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AUDITORIA TRABALHISTA E PREVIDENCIARIA - aula 06

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AULA 6 
AUDITORIA TRABALHISTA 
E PREVIDENCIÁRIA 
Prof. Érico Eleuterio da Luz 
 
 
2 
TEMA 1 – TRIBUTAÇÃO E ASPECTOS PREVIDENCIÁRIOS 
O ordenamento jurídico brasileiro configura-se como um conjunto 
hierarquizado de normas que têm por função disciplinar as relações entre entes, 
sejam pessoas jurídicas ou pessoas naturais. 
A norma mais importante e que se classifica como a de maior grau na 
hierarquia é a Constituição Federal. Todo o nosso direito positivo, para ter 
validade, deriva-se, portanto, da denominada Carta Magna, incluindo-se o direito 
trabalhista e o previdenciário. 
Graficamente, pode-se visualizar conforme segue: 
Figura 1 – Classificação das normas 
 
 
 
 
 
 
3 
1.1 Constituição Federal 
É a principal fonte e norma do direito tributário (que tem relação direta com 
o direito previdenciário), sendo que o art. 145 trata do sistema tributário nacional, 
com destaque para as contribuições de natureza tributária/previdenciária, 
iniciando pelos princípios gerais, limitações ao poder de tributar, transcrevendo os 
tributos da União, Estados, Distrito Federal e Municípios. 
1.2 Emendas à Constituição 
Esse tipo legislativo tem como função principal a alteração direta da 
Constituição Federal, respeitados os limites impostos pelo art. 60 da CF, que no 
seu inciso IV elenca as cláusulas pétreas (assuntos que podem ser objetos de 
alteração) (Brasil, 1988). 
1.3 Leis Complementares e Leis Ordinárias 
São espécies normativas que se diferenciam pela ordem material (matéria) 
e formal (forma de votação) e têm como papel, dentre outros, na esfera tributária: 
• Instituir, extinguir, reduzir ou majorar (aumentar) tributos; 
• Definir fato gerador da obrigação tributária principal; 
• Fixar alíquotas ou base de cálculo de tributos; 
• Cominar penalidades; 
• Excluir, suspender ou extinguir crédito tributário. 
1.3.1 Lei Complementar 
O art. 146 da Constituição Federal estabelece a função da Lei 
Complementar dispondo que deverá dispor sobre conflitos de competência entre 
as três entidades tributárias (União, Estados e Municípios), bem como regular as 
limitações constitucionais ao poder de tributar (Brasil, 1988). 
1.3.2 Lei Ordinária 
A Lei Ordinária é a lei comum para regular as matérias que não estejam 
submetidas obrigatoriamente à lei complementar. 
 
 
4 
É fundamental o auditor conhecer a legislação tributária, previdenciária e 
trabalhista e igualmente é relevante o domínio da interpretação da norma, pois 
nem sempre o sentido do que está escrito na norma é aquele extraído pelo 
intérprete. 
A interpretação compreende o estudo dos métodos e processos lógicos que 
se propõem a definir o conteúdo e o alcance das normas jurídicas. 
Nesse sentido, destacam-se algumas espécies de interpretação: 
Interpretação literal ou gramatical – é o método mais conhecido, porém não 
necessariamente será o mais aplicado, pois nem sempre a expressão literal se 
traduz na vontade do legislador. Esse método considera em sua compreensão o 
significado puro das palavras constantes da norma jurídica que se pretende 
interpretar. 
1.4 Interpretação sistemática 
Nessa espécie de interpretação, a norma é classificada como parte de um 
sistema maior, o sistema jurídico, e sua utilização busca obter certa harmonia na 
sua compreensão e na aplicação a casos concretos. É considerada como parte 
de um sistema jurídico organizado, com o fim de se buscar certa harmonia na 
compreensão e aplicação de referida norma em casos concretos. Aqui, o 
intérprete, seja o auditor ou qualquer outro profissional, deve analisar a norma 
inserida numa conexão com outras normas. 
1.5 Interpretação teleológica 
Essa interpretação vem de telos, que significa finalidade, fim, e por meio 
dela se busca compreender o sentido da norma pelo entendimento dos fins 
buscados pelo legislador ao editar a norma. O intérprete deve levar em conta os 
propósitos que fundamentaram a elaboração da norma, de maneira que esta atinja 
seu fim no mundo concreto. 
Para uma correta compreensão do conceito de tributo, é necessário 
recorrer-se inicialmente ao seu conceito legal, que está posto no CTN – Código 
Tributário Nacional, como segue: 
Lei n. 5.172/1966, art. 3º: 
Tributo é toda a prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo 
valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, 
 
