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Apostila Morfologia do Português

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MORFOLOGIA DO PORTUGUÊS 
1 
 
 
MORFOLOGIA DO PORTUGUÊS 
BELO HORIZONTE / MG 
MORFOLOGIA DO PORTUGUÊS 
2 
 
Sumário 
1 AS PALAVRAS E SUA ESTRUTURA ................................................................ 4 
1.1 Classificação dos morfemas ........................................................................................ 5 
2 A LEITURA E SUA ESTRUTURA........................................................................... 6 
3 LEITURA: UMA PERSPECTIVA DA ESCOLA PARA A FORMAÇAO CIDADÃ ...... 7 
O PRAZER DE LER ............................................................................................................... 8 
4 OS TIPOS DE LEITURA ....................................................................................... 9 
5 O TEXTO ............................................................................................................. 10 
5.1 Os Tipos de Textos.................................................................................................... 12 
6 O TEXTO E A LEITURA ....................................................................................... 13 
7 A PRODUÇÃO DE TEXTOS ................................................................................ 14 
8 NOÇÕES ESTRUTURA E CONTEÚDO COESÃO, COERÊNCIA, CLAREZA E .. 15 
ADEQUAÇÃO ...................................................................................................................... 15 
9 FLEXÃO E CATEGORIAS GRAMATICAIS .......................................................... 18 
TEXTO: A LEI ...................................................................................................................... 20 
ANÁLISE TEXTUAL: ............................................................................................................ 20 
10 COERÊNCIA ...................................................................................................... 21 
10.1 Clareza Textual ............................................................................................................ 23 
11 COMO PRODUZIR UM BOM TEXTO ................................................................ 24 
12 PARÁGRAFOS - A ESTRUTURA DO PARÁGRAFO ........................................ 27 
Confronto ............................................................................................................................. 29 
Divisão de ideias .................................................................................................................. 29 
Enumeração ........................................................................................................................ 29 
Reafirmação ........................................................................................................................ 30 
Oposição de ideias .............................................................................................................. 30 
13 AS RELAÇÕES ENTRE LINGUAGEM ORAL E ESCRITA ................................. 31 
14 CLASSIFICAÇÃO DE PALAVRAS ..................................................................... 31 
15 LÍNGUA ORAL / ESCRITA E ENSINO ............................................................... 33 
16 A FALA, A LEITURA E A ESCRITA .................................................................... 34 
17 PLANEJAMENTO DA ESCRITA ........................................................................ 35 
18 ORGANIZAÇÃO E CONTITUIÇÃO TEXTUAL ................................................... 39 
19 ARTICULAÇÃO DE IDEIAS: UM FATOR DE TEXTUALIDADE.......................... 41 
20 FLEXÃO E CATEGORIAS GRAMATICAIS ........................................................ 41 
TEMA: O Chocolate no Mundo Moderno .............................................................................. 42 
Criando um texto bem conectado ........................................................................................ 43 
21 QUAL A FUNÇÃO DO DESENVOLVIMENTO.................................................... 43 
MORFOLOGIA DO PORTUGUÊS 
3 
 
22 COMO FAZER UMA INTRODUÇÃO .................................................................. 44 
2) Aprenda a fazer uma introdução vendo bons exemplos ................................................... 45 
3) Veja como não deve ser a sua introdução (exemplos para se evitar) ............................... 46 
4) Cause uma primeira boa impressão ................................................................................. 46 
23 COMO CONCLUIR............................................................................................. 48 
1) O que não deve estar na conclusão ................................................................................. 48 
O QUE SIGNIFICA UMA AMIZADE HOJE ........................................................................... 49 
24 REVISÃO ........................................................................................................... 51 
26 A REVISÃO DE TEXTOS E O DIÁLOGO COM O AUTOR................................. 52 
27 ELEMENTOS IMPORTANTES DA REVISÃO .................................................... 53 
28 A ESTRUTURAÇÃO DO PARÁGRAFO ............................................................. 53 
29 TÓPICO FRASAL ............................................................................................... 54 
30 DEFINIÇÕES .................................................................................................................. 56 
31 ESTRUTURA ..................................................................................................... 57 
32 FIXAÇÃO DE UM OBJETIVO ............................................................................. 59 
33 FORMULAÇÃO DA FRASE-NÚCLEO DE INTRODUÇÃO ................................. 59 
34 FORMAS DE ORDENAÇÃO NO DESENVOLVIMENTO DO PARÁGRAFO ...... 60 
35 ESTUDO SOBRE PRODUÇÃO TEXTUAL ESCRITA: REVISÃO DE TEXTOS E 
SUAS INFLUÊNCIAS PARA A REESCRITA TEXTUAL ....................................................... 61 
36 AS INTERVENÇOES DO PROFESSOR E A REVISÃO E REESCRITA DOS 
ALUNOS ............................................................................................................................... 63 
Argumentação: Uma introdução ........................................................................................... 75 
Argumento e contra-argumento: Um exemplo ...................................................................... 75 
40 EVIDÊNCIAS...................................................................................................... 75 
41 MODOS E TONS DA ARGUMENTAÇÃO .......................................................... 77 
42 EXEMPLOS DE TEXTOS ACADÊMICOS .......................................................... 78 
43 BIBLIOGRAFIA BÁSICA .................................................................................... 81 
BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR ..................................................................................... 81 
 
 
 
 
 
 
 
 
MORFOLOGIA DO PORTUGUÊS 
4 
 
1 AS PALAVRAS E SUA ESTRUTURA 
 
Estudar a estrutura é conhecer os elementos formadores das palavras. Assim, 
compreendemos melhor o significado de cada uma delas. Observe os exemplos abaixo: 
 
 
 
 cachorr-inh-a-s 
 brinc-a-mos cha-l-eira 
art-ista 
 
A análise destes exemplos mostra-nos que as palavras podem ser divididas em 
unidades menores, a que damos o nome de elementos mórficos ou morfemas. 
Vamos analisar a palavra "cachorrinhas": 
Nessa palavra observamos facilmente a existência de quatro elementos. São eles: 
cachorr - este é o elemento base da palavra, ou seja, aquele que contém o 
significado. 
inh - indica que a palavra é um diminutivo. 
a - indica que a palavra é feminina. s - indica que a palavra se encontra no plural. 
 
Morfemas são unidades mínimas de caráter significativo. 
Obs.: Existem palavras que não comportamdivisão em unidades menores, tais como: 
mar, sol, lua, etc. 
São elementos mórficos: 
1) Raiz, radical, tema: elementos básicos e significativos 
2) Afixos (prefixos, sufixos), desinência, vogal temática: elementos modificadores da 
significação dos primeiros 
3) Vogal de ligação, consoante de ligação: elementos de ligação ou eufônicos. 
 
O estudo dos morfemas compreende o estudo sobre a formação e a estrutura das 
palavras. O morfema é considerado a menor partícula de significação das palavras e pode ser 
classificado em seis tpos: Desinência, Raiz, Radical, Afixo, Tema e Vogal Temática. 
 
 
MORFOLOGIA DO PORTUGUÊS 
5 
 
 1.1 Classificação dos morfemas 
Radical: um morfema comum entre as palavras analisadas acima é escol-, que faz 
com que as palavras sejam da mesma família de significação, que são os cognatos. Essa é a 
parte da palavra responsável por sua significação principal. Afixos e sufixos: quando são 
colocados morfemas antes do radical, os morfemas recebem o nome de afixos, como é o caso 
de sub-escol-arização. Nesse caso, arização é o sufixo, o morfema vem depois do radical. 
 
• Desinências: é o morfema usado para indicar gênero e número para a desinência 
nominal ou modo, tempo e pessoa para desinência verbal. Rato = o – desinência 
nominal (gênero masculino); Amava = va – desinência verbal. 
• Tema: radical + vogal temática ou desinência nominal. Terra = terr (radical) + a 
(desinência nominal). 
• Vogais temáticas: são as vogais que possibilitam a ligação entre o radical e as 
desinências. Exemplos: amava: am - a - va pedisse: ped - i - sse carta: cart - a livro: livr 
- o mares: mar - e - s... 
• Vogais e consoantes de ligação: as vogais e consoantes de ligação são morfemas 
que aparecem por motivos eufônicos, ou seja, são usados para facilitar ou possibilitar a 
pronúncia de uma determinada palavra. Por exemplo: Café + Cultura: café-i-cultura. 
Paris + ense: Paris-i-ense. 
 
Quadro das principais desinências: 
 
 
 
 
MORFOLOGIA DO PORTUGUÊS 
6 
 
 
2 A LEITURA E SUA ESTRUTURA 
 
 
 
A leitura não deveria ser encarada como uma obrigação escolar, nem deveria ser 
selecionada, vamos dizer, na base do que ela tem de ensinamento, do que ela tem de 
"mensagem". A leitura deveria ser posta na escola como educação artística, ela devia posta 
na escola como uma atividade e não como uma lição, como uma aula, como uma tarefa. O 
texto não devia ser usado, por exemplo, para a aula de gramática, a não ser que fosse de 
uma maneira muito criativa, muito viva, muito engraçada, muito interessante, porque se assim 
não for faz com que a leitura fique parecendo uma obrigação [...]. (ROCHA, Ruth,1983, p. 4). 
A leitura é o alicerce do contexto escolar, abre caminhos, estimula o aluno, 
conscientiza, aprimora e expandi os conhecimentos. O texto tem um significado especial em 
nosso meio. O surgimento da linguagem e seu posterior desdobramento em múltiplas formas, 
entre elas as regras da escrita, marcam uma transição plena de significado para o meio atual. 
Por meio da palavra escrita, podemos auxiliar na transformação do mundo, podemos educar 
e influenciar as pessoas, positiva ou negativamente. Ler é fundamental para o ser humano, 
uma tarefa intrínseca no cotidiano educacional. A atividade da leitura, com o tempo, deve 
auxiliar na construção da personalidade e na descoberta de horizontes. Para que esse 
processo se realize, é preciso que alimentemos nossa inteligência com diferenciados gêneros 
textual, é necessário que ampliemos nosso horizonte cultural, para que possamos atingir a 
autonomia como sujeitos sociais e históricos. 
O ato de ler não é uma questão estritamente cognitiva. Envolve interações, afetos, 
rejeições, relações sociais e situações de ensino. Nesse processo, o sujeito participa e 
interage, recriando o texto de acordo com a sua percepção. Quando dizemos que, ao ler, 
acompanhamos o pensamento do autor, na verdade, o que estamos dizendo é que 
entendemos o texto imaginando-nos como seus produtores. O texto-produto é visto como um 
conjunto de pegadas a serem utilizadas para recapitular as estratégias do autor e através 
delas chegar a seus objetivos. (KATO, 1995, p. 57). 
Ler é navegar nas profundezas do imaginário social. Interpretar é ir além daquilo que 
possa ser visto. É como um iceberg: entender aquilo que está oculto, submerso. O significado 
Fonte: www.google.com.br 
 
