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CONCEITO, FONTES, PRINCÍPIOS DO DIREITO DO TRABALHO DENOMINAÇÃO DIREITO OPERÁRIO Termo empregado pela CF/1937. Operário – Trabalhador braçal, da fábrica. A disciplina não se limita apenas ao estudo dos operários, mas também dos patrões e outros trabalhadores. DIREITO INDUSTRIAL Essa denominação surgiu após a revolução industrial . As relações trabalhistas surgidas nessa época, dizem respeito à indústria. DIREITO CORPORATIVO Corporativismo diz respeito a organização sindical, as suas corporações ou associações, destinando-se a unificar toda a economia nacional, enquanto a matéria tem por objeto, principalmente o trabalho subordinado. DIREITO SOCIAL Origina-se da ideia da própria questão social. O próprio Direito é social em função da prevalência do interesse coletivo sobre o individual. DIREITO SINDICAL Diz respeito apenas ao Sindicato. Estando restrito a um dos segmentos do Direito do Trabalho. DIREITO DO TRABALHO É a denominação mais correta, por indicar a matéria objeto de regulação de forma mais ampla. A Constituição de 1946 e as seguintes passaram a utilizar tal denominação, encontrada no art. 22, I, da CF/1988. RAMOS DO DIREITO DO TRABALHO DIREITO DO TRABALHO INDIVIDUAL Relação entre empregado e empregador e os acordos diretamente tratados de forma individual, como função, local e horário de trabalho, salário, entre outros DIREITO DO TRABALHO COLETIVO OU SINDICAL Regula a relação entre Sindicatos de Trabalhadores e Sindicatos Patronais ou Empresas, que tratam sobre os direitos coletivos de categorias de trabalho. NATUREZA JURÍDICA No direito do trabalho existem normas com natureza de ordem pública, mas isso não significa que o direito do trabalho seja considerado um direito público, pois não regula a atividade estatal de forma predominante. Direito do trabalho é um direito privado que seu papel principal é a regulamentação das relações individuais e coletivas de trabalho no setor privado. FONTES FONTES MATERIAIS Referem-se a fatos sociais, econômicos, políticos e outros que influenciam e dão origem ao direito e às normas jurídicas. Exemplo: Greves, Movimentos Operários. FONTES FORMAIS São a manifestação do direito no sistema jurídico, ou seja, as próprias normas jurídicas. Podem se dividir em heterônomas e autônomas. Autônomas – Decorrem da atuação direta dos próprios destinatários da norma, como sindicatos, pela negociação coletiva de trabalho. São os instrumentos de negociação que regulam a situação e condição dos trabalhadores de forma democrática e dinâmica. Exemplo: Convenção coletiva de trabalho, acordo coletivo de trabalho, costume e regulamento de empresa. Heterônomas – São aquelas produzidas por terceiros alheios à relação jurídica, dessa forma, enquadram- se aqui normas de origem estatal sentenças normativas e sentenças arbitrais. Exemplo: Constituição Federal, Leis , ato administrativo, sentença normativa, jurisprudência e sentença arbitral JURISPRUDÊNCIA É uma série de decisões realizadas pelos tribunais sobre determinado tema (Um conjunto de precedentes). Tem o papel de uniformizar o entendimento de todos os tribunais, gerando segurança jurídica. (Fonte Formal) Exemplos da aplicação da jurisprudência como instrumento de integração do Direito do Trabalho: Conceito de mesma localidade: (art. 461, CLT e Súmula 6, X, TST; Abandono de emprego: art. 482, “i” e Súmula 32; Dobra de domingos e feriados: Lei 605/49 e Súmula 146. CLT. Art. 8º - As autoridades administrativas e a Justiça do Trabalho, na falta de disposições legais ou contratuais, decidirão, conforme o caso, pela jurisprudência, por analogia, por eqüidade e outros princípios e normas gerais de direito, principalmente do direito do trabalho, e, ainda, de acordo com os usos e costumes, o direito comparado, mas sempre de maneira que nenhum interesse de classe ou particular prevaleça sobre o interesse público. PRECEDENTE Um julgamento que pode ser utilizado de fundamentação para outro julgamento posterior. SÚMULA Consolidação objetiva da jurisprudência, que se dá por meio de enunciados. EQUIDADE Ideia de igualdade, mas reconhecer que todos precisam de atenção, mas não necessariamente dos mesmos atendimentos. Sendo aplicada para a consecução do justo representa aquele sentido de justiça que, por vezes, separa-se da lei para atender a circunstâncias