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AUTOSORT™ FLAKE – atendendo à mais alta demanda em recuperação de polímeros. Como líder mundial em recuperação de plástico, o AUTOSORT FLAKE atende até mesmo às mais altas demandas de qualidade em aplicações de alta performance como reciclagem de garrafa para garrafa. É a solução de classificação final para aplicações PO e PET. PRECISÃO QUE COMPENSA PRECISÃO QUE COMPENSA Veja como funciona https://www.tomra.com www.plasticosemrevista.com.br EQCMD /Plást icos em Revista 60 Anos | 2022 | edição 689 Pesquisa de oPinião Como atrair novos talentos para a transformação de plásticos? Peças técnicas Mercado-chave de plásticos de engenharia suporta crise com fé na retomada https://www.borealisgroup.com plásticos em revista edição 689 / 2022 3 EDITORIAL A s mais de 20 montadoras no Brasil fecharam o pri- meiro semestre com produção de 1.091.7 milhão de unidades ou 5% abaixo da metade inicial de 2021. O saldo motivou a Anfavea a revisar para baixo, no início de julho, a projeção da produção total em 2022 para 2.340 milhões de unidades contra 2.248 milhões do exercício anterior. Em reação à trágica ociosidade no setor, o reduto de plásticos de engenharia, cujo carro-chefe são as autopeças, luta para atenuar a paulada desta perda intensificando a diversificação de mercados. Como se vê em reportagem desta edição, vários fornecedores de soluções antes de olhos fixos em autos leves, agora proclamam o assédio a segmentos menores, em particular implementos agrí- colas, em busca de um respiro até a retomada da economia, como sempre fez no passado, ninar a indústria automobilística. Só que não. Dessa vez, as perspectivas destoam daquelas clássicas elucubrações de que a indústria automobilística brasileira engatará a quinta numa boa, uma vez vencidos estorvos pontuais, como a ruptura no fluxo mundial de suprimentos de insumos como semicondutores (sem término à vista) e a tão ansiada redução dos juros pelo Banco Central, voltando a ativar a venda de autos após apaziguar a inflação. Agora, porém, o buraco é mais embaixo e indica que o esforço do setor de plásticos de engenharia em tatear outros campos mais a fundo pinta como treino leve para o jogo duro que se aproxima. Com mais de 50 fábricas e capacidade instalada de 4,5 milhões de autoveículos, excedente causado pela vinda de uma penca de montadoras atraídas por mimos fiscais, barreira às importações e a visão de um mercado de 3 milhões de unidades, a indústria automotiva brasileira derrapou no óleo da vida real. O setor anda de lado desde 2014, calmaria intensificada pela prostração da demanda sob a pandemia desde 2020 e piorada este ano pelos estilhaços da guerra na Ucrânia, a exemplo da alta do dólar, energia, petróleo e matérias-primas commodities (plásticos inclusos). Para engrossar o caldo, a transição energé- tica no setor automotivo mundial, rumo à eletrificação, demanda recursos pesadíssimos das montadoras e a busca deles também passa pelo encolhimento da presença das empresas em regiões menos vistosas para o negócio. O Brasil é o nono produtor e séti- mo mercado mundial de autoveículos. Provas de que esse status não impressiona mais: o recente fim das operações da Mercedes Benz e Ford no país; os últimos planos de investimentos locais da maioria das montadoras, estacando em 2025, e, por fim, a preferência da indústria por modelos de maior valor agregado, tipo SUV, abolindo o carro popular, em prol de ganhos na margem com menor volume de vendas. Outro sinal de alerta para a cadeia de plásticos de engenharia é uma rup- tura cultural. Antenadas na economia circular, as novas gerações dos principais centros urbanos vêm cada vez menos nos carros um objeto de desejo e símbolo de subida na pirâmide social. Em vez da posse de um veículo, preferem o transporte compartilhado e daí reflexos como a onda dos aps sem garagem e o desinteresse por tirar a CNH. Um aparente respiro para as especialidades plásticas é que todas essas mexidas no cenário demoram para alcançar a plenitude, ainda mais numa economia emergente e carente de infraestrutura como a nossa. Mas são mudanças a caminho e não têm volta. Lunetas setoriais já contemplam carros elétricos, que usam bem menos plásticos nobres que os de motor a combustão, com 57% das vendas mundiais de autos em 2030. Essa futura participação no Brasil é estimada em 29% ou 650.000 unidades. No meio do fogo cruzado e ainda sem desfecho à vista, o setor de plásticos avançados sente na carne e no bolso a urgência de se reinventar. Acabou a zona de conforto, mas quem procura acha. • Reinvenção para escapar da dependência O mercado automotivo acabará reagindo, mas não será mais o mesmo para os plásticos de engenharia Nº 689 - 2022 - ANo 60 Diretores Beatriz de Mello Helman Hélio Helman REDAÇÃO Diretor Hélio Helman editor@plasticosemrevista.com.br Direção de Arte Samuel Felix producao@plasticosemrevista.com.br ADMINISTRAÇÃO Diretora Beatriz de Mello Helman beatriz.helman@definicao.com.br Publicidade Juliana Rubio juliana.rubio@plasticosemrevista.com.br International Sales Multimedia, Inc. (USA) Tel.: +1-407-903-5000 Fax: +1-407-363-9809 U.S. Toll Free: 1-800-985-8588 e-mail: info@multimediausa.com Assinaturas Lana Silva Assinatura anual R$ 110,00 Plásticos em Revista é uma publicação mensal para a indústria do plástico e da borracha, editada pela Editora Definição Ltda. CNPJ 60.893.617/0001-05 Redação, administração e publicidade Av Presidente Vargas, 1527. Bloco E – 45 14020-277 – Ribeirão Preto - SP Telefax: 3666-8301 e-mail: definicao@definicao.com.br www.plasticosemrevista.com.br As opiniões contidas em artigos assinados não são necessariamente endossadas por Plásticos em Revista. Reprodução permitida desde que citada a fonte Capa Samuel Felix Foto da Capa Shutterstock DiSPENSADA DA EMiSSão DE DoCUMENTAção FiSCAL, BASEADA NA iNSTRUção NoRMATiVA SRF N° 459 DE 2004 E NoS ARTiGoS 714, 716, 718 E 719 Do RiR DE 2018 SUMÁRIO 45 3 Questões Marcelo Buzaglo Dantas Referência do Direito Ambiental comenta sobre a formulação de leis antidescartáveis sem debate técnico 06 Visor Peças técnicas A travessia da crise por uma casa de força dos plásticos de engenharia 16 Sensor Paul HoDges O mundo em sobressalto obriga a indústria plástica a se livrar das fontes fósseis de energia, sustenta analista do Icis e New Normal 36 Sondagem Pesquisa De oPinião Como combater o desinteresse dos jovens por trabalhar na transformação de plástico? www.plasticosemrevista.com.br EQCMD/Plásticos em Revista 20 Especial https://www.lyondellbasell.com https://www.lyondellbasell.com plásticos em revista edição 689 / 2022 6 visor Peças Técnicas M eninas dos o lhos dos plásticos de engenharia, as peças técnicas andam hoje no fio da navalha no Brasil, no rastro da anemia braba nos bens duráveis que as utilizam, vindo à frente componentes automotivos e eletroeletrônicos. O mata-leão é apli- cado pela soma da desconexão global das cadeias de suprimento, alta do frete e dólar, consumidor empobrecido, inflação irada e seu combate tentado com taxas de juros irrespiráveis. Pelo andar da carruagem, a produção auto- motiva caminha para fechar o ano com desmaio de dois dígitos e, do lado dos eletroeletrônicos, já que a esperança é a última que morre, a torcida é por um amortecimento da paulada pelo tradicional aquecimento no segundo semestre, avivado por Copa do Mundo, Black Friday e Natal bafejando em particular as linhas branca e marrom. “2023 não chega nunca?” virou a pergunta mais recorrente em todas as frentes dos plásticos nobres. “A retração nacional não poupa os setores que atendemos – automotivo, energia solar e linha branca”, alinha Fernando Esteves, diretor de desenvol- vimento da transformadora injequaly, controlada da norte-americana Viking Plastics. “Mas acreditamos que o sofrimento de hoje seja menor para o fabricante depeças técnicas com estrutura já consolidada”. É o caso da própria Injequaly que, em menos de dois anos, passou de uma para três fábricas, a última por sinal, em Sem essa de entregar os pontos O setor de plásticos de engenharia ronda o precipício, mas mantém a fé de que amanhã há de ser outro dia plásticos em revista edição 689 / 2022 7 linha direta com um clientaço global, a Whirpool. Mas mesmo este poder de fogo dificulta para 2022 a reprise dos saltos extasiantes dos balanços anteriores. “O clima atual está desa- quecido para o nosso setor, abalado por fatores como a insegurança política, os efeitos da guerra na Ucrânia e as perdas causadas pelos repiques da pandemia”, pondera Esteves. “Ainda assim, esperamos por crescimento do negócio este ano, devido à partida em curso das unidades em Joinville (SC) e São Carlos (SP), mas trata-se de um desempenho dentro do previsto; aqueles arranques dos últimos anos não vão rolar”. Desse modo, transpõe o diretor, as expectativas são boas para 2023. “A partir daí, a Injequaly vai desfrutar as expansões hoje em fase final na sua capacidade, dando a base para prospectarmos mais clientes e oportunidades”. Tomadas as plantas de Itaquaquecetuba (SP), Rio Claro e Joinville, a Injequaly opera hoje 56 injetoras de 60 a 1.850 toneladas, volume que deve engordar em cinco linhas até novembro próximo, quando o atual ciclo de expansão em todo o parque fabril deve terminar. “No momento, a nossa capacidade total é de 1.400 t/mês”, crava Esteves. Ao final de junho último, o frete de um contêiner de 40 pés de Xangai a São Paulo rondava, nas planilhas das tradings, a marca hiper salgada de US$ 9.000. Os reajustes no frete marítimo mundial, reinante desde a largada da covid em 2020, atazana- ram o negócio da Injequaly este ano, tal como a escalada nos preços das resinas. “Isso tem feito com que as ne- gociações com clientes venham sendo revisadas a cada trimestre ou períodos ainda menores”, lastima Esteves. “Não