 
5 
instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente 
vinculada. (Brasil, 1966) 
Amaro (2010, p. 25) conceitua tributo como “a prestação pecuniária não 
sancionatória de ato ilícito, instituída em lei e devida ao Estado ou a entidades não 
estatais de fins de interesse público”. 
As contribuições de natureza previdenciárias, como aquela que incide 
sobre a remuneração (INSS) têm, por óbvio, a natureza de tributo. 
1.6 Impostos 
Imposto é uma espécie do gênero tributo. É um qualificativo dessa 
contribuição compulsória do particular, cuja previsão legal se encontra no art. 16 
da Lei n. 5.172, de 25 de outubro de 1966, o qual dispõe que “imposto é o tributo 
cuja obrigação tem por fato gerador uma situação independente de qualquer 
atividade estatal específica, relativa ao contribuinte” (Brasil, 1966). Disso resulta 
que, uma vez instituído em lei, o imposto não está vinculado a qualquer prestação 
específica do Estado ao contribuinte. 
1.7 Taxas 
Com previsão no art. 77 do CTN, as taxas representam a remuneração 
cobrada tanto pela União quanto pelos estados, pelo Distrito Federal e pelos 
municípios, relativas ao exercício regular do poder de polícia, ou a utilização 
efetiva ou potencial de serviço público específico e divisível, prestado ao 
contribuinte ou colocado à sua disposição. As taxas não poderão ter base de 
cálculo ou fato gerador próprios daqueles dos impostos. É o que determina o art. 
77 do CTN, em seu parágrafo único. Também, conforme o mesmo dispositivo 
legal, não podem ser calculadas em função do capital das empresas. É de 
competência comum da União, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios, 
devendo ser instituída em lei. O art. 78 do CTN define o que deve ser 
caracterizado como poder de polícia e serviço público: 
Art. 78. Considera-se poder de polícia atividade da administração pública 
que, limitando ou disciplinando direito, interesse, ou liberdade, regula a 
prática de ato ou a abstenção de fato, em razão de interesse público 
concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos costumes, à disciplina 
da produção e do mercado, ao exercício de atividades econômicas 
dependentes de concessão ou autorização do Poder Público, à 
tranquilidade pública ou ao respeito à propriedade e aos direitos 
individuais ou coletivos. 
 
