Buscar

plasticos_689pa

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 50 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 50 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 50 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

AUTOSORT™ FLAKE – 
atendendo à mais alta demanda 
em recuperação de polímeros.
Como líder mundial em recuperação de 
plástico, o AUTOSORT FLAKE atende 
até mesmo às mais altas demandas 
de qualidade em aplicações de alta 
performance como reciclagem de garrafa 
para garrafa. É a solução de classificação 
final para aplicações PO e PET.
PRECISÃO QUE 
COMPENSA
PRECISÃO QUE 
COMPENSA
Veja como 
funciona
https://www.tomra.com
www.plasticosemrevista.com.br EQCMD /Plást icos em Revista
60 Anos | 2022 | edição 689
Pesquisa de oPinião
Como atrair novos talentos
para a transformação de plásticos?
Peças técnicas
Mercado-chave de plásticos de engenharia 
suporta crise com fé na retomada
https://www.borealisgroup.com
plásticos em revista
edição 689 / 2022
3
EDITORIAL
A
s mais de 20 montadoras no Brasil fecharam o pri-
meiro semestre com produção de 1.091.7 milhão de 
unidades ou 5% abaixo da metade inicial de 2021. O 
saldo motivou a Anfavea a revisar para baixo, no início 
de julho, a projeção da produção total em 2022 para 2.340 
milhões de unidades contra 2.248 milhões do exercício anterior.
Em reação à trágica ociosidade no setor, o reduto de plásticos 
de engenharia, cujo carro-chefe são as autopeças, luta para atenuar 
a paulada desta perda intensificando a diversificação de mercados. 
Como se vê em reportagem desta edição, vários fornecedores de 
soluções antes de olhos fixos em autos leves, agora proclamam 
o assédio a segmentos menores, 
em particular implementos agrí-
colas, em busca de um respiro até 
a retomada da economia, como 
sempre fez no passado, ninar a 
indústria automobilística.
Só que não. Dessa vez, as 
perspectivas destoam daquelas 
clássicas elucubrações de que a 
indústria automobilística brasileira 
engatará a quinta numa boa, uma 
vez vencidos estorvos pontuais, 
como a ruptura no fluxo mundial 
de suprimentos de insumos como semicondutores (sem término à 
vista) e a tão ansiada redução dos juros pelo Banco Central, voltando 
a ativar a venda de autos após apaziguar a inflação. Agora, porém, o 
buraco é mais embaixo e indica que o esforço do setor de plásticos 
de engenharia em tatear outros campos mais a fundo pinta como 
treino leve para o jogo duro que se aproxima.
Com mais de 50 fábricas e capacidade instalada de 4,5 
milhões de autoveículos, excedente causado pela vinda de uma 
penca de montadoras atraídas por mimos fiscais, barreira às 
importações e a visão de um mercado de 3 milhões de unidades, 
a indústria automotiva brasileira derrapou no óleo da vida real. 
O setor anda de lado desde 2014, calmaria intensificada pela 
prostração da demanda sob a pandemia desde 2020 e piorada 
este ano pelos estilhaços da guerra na Ucrânia, a exemplo da 
alta do dólar, energia, petróleo e matérias-primas commodities 
(plásticos inclusos). Para engrossar o caldo, a transição energé-
tica no setor automotivo mundial, rumo à eletrificação, demanda 
recursos pesadíssimos das montadoras e a busca deles também 
passa pelo encolhimento da presença das empresas em regiões 
menos vistosas para o negócio. O Brasil é o nono produtor e séti-
mo mercado mundial de autoveículos. Provas de que esse status 
não impressiona mais: o recente fim das operações da Mercedes 
Benz e Ford no país; os últimos planos de investimentos locais 
da maioria das montadoras, estacando em 2025, e, por fim, a 
preferência da indústria por modelos de maior valor agregado, 
tipo SUV, abolindo o carro 
popular, em prol de ganhos 
na margem com menor 
volume de vendas. 
Outro sinal de alerta 
para a cadeia de plásticos 
de engenharia é uma rup-
tura cultural. Antenadas na 
economia circular, as novas 
gerações dos principais 
centros urbanos vêm cada 
vez menos nos carros um 
objeto de desejo e símbolo 
de subida na pirâmide social. Em vez da posse de um veículo, 
preferem o transporte compartilhado e daí reflexos como a onda 
dos aps sem garagem e o desinteresse por tirar a CNH.
 Um aparente respiro para as especialidades plásticas é 
que todas essas mexidas no cenário demoram para alcançar a 
plenitude, ainda mais numa economia emergente e carente de 
infraestrutura como a nossa. Mas são mudanças a caminho e não 
têm volta. Lunetas setoriais já contemplam carros elétricos, que 
usam bem menos plásticos nobres que os de motor a combustão, 
com 57% das vendas mundiais de autos em 2030. Essa futura 
participação no Brasil é estimada em 29% ou 650.000 unidades.
No meio do fogo cruzado e ainda sem desfecho à vista, o setor 
de plásticos avançados sente na carne e no bolso a urgência de se 
reinventar. Acabou a zona de conforto, mas quem procura acha. •
Reinvenção para escapar da dependência
O mercado automotivo acabará reagindo, mas não será 
mais o mesmo para os plásticos de engenharia
 
 
Nº 689 - 2022 - ANo 60
Diretores
Beatriz de Mello Helman
Hélio Helman
REDAÇÃO
Diretor
Hélio Helman
editor@plasticosemrevista.com.br
Direção de Arte
Samuel Felix
producao@plasticosemrevista.com.br
ADMINISTRAÇÃO
Diretora
Beatriz de Mello Helman 
beatriz.helman@definicao.com.br
Publicidade
Juliana Rubio 
juliana.rubio@plasticosemrevista.com.br
International Sales
Multimedia, Inc. (USA)
Tel.: +1-407-903-5000
Fax: +1-407-363-9809
U.S. Toll Free: 1-800-985-8588
e-mail: info@multimediausa.com
Assinaturas
Lana Silva
Assinatura anual R$ 110,00
Plásticos em Revista é uma publicação 
mensal para a indústria do 
plástico e da borracha, editada pela 
Editora Definição Ltda.
CNPJ 60.893.617/0001-05
Redação, administração e publicidade
Av Presidente Vargas, 1527. Bloco E – 45
14020-277 – Ribeirão Preto - SP
Telefax: 3666-8301
e-mail: definicao@definicao.com.br
www.plasticosemrevista.com.br
As opiniões contidas em artigos assinados 
não são necessariamente endossadas 
por Plásticos em Revista.
Reprodução permitida 
desde que citada a fonte
Capa 
Samuel Felix 
Foto da Capa
Shutterstock
DiSPENSADA DA EMiSSão DE DoCUMENTAção 
FiSCAL, BASEADA NA iNSTRUção NoRMATiVA 
SRF N° 459 DE 2004 E NoS ARTiGoS 
714, 716, 718 E 719 Do RiR DE 2018
SUMÁRIO
45 3 Questões
 Marcelo Buzaglo Dantas
Referência do Direito 
Ambiental comenta sobre 
a formulação de leis 
antidescartáveis sem 
debate técnico
06 Visor
 Peças técnicas
A travessia da crise por uma 
casa de força dos plásticos 
de engenharia
16 Sensor
 Paul HoDges
O mundo em sobressalto 
obriga a indústria plástica a 
se livrar das fontes fósseis 
de energia, sustenta analista 
do Icis e New Normal
36 Sondagem
 Pesquisa De oPinião
Como combater o 
desinteresse dos jovens por 
trabalhar na transformação 
de plástico?
www.plasticosemrevista.com.br 
EQCMD/Plásticos em Revista
20 Especial
https://www.lyondellbasell.com
https://www.lyondellbasell.com
plásticos em revista
edição 689 / 2022
6
visor
Peças Técnicas
M
eninas dos o lhos dos 
plásticos de engenharia, 
as peças técnicas andam 
hoje no fio da navalha no 
Brasil, no rastro da anemia braba nos 
bens duráveis que as utilizam, vindo 
à frente componentes automotivos e 
eletroeletrônicos. O mata-leão é apli-
cado pela soma da desconexão global 
das cadeias de suprimento, alta do 
frete e dólar, consumidor empobrecido, 
inflação irada e seu combate tentado 
com taxas de juros irrespiráveis. Pelo 
andar da carruagem, a produção auto-
motiva caminha para fechar o ano com 
desmaio de dois dígitos e, do lado dos 
eletroeletrônicos, já que a esperança 
é a última que morre, a torcida é por 
um amortecimento da paulada pelo 
tradicional aquecimento no segundo 
semestre, avivado por Copa do Mundo, 
Black Friday e Natal bafejando em 
particular as linhas branca e marrom. 
“2023 não chega nunca?” virou a 
pergunta mais recorrente em todas as 
frentes dos plásticos nobres.
“A retração nacional não poupa os 
setores que atendemos – automotivo, 
energia solar e linha branca”, alinha 
Fernando Esteves, diretor de desenvol-
vimento da transformadora injequaly, 
controlada da norte-americana Viking 
Plastics. “Mas acreditamos que o 
sofrimento de hoje seja menor para 
o fabricante depeças técnicas com 
estrutura já consolidada”. É o caso 
da própria Injequaly que, em menos 
de dois anos, passou de uma para 
três fábricas, a última por sinal, em 
Sem essa de 
entregar os pontos
O setor de plásticos de engenharia ronda o precipício, 
mas mantém a fé de que amanhã há de ser outro dia
plásticos em revista
edição 689 / 2022
7
linha direta com um clientaço global, 
a Whirpool. Mas mesmo este poder 
de fogo dificulta para 2022 a reprise 
dos saltos extasiantes dos balanços 
anteriores. “O clima atual está desa-
quecido para o nosso setor, abalado por 
fatores como a insegurança política, 
os efeitos da guerra na Ucrânia e as 
perdas causadas pelos repiques da 
pandemia”, pondera Esteves. “Ainda 
assim, esperamos por crescimento do 
negócio este ano, devido à partida em 
curso das unidades em Joinville (SC) 
e São Carlos (SP), mas trata-se de 
um desempenho dentro do previsto; 
aqueles arranques dos últimos anos 
não vão rolar”. Desse modo, transpõe 
o diretor, as expectativas são boas 
para 2023. “A partir daí, a Injequaly vai 
desfrutar as expansões hoje em fase 
final na sua capacidade, dando a base 
para prospectarmos mais clientes e 
oportunidades”.
Tomadas as plantas de Itaquaquecetuba 
(SP), Rio Claro e Joinville, a Injequaly 
opera hoje 56 injetoras de 60 a 1.850 
toneladas, volume que deve engordar 
em cinco linhas até novembro próximo, 
quando o atual ciclo de expansão em 
todo o parque fabril deve terminar. “No 
momento, a nossa capacidade total é 
de 1.400 t/mês”, crava Esteves. 