concretas que se deve levar em consideração; caso contrário cometer-se-á a pior das injustiças. Observe-se que tal instituto, nos termos do art. 8 da CLT, só poderá ser aplicada “ na falta de disposição legais”, ou seja, em caso de lacuna da lei. Quando se fala da lacuna da lei pode ser normativa, ontológica ou axiológica: Lacuna normativa – Falta de lei Lacuna ontológica – Existe lei, mas não se adequa a nossa realidade. Lacuna axiológica – Existe lei, mas ela está ultrapassada. ANALOGIA Pode ser conceituada como o processo lógico pelo qual o aplicador da lei adapta, a um caso concreto não previsto pelo legislador, norma jurídica que tenha o mesmo fundamento. Entende-se ser apenas método de integração jurídica por meio do qual se busca outras fontes normativas. HIERARQUIA DAS FONTES Constituição Federal Leis Ordinárias Atos do Poder Executivo Convenções e acordos coletivos Regulamento de empresa Contrato de trabalho Usos e costumes FUNÇÕES DOS PRINCÍPIOS FUNÇÃO INFORMATIVA Os princípios orientam o legislador na formação da lei, evitando colisão com os princípios constituídos. FUNÇÃO INTERPRETATIVA Sevem para compreensão dos significados e sentidos das normas. FUNÇÃO NORMATIVA Também é voltada ao operador do direito que aplica os princípios do direito aos casos concretos que lhe são apresentados. PRINCÍPIOS DO DIREITO DO TRABALHO - PRINCÍPIOS GERAIS PRINCÍPIOS ESPECÍFICOS = Américo Plá Rodrigues elenca seis princípios : Princípio da primazia da realidade Princípio da irrenunciabilidade dos direitos Princípio da continuidade do trabalho Princípio da razoabilidade Princípio protecionista Princípio da boa-fé PRINCÍPIO DA PROTEÇÃO AO EMPREGADO Na relação entre empregado e empregador, o empregador é a parte economicamente forte da relação. O direito do trabalho através desse princípio, busca nivelar a relação desigual entre eles, no intuito de tornar iguais os desiguais. É o princípio mais importante do direito do trabalho, apontado, por alguns doutrinadores, como o único princípio do direito do trabalho, do qual os demais derivariam. Tal princípio se manifesta basicamente através de 3 regras: I- In dubio pró-operário: na dúvida, o julgador deverá prolatar sua decisão em favor do empregado, a parte mais fraca da relação empregatícia; induz o intérprete, ao analisar um preceito que disponha sobre regra trabalhista a optar pela mais favorável ao trabalhador. (exceção: campo probatório. Art. 818, CLT). II- Aplicação da norma mais benéfica: apesar da hierarquia das normas (CF, Leis, convenções coletivas), geralmente aplica-se a norma que seja mais benéfica ao empregado. No ápice da pirâmide normativa do direito do trabalho se encontra, em regra, a norma mais favorável ao trabalhador. O operador do direito do trabalho, diante de mais de uma norma aplicável ao caso concreto, deve optar pela regra mais favorável ao obreiro. III- princípio da condição mais favorável: determina que as condições mais vantajosas estipuladas no contrato de trabalho prevalecerão independente da edição de norma posterior menos favorável. Relaciona-se com o direito adquirido (art. 5.º, XXXVI, CF/88). Ou seja, a lei não pode ser, a princípio, modificada em prejuízo do empregado.PRINCÍPIOS TST. SÚMULA Nº 51 NORMA REGULAMENTAR. VANTAGENS E OPÇÃO PELO NOVO REGULAMENTO. ART. 468 DA CLT (incorporada a Orientação Jurisprudencial nº 163 da SBDI-1) - Res. 129/2005, DJ 20, 22 e 25.04.2005 I - As cláusulas regulamentares, que revoguem ou alterem vantagens deferidas anteriormente, só atingirão os trabalhadores admitidos após a revogação ou alteração do regulamento. (ex-Súmula nº 51 - RA 41/1973, DJ 14.06.1973) II - Havendo a coexistência de dois regulamentos da empresa, a opção do empregado por um deles tem efeito jurídico de renúncia às regras do sistema do outro. (ex-OJ nº 163 da SBDI-1 - inserida em 26.03.1999) PRINCÍPIO DA PRIMAZIA DA REALIDADE Define que em relação de trabalho o que realmente importa são os fatos que ocorreram, mesmo que algum documento formalmente indique o contrário. Assim, vale mais a realidade, do que o que está formalizado no contrato. PRINCÍPIO DA IRRENUNCIABILIDADE DE DIREITOS Direito do trabalho estabelece normas de caráter imperativo. Tais normas não podem ser renunciadas pelo empregado, sob pena de tal ato ser considerado nulo (art. 9º CLT) ou seja isso significa, na prática, que o profissional