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Apostila elaborada conforme Edital 01/2022 Apostila Concurso GUANAMBI Prefeitura de Guanambi-BA versão 01 - 20/09/2022 Contéudo + Questões Professor de Educação Infantil e Anos Iniciais ▪ Língua Portuguesa ▪ Legislação Educacional e suasatualizações ▪ Conhecimentos Específicos Apresentação Fazer parte do serviço público é o objetivo de muitas pessoas. Nesse sentido, esta apostila reúne os conteúdos cobrado no edital de abertura do concurso. A Tutoria tem o cuidado de selecionar as informações do conteúdo programático das disciplinas abordadas. Toda essa disposição de assuntos foi pensada para auxiliar em uma melhor compreensão e fixação do conteúdo de forma clara e eficaz. A apostila que você tem em mãos é resultado da experiência e da competência da Tutoria, que conta com especialistas em cada uma das disciplinas. Ressaltamos a importância de fazer uma preparação focada e organizada para obter o desempenho desejado. A apostila da Tutoria será o diferencial para o seu sucesso e na realização do seu sonho. Importante O conteúdo desta apostila tem por objetivo atender às exigências do edital. Assim, recomendamos ampliar seus conhecimentos em livros, sites, jornais, revistas, entre outros meios, para sua melhor preparação. Atualizações legislativas poderão ser encontradas nos sites governamentais. A presente apostila não está vinculada à instituição pública e à empresa organizadora do concurso público a que se destina, a sua aquisição não inclui a inscrição do candidato no concurso público e também não garante a sua aprovação no concurso público. Proteção de direitos Todos os direitos autorais desta obra são reservados e protegidos pela Lei nº 9.610/98. É proibida a reprodução de qualquer parte deste material didático, sem autorização prévia expressa por escrito pela Tutoria. Como montar um cronograma de estudos para concurso Todo estudante sabe que o sucesso começa bem antes da prova e, sendo assim, é preciso ter um cronogra- ma de estudos para ajudar a manter o foco, organização e rendimento. Confira as dicas. Prestar um concurso exige muita dedicação, foco e tempo de estudos. Para conseguir ser bem-sucedido na caminha- da, é preciso criar um cronograma de estudos para concurso eficaz que se encaixe na sua rotina e nos compromissos que você tem. Montar um plano vai te ajudar a se concentrar melhor nos seus afazeres e pode te deixar motivado para cumprir seu objetivo de passar num concurso público. Entender a rotina O primeiro passo para montar um cronograma de estudos para concurso é compreender a sua rotina. É preciso entender como você gasta as horas dos seus dias, quais atividades tomam mais tempo, quais são indispensáveis e quando você realiza cada uma. Então, é hora do papel e caneta: anote! Escreva detalhadamente o que você faz em cada dia da semana: • Quando acorda; • Horário de trabalho; • Seus intervalos; • Todas as refeições. Definir horas de estudo Agora que você já consegue ver sua rotina detalhada, calcule quantas horas você tem de sobra em cada dia. Vale também calcular o tempo que pode ser retirado de atividades não tão importantes. Por exemplo, 15 minutos da hora do almoço para estudar, mesmo que pareça pouco tempo, pode ser aproveitado com a técnica correta. Outra dica é utilizar algum tempo à noite, talvez após o jantar para estudar mais. Mas faça isso apenas se você achar que é possível! Dormir bem é imprescindível para manter o cérebro aguçado. Existe uma técnica que consiste em focar 25 minutos seguidos em uma única atividade e tirar um intervalo de 5 a 15 minutos até a próxima tarefa. Se você conseguir deixar isso definido, seu cronograma de estudos para concurso ficará ainda melhor. No entanto, é necessário lembrar que eventualmente acontecerão imprevistos e seus horários precisa- rão ser reorganizados. Definir o que estudar Você já definiu os horários que terá para estudar, mas o que exatamente você pretende estudar? Para definir isso, é preciso saber qual concurso você quer prestar. Coloque o nome da seleção como título da planilha. Existem alguns fatores que precisam ser analisados na hora de priorizar disciplinas: • Disciplinas que tem maior peso; • Matérias que você tem mais dificuldade; • Assuntos que você tem menos