 
6 
Parágrafo Único. Considera-se regular o exercício do poder de polícia 
quando desempenhado pelo órgão competente nos limites da lei 
aplicável, com observância do processo legal e, tratando-se de atividade 
que a lei tenha como discricionária, sem abuso ou desvio de poder. 
(Brasil, 1966) 
A cobrança da taxa está vinculada a um serviço prestado ou disponibilizado 
ao contribuinte, não sendo permitindo a este eximir-se do seu pagamento. Mas 
essa mesma vinculação dá ao contribuinte o direito de exigir a contraprestação 
direta do ente que a instituiu. 
1.8 Contribuições de melhoria 
Essa espécie de tributo surge da execução de uma obra pública de que 
decorra valorização imobiliária e portanto só incidirá sobre os contribuintes cujos 
imóveis foram objeto dessa valorização. É um tributo vinculado significando que o 
contribuinte recebe uma contraprestação direta (valorização do imóvel) ao cumprir 
com a obrigação de seu pagamento. Poderá ser cobrada pelo ente federativo 
(União, Estados, Distrito Federal e Municípios) que realizar referida obra. Sujeito 
passivo dessa contribuição é o proprietário do imóvel objeto de valorização por 
obra pública. O art. 81 do CTN estabelece que o valor a ser cobrado terá como 
baseo custo total da obra dividido pelos proprietários de imóveis, na proporção 
da propriedade. 
Reza o artigo: 
A contribuição de melhoria cobrada pela União, pelos Estados, pelo 
Distrito Federal ou pelos Municípios, no âmbito de suas respectivas 
atribuições, é instituída para fazer face ao custo de obras públicas de 
que decorra valorização imobiliária, tendo como limite total a despesa 
realizada e como limite individual o acréscimo de valor que da obra 
resultar para cada imóvel beneficiado. (Brasil, 1966) 
O art. 82 do mesmo Código estabelece: 
Art. 82. A lei relativa à contribuição de melhoria observará os seguintes 
requisitos mínimos: 
I – publicação prévia dos seguintes elementos: 
a. memorial descritivo do projeto; 
b. orçamento do custo da obra; 
c. determinação da parcela do custo da obra a ser financiada pela 
contribuição; 
d. delimitação da zona beneficiada; 
e. determinação do fator de absorção do benefício da valorização para 
toda a zona ou para cada uma das áreas diferenciadas, nelas contidas. 
(Brasil, 1966) 
 
 
 
7 
1.9 Empréstimos compulsórios 
Empréstimo compulsório é uma espécie tributária sui generis prevista pela 
Constituição Federal e de competência exclusiva da União, pois é um tributo que 
será devolvido ao contribuinte, decorrido certo tempo de sua cobrança. É um 
tributo atípico porque sua instituição é dependente de circunstâncias específicas 
claramente definidas pela Constituição, como a ocorrência de calamidade pública, 
iminência ou efetiva guerra externa e para fazer frente a investimentos públicos, 
que tenham relevante interesse nacional e sejam de caráter urgente. Essas 
características constam expressamente no art. 148 da Constituição Federal de 
1988, que estabelece: 
Art. 148. A União, mediante lei complementar, poderá instituir 
empréstimos compulsórios: 
I – para atender a despesas extraordinárias, decorrentes de calamidade 
pública, de guerra externa ou sua iminência; 
II – no caso de investimento público de caráter urgente e de relevante 
interesse nacional, observado o disposto no art. 150, III, b. (Brasil, 1988) 
Você pode observar que o empréstimo compulsório difere das demais 
espécies tributárias, notadamente pela sua natureza de crédito constituído pelos 
contribuintes quando efetuam o empréstimo à União. 
A competência para instituição das contribuições sociais é dada pela 
Constituição Federal de 1988 em seu art. 149, em que é definido que essas 
espécies tributários são de competência exclusiva da União, porém no parágrafo 
único do mesmo artigo é autorizado aos Estados, o Distrito Federal e aos 
Municípios a criação e cobrança de contribuição que será cobrada de seus 
servidores, para o custeio, em benefício destes, de sistemas de previdência e 
assistência social: 
Art. 149. Compete exclusivamente à União instituir contribuições sociais, 
de intervenção no domínio econômico e de interesse das categorias 
profissionais ou econômicas, como instrumento de sua atuação nas 
respectivas áreas, observado o disposto nos arts. 146, III, e 150, I e III, 
e sem prejuízo do previsto no art. 195, § 6°, relativamente às 
contribuições a que alude o dispositivo. 
Dessa forma, as contribuições sociais, de intervenção no domínio 
econômico e de interesse de categorias profissionais ou econômicas são 
privativas da União, assim como as contribuições para seguridade social cobradas 
daqueles contribuintes/segurados que não sejam servidores do estado-membro, 
do Distrito Federal ou do município. 
 
