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Nacionalidade: Conceito e Aquisição

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Teoria Geral do Direito Constitucional
Profª Maria de Lurdes
 
Unidade 4
Seção 4.2 - Nacionalidade: pressupostos conceituais
Seção 4.3 - Nacionalidade: brasileiro nato ou naturalizado
Seção 4.4 - Cargos e perda da nacionalidade
NACIONALIDADE
NACIONALIDADE - art. 12/CF 
• CONCEITO 
É o vínculo jurídico estabelecido entre uma pessoa e um Estado. 
• DIFERENÇA ENTRE NACIONALIDADE E CIDADANIA 
A nacionalidade é pressuposto da cidadania. Cidadania é o exercício de direitos e deveres civis e políticos de um Estado. É possível ser nacional de um país e não ser cidadão.
NACIONALIDADE - art. 12/CF 
• POLIPÁTRIDAS - indivíduos possuam mais de uma nacionalidade. 
• APÁTRIDA - Trata-se de pessoas sem nacionalidade.
FORMAS DE AQUISIÇÃO DE NACIONLIDADE 
• Nacionalidade originária: gerada pelo nascimento; 
• Nacionalidade derivada ou adquirida: gerada pela naturalização, ou seja, pela manifestação de vontade do interessado.
NACIONALIDADE ORIGINÁRIA
CRITÉRIOS DE AQUISIÇÃO DA NACIONALIDADE ORIGINÁRIA (ART. 12, I/CF) 
• Jus solis: trata-se da nacionalidade conferida a todos que nasceram no Brasil; 
• Jus sanguinis: atribuição da nacionalidade pela filiação, ou seja, o vínculo jurídico estabelecido entre genitor ou genitora e o Estado.
CRITÉRIOS DE AQUISIÇÃO DA NACIONALIDADE ORIGINÁRIA (ART. 12, I/CF) 
Art. 12. São brasileiros: 
I - Natos: 
a) os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que de pais estrangeiros, desde que estes não estejam a serviço de seu país; 
b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira, desde que qualquer deles esteja a serviço da República Federativa do Brasil; 
c) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de mãe brasileira, desde que sejam registrados em repartição brasileira competente ou venham a residir na República Federativa do Brasil e optem, em qualquer tempo, depois de atingida a maioridade, pela nacionalidade brasileira;
LEI DE IMIGRAÇÃO
LEI DE MIGRAÇÃO 
O procedimento de naturalização encontrava-se estabelecido na Lei nº 6.815/1980 (Estatuto do Estrangeiro). 
Essa Lei, porém, foi revogada pela Lei nº 13.445/2017, que instituiu a Lei de Migração, dispondo sobre os direitos e os deveres do migrante e do visitante, regulando sua entrada e estada no País e estabelecendo princípios e diretrizes para as políticas públicas para o emigrante.
LEI DE MIGRAÇÃO
A Lei nº 13.445/2017, chamada Lei de Migração, regulamentada pelo Decreto nº 9.199/17, dispõe sobre:
Direitos e os deveres do migrante e do visitante;
Entrada e estada no país;
Princípios e diretrizes para as políticas públicas em relação ao migrante;
Opção de nacionalidade; 
Processo de naturalização.
OPÇÃO DE NACIONALIDADE BRASILEIRA
OPÇÃO DE NACIONALIDADE BRASILEIRA
Art. 63 da Lei 13.445/17:
“O filho de pai ou de mãe brasileiro nascido no exterior e que não tenha sido registrado em repartição consular poderá, a qualquer tempo, promover ação de opção de nacionalidade”.
DA OPÇÃO PELA NACIONALIDADE BRASILEIRA - Decreto nº 9.199/17
Art. 214. O filho de pai ou de mãe brasileira nascido no exterior e que não tenha sido registrado em repartição consular poderá, a qualquer tempo, desde que esteja residindo no País, promover ação de opção de nacionalidade.
OPÇÃO PELA NACIONALIDADE BRASILEIRA - Decreto nº 9.199/17
Art. 213. A opção pela nacionalidade é o ato pelo qual o brasileiro nascido no exterior e que não tenha sido registrado em repartição consular confirma, perante a autoridade judiciária competente, a sua intenção de manter a nacionalidade brasileira.
§ 1º A opção de nacionalidade não importará a renúncia de outras nacionalidades.
§ 2º A opção de nacionalidade é ato personalíssimo e deverá ocorrer por meio de procedimento específico, de jurisdição voluntária, perante a Justiça Federal, a qualquer tempo, após atingida a maioridade civil.