Ao final de junho último, o frete 
de um contêiner de 40 pés de Xangai 
a São Paulo rondava, nas planilhas 
das tradings, a marca hiper salgada 
de US$ 9.000. Os reajustes no frete 
marítimo mundial, reinante desde a 
largada da covid em 2020, atazana-
ram o negócio da Injequaly este ano, 
tal como a escalada nos preços das 
resinas. “Isso tem feito com que as ne-
gociações com clientes venham sendo 
revisadas a cada trimestre ou períodos 
ainda menores”, lastima Esteves. “Não 
tivemos que trocar qualquer material 
devido à cotação, mas trabalhamos 
com determinados clientes para tirar 
a solução importada em prol de uma 
alternativa nacional ou nacionalizada 
pelo próprio fabricante, tendo em 
vista condições melhores de preços 
e fornecimentos”.
A pluralidade de mercados e o 
cordão umbilical com uma das maiores 
transformadoras de injeção dos EUA 
influem para a Injequaly sentir menos 
a carga da estagflação brasileira, con-
corda Esteves. “Não só pesa a nosso 
favor o acesso global a clientes como 
somos beneficiados pelas negociações 
de volume e contratos de suprimento 
fechados pela Viking Plastics com 
petroquímicas”. Conforme reitera, 
tais contratos globais garantem à 
Injequaly boa parte do seu suprimento 
de materiais importados . “Além disso, 
o conceito de atendimento da Viking 
é global, de modo que o cliente pode 
ser servido com a mesma estrutura 
e know-how pelas plantas nos EUA, 
China, México ou Brasil”.
Esteves: retração não freia expansão da Injequaly nas pegadas de clientes como a Whirlpool.
plásticos em revista
edição 689 / 2022
8
visor
Peças Técnicas
Hora de apostar
O clima de que o mundo caiu 
para não levantar não pega em Jane 
Campos, gerente geral responsável 
por plásticos de alta performance na 
América do Sul do radici group, top 
of mind em poliamidas (PA) da Europa. 
O momento é de adequação para todos 
os segmentos, ela pondera. “A bolha 
de consumo (2020 e 2021) acabou, a 
inflação bateu na porta e o desaqueci-
mento é uma realidade”. Nem por isso 
se deve jogar a toalha, ela salienta. 
“Plásticos de engenharia são muito 
mais que o mercado automotivo, caso 
das oportunidades de aplicações que 
estamos cultivando em implementos 
agrícolas, um dos segmentos com que 
contamos para manter a estabilidade 
e garantir crescimento nos próximos 
anos. É a hora de apostar no futuro”.
Passando o discurso à prática, 
Jane abre estar expandindo, justo 
nesses tempos trevosos, a sua fábrica 
de beneficiamento de materiais em 
Araçariguama (SP). “A capacidade 
atual de 17.000 t/a vai rodar na 
faixa de 23.000 a partir do ano que 
vem, mediante substituição de uma 
das nossas cinco extrusoras por um 
modelo coperion Megacompounder 
que parte em outubro próximo”. Com 
a ampliação, ela enfatiza, “reduziremos 
bastante nosso lead time, incremen-
tando a atuação com apoio do centro 
de inovação da matriz na Itália, fonte 
de aditivos e blends especiais em 
testes sob sigilo por aqui”.
O otimismo de Jane não ignora 
o peso de estorvos num negócio 
dependente de importações, caso da 
desordem e encarecimento do frete 
marítimo internacional. “Esse desar-
ranjo remonta a 2020 e se soma a 
problemas domésticos como greve e 
operação padrão da Receita Federal”, 
ela comenta. “Nosso prazo médio de 
recebimento de matéria-prima pra-
ticamente dobrou de dois anos para 
cá, forçando-nos a aumentar o capital 
de giro com estoques de segurança, 
impactando portanto os custos e o 
caixa da empresa”. Ainda assim, ela 
acentua, a Radici bateu o martelo 
para o investimento na capacidade 
em Araçariguama para preservar 
clientes e mitigar o risco de falta de 
produtos. “Essa expansão nada tem 
de imediatista, pois estamos entre os 
líderes do segmento de PA 6 e 6.6 
no país, com 18% de participação, 
ou seja, temos 82% da demanda por 
desenvolver”, argumenta a dirigente. 
“As oportunidades no Brasil são enor-
mes e não podemos nos entregar ao 
pessimismo sob a crise do momento, 
pois o mercado continua a existir e vai 
voltar quando a economia retomar”. 
diferenCial da fibra
De olhos fixos na indústria au-
tomobilística até o passado recente, 
a subsidiária brasileira da alemã 
lanxess, fera em PA 6 e 6.6, busca 
contrabalançar o recesso forçado nas 
montadoras, culpa da carestia e falta 
de microchips e outros componentes 
importados, com incursões por outras 
paragens. “Mesmo com a crise global, 
o segmento de ferramentas elétricas 
mantém expansão no Brasil, pois o real 
desvalorizado favorece a exportação 
desses produtos”, justifica Anderson 
Maróstica, gerente de desenvolvimen-
to de aplicações e serviços técnicos da 
unidade de negócios de materiais de 
alta performance. “Outro mercado que 
compensa em parte a queda no setor 
automotivo é o agronegócio; embora 
o volume de peças técnicas ainda seja 
pequeno, o potencial é alto”.
As avarias nas economias mundial 
e brasileira não enfraquecem o em-
penho da Lanxess em adornar seus 
materiais com auréola sustentável. 
Maróstica reparte este esforço entre 
o lançamento de grades de PA cuja 
Jane Campos: capacidade para beneficiar 
23.000 t/a no Brasil em 2023.
Implementos agrícolas: Radici abre frentes para 
PA substituir metais.
plásticos em revista
edição 689 / 2022
9
produção marca pela redução da pe-
gada de carbono e com materiais com 
teor reciclado e/ou de fonte renovável, 
a exemplo de PA 6 com 30% e 60% 
de fibra de vidro reciclada. O gerente 
ressalta, a propósito, a condição da 
empresa como único produtor mundial 
de plásticos de engenharia verticaliza-
do na fibra, o que lhe facilita o acesso 
a recicláveis de aparas industriais do 
reforço.
O braço estendido na fibra de vidro 
livrou a produção de compostos da 
Lanxess de penar com a insuficiência 
desse insumo, efeito da demanda 
mundial ardente, atribui Maróstica. 
Mas a empresa não escapa do exército 
de vítimas no Brasil da zorra logística 
globalizada. “Importamos a maioria 
das matérias-primas e sofremos com 
as dificuldades de reserva de navios e 
disponibilidade de contêineres”, admi-
te Maróstica. Em decorrência, conta, 
alguns embarques têm atrasado, mas 
sem maiores danos ao atendimento a 
clientes locais, mérito da política de 
estoques somada com a produção de 
determinados compostos em (vale o 
duplo sentido) Porto Feliz (SP).
Ás na Manga
PA, poliacetal (POM) e polibu-
tileno tereftalato (PBT) formam no 
portfól io com que a distribuidora 
thathi Polímeros sempre assediou 
seu oásis, o setor automotivo. Atrás 
de contrapesospara a retração nas 
montadoras, a empresa redobra agora 
as investidas ao estilo metralhadora 
giratória, inserindo no mesmo alvo 
redutos como agronegócio, movelaria, 
hidráulica (metais sanitários), ferra-
gens e itens de máquinas, exemplifica 
Parafusadeira: segmento ajuda a compensar queda da demanda automotiva de PA, nota Maróstica.
Indústria automobilística brasileira: PA Technyl distribuída pela ThaThi brilha em peças complexas e de 
parede fina.
-
plásticos em revista
edição 689 / 2022
10
visor
Peças Técnicas
o presidente João Rodrigues. Mas o 
ás na manga que ele tira tem vaso 
comunicante com autopeças, em es-
pecial aquelas de geometria complexa 
e parede fina. Trata-se da conquista da 
distribuição no país das linhas A (PA 6) 
e C (PA 6.6) da série Technyl, produzi-
das pela petroquímica europeia Domo 
chemicals. Conforme distingue, as 
soluções Technyl, ultra sabidas pelas 
montadoras brasileiras, configuram 
um mundo à parte dos grades bási-
cos de PA também importados pela 
Thathi. Elas permitem seu emprego 
em elevadas temperaturas e exibem 
inércia à hidrólise, explica o dirigente 
viabilizando seu uso em autopeças 
originais como elementos do conjunto 
de distribuição de ar ou do sistema de 
arrefecimento, caso de bomba d’água, 
sensores de temperatura, válvula 
termostática, radiador, reservatório e 
ventoinha. 
Graças a um planejamento dos 
embarques com bastante antecedên-
cia, assinala Rodrigues, a Thathi tem 
conseguido evitar o desabastecimento 
Top of mind em eletroportáteis, a Philips Walita não escapou à regra em seu setor sentindo em sua operação 
os transtornos causados pelo caos no transporte marítimo 
internacional de insumos. “Entretanto, nossa produção local 
é um fator chave para amenizar esses impactos e, apesar 
de todos os problemas, conseguimos manejar o estoque 
com segurança e manter assim o fornecimento”, sintetiza 
Silvia Tamai, diretora de marketing para a América Latina. 
“Outro diferencial nosso é que, embora tenhamos acesso 
a uma cadeia de suprimentos global, sempre priorizamos o 
suprimento de materiais locais, minimizando assim possíveis 
riscos externos”. 
A Philips Walita tanto adquire determinadas peças 
plásticas de terceiros como injeta componentes na planta 
em Varginha (MG). “Observamos a vida útil do produto desde 
a concepção ao descarte, por isso apostamos em plásticos 
especiais para nossas air fryers”. “Proporcionam um exce-
lente isolamento e segurança térmicas ao usuário, condições 
inviáveis com o emprego de metais”, assinala a diretora, 
distinguindo ainda o uso de polímeros como copoliésteres 
Tritan, da Eastman, na injeção das jarras inquebráveis de 
seus liquidificadores. “A maioria dos plásticos integrantes 
na composição dos nossos produtos são PP, ABS e SAN 
e, em razão da maior facilidade para reciclagem, estamos 
numa transição para tirar de nossa operação PVC e plásticos 
contendo retardantes de chama bromados”.
PHiliPs Walita
Plásticos contribuem Para 
excelência dos eletroPortáteis
Silvia Tamai: 
contagem regressiva 
para PVC e 
retardantes de 
chama bromados.
Liquidificador: 
jarra inquebrável 
de copoliéster 
Tritan da Eastman.