não pode renunciar a direitos de ordem pública de forma voluntária, como as férias, por exemplo. CLT Art. 9º - Serão nulos de pleno direito os atos praticados com o objetivo de desvirtuar, impedir ou fraudar a aplicação dos preceitos contidos na presente Consolidação (Tudo aquilo que servir para violar/ desvirtuar/ impedir/ fraudar a aplicação dos preceitos da constituição serão considerados nulos de pleno direito) Nulo de pleno direito significa que não produz efeito ou se produzir será anulado posteriormente. Tal princípio torna os direitos do obreiro irrenunciáveis, indisponíveis e inderrogáveis, conferindo importante proteção em face de pressões do empregador. O princípio não incide na transação judicial, pois é necessária a homologação do juiz do trabalho à para a validade da conciliação. Também não incide nas comissões de conciliação prévia, em face da participação obrigatória do sindicato da categoria profissional – art. 625-E, parágrafo único, CLT. IRREDUTIBILIDADE DE VENCIMENTOS O direito do trabalho proíbe a redução salarial, mesmo com a anuência do empregado, visando a protegê-lo, em face da inferioridade na relação entre ele e o empregador. A exceção a essa regra, está prevista na CF/88, que determina que a redução salarial poderá ocorrer tão somente havendo previsão em convenção coletiva ou acordo coletivo de trabalho e pelo período máximo de 2 anos. PRINCÍPIO DA CONTINUIDADE O direito do trabalho protege a relação continuada de emprego, evitando assim o desemprego. Em face disso protege o contrato celebrado por prazo indeterminado, criando regras específicas para o contrato por prazo determinado. A exceção à regra são os contratos por prazo determinado, inclusive o contrato de trabalho temporário (Que quebram esse princípio da continuidade). A ideia geral é a de que se deve preservar o contrato de trabalho do trabalhador com a empresa, proibindo-se uma sucessão de contratos de trabalho por prazo determinado. TST. SÚMULA Nº 212 DESPEDIMENTO. ÔNUS DA PROVA (mantida) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003. O ônus de provar o término do contrato de trabalho, quando negados a prestação de serviço e o despedimento, é do empregador, pois o princípio da continuidade da relação de emprego constitui presunção favorável ao empregado. IMPERATIVIDADE DAS NORMAS TRABALHISTAS Estabelece que as normas de trabalho sejam obrigatórias, não podendo haver transações, renúncia em relação a essas normas ou direitos trabalhistas, artigo 9º da CLT: “Art. 9º – Serão nulos de pleno direito os atos praticados com o objetivo de desvirtuar, impedir ou fraudar a aplicação dos preceitos contidos na presente Consolidação.” PRINCÍPIO DA INALTERABILIDADE CONTRATUAL LESIVA As alterações contratuais desfavoráveis ao trabalhador são amplamente vedadas, mesmo que haja mútuo consenso. Não há espaço, em regra, à teoria da imprevisão no direito do trabalho, afinal cabe ao empregador a assunção dos riscos do negócio – artigo 2º da CLT (princípio da alteridade). SUJEITOS DO CONTRATO DE TRABALHO RELAÇÃO DE TRABALHO X RELAÇÃO DE EMPREGO Relação de Trabalho – Exemplo: a relação de empreitada, a relação de trabalho autônomo, trabalho eventual, dentre outras. Relação de Emprego é a relação jurídica estudada e regulada pelo direito do trabalho, marcada pela subordinação jurídica, pela pessoalidade do empregado, pela não-eventualidade e pela onerosidade. Distinguir as relações de trabalho das relações de emprego: Relação de emprego é necessário a existência da subordinação, ou seja, um vínculo de dependência. EMPREGO Conceito: Empregado é a pessoa física que presta pessoalmente a outrem serviços não eventuais, subordinados e assalariados. CLT. Art. 3º. Considera-se empregado toda pessoa física que prestar serviços de natureza não eventual a empregador, sob dependência deste e mediante salário. Parágrafo único - Não haverá distinções relativas à espécie de emprego e à condição de trabalhador, nem entre o trabalho intelectual, técnico e manual. REQUISITOS LEGAIS DO CONCEITO DA RELAÇÃO DE EMPREGO a) Pessoa física: empregado é pessoa física e natural; b) Não eventualidade: empregado é um trabalhador não eventual; c) Subordinação: empregado é um trabalhador cuja atividade é exercida sob dependência; d) Onerosidade: empregado é um trabalhador assalariado, portanto, alguém que, pelo serviço