§ 3º A União sempre será ouvida no processo de opção de nacionalidade por meio de citação dirigida à Advocacia-Geral da União, observado o disposto no art. 721 da Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015 - Código de Processo Civil .
DA OPÇÃO PELA NACIONALIDADE BRASILEIRA - Decreto nº 9.199/17
Art. 215. O filho de pai ou mãe brasileira nascido no exterior e cujo registro estrangeiro de nascimento tenha sido transcrito diretamente em cartório competente no País terá a confirmação da nacionalidade vinculada à opção pela nacionalidade brasileira e pela residência no território nacional.
§ 1º Depois de atingida a maioridade e até que se faça a opção pela nacionalidade brasileira, a condição de brasileiro nato ficará suspensa para todos os efeitos.
§ 2º Feita a opção pela nacionalidade brasileira, os efeitos da condição de brasileiro nato retroagem à data de nascimento do interessado.
NACIONALIDADE ADQUIRIDA ou NATURALIZAÇÃO
NACIONALIDADE ADQUIRIDA ou NATURALIZAÇÃO
Naturalização é o ATO UNILATERAL e DISCRICIONÁRIO do Estado no exercício de sua soberania, podendo conceder ou negar a nacionalidade ao estrangeiro que requeira. Desta forma, o Estado não está obrigado a conceder a nacionalidade, mesmo se preenchido todos os requisitos. 
Trata-se de ato de soberania!
CRITÉRIOS DE AQUISIÇÃO de NACIONALIDADE (art. 12, II/CF)
Pode ser voluntária (EXPRESSA) ou imposta. 
No Brasil só admite-se a voluntária.
Critérios: 
Residência: lugar de residência habitual
Trabalho: lugar do trabalho a serviço do Estado
Casamento: situação de ser cônjuge de um nacional
LEI DE MIGRAÇÃO
A Lei de Migração (art. 64) define 5 (cinco) tipos de naturalização: 
Ordinária;
Extraordinária;
Especial;
Provisória, e;
Simplificada – apátrida. 
NATURALIZAÇÃO ORDINÁRIA
A naturalização ordinária é a estabelecida no art. 12, II, “a”, da Constituição.
Art. 12. São brasileiros:
II - naturalizados:
a) os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade brasileira, exigidas aos originários de países de língua portuguesa apenas residência por um ano ininterrupto e idoneidade moral;
NATURALIZAÇÃO ORDINÁRIA
A primeira parte do dispositivo refere-se aos estrangeiros  originários de países de língua portuguesa e aos apátridas, cuja naturalização brasileira se dará conforme critérios definidos em lei.
NATURALIZAÇÃO ORDINÁRIA
A segunda parte refere-se aos estrangeiros originários de países de língua portuguesa. Para estes, são exigidos para a naturalização apenas 1 (um) ano de residência ininterrupta e idoneidade moral.
NATURALIZAÇÃO ORDINÁRIA
Art. 65. Será concedida a naturalização ordinária àquele que preencher as seguintes condições:
I - ter capacidade civil, segundo a lei brasileira;
II - ter residência em território nacional, pelo prazo mínimo de 4 (quatro) anos;
III - comunicar-se em língua portuguesa, consideradas as condições do naturalizando; e
IV - não possuir condenação penal ou estiver reabilitado, nos termos da lei.
Requisitos: 
Ter capacidade civil segundo a lei brasileira, 
Ter residência em território nacional por mínimo de 4 (quatro) anos, 
Comunicar-se em língua portuguesa e
Não possuir condenação penal ou estiver reabilitado, nos termos da lei.
NATURALIZAÇÃO ORDINÁRIA
O prazo de residência será reduzido para, no mínimo, 1 (um) ano se o naturalizando tiver filho brasileiro ou cônjuge ou companheiro brasileiro, desde que dele não esteja separado legalmente ou de fato no momento de concessão da naturalização.
O prazo ainda é reduzido se o naturalizando houver prestado ou puder prestar serviço relevante ao Brasil, ou ainda recomendar-se por sua capacidade profissional, científica ou artística.
NATURALIZAÇÃO EXTRAORDINÁRIA
A naturalização extraordinária, também chamada de quinzenária, está disposta no art. 12, II, “b” da Constituição. 
Art. 12. São brasileiros:
II - naturalizados:
b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade, residentes na República Federativa do Brasil há mais de quinze anos ininterruptos e sem condenação penal, desde que requeiram a nacionalidade brasileira.