-
plásticos em revista
edição 689 / 2022
11
de materiais que importa para seus 
clientes. POM, distingue o dirigente, 
tem sido o plástico de engenharia de 
disponibilidade mais desfalcada pela so-
frência no frete marítimo internacional, 
em vigor desde 2020 com as recaídas 
da China no vírus e com as alterações 
impostas pela guerra na Europa no fluxo 
ultramar de comércio de produtos.
naCionalização de CoMponentes
Para suavizar a enxaqueca ins-
taurada pelos atrasos resultantes da 
barafunda na cadeia global de abas-
tecimento, aliás sem fim previsto, a 
Master Polymers, agente de especia-
lidades plásticas, se aferrou à política 
de trabalhar com dois a três meses de 
estoque. “Mesmo assim, problemas de 
produção em determinados fornecedo-
res, culpa da falta de insumos básicos, 
impactaram nosso suprimento do 
mercado nacional”, reconhece o CEO 
Joel Pereira de Araujo. Ainda no plano 
dos revezes logísticos, ele cita que o 
transit time entre Europa e o depósito 
de sua empresa saltou em média de 
cinco para oito semanas e, no caso dos 
embarques saídos dos EUA, os atrasos 
não têm sido relevantes, apesar da 
carência de transporte terrestre para 
levar a mercadoria aos portos de origem. 
“Já na China, além dos retardamentos 
devido à paralisação dos portos imposta 
pela pandemia, os fretes encareceram a 
ponto, de em determinados momentos, 
custarem 10 vezes a mais do que pa-
gávamos antes da covid”. Cereja desse 
bolo indigesto, ele deixa claro, têm sido 
as discussões diárias com clientes sobre 
o repasse dos reajustes volta e meia 
aplicados nos preços dos materiais. 
Araújo observa que, em contraste 
com a demanda fragilizada do setor 
automotivo, os segmentos médico
-hospitalar, de aplicações industriais 
e de equipamentos agrícolas acusam 
maior crescimento no uso dos po-
límeros representados pela Master 
Polymers. “Embora o desempenho da 
indústria automobilística perca este 
ano para o de 2021, a queda vem 
sendo compensada pela nacionaliza-
ção de componentes, antes vindos em 
especial da China”. A mudança que 
remonta ao início de 2020, ele situa, 
quando as montadoras começaram a 
sentir falta de componentes do exterior 
e cuja manufatura local foi homologada 
no ano passado.
Entre as novidades de sua bandeira 
eMs-grivory, Araújo brande a polia-
mida transparente Grilamid TR HT 200, 
apta a suportar mais de 500 ciclos de 
esterilização por autoclave. “Aprovado 
para contato com alimentos pela agên-
cia regulatória norte-americana FDA e 
agraciado com a maior classificação em 
biocompatibilidade, este grade pode ser 
Máscara de ventilação: PA Grilamid TR HT 200 foca aplicações médico-hospitalares transparentes.
https://placeresinas.com.br/
plásticos em revista
edição 689 / 2022
12
visor
Peças Técnicas
utilizado, por exemplo, em máscaras 
hospitalares de ventilação, caixas de 
instrumental cirúrgico, filtros e válvulas 
de vapor”.
blaCk piano
O Brasil, óbvio, cintila entre os 
mercados sul-americanos cultivados 
pela sabic para seus materiais no-
bres. Entre os destaques recentes na 
região, o agronegócio foi o palco da 
substituição de metal pelo composto 
carregado de PA 6 LNP™ Konduit™ 
PX10323, especifica Edras Afias de 
Oliveira, gerente responsável pelo 
desenvolvimento de novos negócios 
com especialidades da petroquímica 
saudita na América do Sul. “O polímero 
aboliu alumínio injetado do dissipador 
de calor de uma placa de controle 
eletrônico do alimentador de uma se-
meadeira e está sendo avaliado para 
a mesma substituição no dissipador 
de calor em faróis de LED”. 
Oliveira: copolímero de PC da Sabic abre caminho em autopeças como grades dianteiras pretas de alto brilho.
A Black & Decker injeta em sua planta em São Paulo os componentes de PA de suas ferramentas elétricas, 
informa o engenheiro de projetos Carlos Satohi Kono.”Hoje 
compramos plásticos de fornecedores no Brasil, mas 
muitos itens da manufatura dos nossos eletrodomésticos 
são importados”, ele assinala. Devido aos repiques inter-
nacionais da covid e à guerra na Ucrânia, ele atribui, a 
empresa sofreu com desabastecimentos “e tivemos que 
mitigar a produção em alguns casos”, complementa. No 
momento, declara conciso Kono, a estratégia da Black & 
Decker visa descentralizar os fornecedores e buscar mais 
alternativas no Brasil ou em outros países. 
Black & Decker
imPactos do desabastecimento
Black & Decker: peças de PA injetadas internamente.
https://www.domochemicals.com
Oliveira também sente vento a 
favor na América do Sul para o copo-
límero de policarbonato (PC) LNP™ 
Elcres™ SLX na pintura externa de 
agroveículos e carros de passeio. 
“Oferecemos este material de alta 
resistência a UV na cor Black Piano 
(preto brilhante) para aplicações como 
grades frontais”, acena o gerente. 
abs eM Higiene & beleza
As grades dianteiras de carros 
tambémsão a praia de uma joia da co-
roa da alemã ineos styrolution, blue 
chip global em polímeros estirênicos. 
“Por promover excelente acabamento 
e possibilitar a dispensa de pintura, 
reduzindo assim o custo final da peça, 
o copolímero de acrilonitrila estireno e 
acrilato de butila (ASA) Luran S SPF30 
BK37492, diferenciado também pelo 
alto brilho e resistência às intempéries, 
vem avançando nas grades dianteiras 
e está em homologação no Brasil para 
embalagens de cosméticos”, adianta 
Fabio Bordin, diretor responsável pela 
América do Sul.
Bordin também exalta o sucesso 
no país do copolímero de estireno 
acrilonitrila (SAN) Luran 358 N na 
injeção de copos transparentes de 
liquidificadores. Pelo flanco da sus-
tentabilidade, Bordin informa estar 
difundindo no mercado interno os 
Bordin: grifes de cosméticos no Brasil 
homologam ASA Luran S SPF30 BK37492 para 
injeção de embalagens.
https://www.domochemicals.com
plásticos em revista
edição 689 / 2022
14
visor
Peças Técnicas
“Mas não são estes fatores negativos 
que freiam a indústria automobilísti-
ca”, ele pondera. “Desde o início de 
2021 atravessamos uma crise atrelada 
a uma inédita falta de semicondutores, 
impedindo desde então a produção 
de veículo de recuperar os estoques 
mínimos necessários para cobrir a 
demanda existente”, ele avalia. “Esse 
desnível prejudicou o mercado em 
2021 e carregou para este ano níveis 
de produção muito baixos”. Ferraz 
defende que, uma vez normalizada 
a disponibilidade de semiconduto-
res e a logística internacional, as 
montadoras retomarão ao patamar 
mínimo de oferta que a demanda 
brasileira requer. “Vale ressaltar que 
os investimentos projetados para esta 
indústria até 2025/2026 somam R$50 
bilhões, fundamentando a confiança 
no crescimento da mobilidade no 
Brasil”. Amanhã, portanto, há de ser 
outro dia.•
copolímeros de acrilonitrila butadieno 
estireno (ABS) Terluran MR 50 e MR 
70, respectivamente munidos de 50% 
e 70% de teor do mesmo plástico de 
engenharia reciclado pós-consumo a 
partir de peças residuais de eletroele-
trônicos. “Na Europa, esse material já 
comparece em cafeteiras e malas, por 
exemplo”. 
estaCas sólidas
A lyondellBasell também as-
sovia para o Brasil com um balaio 
de soluções sustentáveis. Entre as 
mais recentes, reluzem os compostos 
Circulen Recover, à base de polímeros 
reciclados, esclarece Jamil Jacob, ge-
rente técnico e de novos negócios na 
América do Sul. Uma referência, con-
forme divulga a empresa, é EPA6 GF30 
H Black, composto de PA 6 oriunda de 
aparas industriais recicladas acres-
cida de 30% de fibra de vidro. Uma 
das aplicações mais badaladas na 
Europa dos polímeros Circulen é sua 
aparição nas malas Magnum Eco da 
samsonite.
Câmbio, desorganização logística 
mundo afora, inflação e juros na lua 
derrubam hoje os campos para plásti-
cos de engenharia em bens duráveis, 
reconhece Jacob. Mas ele contrapõe 
que a posição da LyondellBasell no 
Brasil tem estacas sólidas, mérito de 
ativos locais como a unidade de com-
postos de PP em Pindamonhangaba 
(SP) e um leque de especialidades 
importadas de alta procura em fases 
de economia numa boa e que embu-
tem atrativos como redução de peso e 
espessura e substituição de insumos 
como elastômeros e retardantes de 
chamas, com cadeira cativa em re-
dutos tipo agro, telecom, mineração, 
energia, saúde e transporte. 
seMiCondutores vitais
A indústria automobilística é o 
centro das atenções da compone-
dora de PP da Mitsui advanced 
composites do Brasil. O diretor co-
mercial deixa patente não haver setor 
que partilhe a atenção dispensada por 
sua empresa a autopeças. “É quem 
nos desafia a introduzir compostos 
para trabalho em temperaturas altas 
ou baixas, com redução de compostos 
orgânicos voláteis, coeficiente menor 
de expansão térmica linear e elevada 
resistência ao risco e estabilidade 
dimensional para usos automotivos 
internos, externos e sob o capô”.
O Brasil sofre hoje com estagfla-
ção, dólar volátil e atas taxas de juros 
e desemprego confluindo para perda 
do poder aquisitivo, sumariza Ferraz. 
Ferraz: falta de semicondutores desnivela há 
dois anos a oferta e demanda de carros. 
Jacob: compostos sustentáveis Circulen Recover 
desembarcam no Brasil.
https://replas.com.br
plásticos em revista
edição 689 / 2022
16
Paul Hodges
sensor
A 
guerra na Ucrânia inspirou nova 
leitura da sigla ESG: Empresas 
sem GÁS. Propagada pelas 
mídias sociais, essa tirada tem 
um fundo nada engraçado e imerso na 
mais amarga verdade. Os cortes de Putin 
na carne do fluxo de um combustível por 
ora insubstituível para a Europa abalam 
os alicerces de uma economia mundial 
sobrecarregada de dívidas desde a pande-
mia, taxas de juros no cosmos e indícios de 
recessão, pondo ainda em sinuca de bico 
o aquecimento de famílias no próximo in-
verno no hemisfério norte e a continuidade 
da operação de fábricas locais, como as da 
cadeia plástica. As sequelas são retratadas 
no peso da Europa no setor mundial: em 
choque sob a mão pesada do destino, 
o continente deve deter este ano 15% 
da demanda mundial de benzeno, 12% 
da de eteno e 13% no caso de propeno, 
calcula o portal icis. Para cortar a veia 
ainda mais fundo, agravaram-se desde 
antes da guerra problemas irresolvidos 
desde a explosão da pandemia e que, na 
embolação com a guerra desembocam 
num mar de incertezas sem fim à vista. E 
não há saída para o mundo e a indústria 
plástica senão remar para a frente, pois 
a hipótese de volta ao passado movido a 
combustível fóssil em tempos de mudan-
ças climáticas seria pedra cantada de tiro 
no pé do planeta, atesta nesta entrevista 
Paul Hodges, presidente da new normal 
consulting e requisitado analista de eco-
nomia e indústria química com blog no Icis.
quais os principais danos a curto 
prazo para a indústria plástica global 
causados pelo risco de Putin zerar ou 
reduzir o fluxo de gás natural russo 
para a europa?
