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MORFOLOGIA DO PORTUGUÊS 1 MORFOLOGIA DO PORTUGUÊS BELO HORIZONTE / MG MORFOLOGIA DO PORTUGUÊS 2 Sumário 1 AS PALAVRAS E SUA ESTRUTURA ................................................................ 4 1.1 Classificação dos morfemas ........................................................................................ 5 2 A LEITURA E SUA ESTRUTURA........................................................................... 6 3 LEITURA: UMA PERSPECTIVA DA ESCOLA PARA A FORMAÇAO CIDADÃ ...... 7 O PRAZER DE LER ............................................................................................................... 8 4 OS TIPOS DE LEITURA ....................................................................................... 9 5 O TEXTO ............................................................................................................. 10 5.1 Os Tipos de Textos.................................................................................................... 12 6 O TEXTO E A LEITURA ....................................................................................... 13 7 A PRODUÇÃO DE TEXTOS ................................................................................ 14 8 NOÇÕES ESTRUTURA E CONTEÚDO COESÃO, COERÊNCIA, CLAREZA E .. 15 ADEQUAÇÃO ...................................................................................................................... 15 9 FLEXÃO E CATEGORIAS GRAMATICAIS .......................................................... 18 TEXTO: A LEI ...................................................................................................................... 20 ANÁLISE TEXTUAL: ............................................................................................................ 20 10 COERÊNCIA ...................................................................................................... 21 10.1 Clareza Textual ............................................................................................................ 23 11 COMO PRODUZIR UM BOM TEXTO ................................................................ 24 12 PARÁGRAFOS - A ESTRUTURA DO PARÁGRAFO ........................................ 27 Confronto ............................................................................................................................. 29 Divisão de ideias .................................................................................................................. 29 Enumeração ........................................................................................................................ 29 Reafirmação ........................................................................................................................ 30 Oposição de ideias .............................................................................................................. 30 13 AS RELAÇÕES ENTRE LINGUAGEM ORAL E ESCRITA ................................. 31 14 CLASSIFICAÇÃO DE PALAVRAS ..................................................................... 31 15 LÍNGUA ORAL / ESCRITA E ENSINO ............................................................... 33 16 A FALA, A LEITURA E A ESCRITA .................................................................... 34 17 PLANEJAMENTO DA ESCRITA ........................................................................ 35 18 ORGANIZAÇÃO E CONTITUIÇÃO TEXTUAL ................................................... 39 19 ARTICULAÇÃO DE IDEIAS: UM FATOR DE TEXTUALIDADE.......................... 41 20 FLEXÃO E CATEGORIAS GRAMATICAIS ........................................................ 41 TEMA: O Chocolate no Mundo Moderno .............................................................................. 42 Criando um texto bem conectado ........................................................................................ 43 21 QUAL A FUNÇÃO DO DESENVOLVIMENTO.................................................... 43 MORFOLOGIA DO PORTUGUÊS 3 22 COMO FAZER UMA INTRODUÇÃO .................................................................. 44 2) Aprenda a fazer uma introdução vendo bons exemplos ................................................... 45 3) Veja como não deve ser a sua introdução (exemplos para se evitar) ............................... 46 4) Cause uma primeira boa impressão ................................................................................. 46 23 COMO CONCLUIR............................................................................................. 48 1) O que não deve estar na conclusão ................................................................................. 48 O QUE SIGNIFICA UMA AMIZADE HOJE ........................................................................... 49 24 REVISÃO ........................................................................................................... 51 26 A REVISÃO DE TEXTOS E O DIÁLOGO COM O AUTOR................................. 52 27 ELEMENTOS IMPORTANTES DA REVISÃO .................................................... 53 28 A ESTRUTURAÇÃO DO PARÁGRAFO ............................................................. 53 29 TÓPICO FRASAL ............................................................................................... 54 30 DEFINIÇÕES .................................................................................................................. 56 31 ESTRUTURA ..................................................................................................... 57 32 FIXAÇÃO DE UM OBJETIVO ............................................................................. 59 33 FORMULAÇÃO DA FRASE-NÚCLEO DE INTRODUÇÃO ................................. 59 34 FORMAS DE ORDENAÇÃO NO DESENVOLVIMENTO DO PARÁGRAFO ...... 60 35 ESTUDO SOBRE PRODUÇÃO TEXTUAL ESCRITA: REVISÃO DE TEXTOS E SUAS INFLUÊNCIAS PARA A REESCRITA TEXTUAL ....................................................... 61 36 AS INTERVENÇOES DO PROFESSOR E A REVISÃO E REESCRITA DOS ALUNOS ............................................................................................................................... 63 Argumentação: Uma introdução ........................................................................................... 75 Argumento e contra-argumento: Um exemplo ...................................................................... 75 40 EVIDÊNCIAS...................................................................................................... 75 41 MODOS E TONS DA ARGUMENTAÇÃO .......................................................... 77 42 EXEMPLOS DE TEXTOS ACADÊMICOS .......................................................... 78 43 BIBLIOGRAFIA BÁSICA .................................................................................... 81 BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR ..................................................................................... 81 MORFOLOGIA DO PORTUGUÊS 4 1 AS PALAVRAS E SUA ESTRUTURA Estudar a estrutura é conhecer os elementos formadores das palavras. Assim, compreendemos melhor o significado de cada uma delas. Observe os exemplos abaixo: cachorr-inh-a-s brinc-a-mos cha-l-eira art-ista A análise destes exemplos mostra-nos que as palavras podem ser divididas em unidades menores, a que damos o nome de elementos mórficos ou morfemas. Vamos analisar a palavra "cachorrinhas": Nessa palavra observamos facilmente a existência de quatro elementos. São eles: cachorr - este é o elemento base da palavra, ou seja, aquele que contém o significado. inh - indica que a palavra é um diminutivo. a - indica que a palavra é feminina. s - indica que a palavra se encontra no plural. Morfemas são unidades mínimas de caráter significativo. Obs.: Existem palavras que não comportamdivisão em unidades menores, tais como: mar, sol, lua, etc. São elementos mórficos: 1) Raiz, radical, tema: elementos básicos e significativos 2) Afixos (prefixos, sufixos), desinência, vogal temática: elementos modificadores da significação dos primeiros 3) Vogal de ligação, consoante de ligação: elementos de ligação ou eufônicos. O estudo dos morfemas compreende o estudo sobre a formação e a estrutura das palavras. O morfema é considerado a menor partícula de significação das palavras e pode ser classificado em seis tpos: Desinência, Raiz, Radical, Afixo, Tema e Vogal Temática. MORFOLOGIA DO PORTUGUÊS 5 1.1 Classificação dos morfemas Radical: um morfema comum entre as palavras analisadas acima é escol-, que faz com que as palavras sejam da mesma família de significação, que são os cognatos. Essa é a parte da palavra responsável por sua significação principal. Afixos e sufixos: quando são colocados morfemas antes do radical, os morfemas recebem o nome de afixos, como é o caso de sub-escol-arização. Nesse caso, arização é o sufixo, o morfema vem depois do radical. • Desinências: é o morfema usado para indicar gênero e número para a desinência nominal ou modo, tempo e pessoa para desinência verbal. Rato = o – desinência nominal (gênero masculino); Amava = va – desinência verbal. • Tema: radical + vogal temática ou desinência nominal. Terra = terr (radical) + a (desinência nominal). • Vogais temáticas: são as vogais que possibilitam a ligação entre o radical e as desinências. Exemplos: amava: am - a - va pedisse: ped - i - sse carta: cart - a livro: livr - o mares: mar - e - s... • Vogais e consoantes de ligação: as vogais e consoantes de ligação são morfemas que aparecem por motivos eufônicos, ou seja, são usados para facilitar ou possibilitar a pronúncia de uma determinada palavra. Por exemplo: Café + Cultura: café-i-cultura. Paris + ense: Paris-i-ense. Quadro das principais desinências: MORFOLOGIA DO PORTUGUÊS 6 2 A LEITURA E SUA ESTRUTURA A leitura não deveria ser encarada como uma obrigação escolar, nem deveria ser selecionada, vamos dizer, na base do que ela tem de ensinamento, do que ela tem de "mensagem". A leitura deveria ser posta na escola como educação artística, ela devia posta na escola como uma atividade e não como uma lição, como uma aula, como uma tarefa. O texto não devia ser usado, por exemplo, para a aula de gramática, a não ser que fosse de uma maneira muito criativa, muito viva, muito engraçada, muito interessante, porque se assim não for faz com que a leitura fique parecendo uma obrigação [...]