objetivo de obter ganhos financeiros a partir da aquisição de uma carteira formada por vários tipos de investimentos (conhecidos como ativos). Os cotistas, ao aplicarem certo valor em um fundo, compram uma quantidade de cotas e pagam uma taxa de administração ao administrador para que este coordene as tarefas do fundo, entre elas a de gerir seus recursos no mercado. Os fundos de investimento constituem-se, portanto, como um mecanismo organizado que tem a finalidade de captar e investir recursos no mercado financeiro. Transformando-se numa forma coletiva de investimento, com vantagens, sobretudo, para o pequeno investidor individual.[footnoteRef:40] [40: No Brasil, os fundos trazem a obrigatoriedade de constituir uma pessoa jurídica, pois cada um visa a um determinado objetivo ou retorno. No nosso ordenamento, assumem a forma de patrimónios autónomos sem personalidade jurídica de acordo com o art. 3 do Decreto Legislativo Presidencial n.º 7/13 de 11 de Outubro] 
Quanto à Espécie.
 Os OIC podem ser: 
Abertos – são aqueles cujo número de Unidades de Participaçãoé variável e podem ser subscritas e resgatadas a todo o tempo; 
Fechados – são aqueles cujo número de Unidades de Participação é fixo, podendo existir aumentos e reduções mediante autorização da CMC. Por regra, as Unidades de Participação são resgatadas no termo do período de duração ou em caso de liquidação, podendo ser sempre transaccionadas entre investidores; 
Mistos – diferente dos dois acima referido, tem um campo de actuação limitado circuncrevendo-se apenas nos OIC imobiliários, estando representadas por duas categorias diferentes de Unidades de Participação, uma em número fixo e outra em número variável. 
Tipologia de OIC 
Os OIC podem assumir as seguintes formas: 
· Fundos de Investimento – assumem a forma de patrimónios autónomos sem personalidade jurídica, detidos em regime especial de comunhão pelos participantes. E estes podem ser: (i) Fundos de Investimento Mobiliário (FIM) – o objecto consiste, principalmente, no investimento em valores mobiliários, devendo a denominação identificar claramente a espécie, consoante sejam abertos ou fechados; (ii) Fundos de Investimento Imobiliário (FII) – o objecto consiste, principalmente, no investimento em activos imobiliários, devendo a denominação identificar claramente a espécie, consoante sejam abertos, fechados ou mistos. 
· Sociedades de Investimento – assumem a forma de sociedade anónima de capital fixo ou variável, cujos activos são detidos em regime de propriedade e geridos a título fiduciário, pelas próprias ou por terceiras entidades contratadas de modo independente e no exclusivo interesse dos accionistas. Estas podem ser: (i) Sociedade de Investimento Mobiliário (SIM) – o objecto consiste, principalmente, no investimento em valores mobiliários, assumindo a espécie de capital variável ou de capital fixo ; e (ii) Sociedade de Investimento Imobiliário (SII) - o objecto consiste, principalmente, no investimento em activos imobiliários, assumindo a espécie de capital variável ou de capital fixo[footnoteRef:41]. [41: Fica, ainda, salvaguardada a possibilidade de serem constituídos OIC especiais de Capital de Risco, das seguintes formas: (i) Fundo de Investimentos de Capital de Risco (FCR); (ii) Sociedades de Investimento de Capital de Risco (SCR) e (iii) Investidores em Capital de Risco (ICR). Por outro lado, constituem-se como especiais os seguintes OIC imobiliários para: (i) arrendamento habitacional; (ii) exploração agrícola; (iii) exploração pecuária; (iv) reabilitação urbana; e (v) exploração industrial] 
Vantagens dos Fundos 
Os fundos de investimento são uma alternativa ao investimento direto nos ativos que compõem o seu património, com as seguintes vantagens:
· Permitem uma maior diversificação do património do investidor particular;
· Permitem reduzir os custos de transação (nomeadamente de corretagem) face aos que um investidor individual teria de suportar por cada operação, caso pretendesse sozinho atingir o mesmo nível de diversificação da carteira;
· Estão sujeitos a um regime fiscal que é, em muitos casos, mais favorável, como é o caso do investimento em imóveis, devido às isenções fiscais de que beneficiam;
· São caracterizados pela simplicidade quanto à forma de investir;
· São conhecidas, previamente à sua subscrição, as regras para o reembolso dos montantes aplicados;
· Permitem o acesso dos pequenos investidores a mercados, que à partida lhe estariam inacessíveis, atendendo ao elevado montante do capital exigido.