A Europa está claramente enfrentan-
do sua pior crise desde o fim da Segunda 
Guerra Mundial. Como avisou a cúpula das 
associações alemãs de empregados: “es-
tamos encarando a maior crise pós-guerra 
no país e temos de ser honestos e admitir: 
antes de tudo, perderemos a prosperidade 
Haja 
resistência ao 
impacto
A crise mundial periga piorar antes de melhorar. E a indústria 
plástica cambaleia neste fio da navalha, constata Paul Hodges
Hodges: bolhas nos mercados financeiro e 
imobiliário começam a estourar.
plásticos em revista
edição 689 / 2022
17
que desfrutamos por anos”. Dada a impor-
tância da Europa para a economia global, 
seus problemas afetarão a todos. 
como atenuar o baque dessa 
reação mundial em cadeia?
O primeiro passo é isolar os elemen-
tos-chave do problema diante de nós 
e então começar a focar nas possíveis 
respostas. Uma evidente questão crucial 
é que não temos de esperar pelo segundo 
e terceiro impactos enquanto a situação 
se desdobra. É como lançar uma série de 
pedras num lago, onde elas rapidamente 
começarão a gerar novas ondas quando 
encontram aquelas criadas por arremes-
sos anteriores.
Passando da linguagem figurada 
para a vida real...
O primeiro ponto é a ameaça ao 
suprimento de gás e alimentos. A Rússia 
já transforma isso em arma estratégica 
ao cortar boa parte do fluxo de gás para 
a Europa, além de ter bloqueado as 
exportações ucranianas de grãos. Por 
sua vez, esses gestos já surtiram avarias 
secundárias. Os preços da amônia, por 
exemplo, disparam em linha com as cota-
ções do gás e assim estão encarecendo os 
fertilizantes. Em decorrência, fazendeiros 
são forçados a aumentar seus preços ou a 
cortar o plantio relativo à próxima colheita. 
Rússia e Ucrânia respondem, em geral, 
por 29% das exportações globais de trigo 
e são fornecedores de cacife mundial de 
commodities como soja. Desse modo, a 
combinação do bloqueio do Mar Negro 
pela Rússia e as sanções econômicas 
sobre ela aplicadas pelo mundo ocidental 
têm potencial para abalar um vasto leque 
de países dependentes do suprimento 
alimentardessas duas nações.
A seguir, temos o que se pode chamar 
de problemas auto-infligidos, causados 
por decisões dos bancos centrais para 
estimular programas de estímulo ao 
consumo idealizados com aquela visão 
de mercados ativados por compras pelo 
público jovem. Acontece que declinaram 
nas últimas duas décadas os níveis de 
demanda em sociedades de significativo 
envelhecimento populacional, caso da 
Europa, EUA, China e América Latina. No 
entanto, em vez de reconhecer o desa-
parecimento deste bônus demográfico, 
baseado no extinto consumo vibrante das 
baixas faixas etárias, os grandes bancos 
centrais despejaram em torno de US$ 70 
trilhões nessas políticas de estímulo, para 
tentar disfarçar o déficit. Disso resultaram 
maciças bolhas nos mercados financeiro 
e imobiliário que estão começando a es-
tourar, reflexo das taxas básicas de juros 
ascendentes para conter a inflação.
é a tempestade perfeita?
Para merecer essa definição é preciso 
acrescentar ao cenário os riscos criados 
pela pandemia e ainda pendentes. A 
China, em particular, foi afetada pela falta 
de vacinações efetivas, como deixa claro 
a queda de 5,7% no PIB de Xangai no 
primeiro semestre. Por sua vez, os se-
guidos lockdowns chineses permanecem 
fazendo estragos nas cadeias globais de 
suprimentos.
Portanto, temos de assumir que 
todos esses problemas estarão conosco 
por algum tempo. Apenas para ficar na 
pauta do gás na Europa, leva tempo 
para o estabelecimento de novas fontes 
Petroquímica europeia: dependência do gás natural russo virou pesadelo.
plásticos em revista
edição 689 / 2022
18
Paul Hodges
sensor
de suprimento e para a construção da 
necessária infraestrutura. O gás natural 
é usado à larga como combustível por 
indústrias químicas europeias, razão pela 
qual companhias como a Basf estarem 
desenvolvendo planos de contingência 
para a possibilidade de desligamento de 
complexos como o de Ludwigshafen – o 
maior hub mundial de plantas químicas – 
se o pior acontecer e a Rússia fechar de 
vez a torneira dos gasodutos.
concorda com analistas que 
enxergam a petroquímica europeia 
posta em contagem regressiva pela 
geopolítica, economia circular e 
dependência total do gás natural da 
rússia? 
Eu acho que a História pode ajudar 
a entender o que acontece. Em essência, 
presenciamos o retorno ao mundo das 
crises nos preços do petróleo nos anos 
1980. Esse quadro também envolve a 
combinação tóxica da geopolítica, escas-
sez de energia e aumento da inflação e 
taxas de juros. E, tal como no passado, 
hoje vigora a mesma recusa inicial em 
aceitar que precisamos encarar bem de 
frente os grandes problemas. Ou seja, 
os problemas de hoje são de maior mag-
nitude, mas seus pontos básicos são os 
mesmos de 40 anos atrás. Uma diferença 
é que tem havido um bocado de pensa-
mento positivo na formulação de políticas 
nas décadas recentes. A Alemanha, por 
exemplo, esperava que suas compras de 
gás da Rússia contribuíssem para integrar 
aquele país à economia global. Por seu 
turno, ativistas ambientalistas, tal como 
diversos governantes europeus, estavam 
felizes por fechar plantas baseadas na 
energia nuclear ou fóssil. Mas fizeram isso 
antes do suprimento de energia renovável 
substituto ter sido construído, o que foi 
particularmente estúpido. Mesmo hoje 
em dia, ninguém tem trabalhado para 
criar uma cadeia segura de suprimento 
energético para todos os materiais críticos 
que essas fábricas precisarão.
Pandemia, rupturas geopolíticas, 
guerra na ucrânia, energia caríssi-
ma, quebras nas cadeias de fluxos 
comerciais e países desenvolvidos e 
sub com crises econômicas devem 
acelerar ou esfriar a adesão à eco-
nomia circular? 
Sua pergunta me lembra a famosa 
resposta do irlandês indagado por um 
viajante sobre o melhor caminho para 
seu destino. “Bom, eu não começaria por 
aí...” Mas aqui estamos e percebemos o 
claro risco de que as coisas possam piorar 
antes de melhorar. Isso também implica 
encarar uma escolha nítida – devemos 
recuar e reconstruir uma economia à base 
de fontes fósseis de energia? Ou tocamos 
em frente rumo ao mundo Net Zero e 
erguemos um negócio à prova do futuro 
baseado nas mudanças de paradigmas 
que já se desenvolvem à nossa volta?
O enunciado da minha pergunta já 
embute a resposta. É quase impossível 
imaginar um jeito de reimplantar uma 
economia global baseada na energia fóssil 
e, mesmo se algum meio fosse encontra-
do, estaríamos criando problemas para 
nós mesmos na esteira das mudanças 
climáticas. Portanto, temos pouca esco-
lha. Precisamos de coragem para zarpar 
por uma nova rota, aceitando que há um 
bocado de solavancos no percurso. •
Envelhecimento mundial e lockdowns na China: demografia, geopolítica e pandemia semeiam incertezas.
https://www.radicigroup.com/pt
plásticos em revista
edição 689 / 2022
20
Reciclagem
especial
U
m ponto-chave da corrida rumo 
ao futuro sustentável é sua 
aura democrática. Dessa vez, 
a revolução não vem de cima 
para baixo, sendo fruto de um consenso, 
e contagia por igual países desenvolvidos 
e emergentes. No âmbito do setor plásti-
co, um sinal dessa reação às mudanças 
climáticas é a obsessão, encabeçada por 
governos e brand owners (companhias 
donas de grandes marcas de bens de 
consumo), em dar um banho de loja no 
status da resina reciclada. De regra 3 
sem valor do polímero virgem, ela agora 
merece rapapés como prova do engaja-
mento do plástico na economia circular, 
por permitir o reúso do material com um 
desempenho cada vez mais próximo da 
resina 0 km, mérito da modernização de 
equipamentos e aditivos. Dentro de suas 
possibilidades e peculiaridades, o setor 
plástico brasileiro já começa a harmonizar 
com a nova era, como deixa patente na 
entrevista a seguir Paulo Francisco da 
Silva, presidente da disputada consultoria 
agora Vai Brasil e uma ave rara entre os 
experts em reciclagem, pois tão à vontade 
no chão de fábrica como na mesa das 
decisões de investimentos.
Por que cresce a coleta e dispo-
nibilidade de sucata plástica de boa 
qualidade no norte/nordeste?
Há mais de 20 anos, as duas regiões 
desfrutam o desenvolvimento contínuo de 
um parque fabril tecnologicamente atrativo 
e recheado de facilidades e benefícios 
tributários. É um avanço, apesar de um 
efeito colateral ser a famigerada guerra 
fiscal travada no país e sem fim à vista. 
Retomando o fio, com maior número de 
indústrias transformadoras produzindo 
no Norte/Nordeste, o resultado lógico é a 
geração maior de sucatas plásticas, tanto 
de pós-consumo como de aparas.
Os chamados sucateiros são exce-
lentes comerciantes que sabem mapear 
com rapidez as oportunidades a curto e 
médio prazo. E outro fator ocorre já faz 
alguns anos: a entrada de grandes grupos 
– múltis e nacionais – especializados na 
gestão de resíduos. Têm sido contratados 
pelos principais geradores de aparas para 
retirar esse refugo das linhas de produção 
e os direcionar da correta forma ambiental.
Eles cumprem todas as exigências 
no plano da documentação, o que a 
maioria largada dos sucateiros não faz. E 
na venda dessas aparas requisitam todos 
os comprovantes, tirando assim do páreo 
boa parte da concorrência informal. A se 
lamentar é a permanência do chamado 
passeio molecular do material pelo país, 
saindo em grande parte do Norte/Nordeste 
ao Sudeste, região que concentra o grosso 
dos recicladores, transformadores e seus 
clientes. Desse modo, seja na condição de 
grãos, flakes ou lixo plástico, essa maté-
ria-prima termina devidamente reciclada 
e de volta à linha de transformação para 
ganhar seu reúso num produto acabado. 