. (ROCHA, Ruth,1983, p. 4). A leitura é o alicerce do contexto escolar, abre caminhos, estimula o aluno, conscientiza, aprimora e expandi os conhecimentos. O texto tem um significado especial em nosso meio. O surgimento da linguagem e seu posterior desdobramento em múltiplas formas, entre elas as regras da escrita, marcam uma transição plena de significado para o meio atual. Por meio da palavra escrita, podemos auxiliar na transformação do mundo, podemos educar e influenciar as pessoas, positiva ou negativamente. Ler é fundamental para o ser humano, uma tarefa intrínseca no cotidiano educacional. A atividade da leitura, com o tempo, deve auxiliar na construção da personalidade e na descoberta de horizontes. Para que esse processo se realize, é preciso que alimentemos nossa inteligência com diferenciados gêneros textual, é necessário que ampliemos nosso horizonte cultural, para que possamos atingir a autonomia como sujeitos sociais e históricos. O ato de ler não é uma questão estritamente cognitiva. Envolve interações, afetos, rejeições, relações sociais e situações de ensino. Nesse processo, o sujeito participa e interage, recriando o texto de acordo com a sua percepção. Quando dizemos que, ao ler, acompanhamos o pensamento do autor, na verdade, o que estamos dizendo é que entendemos o texto imaginando-nos como seus produtores. O texto-produto é visto como um conjunto de pegadas a serem utilizadas para recapitular as estratégias do autor e através delas chegar a seus objetivos. (KATO, 1995, p. 57). Ler é navegar nas profundezas do imaginário social. Interpretar é ir além daquilo que possa ser visto. É como um iceberg: entender aquilo que está oculto, submerso. O significado Fonte: www.google.com.br MORFOLOGIA DO PORTUGUÊS 7 abstraído da leitura será singular para cada leitor e diferente para o mesmo em diferenciados momentos de vida. Essa pluralidade de significados de uma mesma leitura depende do interesse do leitor, das necessidades do momento, de seu poder de refletir sobre a intencionalidade da produção textual, de sua capacidade crítica de análise, de sua inferência. O leitor crítico participa do processo de leitura. Muito mais do que ter a capacidade de decifrar um código de sinais, a partir de um texto, é capaz de atribuir sentido a ele, de compreendê-lo, de interpretá-lo, de "relacioná-lo a outros textos, de reconhecer nele o tipo de leitura que seu autor pretendia e, dono de própria vontade, entregar-se a essa leitura, ou rebelar-se contra ela, propondo outra não prevista". (ZILBERMAN, 1985, p.17) A leitura, principalmente quando feita pelo prazer, estimula o desenvolvimento cognitivo do leitor. O leitor crítico, movido de intencionalidade, desvela o significado pretendido pelo autor, entretanto não se detém neste nível, ele reage, questiona, problematiza, aprecia, critica. Acredita que o mundo é passível de transformação e descobre-se como construtor desse mundo. Por meio do ato de decodificar e refletir, novos horizontes abrem-se para o leitor, visto que experimenta outros meios. A leitura crítica sempre gera expressão: o desvelamento do ser do leitor. Essa leitura é muito mais do que um simples processo de apropriação do significado; deve ser caracterizada como um projeto, pois se concretiza em uma proposta pensada pelo ser no mundo, dirigido ao outro em sua totalidade. 3 LEITURA: UMA PERSPECTIVA DA ESCOLA PARA A FORMAÇAO CIDADÃ Assim como a linguagem é fenomenológica, a leitura deve ter a mesma importância para o contexto escolar e para a formação cidadã. A instituição de ensino é, em escala de importância, a segunda responsável pela abertura e ampliação dos caminhos do leitor em direção à leitura de textos; entretanto, para muitos ela fracassa. É perceptível que isso ocorre em consequência da brusca mudança na maneira de ler. O ato de ler, para o aluno, deve ser coletivo, compartilhado com a família, professores, colegas, prática que traz ao leitor encantamento. Quando se analisa a prática pedagógica na concepção de leitura percebe-se que a escola tanto quanto as famílias não contribuem para a construção de leitores de mundo e de Fonte: www.indyu.com.br MORFOLOGIA DO PORTUGUÊS 8 textos escritos. Os educadores estão preocupados mais com a decodificação das palavras, do que com a função delas nas frases, destas nos textos, e menos com o processo prazeroso de leitura, ou seja, com o sentido construído pelo leitor a partir dos textos, faz com que o leitor se distancie cada vez mais do ato de ler, cujo objetivo principal deveria ser a interpretação que parte da experiência de vida de cada um. A prática de leitura deve visualizar a pluralidade de leituras. É impossível a leitura de um texto de maneira única, cada leitura é inédita. Ainda, os diversos sentidos decorrerão do modo com os conteúdos são interpretados. Assim "os textos estão abertos a interpretações múltiplas, dependendo do intérprete" (Magalhães e Leal, 2004, p. 12). Quando do momento de leitura, em cada pessoa se despertará diferentes unidades significativas para a eficácia desta; seu horizonte de expectativas que tem relação com a sua formação familiar e escolar, enfim, sua formaçãosocial, seu nível de maturidade, sua cultura, sua relação com os meios de comunicação, com livros. O horizonte de experiência determinará a singularidade de cada leitura e por isso todas as leituras devem ser respeitadas mesmo que suas dimensões sejam diferentes para uns e outros. A leitura no contexto educacional não deve atender somente aos interesses didáticos, como deve contemplar, sobretudo, o interesse do aluno. A leitura na escola, geralmente, é realizada para atingir fins específicos, como ler para adquirir conhecimentos, ler para buscar respostas pala algum questionamento, para obter informações exatas, ler por prazer, para alimentar a imaginação. A leitura é uma forma de investigação, reflexão, rupturas e construção de ideias. A prática social determina a maneira como o leitor se porta diante da perspectiva de leitura. Para que proceda a uma boa produção textual é importante reconhecer a leitura como prática constitutiva da aprendizagem em todas as áreas do conhecimento de forma não segmentada. O PRAZER DE LER Ler não é somente decifrar uma série de letras encadeadas numa certa ordem para formar palavras e frases, ler e compreender o funcionamento da linguagem e do pensamento. Ora, a aprendizagem da leitura não passa muitas vezes duma afinação mecânica sem ligação funcional com a língua. René Lafite (1978). É sabido que a leitura é um ato extremamente cognitivo ligado diretamente à compreensão. São raríssimas as escolas que levam os alunos a amar e sentir prazer pela literatura: Segundo Rubem Alves, "Ler pode ser fonte de alegria" (ALVES, 2000, p.49). Assim se a leitura for trabalhada de forma mais dinâmica e diferenciada, pode ser prazerosa e proporciona alegria. Se os educadores oferecerem essa leitura prazerosa, ajudaria muito a melhorar a qualidade de vida das pessoas. Conforme os Parâmetros Curriculares Nacionais, "As pessoas aprendem a gostar de ler quando, de alguma forma, a qualidade de suas vidas melhora com a leitura" (BRASIL, 1998, p.36). Os educadores devem ser os mediadores principais para que o aluno descubra o prazer de ler. Segundo Barthes (p.21-22), "O texto que o senhor escreve tem que me dar prova de que ele me deseja". Todo texto a partir do momento que ele é escrito, ele quer ser desejado, devorado pelo seu leitor, e é esse o gosto que precisasse ter pela leitura, lendo além das palavras, nas entrelinhas, perfurando o texto, pensando e refletindo, com gosto pela leitura. Uma boa leitura abre caminhos para uma boa escrita, uma depende da outra, pois quando se produz um texto, precisa-se de uma referência para essa criação, pois quanto mais MORFOLOGIA DO PORTUGUÊS 9 se tem acesso à leitura, melhor se escreve. Mas nem sempre é dessa forma, pois é necessário que quando seja feita essa leitura, haja uma exploração, uma rasgadura do texto. A partir desta, consegue-se fazer uma conexão com outras obras, e então sim produzir um texto de qualidade. Para escrever são necessários argumentos e para tal, é preciso ler, mas ler com prazer. Na escola, o ato de ler deve ser algo diário e de uma forma que os leitores tenham curiosidade e gosto pela leitura. Os educadores são espelhos de seus educandos, logo, o professor que lê e gosta da leitura, dará bons exemplos, incentivando seus alunos a lerem. Os educandos não podem continuar sendo "ouvintes, que são apenas preenchidos pelos educadores" (FREIRE, 2003, p.93). Deve-se despertar o interesse e a curiosidade do aluno, para que ele vá ao encontro do livro. Pois não é o diploma, mas a leitura, a grande herança que a escola pode dar ao aluno, o que vai fazer ele se virar na vida. Mas, para conseguir isto, a escola precisa de formar o bom leitor, aquele que interesse pela leitura. O aluno que lê muito, logo chega a conclusões do bom senso e da verdade. Ninguém deve ser obrigado a gostar de ler. Cabe, então, aos educadores influir o melhor que puder para despertar o "adormecido" prazer pela leitura. "Formas de motivação verdadeira e um acompanhamento estimulante são "sempre" modos de ajudar o aluno a sentir-se em casa com o livro (e com qualquer outro objeto de arte)" CUNHA, 2003, p. 54. 