tivemos que trocar qualquer material devido à cotação, mas trabalhamos com determinados clientes para tirar a solução importada em prol de uma alternativa nacional ou nacionalizada pelo próprio fabricante, tendo em vista condições melhores de preços e fornecimentos”. A pluralidade de mercados e o cordão umbilical com uma das maiores transformadoras de injeção dos EUA influem para a Injequaly sentir menos a carga da estagflação brasileira, con- corda Esteves. “Não só pesa a nosso favor o acesso global a clientes como somos beneficiados pelas negociações de volume e contratos de suprimento fechados pela Viking Plastics com petroquímicas”. Conforme reitera, tais contratos globais garantem à Injequaly boa parte do seu suprimento de materiais importados . “Além disso, o conceito de atendimento da Viking é global, de modo que o cliente pode ser servido com a mesma estrutura e know-how pelas plantas nos EUA, China, México ou Brasil”. Esteves: retração não freia expansão da Injequaly nas pegadas de clientes como a Whirlpool. plásticos em revista edição 689 / 2022 8 visor Peças Técnicas Hora de apostar O clima de que o mundo caiu para não levantar não pega em Jane Campos, gerente geral responsável por plásticos de alta performance na América do Sul do radici group, top of mind em poliamidas (PA) da Europa. O momento é de adequação para todos os segmentos, ela pondera. “A bolha de consumo (2020 e 2021) acabou, a inflação bateu na porta e o desaqueci- mento é uma realidade”. Nem por isso se deve jogar a toalha, ela salienta. “Plásticos de engenharia são muito mais que o mercado automotivo, caso das oportunidades de aplicações que estamos cultivando em implementos agrícolas, um dos segmentos com que contamos para manter a estabilidade e garantir crescimento nos próximos anos. É a hora de apostar no futuro”. Passando o discurso à prática, Jane abre estar expandindo, justo nesses tempos trevosos, a sua fábrica de beneficiamento de materiais em Araçariguama (SP). “A capacidade atual de 17.000 t/a vai rodar na faixa de 23.000 a partir do ano que vem, mediante substituição de uma das nossas cinco extrusoras por um modelo coperion Megacompounder que parte em outubro próximo”. Com a ampliação, ela enfatiza, “reduziremos bastante nosso lead time, incremen- tando a atuação com apoio do centro de inovação da matriz na Itália, fonte de aditivos e blends especiais em testes sob sigilo por aqui”. O otimismo de Jane não ignora o peso de estorvos num negócio dependente de importações, caso da desordem e encarecimento do frete marítimo internacional. “Esse desar- ranjo remonta a 2020 e se soma a problemas domésticos como greve e operação padrão da Receita Federal”, ela comenta. “Nosso prazo médio de recebimento de matéria-prima pra- ticamente dobrou de dois anos para cá, forçando-nos a aumentar o capital de giro com estoques de segurança, impactando portanto os custos e o caixa da empresa”. Ainda assim, ela acentua, a Radici bateu o martelo para o investimento na capacidade em Araçariguama para preservar clientes e mitigar o risco de falta de produtos. “Essa expansão nada tem de imediatista, pois estamos entre os líderes do segmento de PA 6 e 6.6 no país, com 18% de participação, ou seja, temos 82% da demanda por desenvolver”, argumenta a dirigente. “As oportunidades no Brasil são enor- mes e não podemos nos entregar ao pessimismo sob a crise do momento, pois o mercado continua a existir e vai voltar quando a economia retomar”. diferenCial da fibra De olhos fixos na indústria au- tomobilística até o passado recente, a subsidiária brasileira da alemã lanxess, fera em PA 6 e 6.6, busca contrabalançar o recesso forçado nas montadoras, culpa da carestia e falta de microchips e outros componentes importados, com incursões por outras paragens. “Mesmo com a crise global, o segmento de ferramentas elétricas mantém expansão no Brasil, pois o real desvalorizado favorece a exportação desses produtos”, justifica Anderson Maróstica, gerente de desenvolvimen- to de aplicações e serviços técnicos da unidade de negócios de materiais de alta performance. “Outro mercado que compensa em parte a queda no setor automotivo é o agronegócio; embora o volume de peças técnicas ainda seja pequeno, o potencial é alto”. As avarias nas economias mundial e brasileira não enfraquecem o em- penho da Lanxess em adornar seus materiais com auréola sustentável. Maróstica reparte este esforço entre o lançamento de grades de PA cuja Jane Campos: capacidade para beneficiar 23.000 t/a no Brasil em 2023. Implementos agrícolas: Radici abre frentes para PA substituir metais. plásticos em revista edição 689 / 2022 9 produção marca pela redução da pe- gada de carbono e com materiais com teor reciclado e/ou de fonte renovável, a exemplo de PA 6 com 30% e 60% de fibra de vidro reciclada. O gerente ressalta, a propósito, a condição da empresa como único produtor mundial de plásticos de engenharia verticaliza- do na fibra, o que lhe facilita o acesso a recicláveis de aparas industriais do reforço. O braço estendido na fibra de vidro livrou a produção de compostos da Lanxess de penar com a insuficiência desse insumo, efeito da demanda mundial ardente, atribui Maróstica. Mas a empresa não escapa do exército de vítimas no Brasil da zorra logística globalizada. “Importamos a maioria das matérias-primas e sofremos com as dificuldades de reserva de navios e disponibilidade de contêineres”, admi- te Maróstica. Em decorrência, conta, alguns embarques têm atrasado, mas sem maiores danos ao atendimento a clientes locais, mérito da política de estoques somada com a produção de determinados compostos em (vale o duplo sentido) Porto Feliz (SP). Ás na Manga PA, poliacetal (POM) e polibu- tileno tereftalato (PBT) formam no portfól io com que a distribuidora thathi Polímeros sempre assediou seu oásis, o setor automotivo. Atrás de contrapesospara a retração nas montadoras, a empresa redobra agora as investidas ao estilo metralhadora giratória, inserindo no mesmo alvo redutos como agronegócio, movelaria, hidráulica (metais sanitários), ferra- gens e itens de máquinas, exemplifica Parafusadeira: segmento ajuda a compensar queda da demanda automotiva de PA, nota Maróstica. Indústria automobilística brasileira: PA Technyl distribuída pela ThaThi brilha em peças complexas e de parede fina. - plásticos em revista edição 689 / 2022 10 visor Peças Técnicas o presidente João Rodrigues. Mas o ás na manga que ele tira tem vaso comunicante com autopeças, em es- pecial aquelas de geometria complexa e parede fina. Trata-se da conquista da distribuição no país das linhas A (PA 6) e C (PA 6.6) da série Technyl, produzi- das pela petroquímica europeia Domo chemicals. Conforme distingue, as soluções Technyl, ultra sabidas pelas montadoras brasileiras, configuram um mundo à parte dos grades bási- cos de PA também importados pela Thathi. Elas permitem seu emprego em elevadas temperaturas e exibem inércia à hidrólise, explica o dirigente viabilizando seu uso em autopeças originais como elementos do conjunto de distribuição de ar ou do sistema de arrefecimento, caso de bomba d’água, sensores de temperatura, válvula termostática, radiador, reservatório e ventoinha. Graças a um planejamento dos embarques com bastante antecedên- cia, assinala Rodrigues, a Thathi tem conseguido evitar o desabastecimento Top of mind em eletroportáteis, a Philips Walita não escapou à regra em seu setor sentindo em sua operação os transtornos causados pelo caos no transporte marítimo internacional de insumos. “Entretanto, nossa produção local é um fator chave para amenizar esses impactos e, apesar de todos os problemas, conseguimos manejar o estoque com segurança e manter assim o fornecimento”, sintetiza Silvia Tamai, diretora de marketing para a América Latina. “Outro diferencial nosso é que, embora tenhamos acesso a uma cadeia de suprimentos global, sempre priorizamos o suprimento de materiais locais, minimizando assim possíveis riscos externos”. A Philips Walita tanto adquire determinadas peças plásticas de terceiros como injeta componentes na planta em Varginha (MG). “Observamos a vida útil do produto desde a concepção ao descarte, por isso apostamos em plásticos especiais para nossas air fryers”. “Proporcionam um exce- lente isolamento e segurança térmicas ao usuário, condições inviáveis com o emprego de metais”, assinala a diretora, distinguindo ainda o uso de polímeros como copoliésteres Tritan, da Eastman, na injeção das jarras inquebráveis de seus liquidificadores. “A maioria dos plásticos integrantes na composição dos nossos produtos são PP, ABS e SAN e, em razão da maior facilidade para reciclagem, estamos numa transição para tirar de nossa operação PVC e plásticos contendo retardantes de chama bromados”. PHiliPs Walita Plásticos contribuem Para excelência dos eletroPortáteis Silvia Tamai: contagem regressiva para PVC e retardantes de chama bromados. Liquidificador: jarra inquebrável de copoliéster Tritan da Eastman. - plásticos em revista edição 689 / 2022 11 de materiais que importa para seus clientes. POM, distingue o dirigente, tem sido o plástico de engenharia de disponibilidade mais desfalcada pela so- frência no frete marítimo internacional, em vigor desde 2020 com as recaídas da China no vírus e com as alterações impostas pela guerra na Europa no fluxo ultramar de comércio de produtos. naCionalização de CoMponentes Para suavizar a enxaqueca ins- taurada pelos atrasos resultantes da barafunda na cadeia global de abas- tecimento, aliás sem fim previsto, a Master Polymers, agente de especia- lidades plásticas, se aferrou à política de trabalhar com dois a três meses de estoque. “Mesmo assim, problemas de produção em determinados fornecedo- res, culpa da falta de insumos básicos, impactaram nosso suprimento do mercado nacional”, reconhece