Na conjuntura atual, o preço das sucatas 
A caminho da 
metamorfose
O jogo de forças que promete 
tirar o reciclado de alto padrão
dos nichos para altas escalas
Silva: desafios existem para serem enfrentados.
plásticos em revista
edição 689 / 2022
21
especial
de aparas ou pós-consumo anda sendo 
muito encarecido pelo frete inter-regional 
e oscilações constantes nas cotações das 
resinas virgens, sempre umforte balizador 
do preço dos reciclados.
recicladores do sul/sudeste 
estão aproveitando o momento para 
investir em centros de compra e es-
toque de sucata no norte/nordeste?
Sim, algumas empresas já têm 
centros de compra no interior de estados 
nordestinos e de Goiás, por conta da 
posição geográfica. Afinal, as distâncias 
do Nordeste e Sudeste até Goiás são 
meio equidistantes. A propósito, a região 
Sudeste é autossuficiente na geração e 
disponibilidade de plástico pós-consumo 
para reciclagem. Apenas a capital paulista 
desova em aterro 6.500 t/dia de lixo não 
orgânico reciclável.
quais as resinas pós-consumo 
mais escassas no primeiro semestre?
 Destaco PVC, PS, ABS e PEAD, esta 
última a resina que mais tem dado traba-
lho. Para começar, PEAD vem há muito 
tempo sendo substituído por PP na injeção, 
como se vê em utilidades domésticas. Um 
exemplo de anormalidade sem fim pre-
visto: o reciclado de PEAD resultante do 
moído de caixaria (garrafeiras) quebrada 
supria um imenso mercado secundário 
na forma de caixas industriais, multiuso 
e para hortifrútis, recipientes capazes de 
transportar até 1.200 quilos e, por isso, 
devem ser injetados com agente expansor. 
Acontece que os resíduos dessas caixas 
têm sido reciclados com vistas à injeção do 
mesmo recipiente original, abocanhando, 
portanto, boa parte do mercado do moído 
das garrafeiras. Devido, então, à demanda 
superior à oferta de rejeitos de PEAD grau 
injeção para reciclagem e para dar maior 
volume de material aos transformadores 
de garrafeiras, o mercado começou a mis-
turar este grade com flakes do polímero 
para extrusão. Embora o blend reduza 
bastante o índice de fluidez, aumenta a 
resistência mecânica da caixaria injetada.
 como interpreta o comporta-
mento desde 2020 dos preços médios 
do plástico pós-consumo reciclado 
no mercado interno?
Em 2020 as importações de resina 
virgem pararam, pois as petroquímicas 
reduziram suas produções para se ade-
quar a demanda reprimida pelo lockdown. 
Na retomada trazida pela flexibilização 
das restrições sanitárias, a transformação 
precisou do reciclado para operar sob a 
carência de polímero virgem. Os preços 
das sucatas e reciclados dispararam 
desde então, nas pegadas também da 
subida das resinas virgens causada pela 
procura muito superior à oferta naquele 
período. No primeiro semestre de 2022, 
explodiu em fevereiro a guerra da Rússia 
contra a Ucrânia. Ela fez o preço do barril 
do petróleo se alojar no escalão dos três 
dígitos, com oscilações para baixo sob 
Flakes: logística inter-regional encarece o reciclado. 
Caixas de hortifrútis: mercado dribla carência de PEAD reciclado para injeção.
plásticos em revista
edição 689 / 2022
22
Reciclagem
especial
A indústria plástica queima neurônios atrás de engenhos para agregar teores crescentes de reciclado premium em 
usos sinônimos de sustentabilidade. Um dos maiores desafios 
nessa empreitada tem sido evitar a perda de qualidade dos 
polímeros submetidos ao stress termomecânico durante sua 
reciclagem mecânica. É 
em enroscos desse naipe 
que o desenvolvimento hoje 
aceso de aditivos age feito 
um diapasão para o plás-
tico não desafinar no coro 
dos arautos da economia 
circular.
 Formadora mundial 
de preços e opinião em po-
liolefinas, a LyondellBasell 
também esbanja poderio 
em auxiliares que carregam 
o piano na reciclagem de 
plásticos. “Uma referência é a linha de masters Polybatch”, 
distingue Roberto Castilho, diretor comercial para masterbat-
ches, especialidades em pó e resinas especiais para a América 
do Sul. “Indicados respectivamente para PE e PP, os grades AO 
25 A e PAO 3660 minimizam dessas poliolefinas recicladas a 
degradação térmica causadora de oxidação, géis, crosslinking, 
partículas carbonizadas e perda de propriedades mecânicas”, 
descreve o expert. “Além disso, reduzem o acúmulo de material 
degradado na matriz”. Em decorrência, a incorporação desses 
dois concentrados permite o aumento do teor de reciclado no 
produto transformado. No embalo, Castilho ressalta a diminuição 
de amarelecimento proporcionada pelos masters branqueadores 
óticos Polibatch A05 específicos para PE e PP reciclados.
Quanto a soluções para modificar a viscosidade des-
ses termoplásticos recuperados, Castilho tira da cartola da 
LyondellBasell masters auxiliares de fluxo e antioxidantes. 
“Protegem esses materiais da degradação térmica e melhoram 
sua qualidade baixando a viscosidade”, ele sintetiza. Entre os 
meios para poupar resina virgem no blend com reciclado, o 
diretor acena com compatibilizantes/modificadores de poliole-
finas. “São produtos como as poliolefinas termoplásticas com 
fase elastomérica Hiflex e Adflex”, ele aponta. “Se usadas em 
baixos teores como compatibilizantes, melhoram a resistência 
ao impacto do reciclado”.
O poder de fogo da 
Lyondell em auxiliares se 
estende à triagem de su-
cata mista para reciclagem. 
Castilho exemplifica com 
Polybatch NIR (infraverme-
lho próximo), auxiliar que 
permite a classificação de 
plásticos pós-consumo 
pretos por tipo de polímero. 
“Essa separação melhora 
a qualidade, valor e opor-
tunidades de reúso do lote 
reciclado”.
 Com mais de 19.000 cores catalogadas em seu sistema, 
a componedora Termocolor volta e meia as utiliza em resinas 
recicladas. “Concentrados preto e pastéis têm grande demanda 
para peças fabricadas com reciclado pós-consumo”, atesta o 
diretor comercial Wagner Catrasta. Quanto aos aditivos, ele 
informa atender recicladores com branqueadores óticos, des-
secantes, anti UV, deslizantes e retardantes de chamas, estes 
últimos de procura em alta por força de normas técnicas de 
flamabilidade (resistência ao início e propagação do fogo) para 
componentes de instalações elétricas e peças e dispositivos 
de eletroeletrônicos. Entre as possibilidades de engorda do 
portfólio de soluções afins com a sustentabilidade, Catrasta 
flerta com o desenvolvimento de masters com base de plásti-
co reciclado pós-consumo. “Mas para grades de cores é vital 
contar com um padrão de fornecimento de resina reciclada, 
pois sua disponibilidade não pode oscilar depois de o produto 
ganhar a praça”, ele comenta, aludindo à notória instabilidade 
no abastecimento de matéria-prima de padrão aceitável para 
reciclagem de plástico no país. 
lyonDellBasell e terMocolor
eles carregam o Piano na reciclagem
Castilho: compatibilizantes/
modificadores baixam teor de resina 
virgem no blend com reciclado.
Catrasta: Termocolor corteja masters 
com base de plástico reciclado pós-
consumo.
plásticos em revista
edição 689 / 2022
23
especial
enfraquecido pela crise e o governo está 
reduzindo tarifas de importação de de-
terminados termoplásticos. Tudo isso e o 
aumento mundial das taxas de juros, para 
esfriar a inflação via consumo em recesso, 
deve estabilizar os preços de plásticos 
virgens e reciclados até segunda ordem.
como enxerga o atrativo da ver-
ticalização da reciclagem das aparas 
para os transformadores?
Transformador que recicla aparas é 
porque dispõe de volumes de refugo que 
justificam o investimento na sua recupera-
ção e têm linhas de produtos que admitem 
a incorporação de reciclado. Também 
querem controle total sobre a qualidade 
temor de recessão mundial. No Brasil, a 
visão primordial do reciclado sempre foi a 
de opção mais ba-
rata que o polímero 
virgem, com preço 
ditado pela lei da 
oferta e da procura.
Temos notado 
recuo no preço das 
sucatas, porque a 
demanda dos reci-
cladores diminuiu 
na mesma medi-
da que o mercado 
também tem redu-
zido suas compras 
– e agora com uma 
pressão a mais. Afinal, as resinas virgens 
também estão barateando, sob consumo 
Linha de produção: qualificação de pessoal a desejar no Brasil .
https://primid.com.br
plásticos em revista
edição 689 / 2022
24
especial
RECICLAGEM
do produto que leva as aparas recicladas. 
É um material que, em tese, entra a custo 
zero para ser processado internamente, daí a 
tentação de fazer do scrap de produção uma 
operação rentável.Fora tributação, quais as principais 
dificuldades para um reciclador no Brasil 
conciliar custos de produção com preços 
competitivos para um reciclado de bom 
padrão?
Os maiores desafios são custos e qualidade 
da sucata e a percepção de seu valor pelo mer-
cado consumidor. Hoje dispomos de opções que 
possibilitam misturas de reciclado com virgem 
com qualidade final muito boa, mas há um limite 
imposto pelas percepções de valor. Por vezes 
percebo que, numa negociação de determinado 
volume de sucata de pós consumo, interferem 
atravessadores colocando sua margem de 
ganho. Isso vai agrega custo e não valor à 
sucata e costuma inviabilizar os negócios. No 
final das contas, quem menos lucra é o catador 
e o reciclador, justo quem mais põe as mãos na 
massa nessa cadeia industrial.
 
a qualificação do chão de fábrica 
nas recicladoras tem acompanhado as 
mudanças em curso no setor?
Digo a todos a quem presto consultoria 
que o maior capital da empresa é o humano. 
Neste ponto, estamos muito carentes de bons 
profissionais no nível de fábrica. Há mesmo 
uma falta de mão de obra especializada na 
manufatura da reciclagem. O ensino das 
atribuições é muito empírico enquanto cami-
nhamos para sair do arroz com feijão da reci-
clagem plástica para um patamar de melhor 
qualidade, impulsionado inclusive pela cultura 
ESG, e que depende de maiores exigências 
profissionais para ser alcançado. Desafios 
estão aí para serem enfrentados.