4 OS TIPOS DE LEITURA De acordo com Bamberger (1977, p. 36-38), os tipos de leitura são: • Leitura informativa: este tipo de leitura serve para expandir o conhecimento, auxiliar na informação funcional, nas curiosidades e necessidades de orientação para a vida • Leitura cognitiva: a leitura cognitiva é a leitura profunda, feita para o estudo de pesquisas, teses, exige resenha com argumentos. • Leitura literária: são as leituras de textos literários, romances, contos e outros, analisando os estilos, a forma, a narrativa, etc. • Leitura recreativa: é a leitura lazer, feita pelo prazer. • Leitura pretexto: feita com uma única finalidade, como a leitura de texto para a prova ou leitura de uma obra comentada para entender um texto. • Leitura corretiva: é realizada para correção de certas falhas, como erros ortográficos. Complementando os tipos de leitura, Geraldi (1989, p.19), destaca os seguintes tipos: • A leitura busca de informações: este tipo de leitura tem por objetivo básico buscar informações, que pode ser orientada de duas formas: a busca de informações sem roteiro, previamente elaborado, para observar as informações sem cobranças. Quanto ao nível de profundidade, neste tipo de leitura, pede-se para extrair informações de superfície ou de nível mais profundo. Neste segundo, o leitor deverá lançar mão de conhecimentos, informações já obtidas de outras leituras para que haja compreensão. MORFOLOGIA DO PORTUGUÊS 10 • A leitura estudo de texto: é a mais praticada nas aulas de outras disciplinas do que nas aulas de língua portuguesa, envolvendo as mais variadas formas de interlocução leitor/texto/autor. • A leitura fruição de texto: essa é a leitura feita por prazer, sem a cobrança do preenchimento de fichas, que a escola deveria adotar, sem importar ao aluno que livro ou texto ler, deixando-o tomar suas decisões sobre as leituras a fazer. Assim verifica-se que o leitor precisa possuir, além das competências fundamentais para o ato da leitura, o objetivo de ler, através da leitura crítica, decidir se o texto tem sentido, se é aplicável aos seus conhecimentos armazenados na memória. 5 O TEXTO O texto é, pois, considerado um diálogo escrito, cujo objetivo é, assim como a linguagem, passar uma informação. Assim, tanto o texto e a competência textual são objetos de estudo Linguísticos. Segundo Fávero e Koch (1988, p.11), o texto é uma manifestação da linguagem que se manifesta de forma específica, e por essa razão que a linguística textual constitui um novo ramo da linguística que volta suas atenções para o texto. Para Koch (2000, p.22), o texto, é o resultado parcial de nossa atividade comunicativa, que compreende processos, operações e estratégias que têm lugar na mente humana, e que são postos em ação em situações concretas de interação social. Uma manifestação verbal constituída de elementos linguísticos selecionados e ordenados pelos falantes, durante a atividade verbal, de modo a permitir aos parceiros, na interação, não apenas a depreensão de conteúdos semânticos, em decorrência da ativação de processos e estratégias de ordem cognitiva, como também a interação (ou atuação) de acordo com práticas socioculturais. Com Costa Val (1994, p.03), temos o conceito de texto como "ocorrência linguística falada ou escrita de qualquer extensão, dotada de unidade sócio comunicativa, semântica e Fonte: www.sesc.ms.com MORFOLOGIA DO PORTUGUÊS 11 formal." Segundo esta cosmovisão adotada por Costa Val, um texto será bem compreendido quando avaliado sob três aspectos, assim sendo: • O aspecto pragmático, que tem a ver com seu funcionamento enquanto atuação informacionale comunicativa. Contribui para a construção do sentido do texto. • O aspecto semântico-conceitual, de que depende sua coerência, para que o texto seja percebido pelo recebedor como um todo significativo que tem algo a dizer. • O aspecto formal, que diz respeito à sua coesão. Neste aspecto os constituintes linguísticos do texto devem se mostrar reconhecivelmente integrados, de modo a permitir que ele seja percebido como um todo coeso. Partindo de tais princípios, o que faz com que um texto seja um texto e não um amontoado de frases aleatórias é um conjunto de características chamado de textualidade. Por esta razão, o fundamental para a textualidade é a relação coerente entre as idéias. A explicitação dessa relação através de recursos coesivos é útil, mas nem sempre obrigatória. Entretanto, uma vez presentes esses recursos devem ser usados de acordo com regras específicas, sob pena de reduzir a aceitabilidade do texto. (COSTA, Val, 1994. p.10). Os cinco fatores pragmáticos estudados por Beaugrande e Dressler (1981): os dois primeiros se referem aos protagonistas do ato de comunicação: a intencionalidade e a aceitabilidade, que servem para dar conta respectivamente dos emissores e das atitudes dos receptores. E os três últimos, situacionalidade, informatividade e intertextualidade, responsáveis pelo caráter do texto. • Intencionalidade: diz respeito ao empenho do produtor em construir um texto coerente, coeso e capaz de satisfazer as metas que tem em mente numa determinada comunicação, a intenção. • Aceitabilidade: diz respeito à expectativa do recebedor de que o conjunto de ocorrências com que se defronta seja um texto coerente, coeso, útil e relevante, capaz de levá-lo a adquirir conhecimentos ou a cooperar com os objetivos do produtor. • Situacionalidade: este fator pragmático diz respeito aos elementos responsáveis pela pertinência e relevância do texto quanto ao contexto em que ele acontece. É a adequação do texto à situação. O contexto define o sentido do texto, orientando tanto a produção quanto a recepção; • Informatividade: o interesse do receptor pelo texto vai depender do grau de informatividade de que o último é portador. O texto será tanto menos informativo quanto maior a previsibilidade. A informatividade exerce no texto papel importante na seleção e arranjo de alternativas, e dessa forma podendo facilitar ou dificultar o estabelecimento da coerência; • Intertextualidade: diz respeito aos fatores que fazem a utilização de um texto dependente do conhecimento de outro (s) texto (s), ou seja, são os "diálogos de textos", favorecendo na construção de sentidos convidando a leituras múltiplas, polissêmicas. MORFOLOGIA DO PORTUGUÊS 12 • Focalização: aspecto importante da produção e da compreensão de um texto, por ter relação direta com a questão do conhecimento de mundo e conhecimento partilhado. A focalização torna a comunicação eficiente e possível, por afetar a capacidade e a possibilidade do ouvinte de estabelecer a coerência de um texto interpretando-o convenientemente; • Relevância: Para esse fator, um texto é coerente quando o conjunto de enunciados que o compõem pode ser interpretado como tratando de um mesmo tópico discursivo. A relevância não se dá linearmente entre pares de enunciados, mas entre conjuntos de enunciados e um tópico discursivo; • Inferências: faz o uso para estabelecer uma relação, não explicita no texto, entre dois elementos desse texto. São importantes para a compreensão e o estabelecimento da coerência de um texto, pois fazem a ligação com o conhecimento de mundo. Esses elementos aqui apresentados remetem sobre o texto e sobre os fatores responsáveis pela textualidade visam esclarecer o quanto é importante o professor ter acesso a tais conhecimentos para que possa auxiliar na produção de textos, tendo assim, que considerar as marcas subjetivas que eles apresentam no texto escrito. Ainda, conceituando texto, a prática de produção textual foi apresentada por Geraldi (1997), a partir da concepção de linguagem como um diálogo de um indivíduo para revelar-se entre os outros, e não apenas como meio de comunicação e, também, por manisfetação de herança cultural. Transpondo essas argumentações para a o ensino da Língua Portuguesa, vêse a necessidade de um estudo mais aprofundado dos professores a respeito do que é um texto, como elaborar um texto escrito e quais os fatores responsáveis pela sua textualidade, para que possam auxiliar e capacitar seus alunos a serem escritores competentes. Ainda, conceituando texto, a prática de produção textual foi apresentada por Geraldi (1997), a partir da concepção de linguagem como um diálogo de um indivíduo para revelar-se entre os outros, e não apenas como meio de comunicação e, também, por manifestação de herança cultural. Mas para a elaboração de um texto coeso e coerente, não basta que ele forme um discurso escrito, é necessário também que domine os elementos responsáveis pela textualidade, que permitem que um texto seja reconhecido como uma totalidade semântica e não como um conjunto aleatório de fragmentos isolados. A elaboração do texto escrito é um processo que requer o cumprimento de um conjunto de procedimentos que auxiliarão no alcance de sua função comunicativa. 