que presta, recebe uma retribuição; e) Pessoalidade: empregado é um trabalhador que presta pessoalmente os serviços. não eventualidade: a prestação de trabalho eventual é aquela que depende de fato incerto e imprevisto. Fora daí, estará presente um dos elementos essenciais do trabalho prestado na relação de emprego. A alteridade (ajenidad), que viria a ser o aspecto de a utilidade do trabalho beneficiar sempre o empregador, jamais aproveitando diretamente ao empregado. O trabalho é exercido para e por conta de outra pessoa. A energia desprendida pelo trabalhador destina-se a outro. A exclusividade, que retrata a prestação para um só tomador. “A possibilidade da múltipla prestação guarda uma razão direta com o trabalho intelectual e inversa com o manual ou braçal, em virtude das peculiaridades da prestação nesses dois terrenos, quanto ao tempo demandado para atendê-la.” (Rodrigues Pinto). TIPOS DE EMPREGADO TRABALHADOR AUTÔNOMO Nessa espécie de relação de trabalho não existe dependência ou subordinação jurídica entre o prestador de serviços e o respectivo tomador. Além disso, pode se afastar ainda mais da figura técnico-jurídica da relação de emprego essencialmente pela falta do elemento da pessoalidade. Nas relações trabalhistas autônomas, o prestador de serviços desenvolve o serviço ou obra contratada a uma ou mais pessoas, de forma autônoma, com profissionalidade e habitualidade, atuando por conta própria, assumindo o risco da atividade desenvolvida. Exemplos: o pintor autônomo, o marceneiro autônomo, o eletricista autônomo etc. Trabalhador autônomo é aquele que não transfere para terceiro o poder de organização de sua atividade. O referido obreiro irá “trabalhar por conta própria” como afirma Sérgio Pinto Martins. TRABALHADOR TEMPORÁRIO Trabalho temporário é aquele prestado por pessoa física contratada por uma empresa de trabalho temporário que a coloca à disposição de uma empresa tomadora de serviços, para atender à necessidade de substituição transitória de pessoal permanente ou à demanda complementar de serviços. (art. 2º, da Lei 6.019/74); Completa-se com outro conceito da mesma lei (art. 4º), que diz: Empresa detrabalho temporário é a pessoa jurídica, devidamente registrada no Ministério do Trabalho, responsável pela colocação de trabalhadores à disposição de outras empresas temporariamente. Com a publicação da Lei 13.429/2017 (que alterou a Lei 6.019/74), mudanças substanciais foram inseridas na lei de contrato de trabalho temporário, principalmente sob o aspecto da possibilidade do contrato de trabalhadores temporários para o exercício da atividade-fim (principal) da empresa contratante. Com a publicação da Lei 13.429/2017, o contrato de trabalho temporário, com relação ao mesmo empregador, deverá obedecer ao seguinte critério em questão de prazo: Prazo Normal do Contrato: 180 dias, consecutivos ou não (período máximo); Prazo de Prorrogação: Mais 90 dias, consecutivos ou não (período máximo). TRABALHADOR EVENTUAL – “BICO” Trabalho eventual é aquele realizado em caráter esporádico, temporário, de curta duração, em regra, não relacionado com a atividade-fim da empresa. No trabalho eventual não há qualquer espécie de continuidade na prestação de serviços, sendo realizado em caráter precário. O trabalhador eventual não exerce seu labor permanentemente, mas em caráter eventual, fazendo “bico”, atuando hoje como pintor, amanhã como ajudante de pedreiro, depois como eletricista; enfim, não exerce a atividade com habitualidade e profissionalidade, mas apenas esporadicamente. EMPREGADO DOMÉSTICO É qualquer pessoa física que presta serviços contínuos a um ou mais empregadores, em suas residências, de forma não- eventual, contínua, subordinada, individual e mediante renumeração, sem fins lucrativos; a Lei 5.589/72, fixou, como seus direitos, a anotação da CTPS, férias anuais de 20 dias e previdência social. A Constituição Federal de 1988 ampliou os direitos atribuídos por lei ordinária: salário-mínimo; irredutibilidade da remuneração; 13º salário; repouso semanal remunerado; aviso prévio proporcional ao tempo de serviço, no mínimo de 30 dias; licença maternidade (120 dias); licença paternidade; férias (30 dias) com remuneração acrescida em 1/3; aposentadoria. Será considerado como empregado doméstico quem presta serviços por mais de dois dias por semana, acolhendo tese