o CEO Joel Pereira de Araujo. Ainda no plano dos revezes logísticos, ele cita que o transit time entre Europa e o depósito de sua empresa saltou em média de cinco para oito semanas e, no caso dos embarques saídos dos EUA, os atrasos não têm sido relevantes, apesar da carência de transporte terrestre para levar a mercadoria aos portos de origem. “Já na China, além dos retardamentos devido à paralisação dos portos imposta pela pandemia, os fretes encareceram a ponto, de em determinados momentos, custarem 10 vezes a mais do que pa- gávamos antes da covid”. Cereja desse bolo indigesto, ele deixa claro, têm sido as discussões diárias com clientes sobre o repasse dos reajustes volta e meia aplicados nos preços dos materiais. Araújo observa que, em contraste com a demanda fragilizada do setor automotivo, os segmentos médico -hospitalar, de aplicações industriais e de equipamentos agrícolas acusam maior crescimento no uso dos po- límeros representados pela Master Polymers. “Embora o desempenho da indústria automobilística perca este ano para o de 2021, a queda vem sendo compensada pela nacionaliza- ção de componentes, antes vindos em especial da China”. A mudança que remonta ao início de 2020, ele situa, quando as montadoras começaram a sentir falta de componentes do exterior e cuja manufatura local foi homologada no ano passado. Entre as novidades de sua bandeira eMs-grivory, Araújo brande a polia- mida transparente Grilamid TR HT 200, apta a suportar mais de 500 ciclos de esterilização por autoclave. “Aprovado para contato com alimentos pela agên- cia regulatória norte-americana FDA e agraciado com a maior classificação em biocompatibilidade, este grade pode ser Máscara de ventilação: PA Grilamid TR HT 200 foca aplicações médico-hospitalares transparentes. https://placeresinas.com.br/ plásticos em revista edição 689 / 2022 12 visor Peças Técnicas utilizado, por exemplo, em máscaras hospitalares de ventilação, caixas de instrumental cirúrgico, filtros e válvulas de vapor”. blaCk piano O Brasil, óbvio, cintila entre os mercados sul-americanos cultivados pela sabic para seus materiais no- bres. Entre os destaques recentes na região, o agronegócio foi o palco da substituição de metal pelo composto carregado de PA 6 LNP™ Konduit™ PX10323, especifica Edras Afias de Oliveira, gerente responsável pelo desenvolvimento de novos negócios com especialidades da petroquímica saudita na América do Sul. “O polímero aboliu alumínio injetado do dissipador de calor de uma placa de controle eletrônico do alimentador de uma se- meadeira e está sendo avaliado para a mesma substituição no dissipador de calor em faróis de LED”. Oliveira: copolímero de PC da Sabic abre caminho em autopeças como grades dianteiras pretas de alto brilho. A Black & Decker injeta em sua planta em São Paulo os componentes de PA de suas ferramentas elétricas, informa o engenheiro de projetos Carlos Satohi Kono.”Hoje compramos plásticos de fornecedores no Brasil, mas muitos itens da manufatura dos nossos eletrodomésticos são importados”, ele assinala. Devido aos repiques inter- nacionais da covid e à guerra na Ucrânia, ele atribui, a empresa sofreu com desabastecimentos “e tivemos que mitigar a produção em alguns casos”, complementa. No momento, declara conciso Kono, a estratégia da Black & Decker visa descentralizar os fornecedores e buscar mais alternativas no Brasil ou em outros países. Black & Decker imPactos do desabastecimento Black & Decker: peças de PA injetadas internamente. https://www.domochemicals.com Oliveira também sente vento a favor na América do Sul para o copo- límero de policarbonato (PC) LNP™ Elcres™ SLX na pintura externa de agroveículos e carros de passeio. “Oferecemos este material de alta resistência a UV na cor Black Piano (preto brilhante) para aplicações como grades frontais”, acena o gerente. abs eM Higiene & beleza As grades dianteiras de carros tambémsão a praia de uma joia da co- roa da alemã ineos styrolution, blue chip global em polímeros estirênicos. “Por promover excelente acabamento e possibilitar a dispensa de pintura, reduzindo assim o custo final da peça, o copolímero de acrilonitrila estireno e acrilato de butila (ASA) Luran S SPF30 BK37492, diferenciado também pelo alto brilho e resistência às intempéries, vem avançando nas grades dianteiras e está em homologação no Brasil para embalagens de cosméticos”, adianta Fabio Bordin, diretor responsável pela América do Sul. Bordin também exalta o sucesso no país do copolímero de estireno acrilonitrila (SAN) Luran 358 N na injeção de copos transparentes de liquidificadores. Pelo flanco da sus- tentabilidade, Bordin informa estar difundindo no mercado interno os Bordin: grifes de cosméticos no Brasil homologam ASA Luran S SPF30 BK37492 para injeção de embalagens. https://www.domochemicals.com plásticos em revista edição 689 / 2022 14 visor Peças Técnicas “Mas não são estes fatores negativos que freiam a indústria automobilísti- ca”, ele pondera. “Desde o início de 2021 atravessamos uma crise atrelada a uma inédita falta de semicondutores, impedindo desde então a produção de veículo de recuperar os estoques mínimos necessários para cobrir a demanda existente”, ele avalia. “Esse desnível prejudicou o mercado em 2021 e carregou para este ano níveis de produção muito baixos”. Ferraz defende que, uma vez normalizada a disponibilidade de semiconduto- res e a logística internacional, as montadoras retomarão ao patamar mínimo de oferta que a demanda brasileira requer. “Vale ressaltar que os investimentos projetados para esta indústria até 2025/2026 somam R$50 bilhões, fundamentando a confiança no crescimento da mobilidade no Brasil”. Amanhã, portanto, há de ser outro dia.• copolímeros de acrilonitrila butadieno estireno (ABS) Terluran MR 50 e MR 70, respectivamente munidos de 50% e 70% de teor do mesmo plástico de engenharia reciclado pós-consumo a partir de peças residuais de eletroele- trônicos. “Na Europa, esse material já comparece em cafeteiras e malas, por exemplo”. estaCas sólidas A lyondellBasell também as- sovia para o Brasil com um balaio de soluções sustentáveis. Entre as mais recentes, reluzem os compostos Circulen Recover, à base de polímeros reciclados, esclarece Jamil Jacob, ge- rente técnico e de novos negócios na América do Sul. Uma referência, con- forme divulga a empresa, é EPA6 GF30 H Black, composto de PA 6 oriunda de aparas industriais recicladas acres- cida de 30% de fibra de vidro. Uma das aplicações mais badaladas na Europa dos polímeros Circulen é sua aparição nas malas Magnum Eco da samsonite. Câmbio, desorganização logística mundo afora, inflação e juros na lua derrubam hoje os campos para plásti- cos de engenharia em bens duráveis, reconhece Jacob. Mas ele contrapõe que a posição da LyondellBasell no Brasil tem estacas sólidas, mérito de ativos locais como a unidade de com- postos de PP em Pindamonhangaba (SP) e um leque de especialidades importadas de alta procura em fases de economia numa boa e que embu- tem atrativos como redução de peso e espessura e substituição de insumos como elastômeros e retardantes de chamas, com cadeira cativa em re- dutos tipo agro, telecom, mineração, energia, saúde e transporte. seMiCondutores vitais A indústria automobilística é o centro das atenções da compone- dora de PP da Mitsui advanced composites do Brasil. O diretor co- mercial deixa patente não haver setor que partilhe a atenção dispensada por sua empresa a autopeças. “É quem nos desafia a introduzir compostos para trabalho em temperaturas altas ou baixas, com redução de compostos orgânicos voláteis, coeficiente menor de expansão térmica linear e elevada resistência ao risco e estabilidade dimensional para usos automotivos internos, externos e sob o capô”. O Brasil sofre hoje com estagfla- ção, dólar volátil e atas taxas de juros e desemprego confluindo para perda do poder aquisitivo, sumariza Ferraz. Ferraz: falta de semicondutores desnivela há dois anos a oferta e demanda de carros. Jacob: compostos sustentáveis Circulen Recover desembarcam no Brasil. https://replas.com.br plásticos em revista edição 689 / 2022 16 Paul Hodges sensor A guerra na Ucrânia inspirou nova leitura da sigla ESG: Empresas sem GÁS. Propagada pelas mídias sociais, essa tirada tem um fundo nada engraçado e imerso na mais amarga verdade. Os cortes de Putin na carne do fluxo de um combustível por ora insubstituível para a Europa abalam os alicerces de uma economia mundial sobrecarregada de dívidas desde a pande- mia, taxas de juros no cosmos e indícios de recessão, pondo ainda em sinuca de bico o aquecimento de famílias no próximo in- verno no hemisfério norte e a continuidade da operação de fábricas locais, como as da cadeia plástica. As sequelas são retratadas no peso da Europa no setor mundial: em choque sob a mão pesada do destino, o continente deve deter este ano 15% da demanda mundial de benzeno, 12% da de eteno e 13% no caso de propeno, calcula o portal icis. Para cortar a veia ainda mais fundo, agravaram-se desde antes da guerra problemas irresolvidos desde a explosão da pandemia e que, na embolação com a guerra desembocam num mar de incertezas sem fim à vista. E não há saída para o mundo e a indústria plástica senão remar para a frente, pois a hipótese de volta ao passado movido a combustível fóssil em tempos de mudan- ças climáticas seria pedra cantada de tiro no pé do planeta, atesta nesta entrevista Paul Hodges, presidente da new normal consulting e requisitado analista de eco- nomia e indústria química com blog no Icis. quais os principais danos a curto prazo para a indústria plástica global causados pelo risco de Putin zerar ou reduzir o fluxo de gás natural russo para a europa? A Europa está claramente enfrentan- do sua pior crise desde o fim da Segunda Guerra Mundial. Como avisou a cúpula das