 
MORFOLOGIA DO PORTUGUÊS 
7 
 
abstraído da leitura será singular para cada leitor e diferente para o mesmo em diferenciados 
momentos de vida. Essa pluralidade de significados de uma mesma leitura depende do 
interesse do leitor, das necessidades do momento, de seu poder de refletir sobre a 
intencionalidade da produção textual, de sua capacidade crítica de análise, de sua inferência. 
O leitor crítico participa do processo de leitura. Muito mais do que ter a capacidade 
de decifrar um código de sinais, a partir de um texto, é capaz de atribuir sentido a ele, de 
compreendê-lo, de interpretá-lo, de "relacioná-lo a outros textos, de reconhecer nele o tipo de 
leitura que seu autor pretendia e, dono de própria vontade, entregar-se a essa leitura, ou 
rebelar-se contra ela, propondo outra não prevista". (ZILBERMAN, 1985, p.17) 
A leitura, principalmente quando feita pelo prazer, estimula o desenvolvimento 
cognitivo do leitor. O leitor crítico, movido de intencionalidade, desvela o significado pretendido 
pelo autor, entretanto não se detém neste nível, ele reage, questiona, problematiza, aprecia, 
critica. Acredita que o mundo é passível de transformação e descobre-se como construtor 
desse mundo. Por meio do ato de decodificar e refletir, novos horizontes abrem-se para o 
leitor, visto que experimenta outros meios. 
A leitura crítica sempre gera expressão: o desvelamento do ser do leitor. Essa leitura 
é muito mais do que um simples processo de apropriação do significado; deve ser 
caracterizada como um projeto, pois se concretiza em uma proposta pensada pelo ser no 
mundo, dirigido ao outro em sua totalidade. 
 
3 LEITURA: UMA PERSPECTIVA DA ESCOLA PARA A FORMAÇAO CIDADÃ 
 
 
Assim como a linguagem é fenomenológica, a leitura deve ter a mesma importância 
para o contexto escolar e para a formação cidadã. A instituição de ensino é, em escala de 
importância, a segunda responsável pela abertura e ampliação dos caminhos do leitor em 
direção à leitura de textos; entretanto, para muitos ela fracassa. É perceptível que isso ocorre 
em consequência da brusca mudança na maneira de ler. O ato de ler, para o aluno, deve ser 
coletivo, compartilhado com a família, professores, colegas, prática que traz ao leitor 
encantamento. 
Quando se analisa a prática pedagógica na concepção de leitura percebe-se que a 
escola tanto quanto as famílias não contribuem para a construção de leitores de mundo e de 
Fonte: www.indyu.com.br 
 
 
MORFOLOGIA DO PORTUGUÊS 
8 
 
textos escritos. Os educadores estão preocupados mais com a decodificação das palavras, 
do que com a função delas nas frases, destas nos textos, e menos com o processo prazeroso 
de leitura, ou seja, com o sentido construído pelo leitor a partir dos textos, faz com que o leitor 
se distancie cada vez mais do ato de ler, cujo objetivo principal deveria ser a interpretação 
que parte da experiência de vida de cada um. 
A prática de leitura deve visualizar a pluralidade de leituras. É impossível a leitura de 
um texto de maneira única, cada leitura é inédita. Ainda, os diversos sentidos decorrerão do 
modo com os conteúdos são interpretados. Assim "os textos estão abertos a interpretações 
múltiplas, dependendo do intérprete" (Magalhães e Leal, 2004, p. 12). Quando do momento 
de leitura, em cada pessoa se despertará diferentes unidades significativas para a eficácia 
desta; seu horizonte de expectativas que tem relação com a sua formação familiar e escolar, 
enfim, sua formaçãosocial, seu nível de maturidade, sua cultura, sua relação com os meios 
de comunicação, com livros. 
O horizonte de experiência determinará a singularidade de cada leitura e por isso 
todas as leituras devem ser respeitadas mesmo que suas dimensões sejam diferentes para 
uns e outros. A leitura no contexto educacional não deve atender somente aos interesses 
didáticos, como deve contemplar, sobretudo, o interesse do aluno. A leitura na escola, 
geralmente, é realizada para atingir fins específicos, como ler para adquirir conhecimentos, 
ler para buscar respostas pala algum questionamento, para obter informações exatas, ler por 
prazer, para alimentar a imaginação. 
A leitura é uma forma de investigação, reflexão, rupturas e construção de ideias. A 
prática social determina a maneira como o leitor se porta diante da perspectiva de leitura. Para 
que proceda a uma boa produção textual é importante reconhecer a leitura como prática 
constitutiva da aprendizagem em todas as áreas do conhecimento de forma não segmentada. 
 
O PRAZER DE LER 
 
Ler não é somente decifrar uma série de letras encadeadas numa certa ordem para 
formar palavras e frases, ler e compreender o funcionamento da linguagem e do pensamento. 
Ora, a aprendizagem da leitura não passa muitas vezes duma afinação mecânica sem ligação 
funcional com a língua. René Lafite (1978). É sabido que a leitura é um ato extremamente 
cognitivo ligado diretamente à compreensão. São raríssimas as escolas que levam os alunos 
a amar e sentir prazer pela literatura: Segundo Rubem Alves, "Ler pode ser fonte de alegria" 
(ALVES, 2000, p.49). Assim se a leitura for trabalhada de forma mais dinâmica e diferenciada, 
pode ser prazerosa e proporciona alegria. Se os educadores oferecerem essa leitura 
prazerosa, ajudaria muito a melhorar a qualidade de vida das pessoas. Conforme os 
Parâmetros Curriculares Nacionais, "As pessoas aprendem a gostar de ler quando, de alguma 
forma, a qualidade de suas vidas melhora com a leitura" (BRASIL, 1998, p.36). 
Os educadores devem ser os mediadores principais para que o aluno descubra o 
prazer de ler. Segundo Barthes (p.21-22), "O texto que o senhor escreve tem que me dar 
prova de que ele me deseja". Todo texto a partir do momento que ele é escrito, ele quer ser 
desejado, devorado pelo seu leitor, e é esse o gosto que precisasse ter pela leitura, lendo 
além das palavras, nas entrelinhas, perfurando o texto, pensando e refletindo, com gosto pela 
leitura. 
Uma boa leitura abre caminhos para uma boa escrita, uma depende da outra, pois 
quando se produz um texto, precisa-se de uma referência para essa criação, pois quanto mais 
 
MORFOLOGIA DO PORTUGUÊS 
9 
 
se tem acesso à leitura, melhor se escreve. Mas nem sempre é dessa forma, pois é necessário 
que quando seja feita essa leitura, haja uma exploração, uma rasgadura do texto. A partir 
desta, consegue-se fazer uma conexão com outras obras, e então sim produzir um texto de 
qualidade. Para escrever são necessários argumentos e para tal, é preciso ler, mas ler com 
prazer. Na escola, o ato de ler deve ser algo diário e de uma forma que os leitores tenham 
curiosidade e gosto pela leitura. Os educadores são espelhos de seus educandos, logo, o 
professor que lê e gosta da leitura, dará bons exemplos, incentivando seus alunos a lerem. 
Os educandos não podem continuar sendo "ouvintes, que são apenas preenchidos 
pelos educadores" (FREIRE, 2003, p.93). Deve-se despertar o interesse e a curiosidade do 
aluno, para que ele vá ao encontro do livro. Pois não é o diploma, mas a leitura, a grande 
herança que a escola pode dar ao aluno, o que vai fazer ele se virar na vida. Mas, para 
conseguir isto, a escola precisa de formar o bom leitor, aquele que interesse pela leitura. O 
aluno que lê muito, logo chega a conclusões do bom senso e da verdade. 
Ninguém deve ser obrigado a gostar de ler. Cabe, então, aos educadores influir o 
melhor que puder para despertar o "adormecido" prazer pela leitura. "Formas de motivação 
verdadeira e um acompanhamento estimulante são "sempre" modos de ajudar o aluno a 
sentir-se em casa com o livro (e com qualquer outro objeto de arte)" CUNHA, 2003, p. 54. 
 
4 OS TIPOS DE LEITURA 
De acordo com Bamberger (1977, p. 36-38), os tipos de leitura são: 
• Leitura informativa: este tipo de leitura serve para expandir o conhecimento, auxiliar na 
informação funcional, nas curiosidades e necessidades de orientação para a vida 
• Leitura cognitiva: a leitura cognitiva é a leitura profunda, feita para o estudo de 
pesquisas, teses, exige resenha com argumentos. 
• Leitura literária: são as leituras de textos literários, romances, contos e outros, 
analisando os estilos, a forma, a narrativa, etc. 
• Leitura recreativa: é a leitura lazer, feita pelo prazer. 
• Leitura pretexto: feita com uma única finalidade, como a leitura de texto para a prova ou 
leitura de uma obra comentada para entender um texto. 
• Leitura corretiva: é realizada para correção de certas falhas, como erros ortográficos. 
 