Mercado de repositório (MOR) ou de “Repôs”
O Mercado de Repositória, areviadamente MOR, foi activado à 12 de Maio de 2022 e o seu objectivo é conferir maior liquidez ao mercado de capitais nacional. Assim, os participantes que necessitem de financiamento ou que queiram rentabilizar a sua carteira de investimentos, por período determinado (não superior a 1 ano), poderão utilizar este mercado no sentido de vender e posteriormente recomprar a um preço previamente estabelecido.
Mercado de Bolsa de Acções (MBA) 
O Mercado de Bolsa de Acções, abreviadamente MBA, é aquele que se destina exclusivamente à negociação à vista de acções, obrigações, direitos destacados no âmbito de ofertas públicas e outros direitos representativos de situações homogéneas. Neste segmento de mercado, o nível de exigência para admissão à negociação é mais elevado, sendo que as negociações ocorrem pelo método de “orderdriven”. Assim, excluem-se da Bolsa todos os outros instrumentos financeiros, nomeadamente derivados, mesmo que representados por valores mobiliários. 
É o segmento que movimentou o mercado e o seu marco deu-se a 9 de Junho de 2022 com a concretização da primeira admissão à negociação no Mercado de Bolsa de Acções, tratando-se das acções do Banco Angolano de Investimento (BAI) e actualmente a decorrer OPI das acções do Banco Caixa Angola. 
Vantagens de transacionar no Mercado de Bolsa de Acções 
1. Obtenção de financiamento em larga escala, o que pode ajudar a promover o crescimento da empresa, contratar mão-deobra especializada, investir em infraestrutura e meios de trabalho e na consolidação ou na expansão dos serviços prestados.
2. Facilidade na obtenção de financiamento de forma célere, sendo que após IPO a entidade com acesso aos mercados regulamentados consegue captar fundos de forma mais rápida e a custos mais baixos comparativamente àquelas sem acesso.
3. Acesso a uma bolsa de liquidez de investidores nacionais e estrangeiros, capaz de financiar os projectos de expansão da sua empresa, sem recurso a emissão de dívida.
4. O retorno dos fundos captados está intrínseco ao desenvolvimento da empresa, ou seja, não há resgate nem obrigação contratual certa por parte do emitente.
5. Geração de riqueza para os fundadores e accionistas existentes antes da realização do IPO.
6. Aumentar a reputação corporativa da empresa, assim como o estatuto, visibilidade e credibilidade para com os investidores, clientes e parceiros de negócio e actuais e potenciais colaboradores
7. Ajuda a mitigar os riscos de câmbio e da da taxa de juro 
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Mercado de Registo de Operações sobre Valores Mobiliários (MROV) 
O Mercado de Registos de Operações sobre Valores Mobiliários, abreviado MROV, é um segmento do Mercado de Balcão Organizado, que se destina exclusivamente ao registo de operações previamente realizadas, mas não liquidadas, de quaisquer tipos de valores mobiliários, que não estejam admitidos à negociação noutros segmentos de Mercados BODIVA e é regulado pela Regra BODIVA N.º 4/15 - Do Mercado de Registo de Operações sobre Valores Mobiliáros 
Ao admitir, os valores mobiliários no MROV, o emitente tem associadas as seguintes vantagens:
   • Redução em 50% da taxa aplicável á distribuição de rendimentos (de 10 para 5%):
   • Isenção do pagamento do imposto de selo (1%), aplicável a entidade vendedora caso em negociação das acções;
   • Maior facilidade e rapidez na execução e liquidação de negócios sobre as acções.
Negociação no mercado de valores mobiliários 
Abordaremos as etapas das negociações em termos genéricos, pois, fruto das alterações legislativas trazidas a cabo pelo código de valores mobiliários, estabeleceu-se um regime aplicável à generalidade dos intrumentos financeiros, com a resslava do procedimento específo que se estabelece nos vários segmentos acima referidos.
Negociação é o acto de comprar, vender, trocar diferentes activos (instrumentos financeiros) admitidos à negociação em mercados regulamentados e não regulamentados. Todavia, aqui descortinaremos apenas as etapas das negociações nos mercados regulamentados e qure elencaremos sob forma de actos, nomeadamente: actos preparatórios, actos de transação e actos posteriores.