NATURALIZAÇÃO EXTRAORDINÁRIA
Neste caso, pode requerer a naturalização brasileirao estrangeiro de qualquer nacionalidade que resida a mais de 15 (quinze) anos ininterruptos no país e não possua condenação penal.
NATURALIZAÇÃO EXTRAORDINÁRIA
A naturalização extraordinária é intransferível, fazendo jus a ela apenas o indivíduo que preenche os requisitos constitucionais. Dessa forma, independe da nacionalidade brasileira do cônjuge ou do filho do naturalizado, não autoriza o seu cônjuge ou filho a entrar ou radicar-se no Brasil sem as exigência legais.
NATURALIZAÇÃO ESPECIAL
Regulada pelo art. 68 da Lei de Migração, onde poderá ser concedida ao estrangeiro em duas situações.
Art. 68. A naturalização especial poderá ser concedida ao estrangeiro que se encontre em uma das seguintes situações:
I - seja cônjuge ou companheiro, há mais de 5 (cinco) anos, de integrante do Serviço Exterior Brasileiro em atividade ou de pessoa a serviço do Estado brasileiro no exterior; ou
II - seja ou tenha sido empregado em missão diplomática ou em repartição consular do Brasil por mais de 10 (dez) anos ininterruptos.
NATURALIZAÇÃO ESPECIAL
Requisitos: 
Ter capacidade civil, segundo a lei brasileira; 
Comunicar-se em língua portuguesa, consideradas as condições do naturalizando, e;
Não possuir condenação penal ou estiver reabilitado, nos termos da lei.
NATURALIZAÇÃO PROVISÓRIA
A naturalização provisória poderá ser concedida ao migrante criança ou adolescente que tenha fixado residência em território nacional antes de completar 10 (dez) anos de idade e deverá ser requerida por intermédio de seu representante legal.
NATURALIZAÇÃO PROVISÓRIA
A naturalização provisória será convertida em definitivo se o naturalizando expressamente assim o requerer no prazo de 2 (dois) anos após atingir a maioridade.
NATURALIZAÇÃO PROVISÓRIA
A naturalização provisória será convertida em definitivo se o naturalizando expressamente assim o requerer no prazo de 2 (dois) anos após atingir a maioridade.
NATURALIZAÇÃO DO APÁTRIDA
A Lei de Migração garante ao apátrida, como 
instituto protetivo especial, processo simplificado 
de naturalização, que será iniciado tão logo seja reconhecida a situação de apatridia.
Art. 96, § 2º - Decreto nº 9.199/17 - O processo de reconhecimento da condição de apátrida será iniciado por meio da solicitação do interessado apresentada ao Ministério da Justiça e Segurança Pública ou às unidades da Polícia Federal.
NATURALIZAÇÃO DO APÁTRIDA
Reconhecida a condição de apátrida, o solicitante será consultado sobre o desejo de adquirir a nacionalidade brasileira. 
Caso opte pela naturalização, a decisão sobre o reconhecimento será encaminhada ao órgão competente do Poder Executivo para publicação dos atos necessários à efetivação da naturalização em 30 (dias). 
Caso não opte pela naturalização imediata, terá a autorização de residência outorgada em caráter definitivo.
NATURALIZAÇÃO DO APÁTRIDA
Caberá recurso contra decisão negativa de reconhecimento da condição de apátrida. Porém, mesmo subsistindo a denegação do reconhecimento da condição de apátrida, é vedada a devolução do indivíduo para país onde sua vida, integridade pessoal ou liberdade estejam em risco.
NATURALIZAÇÃO DO APÁTRIDA
A proteção legal conferida ao apátrida será perdida em caso de renúncia, falsidade dos fundamentos para o reconhecimento da condição de apátrida ou ainda a existência de fatos que, se fossem conhecidos por ocasião do reconhecimento, teriam ensejado decisão negativa.
DOS EFEITOS DA NATURALIZAÇÃO
DOS EFEITOS DA NATURALIZAÇÃO
Lei 13.445/17 – Lei de migração
Art. 73. A naturalização produz efeitos após a publicação no Diário Oficial do ato de naturalização.
DA PERDA DA NACIONALIDADE
DA PERDA DA NACIONALIDADE
Lei 13.445/17 – Lei de migração
Art. 75. O naturalizado perderá a nacionalidade em razão de condenação transitada em julgado por atividade nociva ao interesse nacional, nos termos do inciso I do § 4º do art. 12 da Constituição Federal.
Parágrafo único. O risco de geração de situação de apatridia será levado em consideração antes da efetivação da perda da nacionalidade.