consagrada pelo Tribunal Superior do Trabalho sobre o tema. Abaixo desse limite, o trabalhador não será considerado empregado, e sim autônomo prestador de serviços domésticos, mais conhecido como diarista. QUADRO COMPARATIVO Lei nº 5.859/72 LC nº 150/2015 CLT Art. 1º Ao empregado doméstico, assim considerado aquele que presta serviços de natureza contínua e de finalidade não lucrativa à pessoa ou à família no âmbito residencial destas. Art. 1º Ao empregado doméstico, assim considerado aquele que presta serviços de forma contínua, subordinada, onerosa e pessoal e de finalidade não lucrativa à pessoa ou à família, no âmbito residencial destas, por mais de 2 (dois) dias por semana, aplica-se o disposto nesta Lei. Art. 3º Considera-se empregado toda pessoa física que prestar serviços de natureza não eventual a empregador, sob a dependência deste e mediante salário. EMPREGADOR CONCEITO É a pessoa física ou jurídica que, assumindo os riscos da atividade econômica, admite, assalaria e dirige o empregado. “Considera-se empregador a empresa individual ou coletiva, que, assumindo os riscos da atividade econômica, admite, assalaria e dirige a prestação pessoal de serviços” (CLT, art. 2º). Qualquer pessoa pode assumir a condição de empregador, seja ela física, jurídica, de fato ou irregular. Mesmo aqueles entes despersonificados, tais como a massa falida e o espólio, podem ser empregadores. CLT. Art. 2º, § 1º Equiparam-se ao empregador, para os efeitos exclusivos da relação de emprego, os profissionais liberais, as instituições de beneficência, as associações recreativas ou outras instituições sem fins lucrativos, que admitirem trabalhadores como empregados. As entidades que não têm atividade econômica também assumem riscos, sendo consideradas empregadores. A CLT considera que essas pessoas são consideradas empregadoras por equiparação, como as entidades de beneficência ou as associações. A pessoa física também pode ser empregador. GRUPO ECONÔMICO Art. 2º, §2º. Sempre que uma ou mais empresas, tendo, embora, cada uma delas, personalidade jurídica própria, estiverem sob a direção, controle ou administração de outra, ou ainda quando, mesmo guardando cada uma sua autonomia, integrem grupo econômico, serão responsáveis solidariamente pelas obrigações decorrentes da relação de emprego. A formação do grupo econômico depende da existência de duas empresas, no mínimo, que estejam sob direção única. Grupo econômico por subordinação ou hierarquizado - A empresa principal dirige, controla ou administra as empresas subordinadas. A presunção quanto ao “interesse comum” e à “atuação conjunta” é absoluta (juris et de jure). Grupo econômico não hierarquizado - As empresas mantém vínculo horizontal, ou de coordenação. Não há subordinação, nem dominação entre elas. A doutrina moderna já vinha minimizando a necessidade da presença de uma empresa dirigente do grupo (holding), admitindo a coordenação entre os integrantes, como marca alternativa do grupo econômico. É o caso do moderno consórcio de empresas (grupo econômico horizontal). O artigo 3º, parágrafo 2º, da Lei 5.889/1973, já determina a hipótese de sempre que uma ou mais empresas, mesmo guardando cada uma sua autonomia, integrem grupo econômico ou financeiro rural, serão responsáveis solidariamente nas obrigações decorrentes da relação de emprego. Art. 2º, §3º. Não caracteriza grupo econômico a mera identidade de sócios, sendo necessárias, para a configuração do grupo, a demonstração do interesse integrado, a efetiva comunhão de interesses e a atuação conjunta das empresas dele integrantes. Pela redação do novo dispositivo legal, não basta a identidade de sócios para caracterizar o grupo econômico. São necessários três requisitos: a demonstração de interesse integrado a efetiva comunhão de interesses a atuação em conjunto das empresas que o integram. SOCIO RETIRANTE O art. 10-A da CLT aplicou o limite temporal já previsto no Código Civil (parágrafo único do art. 1.003 e art. 1032) para fins de responsabilização de ex-sócio, no caso de desconsideração da personalidade jurídica. Assim sendo, o sócio retirante responderá subsidiariamente pelas obrigações trabalhistas da sociedade, relativas ao período em que figurou como sócio, somente em ações ajuizadas até dois anos depois de averbada a modificação do contrato Art. 10-A O sócio retirante responde