Complementando os tipos de leitura, Geraldi (1989, p.19), destaca os seguintes tipos: 
 
• A leitura busca de informações: este tipo de leitura tem por objetivo básico buscar 
informações, que pode ser orientada de duas formas: a busca de informações sem 
roteiro, previamente elaborado, para observar as informações sem cobranças. Quanto 
ao nível de profundidade, neste tipo de leitura, pede-se para extrair informações de 
superfície ou de nível mais profundo. 
 
Neste segundo, o leitor deverá lançar mão de conhecimentos, informações já obtidas 
de outras leituras para que haja compreensão. 
 
MORFOLOGIA DO PORTUGUÊS 
10 
 
 
• A leitura estudo de texto: é a mais praticada nas aulas de outras disciplinas do que nas 
aulas de língua portuguesa, envolvendo as mais variadas formas de interlocução 
leitor/texto/autor. 
• A leitura fruição de texto: essa é a leitura feita por prazer, sem a cobrança do 
preenchimento de fichas, que a escola deveria adotar, sem importar ao aluno que livro 
ou texto ler, deixando-o tomar suas decisões sobre as leituras a fazer. 
 
Assim verifica-se que o leitor precisa possuir, além das competências fundamentais 
para o ato da leitura, o objetivo de ler, através da leitura crítica, decidir se o texto tem sentido, 
se é aplicável aos seus conhecimentos armazenados na memória. 
 
5 O TEXTO 
 
 
O texto é, 
pois, considerado um diálogo escrito, cujo objetivo é, assim como a linguagem, passar uma 
informação. Assim, tanto o texto e a competência textual são objetos de estudo Linguísticos. 
Segundo Fávero e Koch (1988, p.11), o texto é uma manifestação da linguagem que se 
manifesta de forma específica, e por essa razão que a linguística textual constitui um novo 
ramo da linguística que volta suas atenções para o texto. 
Para Koch (2000, p.22), o texto, é o resultado parcial de nossa atividade 
comunicativa, que compreende processos, operações e estratégias que têm lugar na mente 
humana, e que são postos em ação em situações concretas de interação social. Uma 
manifestação verbal constituída de elementos linguísticos selecionados e ordenados pelos 
falantes, durante a atividade verbal, de modo a permitir aos parceiros, na interação, não 
apenas a depreensão de conteúdos semânticos, em decorrência da ativação de processos e 
estratégias de ordem cognitiva, como também a interação (ou atuação) de acordo com 
práticas socioculturais. 
Com Costa Val (1994, p.03), temos o conceito de texto como "ocorrência linguística 
falada ou escrita de qualquer extensão, dotada de unidade sócio comunicativa, semântica e 
Fonte: www.sesc.ms.com 
 
 
MORFOLOGIA DO PORTUGUÊS 
11 
 
formal." Segundo esta cosmovisão adotada por Costa Val, um texto será bem compreendido 
quando avaliado sob três aspectos, assim sendo: 
 
• O aspecto pragmático, que tem a ver com seu funcionamento enquanto atuação 
informacionale comunicativa. Contribui para a construção do sentido do texto. 
• O aspecto semântico-conceitual, de que depende sua coerência, para que o texto seja 
percebido pelo recebedor como um todo significativo que tem algo a dizer. 
• O aspecto formal, que diz respeito à sua coesão. Neste aspecto os constituintes 
linguísticos do texto devem se mostrar reconhecivelmente integrados, de modo a 
permitir que ele seja percebido como um todo coeso. 
 
Partindo de tais princípios, o que faz com que um texto seja um texto e não um 
amontoado de frases aleatórias é um conjunto de características chamado de textualidade. 
Por esta razão, o fundamental para a textualidade é a relação coerente entre as idéias. A 
explicitação dessa relação através de recursos coesivos é útil, mas nem sempre obrigatória. 
Entretanto, uma vez presentes esses recursos devem ser usados de acordo com regras 
específicas, sob pena de reduzir a aceitabilidade do texto. (COSTA, Val, 1994. p.10). 
Os cinco fatores pragmáticos estudados por Beaugrande e Dressler (1981): os dois 
primeiros se referem aos protagonistas do ato de comunicação: a intencionalidade e a 
aceitabilidade, que servem para dar conta respectivamente dos emissores e das atitudes dos 
receptores. E os três últimos, situacionalidade, informatividade e intertextualidade, 
responsáveis pelo caráter do texto. 
 
• Intencionalidade: diz respeito ao empenho do produtor em construir um texto coerente, 
coeso e capaz de satisfazer as metas que tem em mente numa determinada 
comunicação, a intenção. 
• Aceitabilidade: diz respeito à expectativa do recebedor de que o conjunto de 
ocorrências com que se defronta seja um texto coerente, coeso, útil e relevante, capaz 
de levá-lo a adquirir conhecimentos ou a cooperar com os objetivos do produtor. 
• Situacionalidade: este fator pragmático diz respeito aos elementos responsáveis pela 
pertinência e relevância do texto quanto ao contexto em que ele acontece. É a 
adequação do texto à situação. O contexto define o sentido do texto, orientando tanto a 
produção quanto a recepção; 
• Informatividade: o interesse do receptor pelo texto vai depender do grau de 
informatividade de que o último é portador. O texto será tanto menos informativo quanto 
maior a previsibilidade. A informatividade exerce no texto papel importante na seleção 
e arranjo de alternativas, e dessa forma podendo facilitar ou dificultar o estabelecimento 
da coerência; 
• Intertextualidade: diz respeito aos fatores que fazem a utilização de um texto 
dependente do conhecimento de outro (s) texto (s), ou seja, são os "diálogos de textos", 
favorecendo na construção de sentidos convidando a leituras múltiplas, polissêmicas. 
 
MORFOLOGIA DO PORTUGUÊS 
12 
 
• Focalização: aspecto importante da produção e da compreensão de um texto, por ter 
relação direta com a questão do conhecimento de mundo e conhecimento partilhado. A 
focalização torna a comunicação eficiente e possível, por afetar a capacidade e a 
possibilidade do ouvinte de estabelecer a coerência de um texto interpretando-o 
convenientemente; 
• Relevância: Para esse fator, um texto é coerente quando o conjunto de enunciados que 
o compõem pode ser interpretado como tratando de um mesmo tópico discursivo. A 
relevância não se dá linearmente entre pares de enunciados, mas entre conjuntos de 
enunciados e um tópico discursivo; 
• Inferências: faz o uso para estabelecer uma relação, não explicita no texto, entre dois 
elementos desse texto. São importantes para a compreensão e o estabelecimento da 
coerência de um texto, pois fazem a ligação com o conhecimento de mundo. 
 
Esses elementos aqui apresentados remetem sobre o texto e sobre os fatores 
responsáveis pela textualidade visam esclarecer o quanto é importante o professor ter acesso 
a tais conhecimentos para que possa auxiliar na produção de textos, tendo assim, que 
considerar as marcas subjetivas que eles apresentam no texto escrito. Ainda, conceituando 
texto, a prática de produção textual foi apresentada por Geraldi (1997), a partir da concepção 
de linguagem como um diálogo de um indivíduo para revelar-se entre os outros, e não apenas 
como meio de comunicação e, também, por manisfetação de herança cultural. 
Transpondo essas argumentações para a o ensino da Língua Portuguesa, vêse a 
necessidade de um estudo mais aprofundado dos professores a respeito do que é um texto, 
como elaborar um texto escrito e quais os fatores responsáveis pela sua textualidade, para 
que possam auxiliar e capacitar seus alunos a serem escritores competentes. Ainda, 
conceituando texto, a prática de produção textual foi apresentada por Geraldi (1997), a partir 
da concepção de linguagem como um diálogo de um indivíduo para revelar-se entre os outros, 
e não apenas como meio de comunicação e, também, por manifestação de herança cultural. 
Mas para a elaboração de um texto coeso e coerente, não basta que ele forme um 
discurso escrito, é necessário também que domine os elementos responsáveis pela 
textualidade, que permitem que um texto seja reconhecido como uma totalidade semântica e 
não como um conjunto aleatório de fragmentos isolados. A elaboração do texto escrito é um 
processo que requer o cumprimento de um conjunto de procedimentos que auxiliarão no 
alcance de sua função comunicativa. 
 
 5.1 Os Tipos de Textos 
Em alguns estudos da linguística textual, tipo textual é uma noção que remete ao 
funcionamento da construção estrutural do texto, isto é, um texto, pertencente a um dado 
gênero discursivo, pode trazer na sua configuração vários tipos textuais como narração, 
descrição, dissertação/argumentação e injunção, os quais confeccionam a tessitura do texto, 
ou, para citar Bakhtin, constituem a estrutura composicional do texto segundo os padrões do 
gênero. Assim, são os tipos de textos: 
• Narração: quando há a intenção de contar, apresentar os fatos, os acontecimentos, 
numa sequência de ações realizadas temporalmente, numa relação de causa e efeito. 
 
MORFOLOGIA DO PORTUGUÊS 
13 
 
• Descrição: consiste na intenção de caracterizar, dizer como é o objeto descrito, fazendo 
conhecê-lo, por seus aspectos; 
• Dissertação/argumentação: quando há a intenção de efetuar uma reflexão, 
explicação, avaliação, comentário, conceituação ou exposição de idéias, pontos de 
vista, que constituem uma tese; 
• Injunção: quando se exercita o valor da persuasão, incita-se a realização de uma 
determinada ação por parte do interlocutor, ou seja, faz-se agir sobre o outro. 
 