associações alemãs de empregados: “es- tamos encarando a maior crise pós-guerra no país e temos de ser honestos e admitir: antes de tudo, perderemos a prosperidade Haja resistência ao impacto A crise mundial periga piorar antes de melhorar. E a indústria plástica cambaleia neste fio da navalha, constata Paul Hodges Hodges: bolhas nos mercados financeiro e imobiliário começam a estourar. plásticos em revista edição 689 / 2022 17 que desfrutamos por anos”. Dada a impor- tância da Europa para a economia global, seus problemas afetarão a todos. como atenuar o baque dessa reação mundial em cadeia? O primeiro passo é isolar os elemen- tos-chave do problema diante de nós e então começar a focar nas possíveis respostas. Uma evidente questão crucial é que não temos de esperar pelo segundo e terceiro impactos enquanto a situação se desdobra. É como lançar uma série de pedras num lago, onde elas rapidamente começarão a gerar novas ondas quando encontram aquelas criadas por arremes- sos anteriores. Passando da linguagem figurada para a vida real... O primeiro ponto é a ameaça ao suprimento de gás e alimentos. A Rússia já transforma isso em arma estratégica ao cortar boa parte do fluxo de gás para a Europa, além de ter bloqueado as exportações ucranianas de grãos. Por sua vez, esses gestos já surtiram avarias secundárias. Os preços da amônia, por exemplo, disparam em linha com as cota- ções do gás e assim estão encarecendo os fertilizantes. Em decorrência, fazendeiros são forçados a aumentar seus preços ou a cortar o plantio relativo à próxima colheita. Rússia e Ucrânia respondem, em geral, por 29% das exportações globais de trigo e são fornecedores de cacife mundial de commodities como soja. Desse modo, a combinação do bloqueio do Mar Negro pela Rússia e as sanções econômicas sobre ela aplicadas pelo mundo ocidental têm potencial para abalar um vasto leque de países dependentes do suprimento alimentardessas duas nações. A seguir, temos o que se pode chamar de problemas auto-infligidos, causados por decisões dos bancos centrais para estimular programas de estímulo ao consumo idealizados com aquela visão de mercados ativados por compras pelo público jovem. Acontece que declinaram nas últimas duas décadas os níveis de demanda em sociedades de significativo envelhecimento populacional, caso da Europa, EUA, China e América Latina. No entanto, em vez de reconhecer o desa- parecimento deste bônus demográfico, baseado no extinto consumo vibrante das baixas faixas etárias, os grandes bancos centrais despejaram em torno de US$ 70 trilhões nessas políticas de estímulo, para tentar disfarçar o déficit. Disso resultaram maciças bolhas nos mercados financeiro e imobiliário que estão começando a es- tourar, reflexo das taxas básicas de juros ascendentes para conter a inflação. é a tempestade perfeita? Para merecer essa definição é preciso acrescentar ao cenário os riscos criados pela pandemia e ainda pendentes. A China, em particular, foi afetada pela falta de vacinações efetivas, como deixa claro a queda de 5,7% no PIB de Xangai no primeiro semestre. Por sua vez, os se- guidos lockdowns chineses permanecem fazendo estragos nas cadeias globais de suprimentos. Portanto, temos de assumir que todos esses problemas estarão conosco por algum tempo. Apenas para ficar na pauta do gás na Europa, leva tempo para o estabelecimento de novas fontes Petroquímica europeia: dependência do gás natural russo virou pesadelo. plásticos em revista edição 689 / 2022 18 Paul Hodges sensor de suprimento e para a construção da necessária infraestrutura. O gás natural é usado à larga como combustível por indústrias químicas europeias, razão pela qual companhias como a Basf estarem desenvolvendo planos de contingência para a possibilidade de desligamento de complexos como o de Ludwigshafen – o maior hub mundial de plantas químicas – se o pior acontecer e a Rússia fechar de vez a torneira dos gasodutos. concorda com analistas que enxergam a petroquímica europeia posta em contagem regressiva pela geopolítica, economia circular e dependência total do gás natural da rússia? Eu acho que a História pode ajudar a entender o que acontece. Em essência, presenciamos o retorno ao mundo das crises nos preços do petróleo nos anos 1980. Esse quadro também envolve a combinação tóxica da geopolítica, escas- sez de energia e aumento da inflação e taxas de juros. E, tal como no passado, hoje vigora a mesma recusa inicial em aceitar que precisamos encarar bem de frente os grandes problemas. Ou seja, os problemas de hoje são de maior mag- nitude, mas seus pontos básicos são os mesmos de 40 anos atrás. Uma diferença é que tem havido um bocado de pensa- mento positivo na formulação de políticas nas décadas recentes. A Alemanha, por exemplo, esperava que suas compras de gás da Rússia contribuíssem para integrar aquele país à economia global. Por seu turno, ativistas ambientalistas, tal como diversos governantes europeus, estavam felizes por fechar plantas baseadas na energia nuclear ou fóssil. Mas fizeram isso antes do suprimento de energia renovável substituto ter sido construído, o que foi particularmente estúpido. Mesmo hoje em dia, ninguém tem trabalhado para criar uma cadeia segura de suprimento energético para todos os materiais críticos que essas fábricas precisarão. Pandemia, rupturas geopolíticas, guerra na ucrânia, energia caríssi- ma, quebras nas cadeias de fluxos comerciais e países desenvolvidos e sub com crises econômicas devem acelerar ou esfriar a adesão à eco- nomia circular? Sua pergunta me lembra a famosa resposta do irlandês indagado por um viajante sobre o melhor caminho para seu destino. “Bom, eu não começaria por aí...” Mas aqui estamos e percebemos o claro risco de que as coisas possam piorar antes de melhorar. Isso também implica encarar uma escolha nítida – devemos recuar e reconstruir uma economia à base de fontes fósseis de energia? Ou tocamos em frente rumo ao mundo Net Zero e erguemos um negócio à prova do futuro baseado nas mudanças de paradigmas que já se desenvolvem à nossa volta? O enunciado da minha pergunta já embute a resposta. É quase impossível imaginar um jeito de reimplantar uma economia global baseada na energia fóssil e, mesmo se algum meio fosse encontra- do, estaríamos criando problemas para nós mesmos na esteira das mudanças climáticas. Portanto, temos pouca esco- lha. Precisamos de coragem para zarpar por uma nova rota, aceitando que há um bocado de solavancos no percurso. • Envelhecimento mundial e lockdowns na China: demografia, geopolítica e pandemia semeiam incertezas. https://www.radicigroup.com/pt plásticos em revista edição 689 / 2022 20 Reciclagem especial U m ponto-chave da corrida rumo ao futuro sustentável é sua aura democrática. Dessa vez, a revolução não vem de cima para baixo, sendo fruto de um consenso, e contagia por igual países desenvolvidos e emergentes. No âmbito do setor plásti- co, um sinal dessa reação às mudanças climáticas é a obsessão, encabeçada por governos e brand owners (companhias donas de grandes marcas de bens de consumo), em dar um banho de loja no status da resina reciclada. De regra 3 sem valor do polímero virgem, ela agora merece rapapés como prova do engaja- mento do plástico na economia circular, por permitir o reúso do material com um desempenho cada vez mais próximo da resina 0 km, mérito da modernização de equipamentos e aditivos. Dentro de suas possibilidades e peculiaridades, o setor plástico brasileiro já começa a harmonizar com a nova era, como deixa patente na entrevista a seguir Paulo Francisco da Silva, presidente da disputada consultoria agora Vai Brasil e uma ave rara entre os experts em reciclagem, pois tão à vontade no chão de fábrica como na mesa das decisões de investimentos. Por que cresce a coleta e dispo- nibilidade de sucata plástica de boa qualidade no norte/nordeste? Há mais de 20 anos, as duas regiões desfrutam o desenvolvimento contínuo de um parque fabril tecnologicamente atrativo e recheado de facilidades e benefícios tributários. É um avanço, apesar de um efeito colateral ser a famigerada guerra fiscal travada no país e sem fim à vista. Retomando o fio, com maior número de indústrias transformadoras produzindo no Norte/Nordeste, o resultado lógico é a geração maior de sucatas plásticas, tanto de pós-consumo como de aparas. Os chamados sucateiros são exce- lentes comerciantes que sabem mapear com rapidez as oportunidades a curto e médio prazo. E outro fator ocorre já faz alguns anos: a entrada de grandes grupos – múltis e nacionais – especializados na gestão de resíduos. Têm sido contratados pelos principais geradores de aparas para retirar esse refugo das linhas de produção e os direcionar da correta forma ambiental. Eles cumprem todas as exigências no plano da documentação, o que a maioria largada dos sucateiros não faz. E na venda dessas aparas requisitam todos os comprovantes, tirando assim do páreo boa parte da concorrência informal. A se lamentar é a permanência do chamado passeio molecular do material pelo país, saindo em grande parte do Norte/Nordeste ao Sudeste, região que concentra o grosso dos recicladores, transformadores e seus clientes. Desse modo, seja na condição de grãos, flakes ou lixo plástico, essa maté- ria-prima termina devidamente reciclada e de volta à linha de transformação para ganhar seu reúso num produto acabado. Na conjuntura atual, o preço das sucatas A caminho da metamorfose O jogo de forças que promete tirar o reciclado de alto padrão dos nichos para altas escalas Silva: desafios existem para serem enfrentados. plásticos em revista edição 689 / 2022 21 especial de aparas ou pós-consumo anda sendo muito encarecido pelo frete inter-regional e oscilações constantes nas cotações das resinas virgens, sempre umforte balizador do preço dos reciclados. recicladores