5.1 Os Tipos de Textos Em alguns estudos da linguística textual, tipo textual é uma noção que remete ao funcionamento da construção estrutural do texto, isto é, um texto, pertencente a um dado gênero discursivo, pode trazer na sua configuração vários tipos textuais como narração, descrição, dissertação/argumentação e injunção, os quais confeccionam a tessitura do texto, ou, para citar Bakhtin, constituem a estrutura composicional do texto segundo os padrões do gênero. Assim, são os tipos de textos: • Narração: quando há a intenção de contar, apresentar os fatos, os acontecimentos, numa sequência de ações realizadas temporalmente, numa relação de causa e efeito. MORFOLOGIA DO PORTUGUÊS 13 • Descrição: consiste na intenção de caracterizar, dizer como é o objeto descrito, fazendo conhecê-lo, por seus aspectos; • Dissertação/argumentação: quando há a intenção de efetuar uma reflexão, explicação, avaliação, comentário, conceituação ou exposição de idéias, pontos de vista, que constituem uma tese; • Injunção: quando se exercita o valor da persuasão, incita-se a realização de uma determinada ação por parte do interlocutor, ou seja, faz-se agir sobre o outro. 6 O TEXTO E A LEITURA Escrever (e ler) é como submergir num abismo em que acreditamos ter descoberto objetos maravilhosos. Quando voltamos à superfície, só trazemos pedras comuns e pedaços de vidro e algo assim como uma inquietude no olhar. O escrito (e o lido) não é senão um traço visível e sempre decepcionante de uma aventura que, enfim, se revelou impossível. E, no entanto, voltamos transformados. Nossos olhos aprendem uma nova insatisfação e não acostumam mais à falta de brilho e de mistério daquilo que se nos oferece à luz do dia. E algo em nosso peito nos diz que, na profundidade, ainda resplandece, imutável e desconhecido, o tesouro. (LARROSA, 2004, p. 160, grifo nosso). É sabido que no contexto educacional, a leitura melhora a qualidade do ensino. Na relação dialógica, a noção de texto não se refere apenas ao discurso que está colocado pelo autor, porque, em todo texto, está inscrito um leitor que, no ato da leitura, continua o processo de reconstrução de sentidos. Isto é, o texto ultrapassa o lugar de interação, ele é uma unidade de significação que se vale do sistema da língua para a produção de sentido. Dessa forma, a leitura consiste em um processo de produção de sentidos. A leitura e o texto acontecem por meio de diálogos estabelecidos entre autor e leitor. Assim compreendida, a leitura do ato de simples ato de decodificação. Nesse aspectoo conteúdo textual é visto como um produto previamente definido e finalizado, sendo possível apenas apreender o sentido proposto pelo autor. Em outras palavras, o texto se apresenta como tenho um único sentido, sendo que relação existente entre autor e leitor está explicitamente delimitada e se caracteriza pela reprodução. Para se apropria do da essência e sentido do texto, o processo educativo se reduziria apenas em desenvolver técnicas derivadas do conhecimento linguístico. Bakhtin (1979), afirma que o leitor se institui no texto em dois níveis: o nível linguístico-semântico e o nível pragmático. Neste, o texto significa objeto vinculador de uma mensagem, que está atento ao seu destinatário, pois o próprio texto contém estratégias que possibilitam a comunicação. Naquele, o texto é tomado como uma potencialidade significativa que, no ato da leitura, se atualiza. O leitor que está instituído no texto é capaz de reconstruir o universo representado a partir das indicações, pistas gramaticais, que lhes são oferecidas. Nesse sentido, é na dinâmica da leitura e no trabalho de elaboração de sentido que se dá concretude ao texto. A concepção de leitura, como um espaço de criação de sentidos vinculados ao contexto, torna-se relevante para nossa pesquisa, porque possibilita a aproximação com os pressupostos da concepção de linguagem de perspectiva bakhtiniana. Dessa forma, partilho a ideia com os autores quando argumentam que a atividade de leitura não pode ser percebida como reconhecimento das ideias do autor pelo leitor, mas como um processo de compreensão em que estão envolvidos sujeitos que dialogam entre si por meio de textos. Esse diálogo é feito devido às pistas deixadas no texto pelo autor, que desencadearam o processo de compreensão. Assim, segundo a concepção Bakhtiniana (1986), temos o texto como um MORFOLOGIA DO PORTUGUÊS 14 discurso escrito que, também, fará parte de um diálogo. Diálogo que remete respostas às perguntas, ou seja, um discurso que escrito se instaura na linguagem. 7 A PRODUÇÃO DE TEXTOS Para que a produção textual ocorra de uma forma espontânea, é necessário ter conhecimento daquilo que será escrito. Assim, a pesquisa é algo intrínseco para o sucesso da produção textual. Segundo os PCNs, o trabalho com produção de textos tem como finalidade formar escritores competentes capazes de produzir textos coerentes, coesos e eficazes. Um escritor competente é alguém que planeja o discurso, que sabe esquematizar suas anotações para estudar um assunto e sabe expressar por escrito seus sentimentos, experiências ou opiniões. O educador não deve ensinar a escrever somente por meio de práticas centradas nas regras gramaticais. É preciso que ele ofereça aos alunos inúmeras formas para que aprendam a escrever em semelhança às formas que qualificam a escrita fora da escola, envolvendo sempre assuntos atuais, valorizando sempre a cultura. Sabe-se que o melhor procedimento para a escrita é aprender a escrever, escrevendo. Aprender a escrever pressupõe o amplo contato com a diversidade de textos escritos, arriscar-se a fazer como consegue e receber ajuda de quem já sabe escrever. Para se formar escritores competentes é preciso trabalhar bem o tema proposto, envolvendo todos os aspectos: social, cultural, político e religioso, assim, esses fatores facilitarão na produção de textos coesos. Tradicionalmente, a produção de textos escolares foi chamada de redação, estabelecendo, na verdade, uma redução da tarefa, do seu processo de criação ao seu produto, ou resultado final. Assim, o trabalho escolar fica limitado ao ensino de técnicas e, de acordo com Ramos (2002) não se apropria das relações de interlocução entre sujeitos. Sabe que, na escola, o professor não tem outro interesse, na maioria das vezes, se não o de detectar e corrigir os erros de redação, principalmente da ótica gramatical. Fazendo diante destas condições, o fracasso escolar. A imagem criada pelo estudante resulta do caráter repressivo e valorativo da escola. Ante tal interlocutor, o estudante sente-se impelido a mostrar que "sabe" e a negar sua capacidade linguística [...]. A consequência disso [...] é uma aplicação de modelos preestabelecidos pelos valores sociais privilegiados. (RAMOS, 2002, p. 14). Para compreender um texto é necessário que o aprendiz tenha um mínimo de conhecimento organizado sobre o assunto proposto. Para compreender um texto, é necessário entender também que o texto escrito, muitas vezes é marcado pela condição histórica, social e cultural do produtor, é compreender o produtor para compreender o seu texto produzido, como afirma Geraldi (1996, p. 28): Pode-se dizer que o trabalho linguístico é tipicamente um trabalho constitutivo: tanto da própria linguagem e das línguas particulares quanto dos sujeitos, cujas consciências significas se formam como conjunto das noções que, por circularem nos discursos produzidos nas interações de que os sujeitos participam, são por eles internalizados. A produção de texto é sempre resultado daquilo que se sabe, daquilo que se aprende e de um conjunto de relações e conhecimentos. Os conhecimentos linguísticos que se possui influenciam fortemente os textos produzidos. É preciso instaurar uma consciência dialógica que só será possível, quando aquele que ensina esforce-se para constituir-se também como interagente. A produção de texto tem o sentido de garantir a escrita como um bem cultural, no processo de ampliação e compreensão do mundo, é através do diálogo e compreensão que a aprendizagem se torna cada vez melhor. O que precisamos deixar claro é que o "querer MORFOLOGIA DO PORTUGUÊS 15 dizer" do autor não pode ser suplantado pelos "quereres" escolares que, na maioria das vezes, afastam o aprendiz de sua condição de um sujeito que produz textos. É preciso entender que, na escola o texto produzido pelo aluno, no cumprimento de uma tarefa solicitada pelo professor, raramente cumpre um papel interlocutivo, isto é, não se escreve para que o outro leia e interaja com o produtor do texto. Conforme Geraldi (1993) autor na produção dos discursos, o sujeito articula, em tempo e espaço, um ponto de vista sobre o mundo. Assim, para se produzir um texto que faça sentido esse sujeito precisa reunir cinco condições, sem as quais, não será capaz de interagir e se fazer entender. Trata-se de: a) ter o que dizer; b) ter um motivo para dizer o que se diz; c) ter para quem dizer; d) o produtor se constitua como locutor, como autor mesmo do próprio texto; e) se escolham as estratégias para realizar a tarefa. 