6 O TEXTO E A LEITURA 
Escrever (e ler) é como submergir num abismo em que acreditamos ter descoberto 
objetos maravilhosos. Quando voltamos à superfície, só trazemos pedras comuns e pedaços 
de vidro e algo assim como uma inquietude no olhar. O escrito (e o lido) não é senão um traço 
visível e sempre decepcionante de uma aventura que, enfim, se revelou impossível. E, no 
entanto, voltamos transformados. Nossos olhos aprendem uma nova insatisfação e não 
acostumam mais à falta de brilho e de mistério daquilo que se nos oferece à luz do dia. E algo 
em nosso peito nos diz que, na profundidade, ainda resplandece, imutável e desconhecido, o 
tesouro. (LARROSA, 2004, p. 160, grifo nosso). 
É sabido que no contexto educacional, a leitura melhora a qualidade do ensino. Na 
relação dialógica, a noção de texto não se refere apenas ao discurso que está colocado pelo 
autor, porque, em todo texto, está inscrito um leitor que, no ato da leitura, continua o processo 
de reconstrução de sentidos. Isto é, o texto ultrapassa o lugar de interação, ele é uma unidade 
de significação que se vale do sistema da língua para a produção de sentido. Dessa forma, a 
leitura consiste em um processo de produção de sentidos. A leitura e o texto acontecem por 
meio de diálogos estabelecidos entre autor e leitor. Assim compreendida, a leitura do ato de 
simples ato de decodificação. Nesse aspectoo conteúdo textual é visto como um produto 
previamente definido e finalizado, sendo possível apenas apreender o sentido proposto pelo 
autor. Em outras palavras, o texto se apresenta como tenho um único sentido, sendo que 
relação existente entre autor e leitor está explicitamente delimitada e se caracteriza pela 
reprodução. Para se apropria do da essência e sentido do texto, o processo educativo se 
reduziria apenas em desenvolver técnicas derivadas do conhecimento linguístico. 
Bakhtin (1979), afirma que o leitor se institui no texto em dois níveis: o nível 
linguístico-semântico e o nível pragmático. Neste, o texto significa objeto vinculador de uma 
mensagem, que está atento ao seu destinatário, pois o próprio texto contém estratégias que 
possibilitam a comunicação. Naquele, o texto é tomado como uma potencialidade significativa 
que, no ato da leitura, se atualiza. O leitor que está instituído no texto é capaz de reconstruir 
o universo representado a partir das indicações, pistas gramaticais, que lhes são oferecidas. 
Nesse sentido, é na dinâmica da leitura e no trabalho de elaboração de sentido que se dá 
concretude ao texto. 
A concepção de leitura, como um espaço de criação de sentidos vinculados ao 
contexto, torna-se relevante para nossa pesquisa, porque possibilita a aproximação com os 
pressupostos da concepção de linguagem de perspectiva bakhtiniana. Dessa forma, partilho 
a ideia com os autores quando argumentam que a atividade de leitura não pode ser percebida 
como reconhecimento das ideias do autor pelo leitor, mas como um processo de compreensão 
em que estão envolvidos sujeitos que dialogam entre si por meio de textos. Esse diálogo é 
feito devido às pistas deixadas no texto pelo autor, que desencadearam o processo de 
compreensão. Assim, segundo a concepção Bakhtiniana (1986), temos o texto como um 
 
MORFOLOGIA DO PORTUGUÊS 
14 
 
discurso escrito que, também, fará parte de um diálogo. Diálogo que remete respostas às 
perguntas, ou seja, um discurso que escrito se instaura na linguagem. 
 
7 A PRODUÇÃO DE TEXTOS 
Para que a produção textual ocorra de uma forma espontânea, é necessário ter 
conhecimento daquilo que será escrito. Assim, a pesquisa é algo intrínseco para o sucesso 
da produção textual. Segundo os PCNs, o trabalho com produção de textos tem como 
finalidade formar escritores competentes capazes de produzir textos coerentes, coesos e 
eficazes. Um escritor competente é alguém que planeja o discurso, que sabe esquematizar 
suas anotações para estudar um assunto e sabe expressar por escrito seus sentimentos, 
experiências ou opiniões. 
O educador não deve ensinar a escrever somente por meio de práticas centradas 
nas regras gramaticais. É preciso que ele ofereça aos alunos inúmeras formas para que 
aprendam a escrever em semelhança às formas que qualificam a escrita fora da escola, 
envolvendo sempre assuntos atuais, valorizando sempre a cultura. Sabe-se que o melhor 
procedimento para a escrita é aprender a escrever, escrevendo. 
Aprender a escrever pressupõe o amplo contato com a diversidade de textos escritos, 
arriscar-se a fazer como consegue e receber ajuda de quem já sabe escrever. Para se formar 
escritores competentes é preciso trabalhar bem o tema proposto, envolvendo todos os 
aspectos: social, cultural, político e religioso, assim, esses fatores facilitarão na produção de 
textos coesos. Tradicionalmente, a produção de textos escolares foi chamada de redação, 
estabelecendo, na verdade, uma redução da tarefa, do seu processo de criação ao seu 
produto, ou resultado final. Assim, o trabalho escolar fica limitado ao ensino de técnicas e, de 
acordo com Ramos (2002) não se apropria das relações de interlocução entre sujeitos. Sabe 
que, na escola, o professor não tem outro interesse, na maioria das vezes, se não o de 
detectar e corrigir os erros de redação, principalmente da ótica gramatical. Fazendo diante 
destas condições, o fracasso escolar. 
A imagem criada pelo estudante resulta do caráter repressivo e valorativo da escola. 
Ante tal interlocutor, o estudante sente-se impelido a mostrar que "sabe" e a negar sua 
capacidade linguística [...]. A consequência disso [...] é uma aplicação de modelos 
preestabelecidos pelos valores sociais privilegiados. (RAMOS, 2002, p. 14). Para 
compreender um texto é necessário que o aprendiz tenha um mínimo de conhecimento 
organizado sobre o assunto proposto. Para compreender um texto, é necessário entender 
também que o texto escrito, muitas vezes é marcado pela condição histórica, social e cultural 
do produtor, é compreender o produtor para compreender o seu texto produzido, como afirma 
Geraldi (1996, p. 28): Pode-se dizer que o trabalho linguístico é tipicamente um trabalho 
constitutivo: tanto da própria linguagem e das línguas particulares quanto dos sujeitos, cujas 
consciências significas se formam como conjunto das noções que, por circularem nos 
discursos produzidos nas interações de que os sujeitos participam, são por eles 
internalizados. 
A produção de texto é sempre resultado daquilo que se sabe, daquilo que se aprende 
e de um conjunto de relações e conhecimentos. Os conhecimentos linguísticos que se possui 
influenciam fortemente os textos produzidos. É preciso instaurar uma consciência dialógica 
que só será possível, quando aquele que ensina esforce-se para constituir-se também como 
interagente. A produção de texto tem o sentido de garantir a escrita como um bem cultural, no 
processo de ampliação e compreensão do mundo, é através do diálogo e compreensão que 
a aprendizagem se torna cada vez melhor. O que precisamos deixar claro é que o "querer 
 
MORFOLOGIA DO PORTUGUÊS 
15 
 
dizer" do autor não pode ser suplantado pelos "quereres" escolares que, na maioria das vezes, 
afastam o aprendiz de sua condição de um sujeito que produz textos. É preciso entender que, 
na escola o texto produzido pelo aluno, no cumprimento de uma tarefa solicitada pelo 
professor, raramente cumpre um papel interlocutivo, isto é, não se escreve para que o outro 
leia e interaja com o produtor do texto. 
Conforme Geraldi (1993) autor na produção dos discursos, o sujeito articula, em 
tempo e espaço, um ponto de vista sobre o mundo. Assim, para se produzir um texto que faça 
sentido esse sujeito precisa reunir cinco condições, sem as quais, não será capaz de interagir 
e se fazer entender. Trata-se de: a) ter o que dizer; b) ter um motivo para dizer o que se diz; 
c) ter para quem dizer; d) o produtor se constitua como locutor, como autor mesmo do próprio 
texto; e) se escolham as estratégias para realizar a tarefa. 
 
 
8 NOÇÕES ESTRUTURA E CONTEÚDO COESÃO, COERÊNCIA, CLAREZA E 
ADEQUAÇÃO 
Geralmente, pessoas que não possuem o hábito da leitura como atividade social, 
julga, deduz, pondera, imagina ou pensa que um texto, é um conjunto de palavras escritas 
em papel, para serem lidas, recitadas, encenadas, etc... . No entanto, a esse conjunto de 
palavras, o homem dá um sentido mais amplo, mais abrangente, de maior dimensão. 
O homem, em sua necessidade inerente de interagir com o outro e com a 
sociedade, inventou diversas formas de transmitir mensagens tendo em vista melhorar 
seu entendimento. Nós nos comunicamos através de símbolos (aquilo que sugere ou 
substitui algo) convencionados, cores, som, gestos, expressões fisionômicas, cartazes, 
filmes, e, também, códigos de linguagem escrita. E tudo isso é texto. 
 