 
8 
A Constituição assim se expressa no que se refere às contribuições 
previdenciárias: 
Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de 
forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos 
provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal 
e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais: 
I - do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma 
da lei, incidentes sobre: 
 a) a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou 
creditados, a qualquer título, à pessoa física que lhe preste serviço, 
mesmo sem vínculo empregatício; 
b) a receita ou o faturamento; 
c) o lucro; 
II - do trabalhador e dos demais segurados da previdência social, 
podendo ser adotadas alíquotas progressivas de acordo com o valor do 
salário de contribuição, não incidindo contribuição sobre aposentadoria 
e pensão concedidas pelo Regime Geral de Previdência Social. (Brasil, 
1988) 
Existem ainda outras modalidades de financiamentos conforme os 
dispositivos do art. 195, porém recomenda-se ao auditor sempre uma leitura 
atenta dos artigos da Constituição referidos neste texto. 
A competência para a instituição de contribuições especiais é exclusiva da 
União, devendo observar em sua criação os princípios da legalidade, da 
irretroatividade e da anterioridade, tanto a normal quanto a nonagesimal. 
TEMA 2 – OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA 
A relação jurídico-tributária surge com a ocorrência de um fato que a lei 
classifica como sendo necessário e suficiente para fazer nascer a obrigação 
tributária. O fato gerador compreende a concretização da hipótese de incidência 
(previsão abstrata na lei), fazendo nascer a obrigação tributária. 
A ocorrência do fato gerador faz com que apareça o primeiro momento da 
relação tributária, que é, consoante determinação do parágrafo 1º, do art. 113 do 
CTN, a obrigação tributária (Brasil, 1966) 
Sendo a obrigação de duas naturezas, principal e acessória, os fatos 
geradores dessas obrigações são específicos a elas. O fato gerador da obrigação 
principal é: 
Art. 114. Fato gerador da obrigação principal é a situação definida em lei 
como necessária e suficiente à sua ocorrência. 
[...] 
Art. 121. Sujeito passivo da obrigação principal é a pessoa obrigada ao 
paga- mento de tributo ou penalidade pecuniária. 
Parágrafo único. O sujeito passivo da obrigação tributária diz-se: 
 
 
9 
I – contribuinte, quando tenha relação pessoal e direta com a situação 
que constitua o respectivo fato gerador; 
II – responsável, quando, sem revestir a condição de contribuinte, sua 
obrigação decorra de disposição expressa em lei. (Brasil, 1966) 
O auditor deve ficar atento, portanto, à verificação não apenas do 
cumprimento da obrigação principal, ou seja, se o audito pagou corretamente os 
tributos previdenciários mas também ao cumprimento das obrigações acessórias. 
A obrigação tributária também é acessória, quando decorre de obrigação 
que o contribuinte deve cumprir, porém não se refere ao pagamento de tributo. 
São os casos de informações e controles que o sujeito passivo deve manter no 
interesse da fiscalização e da administração tributária. A entrega de declarações, 
a emissão e guarda de documentos fiscais são exemplos dessa espécie de 
obrigação. 
Com referência à obrigação tributária, a Lei n. 5.172, de 25 de outubro de 
1966, do CTN, define com relação à obrigação principal que: “Art. 115. Fato 
gerador da obrigação acessória é qualquer situação que, na forma da legislação 
aplicável, impõe a prática ou a abstenção de ato que não configure obrigação 
principal” (Brasil, 1966). 
Como se vê, em seu art. 115, destaca-se o conceito jurídico da obrigação 
acessória e o cuidado ao auditor deve se dirigir à observância do cumprimento 
dessas obrigações, pois embora não impliquem pagamento de tributo, seu não 
cumprimento pode resultar na imposição de multa. 
A arrecadação e a fiscalização tributária são atividades essenciais para que 
o sujeito ativo possa garantir eficácia na geração dos recursos necessários às 
atividades do Estado. É por meio da administração tributária que o gestor tributário 
se certifica de que o sujeito passivo cumpre adequadamente os dispositivos 
atinentes às obrigações principal e acessória. 
As principais atribuições dos órgãos que compõem a estrutura da 
Administração Tributária são os seguintes: 
• a fiscalização, 
• a arrecadação;• a cobrança (tanto administrativa quanto judicial) dos tributos e seus 
acréscimos (Crédito tributário). 
O tema é tratado do art. 194 ao 208 do CTN – Código Tributário Nacional. 
A administração tributária é tema de fundamental importância para a gestão 
das empresas, pois assegura a legalidade nos processos de fiscalização e 
 