subsidiariamente pelas obrigações trabalhistas da sociedade relativas ao período em que figurou como sócio, somente em ações ajuizadas até dois anos depois de averbada a modificação do contrato, observada a seguinte ordem de preferência: I - a empresa devedora; II - os sócios atuais; III - os sócios retirantes. Parágrafo único. O sócio retirante responderá solidariamente com os demais quando ficar comprovada fraude na alteração societária decorrente da modificação do contrato. CÓDIGO CIVIL. Art. 1.003. A cessão total ou parcial de quota, sem a correspondente modificação do contrato social com o consentimento dos demais sócios, não terá eficácia quanto a estes e à sociedade. Parágrafo único. Até dois anos depois de averbada a modificação do contrato, responde o cedente solidariamente com o cessionário, perante a sociedade e terceiros, pelas obrigações que tinha como sócio. CÓDIGO CIVIL. Art. 1.032. A retirada, exclusão ou morte do sócio, não o exime, ou a seus herdeiros, da responsabilidade pelas obrigações sociais anteriores, atédois anos após averbada a resolução da sociedade; nem nos dois primeiros casos, pelas posteriores e em igual prazo, enquanto não se requerer a averbação SUCESSÃO DE EMPRESAS Sucessão de empresas: significa mudança na propriedade da empresa; designa todo acontecimento em virtude do qual uma empresa é absorvida por outra, o que ocorre nos casos de incorporação, transformação e fusão. Alteração na estrutura jurídica da empresa: entende-se por ela toda modificação em sua forma ou modo de constituir-se . A CLT estabelece o princípio da continuidade do vínculo jurídico trabalhista, declarando que a alteração na estrutura jurídica e a sucessão de empresas em nada o afetará, de acordo com os arts. 10 e 448, da CLT. EFEITOS Subroga-se o novo proprietário em todas as obrigações do primeiro, desenvolvendo se normalmente o contrato de trabalho, sem qualquer prejuízo para o trabalhador; as obrigações trabalhistas vencidas à época do titular alienante, mas ainda não cumpridas, são exigíveis; as sentenças judiciais podem ser executadas, desde que não prescritas, respondendo o sucessor, por seus efeitos; etc. Art. 448-A. Caracterizada a sucessão empresarial ou de empregadores prevista nos arts. 10 e 448 desta Consolidação, as obrigações trabalhistas, inclusive as contraídas à época em que os empregados trabalhavam para a empresa sucedida, são de responsabilidade do sucessor. Parágrafo único. A empresa sucedida responderá solidariamente com a sucessora quando ficar comprovada fraude na transferência. CÓDIGO CIVIL Art. 942. Os bens do responsável pela ofensa ou violação do direito de outrem ficam sujeitos à reparação do dano causado; e, se a ofensa tiver mais de um autor, todos responderão solidariamente pela reparação. Parágrafo único. São solidariamente responsáveis com os autores os co-autores e as pessoas designadas no art. 932. CONTRATO DE TRABALHO CONCEITO Art. 442 da CLT. Contrato individual de trabalho é o acordo tácito ou expresso, correspondente à relação de emprego. “Negócio jurídico pelo qual uma pessoa física se obriga, mediante remuneração, a prestar serviços, não eventuais, a outra pessoa ou entidade, sob a direção de qualquer da últimas.” Octávio Bueno Magano NATUREZA JURÍDICA TEORIA ANTICONTRATUALISTA Negava a natureza contratual do Direito do Trabalho. Não existe autonomia de vontade na discussão das cláusulas contratuais. Entende que o empregado se incorpora à comunidade do trabalho, pois o objetivo do trabalho é a produção nacional. TEORIA DA INSTITUIÇÃO considera que o empregado está inserido na organização empresarial (instituição), numa relação de hierarquia, para que a empresa tenha duração no meio social, tendo em vista o interesse e superior e comum a todos os seus membros. Para ambas as teorias, que negam a natureza contratual do Contrato, a empresa seria uma instituição, na qual o empregado faz parte e se submete à autoridade do empregador. TEORIA CONTRATUALISTA A relação entre empregado e empregador é contratual porque decorre exclusivamente da vontade das partes. Afirma que a natureza jurídica do contrato de trabalho é contratual, de Direito Privado. A teoria dominante é a de que o contrato de trabalho tem natureza contratual, com uma certa feição institucionalista. “O contrato de trabalho tem natureza contratual” (Sérgio Pinto