conhecimento; • Recorrência dos temas. Montar o cronograma de estudos para concurso Com as disciplinas listadas por nível de prioridade e sabendo quanto tempo terá para estudar, você já pode montar seu plano diário. Para isso, use um planner ou crie uma planilha no computador. Se o concurso já está marcado, veja quanto tempo você tem até a data das provas. Novamente: você vai dividir cada disciplina, dessa vez com hora marcada: • Começo dos estudos; • Intervalos; • Hora de revisar; • Fechar os cadernos. Ter comprometimento e regularidade Independentemente de como foi montado seu cronograma de estudos, é necessário ter comprometimento e regulari- dade. Estudar todos os dias e intercalar as disciplinas sempre relembrando o que já foi estudado fazem parte de uma metodologia eficaz. São pontos importantes: • Não ficar muito tempo sem estudar determinada disciplina; • Colocar mais tempo às disciplinas que tem mais dificuldade; • Priorizar também as matérias de maior peso ou que se repetem nas provas; • Revisar conteúdo de outro dia para não cair no esquecimento. Conhecer técnicas de estudo Existem algumas técnicas que você pode adotar no seu cronograma de estudo para aproveitar melhor o seu tempo, como a criação de resumos e mapas mentais. Na primeira, você anota os pontos importantes que você compreendeu sobre o assunto. A segunda técnica é quase como um resumo, mas ela é ainda mais simplificada: selecione a ideia principal/geral e, a partir dela, puxe ramificações para assuntos mais específicos. Você pode também: • Fazer marcações em textos: isso ajuda nos resumos e mapas mentais, bem como na revisão; • Intercalar os estudos: num período de quatro horas, você estuda 45 minutos acerca de uma disciplina. Então, faz um intervalo de 15 minutos e depois estuda mais 45 minutos de outra disciplina; • Responder questões de provas anteriores e simulados: coloque seus conhecimentos em prática e veja o quanto você consegue acertar. Na questão de distribuição de tempo, uma técnica bacana é a de ciclo. Ela funciona da seguinte maneira: vamos supor que você tenha 20 horas semanais disponíveis para estudar. Distribua este tempo de acordo com a prioridade das disciplinas e siga seu cronograma normalmente. Caso algum imprevisto aconteça, como precisar ir ao médico, e isso atrapalhar seu momento de estudo, na próxima oportunidade que tiver para estudar siga de onde você parou. Não fique fixo ao sistema de escola: hoje é português, amanhã é matemática e toda sexta é Direito Administrativo. Esse formato pode prejudicar seus estudos, porque se você simplesmente deixar de estudar uma disciplina na sema- na, na próxima vez ficará atrasado. Já na técnica de ciclo, você pode se recuperar o conteúdo e flexibilizar o cronogra- ma de estudos para concursos públicos. Com o tempo, você vai ganhar confiança e internalizará os conteúdos mais rápido. Sendo assim, poderá acrescentar outras disciplinas complementares ao seu calendário de estudos, bem como fazer outros ajustes possíveis e neces- sários. Cuidar com o físico e o psicológico Estudar para concurso em pouco tempo pode ser um pouco complicado e talvez você até pense em usar seu tempo de lazer para se focar. Bom, você pode até diminuir esse tempo e utilizar um pouco dele para estudar, mas não redu- za seus momentos de prazer a zero. Seu corpo e seu cérebro precisam de descanso para conseguir assimilar tudo que você estudou. Você também pode assistir a um filme, ver uma série, ligar para um amigo, testar uma receita nova. Qualquer coisa que te dê prazer e relaxe a mente. C ro n o g ra m a d e es tu d o s H o rá ri o S eg u n d a Te rç a Q u ar ta Q u in ta S ex ta S áb ad o D o m in g o Língua Portuguesa Sumário1. Compreensão e intelecção de textos ....................... 2 2. Interpretação de texto ............................................... 4 3. Tipologia textual ...................................................... 15 4. Figuras de linguagem .............................................. 27 5. Ortogra� a ................................................................ 31 6. Acentuação grá� ca ................................................. 38 7. Emprego do sinal indicativo de crase ..................... 41 8. Formação, classe e emprego de palavras .............. 