N úmero 1 absoluta na distribuição brasileira de termoplásticos, a 
Piramidal vislumbrou no chamariz da 
sustentabilidade uma oportunidade de 
acentuar sua condição de provedora 
de soluções completas e de ativar a 
diversificação do portfólio, de modo a 
afrouxar a dependência das vendas de 
commodities como PP e PE da bandeira 
Braskem. A sacada resultou na consti-
tuição, em 2021, da unidade de negócios 
de soluções circulares que, entre outras 
prendas, comercializa num espaço bem 
definido e com a marca própria Eccoar 
resinas pós-consumo recicladas a pedido por terceiros, dotadas de 
ficha técnica e certificado de qualidade lote a lote. “A grande maioria 
dos recicladores que tem investido em ampliação da capacidade e do 
padrão dos seus produtos carece de estrutura e capilaridade adequa-
das para atender a contento os clientes tradicionais da distribuição de 
resinas e é por esta brecha que nós entramos”, sumariza o gerente 
da unidade Fábio Koutchin. “Somos o braço que estende produtos 
reciclados de alto nível a transformadores que teriam dificuldades de 
obtê-los em contato direto com os recicladores”.
 No compartimento dos reciclados, a atuação da unidade centra-se por ora em polímeros. Mas não passa em branco para Koutchin as 
oportunidades que pulsam na impressionante profusão de materiais 
auxiliares surgidos nos últimos anos para melhorar a reciclagem me-
cânica e as características do material gerado. “Nesta etapa inicial, 
optamos por nos concentrar na criação de um mostruário robusto de 
resinas recuperadas, devido a seu intenso uso por transformadores”, 
argumenta o executivo. “Mas a distribuição de aditivos e masterbat-
ches desenhados para este segmento é um movimento natural. Por 
exemplo, se a demanda justificar, poderemos cogitar a representação 
de concentrados de cores tendo como veículo resinas recicladas”. Na 
mesma trilha, ele admite a possibilidade de ofertar blends de reciclado 
com resina zero bala sob a marca Eccoar. “No momento, entende-
mos que oferecer a resina 100% reciclada confere ao cliente maior 
flexibilidade para usá-la pura ou em blends com o polímero virgem”.
PiraMiDal
atalho Providencial
Koutchin: Piramidal cobre nicho 
de transformadores de difícil 
acesso a recicladores.
plásticos em revista
edição 689 / 2022
25
especial
“A 
presença do plástico 
reciclado de ótima qua-
lidade tem aumentado 
no mercado interno, em 
especial em marcas de produtos com 
metas e ambições claras de sustenta-
bilidade”, constata Bruno Igel, CEO da 
Wise, recicladora star de poliolefinas 
que dobrou em dois anos sua capaci-
dade para 35.000 t/a e cujo controle 
majoritário (61,1%) foi adquirido por 
R$121 milhões pela Braskem (ver 
box) em transação anunciada em 2 de 
agosto. Mas ao fundo desse cresci-
mento num país receptivo à economia 
circular e baixa renda, pulsa enroscada 
equação econômica. “Seja no Brasil 
ou no I Mundo, qualquer empresa que 
faça reciclado premium com lisura fiscal 
e tratando de modo correto a água e 
resíduos do processo, vai deparar com 
custos que equiparam o recuperado no 
mesmo preço, se não mais caro, que o 
polímero virgem de fonte fóssil”, atesta 
o dirigente.
Para adoçar a competividade 
do preço do reciclado sem apelar 
ao mercado paralelo, comenta Igel, 
dois flancos têm sido palmilhados no 
exterior. “Uma delas é a concessão 
do subsídio que viabiliza uma coleta 
seletiva e separação da sucata eficien-
te”, ele expõe. “Trata-se de benefício 
pago pelo contribuinte através do 
governo, ou então, por brand owners 
(companhias donas de grandes mar-
cas de bens de consumo)”. Aqui no 
Brasil, transpõe o reciclador, não há 
esquema transparente e eficaz para 
arcar com o custo da logística reversa 
das embalagens gerais e a iniciativas 
nesse sentido mostram metas frágeis 
e pouco verificáveis”.
O outro flanco para o preço do 
reciclado de bom padrão condizer 
com a realidade, observa Igel, também 
resvala no Fisco. “O mundo civilizado 
recorre a instrumentos tributários para 
estimular a economia circular, cobrando 
menos impostos de marcas e produtos 
geradores de impacto positivo e taxas 
maiores quando o efeito é negativo”, 
ele descreve. “Vem daí a oferta de um 
reciclado de qualidade a preço palatável 
para o mercado, base para o aumento da 
sua demanda”.
 Por sinal, garantir demanda estável 
é ponto de referência para um investidor 
considerar alocar capital na reciclagem, 
pressupõe Igel, e o respaldo ao setor 
dado por leis prescrevendo teores do 
reciclado na composição de artefatos 
transformados (norma já em vigor na 
Inglaterra) requer análise mais a fundo. 
“Na prática, as estruturas de custos do 
reciclado e resina virgem diferem de 
todo entre si”, confronta o CEO da Wise. 
O making 
off da excelência
Reciclado de qualidade a preço competitivo
não sai do chão sem benefícios tributários
RECICLAGEM/WISE
Igel: indústria recicladora de PP e PE caminha 
para a consolidação alcançada em PET. 
plásticos em revista
edição 689 / 2022
26
especial
RECICLAGEM/WISE
Na reta final do fechamento desta edição, a Braskem anunciou a compra, por R$ 121 milhões da participação 
de 61,1% na recicladora Wise Plásticos, cujas credenciais 
de excelência incluem clientes brand owners do naipe da 
unilever e natura. Na ativa há 15 anos em Itatiba (SP), a 
recicladora de poliolefinas pós-consumo roda com capacida-
de 35.000 t/a, tendo produzido 20.000 toneladas e faturado 
R$ 250 milhões em 2021.
 O investimento da Braskem está em linha com as petroquí-micas internacionais que, desde que a economia circular 
entrou na berlinda, vêm estendendo com ímpeto seu braço 
nas reciclagens mecânica e química e assim turbinando o 
negócio de resinas virgens com o sustentavelmente correto 
portfólio de plásticos reciclados pós-consumo. A Braskem 
tem se engajado nessa corrente em passo acelerado, pois 
inaugurou no semestre passado, em Indaiatuba (SP), sua 
planta de 14.000 t/a de reciclagem de sucata rígida de PP e 
PE em joint venture com a recuperadora de resíduos Valoren. 
Poucos meses depois, a petroquímica amplia a presença no 
mercado de plástico para segundo uso assumindo o controle 
inVestiMento
divisor de águas: 
braskem comPra a Wise
“Em regra, o consumidor do reciclado 
também opta por ele pela economia 
proporcionada, ou, no mínimo, a neutra-
lidade econômica que o material confere 
a seus produtos acabados”. Na hipótese 
de uma regulação obrigar o uso de 
percentuais do reciclado, continua Igel, 
qualquer indústria consumidora das duas 
resinas terá duas organizações de custos 
independentesem sua cadeia de supri-
mentos. “Uma é baseada em variáveis 
como dólar e petróleo, enquanto a outra 
em quesitos como logística, coleta, sepa-
ração e energia”, descreve o reciclador. 
Em ambos os casos, assinala, a indústria 
plástica e brand owners trabalharão para 
aumentar a eficiência e economia da 
cadeia de abastecimento. “Se houver lei 
determinando uso do reciclado, aquela 
comparação mensal entre custos des-
se material e do virgem dará lugar a 
majoritário de uma recicladora, a Wise, que formava no 
seleto time de suas fornecedoras de material recuperado 
até a parceria com a Valoren entrar em campo.
 Com a incorporação da Wise, a Braskem desponta com ca-pacidade arredondada em 50.000 t/a na principal região do 
mapa da reciclagem nacional de plástico e se posiciona como 
maior reciclador de poliolefinas do país, poderio acentuado 
pela sua condição de produtora local dessas resinas virgens. 
Pela lupa da Abiplast, o Sudeste respondeu, em 2021, por 
492.300 do total de 884.400 toneladas de plásticos pós-
consumo produzidos no país no ano passado, sendo que PP 
e PE respondem por 57% desse saldo. 
 A musculatura da escala alcançada pela Braskem traça um divisor de águas na reciclagem nacional e, seguindo 
a percepção de analistas como o próprio Bruno Igel, deve 
incrementar um processo de consolidação de empresas 
desse setor, até aqui dominado por indústrias de menor por-
te, fornecedoras em regra de resinas recuperadas de baixo 
valor agregado, material que contrasta com o empenho da 
Braskem em desenvolver grades de desempenho cada vez 
mais próximo dos contratipos virgens. Do lado da concorrên-
cia, uma suposição consistente é a de que a proeminência de 
uma petroquímica que também impera na reciclagem deve 
levar eventuais interessados a estrear no ramo de plásticos 
pós-consumo a pensar duas vezes, considerando também 
entraves como tributários e suprimento instável de sucata 
de qualidade. Para recicladores que passam a competir 
com a capacidade avantajada da Braskem, o consenso entre 
analistas vota na adoção da estratégia da atuação especiali-
zada, em áreas geográficas bem específicas e num suporte 
pré e pós-venda personalizado para encantar os clientes e 
transcender o foco estrito em preços.
plásticos em revista
edição 689 / 2022
27
especial
União Europeia: imposto para impulsionar circularidade do plástico pós-consumo.
Inglaterra: lei determina uso de reciclado na composição de produtos transformados. 
perde participação no PIB por requerer 
investimentos a prazos mais longos e os 
empreendedores o consideram muito 
menos sexy que o de serviços”.
A incidência de transformadores 
verticalizando-se na reciclagem de apa-
ras industriais – campo fora da órbita da 
Wise – é analisada com cautela por Igel. 
A seu ver, a rentabilidade desse lance 
passa pela escala de produção e o tra-
balho com volumes restritos muitas vezes 
não provê o retorno do investimento na 
estrutura necessária. “A maioria das 
indústrias transformadoras deve concluir 
ser melhor ter um parceiro especializado 
na reciclagem das aparas”. Igel também 
não vê um contingente expressivo de 
transformadores com braço na reci-
clagem de plástico pós-consumo. “São 
atividades bem diferentes em tecnologia, 
operação e cadeia de suprimentos”, 
distingue. “E na maioria dos casos, reci-
cladores suprem vários transformadores 
e costumam ter escalas mais eficientes 
para exercer seu oficio do que eles”.
um cotejo entre diversos fornecedores 
do material recuperado”, julga Igel. 
“Sancionada com racionalidade e nível 
correto, essa legislação favoreceria a 
economia circular”.
Apesar de a economia verde estar 
em evidência, a reciclagem de plástico 
pós-consumo de melhor qualidade ain-
da não atrai muitos novos entrantes no 
Brasil. Mas Igel comenta que o setor não 
está no modo pause. “Na reciclagem de 
PET houve uma consolidação importante, 
com empresas fortes e modernas”, ele 
distingue. “A reciclagem de poliolefinas 
ainda não chegou a este estágio, mas 
a movimentação da petroquímica e 
transformadores vai na mesma direção”. 