Actos preparatórios
1-Definir Objectivos - antes de investir, é necessário que o investidor defina objectivos claros e precisos para o seu investimento, como por exemplo a aquisição de um imóvel, planear a sua reforma ou ainda a sua formação académica. Adicionalmente, deverá ponderar sobre o que horizonte temporal que pretende investir e espera obter os resultados esperados, isto é, como e durantequanto tempo pretende que o investimento gere o rendimento que lhe permitirá alcançar os objectivos definidos inicialmente.
2-Escolher um intermediário financeiro – para ter acesso a BODIVA é imperioso que o investidor tenha um Intermediário Financeiro (IF)devidamente licenciados pela CMC e autorizados pela BODIVA a prestar, pelo menos, serviços de recepção e execução de ordens nos mercados regulamentados. Os mesmos podem também exercer o papel de consultor financeiro, prestando assim serviços de consultoria e/ou gestão de carteira aos seus clientes. Na escolha de um IF também é importar ponderar os serviços disponibilizados, bem como as respectivas comissões.
3-Desenvolver uma estratégia de investimento –”não há almoços gratuitos” logo o investidor deve ter noção dos riscos que encerram a sua aposta, por essa razão, leva acabo uma série de análises em que identifique factores como fundos disponíveis para investimento, horizonte temporal, rendimentos, despesas fixas, dívidas, projectos futuros, entre outros, o que irá permitir traçar uma estratégia de investimento que se adeque ao seu perfil de risco, ou seja a sua maior ou menor tolerância ao risco. Se, assim entender, o investidor poderá delegar a definição da sua estratégia de investimento ao seu IF, que após análise fundamentada deverá apresentar uma estratégia de investimento ajustada ao perfil de risco do investidor.
Actos de transação
1-Identificar o instrumento financeiro - antes de investir em um determinado instrumento financeiro, o investidor deve conhecer o seu funcionamento e as enumeras vantagens que o mesmo apresenta, com destaques aos seguintes elementos: as taxas de rendimentos, os riscos de incumprimento, possibilidade de diversificar a carteira de investimentos, o lucro..
Feito a devida análise o investidor poderá escolher o instrumento financeiro que melhor satisfaz o seu apetite.
2-Identificar o player a investir - antes de investir numa empresa ou qualquer outro instrumento financeiro, é importante conhecer as suas estratégias, perspectivas de crescimento e comportamento do sector de actividade no qual está inserida, robustez, transparência, eficácia e eficiência no uso de recursos, bem como modelos de oovernance corprate e de sistemas de controlo interno de acordo com as boas práticas.
3-Abertura da conta custódia[footnoteRef:42] [42: A conta custódia dá maior protecção ao investidor (pois em caso deinsolvência do Intermediário Financeiro é fácil de aferir que títulos fazem parte da carteira do investidor), maior transparência (porquanto o investidor pode solicitar ao seu Intermediário Financeiro (Banco) a carteira atualizada dos seus títulos) e dá maior celeridade no tratamento dos eventos, pagamento de cupão e resgate.
] 
A conta de custódia é uma conta de registo individualizado que identifica os titulares dos instrumentos financeiros registados na Central de Valores Mobiliários de Angola (CEVAMA). Por sua vez, a conta de custódia é aberta, mediante assinatura de um contracto de intermediação, com o banco comercial do investidor, que deve ser membro BODIVA. A assinatura deste contracto, assegura os direitos e deveres entre as partes, junto a CMC e da CEVAMA-BODIVA, responsável pela liquidação física dos títulos adquiridos
4-Enviar a ordem[footnoteRef:43] de compra ou venda – feito o trajecto acima referido, o investidor solicita ao IF que insira a sua intenção de compra ou venda no mercado, especificando o instrumento financeiro que pretende negociar, o preço e a respectiva quantidade. Após a inserção da sua intenção, o IF deverá fornecer-lhe o respectivo comprovativo. [43: Instrução dada por um investidor ao Agente de Intermediação para a realização de operações] 
5-Operação de liquidação[footnoteRef:44] e custódia - o dinheiro é debitado na conta a ordem (conta financeira) do investidor e é creditado na conta custódia o instrumento financeiro. [44: A liquidação pode ser: física que corresponde ao depósito dos títulos na conta de custódia do investidor, bem como financeira que é feita após pagamento da operação por via de transferência de fundos pelo multicaixa] 
Vantagem de transacionar no mercado regulamentado
· fundo de garantia com vista a garantir o investidor 
Desafios para promover as transações de valores mobiliáriosno mercado regulamentar
-O mercado ainda está monopolizado pelas instituições bancárias e estas, por sua vez, são simétricas, ou seja, têm modos actuantessimilares e há necessidade de se promover abiodiversidade no ecossistema, pois só deste modo teremos uma diversidade de intervenientes e soluções diversas para dar respostas acertadas a multiplicidade de necessidades.