44 9. Sintaxe da oração e do período .............................. 78 10. Pontuação ............................................................... 94 11. Concordância nominal e verbal............................. 100 12. Colocação pronominal .......................................... 115 13. Regência nominal e verbal .................................... 119 14. Equivalência e transformação de estruturas ......... 126 15. Relações de sinonímia e antonímia ....................... 131 Língua Portuguesa 2 A alusão histórica serve para dividir o texto em pontos meno- res, tendo em vista os diversos enfoques. Convencionalmente, o parágrafo é indicado através da mudança de linha e um espa- çamento da margem esquerda. Uma das partes bem distintas do parágrafo é o tópico frasal, ou seja, a ideia central extraída de maneira clara e resumida. Atentando-se para a ideia principal de cada parágrafo, asse- guramos um caminho que nos levará à compreensão do texto. Produzir um texto é semelhante à arte de produzir um tecido. O � o deve ser trabalhado com muito cuidado para que o trabalho não se perca. O mesmo acontece com o texto. O ato de escre- ver toma de empréstimo uma série de palavras e expressões amarrando, conectando uma palavra uma oração, uma ideia à outra. O texto precisa ser coeso e coerente. Coesão É a amarração entre as várias partes do texto. Os principais elementos de coesão são os conectivos, vocábulos gramati- cais, que estabelecem conexão entre palavras ou partes de uma frase. O texto deve ser organizado por nexos adequados, com sequência de ideias encadeadas logicamente, evitando frases e períodos desconexos. Para perceber a falta de coe- são, a melhor atitude é ler atentamente o seu texto, procurando estabelecer as possíveis relações entre palavras que formam a oração e as orações que formam o período e, � nalmente, entre os vários períodos que formam o texto. Um texto bem tra- balhado sintática e semanticamente resulta num texto coeso. Coerência A coerência está diretamente ligada à possibilidade de estabe- lecer um sentido para o texto, ou seja, ela é que faz com que o texto tenha sentido para quem lê. Na avaliação da coerência será levado em conta o tipo de texto. Em um texto dissertativo, será avaliada a capacidade de relacionar os argumentos e de organizá-los de forma a extrair deles conclusões apropriadas; num texto narrativo, será avaliada sua capacidade de construir personagens e de relacionar ações e motivações. Tipos de Composição Descrição: é representar verbalmente um objeto, uma pessoa, um lugar, mediante a indicação de aspectos característicos, de pormenores individualizantes. Requer observação cuidadosa, para tornar aquilo que vai ser descrito um modelo inconfundí- vel. Não se trata de enumerar uma série de elementos, mas de captar os traços capazes de transmitir uma impressão autênti- ca. Descrever é mais que apontar, é muito mais que fotografar. É pintar, é criar. Por isso, impõe-se o uso de palavras especí- � cas, exatas. Narração: é um relato organizado de acontecimentos reais ou imaginários. São seus elementos constitutivos: personagens, circunstân- cias, ação; o seu núcleo é o incidente, o episódio, e o que a distingue da descrição é a presença de personagens atuantes, que estão quase sempre em con� ito. – A narração envolve: 1. Quem? Personagem; 2. Quê? Fatos, enredo; 3. Quando? A época em que ocorreram os acontecimentos; 4. Onde? O lugar da ocorrência; 1. Compreensão e intelecção de textos Apreensão e Compreensão do Texto e Sentido Quando Lula disse a Collor no primeiro debate do segundo turno das eleições presidenciais de 1989: “Eu sabia que você era collorido por fora, mas caiado por dentro.” Os brasileiros colocaram essa frase no âmbito dos “discursos da campanha presidencial” e entenderam não “Você tem co- res fora, mas é revestido de cal por dentro”, mas “Você apre- senta um discurso moderno e de centro-esquerda, mas é um reacionário”. Observe que há duas operações diferentes no entendimento do texto. A primeira é a apreensão, que é a captação das relações que cada parte mantém com as outras no interior do texto. No entanto, ela não é su� ciente para entender o sentido integral. Uma pessoa que conhecesse todas as palavras da frase acima, mas não conhecesse o