 
 
Fo nte: www.google.com.br 
 
 
MORFOLOGIA DO PORTUGUÊS 
16 
 
Textum, vem do latim, que significa “teia”. Logo, escrever é tecer uma rede onde fios 
se solidarizam, de forma que cada um deles torne-se um elo indispensável, entrelaçando-se 
em sequência formando simplificadamente um conjunto de ideias imbuídas de significado, 
transmitidas de alguém para alguém e que não se restringe à linguagem escrita. É todo tipo 
de comunicação. É um tecido, numa teia bem trançada,nela, o leitor fica agradavelmente 
preso, pois uma ideia pede outra, uma ação leva à outra, e todos os parágrafos ou versos 
enroscam-se numa relação de dependência, como fios de um pano. 
Ao chegarmos a determinado lugar ou local, e avistarmos uma placa com o desenho 
de um cigarro e uma tarja vermelha, entendemos, imediatamente, a mensagem sugerida pela 
figura. Essa figura padrão constitui um exemplo de texto não-verbal. Mas há outros, a vida é 
riquíssima deles. Estão em grandes quantidades e, sob os olhares das pessoas. São vistos 
nas placas de trânsito, em gestos convencionados que fazemos com as mãos..., assim, um 
texto não é necessariamente a palavra escrita e juntada umas às outras; mais especificamente 
“texto não é um aglomerado de frases”. 
Por isso, não basta um aglomerado de letras, juntar palavras ao acaso, juntar frases 
feitas para termos um texto pronto. É preciso haver uma lógica interna, garantida por dois 
mecanismos que são a pedra no sapato de muita gente: coesão e coerência, as quais serão 
vistas mais adiante. No sentido mais abrangente a definição de texto ou, produção textual é 
mais bem compreendida como um fenômeno de produção da linguagem sistemática de 
comunicar ideias ou sentimento através dos signos convencionais, sonoros, gráficos, 
gestuais, etc. e, caracteriza-se por aquilo que designa a palavra texto como um enunciado 
qualquer, oral ou escrito, longo ou breve, antigo ou moderno, que na visão de Guimarães 
(2000.14) concretiza-se suma cadeia sintagmática de extensão muito variável, podendo ser 
um enunciado único tanto quanto um segmento de grandes proporções. 
Portanto, texto ou discurso evidencia-se como linguagem em uso através de uma 
frase, um diálogo, um provérbio, um verso, uma estrofe, um poema, um romance e outros 
que, quando limitados às fronteiras da linguagem verbal, escrita, imagética, musical, teatral, 
coreográfica e muitas outras, o texto ou discurso, é um processo que engloba as relações 
sintagmáticas de qualquer sistema de signo, produzindo a ocorrência linguística falada ou 
escrita, de qualquer extensão, dotada de unidade sócio comunicativa, semântica e formal que 
tem um papel determinante na produção e recepção da linguagem. 
O texto possui como papel determinante em sua produção e recepção uma série de 
fatores pragmáticos que contribuem para a construção de seu sentido e possibilita seu 
reconhecimento como um emprego normal do uso da língua como atividade social. Logo, são 
considerados elementos fundamentais do processo peculiar de atos comunicativos: as 
intenções do produtor; o jogo de imagens que cada um dos interlocutores faz de si, do outro, 
e do outro com relação a si mesmo e ao tema do discurso; o espaço da perceptibilidade visual 
e acústica comum, a comunicação face a face, podendo ser pertinente numa situação e não 
ser em outra. 
Desse modo é pertinente o contexto sociocultural em que se insere o discurso tanto 
na sua produção como em sua recepção, pois à medida que este é inserido, delimita o 
conhecimento partilhado pelos interlocutores, inclusive quando as regras sócias interativas de 
comunicação como (variações de registro; tom de voz, postura, etiqueta sócio comunicativa) 
são elementos constituinte de seu sentido. Vale ressaltar que contexto é, a relação entre o 
texto e a situação em que ele ocorre, ou seja, é o conjunto de circunstâncias em que a 
mensagem é produzida em determinado tempo e lugar de forma a permitir sua compreensão, 
ou, pela cultura do emissor e receptor, etc. 
 
MORFOLOGIA DO PORTUGUÊS 
17 
 
Vê-se então, que o texto ou discurso, de um lado, é nas palavras de Guimarães 
(2000.5) um sistema de linguagem hierarquizado de configurações estruturadas internas; de 
outro, como um objeto aberto, plural, dialogante, ligado ao contexto verbal e extra verbal em 
que se deduz seu significado global emergente das relações fonológicas, morfológicas, 
sintáticas semânticas e pragmáticas que estão na base do complexo sistema que é a 
linguagem em uso, na qual texto ou discurso é tomado como sinonímia, pois, se pode 
empregar um termo ou outro. Pode-se inferir que o texto ou discurso se caracteriza por sua 
unidade formal, material, numa ocorrência linguística falada, escrita ou gestual de qualquer 
extensão, significado ou importância em que seus constituintes linguísticos devem se mostrar 
reconhecivelmente integrados de modo a permitir que seja percebido como um todo coeso. 
Assim, um texto será bem compreendido quando percebido pelo interlocutor sob três 
aspectos: 
 
• O pragmático, que tem a ver com seu funcionamento enquanto atuação informacional e 
comunicativa em que se insere o discurso (conjunto de normas). 
• O semântico conceitual em que depende sua coerência. 
• O formal, que diz respeito a sua coesão. 
 
O conceito de texto aqui entendido enquanto produção, criação, teoria ou faculdade 
de compreensão da linguagem falada, escrita, sinalizada, coloquial e outras, não pode ser 
vista como algo que se constrói individualmente, mas como uma prática social de determinada 
época, em determinada sociedade. Pois o homem, na comunicação, utiliza-se de sinais 
devidamente organizados, emitindo-os como mensagens em que se envolvem emissor e 
receptor. Vale ressaltar que qualquer mensagem precisa de um meio transmissor, o qual se 
pode chamar de canal de comunicação e refere-se a um contexto ou uma situação em que 
estão envolvidos os elementos da comunicação. 
Vale revelar que na linguagem coloquial, ou seja, na linguagem cotidiana entre os 
homens de sociedade diferenciada, usam-se as palavras conforme as situações ou contexto 
a que são inseridas ou se apresentam. Exemplo: “isso é um castelo de areia” uma expressão 
na qual pode estar inserida uma faculdade de agir denotativa ou conotativa. Denotativamente 
a expressão citada refere-se a uma construção feita na areia de uma praia qualquer, em forma 
de castelo; conotativamente apresenta-se como uma expressão que traduz o significado de 
uma ocorrência sem solidez ou de caracterizam como material de pouca resistência sujeito a 
mudança rápida ou, fácil de ser derrubado. Temos, portanto, o seguinte: 
 
• Denotação: é o uso do signo em seu sentido real; 
• Conotação: é ouso do signo em sentido figurado, simbólico. 
 
Para que seja cumprida a função social da linguagem em uso como processo sócio 
comunicativo, ou seja, para que um texto seja percebido como um todo há necessidade que 
as palavras tenham significado, ou seja, que cada palavra apresente um conceito. A essa 
combinação de conceito e palavra denomina-se signo. O signo linguístico une um elemento 
concreto, material, perceptível (um som ou letras impressas) chamado significante, a um 
elemento inteligível (o conceito) ou imagem mental, chamado significado. Portanto, pode-se 
 
MORFOLOGIA DO PORTUGUÊS 
18 
 
tomar como exemplificação de significante e significado o fruto da abobeira que sozinho nada 
representa, é apenas uma imagem material, o significante, mas se nela “abóbora” for 
colocado: olhos, nariz e boca, passa a representar o dia das bruxas, do halloween, 
caracterizando assim o uso da linguagem como funções, ou papel a desempenhar pelo 
individuo ou instituição na transmissão ou recepção de mensagem, Logo: 
 
Signo = significante + significado. 
Significado = idéia ou conceito (inteligível) 
 
9 FLEXÃO E CATEGORIAS GRAMATICAIS 
A coesão de um texto depende muito da relação entre as orações que formam os 
períodos e os parágrafos. Os períodos compostos precisam ser relacionados por meio de 
conectivos adequados, se não quisermos torná-los incompreensíveis. Para cada tipo de 
relação que se pretende estabelecer entre duas orações, existe uma conjunção que se adapta 
perfeitamente a ela. Por exemplo, a conjunção, mas só deve ser usada para estabelecer uma 
relação de oposição entre dois enunciados. Porém, se houver uma relação de adição ou ideiade concessão, a conjunção deverá ser outra. 
 
 
 
 
Os Conectivos ou elementos de coesão são todas as palavras ou expressões que 
servem para estabelecer elos, para criar relações entre segmentos do discurso, tais como: 
então, portanto, já que, com efeito, porque, ora, mas, assim, daí, aí, dessa forma, isto é, 
embora e tantas outras. Ao lado da coerência, a coesão é um requisito relevante para que 
sua redação seja clara, eficiente. A coesão textual pode conseguir-se mediante quatro 
procedimentos gramaticais elementares: 
Fonte: www.descomplica.com.br 
 
 
MORFOLOGIA DO PORTUGUÊS 
19 
 
 
• Substituição: quando uma palavra ou expressão substitui outras anteriores: O Rui foi 
ao cinema. Ele não gostou do filme. 
• Reiteração: quando se repetem formas no texto: E um beijo?! E um beijo do seu 
filhinho?! - Quando dará beijos o meu menino?! (Fialho de Almeida) 
 
A reiteração pode ser lexical (“E um beijo”) ou semântica (“filhinho”/”menino”). 
 Conjunção: quando uma palavra, expressão ou oração se relaciona com outros 
antecedentes por meio de conectores gramaticais: O cão da Teresa desapareceu. A 
partir daí, não mais se sentiu segura. 
 
A partir do momento em que o seu cão desapareceu, a Teresa não mais se sentiu 
segura. 
 
 Concordância: quando se obtém uma sequência gramaticalmente lógica, em que todos 
os elementos concordam entre si (tempos e modos verbais correlacionados; regências 
verbais corretas, gênero gramatical corretamente atribuído, coordenação e 
subordinação entre orações): 
 
Cheguei, vi e venci. 
Primeiro vou tomar banho, escovar os dentes, depois vou para a cama. 
 