 
10 
cobrança do crédito tributário. Sua compreensão adequada poderá evitar muitos 
dissabores. 
Graficamente, poderíamos ilustrar da seguinte maneira: 
Figura 2 – Principais atribuições dos órgãos que compõem a estrutura da 
Administração Tributária 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2.1 Fiscalização tributária 
No Código Tributário Nacional estão previstos os poderes da fiscalização, 
abordados nos arts. 194 a 200, porém deve-se considerar que estes citados 
dispositivos legais não esgotam a matéria no que diz respeito à fiscalização 
tributária, complementada por legislações específicas por todos os entes da 
Federação, por exemplo, os decretos regulamentares, portarias, instruções 
normativas, resoluções e outros. 
Art. 201 dispõe: 
Constitui dívida ativa tributária a proveniente de credito dessa natureza, 
regularmente inscrita na repartição administrativa competente, depois de 
esgotado o prazo fixado, para o pagamento, pela lei ou por decisão final 
proferida em processo regular. (Brasil, 1966) 
 A expressão “proveniente de crédito tributário” significa ter natureza 
tributária, ou seja, créditos provenientes de impostos, taxas, contribuições, 
 
Fiscalização 
 
Dívida Ativa 
 
Certidões 
Negativas 
Estimular o 
cumprimento 
da obrigação 
tributária pelo 
sujeito 
passivo, de 
forma 
espontânea. 
Impor 
punições aos 
infratores. 
Procedimentos 
executados em 
relação a 
sujeito passivo 
que descumpre 
a obrigação 
principal. 
Comprovação de 
regularidade do 
sujeito passivo 
relativamente ao 
cumprimento 
das obrigações 
fiscais. 
 
 
11 
empréstimos compulsórios, além dos acréscimos legais, tais como multas fiscais, 
juros de mora e atualização monetária, vinculados à dívida principal. 
TEMA 3 – AUDITORIA PREVIDENCIÁRIA 
A auditoria previdenciária tem a mesma finalidade da auditoria interna 
quando executada em âmbito trabalhista, ou seja, efetuar procedimentos com a 
finalidade de testar, validar e validar os controles internos inerentes aos processos 
relacionados com as normas e práticas previdenciárias executadas pela entidade 
auditada. Tem como escopo também o apontamento de possíveis não 
conformidades que possam comprometer a eficácia dos controles internos. 
Na auditoria previdenciária podem ser observados situações de 
fragilidades de controles internos da mesma forma que na auditoria trabalhista. 
Se os erros ou fraudes ocorridas em rotinas e obrigações trabalhistas e que 
podem acarretar litígios entre a empresa e seus colaboradores, no aspecto 
previdenciário situações parecidas também têm o mesmo potencial de ocorrência. 
A questão que se deve destacar é que nos procedimentos internos que 
dizem respeito às rotinas previdenciárias, os erros e as fraudes podem ter como 
consequência autuações fiscais e multas de valor considerável. 
Risco de auditoria, especialmente na auditoria previdenciária, é o risco de 
que os procedimentos selecionados e aplicados pelo auditor não sejam capazes 
de detectar fragilidades de controles ou distorções relevantes. 
Objetivamente são classificados em três grupos: 
a. Risco inerente – risco que tem como base a natureza da própria área ou 
operação a ser objeto da auditoria; 
b. Risco de controle – consiste na incapacidade do sistema de controle interno 
de detectar ou evitar no mesmo adequado um erro relevante; 
c. Risco de detecção – risco de que erros importantes, seja de forma individual 
ou em conjunto com outras operações não sejam descobertos pela 
aplicação dos testes de auditoria. 
Na auditoria previdenciária, a equipe de auditoria deve determinar e avaliar 
os riscos inerentes e de controles. Com a mesma atenção, os auditores devem 
planejar os procedimentos de auditoria para o risco de detecção, de modo que o 
risco geral na auditoria previdenciária e trabalhista não esteja acima do limite 
aceitável. 
 