do sul/sudeste estão aproveitando o momento para investir em centros de compra e es- toque de sucata no norte/nordeste? Sim, algumas empresas já têm centros de compra no interior de estados nordestinos e de Goiás, por conta da posição geográfica. Afinal, as distâncias do Nordeste e Sudeste até Goiás são meio equidistantes. A propósito, a região Sudeste é autossuficiente na geração e disponibilidade de plástico pós-consumo para reciclagem. Apenas a capital paulista desova em aterro 6.500 t/dia de lixo não orgânico reciclável. quais as resinas pós-consumo mais escassas no primeiro semestre? Destaco PVC, PS, ABS e PEAD, esta última a resina que mais tem dado traba- lho. Para começar, PEAD vem há muito tempo sendo substituído por PP na injeção, como se vê em utilidades domésticas. Um exemplo de anormalidade sem fim pre- visto: o reciclado de PEAD resultante do moído de caixaria (garrafeiras) quebrada supria um imenso mercado secundário na forma de caixas industriais, multiuso e para hortifrútis, recipientes capazes de transportar até 1.200 quilos e, por isso, devem ser injetados com agente expansor. Acontece que os resíduos dessas caixas têm sido reciclados com vistas à injeção do mesmo recipiente original, abocanhando, portanto, boa parte do mercado do moído das garrafeiras. Devido, então, à demanda superior à oferta de rejeitos de PEAD grau injeção para reciclagem e para dar maior volume de material aos transformadores de garrafeiras, o mercado começou a mis- turar este grade com flakes do polímero para extrusão. Embora o blend reduza bastante o índice de fluidez, aumenta a resistência mecânica da caixaria injetada. como interpreta o comporta- mento desde 2020 dos preços médios do plástico pós-consumo reciclado no mercado interno? Em 2020 as importações de resina virgem pararam, pois as petroquímicas reduziram suas produções para se ade- quar a demanda reprimida pelo lockdown. Na retomada trazida pela flexibilização das restrições sanitárias, a transformação precisou do reciclado para operar sob a carência de polímero virgem. Os preços das sucatas e reciclados dispararam desde então, nas pegadas também da subida das resinas virgens causada pela procura muito superior à oferta naquele período. No primeiro semestre de 2022, explodiu em fevereiro a guerra da Rússia contra a Ucrânia. Ela fez o preço do barril do petróleo se alojar no escalão dos três dígitos, com oscilações para baixo sob Flakes: logística inter-regional encarece o reciclado. Caixas de hortifrútis: mercado dribla carência de PEAD reciclado para injeção. plásticos em revista edição 689 / 2022 22 Reciclagem especial A indústria plástica queima neurônios atrás de engenhos para agregar teores crescentes de reciclado premium em usos sinônimos de sustentabilidade. Um dos maiores desafios nessa empreitada tem sido evitar a perda de qualidade dos polímeros submetidos ao stress termomecânico durante sua reciclagem mecânica. É em enroscos desse naipe que o desenvolvimento hoje aceso de aditivos age feito um diapasão para o plás- tico não desafinar no coro dos arautos da economia circular. Formadora mundial de preços e opinião em po- liolefinas, a LyondellBasell também esbanja poderio em auxiliares que carregam o piano na reciclagem de plásticos. “Uma referência é a linha de masters Polybatch”, distingue Roberto Castilho, diretor comercial para masterbat- ches, especialidades em pó e resinas especiais para a América do Sul. “Indicados respectivamente para PE e PP, os grades AO 25 A e PAO 3660 minimizam dessas poliolefinas recicladas a degradação térmica causadora de oxidação, géis, crosslinking, partículas carbonizadas e perda de propriedades mecânicas”, descreve o expert. “Além disso, reduzem o acúmulo de material degradado na matriz”. Em decorrência, a incorporação desses dois concentrados permite o aumento do teor de reciclado no produto transformado. No embalo, Castilho ressalta a diminuição de amarelecimento proporcionada pelos masters branqueadores óticos Polibatch A05 específicos para PE e PP reciclados. Quanto a soluções para modificar a viscosidade des- ses termoplásticos recuperados, Castilho tira da cartola da LyondellBasell masters auxiliares de fluxo e antioxidantes. “Protegem esses materiais da degradação térmica e melhoram sua qualidade baixando a viscosidade”, ele sintetiza. Entre os meios para poupar resina virgem no blend com reciclado, o diretor acena com compatibilizantes/modificadores de poliole- finas. “São produtos como as poliolefinas termoplásticas com fase elastomérica Hiflex e Adflex”, ele aponta. “Se usadas em baixos teores como compatibilizantes, melhoram a resistência ao impacto do reciclado”. O poder de fogo da Lyondell em auxiliares se estende à triagem de su- cata mista para reciclagem. Castilho exemplifica com Polybatch NIR (infraverme- lho próximo), auxiliar que permite a classificação de plásticos pós-consumo pretos por tipo de polímero. “Essa separação melhora a qualidade, valor e opor- tunidades de reúso do lote reciclado”. Com mais de 19.000 cores catalogadas em seu sistema, a componedora Termocolor volta e meia as utiliza em resinas recicladas. “Concentrados preto e pastéis têm grande demanda para peças fabricadas com reciclado pós-consumo”, atesta o diretor comercial Wagner Catrasta. Quanto aos aditivos, ele informa atender recicladores com branqueadores óticos, des- secantes, anti UV, deslizantes e retardantes de chamas, estes últimos de procura em alta por força de normas técnicas de flamabilidade (resistência ao início e propagação do fogo) para componentes de instalações elétricas e peças e dispositivos de eletroeletrônicos. Entre as possibilidades de engorda do portfólio de soluções afins com a sustentabilidade, Catrasta flerta com o desenvolvimento de masters com base de plásti- co reciclado pós-consumo. “Mas para grades de cores é vital contar com um padrão de fornecimento de resina reciclada, pois sua disponibilidade não pode oscilar depois de o produto ganhar a praça”, ele comenta, aludindo à notória instabilidade no abastecimento de matéria-prima de padrão aceitável para reciclagem de plástico no país. lyonDellBasell e terMocolor eles carregam o Piano na reciclagem Castilho: compatibilizantes/ modificadores baixam teor de resina virgem no blend com reciclado. Catrasta: Termocolor corteja masters com base de plástico reciclado pós- consumo. plásticos em revista edição 689 / 2022 23 especial enfraquecido pela crise e o governo está reduzindo tarifas de importação de de- terminados termoplásticos. Tudo isso e o aumento mundial das taxas de juros, para esfriar a inflação via consumo em recesso, deve estabilizar os preços de plásticos virgens e reciclados até segunda ordem. como enxerga o atrativo da ver- ticalização da reciclagem das aparas para os transformadores? Transformador que recicla aparas é porque dispõe de volumes de refugo que justificam o investimento na sua recupera- ção e têm linhas de produtos que admitem a incorporação de reciclado. Também querem controle total sobre a qualidade temor de recessão mundial. No Brasil, a visão primordial do reciclado sempre foi a de opção mais ba- rata que o polímero virgem, com preço ditado pela lei da oferta e da procura. Temos notado recuo no preço das sucatas, porque a demanda dos reci- cladores diminuiu na mesma medi- da que o mercado também tem redu- zido suas compras – e agora com uma pressão a mais. Afinal, as resinas virgens também estão barateando, sob consumo Linha de produção: qualificação de pessoal a desejar no Brasil . https://primid.com.br plásticos em revista edição 689 / 2022 24 especial RECICLAGEM do produto que leva as aparas recicladas. É um material que, em tese, entra a custo zero para ser processado internamente, daí a tentação de fazer do scrap de produção uma operação rentável.Fora tributação, quais as principais dificuldades para um reciclador no Brasil conciliar custos de produção com preços competitivos para um reciclado de bom padrão? Os maiores desafios são custos e qualidade da sucata e a percepção de seu valor pelo mer- cado consumidor. Hoje dispomos de opções que possibilitam misturas de reciclado com virgem com qualidade final muito boa, mas há um limite imposto pelas percepções de valor. Por vezes percebo que, numa negociação de determinado volume de sucata de pós consumo, interferem atravessadores colocando sua margem de ganho. Isso vai agrega custo e não valor à sucata e costuma inviabilizar os negócios. No final das contas, quem menos lucra é o catador e o reciclador, justo quem mais põe as mãos na massa nessa cadeia industrial. a qualificação do chão de fábrica nas recicladoras tem acompanhado as mudanças em curso no setor? Digo a todos a quem presto consultoria que o maior capital da empresa é o humano. Neste ponto, estamos muito carentes de bons profissionais no nível de fábrica. Há mesmo uma falta de mão de obra especializada na manufatura da reciclagem. O ensino das atribuições é muito empírico enquanto cami- nhamos para sair do arroz com feijão da reci- clagem plástica para um patamar de melhor qualidade, impulsionado inclusive pela cultura ESG, e que depende de maiores exigências profissionais para ser alcançado. Desafios estão aí para serem enfrentados. N úmero 1 absoluta na distribuição brasileira de termoplásticos, a Piramidal vislumbrou no chamariz da sustentabilidade uma oportunidade de acentuar sua condição de provedora de soluções completas e de ativar a diversificação do portfólio, de modo a afrouxar a dependência das vendas de commodities como PP e PE da bandeira Braskem. A sacada resultou na consti- tuição, em 2021, da unidade de negócios de soluções circulares que, entre outras prendas, comercializa num espaço bem definido e com a marca própria Eccoar resinas pós-consumo recicladas a pedido por terceiros, dotadas de ficha