Martins) CARACTERÍSTICAS DO CONTRATO DE TRABALHO a) de direito privado: a relação entre empregado e empregador tem origem no direito civil. Sendo que as partes, limitadas às normas trabalhistas, estabelecem seu próprio regulamento; b) consensual: o contrato não é solene, não depende de formas especiais para ter validade, bastando o simples consentimento das partes, tácita ou expressamente (art. 443 CLT); não se exigindo entrega de coisa (como ocorre nos contratos de direito real). c) sinalagmático: sinalagma significa convenção, pacto, contrato. É celebrado entre duas pessoas apenas, o empregado e o empregador. Não há participação de terceiros nessa relação. É contrato bilateral onde cada uma das partes se obriga a uma prestação. d) comutativo: deve haver equivalência entre a prestação de trabalho (dever de prestar o trabalho) e a contraprestação dos serviços (dever de pagar o salário); A um dever do empregado corresponde um dever do empregador; as prestações são equivalentes. e) de trato sucessivo: deve ser continuativo, decorrente de uma série de operações, não se completando com um ato singular; Não é instantâneo, não se exaure no cumprimento de um único ato ou prestação. f) oneroso: o empregador deve pagar ao menos o salário-mínimo ao empregado, pois o serviço prestado deve ser remunerado. A prestação gratuita de serviço não se caracteriza como contrato de trabalho, mesmo que ocorra por vários meses ou anos. g) subordinativo: o empregado está subordinado às ordens do empregador (poder de direção). Submete- se ao poder hierárquico e disciplinar do empregador. Trata-se de subordinação jurídica, que é a modalidade essencial para caracterizar a relação de emprego. ONEROSIDADE CLT. Art. 457. Compreendem-se na remuneração do empregado, para todos os efeitos legais, além do salário devido e pago diretamente pelo empregador, como contraprestação do serviço, as gorjetas que receber. A remuneração é o gênero e salário é a espécie desse gênero. A palavra remuneração passou a designar a totalidade dos ganhos do empregado, pagos diretamente ou não pelo empregador e a palavra salário para designar os ganhos recebidos diretamente pelo empregador pela contraprestação do trabalho. Salário é a contraprestação paga diretamente pelo empregador, seja em dinheiro, seja em utilidades (alimentação, habitação, transporte etc.). Possui característica composta, ou seja, a contraprestação pode ser paga parte em dinheiro e parte in natura (utilidades). CONDIÇÕES DO CONTRATO Como qualquer ato jurídico, o contrato de trabalho deve respeitar as seguintes condições: a) Agente capaz, objeto lícito, possível, determinado ou determinável; b) Forma prescrita ou não defesa em lei (art. 104 do Código Civil) IDADE - ART. 7º, XXXIII , CF/88 Todo e qualquer trabalho é proibido ao menor de 16 anos, salvo na condição de aprendiz, a partir dos 14 anos. Havendo, ainda a proibição de realizar trabalho perigoso, noturno ou insalubre ao menor de 18 anos. Poderá trabalhar como empregado, mas o contrato deverá ser assinado pelo responsável legal (pai ou mãe). OBJETO LÍCITO Por objeto ilícito entende-se aquele considerado crime ou contravenção penal, contrário à moral e aos bons costumes. Trata-se de contrato ilícito, que não gera efeitos na esfera trabalhista. Ex.: matador, banqueiro de jogo do bicho, traficante etc. Atividade ilícita (ex.: empregado contratado para fazer apostas de jogo do bicho); Atividade proibida (Ex: Menor de 18 anos em atividade insalubre); Nulidade do ato jurídico - Art. 166 do Código Civil FORMA PRESCRITA OU NÃO DEFESA EM LEI Significa dizer que o ajuste não é solene. Uma de suas principais características é a sua informalidade. Entretanto, alguns determinados contratos devem obedecer à forma legal. CLASSIFICAÇÃO DO CONTRATO Quanto à forma: Expresso (escrito ou verbal) O contrato escrito não é exigência legal, salvo por expressa determinação (ex.: atleta profissional, artistas, contrato de aprendizagem, contrato de trabalho temporário). Verbal Ajuste de verbas da prestação dos serviços será, apenas, feito verbalmente. Tácito Ocorre quando não há manifestação escrita ou verbal, mas a sua existência é resultante da prática reiterada da prestação de serviços, sem manifestação contrária porparte do empregador. QUANTO À DURAÇÃO Por tempo indeterminado ou por tempo determinado. O ideal para o direito do