 
12 
A auditoria previdenciária se apresenta como uma atividade imprescindível 
não somente para verificação dos controles internos sobre essa atividade mas 
também, e muito importante, para que o auditor possa verificar possíveis riscos 
de fraudes ou erros que acarretem autuações por parte da fiscalização ou desvio 
de recursos da entidade. Pode-se até classificá-la como uma espécie de atividade 
pré-fiscalização, pois pode ser executada para verificar inconsistências que 
possam ser corrigidas ante uma fiscalização iminente. 
Vale ressaltar que a auditoria previdenciária está intrinsecamente vinculada 
à auditoria trabalhista, pois decorre das relações entre a empresa e os seus 
contratados, sejam colaboradores com vínculo empregatício ou terceiros 
contratados eventualmente. 
Nesse sentido, é de se afirmar que seu processo implica o exame de 
controles e procedimentos atinentes ao setor de recursos humanos, pois tem 
como escopo a verificação de em que grau estão sendo cumpridas as obrigações 
trabalhistas que são determinadas pelas normas legais e demais procedimentos 
definidos pelo Ministério de Trabalho e Previdência Social, assim como os 
recolhimentos das guias respectivas. 
Realizar a auditoria previdenciária proporciona melhoria da gestão e das 
atividades de competência do RH como a readequação das rotinas, atividades e 
processos que se apresentem ineficientes. 
Alguns procedimentos são sempre recomendáveis na auditoria 
previdenciária, aos quais o auditor deve reservar especial atenção: 
1. Revisar de forma geral os procedimentos definidos pelo MTPS, bem como 
verificar se os documentos legais exigidos estão sendo corretamente 
utilizados conforme definidos em normas legais e administrativas; 
2. Verificar (testar) se os procedimentos de controles internos inerentes às 
rotinas de pessoal que geram pendências previdenciárias estão sendo 
observados; 
3. Verificar possíveis situações que possam ensejar multas pelo 
descumprimento de prazos ou procedimentos incorretos; 
4. Analisar as bases de cálculos dos encargos incidentes sobre a folha e 
outros eventos; 
5. Verificar se os cálculos dos encargos (INSS, FGTS, IRRF, RAT, FAP, 
terceiros) estão corretos; 
 
 
13 
É importante lembrar que estes são alguns dos procedimentos de auditoria 
previdenciárias que deverão ser aplicados, porém o conhecimento e a experiência 
do auditor conduzirão a outros testes. 
TEMA 4 – PLANEJAMENTO EM CUSTOS TRABALHISTAS E PREVIDENCIÁRIOS 
A contratação de serviços de mão de obra enseja sempre a incidência de 
custos, representados por encargos legais ou contratuais. Seja o contrato 
representado por uma relação de emprego ou relação de trabalho não há 
(legalmente) possibilidades do contratante (empregador) afastar-se do 
recolhimento desses custos incrementais. 
No planejamento das contratações dessa natureza haverá sempre a 
sujeição dos contratantes à observância das normas que regulam o assunto, 
ficando certo que a liberdade de se contratar por meios que não aqueles regulados 
por lei podem dar origem a sanções administrativas por parte dos órgãos 
fiscalizadores, implicando também multas. Seguidamente também se observam 
perdas com ações trabalhistas decorrentes de planejamentos mal formulados. 
A auditoria poderá contribuir na análise dos contratos e na orientação de 
correção de erros detectados quando da aplicação dos procedimentos no decorrer 
dos trabalhos. O auditor deve considerar e alertar a entidade auditada que as 
normas trabalhistas devem ser observadas com estrito rigor. Contratos por prazo 
determinado, por exemplo, exigem certas condições para serem implementados, 
portanto, ao detectar contratos dessa natureza,é prudente verificar se sua 
existência está em conformidade com os tipos legais trabalhistas que autorizam 
sua implementação. A contratação de pessoas jurídicas constituídas por ex-
colaboradores também deve ser objeto de análise, pois em alguns casos se 
comprovam fraudes (pejotização!) nesses vínculos. 
Portanto, o auditor pode contribuir sobremaneira no planejamento e na 
contratação de serviços pelas empresas e para isso seu conhecimento em 
legislação trabalhista deve ser robusto. 
A palavra contingência denota uma situação em que uma pessoa (jurídica 
ou física) se expõe a determinado risco. Nas esferas trabalhista e previdenciária, 
isso ocorre, por exemplo, quando a empresa não cumpre a legislação ao deixar 
de registrar um colaborador. Ou quando não paga corretamente as verbas a que 
faz jus o contratado e com isso fica exposta a infrações, multas, indenizações e 
execuções trabalhistas e previdenciárias, entre outras. 
 