técnica e certificado de qualidade lote a lote. “A grande maioria dos recicladores que tem investido em ampliação da capacidade e do padrão dos seus produtos carece de estrutura e capilaridade adequa- das para atender a contento os clientes tradicionais da distribuição de resinas e é por esta brecha que nós entramos”, sumariza o gerente da unidade Fábio Koutchin. “Somos o braço que estende produtos reciclados de alto nível a transformadores que teriam dificuldades de obtê-los em contato direto com os recicladores”. No compartimento dos reciclados, a atuação da unidade centra-se por ora em polímeros. Mas não passa em branco para Koutchin as oportunidades que pulsam na impressionante profusão de materiais auxiliares surgidos nos últimos anos para melhorar a reciclagem me- cânica e as características do material gerado. “Nesta etapa inicial, optamos por nos concentrar na criação de um mostruário robusto de resinas recuperadas, devido a seu intenso uso por transformadores”, argumenta o executivo. “Mas a distribuição de aditivos e masterbat- ches desenhados para este segmento é um movimento natural. Por exemplo, se a demanda justificar, poderemos cogitar a representação de concentrados de cores tendo como veículo resinas recicladas”. Na mesma trilha, ele admite a possibilidade de ofertar blends de reciclado com resina zero bala sob a marca Eccoar. “No momento, entende- mos que oferecer a resina 100% reciclada confere ao cliente maior flexibilidade para usá-la pura ou em blends com o polímero virgem”. PiraMiDal atalho Providencial Koutchin: Piramidal cobre nicho de transformadores de difícil acesso a recicladores. plásticos em revista edição 689 / 2022 25 especial “A presença do plástico reciclado de ótima qua- lidade tem aumentado no mercado interno, em especial em marcas de produtos com metas e ambições claras de sustenta- bilidade”, constata Bruno Igel, CEO da Wise, recicladora star de poliolefinas que dobrou em dois anos sua capaci- dade para 35.000 t/a e cujo controle majoritário (61,1%) foi adquirido por R$121 milhões pela Braskem (ver box) em transação anunciada em 2 de agosto. Mas ao fundo desse cresci- mento num país receptivo à economia circular e baixa renda, pulsa enroscada equação econômica. “Seja no Brasil ou no I Mundo, qualquer empresa que faça reciclado premium com lisura fiscal e tratando de modo correto a água e resíduos do processo, vai deparar com custos que equiparam o recuperado no mesmo preço, se não mais caro, que o polímero virgem de fonte fóssil”, atesta o dirigente. Para adoçar a competividade do preço do reciclado sem apelar ao mercado paralelo, comenta Igel, dois flancos têm sido palmilhados no exterior. “Uma delas é a concessão do subsídio que viabiliza uma coleta seletiva e separação da sucata eficien- te”, ele expõe. “Trata-se de benefício pago pelo contribuinte através do governo, ou então, por brand owners (companhias donas de grandes mar- cas de bens de consumo)”. Aqui no Brasil, transpõe o reciclador, não há esquema transparente e eficaz para arcar com o custo da logística reversa das embalagens gerais e a iniciativas nesse sentido mostram metas frágeis e pouco verificáveis”. O outro flanco para o preço do reciclado de bom padrão condizer com a realidade, observa Igel, também resvala no Fisco. “O mundo civilizado recorre a instrumentos tributários para estimular a economia circular, cobrando menos impostos de marcas e produtos geradores de impacto positivo e taxas maiores quando o efeito é negativo”, ele descreve. “Vem daí a oferta de um reciclado de qualidade a preço palatável para o mercado, base para o aumento da sua demanda”. Por sinal, garantir demanda estável é ponto de referência para um investidor considerar alocar capital na reciclagem, pressupõe Igel, e o respaldo ao setor dado por leis prescrevendo teores do reciclado na composição de artefatos transformados (norma já em vigor na Inglaterra) requer análise mais a fundo. “Na prática, as estruturas de custos do reciclado e resina virgem diferem de todo entre si”, confronta o CEO da Wise. O making off da excelência Reciclado de qualidade a preço competitivo não sai do chão sem benefícios tributários RECICLAGEM/WISE Igel: indústria recicladora de PP e PE caminha para a consolidação alcançada em PET. plásticos em revista edição 689 / 2022 26 especial RECICLAGEM/WISE Na reta final do fechamento desta edição, a Braskem anunciou a compra, por R$ 121 milhões da participação de 61,1% na recicladora Wise Plásticos, cujas credenciais de excelência incluem clientes brand owners do naipe da unilever e natura. Na ativa há 15 anos em Itatiba (SP), a recicladora de poliolefinas pós-consumo roda com capacida- de 35.000 t/a, tendo produzido 20.000 toneladas e faturado R$ 250 milhões em 2021. O investimento da Braskem está em linha com as petroquí-micas internacionais que, desde que a economia circular entrou na berlinda, vêm estendendo com ímpeto seu braço nas reciclagens mecânica e química e assim turbinando o negócio de resinas virgens com o sustentavelmente correto portfólio de plásticos reciclados pós-consumo. A Braskem tem se engajado nessa corrente em passo acelerado, pois inaugurou no semestre passado, em Indaiatuba (SP), sua planta de 14.000 t/a de reciclagem de sucata rígida de PP e PE em joint venture com a recuperadora de resíduos Valoren. Poucos meses depois, a petroquímica amplia a presença no mercado de plástico para segundo uso assumindo o controle inVestiMento divisor de águas: braskem comPra a Wise “Em regra, o consumidor do reciclado também opta por ele pela economia proporcionada, ou, no mínimo, a neutra- lidade econômica que o material confere a seus produtos acabados”. Na hipótese de uma regulação obrigar o uso de percentuais do reciclado, continua Igel, qualquer indústria consumidora das duas resinas terá duas organizações de custos independentesem sua cadeia de supri- mentos. “Uma é baseada em variáveis como dólar e petróleo, enquanto a outra em quesitos como logística, coleta, sepa- ração e energia”, descreve o reciclador. Em ambos os casos, assinala, a indústria plástica e brand owners trabalharão para aumentar a eficiência e economia da cadeia de abastecimento. “Se houver lei determinando uso do reciclado, aquela comparação mensal entre custos des- se material e do virgem dará lugar a majoritário de uma recicladora, a Wise, que formava no seleto time de suas fornecedoras de material recuperado até a parceria com a Valoren entrar em campo. Com a incorporação da Wise, a Braskem desponta com ca-pacidade arredondada em 50.000 t/a na principal região do mapa da reciclagem nacional de plástico e se posiciona como maior reciclador de poliolefinas do país, poderio acentuado pela sua condição de produtora local dessas resinas virgens. Pela lupa da Abiplast, o Sudeste respondeu, em 2021, por 492.300 do total de 884.400 toneladas de plásticos pós- consumo produzidos no país no ano passado, sendo que PP e PE respondem por 57% desse saldo. A musculatura da escala alcançada pela Braskem traça um divisor de águas na reciclagem nacional e, seguindo a percepção de analistas como o próprio Bruno Igel, deve incrementar um processo de consolidação de empresas desse setor, até aqui dominado por indústrias de menor por- te, fornecedoras em regra de resinas recuperadas de baixo valor agregado, material que contrasta com o empenho da Braskem em desenvolver grades de desempenho cada vez mais próximo dos contratipos virgens. Do lado da concorrên- cia, uma suposição consistente é a de que a proeminência de uma petroquímica que também impera na reciclagem deve levar eventuais interessados a estrear no ramo de plásticos pós-consumo a pensar duas vezes, considerando também entraves como tributários e suprimento instável de sucata de qualidade. Para recicladores que passam a competir com a capacidade avantajada da Braskem, o consenso entre analistas vota na adoção da estratégia da atuação especiali- zada, em áreas geográficas bem específicas e num suporte pré e pós-venda personalizado para encantar os clientes e transcender o foco estrito em preços. plásticos em revista edição 689 / 2022 27 especial União Europeia: imposto para impulsionar circularidade do plástico pós-consumo. Inglaterra: lei determina uso de reciclado na composição de produtos transformados. perde participação no PIB por requerer investimentos a prazos mais longos e os empreendedores o consideram muito menos sexy que o de serviços”. A incidência de transformadores verticalizando-se na reciclagem de apa- ras industriais – campo fora da órbita da Wise – é analisada com cautela por Igel. A seu ver, a rentabilidade desse lance passa pela escala de produção e o tra- balho com volumes restritos muitas vezes não provê o retorno do investimento na estrutura necessária. “A maioria das indústrias transformadoras deve concluir ser melhor ter um parceiro especializado na reciclagem das aparas”. Igel também não vê um contingente expressivo de transformadores com braço na reci- clagem de plástico pós-consumo. “São atividades bem diferentes em tecnologia, operação e cadeia de suprimentos”, distingue. “E na maioria dos casos, reci- cladores suprem vários transformadores e costumam ter escalas mais eficientes para exercer seu oficio do que eles”. um cotejo entre diversos fornecedores do material recuperado”, julga Igel. “Sancionada com racionalidade e nível correto, essa legislação favoreceria a economia circular”. Apesar de a economia verde estar em evidência, a reciclagem de plástico pós-consumo de melhor qualidade ain- da não atrai muitos novos entrantes no Brasil. Mas Igel comenta que o setor não está no modo pause. “Na reciclagem de PET houve uma consolidação importante, com empresas fortes e modernas”, ele distingue. “A reciclagem de poliolefinas ainda não chegou a este estágio, mas a movimentação