-Em termos regulamentares, a CMC deve simplificar os procedimentos[footnoteRef:45] e desburocratizar ao máximo as fases que encerram a transacção de valores mobiliários, como por exemplo, no âmbito da abertura da conta custódia deveria optar-se pela abertura de contas omnibus, ao invés da obrigatoriedade da conta cliente individual segregada junto da central de valores mobiliários (CEVAMA), ou seja, incluir no contrato de condições -Em termos regulamentares, a CMC deve simplificar os procedimentos[footnoteRef:46] e desburocratizar ao máximo as fases que encerram a transacção de valores mobiliários, como por exemplo, no âmbito da abertura da conta custódia deveria optar-se pela abertura de contas omnibus, ao invés da obrigatoriedade da conta cliente individual segregada junto da central de valores mobiliários (CEVAMA), ou seja, incluir no contrato de condições gerais cláusulas de mercado de capitais que dão poder aos IF´s de abrir a conta para vários clientes. [45: caso contrário as transações continuarão a serem realizadas fora dos mercados regulamentares pois mesmo havendo incentivos fiscais as pessoas preferem ainda assim pagar imposto de selo em invés de transacionar no mercado regulamentar, conforme veremos na fig. x] [46: caso contrário as transações continuarão a serem realizadas fora dos mercados regulamentares pois mesmo havendo incentivos fiscais as pessoas preferem ainda assim pagar imposto de selo em invés de transacionar no mercado regulamentar, conforme veremos na fig. x] 
A conta omnibus também chamada de Conta colectiva[footnoteRef:47] é uma conta de valores mobiliários na qual todas as acções e activos de vários clientes são agrupados em torno da mesma conta do depositário ou administrador e visam promover uma gestão mais eficiente, uma vez que consolidam uma relação bilateral entre cliente e os Intermediário Financeiro [47: É ainda chamada de conta global porque reúne todos os valores de todos os clientes.] 
-CMC deverá promover processo de auscultação para regulação e supervisão de um conjunto de soluções para dar resposta a tecnologia de blockchain e a digitalização de activos financeiros e reais (tokenizationofassets)[footnoteRef:48] [48: SIDNEY MAGALHÃES, COO &Strategy da SG Hemera Capital Partners, afirmou em entrevista na revista mercado que estas são inovações recentes dos mercados financeiros que têm ganho cada vez maior dinamismo, com um valor total de mercado no primeiro trimestre de 2019 de cerca de 120 mil milhões USD, e que se prevê vir a ocupar um espaço relevante no mercado de capitais num futuro próximo
] 
	
-Baixa literacia (dos investidores e dos intermediários financeiros) – a CMC tem movido esforços para promover a literacia financeira por intermédio de eventos como…, todavia, o nível de desinformação ainda é elevado.
- Inexistência de Agências de Notação de Risco registadas no mercado angolano
- possibilidade de fragmentação do mercado 
Mercado não regulamentado 
Tal como alertou o Prof. Leonildo Manuel, contrário do que a sua designação pode sugerir, os mercados não regulamentados não são mercados sem regulamentação ou desregulamentados, são, contudo, mercados que funcionam de acordo com as regras livremente estabelecidas pelas partes (emitentes e investidores) e não cumprem algum ou alguns dos requisitos estabelecidos pela lei para os mercados regulamentados. Não existe dentro doCódigo de Valores Mobiliários uma definição para Mercado Não Regulamentado, isto significa, que a definição destes mercados é feita por exclusão de partes, ou seja, são mercados não regulamentados todos aqueles que não caibam no conceito de Mercado Regulamentado. Em termos operacionais, há quem entenda que o Mercado não Regulamentado são todas as operações realizadas fora do Mercado Regulamentado e este vem previsto no art.2 do cód. VM
Diferente do que acontece no mercado regulamentado, as transações nos mercados não regulamentados ficam sujeitas as regras convencionadas pelas partes, com ressalva dos títulos admitidos a negociação num dos mercados regulamentado, mas que são transacionados fora do mercado regulamentar, nestes casos há o dever legal de informação a entidade gestora do mercado regulamentado e esta, por sua vez, deve informar a CMC.
Riscos de transacionar valores mobiliários no mercado não regulamentado
O principal risco é exatamente de transacionar valores mobiliários complexos sem a proteção da CMC e além deste temos:
· A dificuldade de provar os termos da negociação;
· Hierarquia das ordens a serem executadas; 
· A formação dos preços;
· A disponibilidade do instrumento;
· A qualidade e quantidade de informações disponibilizada. 