A coesão textual pode ser feita através de termos que retomam palavras, expressões 
ou frases já ditas anteriormente ("anáfora") ou antecipam o que vai ser dito ("catáfora"). A 
coesão por retomada ou antecipação pode ser feita por: pronomes, verbos, numerais, 
advérbios, substantivos, adjetivos. A coesão por encadeamento pode ser feita por conexão 
ou por justaposição. A coesão por conexão traz elementos que: 
 
• Fazem uma gradação na direção de uma conclusão: "até", "mesmo", 
"inclusive" etc.; 
• Argumentam em direção a conclusões opostas: "caso contrário", "ou", "ou então", 
"quer... quer"; etc.; 
• Ligam argumentos em favor de uma mesma conclusão: "e", "também", "ainda", "nem", 
"não só..., mas também" etc.; 
• Fazem comparação de superioridade, de inferioridade ou igualdade: "mais... do que", 
"menos... do que", "tanto... quanto", etc. 
• Justificam ou explicam o que foi dito: "porque", "já que", "que", “pois”, etc.; 
• Introduzem uma conclusão: portanto, logo, por conseguinte, pois, etc.; 
 
MORFOLOGIA DO PORTUGUÊS 
20 
 
• Contrapõem argumentos: "mas", "porém", "todavia", "contudo", "entretanto", "no 
entanto", "embora", "ainda que" etc.; 
• Indicam uma generalização do que já foi dito: "de fato", "aliás", "realmente", "também" 
etc.; 
• Introduzem argumento decisivo: "aliás", "além disso", "ademais", "além de tudo" etc.; 
• Trazem uma correção ou reforçam o conteúdo do já dito: "ou melhor", "ao contrário", "de 
fato", "isto é", "quer dizer", "ou seja", etc.; 
• Trazem uma confirmação ou explicitação: "assim", "dessa maneira", "desse modo", etc.; 
• Especificam ou exemplificam o que foi dito: "por exemplo", como, etc. 
 
Os elementos coesivos por justaposição estabelecem a sequência do texto, ou seja: 
• Introduzem o tema ou indicam mudança de assunto: "a propósito", "por falar nisso", 
"mas voltando ao assunto" etc.; 
• Marcam a sequência temporal: "cinco anos depois", "um pouco mais tarde", etc.; 
• Indicam a ordenação espacial: "à direita", "na frente", "atrás", etc.; 
• Indicam a ordem dos assuntos do texto: "primeiramente", "a seguir", "finalmente", etc.; 
 
Para analisar o papel da coesão na construção do sentido de um texto, é necessário 
a correlação entre os provérbios e os elementos coesivos respectivos, de modo a preencher 
as lacunas, de tal forma que haja coerência entre as duas partes que constituem um texto: 
ver o exemplo: 
 
TEXTO: A LEI 
A lei é um absurdo do começo ao fim. Primeiro, porque permite aos moradores 
da superquadra isolar uma área pública, não permitindo que os demais habitantes 
transitem por ali. Segundo, o projeto não repassa aos moradores o custo disso, ou seja, 
a responsabilidade pela coleta do lixo, pelos serviços de água e luz e pela instalação de 
telefones. Pelo contrário, a taxa de limpeza pública seria reduzida para os moradores. 
Além disso, a aprovação do texto foi obtida mediante emprego de argumentos falsos. 
(Revista VEJA, julho /97) 
 
 
ANÁLISE TEXTUAL: 
Para que se possa analisar a existência de coesão textual é necessário que se tenha 
conhecimento sobre elementos coesivos do texto e conhecimento de mundo sobre texto e 
intertextualidade. Koch (2009) nos remete a seu argumento de que é lícito concluir, portanto, 
que o termo texto pode ser tomado em duas acepções: texto em sentido lato designa toda e 
 
MORFOLOGIA DO PORTUGUÊS 
21 
 
qualquer manifestação da capacidade textual do ser humano; em sentido estrito, consiste em 
qualquer passagem, falada ou escrita, que forma todo um significativo, independentemente 
de sua extensão. 
Em sua contínua explanação a autora diz que a coesão pode ser descrita como um 
fenômeno que diz respeito ao modo como os elementos linguísticos presentes na superfície 
textual encontram-se interligados, por meio de recursos, também linguísticos, formando 
sequência veiculadoras de sentido. Com base no exposto, podem-se apresentar no texto 
abaixo alguns elementos que sinalizam para o fenômeno que se denomina coesão textual 
existentes na matéria veiculada pela Revista VEJA, em julho / 97. 
Podem-se comprovar analisando o texto acima alguns mecanismos da coesão 
textual como em: primeiro e segundo, elementos coesivos demonstrativos que indicam a 
ordem dos argumentos; ali elemento coesivo pronominal 
demonstrativo de lugar que faz referência a área pública, anteriormente citada; disso 
referencial demonstrativo que retoma o que é considerado um absurdo dentro da lei; ou seja 
e pelo contrário são conectores que introduzem uma retificação, uma correção relacionada a 
nominalização absurdo dada a lei; além disso elemento que tem por função acrescentar mais 
um argumento ao que está sendo discutido; texto elemento coesivo de substituição que tem 
como referente a lei; demais conectivo referencial adverbial que remete a um referente 
secundário que são os moradores proibidos de transitar pela superquadra; permitindo e 
transitem elementos coesivos verbais que fazem referências ao deslocamento dos habitantes 
que não são os da superquadra. 
Pela forma em que o texto a lei foi apresentado, percebe-se que a coesão pode 
estabelecer relações de sentido tornando-se responsável pela continuidade dos sentidos no 
texto como uma complexa rede de fatores de ordem linguística, cognitiva e interacional. 
Elementos coesivos: primeiro, segundo, ali, disso, ou seja, pelo contrário, além disso, 
permitindo, transitem, demais, texto, projeto, absurdo. 
 
10 COERÊNCIA 
A coerência resulta da configuração que assumem os conceitos e relações 
subjacentes à superfície textual. Ela é considerada o fator fundamental da textualidade, 
porque é responsável pelo sentido do texto. Envolve não só aspectos lógicos e semânticos, 
mas também cognitivos, na medida em que depende do partilhar de conhecimentos entre os 
interlocutores. Antunes (2005. p.176) nos ensina que a coerência é uma propriedade ou peça 
comunicativa que tem a ver com o funcionamento do texto como meio de interação verbal e, 
não se pode avaliar a coerência de um texto se for levado em conta às formas como as 
palavras aparecem no texto. Logo, um discurso é aceito como coerente quando apresenta 
uma configuração conceitual compatível com o conhecimento de mundo do receptor. 
Vale revelarque o sentido do texto é construído não somente pelo produtor como 
também pelo receptor, que precisa deter os conhecimentos necessários a sua interpretação. 
O produtor do discurso não ignora a participação do interlocutor e conta com ela. É fácil 
verificar que grande parte dos conhecimentos necessários à compreensão do texto não vem 
explícita, mas fica dependente da capacidade de pressuposição e inferência do receptor. 
Assim, a coerência do texto deriva de sua lógica interna, resultante dos significados que sua 
rede de conceitos e relações põe em jogo, mas também, da compatibilidade entre essa rede 
conceitual, o mundo textual e o conhecimento de mundo daqueles que processam os 
discursos, daqueles que decodificam, compreendem e interpretam os significados das 
 
MORFOLOGIA DO PORTUGUÊS 
22 
 
palavras. Isso equivale à compreensão de que um texto é coerente quando é possível sua 
interpretação. 
Para que um texto seja coerente existem condições de interpretabilidade ligadas 
diretamente a ele, como o conhecimento e o uso adequado dos recursos léxicos e gramaticais 
da língua. Se alguém ouvisse ou lesse coisas como: 
 
Exemplo: 
• Quem tem uma foto importada de 1000 cc, que custa US$ 20.000, não vai expô-la ao 
trânsito de uma cidade como São Paulo. (Platão e Fiorin). 
• João venceu a luta, apesar de ser o mais forte dos lutadores. (Platão e Fiorin) 
 
Um leitor experiente não hesitaria em classificá-las como incoerentes. No primeiro 
caso, houve o uso inadequado de uma palavra do léxico. Basta trocar a palavra foto pela 
palavra moto que o texto fica coerente. No segundo caso, houve uma falha gramatical. A 
conjunção apesar de não está adequada para unir as duas idéias expostas no texto. Se a 
substituirmos pela conjunção pois tudo volta a ficar bem, em uma outra versão como: 
 
João venceu a luta, pois era o mais forte dos lutadores. 
 
A coerência de um texto depende de fatores pragmáticos como a intencionalidade, a 
aceitabilidade, a situacionalidade, a informatividade e a intertextualidade, e outros, como os 
elementos contextualizadores que são data, local, assinatura, elementos gráficos etc., 
envolvidos no processo sócio comunicativo. E também do conhecimento de mundo do leitor, 
alguém que não possua conhecimento sobre um tema tratado terá mais dificuldades para 
entender a contextualização em que este se dá. 
Importante elemento para a compreensão de um texto, a coerência textual é 
construída através dos conhecimentos sócio cognitivos de cada leitor. Quando você se propõe 
a escrever um texto, certamente se lembra de quem vai ler, não é verdade? Provavelmente, 
você também se lembra de que alguns cuidados devem ser tomados para que o leitor 
compreenda o texto. Nessa tentativa de fazer-se compreendido, você estabelece alguns 
padrões mentais que diferem o que é coerente daquilo que não faz o menor sentido, certo? 
Pois bem, intuitivamente, você está seguindo um princípio básico para uma boa 
redação, chamado de coerência textual. Você pode até não conhecer a exata definição desse 
elemento da linguística textual, mas possivelmente evita construções ininteligíveis em sua 
redação e recorre aos seus conhecimentos sócio cognitivos. A coerência é uma conformidade 
entre fatos ou ideias, próprio daquilo que tem nexo, conexão, portanto, podemos associá-la 
ao processo de construção de sentidos do texto e à articulação das ideias. Por serem os 
sentidos elementos subjetivos, podemos dizer que a coerência não pode ser delimitada, pois 
o leitor é o responsável pela constituição dos significados do texto. 
A coerência é imaterial e não está na superfície textual. Compreender aquilo que está 
escrito dependerá dos níveis de interação entre o leitor, o autor e o texto. Por esse motivo, 
um mesmo texto pode apresentar múltiplas interpretações. Quando lemos um texto, estamos 
ao mesmo tempo construindo sua interpretação, e fazer isso de maneira eficiente está 
relacionado com os conhecimentos que já possuímos. Como vamos entender um texto que 
https://mundoeducacao.bol.uol.com.br/redacao/articulacao-ideias-um-fator-textualidade.htm
https://mundoeducacao.bol.uol.com.br/redacao/articulacao-ideias-um-fator-textualidade.htm
 
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trate de química nuclear se não soubermos o que são os elementos da tabela periódica? 
Como entender um texto que fale sobre coerência se não soubermos o básico sobre a 
interpretação de textos? 
Três princípios básicos são necessários para compreendermos melhor o que é 
coerência textual: 
 
1) Princípio da Não Contradição: Um texto deve apresentar situações ou ideias lógicas 
que em momento algum se contradigam; 
2) Princípio da Não Tautologia: A tautologia nada mais é do que um vício de linguagem 
que repete ideias com palavras diferentes ao longo do texto, o que compromete a 
transmissão da informação; 
3) Princípio da Relevância: Um texto com informações fragmentadas torna as ideias 
incoerentes, ainda que cada fragmento apresente certa coerência individual. Se as 
ideias não dialogam entre si, então elas são irrelevantes. 
 