da petroquímica e transformadores vai na mesma direção”. A entrada da Braskem como principal acionista da Wise fortalece esta percep- ção de Igel. Entre as pendências, o dirigente enxerga a cadeia de suprimentos pou- co estruturada e o emaranhado fiscal intimidando a vinda do empresariado de outros setores, embora algumas gestoras de resíduos estejam aderindo à reciclagem de PP e PE. A propósito, mesmo com a glamourização do de- senvolvimento sustentável, a reciclagem de plástico não seduz startups, mais interessadas em soluções de logística reversa do material. “Startups buscam negócios menos intensivos em capital e capazes de ganhar escala com rapidez”, justifica Igel. “No Brasil, o setor industrial plásticos em revista edição 689 / 2022 28 especial Ú nica marca brasileira selecio- nada para integrar a fábrica de reciclagem da Braskem Valoren, a fabricante de ex- trusoras Wefem promete dar mais o que falar ao cruzar a divisa dos 10 anos de expansão em 2023. As sa- cadas engatilhadas incluem a ênfase na digitalização dos equipamentos e o ingresso nas etapas da reciclagem anteriores à extrusão, a começar pela montagem de sistemas de lavagem, equipamentos nos quais a tecnologia nacional ainda rateia, antecipa sucinto Fernando Paixão, sócio e diretor da Wefem. Nesta entrevista, ele dá um ra- sante pelo seu mercado e perspectivas. qual a sua estimativa da parce- la atualizada do parque de extrusão nas cerca de 1.100 recicladoras de plásticos no país? De acordo com nossa experiência, uma extrusora com mais de cinco anos de vida útil já começa a perder com- petitividade. A baixa produtividade e a necessidade de manutenção frequente são alguns indícios disso. O prazo de depreciação do equipamento é de 10 anos em média. Cruzando os dados, acreditamos que em torno de 20% do parque fabril foram renovados nos últimos anos. Vem aumentando o efetivo de transformadores estendendo o braço no negócio de reciclar aparas ou mesmo plástico pós-consumo. a Wefem confirma esse movimento? A escassez de matéria-prima pós -industrial tende a crescer mais. As transformadoras estão sensibilizadas pelo apelo da economia circular, me- lhorando o processo de fabricação de seus produtos até o consumo. Confirmo que procuram cada vez mais por equi- pamentos e processos de recuperação de suas aparas. No passado, elas eram consideradas sucatas e agora, através da reciclagem, voltam a ser aproveitadas no processo de manufatura, podendo inclusive constituir um de vários mate- riais integrantes da composição de um artefato transformado. Com a limitação de aparas na praça, o plástico pós-con- sumo reciclado tem sido a alternativa para substituir a insuficiência delas. Com base nesse cenário, as vendas da Wefem mais que dobraram no biênio 2020-2021 em relação ao anterior. o mercado brasileiro de plástico reciclado ainda é dominado por ma- teriais movidos a preço. a busca de rentabilidade melhor tem animado investimentos na qualidade do recuperado? Sai de baixo vendas da Wefem refletem ascensão irresistível do reciclado de qualidade RECICLAGEM/WEFEM Paixão: vendas de extrusoras Wefem mais que dobraram no biênio 2020-2021. plásticos em revista edição 689 / 2022 29 especial nesse biênio vieram do setor do plás- tico, porém ainda não reciclavam suas aparas. Na metade restante, havia empreendedores que aprimoraram sua atuação ou estrearam na reciclagem de plástico pós-consumo, ambos buscan- do soluções modernas nas etapas vitais do processo de recuperação de resi- nas, caso da tecnologia de extrusão. Os investimentos em reciclagem no Brasil estão indo bem, mas poderiam atrair mais investidores de fora. Na minha opinião, a planta da Braskem Valoren é uma referência, traz mais visibilidade e credibilidade à cadeia nacional de reciclagem de poliolefinas. O Brasil precisa investir no setor, definindo políticas públicas que garantam que os lixos inorgânicos coletadosnos muni- cípios cheguem menos nos aterros e mais nas cooperativas supridoras de matéria-prima para recicladores. A qualidade do reciclado tem relação direta com o desempenho esperado para o produto acabado em que ele participa. Diversos fatores são responsáveis pela boa qualidade do reciclado: matéria-prima, aditi- vos e equipamentos que ofereçam parâmetros e controle de processo. Uma sucata de baixa qualidade mas extrusada de forma adequada poderá ter uma aplicabilidade superior aos reúsos convencionais de pouco valor agregado. A propósito, temos um clien- te que vivenciou essa mudança. Hoje operando com equipamento nosso, ele conseguiu elevar a qualidade da resina recuperada e a possibilidade de com ela entrar em aplicações no- vas para sua empresa. O controle da qualidade no laboratório dele aponta menos degradação e melhor plas- tificacão proporcionadas pela linha Wefem, resultando num reciclado mais rentável e fora da categoria de material de segunda classe. Do nosso lado, estamos em busca constante de meios para nossas extrusoras Titanium e Platinum evoluírem. Um exemplo é o esforço atual para apurar a tecnologia de filtragem, por conta da grande quantidade de contaminantes existentes nos resíduos reciclados. O próximo passo de avanço tecnológico, eu adianto aqui, será possibilitar ao reciclador dispor dos dados da ex- trusão em tempo real e na palma da mão, via ferramentas em linha com a indústria 4.0. com base no seu balanço do biênio 2020-2021, como avalia o in- teresse de novos investidores pela reciclagem mecânica de plástico? Bom, 50% dos nossos clientes Wefem: novos entrantes no setor de reciclagem despontam na carteira de clientes das extrusoras. plásticos em revista edição 689 / 2022 30 especial RECICLAGEM/WORTEx A procura em brasa por recicla- do de qualidade, pé de apoio do setor plástico na economia circular, engendra um efeito dominó em todas as sequências da re- cuperação de polímeros pós-consumo. Nos meandros do processo, extrusoras se destacam entre os equipamentos hoje repensados em função do endu- recimento das cobranças de economia de tempo e custos fixos na produção; das exigências de trabalho com re- síduos multimaterial e, por fim, das expectativas, movidas pela devoção à sustentabilidade, de uma performance do plástico para segundo uso que tire emprego de resina virgem. No Brasil, essa revolução no chão de fábricas recicladoras inspira a ourivesaria de avanços embarcados pela Wortex nas extrusoras Challenger. “Uma prova desse fluxo de melhorias e facilidades é a aptidão das nossas linhas para lidar com materiais em regra desovados em aterro até dois anos atrás, pois considerados muito complexos para a reciclagem mecânica, como BOPP e laminados de PE/BOPET”, exemplifica o presidente Paolo de Filippis. A tiracolo dos 45 anos de estrada da Wortex, Filippis e o gerente comercial Wellington Pavani situam entre 10 e 15 anos a idade média das extrusoras em funcionamento na reciclagem de plástico no Brasil. “Entre elas, constam máquinas nossas entregues há mais de duas décadas”, frisa Pavani, grifando o aumento nos últimos dois anos da procura por extrusoras atualizadas, O fogo se alastra Novas exigências de performance para o reciclado inflamam a tecnologia de extrusão Filippis: transformadores propensos a reciclar aparas e plástico pós-consumo. Challenger Recycler Geração III: processamento conjunto de plásticos rígidos, flexíveis, multicamada e impressos. https://alcaplas.com.br plásticos em revista edição 689 / 2022 31 especial movimento justificado por fases in- termitentes de insuficiência de resina virgem sob a quarentena em 2020 e sob a flexibilização das restrições sanitárias desde o ano passado. Filippis e Pavani também confir- mam o crescimento recente da par- ticipação de transformadores nas en- tregas de suas extrusoras Challenger. A situação chegou ao ponto de, no biênio 2020-2021, eles repartirem suas vendas praticamente por igual entre recicladores convencionais e transformadores que decididos a verticalizarem-se na recuperação de aparas ou plástico pós-consumo. Ainda nessa pegada, não passou em branco para a Wortex a incidência de calouros em plástico em sua carteira de pedidos nos últimos dois anos. “A indústria de reciclagem está se apresentando para empresas inexperientes na área, mas cujo tipo de atividade desperta o interesse por recuperar plástico como forma de maximizar seu lucro, apro- veitando recursos que elas já dispõem, como a matéria-prima”, explica Filippis. “É o caso de empresas atuantes na área ambiental e cooperativas de catadores; esse segmento de novos entrantes nos trouxe 3-4 clientes nos últimos tempos”. Sejam aparas ou resinas pós-con- sumo, a diversidade de materiais e suas especificidades estão em casa na nova linha de extrusoras Challenger, a Geração III. “O processamento conjunto de plásti- cos rígidos e flexíveis nela, inclusas estru- turas multicamada, possibilita a mistura desses materiais para gerar um reciclado final de alto padrão e versatilidade de usos”, acenam Filippis e Pavani. “Com a linha Geração III, podemos processar blends tipo 80% de um filme impresso de PEBD pós-consumo acrescido de refugo de PEAD ou PC resultando num reciclado de alto padrão, como se fosse constituído apenas de PE flexível”. https://alcaplas.com.br plásticos em revista edição 689 / 2022 32 especial O xis do problema com o plástico não é a reputação de guilhotina da natureza, mas, nos bastidores, a pífia gestão do seu fluxo de sucata reci- clável com restrito uso da caixa de ferramentas virtuais. Uma abordagem futurista da economia circular escora essa percepção de Christian Schiller, CEO da startup alemã cirplus, plata- forma introduzida há dois anos como marketplace B2B global para transa- ções com plásticos reciclados e seus resíduos pós-consumo. A sacada de Schiller traça uma linha divisória entre um setor hoje tolhido por incertezas e sua inescapável