universo dos discursos da campanha presidencial, não entenderia o signi� cado da frase. Por isso, é preciso colocar o texto dentro do universo discursivo a que ele pertence e no interior do qual ganha sentido. Alguns teóricos chamam “conhecimento de mundo” ao universo discursivo. Na frase acima, collorido e caiado não pertencem ao universo da pintura, mas da vida política: a primeira palavra refere-se a Collor e ao modo como ele se apresentava, um político moderno e inovador; a segunda diz respeito a Ronaldo Caiado, políti- co conservador que o apoiava. A essa operação chamamos compreensão. Apreensão + Compreensão = Entendimento do texto Para ler e entender um texto é preciso atingir dois níveis de leitura: informativa e de reconhecimento. A primeira deve ser feita cuidadosamente por ser o primeiro contato com o texto, extraindo-se informações e se preparan- do para a leitura interpretativa. Durante a interpretação grife pa- lavras -chave, passagens importantes; tente ligar uma palavra à ideia central de cada parágrafo. A última fase de interpretação concentra-se nas perguntas e opções de respostas. Marque palavras como não, exceto, res- pectivamente, etc., pois fazem diferença na escolha adequada. Retorne ao texto mesmo que pareça ser perda de tempo. Leia a frase anterior e posterior para ter ideia do sentido global pro- posto pelo autor. Um texto para ser compreendido deve apresentar ideias sele- tas e organizadas, através dos parágrafos que é composto pela ideia central, argumentação e/ou desenvolvimento e a conclu- são do texto. Língua Portuguesa 3 5. Como? O modo como se desenvolveram os acontecimentos; 6. Por quê? A causa dos acontecimentos; Dissertação: é apresentar ideias, analisá-las, é estabelecer um ponto de vista baseado em argumentos lógicos; é estabele- cer relações de causa e efeito. Aqui não basta expor, narrar ou descrever, é necessário explanar e explicar. O raciocínio é que deve imperar neste tipo de composição, e quanto maior a fun- damentação argumentativa, mais brilhante será o desempenho. Sentidos Próprio e Figurado Comumente a� rma-se que certas ocorrências de discurso têm sentido próprio e sentido � gurado. Geralmente os exemplos de tais ocorrências são metáforas. Assim, em “Maria é uma � or” diz-se que “� or” tem um sentido próprio e um sentido � gurado. O sentido próprio é o mesmo do enunciado: “parte do vegetal que gera a semente”. O sentido � gurado é o mesmo de “Ma- ria, mulher bela, etc.” O sentido próprio, na acepção tradicional não é próprio ao contexto, mas ao termo. O sentido tradicionalmente dito próprio sempre corresponde ao que de� nimos aqui como sentido imediato do enunciado. Além disso, alguns autores o julgam como sendo o sentido pre- ferencial, o que comumente ocorre. O sentido dito � gurado é o do enunciado que substitui a metá- fora, e que em leitura imediata leva à mesma mensagem que se obtém pela decifração da metáfora. O conceito de sentido próprio nasce do mito da existência da leitura ingênua, que ocorre esporadicamente, é verdade, mas nunca mais que esporadicamente. Não há muito que criticarna adoção dos conceitos de sentido próprio e sentido � gurado, pois ela abre um caminho de abor- dagem do fenômeno da metáfora. O que é passível de crítica é a atribuição de status diferenciado para cada uma das cate- gorias. Tradicionalmente o sentido próprio carrega uma cono- tação de sentido “natural”, sentido “primeiro”. Invertendo a perspectiva, com os mesmos argumentos, poderí- amos a� rmar que “natural”, “primeiro” é o sentido � gurado, a� - nal, é o sentido � gurado que possibilita a correta interpretação do enunciado e não o sentido próprio. Se o sentido � gurado é o “verdadeiro” para o enunciado, por que não chamá-lo de “natural”, “primeiro”? Pela lógica da Retórica tradicional, essa inversão de perspecti- va não é possível, pois o sentido � gurado está impregnado de uma conotação desfavorável. O sentido � gurado é visto como anormal e o sentido próprio, não. Ele carrega uma conotação positiva, logo, é natural, primeiro. A Retórica tradicional é impregnada de moralismo e esteti- zação e até a geração de categorias se ressente disso. Essa tendência para atribuir status às categorias é uma constante do pensamento antigo, cuja índole era hierarquizante, sempre