8 NOÇÕES ESTRUTURA E CONTEÚDO COESÃO, COERÊNCIA, CLAREZA E ADEQUAÇÃO Geralmente, pessoas que não possuem o hábito da leitura como atividade social, julga, deduz, pondera, imagina ou pensa que um texto, é um conjunto de palavras escritas em papel, para serem lidas, recitadas, encenadas, etc... . No entanto, a esse conjunto de palavras, o homem dá um sentido mais amplo, mais abrangente, de maior dimensão. O homem, em sua necessidade inerente de interagir com o outro e com a sociedade, inventou diversas formas de transmitir mensagens tendo em vista melhorar seu entendimento. Nós nos comunicamos através de símbolos (aquilo que sugere ou substitui algo) convencionados, cores, som, gestos, expressões fisionômicas, cartazes, filmes, e, também, códigos de linguagem escrita. E tudo isso é texto. Fo nte: www.google.com.br MORFOLOGIA DO PORTUGUÊS 16 Textum, vem do latim, que significa “teia”. Logo, escrever é tecer uma rede onde fios se solidarizam, de forma que cada um deles torne-se um elo indispensável, entrelaçando-se em sequência formando simplificadamente um conjunto de ideias imbuídas de significado, transmitidas de alguém para alguém e que não se restringe à linguagem escrita. É todo tipo de comunicação. É um tecido, numa teia bem trançada,nela, o leitor fica agradavelmente preso, pois uma ideia pede outra, uma ação leva à outra, e todos os parágrafos ou versos enroscam-se numa relação de dependência, como fios de um pano. Ao chegarmos a determinado lugar ou local, e avistarmos uma placa com o desenho de um cigarro e uma tarja vermelha, entendemos, imediatamente, a mensagem sugerida pela figura. Essa figura padrão constitui um exemplo de texto não-verbal. Mas há outros, a vida é riquíssima deles. Estão em grandes quantidades e, sob os olhares das pessoas. São vistos nas placas de trânsito, em gestos convencionados que fazemos com as mãos..., assim, um texto não é necessariamente a palavra escrita e juntada umas às outras; mais especificamente “texto não é um aglomerado de frases”. Por isso, não basta um aglomerado de letras, juntar palavras ao acaso, juntar frases feitas para termos um texto pronto. É preciso haver uma lógica interna, garantida por dois mecanismos que são a pedra no sapato de muita gente: coesão e coerência, as quais serão vistas mais adiante. No sentido mais abrangente a definição de texto ou, produção textual é mais bem compreendida como um fenômeno de produção da linguagem sistemática de comunicar ideias ou sentimento através dos signos convencionais, sonoros, gráficos, gestuais, etc. e, caracteriza-se por aquilo que designa a palavra texto como um enunciado qualquer, oral ou escrito, longo ou breve, antigo ou moderno, que na visão de Guimarães (2000.14) concretiza-se suma cadeia sintagmática de extensão muito variável, podendo ser um enunciado único tanto quanto um segmento de grandes proporções. Portanto, texto ou discurso evidencia-se como linguagem em uso através de uma frase, um diálogo, um provérbio, um verso, uma estrofe, um poema, um romance e outros que, quando limitados às fronteiras da linguagem verbal, escrita, imagética, musical, teatral, coreográfica e muitas outras, o texto ou discurso, é um processo que engloba as relações sintagmáticas de qualquer sistema de signo, produzindo a ocorrência linguística falada ou escrita, de qualquer extensão, dotada de unidade sócio comunicativa, semântica e formal que tem um papel determinante na produção e recepção da linguagem. O texto possui como papel determinante em sua produção e recepção uma série de fatores pragmáticos que contribuem para a construção de seu sentido e possibilita seu reconhecimento como um emprego normal do uso da língua como atividade social. Logo, são considerados elementos fundamentais do processo peculiar de atos comunicativos: as intenções do produtor; o jogo de imagens que cada um dos interlocutores faz de si, do outro, e do outro com relação a si mesmo e ao tema do discurso; o espaço da perceptibilidade visual e acústica comum, a comunicação face a face, podendo ser pertinente numa situação e não ser em outra. Desse modo é pertinente o contexto sociocultural em que se insere o discurso tanto na sua produção como em sua recepção, pois à medida que este é inserido, delimita o conhecimento partilhado pelos interlocutores, inclusive quando as regras sócias interativas de comunicação como (variações de registro; tom de voz, postura, etiqueta sócio comunicativa) são elementos constituinte de seu sentido. Vale ressaltar que contexto é, a relação entre o texto e a situação em que ele ocorre, ou seja, é o conjunto de circunstâncias em que a mensagem é produzida em determinado tempo e lugar de forma a permitir sua compreensão, ou, pela cultura do emissor e receptor, etc. MORFOLOGIA DO PORTUGUÊS 17 Vê-se então, que o texto ou discurso, de um lado, é nas palavras de Guimarães (2000.5) um sistema de linguagem hierarquizado de configurações estruturadas internas; de outro, como um objeto aberto, plural, dialogante, ligado ao contexto verbal e extra verbal em que se deduz seu significado global emergente das relações fonológicas, morfológicas, sintáticas semânticas e pragmáticas que estão na base do complexo sistema que é a linguagem em uso, na qual texto ou discurso é tomado como sinonímia, pois, se pode empregar um termo ou outro. Pode-se inferir que o texto ou discurso se caracteriza por sua unidade formal, material, numa ocorrência linguística falada, escrita ou gestual de qualquer extensão, significado ou importância em que seus constituintes linguísticos devem se mostrar reconhecivelmente integrados de modo a permitir que seja percebido como um todo coeso. Assim, um texto será bem compreendido quando percebido pelo interlocutor sob três aspectos: • O pragmático, que tem a ver com seu funcionamento enquanto atuação informacional e comunicativa em que se insere o discurso (conjunto de normas). • O semântico conceitual em que depende sua coerência. • O formal, que diz respeito a sua coesão. O conceito de texto aqui entendido enquanto produção, criação, teoria ou faculdade de compreensão da linguagem falada, escrita, sinalizada, coloquial e outras, não pode ser vista como algo que se constrói individualmente, mas como uma prática social de determinada época, em determinada sociedade. Pois o homem, na comunicação, utiliza-se de sinais devidamente organizados, emitindo-os como mensagens em que se envolvem emissor e receptor. Vale ressaltar que qualquer mensagem precisa de um meio transmissor, o qual se pode chamar de canal de comunicação e refere-se a um contexto ou uma situação em que estão envolvidos os elementos da comunicação. Vale revelar que na linguagem coloquial, ou seja, na linguagem cotidiana entre os homens de sociedade diferenciada, usam-se as palavras conforme as situações ou contexto a que são inseridas ou se apresentam. Exemplo: “isso é um castelo de areia” uma expressão na qual pode estar inserida uma faculdade de agir denotativa ou conotativa. Denotativamente a expressão citada refere-se a uma construção feita na areia de uma praia qualquer, em forma de castelo; conotativamente apresenta-se como uma expressão que traduz o significado de uma ocorrência sem solidez ou de caracterizam como material de pouca resistência sujeito a mudança rápida ou, fácil de ser derrubado. Temos, portanto, o seguinte: • Denotação: é o uso do signo em seu sentido real; • Conotação: é ouso do signo em sentido figurado, simbólico. Para que seja cumprida a função social da linguagem em uso como processo sócio comunicativo, ou seja, para que um texto seja percebido como um todo há necessidade que as palavras tenham significado, ou seja, que cada palavra apresente um conceito. A essa combinação de conceito e palavra denomina-se signo. O signo linguístico une um elemento concreto, material, perceptível (um som ou letras impressas) chamado significante, a um elemento inteligível (o conceito) ou imagem mental, chamado significado. Portanto, pode-se MORFOLOGIA DO PORTUGUÊS 18 tomar como exemplificação de significante e significado o fruto da abobeira que sozinho nada representa, é apenas uma imagem material, o significante, mas se nela “abóbora” for colocado: olhos, nariz e boca, passa a representar o dia das bruxas, do halloween, caracterizando assim o uso da linguagem como funções, ou papel a desempenhar pelo individuo ou instituição na transmissão ou recepção de mensagem, Logo: Signo = significante + significado. Significado = idéia ou conceito (inteligível) 9 FLEXÃO E CATEGORIAS GRAMATICAIS A coesão de um texto depende muito da relação entre as orações que formam os períodos e os parágrafos. Os períodos compostos precisam ser relacionados por meio de conectivos adequados, se não quisermos torná-los incompreensíveis. Para cada tipo de relação que se pretende estabelecer entre duas orações, existe uma conjunção que se adapta perfeitamente a ela. Por exemplo, a conjunção, mas só deve ser usada para estabelecer uma relação de oposição entre dois enunciados. Porém, se houver uma relação de adição ou ideiade concessão, a conjunção deverá ser outra. Os Conectivos ou elementos de coesão são todas as palavras ou expressões que servem para estabelecer elos, para criar relações entre segmentos do discurso, tais como: então, portanto, já que, com efeito, porque, ora, mas, assim, daí, aí, dessa forma, isto é, embora e tantas outras. Ao lado da coerência, a coesão é um requisito relevante para que sua redação seja clara, eficiente. A coesão textual pode conseguir-se mediante quatro procedimentos gramaticais elementares: Fonte: www.descomplica.com.br MORFOLOGIA DO PORTUGUÊS 19 • Substituição: quando uma palavra ou expressão substitui outras anteriores: O Rui foi ao cinema. Ele não gostou do filme. • Reiteração: quando se repetem formas no texto: E um beijo?! E um beijo do seu filhinho?! - Quando dará beijos o meu menino?! (Fialho de Almeida) A reiteração pode ser lexical (“E um beijo”) ou semântica (“filhinho”/”menino”). Conjunção: quando uma palavra, expressão ou oração se relaciona com outros antecedentes por meio de conectores gramaticais: O cão da Teresa desapareceu. A partir daí, não mais se sentiu segura. A partir do momento em que o seu cão desapareceu, a Teresa não mais se sentiu segura. Concordância: quando se obtém uma sequência gramaticalmente lógica, em que todos os elementos concordam entre si (tempos e modos verbais correlacionados; regências verbais corretas, gênero gramatical corretamente atribuído, coordenação e subordinação entre orações): Cheguei, vi e venci. Primeiro vou tomar banho, escovar os dentes, depois vou para a cama. A coesão textual pode ser feita através de termos que retomam palavras, expressões ou frases já ditas anteriormente ("anáfora") ou antecipam o que vai ser dito ("catáfora"). A coesão por retomada ou antecipação pode ser feita por: pronomes, verbos, numerais, advérbios, substantivos, adjetivos. A coesão por