É importante ressaltarmos que o uso adequado dos conectivos também colabora na 
construção de um texto coerente: a coesão textual é um importante mecanismo de 
estruturação do texto, presente em dois movimentos essenciais: restrospecção e prospecção. 
Lembre-se de que a coerência é um princípio de interpretabilidade, portanto, cabe a você 
depreender os sentidos do texto. 
 
10.1 Clareza Textual 
Escrever nem sempre é tarefa fácil, mas existem algumas dicas que podem ajudar 
os menos hábeis com as palavras. Escrever um texto pode ser uma tarefa muito complicada 
para a maioria dos falantes. A arte de ajeitar palavras requer uma habilidade linguística que 
infelizmente nem todos têm, sobretudo aqueles que, por diversos motivos, não cultivam o 
hábito da leitura. Apesar dessa dificuldade, existem algumas técnicas que fazem da escrita 
uma missão possível, e conhecê-las é fundamental para quem quer escrever – ou precisa 
escrever –, mas sempre fica com milhares de dúvidas na cabeça. 
A intenção dos atos de escrita e fala é estabelecer comunicação e, para que ela 
aconteça, é indispensável que a mensagem seja elaborada de forma compreensível. É nessa 
hora que lançamos mão de um recurso importantíssimo, a clareza textual. Mas será que você 
sabe o que ela é? A clareza textual está relacionada à coerência e à coesão, dois recursos 
que não devem faltar em um bom texto. Ela diz respeito à maneira como as ideias são 
organizadas a fim de que o objetivo final seja alcançado: a compreensão textual. O Mundo 
Educação elaborou dicas sobre clareza textual que vão ajudá-lo na transmissão de seus 
argumentos e ideias de maneira eficiente e objetiva. Siga nosso passo a passo e elimine 
possíveis erros que prejudiquem a compreensão de seu texto. 
 
Dicas para a clareza textual: 
• Fique por dentro do tema: Para ficar preparado para discorrer sobre qualquer assunto, 
você deve manter-se informado; revistas, jornais impressos e conteúdos virtuais de 
https://mundoeducacao.bol.uol.com.br/redacao/uso-adequado-dos-conectivos.htm
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https://mundoeducacao.bol.uol.com.br/redacao/coesao-coerencia.htm
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https://mundoeducacao.bol.uol.com.br/redacao/como-produzir-um-bom-texto.htm
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fontes confiáveis são indispensáveis.O domínio sobre o tema influi diretamente na 
clareza da escrita. 
• Períodos longos X Períodos curtos: Para construir períodos curtos, pontue mais. 
Frases longas, cheias de períodos, tendem a confundir o leitor e até mesmo quem está 
escrevendo. A sequenciação lógica depende da organização sintática das frases, por 
isso, fique atento para não errar e assim prejudicar a coerência de seus argumentos. 
• Cuidado com a pontuação: Um texto que abre mão da boa pontuação fica vulnerável 
a diversos problemas textuais, entre eles a ambiguidade. A construção de sentidos de 
um texto depende dos sinais de pontuação, como vírgulas e pontos-finais. Sem eles o 
leitor certamente encontrará dificuldades para a compreensão. 
• Ordem direta X Inversões sintáticas: Nos textos não literários, prefira a ordem direta, 
cuja construção sintática obedece à regra sujeito + verbo + complemento. Ao privilegiar 
a ordem direta, você estará contribuindo para a clareza textual. Nos textos literários, 
inversões estão liberadas, já que nesse tipo de linguagem há um compromisso com 
aspectos estilísticos da escrita. 
• Evite abreviaturas e siglas: Recursos muito utilizados quando precisamos redigir de 
maneira dinâmica, as abreviaturas e as siglas devem ser evitadas na linguagem escrita, 
pois devemos considerar a possibilidade de que nem todos os leitores conheçam 
determinado termo em sua forma reduzida. 
• Subjetividade X objetividade: A subjetividade é um recurso expressivo da linguagem 
que deve ficar restrito aos textos literários. Subjetivismos geralmente revelam estados 
emocionais, característica que prejudica a objetividade e a clareza textual. 
• Uso do vocabulário: Usar termos obsoletos e obscuros prejudicam a clareza textual, 
principalmente quando empregados fora do contexto. Uma palavra fora do lugar já é o 
suficiente para confundir o leitor, portanto, escolha cuidadosamente cada palavra e evite 
aquelas cujo significado você não tenha muita certeza. 
 
11 COMO PRODUZIR UM BOM TEXTO 
Para se produzir um bom texto é necessário que o escritor tenha um prévio 
conhecimento do assunto que irá abordar. Além disso, a clareza das ideias é fundamental ao 
entendimento do leitor. O texto estará claro para quem lê quando tiver ideias bem articuladas 
e objetivas. Para isso, é importante uma seleção cuidadosa das palavras, que deverão ser 
distribuídas em períodos curtos. Dessa forma, o escritor evitará erros quanto à coerência e 
coesão dos fatos apresentados e o leitor não ficará perdido em meio a tantos argumentos. 
A coerência nos diz da organização das partes para formar o todo do texto. Os tipos 
de produção textual, sem exceção, necessitam de sentido, de ter significado, ou seja, 
precisam ser coerentes. Um texto será coeso se houver um acordo entre as partes do mesmo, 
de modo que os elementos que dão continuidade à produção estejam em harmonia. Logo, a 
clareza de um texto advém da coerência dos fatos, os quais se encadeiam através dos 
elementos de coesão, que por sua vez devem estar perfeitamente enquadrados. Um episódio 
que compromete a clareza textual e que é habitual em redações é a redundância, juntamente 
com a repetição desnecessária de palavras e ideias. 
 
https://mundoeducacao.bol.uol.com.br/redacao/coerencia-textual.htm
https://mundoeducacao.bol.uol.com.br/redacao/coerencia-textual.htm
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Reler o texto é uma opção de excelentes resultados, pois o autor chamará para si a 
responsabilidade e aprenderá que o processo da escrita e aperfeiçoamento da mesma vem 
com o tempo, com a prática. Além disso, ao fazer a releitura textual o escritor observará 
palavras e trechos desnecessários, ideias vagas, exposições inadequadas, períodos longos 
e confusos, e assim por diante. A autocorreção traz benefícios para o emissor e para o 
receptor da mensagem, pois evita a obscuridade textual e o desinteresse. Do mesmo modo, 
quando o escritor se distancia de seu texto e coloca-se na posição de leitor, tem maior 
percepção a respeito do que foi escrito, se é compreensível ou não. 
Através dessa reflexão a respeito da produção textual, observamos que somente as 
correções ortográficas e gramaticais não são suficientes, mas também a análise textual a 
partir da colocação das ideias. O que torna ainda mais necessário a releitura, pois a 
apreciação de um texto requer tempo e disposição. Portanto, a revisão do texto deve ser feita 
sempre, a fim de que haja um bom resultado, ou melhor, um bom texto. A clareza de um texto 
quando lemos algo e não entendemos com exatidão o que aquele escritor quis dizer. Os 
argumentos se emendam uns nos outros, uma nova ideia surge a cada vírgula e em um 
mesmo período, o parágrafo parece não ter mais fim! Uma redação é clara quando há 
transmissão do conteúdo ao interlocutor de maneira que este compreenda a mensagem. 
Logo, redações mais concisas, ou seja, objetivas, tendem a possuir mais clareza. 
Se você tem dificuldade em estruturar bem seus pensamentos, utilize um rascunho. 
Leia sobre o assunto e busque na memória o conhecimento que já tem sobre ele. Então, reflita 
sobre o que vai escrever e como vai fazê-lo. Para isso, delimite o tema geral em um específico 
como, por exemplo: Tema geral: Amazônia, Tema específico: Manifesto Amazônia para 
sempre. Quando você restringe o tema, restringe também o que vai escrever. Não que o texto 
deva ficar pequeno, mas sim objetivo, a fim de que seja desenvolvido plenamente. O escritor 
também deve ficar atento ao número mínimo de 15 linhas e máximo de 30 ou 35 (dependerá 
do processo seletivo). 
O rascunho é muito importante, pois nele os erros poderão ser corrigidos antes de 
serem passados para a folha de redação definitiva. Quanto à clareza, tente cumprir com os 
seguintes aspectos: 
 
Fonte: www.pt.dreamstime.com 
 
 
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a) Faça frases curtas, pois períodos longos geralmente ficam confusos. 
b) Não tente parecer mais culto, empregando palavras que desconhece, pois correrá o 
risco de errar quanto ao significado. Portanto, use palavras simples e precisas. 
c) Tenha cuidado com a ambiguidade, que é quando uma oração pode ter mais de um 
sentido: Peguei as chaves da Ana. (Peguei as chaves que estavam com Ana ou as 
chaves que pertenciam a Ana?) 
d) Coesão: As partes devem estar interligadas, ou seja, relacionadas. Não comece falando 
de alguma coisa e parta para outra, sempre termine a ideia inicial sem delongas. Frases 
com muitas vírgulas são indício de falta de coesão. Outra questão é não tentar passar 
as ideias de acordo com o que vão aparecendo em sua mente, pois o fluxo mental é 
intenso. Na hora de escrever, concentre-se e sempre leia cada parágrafo que acabou 
de redigir para verificar se está claro! 
 