A CMC e o mercado não regulamentado
Enquanto entidade que salvaguarda o direito do investidor, por questões legais e práticas os poderes de supervisão e regulação da CMC não abrange os mercados não regulamentados quando em causa estiver a transação de valores mobiliários. Os termos da negociação obedece as regras próprias definidas pelos intervenientes[footnoteRef:49], como por exemplo, a definição do preço, as quantidades a serem transacionadas e o time da transação. [49: E, muitas vezes, não são redigidas a escrito.] 
Porém, quando falamos de transacção de instrumentos derivados e registados no repositório de transação[footnoteRef:50] existe uma regulamentação mínima pelo Regulamento 3/15 onde são definidos os requisitos mínimos para salvaguardar o interesse dos investidores, pois são instrumentos complexos e são extremamente arriscados observando tal como impõe a IOSCO. [50: Os repositórios de transações são pessoas colectivas que tratam do registo de operações de instrumentos derivados 
] 
Questiona-se, muitas vezes, se a CMC deveria inibir as negociações no mercado não regulamento, é ponto assente na doutrina que o mercado não regulamentado tem a sua razão de ser, pois há negociações que não enfermam complexidades e, por esta razão, dispensa-se a observância da tramitação que se impõe no mercado regulamentado, como é o caso da doação de títulos, subscrição do capital de uma empresa, por um lado. Todavia, e por outro lado, as transações de instrumentos financeiros mais complexos que denotam maior riscos deveriam ser realizadas sob os auspícios da CMC. E aqui questiona-se o papel da CMC diante do mercado não regulamentado principalmente perante a crescente negociação naqueles mercados, conforme nos apresenta os dados fornecidos pela Bodiva relativamente 
Como ficou dito, a CMC não tem poderes de supervisão nesse mercado, contudo pode aplicar medidas no mercado regulamentar de formas a atrair e a incentivar transações naquele mercado e criar condições que promovam a migração das transações realizadas em mercados não regulamentados para os regulamentados
A problemática dos quinguilas/angariadores[footnoteRef:51] de valores mobiliários. [51: Designados, na língua inglesa, por “introducers” , na língua francesa, por “apporteur d’affaires. ] 
Conforme acima dito, os investidores para actuarem nos mercados de valores mobiliários devem, por intermédio de contrato de intermediação, socorrer-se aos serviços dos intermediários financeiros que vão prestar a informação clara, verdadeira, lícita e justa sobre o mercado. 
Por conseguinte, no mercado de valores mobiliários, tal como acontece nos demais segmentos do sistema financeiro, a informação é poder, é ela que determina se o investidor vai investir ou não, se vai escolher qual instrumento financeiro e em que mercado vai proceder a transacção. O IF tem o papel de ser um mecanismo de aproximação entre os emitentes e os investidores e sobre eles recaem deveres de conduta exactamente para garantir e salvaguarda os direitos e interesses dos últimos.
Nos últimos tempos, surgiu a figura do quinguilas ou angariadores de valores mobiliários que são pessoas que têm a função de juntar vontades, tanto daqueles que pretendem comprar e aqueles que pretendem vender valores mobiliários, sem que pratiquem actos tendentes a realização dessas transações.
Figuras afins 
1-Os quinguilas/angariadores são diferentes dos IF porque estes últimos praticam actos de transacção, já os primeiros apenas aproximam vontades.
2-Os quinguilas/angariadores são diferentes da figura do correspondente que é uma pessoa colectiva e age em nome dos intermediários, ao passo que os primeiros agem em nome e por conta própria.
3-Os quinguilas/angariadores diferem ainda do introducing broker que corresponde a uma entidade autorizada a prestar serviços de investimento que, pelo facto de não oferecer os instrumentos financeiros em que os seus clientes pretendam transacionar, apresenta esses clientes a intermediários financeiros que ofereçam tais instrumentos financeiros. Pela apresentação do cliente, o introducing broker recebe do intermediário financeiro destinatário uma parte das comissões de transação que lhes são pagas pelo cliente.