 
14 
A auditoria trabalhista e previdenciária pode contribuir para a redução ou a 
eliminação desses riscos e contingências, orientando a empresa auditada para o 
correto cumprimento das obrigações, principal e acessórias, adequando os 
controles e melhorando a qualidade das informações. 
O monitoramento regular das atividades, processos e rotinas na área de 
recursos humanos irá proporcionar a redução dos riscos e contingência, por meio 
dos seguintes passos: 
1. Auditoria nas áreas trabalhista e previdenciária com regularidade; 
2. Reporte dos pontos levantados no decorrer dos trabalhos de auditoria com 
sugestões para eliminá-los, para afastamento dos riscos detectados; 
3. Monitoramento regular das novas obrigações ou alterações que são 
exigidas no cumprimento das normas. 
TEMA 5 – eSOCIAL 
O eSocial (Sistema de Escrituração Digital das Obrigações Fiscais, 
Previdenciárias e Trabalhistas) é um programa instituído pelo Decreto n. 8.373, 
do ano de 2014, que consiste na unificação de informações dos empregados e 
estagiários, ou seja, é uma ferramenta que possibilita o cadastro dos 
trabalhadores e permite a consolidação das obrigações acessórias trabalhistas 
relativas ao INSS, FGTS e outros. 
Essa plataforma tem a finalidade de simplificar o processo de envio das 
informações para os sistemas do Governo Federal e procura diminuir as 
formalidades burocráticas em cada etapa nos processos de envio e consolidação 
de informações que lhes são enviadas e com isso promover uma otimização na 
arrecadação de tributos. 
Outro objetivo que se identifica no eSocial é a redução no envio de 
informações e documentos duplicados, evitando, assim, o conflito de dados 
trabalhistas, fiscais ou previdenciários e ainda garantindo maior fiscalização do 
Estado diante dos direitos do trabalhador e combatendo a sonegação fiscal. É o 
que se depreende da leitura do art. 2º do referido Decreto: 
Art. 2º O eSocial é o instrumento de unificação da prestação das 
informações referentes à escrituração das obrigações fiscais, 
previdenciárias e trabalhistas e tem por finalidade padronizar sua 
transmissão, validação, armazenamento e distribuição, constituindo 
ambiente nacional composto por: 
I - escrituração digital, contendo informações fiscais, previdenciárias e 
trabalhistas; 
 