A busca pelas palavras corretas é fundamental ao discurso. O subtítulo que compõe 
este artigo, demarcado de forma intencional, obviamente, remete-nos aos dizeres do imortal 
Carlos Drummond de Andrade, a quem nos faltam “literalmente” palavras para nos referirmos. 
Assim, em uma de suas magníficas criações, intitulada “O lutador”, deixou-nos registrado algo 
neste sentido: 
 
“Lutar com palavras é a luta mais vã. 
Entanto lutamos mal rompe a manhã. 
São muitas, eu pouco. 
Algumas, tão fortes como o javali. 
Não me julgo louco. 
Se o fosse, teria poder de encantá-las. Mas lúcido e frio, apareço e tento apanhar 
algumas para meu sustento num dia de vida. ” [...] 
 
Ao mesmo tempo em que ele afirma ser essa luta um vão embate, reafirma, 
categoricamente, que não devemos deixar o campo de batalha, ainda que encontremos pela 
frente alguns “javalis”, metaforicamente dizendo. Indo mais adiante, esse grande mestre nos 
faz crer que, apesar de sermos poucos, e elas, diversas, não podemos nos render, devemos 
continuar “lutando”. Não neguemos nunca a condiçãoem que se colocou o autor ao citar que, 
“num dia de vida”, ele aparece para “apanhar algumas”, haja vista que, sentindo saciedade 
de fome, ele sobrevive, digamos assim, de se alimentar das próprias palavras para construir 
seu discurso poético. 
Dessa forma, caro (a) usuário (a), nada há de extraordinário e incomum em nos 
sentirmos como poetas e poetisas para, também, construirmos nossos discursos cotidianos, 
apesar de essa tarefa ser realmente uma luta. No entanto, enquanto seres eminentemente 
sociais, participamos da vida em comum por meio das interações linguísticas que 
estabelecemos diariamente, sempre levando em consideração que para cada finalidade 
comunicativa existe um posicionamento específico. 
 
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Nesse sentido, compreender acerca desse posicionamento é, sobretudo, 
conscientizar-se de que limitações existem e devem ser entendidas não como um obstáculo, 
mas como algo a ser apreendido e colocado em prática, sempre. Limitações essas, no sentido 
de que, para cada enunciação, devemos agir de modo específico, ou seja, a depender do que 
desejamos dizer, para quem desejamos nos expressar e por que assim o fazemos, há 
posicionamentos distintos, os quais podem ser comparados a cada roupa que escolhemos, 
uma para cada situação, ou seja, desde aquele terno, formalíssimo por sinal, até o chinelinho 
de dedos, acompanhado da bermuda e da camiseta, bem ao estilo despojado de ser. Não 
usaríamos o mesmo discurso em uma redação empresarial, em uma entrevista de emprego, 
caso estivéssemos reunidos em uma mesa de bar, por exemplo. Não falaríamos a uma 
criança da mesma maneira como conversaríamos com nossos superiores, sobretudo com 
aqueles que não temos a menor intimidade. 
Fazermos a escolha correta das palavras é detectarmos o modo como se dá a 
relação enunciador x enunciatário, como num discurso publicitário, numa campanha, num 
bate-papo na internet ou até mesmo num artigo científico. Ou seja, a finalidade a qual o 
emissor se dispõe mediante o discurso que constrói é requisito fundamental para fazer bom 
uso das escolhas lexicais. Claro, que, consoante a tais pressupostos, a bagagem ideológica, 
a bagagem cultural e a bagagem relacionada à visão de mundo, propriamente dita, são, sem 
dúvida, relevantes, decisivas. 
 
12 PARÁGRAFOS - A ESTRUTURA DO PARÁGRAFO 
O parágrafo é um dos mais importantes componentes do texto. Ele sempre deverá 
ser desenvolvido a partir de uma ideia-núcleo, responsável por nortear as ideias secundárias. 
Escrever uma redação pode ser um exercício árduo, pelo menos para boa parte das pessoas. 
Infelizmente, ainda não somos uma sociedade que valoriza o hábito da leitura, comportamento 
fundamental para quem quer ser um escritor eficiente. Ler todos os tipos e gêneros textuais 
ainda é a alternativa mais aconselhada para atingir a proficiência na modalidade escrita e 
também na modalidade oral, haja vista que a leitura melhora significamente a comunicação. 
Para ajudá-lo (a) a estruturar melhor o seu texto, o Mundo Educação apresenta agora 
algumas dicas sobre o parágrafo. Quem nunca ficou em dúvida sobre a paragrafação de um 
texto? A verdade é que essa é uma dúvida recorrente e persistente, mas que pode ser 
facilmente solucionada com algum treino e dedicação. Para começar nossas dicas de 
redação, é importante que você saiba que o parágrafo é um dos elementos mais importantes 
de um texto e pode ser considerado a “alma” de qualquer redação. 
 
 
 
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Quando um texto prescinde de uma paragrafação adequada, certamente ele ficará 
confuso, desorganizado e estruturalmente comprometido, falhas imperdoáveis principalmente 
para quem escreve uma redação em concursos e vestibulares. Dicas de redação: 
• Dica 1: É primordial que você entenda que o parágrafo deve ser constituído de apenas 
uma ideia, que aqui chamaremos de ideia-núcleo. A partir da ideia núcleo serão 
desenvolvidas ideias secundárias que deverão estabelecer relação dialógica com a 
ideia principal; 
• Dica 2: As ideias desenvolvidas em cada parágrafo devem estar relacionadas com a 
ideia principal do texto, que geralmente é apresentada na introdução; caso contrário, 
seu texto transformar-se-á em um amontoado de argumentos sem qualquer tipo de 
ligação uns com os outros, efeito para lá de indesejado; 
• Dica 3: Para iniciar seu parágrafo, apresente o tópico frasal. Mas o que é um tópico 
frasal? O tópico frasal nada mais é do que a frase inicial de cada parágrafo, frase que 
resumirá a ideia a ser desenvolvida. É importante que o tópico frasal seja conciso e 
objetivo, composto, no máximo, por duas ou três orações, característica que facilitará o 
desenvolvimento da ideia central; 
• Dica 4: Um tópico frasal longo pode ocultar a palavra-chave do parágrafo. A palavra-
chave é aquela palavra de peso que norteará o desenvolvimento das ideias. Se o seu 
tópico frasal for vago, isto é, apresentar múltiplas palavras chave, provavelmente você 
terá dificuldades para encontrar a palavra principal, que será responsável por levar 
adiante a ideia central; 
• Dica 5: E quanto ao tamanho ideal de um parágrafo? Bom, não existe uma regra que 
determine que um parágrafo deva ter uma quantidade exata de frases, tampouco uma 
regra que estipule seu número de linhas, mesmo porque existem parágrafos que são 
constituídos por uma única frase. Mas se você tem dificuldades para encontrar um 
tamanho ideal, três frases é um número satisfatório; 
• Dica 6: Existem diferentes formas de organização de parágrafos, contudo, nos textos 
dissertativo-argumentativos e também em alguns gêneros do universo jornalístico, os 
parágrafos geralmente seguem uma estrutura-padrão. Essa estrutura é constituída por 
três partes: a ideia-núcleo, as ideias secundárias (que desenvolvem a ideia-núcleo) e a 
conclusão (que reafirma a ideia-núcleo). Vale lembrar que, em parágrafos curtos, 
dificilmente haverá conclusão; 
• Dica 7: Os parágrafos existem para dar um intervalo entre um assunto e outro dentro 
do mesmo tema. Quando você perceber que um parágrafo deixou de desenvolver sua 
ideia-núcleo, é hora de finalizá-lo e iniciar outro; 
• Dica 8: Se ao final de seu texto você perceber que acabou misturando ideias diferentes 
em um mesmo parágrafo, não se desespere: tenha paciência e reestruture-os. Lembre-
se de que o processo de reescrita é fundamental para quem quer escrever bons textos. 
 
Fonte: www.mundoeducacao.bol.uol.com.br 
 
https://mundoeducacao.bol.uol.com.br/redacao/titulo-tema-paragrafo.htm
https://mundoeducacao.bol.uol.com.br/redacao/titulo-tema-paragrafo.htm
https://mundoeducacao.bol.uol.com.br/redacao/titulo-tema-paragrafo.htm
 
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Sugestão de uma estrutura básica: 
• 3 ou 4 parágrafos. 
• Introdução e conclusão menores que desenvolvimento. 
• 2 períodos por parágrafo Frases curtas. 
• Respeito às margens (não ultrapassar as margens e nem deixar espaços em branco). 
Seu texto deverá ficar “retinho” nas margens. 
• Respeite a marcação dos parágrafos – deixe um espaço de 1 a 2 cm no início de cada 
parágrafo. 
• Não deixe linhas em branco. 
 
 Que expressões usar em cada parágrafo? 
Introdução: deve ser breve e apresentar apenas informações gerais sobre o tema 
abordado. Pode-se iniciar a introdução com: 
• Uma afirmação; 
• Uma ou mais perguntas; 
• Uma retrospectiva histórica (falando sobre dados passados); Dados estatísticos 
(desde que verídicos e atuais); 
 
Desenvolvimento: exemplos de expressões utilizadas em parágrafos de 
desenvolvimento: 
Confronto 
• "É possível que..., no entanto..." "É certo que..., entretanto..." 
• "É provável que ..., porém..., todavia..." 
 
Divisão de ideias 
• "Em primeiro lugar ...; em segundo ...; por último ..." "Por um lado ...; por outro 
..." 
• "Primeiramente, ...; em seguida, ...; finalmente, ..." 
Enumeração 
•

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