buscando uma estrutura piramidal para o conhecimento, o que se estende até hoje em algumas teorias modernas. Ainda hoje, apesar da imparcialidade típica e necessária ao conhecimento cientí� co, vemos conotações de valor sendo atribuídas a categorias retóricas a partir de considerações to- talmente externas a ela. Um exemplo: o retórico que tenha para si a convicção de que a qualidade de qualquer discurso se fundamenta na sua novidade, originalida- de, imprevisibilidade, tenderá a descrever os recursos retóricos como “desvios da normalidade”, pois o que lhe interessa é pôr esses recursos retóricos a serviço de sua concepção estética. Sentido Imediato Sentido imediato é o que resulta de uma leitura imediata que, com certa reserva, poderia ser chamada de leitura ingênua ou leitura de máquina de ler. – Uma leitura imediata é aquela em que se supõe a exis- tência de uma série de premissas que restringem a decodi- � cação tais como: 1. As frases seguem modelos completos de oração da língua. 2. O discurso é lógico. 3. Se a forma usada no discurso é a mesma usada para esta- belecer identidades lógicas ou atribuições, então, tem-se, respectivamente, identidade lógica e atribuição. 4. Os signi� cados são os encontrados no dicionário. 5. Existe concordância entre termos sintáticos. 6. Abstrai-se a conotação. 7. Supõe-se que não há anomalias linguísticas. 8. Abstrai-se o gestual, o entoativo e editorial enquanto modi- � cadores do código linguístico. 9. Supõe-se pertinência ao contexto. 10. Abstrai-se iconias. 11. Abstrai-se alegorias, ironias, paráfrases, trocadilhos, etc. 12. Não se concebe a existência de locuções e frases feitas. 13. Supõe-se que o uso do discurso é comunicativo. Abstrai-se o uso expressivo, cerimonial. Admitindo essas premissas, o discurso será indecifrável, inin- teligível ou compreendido parcialmente toda vez que nele surgirem elipses, metáforas, metonímias, oxímoros, ironias, alegorias, anomalias, etc. Também passam despercebidas as conotações, as iconias, os modi� cadores gestuais, entoativos, editoriais, etc. Na verdade, não existe o leitor absolutamente ingênuo, que se comporte como uma máquina de ler, o que faz do conceito de leitura imediata apenas um pressuposto metodológico. O que existe são ocorrências eventuais que se aproximam de uma leitura imediata, como quando alguém toma o sentido literal pelo � gurado, quando não capta uma ironia ou � ca perplexo diante de um oxímoro. Há quem chame o discurso que admite leitura imediata de grau zero da escritura, identi� cando-a como uma forma mais primi- tiva de expressão. Esse grau zero não tem realidade, é apenas um pressuposto. Os recursos de Retórica são anteriores a ele. Sentido Preferencial Para compreender o sentido preferencial é preciso conceber o enunciado descontextualizado ou em contexto de dicioná- rio. Quando um enunciado é realizado em contexto muito ra- refeito, como é o contexto em que se encontra uma palavra no dicionário, dizemos que ela está descontextualizada. Nesta situação, o sentido preferencial é o que, na média, primeiro se impõe para o enunciado. Óbvio, o sentido que primeiro se im- põe para um receptor pode não ser o mesmo para outro. Por isso a de� nição tem de considerar o resultado médio, o que não impede que pela necessidade momentânea consideremos o signi� cado preferencial para dado indivíduo. Algumas regularidades podem ser observadas nos signi- � cados preferenciais. Por exemplo: o sentido preferencial da palavra porco costuma ser: “animal criado em granja para abate”, e nunca o de “indivíduo sem higiene”. Em outras pala- vras, geralmente o sentido que admite leitura imediata se impõe Língua Portuguesa 4 sobre o que teve origem em processos metafóricos, alegóricos, metonímicos. Mas esta regra não é geral. Vejamos o seguinte exemplo: “Um caminhão de cimento”. O sentido preferencial para a frase dada é o mesmo de “caminhão carregado com ci- mento” e não o de “caminhão construído com cimento”. Neste caso o sentido preferencial é o metonímico, o que contrapõe a tese que diz que o sentido “� gurado” não é o “primeiro signi� - cado da palavra”. Também é comum o sentido mais usado se impor sobre o menos usado. Para certos termos é difícil estabelecer o sentido preferen- cial. Um exemplo: Qual o sentido preferencial de manga? O de fruto ou de uma parte da roupa? 