O quinguila/angariador não é um empregado ou um colaborador integrado na estrutura organizativa do intermediário financeiro, correspondendo antes a uma entidade autónoma, pessoa singular ou coletiva, que celebra um contrato com um intermediário financeiro. Por sua vez, este contrato tem a natureza jurídica de uma prestação de serviços, por entidade não autorizada a prestar serviços de investimento – o quinguila/angariador – a uma entidade autorizada a prestar esses serviços – o intermediário financeiro-, tendo em vista a contratação por outra pessoa – o cliente – de um serviço ao intermediário financeiro. O quinguila/angariador assume a obrigação de fornecer dados de contacto de potenciais interessados ao intermediário financeiro e cessa imediatamente a sua atuação com a transmissão desses dados de contacto. Pela prestação do serviço, o quinguila/angariador recebe como contrapartida uma remuneração do intermediário financeiro que o contratou[footnoteRef:52]. [52: O quinguila/angariador não beneficia de nenhum mandato ou poder de representação e não pode comportar-se perante o cliente de maneira que tal possa fazer crer. O quinguila/angariador não realiza uma atividade em nome do intermediário financeiro e não realiza quaisquer atividades para as quais o intermediário financeiro está autorizado. O quinguila/angariador também não promove a celebração de contratos, não atuando ao abrigo de um contrato de agência. A contratação pelo investidor, a acontecer, sucede de modo direto entre o intermediário financeiro e o cliente e com base em aconselhamento ao cliente pelo intermediário financeiro, não tendo o apresentador de potenciais clientes qualquer direito sobre a clientela angariada ou direito a indemnização de clientela, aquando da cessação do contrato.] 
Conforme ficou dito, não obstante não praticarem actos de transacção, a actuação dos quiguilas/angariadores de valores mobiliários pode afectar a decisão dos investidores e por em causa as garantias desses. A prática demonstra que os quinguilas/angariadores, em regra, não estão habilitadas a nível de conhecimento para poder informar sobre comercializar e negociação de valores mobiliários e a sua actividade pode acarretar riscos, designadamente ao nível da proteção dos investidores. Pelas razões acima referidas, somos a propor que:
· A CMC regule a actividade levada a cabo por eles passando pelo registo[footnoteRef:53] de modo a formaliza-los; [53: O registo poderá ser feito junto da CMC ou dos seus membros.] 
· Inicia um processo de formação e capacitação, tal comoacontece com os IF;
· Pela mobilidade da sua actuação, a CMC poderia socorrer-se dos angariadores para promover a literacia financeira nas 18 províncias com políticas de incentivos. 
Vantagens 
A contratação de terceiros encarregues da função de on-boarding de clientes pode ter diversas vantagens[footnoteRef:54]. Por um lado, permite que o intermediário financeiro possa focar-se nas atividades do negócio core. Por outro lado, pode permitir que o intermediário financeiro adquira uma base de clientes territorialmente abrangente, quando esses terceiros tenham presença local, e sem que o intermediário financeiro tenha que possuir recursos ou estruturas de base local. Em terceiro lugar, o recurso a terceiros para estes efeitos pode acontecer para facilitar a distribuição transfronteiriça de produtos. [54: No Brasil tem a figura do agente autónomo que é um indivíduo cujo trabalho é encontrar clientes para comprar instrumentos financeiros e é uma mais valia para o mercado.] 
O PROPRIV e mercado de Acções 
O Programa de Privatizações (PROPRIV) 2018-2022 enquadra-se no âmbito da Reforma das Finanças Públicas, tendo em vista a promoção da estabilidade macroeconómica, o aumento da produtividade da economia nacional e o alcance de uma distribuição mais equitativa do rendimento nacional.
Nesta perspectiva, visa levar a cabo a redução da participação do Estado na economia como produtor directo de bens e serviços e a promoção de condições favoráveis à iniciativa privada, ao investimento estrangeiro e a aquisição de know-how e competências específicas devem ser as linhas condutoras da reestruturação e redimensionamento do Sector Empresarial Público (SEP)
Por não termos uma entidade gestora de mercados não regulamentados, a CMC regista uma entidade, na transação de instrumentos derivados, na inexistência de um repositório de transação a CMC recebe a informação desses contratos, mas não há regras a nível sancionatório, mas em relação a violação dos deveres de informação impostos pelo regulamento a CMC tem prerrogativas sancionatórias 
Operadores preferenciais – tem um intermediário financeiro incentivado a participar no mercado primário e no mercado secundário. Como vantagem: ele pode ter benefícios fiscais e boa reputação. Sempre que um investidor conseguir transacionar os instrumentos dará maior liquidez no mercado e os investidores não terão receio de investir a longo prazo 
A diferença entre o operador preferencial e o operador normal, em termos práticos, são os incentivos que o emitente dá (a UGD) 
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