encadeamento pode ser feita por conexão ou por justaposição. A coesão por conexão traz elementos que: • Fazem uma gradação na direção de uma conclusão: "até", "mesmo", "inclusive" etc.; • Argumentam em direção a conclusões opostas: "caso contrário", "ou", "ou então", "quer... quer"; etc.; • Ligam argumentos em favor de uma mesma conclusão: "e", "também", "ainda", "nem", "não só..., mas também" etc.; • Fazem comparação de superioridade, de inferioridade ou igualdade: "mais... do que", "menos... do que", "tanto... quanto", etc. • Justificam ou explicam o que foi dito: "porque", "já que", "que", “pois”, etc.; • Introduzem uma conclusão: portanto, logo, por conseguinte, pois, etc.; MORFOLOGIA DO PORTUGUÊS 20 • Contrapõem argumentos: "mas", "porém", "todavia", "contudo", "entretanto", "no entanto", "embora", "ainda que" etc.; • Indicam uma generalização do que já foi dito: "de fato", "aliás", "realmente", "também" etc.; • Introduzem argumento decisivo: "aliás", "além disso", "ademais", "além de tudo" etc.; • Trazem uma correção ou reforçam o conteúdo do já dito: "ou melhor", "ao contrário", "de fato", "isto é", "quer dizer", "ou seja", etc.; • Trazem uma confirmação ou explicitação: "assim", "dessa maneira", "desse modo", etc.; • Especificam ou exemplificam o que foi dito: "por exemplo", como, etc. Os elementos coesivos por justaposição estabelecem a sequência do texto, ou seja: • Introduzem o tema ou indicam mudança de assunto: "a propósito", "por falar nisso", "mas voltando ao assunto" etc.; • Marcam a sequência temporal: "cinco anos depois", "um pouco mais tarde", etc.; • Indicam a ordenação espacial: "à direita", "na frente", "atrás", etc.; • Indicam a ordem dos assuntos do texto: "primeiramente", "a seguir", "finalmente", etc.; Para analisar o papel da coesão na construção do sentido de um texto, é necessário a correlação entre os provérbios e os elementos coesivos respectivos, de modo a preencher as lacunas, de tal forma que haja coerência entre as duas partes que constituem um texto: ver o exemplo: TEXTO: A LEI A lei é um absurdo do começo ao fim. Primeiro, porque permite aos moradores da superquadra isolar uma área pública, não permitindo que os demais habitantes transitem por ali. Segundo, o projeto não repassa aos moradores o custo disso, ou seja, a responsabilidade pela coleta do lixo, pelos serviços de água e luz e pela instalação de telefones. Pelo contrário, a taxa de limpeza pública seria reduzida para os moradores. Além disso, a aprovação do texto foi obtida mediante emprego de argumentos falsos. (Revista VEJA, julho /97) ANÁLISE TEXTUAL: Para que se possa analisar a existência de coesão textual é necessário que se tenha conhecimento sobre elementos coesivos do texto e conhecimento de mundo sobre texto e intertextualidade. Koch (2009) nos remete a seu argumento de que é lícito concluir, portanto, que o termo texto pode ser tomado em duas acepções: texto em sentido lato designa toda e MORFOLOGIA DO PORTUGUÊS 21 qualquer manifestação da capacidade textual do ser humano; em sentido estrito, consiste em qualquer passagem, falada ou escrita, que forma todo um significativo, independentemente de sua extensão. Em sua contínua explanação a autora diz que a coesão pode ser descrita como um fenômeno que diz respeito ao modo como os elementos linguísticos presentes na superfície textual encontram-se interligados, por meio de recursos, também linguísticos, formando sequência veiculadoras de sentido. Com base no exposto, podem-se apresentar no texto abaixo alguns elementos que sinalizam para o fenômeno que se denomina coesão textual existentes na matéria veiculada pela Revista VEJA, em julho / 97. Podem-se comprovar analisando o texto acima alguns mecanismos da coesão textual como em: primeiro e segundo, elementos coesivos demonstrativos que indicam a ordem dos argumentos; ali elemento coesivo pronominal demonstrativo de lugar que faz referência a área pública, anteriormente citada; disso referencial demonstrativo que retoma o que é considerado um absurdo dentro da lei; ou seja e pelo contrário são conectores que introduzem uma retificação, uma correção relacionada a nominalização absurdo dada a lei; além disso elemento que tem por função acrescentar mais um argumento ao que está sendo discutido; texto elemento coesivo de substituição que tem como referente a lei; demais conectivo referencial adverbial que remete a um referente secundário que são os moradores proibidos de transitar pela superquadra; permitindo e transitem elementos coesivos verbais que fazem referências ao deslocamento dos habitantes que não são os da superquadra. Pela forma em que o texto a lei foi apresentado, percebe-se que a coesão pode estabelecer relações de sentido tornando-se responsável pela continuidade dos sentidos no texto como uma complexa rede de fatores de ordem linguística, cognitiva e interacional. Elementos coesivos: primeiro, segundo, ali, disso, ou seja, pelo contrário, além disso, permitindo, transitem, demais, texto, projeto, absurdo. 10 COERÊNCIA A coerência resulta da configuração que assumem os conceitos e relações subjacentes à superfície textual. Ela é considerada o fator fundamental da textualidade, porque é responsável pelo sentido do texto. Envolve não só aspectos lógicos e semânticos, mas também cognitivos, na medida em que depende do partilhar de conhecimentos entre os interlocutores. Antunes (2005. p.176) nos ensina que a coerência é uma propriedade ou peça comunicativa que tem a ver com o funcionamento do texto como meio de interação verbal e, não se pode avaliar a coerência de um texto se for levado em conta às formas como as palavras aparecem no texto. Logo, um discurso é aceito como coerente quando apresenta uma configuração conceitual compatível com o conhecimento de mundo do receptor. Vale revelarque o sentido do texto é construído não somente pelo produtor como também pelo receptor, que precisa deter os conhecimentos necessários a sua interpretação. O produtor do discurso não ignora a participação do interlocutor e conta com ela. É fácil verificar que grande parte dos conhecimentos necessários à compreensão do texto não vem explícita, mas fica dependente da capacidade de pressuposição e inferência do receptor. Assim, a coerência do texto deriva de sua lógica interna, resultante dos significados que sua rede de conceitos e relações põe em jogo, mas também, da compatibilidade entre essa rede conceitual, o mundo textual e o conhecimento de mundo daqueles que processam os discursos, daqueles que decodificam, compreendem e interpretam os significados das MORFOLOGIA DO PORTUGUÊS 22 palavras. Isso equivale à compreensão de que um texto é coerente quando é possível sua interpretação. Para que um texto seja coerente existem condições de interpretabilidade ligadas diretamente a ele, como o conhecimento e o uso adequado dos recursos léxicos e gramaticais da língua. Se alguém ouvisse ou lesse coisas como: Exemplo: • Quem tem uma foto importada de 1000 cc, que custa US$ 20.000, não vai expô-la ao trânsito de uma cidade como São Paulo. (Platão e Fiorin). • João venceu a luta, apesar de ser o mais forte dos lutadores. (Platão e Fiorin) Um leitor experiente não hesitaria em classificá-las como incoerentes. No primeiro caso, houve o uso inadequado de uma palavra do léxico. Basta trocar a palavra foto pela palavra moto que o texto fica coerente. No segundo caso, houve uma falha gramatical. A conjunção apesar de não está adequada para unir as duas idéias expostas no texto. Se a substituirmos pela conjunção pois tudo volta a ficar bem, em uma outra versão como: João venceu a luta, pois era o mais forte dos lutadores. A coerência de um texto depende de fatores pragmáticos como a intencionalidade, a aceitabilidade, a situacionalidade, a informatividade e a intertextualidade, e outros, como os elementos contextualizadores que são data, local, assinatura, elementos gráficos etc., envolvidos no processo sócio comunicativo. E também do conhecimento de mundo do leitor, alguém que não possua conhecimento sobre um tema tratado terá mais dificuldades para entender a contextualização em que este se dá. Importante elemento para a compreensão de um texto, a coerência textual é construída através dos conhecimentos sócio cognitivos de cada leitor. Quando você se propõe a escrever um texto, certamente se lembra de quem vai ler, não é verdade? Provavelmente, você também se lembra de que alguns cuidados devem ser tomados para que o leitor compreenda o texto. Nessa tentativa de fazer-se compreendido, você estabelece alguns padrões mentais que diferem o que é coerente daquilo que não faz o menor sentido, certo? Pois bem, intuitivamente, você está seguindo um princípio básico para uma boa redação, chamado de coerência textual. Você pode até não conhecer a exata definição desse elemento da linguística textual, mas possivelmente evita construções ininteligíveis em sua redação e recorre aos seus conhecimentos sócio cognitivos. A coerência é uma conformidade entre fatos ou ideias, próprio daquilo que tem nexo, conexão, portanto, podemos associá-la ao processo de construção de sentidos do texto e à articulação das ideias. Por serem os sentidos elementos subjetivos, podemos dizer que a coerência não pode ser delimitada, pois o leitor é o responsável pela constituição dos significados do texto. A coerência é imaterial e não está na superfície textual. Compreender aquilo que está escrito dependerá dos níveis de interação entre o leitor, o autor e o texto. Por esse motivo, um mesmo texto pode apresentar múltiplas interpretações. Quando lemos um texto, estamos ao mesmo tempo construindo sua interpretação, e fazer isso de maneira eficiente está relacionado com os