A entrada da Braskem como principal 
acionista da Wise fortalece esta percep-
ção de Igel. 
Entre as pendências, o dirigente 
enxerga a cadeia de suprimentos pou-
co estruturada e o emaranhado fiscal 
intimidando a vinda do empresariado 
de outros setores, embora algumas 
gestoras de resíduos estejam aderindo 
à reciclagem de PP e PE. A propósito, 
mesmo com a glamourização do de-
senvolvimento sustentável, a reciclagem 
de plástico não seduz startups, mais 
interessadas em soluções de logística 
reversa do material. “Startups buscam 
negócios menos intensivos em capital e 
capazes de ganhar escala com rapidez”, 
justifica Igel. “No Brasil, o setor industrial 
plásticos em revista
edição 689 / 2022
28
especial
Ú
nica marca brasileira selecio-
nada para integrar a fábrica 
de reciclagem da Braskem 
Valoren, a fabricante de ex-
trusoras Wefem promete dar mais o 
que falar ao cruzar a divisa dos 10 
anos de expansão em 2023. As sa-
cadas engatilhadas incluem a ênfase 
na digitalização dos equipamentos e 
o ingresso nas etapas da reciclagem 
anteriores à extrusão, a começar pela 
montagem de sistemas de lavagem, 
equipamentos nos quais a tecnologia 
nacional ainda rateia, antecipa sucinto 
Fernando Paixão, sócio e diretor da 
Wefem. Nesta entrevista, ele dá um ra-
sante pelo seu mercado e perspectivas. 
qual a sua estimativa da parce-
la atualizada do parque de extrusão 
nas cerca de 1.100 recicladoras de 
plásticos no país?
De acordo com nossa experiência, 
uma extrusora com mais de cinco anos 
de vida útil já começa a perder com-
petitividade. A baixa produtividade e a 
necessidade de manutenção frequente 
são alguns indícios disso. O prazo de 
depreciação do equipamento é de 10 
anos em média. Cruzando os dados, 
acreditamos que em torno de 20% 
do parque fabril foram renovados nos 
últimos anos.
Vem aumentando o efetivo de 
transformadores estendendo o 
braço no negócio de reciclar aparas 
ou mesmo plástico pós-consumo. a 
Wefem confirma esse movimento?
 A escassez de matéria-prima pós
-industrial tende a crescer mais. As 
transformadoras estão sensibilizadas 
pelo apelo da economia circular, me-
lhorando o processo de fabricação de 
seus produtos até o consumo. Confirmo 
que procuram cada vez mais por equi-
pamentos e processos de recuperação 
de suas aparas. No passado, elas eram 
consideradas sucatas e agora, através 
da reciclagem, voltam a ser aproveitadas 
no processo de manufatura, podendo 
inclusive constituir um de vários mate-
riais integrantes da composição de um 
artefato transformado. Com a limitação 
de aparas na praça, o plástico pós-con-
sumo reciclado tem sido a alternativa 
para substituir a insuficiência delas. Com 
base nesse cenário, as vendas da Wefem 
mais que dobraram no biênio 2020-2021 
em relação ao anterior.
o mercado brasileiro de plástico 
reciclado ainda é dominado por ma-
teriais movidos a preço. a busca de 
rentabilidade melhor tem animado 
investimentos na qualidade do 
recuperado? 
Sai de baixo
vendas da Wefem refletem 
ascensão irresistível do 
reciclado de qualidade
RECICLAGEM/WEFEM
Paixão: vendas de extrusoras Wefem mais que 
dobraram no biênio 2020-2021.
plásticos em revista
edição 689 / 2022
29
especial
nesse biênio vieram do setor do plás-
tico, porém ainda não reciclavam suas 
aparas. Na metade restante, havia 
empreendedores que aprimoraram sua 
atuação ou estrearam na reciclagem de 
plástico pós-consumo, ambos buscan-
do soluções modernas nas etapas vitais 
do processo de recuperação de resi-
nas, caso da tecnologia de extrusão. Os 
investimentos em reciclagem no Brasil 
estão indo bem, mas poderiam atrair 
mais investidores de fora. Na minha 
opinião, a planta da Braskem Valoren 
é uma referência, traz mais visibilidade 
e credibilidade à cadeia nacional de 
reciclagem de poliolefinas. O Brasil 
precisa investir no setor, definindo 
políticas públicas que garantam que os 
lixos inorgânicos coletadosnos muni-
cípios cheguem menos nos aterros e 
mais nas cooperativas supridoras de 
matéria-prima para recicladores.
A qualidade do reciclado tem 
relação direta com o desempenho 
esperado para o produto acabado em 
que ele participa. Diversos fatores 
são responsáveis pela boa qualidade 
do reciclado: matéria-prima, aditi-
vos e equipamentos que ofereçam 
parâmetros e controle de processo. 
Uma sucata de baixa qualidade mas 
extrusada de forma adequada poderá 
ter uma aplicabilidade superior aos 
reúsos convencionais de pouco valor 
agregado. A propósito, temos um clien-
te que vivenciou essa mudança. Hoje 
operando com equipamento nosso, 
ele conseguiu elevar a qualidade da 
resina recuperada e a possibilidade 
de com ela entrar em aplicações no-
vas para sua empresa. O controle da 
qualidade no laboratório dele aponta 
menos degradação e melhor plas-
tificacão proporcionadas pela linha 
Wefem, resultando num reciclado 
mais rentável e fora da categoria de 
material de segunda classe. Do nosso 
lado, estamos em busca constante 
de meios para nossas extrusoras 
Titanium e Platinum evoluírem. Um 
exemplo é o esforço atual para apurar 
a tecnologia de filtragem, por conta da 
grande quantidade de contaminantes 
existentes nos resíduos reciclados. O 
próximo passo de avanço tecnológico, 
eu adianto aqui, será possibilitar ao 
reciclador dispor dos dados da ex-
trusão em tempo real e na palma da 
mão, via ferramentas em linha com a 
indústria 4.0.
com base no seu balanço do 
biênio 2020-2021, como avalia o in-
teresse de novos investidores pela 
reciclagem mecânica de plástico?
Bom, 50% dos nossos clientes 
Wefem: novos entrantes no setor de reciclagem despontam na carteira de clientes das extrusoras.
plásticos em revista
edição 689 / 2022
30
especial
RECICLAGEM/WORTEx 
A 
procura em brasa por recicla-
do de qualidade, pé de apoio 
do setor plástico na economia 
circular, engendra um efeito 
dominó em todas as sequências da re-
cuperação de polímeros pós-consumo. 
Nos meandros do processo, extrusoras 
se destacam entre os equipamentos 
hoje repensados em função do endu-
recimento das cobranças de economia 
de tempo e custos fixos na produção; 
das exigências de trabalho com re-
síduos multimaterial e, por fim, das 
expectativas, movidas pela devoção à 
sustentabilidade, de uma performance 
do plástico para segundo uso que tire 
emprego de resina virgem. No Brasil, 
essa revolução no chão de fábricas 
recicladoras inspira a ourivesaria de 
avanços embarcados pela Wortex 
nas extrusoras Challenger. “Uma prova 
desse fluxo de melhorias e facilidades é 
a aptidão das nossas linhas para lidar 
com materiais em regra desovados 
em aterro até dois anos atrás, pois 
considerados muito complexos para 
a reciclagem mecânica, como BOPP e 
laminados de PE/BOPET”, exemplifica 
o presidente Paolo de Filippis. 
A tiracolo dos 45 anos de estrada 
da Wortex, Filippis e o gerente comercial 
Wellington Pavani situam entre 10 e 
15 anos a idade média das extrusoras 
em funcionamento na reciclagem de 
plástico no Brasil. “Entre elas, constam 
máquinas nossas entregues há mais de 
duas décadas”, frisa Pavani, grifando 
o aumento nos últimos dois anos da 
procura por extrusoras atualizadas, 
O fogo se alastra
Novas exigências de performance para o 
reciclado inflamam a tecnologia de extrusão
Filippis: transformadores propensos a reciclar 
aparas e plástico pós-consumo.
Challenger Recycler Geração III: processamento conjunto 
de plásticos rígidos, flexíveis, multicamada e impressos.
https://alcaplas.com.br
plásticos em revista
edição 689 / 2022
31
especial
movimento justificado por fases in-
termitentes de insuficiência de resina 
virgem sob a quarentena em 2020 e sob 
a flexibilização das restrições sanitárias 
desde o ano passado. 
Filippis e Pavani também confir-
mam o crescimento recente da par-
ticipação de transformadores nas en-
tregas de suas extrusoras Challenger. 
A situação chegou ao ponto de, no 
biênio 2020-2021, eles repartirem 
suas vendas praticamente por igual 
entre recicladores convencionais e 
transformadores que decididos a 
verticalizarem-se na recuperação de 
aparas ou plástico pós-consumo. Ainda 
nessa pegada, não passou em branco 
para a Wortex a incidência de calouros 
em plástico em sua carteira de pedidos 
nos últimos dois anos. “A indústria 
de reciclagem está se apresentando 
para empresas inexperientes na área, 
mas cujo tipo de atividade desperta o 
interesse por recuperar plástico como 
forma de maximizar seu lucro, apro-
veitando recursos que elas já dispõem, 
como a matéria-prima”, explica Filippis. 
“É o caso de empresas atuantes na 
área ambiental e cooperativas de 
catadores; esse segmento de novos 
entrantes nos trouxe 3-4 clientes nos 
últimos tempos”. 
Sejam aparas ou resinas pós-con-
sumo, a diversidade de materiais e suas 
especificidades estão em casa na nova 
linha de extrusoras Challenger, a Geração 
III. “O processamento conjunto de plásti-
cos rígidos e flexíveis nela, inclusas estru-
turas multicamada, possibilita a mistura 
desses materiais para gerar um reciclado 
final de alto padrão e versatilidade de 
usos”, acenam Filippis e Pavani. “Com 
a linha Geração III, podemos processar 
blends tipo 80% de um filme impresso de 
PEBD pós-consumo acrescido de refugo 
de PEAD ou PC resultando num reciclado 
de alto padrão, como se fosse constituído 
apenas de PE flexível”.
https://alcaplas.com.br
plásticos em revista
edição 689 / 2022
32
especial
O 
xis do problema com o 
plástico não é a reputação 
de guilhotina da natureza, 
mas, nos bastidores, a pífia 
gestão do seu fluxo de sucata reci-
clável com restrito uso da caixa de 
ferramentas virtuais. Uma abordagem 
futurista da economia circular escora 
essa percepção de Christian Schiller, 
CEO da startup alemã cirplus, plata-
forma introduzida há dois anos como 
marketplace B2B global para transa-
ções com plásticos reciclados e seus 
resíduos pós-consumo. A sacada de 
Schiller traça uma linha divisória entre 
um setor hoje tolhido por incertezas e 
sua inescapável reconfiguração num 
braço da economia circular, como ele 
deixa claro nesta entrevista traduzida 
e condensada de publicação original 
da agência comercial alemã VDMa 
Plastics & rubber Machinery.
sua empresa opera desde março 
de 2020 uma plataforma de comércio 
de sucata e plástico reciclado. quem 
já forma na sua carteira? 