DA PERDA DA NACIONALIDADE
Art. 12, § 4º/CF
§ 4º - Será declarada a perda da nacionalidade do brasileiro que:
I - tiver cancelada sua naturalização, por sentença judicial, em virtude de atividade nociva ao interesse nacional;
II - adquirir outra nacionalidade, salvo nos casos: 
a) de reconhecimento de nacionalidade originária pela lei estrangeira; 
b) de imposição de naturalização, pela norma estrangeira, ao brasileiro residente em estado estrangeiro, como condição para permanência em seu território ou para o exercício de direitos civis; 
DA REAQUISIÇÃO DA NACIONALIDADE
DA REAQUISIÇÃO DA NACIONALIDADE
Lei 13.445/17 – Lei de migração
Art. 76. O brasileiro que, em razão do previsto no inciso II do § 4º do art. 12 da Constituição Federal , houver perdido a nacionalidade, uma vez cessada a causa, poderá readquiri-la ou ter o ato que declarou a perda revogado, na forma definida pelo órgão competente do Poder Executivo.
DA IGUALDADE DE DIREITOS ENTRE PORTUGUESES E BRASILEIROS
DA IGUALDADE DE DIREITOS ENTRE PORTUGUESES E BRASILEIROS
RECIPROCIDADE - havendo reciprocidade em relação aos brasileiros, aos portugueses com residência permanente no país serão atribuídos os direitos inerentes ao brasileiro naturalizado, observadas as ressalvas contidas na CF/88. Nesse caso, o português poderá se alistar eleitoralmente e ser considerado cidadão sem, contudo, ser nacional. 
Ver estatuto da igualdade - decreto no 70.391/1972.
Art. 12, §1º, da CF/88 - Aos portugueses com residência permanente no País, se houver reciprocidade em favor de brasileiros, serão atribuídos os direitos inerentes ao brasileiro, salvo os casos previstos nesta Constituição.   
PRINCIPÍO DA IGUALDADE DE BRASILEIROS NATOS E NATURALIZADOS
PRINCIPÍO DA IGUALDADE DE BRASILEIROS NATOS E NATURALIZADOS - art. 12, §2º/CF
A lei não poderá estabelecer distinções entre os brasileiros natos e os naturalizados, exceto nos casos constitucionalmente previstos.
EXCEÇÃO CONSTITUCIONAL AO PRINCÍPIO DA IGUALDADE
 Art. 5º, LI, da CF/88: veda a extradição de brasileiro nato, mas afirma que o naturalizado poderá ser extraditado em caso de crime comum, praticado antes da naturalização, ou de comprovado envolvimento em tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, na forma da lei. 
Art. 5º, LI/CF - nenhum brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado, em caso de crime comum, praticado antes da naturalização, ou de comprovado envolvimento em tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, na forma da lei;
EXCEÇÃO CONSTITUCIONAL AO PRINCÍPIO DA IGUALDADE
- Art. 12, §3º, da CF/88: elenca quais são os CARGOS PRIVATIVOS DOS BRASILEIROS NATOS:
(I) Presidente da República e vice; 
(II) Presidente da Câmara dos Deputados; 
(III) Presidente do Senado Federal; 
(IV) Ministro do Supremo Tribunal Federal (STF); 
(V) da carreira diplomática; 
(VI) oficial das Forças Armadas; 
(VII) Ministro de Estado da Defesa. 
 - Art. 89, VII, da CF/88: CIDADÃOS que compõem o CONSELHO DA REPÚBLICA.
- Art. 222, da CF/88: a PROPRIEDADE DE EMPRESA JORNALÍSTICA E DE RADIODIFUSÃO É PRIVATIVA de brasileiro nato ou naturalizado há mais de 10 anos.
OBRIGADA!
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
LENZA, Pedro. Direito Constitucional esquematizado. 21ª ed. São Paulo: Saraiva, 2017.
SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional positivo. 40 ª ed. São Paulo: Malheiros, 2017.
MORAES, Alexandre de. 33ª ed. Direito Constitucional. São Paulo: Atlas, 2017.
BONAVIDES, Paulo. 32ª ed. Curso de Direito Constitucional. São Paulo: Malheiros , 2017.
BULOS, Uadi Lammêgo. Direito Constitucional ao alcance de todos. 7ª ed. São Paulo: Saraiva, 2017.
Mendes, Gilmar Ferreira; Branco, Paulo Gustavo Gonet. Curso de Direito Constitucional.12ª Ed. Saraiva: São Paulo, 2017.
Barroso, Luís Roberto. Curso De Direito Constitucional Contemporâneo. 6ª Ed. São Paulo: Saraiva, 2017.

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