reconfiguração num braço da economia circular, como ele deixa claro nesta entrevista traduzida e condensada de publicação original da agência comercial alemã VDMa Plastics & rubber Machinery. sua empresa opera desde março de 2020 uma plataforma de comércio de sucata e plástico reciclado. quem já forma na sua carteira? Fornecedores e consumidores do mundo inteiro; hoje o número passa de 1.300 companhias de mais de 100 países. E no momento constatamos um expressivo aumento na procura por reciclados plásticos de alta qualidade. Embora isso soe bem para a indústria recicladora, revela também o déficit desse material no mercado. Para mui- tos defensores da economia de baixo carbono, não existe reciclagem em es- cala industrial e rentável e muita sucata continua sendo incinerada e aterrada. A humanidade está desperdiçando um volume incrível de recursos valiosos, mas queremos na cirplus mudar isso com os recursos da digitalização. Por que há tanto reciclado de baixa qualidade? Não se trata de escassez global de lixo plástico, mas de escassez de sucata que possa ser bem reciclada. Atenção para três pontos: tecnologias de reciclagem subdesenvolvidas, fluxos de sucata e reciclagem não transparentes e pouco digitalizado e design pobre de produtos acabados. Começando pelas tecnologias de reciclagem, me refiro ao espaço para evolução no processo mecânico. No mais, os mercados de resíduos e reciclados precisam ser mais nítidos O mercado na palma da mão cirplus lança marketplace global para sucata e plástico reciclado RECICLAGEM/TEnDênCIAS não são rastreadas. Quanto design impróprio de produtos, sua reciclagem pode prejudicar a sustentabilidade. Se transformadores e brand owners não atentarem para uma reciclagem eficaz dos resíduos de seus produtos, teremos de encarar problemas de qua- lidade por bom tempo. Tudo isso prova que o plástico não tem problemas de imagem, mas de lixo e digitalização.onde mais você vê necessida- de de melhorias? Os quesitos de qualidade do reci- clado exigidos pelo mercado precisam ser registrados com precisão. Contra essa lacuna, promovemos na cirplus a estandardização para plásticos reciclados (além de PET) dirigidos a aplicações de alto valor e ao comércio digital. Veio daí a norma alemã DIN SPEC 91446, lançada em novembro passado, a primeira no mundo no gênero. esses standards darão ímpeto ao plástico reciclado? Claro. A norma DIN já sancionada já pôs o mercado em movimento, com indústrias finais conhecidas começando a adequar a ela suas determinações de ESPECIAL e digitais. Como cadeias seguras de suprimento global podem se estabe- lecer se incertezas sobre quantidades e qualidades não são eliminadas? Na Europa, em torno de 20 milhões de toneladas de lixo anualmente geradas Schiller: aumento na procura mundial por reciclado de boa qualidade. https://www.piramidal.com.br plásticos em revista edição 689 / 2022 34 especial RECICLAGEM/TEnDênCIAS compras. Testes laboratoriais já ofere- cem certificação referente a esta norma técnica e recicladores cada vez mais aderem ás suas especificações. Na pla- taforma cirplus, as ofertas e exigências já estão automaticamente classificadas com base na DIN SPEC 91446. E isso é só o começo. Pode explicar mais a fundo essa norma? Ela classifica o grau de lisura e clareza dos dados disponíveis sobre re- ciclados e enquadra essas informações em dados de níveis de qualidade, um passo importante para tornar o material recuperado uma confiável commodity global. A plataforma cirplus agrega essas informações e as de volumes, criando comparativos de preços, bara- teando as transações e inserindo nelas o critério da qualidade. Isso pavimenta, no futuro, a atuação de algoritmos pre- vendo preços, qualidades e quantidades com base no mapeamento dos dados da nossa ferramenta. o mercado de reciclagem preci- sa de mais regulação política para tomar impulso? Precisa sim, para estabelecer uma genuína economia circular. Sou pró-livre mercado, mas ele não zera seus déficits pelas próprias forças. Veja, o reciclado pós-consumo responde por menos de 10% do total de plásticos transformados na Alemanha, evidenciando uma falha sistêmica na reciclagem do material, mais de 30 anos após a introdução da responsabilidade estendida do produ- tor. Em decorrência, o preço da resina virgem, seja qual for o patamar, segue abaixo da reciclada. A virgem é quase toda comprada, enquanto o resíduo pós-consumo é visto como sem valor. Nossa plataforma pode baixar em até 25% os custos de transição na produção e uso de plásticos reciclados. Governos já estão intervindo na área, a exemplo da multa vigente desde abril no Reino Unido cobrada sobre embalagens com teores de reciclado abaixo de 30%. A União Europeia já trabalha na definição de uma cota específica de reciclado em artefatos plásticos, o que vem incen- tivando concepções de design nessa direção, não corta pela raiz o potencial da reciclagem química. Por que? Ainda reina certa incerteza entre transformadores e brand owners euro- peus. Em quase todo evento organizado pela indústria plástica eles ouvem que a reciclagem mecânica atingiu seu limite e que a indústria química aporta bilhões de euros para viabilizar a recuperação de hidrocarbonetos hoje difíceis de serem convencionalmente reciclados. Daí porque eles ficam corretamente pensando se seus esforços em prol de design para facilitar a reciclagem mecânica fazem sentido se as petro- químicas poderão, mais adiante, reciclar materiais de composição complexa para a recuperação convencional. Nesse contexto, transformadores e brand owners não têm de mover uma palha em seus produtos, pois a reciclagem química dará conta do recado sem exigir mudanças no design. Além do mais, os transformadores não terão de temer custos crescentes de compras de resina quimicamente reciclada, ônus decorrente do processo intensivo em energia, se os brand owners forem obrigados por normas ou ameaça de multas a utilizar materiais obtidos da reciclagem química em determinadas quantidades prescritas. • Plataforma cirplus: marketplace com mais de 1.300 fornecedores e consumidores. http://www.wefem.com.br plásticos em revista edição 689 / 2022 36 RecuRsos Humanos sondagem os talentos da nova geração preferem trabalhar em serviços do que em indústrias como as de transformação de plástico. Por que isso acontece e o que sugere para o setor atrair esses jovens? Pesquisa de opinião A geração Z é completamente digital, são jovens que nasceram num berço tecnológico e com mais acesso à informação. Eles acompa- nharam transformações mundiais, buscam liberdade de expressão e possuem sede pelo rápido crescimento profissional. Por isso, é natural essa faixa etária desejar trabalhar com o mundo virtual, na esfera dos serviços e startups. Nas últimas décadas, as empresas passaram por mudanças, os perfis profissionais são outros, são novas dinâmicas, mudaram a carga horária, perspectivas e visão de carreira. Diante disso, setores como o industrial precisam se reinventar para atrair esses jovens profissionais, principalmente quando o assunto é plástico. É preciso que as empresas transformadoras mostrem a eles todo o compromisso que a indústria de plástico tem com sustentabilidade, e governança corporativa social e ambiental (ESG ). Este é, aliás, o foco da minha empresa, a Finepack, dedicada ao desenvolvimento de embalagens recicláveis e biodegradáveis. Temos a consciência de que a indústria plástica ainda é muito forte e, naturalmente, pode proporcionar conhecimento, oportunidade e carreira aos jovens. taliane batista do Carmo Diretora de Gente & Gestão da Finepack plásticos em revista edição 689 / 2022 37 D esde cedo os jovens estão sen-do levados para interagir com celulares, laptops, games e outros recursos no gênero que não exigem trabalho manual. Em suma, esses novos talentos não querem trabalhar com máquinas ou mesmo serviços que exijam esforços físicos. Não creio que essa rejeição ao trabalho numa indústria plástica tenha algo a ver com a má ima- gem pública do material, mas à aversão dessa nova geração à manufatura de qualquer setor. A primeira impressão é a de que jovens bem preparados hoje preferem não ficar presos dentro de empresas. São aqueles despreparados que tendem a ir para serviços braçais, como trabalhar com máquinas e demais serviços associados. Aqui mesmo na minha empresa, a fabricante de sopradoras Pavan Zanetti, temos dificuldades em encontrar mão-de-obra para lidar com máquinas operatri- zes. Mas se precisarmos de algum jovem para TI preenchemos a vaga rápido. Esse pessoal novo, de pouca ou nenhuma qualificação e que se adequa às atividades fabris, precisa ser treinado, Nesse sentido, cabe destacar o ensino técnico profissionalizante do Senai, que tenta direcionar esses jovens para essas profissões na área industrial. Sem isso, teríamos problemas ainda maiores. Eu acho que as indústrias trans- formadoras devem se empenhar em atrair jovens sem muita colocação, carentes de aptidão para funções na linha de produção, e prepará-los, seja internamente ou via Senai. Funções mais bra- çais dificilmente atrairão os jovens de hoje com instrução acima da média, mesmo acenando-se com salários mais altos. Essa crise no mercado de trabalho já vem de algum tempo. newton zanetti Diretor da Pavan Zanetti A indústria transformadora de plástico conta com poucas entidades de ensino profissionalizante, superior e médio. Portanto o entendimento de talentos da nova geração, que conhecem e foram preparados para atuar nessas empresas, é inferior à necessidade do setor. Por sua vez, os jovens formados em outras áreas pouco escutam falar sobre o plástico durante a fase acadêmica. Hoje em dia, o que a mídia divulga em relação ao plástico é uma imagem dis- torcida da realidade. Confunde a utilização de recursos
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