trabalho é que os contratos de trabalho sejam firmados por tempo indeterminado de forma a prolongar a relação de trabalho. A indeterminação do prazo se presume, cabendo à parte interessada o ônus de provar que o contrato foi celebrado por prazo certo. Contrato por prazo indeterminado – não houve estabelecimento pelas partes do termo final; Contrato por prazo determinado – é aquele que as partes, na admissão do empregado, fixam seu termo final, ou seja, ajustam antecipadamente seu termo. INTERRUPÇÃO E SUSPENSÃO DOS CONTRATOS Existem situações em que o contrato de trabalho, embora ainda vigente, tem cessados de forma parcial os seus efeitos. Tais ocasiões são denominadas de causas de suspensão e interrupção do contrato de trabalho. INTERRUPÇÃO SUSPENSÃO NÃO há prestação de serviços por parte do empregado NÃO há prestação de serviços por parte do empregado Há obrigação de remunerar por parte do empregado NÃO há obrigação de remunerar por parte do empregador Há contagem do tempo de serviço para fins trabalhistas NÃO há contagem do tempo de serviço para fins trabalhistas HIPÓTESES INTERRUPÇÃO Licença-maternidade; Férias; Descanso semanal remunerado; Faltas legais e faltas justificadas SUSPENSÃO Greve; Aborto criminoso; Suspensão disciplinar; Acidente de trabalho; Doença ocupacional ALTERAÇÃO DO CONTRATO As condições do contrato de trabalho são estabelecidas pelas partes, no momento da contratação. Entretanto, podem ocorrer alterações destas condições por motivos econômicos, pessoais, jurídicos. CLT. Art. 468 - Nos contratos individuais de trabalho só é lícita a alteração das respectivas condições por mútuo consentimento, e ainda assim desde que não resultem, direta ou indiretamente, prejuízos ao empregado, sob pena de nulidade da cláusula infringente desta garantia. É POSSÍVEL A ALTERAÇÃO DAS CONDIÇÕES DO CONTRATO DE TRABALHO Por mútuo consentimento; Desde que não haja prejuízos ao empregado EXTINÇÃO DO CONTRATO A legislação trabalhista prevê uma série de formalidades para ser efetivada a extinção do contrato de trabalho e produza todos os efeitos, por exemplo, a homologação do fim deste. Essas formalidades visam garantir a isenção e a transparência à manifestação de vontade das partes no momento da ruptura do pacto contratual. CLT. Art. 477. Na extinção do contrato de trabalho, o empregador deverá proceder à anotação na Carteira de Trabalho e Previdência Social, comunicar a dispensa aos órgãos competentes e realizar o pagamento das verbas rescisórias no prazo e na forma estabelecidos neste artigo. CLT. Art. 477 (...) § 2º - O instrumento de rescisão ou recibo de quitação, qualquer que seja a causa ou forma de dissolução do contrato, deve ter especificada a natureza de cada parcela paga ao empregado e discriminado o seu valor, sendo válida a quitação, apenas, relativamente às mesmas parcelas. CONCEITO, FONTES, PRINCÍPIOS DO DIREITO DO TRABALHO DENOMINAÇÃO RAMOS DO DIREITO DO TRABALHO NATUREZA JURÍDICA FONTES Fontes Materiais fontes Formais JURISPRUDÊNCIA PRECEDENTE SÚMULA Equidade Analogia HIERARQUIA DAS FONTES FUNÇÕES DOS PRINCÍPIOS FUNÇÃO Informativa Função interpretativa Função normativa PRINCÍPIOS DO DIREITO DO TRABALHO PRINCÍPIO DA PROTEÇÃO AO EMPREGADO PRINCÍPIOS PRINCÍPIO DA PRIMAZIA DA REALIDADE PRINCÍPIO DA IRRENUNCIABILIDADE DE DIREITOS IRREDUTIBILIDADE DE VENCIMENTOS PRINCÍPIO DA CONTINUIDADE IMPERATIVIDADE DAS NORMAS TRABALHISTAS PRINCÍPIO DA INALTERABILIDADE CONTRATUAL LESIVA SUJEITOS DO CONTRATO DE TRAbalho RELAÇÃO DE TRABALHO X RELAÇÃO DE EMPREGO EMPREGO REQUISITOS LEGAIS DO CONCEITO da relação de emprego TIPOS DE EMPREGADO TRABALHADOR AUTÔNOMO TRABALHADOR TEMPORÁRIO TRABALHADOR EVENTUAL – “bico” EMPREGADO DOMÉSTICO QUADRO COMPARATIVO EMPREGADOR CONCEITO GRUPO ECONÔMICO SOCIO RETIRANTE SUCESSÃO DE EMPRESAS Efeitos CÓDIGO CIVIL CONTRATO DE TRABALHO CONCEITO NATUREZA JURÍDICA TEORIA ANTICONTRATUALISTA TEORIA DA INSTITUIÇÃO TEORIA CONTRATUALISTA CARACTERÍSTICAS DO CONTRATO DE TRABALHO ONEROSIDADE CONDIÇÕES DO CONTRATO Idade - Art. 7º, XXXIII, CF/88 Objeto lícito Forma prescrita ou não defesa em lei CLASSIFICAÇÃO DO CONTRATO Quanto à duração INTERRUPÇÃO E SUSPENSÃO DOS CONTRATOS HIPÓTESES INTERRUPÇÃO SUSPENSÃO ALTERAÇÃO DO CONTRATO É possível a alteração das condições do contrato de trabalho EXTINÇÃO DO CONTRATO
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