conhecimentos que já possuímos. Como vamos entender um texto que https://mundoeducacao.bol.uol.com.br/redacao/articulacao-ideias-um-fator-textualidade.htm https://mundoeducacao.bol.uol.com.br/redacao/articulacao-ideias-um-fator-textualidade.htm MORFOLOGIA DO PORTUGUÊS 23 trate de química nuclear se não soubermos o que são os elementos da tabela periódica? Como entender um texto que fale sobre coerência se não soubermos o básico sobre a interpretação de textos? Três princípios básicos são necessários para compreendermos melhor o que é coerência textual: 1) Princípio da Não Contradição: Um texto deve apresentar situações ou ideias lógicas que em momento algum se contradigam; 2) Princípio da Não Tautologia: A tautologia nada mais é do que um vício de linguagem que repete ideias com palavras diferentes ao longo do texto, o que compromete a transmissão da informação; 3) Princípio da Relevância: Um texto com informações fragmentadas torna as ideias incoerentes, ainda que cada fragmento apresente certa coerência individual. Se as ideias não dialogam entre si, então elas são irrelevantes. É importante ressaltarmos que o uso adequado dos conectivos também colabora na construção de um texto coerente: a coesão textual é um importante mecanismo de estruturação do texto, presente em dois movimentos essenciais: restrospecção e prospecção. Lembre-se de que a coerência é um princípio de interpretabilidade, portanto, cabe a você depreender os sentidos do texto. 10.1 Clareza Textual Escrever nem sempre é tarefa fácil, mas existem algumas dicas que podem ajudar os menos hábeis com as palavras. Escrever um texto pode ser uma tarefa muito complicada para a maioria dos falantes. A arte de ajeitar palavras requer uma habilidade linguística que infelizmente nem todos têm, sobretudo aqueles que, por diversos motivos, não cultivam o hábito da leitura. Apesar dessa dificuldade, existem algumas técnicas que fazem da escrita uma missão possível, e conhecê-las é fundamental para quem quer escrever – ou precisa escrever –, mas sempre fica com milhares de dúvidas na cabeça. A intenção dos atos de escrita e fala é estabelecer comunicação e, para que ela aconteça, é indispensável que a mensagem seja elaborada de forma compreensível. É nessa hora que lançamos mão de um recurso importantíssimo, a clareza textual. Mas será que você sabe o que ela é? A clareza textual está relacionada à coerência e à coesão, dois recursos que não devem faltar em um bom texto. Ela diz respeito à maneira como as ideias são organizadas a fim de que o objetivo final seja alcançado: a compreensão textual. O Mundo Educação elaborou dicas sobre clareza textual que vão ajudá-lo na transmissão de seus argumentos e ideias de maneira eficiente e objetiva. Siga nosso passo a passo e elimine possíveis erros que prejudiquem a compreensão de seu texto. Dicas para a clareza textual: • Fique por dentro do tema: Para ficar preparado para discorrer sobre qualquer assunto, você deve manter-se informado; revistas, jornais impressos e conteúdos virtuais de https://mundoeducacao.bol.uol.com.br/redacao/uso-adequado-dos-conectivos.htm https://mundoeducacao.bol.uol.com.br/redacao/uso-adequado-dos-conectivos.htm https://mundoeducacao.bol.uol.com.br/redacao/uso-adequado-dos-conectivos.htm https://mundoeducacao.bol.uol.com.br/redacao/coesao-coerencia.htm https://mundoeducacao.bol.uol.com.br/redacao/coesao-coerencia.htm https://mundoeducacao.bol.uol.com.br/redacao/coesao-coerencia.htm https://mundoeducacao.bol.uol.com.br/redacao/coesao-coerencia.htm https://mundoeducacao.bol.uol.com.br/redacao/coesao-coerencia.htm https://mundoeducacao.bol.uol.com.br/redacao/como-produzir-um-bom-texto.htm https://mundoeducacao.bol.uol.com.br/redacao/como-produzir-um-bom-texto.htm https://mundoeducacao.bol.uol.com.br/redacao/como-produzir-um-bom-texto.htm MORFOLOGIA DO PORTUGUÊS 24 fontes confiáveis são indispensáveis.O domínio sobre o tema influi diretamente na clareza da escrita. • Períodos longos X Períodos curtos: Para construir períodos curtos, pontue mais. Frases longas, cheias de períodos, tendem a confundir o leitor e até mesmo quem está escrevendo. A sequenciação lógica depende da organização sintática das frases, por isso, fique atento para não errar e assim prejudicar a coerência de seus argumentos. • Cuidado com a pontuação: Um texto que abre mão da boa pontuação fica vulnerável a diversos problemas textuais, entre eles a ambiguidade. A construção de sentidos de um texto depende dos sinais de pontuação, como vírgulas e pontos-finais. Sem eles o leitor certamente encontrará dificuldades para a compreensão. • Ordem direta X Inversões sintáticas: Nos textos não literários, prefira a ordem direta, cuja construção sintática obedece à regra sujeito + verbo + complemento. Ao privilegiar a ordem direta, você estará contribuindo para a clareza textual. Nos textos literários, inversões estão liberadas, já que nesse tipo de linguagem há um compromisso com aspectos estilísticos da escrita. • Evite abreviaturas e siglas: Recursos muito utilizados quando precisamos redigir de maneira dinâmica, as abreviaturas e as siglas devem ser evitadas na linguagem escrita, pois devemos considerar a possibilidade de que nem todos os leitores conheçam determinado termo em sua forma reduzida. • Subjetividade X objetividade: A subjetividade é um recurso expressivo da linguagem que deve ficar restrito aos textos literários. Subjetivismos geralmente revelam estados emocionais, característica que prejudica a objetividade e a clareza textual. • Uso do vocabulário: Usar termos obsoletos e obscuros prejudicam a clareza textual, principalmente quando empregados fora do contexto. Uma palavra fora do lugar já é o suficiente para confundir o leitor, portanto, escolha cuidadosamente cada palavra e evite aquelas cujo significado você não tenha muita certeza. 11 COMO PRODUZIR UM BOM TEXTO Para se produzir um bom texto é necessário que o escritor tenha um prévio conhecimento do assunto que irá abordar. Além disso, a clareza das ideias é fundamental ao entendimento do leitor. O texto estará claro para quem lê quando tiver ideias bem articuladas e objetivas. Para isso, é importante uma seleção cuidadosa das palavras, que deverão ser distribuídas em períodos curtos. Dessa forma, o escritor evitará erros quanto à coerência e coesão dos fatos apresentados e o leitor não ficará perdido em meio a tantos argumentos. A coerência nos diz da organização das partes para formar o todo do texto. Os tipos de produção textual, sem exceção, necessitam de sentido, de ter significado, ou seja, precisam ser coerentes. Um texto será coeso se houver um acordo entre as partes do mesmo, de modo que os elementos que dão continuidade à produção estejam em harmonia. Logo, a clareza de um texto advém da coerência dos fatos, os quais se encadeiam através dos elementos de coesão, que por sua vez devem estar perfeitamente enquadrados. Um episódio que compromete a clareza textual e que é habitual em redações é a redundância, juntamente com a repetição desnecessária de palavras e ideias. https://mundoeducacao.bol.uol.com.br/redacao/coerencia-textual.htm https://mundoeducacao.bol.uol.com.br/redacao/coerencia-textual.htm https://mundoeducacao.bol.uol.com.br/redacao/coerencia-textual.htm MORFOLOGIA DO PORTUGUÊS 25 Reler o texto é uma opção de excelentes resultados, pois o autor chamará para si a responsabilidade e aprenderá que o processo da escrita e aperfeiçoamento da mesma vem com o tempo, com a prática. Além disso, ao fazer a releitura textual o escritor observará palavras e trechos desnecessários, ideias vagas, exposições inadequadas, períodos longos e confusos, e assim por diante. A autocorreção traz benefícios para o emissor e para o receptor da mensagem, pois evita a obscuridade textual e o desinteresse. Do mesmo modo, quando o escritor se distancia de seu texto e coloca-se na posição de leitor, tem maior percepção a respeito do que foi escrito, se é compreensível ou não. Através dessa reflexão a respeito da produção textual, observamos que somente as correções ortográficas e gramaticais não são suficientes, mas também a análise textual a partir da colocação das ideias. O que torna ainda mais necessário a releitura, pois a apreciação de um texto requer tempo e disposição. Portanto, a revisão do texto deve ser feita sempre, a fim de que haja um bom resultado, ou melhor, um bom texto. A clareza de um texto quando lemos algo e não entendemos com exatidão o que aquele escritor quis dizer. Os argumentos se emendam uns nos outros, uma nova ideia surge a cada vírgula e em um mesmo período, o parágrafo parece não ter mais fim! Uma redação é clara quando há transmissão do conteúdo ao interlocutor de maneira que este compreenda a mensagem. Logo, redações mais concisas, ou seja, objetivas, tendem a possuir mais clareza. Se você tem dificuldade em estruturar bem seus pensamentos, utilize um rascunho. Leia sobre o assunto e busque na memória o conhecimento que já tem sobre ele. Então, reflita sobre o que vai escrever e como vai fazê-lo. Para isso, delimite o tema geral em um específico como, por exemplo: Tema geral: Amazônia, Tema específico: Manifesto Amazônia para sempre. Quando você restringe o tema, restringe também o que vai escrever. Não que o texto deva ficar pequeno, mas sim objetivo, a fim de que seja desenvolvido plenamente. O escritor também deve ficar atento ao número mínimo de 15 linhas e máximo de 30 ou 35 (dependerá do processo seletivo). O rascunho é muito importante, pois nele os erros poderão ser corrigidos antes de serem passados para a folha de redação definitiva. Quanto à clareza, tente cumprir com os seguintes aspectos: Fonte: www.pt.dreamstime.com MORFOLOGIA DO PORTUGUÊS 