 
15 
II - aplicação para preenchimento, geração, transmissão, recepção, 
validação e distribuição da escrituração; e 
III - repositório nacional, contendo o armazenamento da escrituração. 
(Brasil, 2014) 
Para os auditores trabalhistas e previdenciários e funcionários da área de 
recursos humanos, é importante que atuem com bastante atenção, pois as 
informações e documentos que devem compor o rol de eventos que serão 
compartilhados com o Estado são de número expressivo e relativa complexidade, 
porém especialmente para a auditoria o sistema é de grande valia, uma vez que 
o cruzamento de informações ficou mais visível e portanto os procedimentos de 
auditoria a serem aplicados devem levar esse aspecto em conta. Não podemos 
deixar de anotar que as informações consolidadas nessa plataforma de alguma 
forma já eram prestadas pelas empresas, e, por isso, já se constituíam em objetos 
da auditoria trabalhista e previdenciária, embora de forma não integrada. 
As obrigações acessórias contempladas no programa fundamentam-se nos 
princípios elencados no art. 3º do Decreto, que assim dispõe: 
Art. 3º O eSocial rege-se pelos seguintes princípios: 
I - viabilizar a garantia de direitos previdenciários e trabalhistas; 
II - racionalizar e simplificar o cumprimento de obrigações; 
III - eliminar a redundância nas informações prestadas pelas pessoas 
físicas e jurídicas; 
IV - aprimorar a qualidade de informações das relações de trabalho, 
previdenciárias e tributárias; e 
V - conferir tratamento diferenciado às microempresas e empresas de 
pequeno porte. (Brasil, 2014) 
Essas obrigações basicamente consistem nos seguintes relatórios e 
informações: 
1. Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED); 
2. Guia de Recolhimento do FGTS e de Informações à Previdência Social 
(GFIP); 
3. Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS); 
4. Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT); 
5. Livro de Registro de Empregados (LRE); 
6. Relação Anual de Informações Sociais (RAIS); 
7. Comunicação de Dispensa (CD); 
8. Perfil Profissiográfico Previdenciário (PPP); 
9. Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais (DCTF); 
10. Declaração do Imposto de Renda Retido na Fonte (DIRF); 
11. Quadro de Horário de Trabalho (QHT); 
 
 
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12. Manual Normativo de Arquivos Digitais (MANAD); 
13. Guia da Previdência Social (GPS); 
14. Guia de Recolhimento do FGTS (GRF); 
15. Folha de pagamento. 
O auditor trabalhista e previdenciária deve observar que, embora muitas 
dessas obrigações fossem exigidas dos empregadores e auditadas, constavam 
em sistemas autônomos. Isso gerava muitas vezes trabalho em duplicidade, o que 
agora tende a não mais ocorrer, pois, com a unificação dos envios, as empresas 
passaram a utilizar essa única plataforma, eliminando encaminhamentos por 
outros meios, uma única vez e em um único sistema. Esse fato exige dos auditores 
uma atenção redobrada ao testar e validar as obrigações acessórias e valores 
recolhidos em relação aos encargos sociais e trabalhistas. 
Ao planejar os trabalhos de auditoria na área de recursos humanos, é 
importante que a equipe de auditoria observe certos cuidados, pois erros no 
cadastramento de eventos, por exemplo, parte daqueles que atuam na área 
podem comprometer seriamente a validação dos dados do eSocial. 
Por isso, é crucial orientar o auditado para que mantenha a base de dados 
atualizada, o que muitas vezes implica orientação aos funcionários para que 
atualizem as informações que são de sua responsabilidade. 
Na seleção de eventos para testes de auditoria, deve-se contemplar todos 
os contratos, seja com estagiários, colaboradores com vínculo empregatício, 
autônomos e outros. 
É fundamental também que o auditor oriente os responsáveis pelos dados 
cadastrais e fiscais que revisem sistematicamente as informações sobre cálculo 
trabalhista e previdenciário. 
Nos procedimentos de auditoria, é necessário que os cadastros, tabelas, 
contratos e atividades que fazem parte da estrutura de informações da plataforma 
sejam objeto de testes e validações. Pontos de não conformidades devem ser 
reportados no relatório final. 
 
 
 
17 
REFERÊNCIAS 
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2017. 
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InterSaberes, 2021. 
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Poder Legislativo, Brasília, DF, 5 out. 1988. 
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Legislativo, Brasília, DF, 27 out. 1966. 
BRASIL. Decreto-Lei n. 5.452, de 1 de maio de 1943. Diário Oficial da União, 
Poder Legislativo, Rio de Janeiro, 9 ago. 1943. 
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Poder Legislativo, Brasília, DF, 12 dez. 2014. 
CASSONE, V. Direito tributário. São Paulo: Atlas, 2007. 
CREPALDI, S. A.; CREPALDI, G. Auditoria contábil: teoria e prática. São Paulo: 
Atlas, 2019. 
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2019. 
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procedimentos. São Paulo: Atlas, 2012.

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