Fornecedores e consumidores do 
mundo inteiro; hoje o número passa 
de 1.300 companhias de mais de 100 
países. E no momento constatamos 
um expressivo aumento na procura por 
reciclados plásticos de alta qualidade. 
Embora isso soe bem para a indústria 
recicladora, revela também o déficit 
desse material no mercado. Para mui-
tos defensores da economia de baixo 
carbono, não existe reciclagem em es-
cala industrial e rentável e muita sucata 
continua sendo incinerada e aterrada. 
A humanidade está desperdiçando um 
volume incrível de recursos valiosos, 
mas queremos na cirplus mudar isso 
com os recursos da digitalização.
Por que há tanto reciclado de 
baixa qualidade?
Não se trata de escassez global 
de lixo plástico, mas de escassez de 
sucata que possa ser bem reciclada. 
Atenção para três pontos: tecnologias 
de reciclagem subdesenvolvidas, 
fluxos de sucata e reciclagem não 
transparentes e pouco digitalizado e 
design pobre de produtos acabados. 
Começando pelas tecnologias de 
reciclagem, me refiro ao espaço para 
evolução no processo mecânico. No 
mais, os mercados de resíduos e 
reciclados precisam ser mais nítidos 
O mercado 
na palma 
da mão
cirplus lança marketplace 
global para sucata e 
plástico reciclado
RECICLAGEM/TEnDênCIAS
não são rastreadas. Quanto design 
impróprio de produtos, sua reciclagem 
pode prejudicar a sustentabilidade. 
Se transformadores e brand owners 
não atentarem para uma reciclagem 
eficaz dos resíduos de seus produtos, 
teremos de encarar problemas de qua-
lidade por bom tempo. Tudo isso prova 
que o plástico não tem problemas de 
imagem, mas de lixo e digitalização.onde mais você vê necessida-
de de melhorias?
Os quesitos de qualidade do reci-
clado exigidos pelo mercado precisam 
ser registrados com precisão. Contra 
essa lacuna, promovemos na cirplus 
a estandardização para plásticos 
reciclados (além de PET) dirigidos a 
aplicações de alto valor e ao comércio 
digital. Veio daí a norma alemã DIN 
SPEC 91446, lançada em novembro 
passado, a primeira no mundo no 
gênero.
esses standards darão ímpeto 
ao plástico reciclado?
Claro. A norma DIN já sancionada 
já pôs o mercado em movimento, com 
indústrias finais conhecidas começando 
a adequar a ela suas determinações de 
ESPECIAL
e digitais. Como cadeias seguras de 
suprimento global podem se estabe-
lecer se incertezas sobre quantidades 
e qualidades não são eliminadas? Na 
Europa, em torno de 20 milhões de 
toneladas de lixo anualmente geradas 
Schiller: aumento 
na procura mundial 
por reciclado de boa 
qualidade.
https://www.piramidal.com.br
plásticos em revista
edição 689 / 2022
34
especial
RECICLAGEM/TEnDênCIAS
compras. Testes laboratoriais já ofere-
cem certificação referente a esta norma 
técnica e recicladores cada vez mais 
aderem ás suas especificações. Na pla-
taforma cirplus, as ofertas e exigências 
já estão automaticamente classificadas 
com base na DIN SPEC 91446. E isso é 
só o começo.
Pode explicar mais a fundo essa 
norma?
Ela classifica o grau de lisura e 
clareza dos dados disponíveis sobre re-
ciclados e enquadra essas informações 
em dados de níveis de qualidade, um 
passo importante para tornar o material 
recuperado uma confiável commodity 
global. A plataforma cirplus agrega 
essas informações e as de volumes, 
criando comparativos de preços, bara-
teando as transações e inserindo nelas 
o critério da qualidade. Isso pavimenta, 
no futuro, a atuação de algoritmos pre-
vendo preços, qualidades e quantidades 
com base no mapeamento dos dados da 
nossa ferramenta.
o mercado de reciclagem preci-
sa de mais regulação política para 
tomar impulso?
Precisa sim, para estabelecer uma 
genuína economia circular. Sou pró-livre 
mercado, mas ele não zera seus déficits 
pelas próprias forças. Veja, o reciclado 
pós-consumo responde por menos de 
10% do total de plásticos transformados 
na Alemanha, evidenciando uma falha 
sistêmica na reciclagem do material, 
mais de 30 anos após a introdução da 
responsabilidade estendida do produ-
tor. Em decorrência, o preço da resina 
virgem, seja qual for o patamar, segue 
abaixo da reciclada. A virgem é quase 
toda comprada, enquanto o resíduo 
pós-consumo é visto como sem valor. 
Nossa plataforma pode baixar em até 
25% os custos de transição na produção 
e uso de plásticos reciclados. Governos 
já estão intervindo na área, a exemplo 
da multa vigente desde abril no Reino 
Unido cobrada sobre embalagens com 
teores de reciclado abaixo de 30%. A 
União Europeia já trabalha na definição 
de uma cota específica de reciclado em 
artefatos plásticos, o que vem incen-
tivando concepções de design nessa 
direção, não corta pela raiz o potencial 
da reciclagem química.
Por que?
Ainda reina certa incerteza entre 
transformadores e brand owners euro-
peus. Em quase todo evento organizado 
pela indústria plástica eles ouvem que a 
reciclagem mecânica atingiu seu limite 
e que a indústria química aporta bilhões 
de euros para viabilizar a recuperação 
de hidrocarbonetos hoje difíceis de 
serem convencionalmente reciclados. 
Daí porque eles ficam corretamente 
pensando se seus esforços em prol 
de design para facilitar a reciclagem 
mecânica fazem sentido se as petro-
químicas poderão, mais adiante, reciclar 
materiais de composição complexa para 
a recuperação convencional. Nesse 
contexto, transformadores e brand 
owners não têm de mover uma palha 
em seus produtos, pois a reciclagem 
química dará conta do recado sem 
exigir mudanças no design. Além do 
mais, os transformadores não terão de 
temer custos crescentes de compras 
de resina quimicamente reciclada, 
ônus decorrente do processo intensivo 
em energia, se os brand owners forem 
obrigados por normas ou ameaça de 
multas a utilizar materiais obtidos da 
reciclagem química em determinadas 
quantidades prescritas. •
Plataforma cirplus: marketplace com mais de 1.300 fornecedores e consumidores. 
http://www.wefem.com.br
plásticos em revista
edição 689 / 2022
36
RecuRsos Humanos
sondagem
os talentos da nova geração 
preferem trabalhar em serviços 
do que em indústrias como as de 
transformação de plástico. Por 
que isso acontece e o que sugere 
para o setor atrair esses jovens?
Pesquisa de opinião
A geração Z é completamente digital, são jovens que nasceram num berço tecnológico e com mais acesso à informação. Eles acompa-
nharam transformações mundiais, buscam liberdade de expressão e possuem sede 
pelo rápido crescimento profissional. Por isso, é natural essa faixa etária desejar 
trabalhar com o mundo virtual, na esfera dos serviços e startups. 
Nas últimas décadas, as empresas passaram por mudanças, os perfis 
profissionais são outros, são novas dinâmicas, mudaram a carga horária, 
perspectivas e visão de carreira. Diante disso, setores como o industrial 
precisam se reinventar para atrair esses jovens profissionais, principalmente 
quando o assunto é plástico. É preciso que as empresas transformadoras 
mostrem a eles todo o compromisso que a indústria de plástico tem com 
sustentabilidade, e governança corporativa social e ambiental (ESG ). Este 
é, aliás, o foco da minha empresa, a Finepack, dedicada ao desenvolvimento 
de embalagens recicláveis e biodegradáveis. Temos a consciência de que 
a indústria plástica ainda é muito forte e, naturalmente, pode 
proporcionar conhecimento, oportunidade e carreira aos jovens.
taliane batista do Carmo
Diretora de Gente & 
Gestão da Finepack 
plásticos em revista
edição 689 / 2022
37
D esde cedo os jovens estão sen-do levados para interagir com 
celulares, laptops, games e outros recursos no 
gênero que não exigem trabalho manual. Em 
suma, esses novos talentos não querem 
trabalhar com máquinas ou mesmo 
serviços que exijam esforços físicos. 
Não creio que essa rejeição ao 
trabalho numa indústria plástica 
tenha algo a ver com a má ima-
gem pública do material, mas 
à aversão dessa nova geração 
à manufatura de qualquer setor. 
A primeira impressão é a de que 
jovens bem preparados hoje preferem 
não ficar presos dentro de empresas. São 
aqueles despreparados que tendem a ir para 
serviços braçais, como trabalhar com máquinas 
e demais serviços associados. Aqui mesmo na 
minha empresa, a fabricante de sopradoras 
Pavan Zanetti, temos dificuldades em encontrar 
mão-de-obra para lidar com máquinas operatri-
zes. Mas se precisarmos de algum jovem para 
TI preenchemos a vaga rápido. Esse pessoal 
novo, de pouca ou nenhuma qualificação e 
que se adequa às atividades fabris, precisa ser 
treinado, Nesse sentido, cabe destacar o ensino 
técnico profissionalizante do Senai, que tenta 
direcionar esses jovens para essas profissões 
na área industrial. Sem isso, teríamos problemas 
ainda maiores. Eu acho que as indústrias trans-
formadoras devem se empenhar em atrair jovens 
sem muita colocação, carentes de aptidão para 
funções na linha de produção, e prepará-los, seja 
internamente ou via Senai. Funções mais bra-
çais dificilmente atrairão os jovens de hoje com 
instrução acima da média, mesmo acenando-se 
com salários mais altos. Essa crise 
no mercado de trabalho já vem de 
algum tempo.
newton 
zanetti
Diretor 
da Pavan 
Zanetti
A indústria transformadora de plástico conta com poucas entidades de ensino profissionalizante, superior e médio. Portanto o entendimento 
de talentos da nova geração, que conhecem e foram preparados para atuar nessas 
empresas, é inferior à necessidade do setor. Por sua vez, os jovens formados em 
outras áreas pouco escutam falar sobre o plástico durante a fase acadêmica.
Hoje em dia, o que a mídia divulga em relação ao plástico é uma imagem dis-
torcida da realidade. Confunde a utilização de recursos

Continue navegando