26 a) Faça frases curtas, pois períodos longos geralmente ficam confusos. b) Não tente parecer mais culto, empregando palavras que desconhece, pois correrá o risco de errar quanto ao significado. Portanto, use palavras simples e precisas. c) Tenha cuidado com a ambiguidade, que é quando uma oração pode ter mais de um sentido: Peguei as chaves da Ana. (Peguei as chaves que estavam com Ana ou as chaves que pertenciam a Ana?) d) Coesão: As partes devem estar interligadas, ou seja, relacionadas. Não comece falando de alguma coisa e parta para outra, sempre termine a ideia inicial sem delongas. Frases com muitas vírgulas são indício de falta de coesão. Outra questão é não tentar passar as ideias de acordo com o que vão aparecendo em sua mente, pois o fluxo mental é intenso. Na hora de escrever, concentre-se e sempre leia cada parágrafo que acabou de redigir para verificar se está claro! A busca pelas palavras corretas é fundamental ao discurso. O subtítulo que compõe este artigo, demarcado de forma intencional, obviamente, remete-nos aos dizeres do imortal Carlos Drummond de Andrade, a quem nos faltam “literalmente” palavras para nos referirmos. Assim, em uma de suas magníficas criações, intitulada “O lutador”, deixou-nos registrado algo neste sentido: “Lutar com palavras é a luta mais vã. Entanto lutamos mal rompe a manhã. São muitas, eu pouco. Algumas, tão fortes como o javali. Não me julgo louco. Se o fosse, teria poder de encantá-las. Mas lúcido e frio, apareço e tento apanhar algumas para meu sustento num dia de vida. ” [...] Ao mesmo tempo em que ele afirma ser essa luta um vão embate, reafirma, categoricamente, que não devemos deixar o campo de batalha, ainda que encontremos pela frente alguns “javalis”, metaforicamente dizendo. Indo mais adiante, esse grande mestre nos faz crer que, apesar de sermos poucos, e elas, diversas, não podemos nos render, devemos continuar “lutando”. Não neguemos nunca a condiçãoem que se colocou o autor ao citar que, “num dia de vida”, ele aparece para “apanhar algumas”, haja vista que, sentindo saciedade de fome, ele sobrevive, digamos assim, de se alimentar das próprias palavras para construir seu discurso poético. Dessa forma, caro (a) usuário (a), nada há de extraordinário e incomum em nos sentirmos como poetas e poetisas para, também, construirmos nossos discursos cotidianos, apesar de essa tarefa ser realmente uma luta. No entanto, enquanto seres eminentemente sociais, participamos da vida em comum por meio das interações linguísticas que estabelecemos diariamente, sempre levando em consideração que para cada finalidade comunicativa existe um posicionamento específico. MORFOLOGIA DO PORTUGUÊS 27 Nesse sentido, compreender acerca desse posicionamento é, sobretudo, conscientizar-se de que limitações existem e devem ser entendidas não como um obstáculo, mas como algo a ser apreendido e colocado em prática, sempre. Limitações essas, no sentido de que, para cada enunciação, devemos agir de modo específico, ou seja, a depender do que desejamos dizer, para quem desejamos nos expressar e por que assim o fazemos, há posicionamentos distintos, os quais podem ser comparados a cada roupa que escolhemos, uma para cada situação, ou seja, desde aquele terno, formalíssimo por sinal, até o chinelinho de dedos, acompanhado da bermuda e da camiseta, bem ao estilo despojado de ser. Não usaríamos o mesmo discurso em uma redação empresarial, em uma entrevista de emprego, caso estivéssemos reunidos em uma mesa de bar, por exemplo. Não falaríamos a uma criança da mesma maneira como conversaríamos com nossos superiores, sobretudo com aqueles que não temos a menor intimidade. Fazermos a escolha correta das palavras é detectarmos o modo como se dá a relação enunciador x enunciatário, como num discurso publicitário, numa campanha, num bate-papo na internet ou até mesmo num artigo científico. Ou seja, a finalidade a qual o emissor se dispõe mediante o discurso que constrói é requisito fundamental para fazer bom uso das escolhas lexicais. Claro, que, consoante a tais pressupostos, a bagagem ideológica, a bagagem cultural e a bagagem relacionada à visão de mundo, propriamente dita, são, sem dúvida, relevantes, decisivas. 12 PARÁGRAFOS - A ESTRUTURA DO PARÁGRAFO O parágrafo é um dos mais importantes componentes do texto. Ele sempre deverá ser desenvolvido a partir de uma ideia-núcleo, responsável por nortear as ideias secundárias. Escrever uma redação pode ser um exercício árduo, pelo menos para boa parte das pessoas. Infelizmente, ainda não somos uma sociedade que valoriza o hábito da leitura, comportamento fundamental para quem quer ser um escritor eficiente. Ler todos os tipos e gêneros textuais ainda é a alternativa mais aconselhada para atingir a proficiência na modalidade escrita e também na modalidade oral, haja vista que a leitura melhora significamente a comunicação. Para ajudá-lo (a) a estruturar melhor o seu texto, o Mundo Educação apresenta agora algumas dicas sobre o parágrafo. Quem nunca ficou em dúvida sobre a paragrafação de um texto? A verdade é que essa é uma dúvida recorrente e persistente, mas que pode ser facilmente solucionada com algum treino e dedicação. Para começar nossas dicas de redação, é importante que você saiba que o parágrafo é um dos elementos mais importantes de um texto e pode ser considerado a “alma” de qualquer redação. MORFOLOGIA DO PORTUGUÊS 28 Quando um texto prescinde de uma paragrafação adequada, certamente ele ficará confuso, desorganizado e estruturalmente comprometido, falhas imperdoáveis principalmente para quem escreve uma redação em concursos e vestibulares. Dicas de redação: • Dica 1: É primordial que você entenda que o parágrafo deve ser constituído de apenas uma ideia, que aqui chamaremos de ideia-núcleo. A partir da ideia núcleo serão desenvolvidas ideias secundárias que deverão estabelecer relação dialógica com a ideia principal; • Dica 2: As ideias desenvolvidas em cada parágrafo devem estar relacionadas com a ideia principal do texto, que geralmente é apresentada na introdução; caso contrário, seu texto transformar-se-á em um amontoado de argumentos sem qualquer tipo de ligação uns com os outros, efeito para lá de indesejado; • Dica 3: Para iniciar seu parágrafo, apresente o tópico frasal. Mas o que é um tópico frasal? O tópico frasal nada mais é do que a frase inicial de cada parágrafo, frase que resumirá a ideia a ser desenvolvida. É importante que o tópico frasal seja conciso e objetivo, composto, no máximo, por duas ou três orações, característica que facilitará o desenvolvimento da ideia central; • Dica 4: Um tópico frasal longo pode ocultar a palavra-chave do parágrafo. A palavra- chave é aquela palavra de peso que norteará o desenvolvimento das ideias. Se o seu tópico frasal for vago, isto é, apresentar múltiplas palavras chave, provavelmente você terá dificuldades para encontrar a palavra principal, que será responsável por levar adiante a ideia central; • Dica 5: E quanto ao tamanho ideal de um parágrafo? Bom, não existe uma regra que determine que um parágrafo deva ter uma quantidade exata de frases, tampouco uma regra que estipule seu número de linhas, mesmo porque existem parágrafos que são constituídos por uma única frase. Mas se você tem dificuldades para encontrar um tamanho ideal, três frases é um número satisfatório; • Dica 6: Existem diferentes formas de organização de parágrafos, contudo, nos textos dissertativo-argumentativos e também em alguns gêneros do universo jornalístico, os parágrafos geralmente seguem uma estrutura-padrão. Essa estrutura é constituída por três partes: a ideia-núcleo, as ideias secundárias (que desenvolvem a ideia-núcleo) e a conclusão (que reafirma a ideia-núcleo). Vale lembrar que, em parágrafos curtos, dificilmente haverá conclusão; • Dica 7: Os parágrafos existem para dar um intervalo entre um assunto e outro dentro do mesmo tema. Quando você perceber que um parágrafo deixou de desenvolver sua ideia-núcleo, é hora de finalizá-lo e iniciar outro; • Dica 8: Se ao final de seu texto você perceber que acabou misturando ideias diferentes em um mesmo parágrafo, não se desespere: tenha paciência e reestruture-os. Lembre- se de que o processo de reescrita é fundamental para quem quer escrever bons textos. Fonte: www.mundoeducacao.bol.uol.com.br https://mundoeducacao.bol.uol.com.br/redacao/titulo-tema-paragrafo.htm https://mundoeducacao.bol.uol.com.br/redacao/titulo-tema-paragrafo.htm https://mundoeducacao.bol.uol.com.br/redacao/titulo-tema-paragrafo.htm MORFOLOGIA DO PORTUGUÊS 29 Sugestão de uma estrutura básica: • 3 ou 4 parágrafos. • Introdução e conclusão menores que desenvolvimento. • 2 períodos por parágrafo Frases curtas. • Respeito às margens (não ultrapassar as margens e nem deixar espaços em branco). Seu texto deverá ficar “retinho” nas margens. • Respeite a marcação dos parágrafos – deixe um espaço de 1 a 2 cm no início de cada parágrafo. • Não deixe linhas em branco. Que expressões usar em cada parágrafo? Introdução: deve ser breve e apresentar apenas informações gerais sobre o tema abordado. Pode-se iniciar a introdução com: • Uma afirmação; • Uma ou mais perguntas; • Uma retrospectiva histórica (falando sobre dados passados); Dados estatísticos (desde que verídicos e atuais); Desenvolvimento: exemplos de expressões utilizadas em parágrafos de desenvolvimento: Confronto • "É possível que..., no entanto..." "É certo que..., entretanto..." • "É provável que ..., porém..., todavia..." Divisão de ideias • "Em primeiro lugar ...; em segundo ...; por último ..." "Por um lado ...; por outro ..." • "Primeiramente, ...; em seguida, ...; finalmente, ..." Enumeração •
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