2. Interpretação de textos Cada vez mais, é comprovada a di� culdade dos estudantes, de qualquer idade, e para qualquer � nalidade de compreender o que se pede em textos, e também dos enunciados. Qual a importância de entender um texto? Quando se fala em texto, pensamos naqueles longos, com in- trodução, desenvolvimento e conclusão, onde depois temos que responder uma ou várias questões sobre ele. Na verdade, texto pode ser a questão em si, a leitura que fazemos antes de resolver o exercício. E como é possível cometer um erro numa simples leitura de enunciado? Mais fácil de acontecer do que se imagina. Se na hora da leitura, deixamos de prestar atenção numa só palavra, como uma “não”, já muda a interpretação. Veja a diferença: Qual opção abaixo não pertence ao grupo? Qual opção abaixo pertence ao grupo? Isso já muda totalmente a questão, e se o leitor está desatento, vai marcar a primeira opção que encontrar correta. Pode pa- recer exagero pelo exemplo dado, mas tenha certeza que isso acontece mais do que imaginamos, ainda mais na pressão da prova, tempo curto e muitas questões. Partindo desse princí- pio, se podemos errar num simples enunciado, que é um texto curto, imagine os erros que podemos cometer ao ler um texto maior, sem prestar devida atenção aos detalhes. É por isso que é preciso melhorar a capacidade de leitura e compreensão. A literatura é a arte de recriar através da língua escrita. Sendo assim, temos vários tipos de gêneros textuais, formas de escri- ta. Mas a grande di� culdade encontrada pelas pessoas é a in- terpretação de textos. Muitos dizem que não sabem interpretar, ou que é muito difícil. Se você tem pouca leitura, consequen- temente terá pouca argumentação, pouca visão, pouco ponto de vista e um grande medo de interpretar. A interpretação é o alargamento dos horizontes. E esse alargamento acontece justamente quando há leitura. Somos fragmentos de nossos escritos, de nossos pensamentos, de nossas histórias, muitas vezes contadas por outros. Quantas vezes você não leu algo e pensou: “Nossa, ele disse tudo que eu penso”. Com certeza, várias vezes. Temos aí a identi� cação de nossos pensamentos com os pensamentos dos autores, mas para que aconteça, pelo menos não tenha preguiça de pensar, re� etir, formar ideias e escrever quando puder e quiser. Tornar-se, portanto, alguém que escreve e que lê em nosso país é uma tarefa árdua, mas acredite,valerá a pena para sua vida futura. Mesmo que você diga que interpretar é difícil, você exercita isso a todo o momento. Exercita através de sua leitura de mundo. A todo e qualquer tempo, em nossas vidas, inter- pretamos, argumentamos, expomos nossos pontos de vista. Mas, basta o(a) professor(a) dizer “Vamos agora interpretar esse texto” para que as pessoas se calem. Ninguém sabe o que calado quer, pois ao se calar você perde oportunidades va- liosas de interagir e crescer no conhecimento. Perca o medo de expor suas ideias. Faça isso como um exercício diário e verá que antes que pense, o medo terá ido embora. Texto – é um conjunto de ideias organizadas e relacionadas entre si, formando um todo signi� cativo capaz de produzir in- teração comunicativa (capacidade de codi� car e decodi� car). Contexto – um texto é constituído por diversas frases. Em cada uma delas, há certa informação que a faz ligar-se com a anterior e/ou com a posterior, criando condições para a es- truturação do conteúdo a ser transmitido. A essa interligação dá-se o nome de contexto. Nota-se que o relacionamento entre as frases é tão grande, que se uma frase for retirada de seu contexto original e analisada separadamente, poderá ter um signi� cado diferente daquele inicial. Intertexto - comumente, os textos apresentam referências dire- tas ou indiretas a outros autores através de citações. Esse tipo de recurso denomina-se intertexto. Interpretação de Texto - o primeiro objetivo de uma interpre- tação de um texto é a identi� cação de sua ideia principal. A partir daí, localizam-se as ideias secundárias, ou fundamenta- ções, as argumentações ou explicações que levem ao esclare- cimento das questões apresentadas na prova. Normalmente, numa prova o candidato é convidado a: Identi� car - reconhecer os elementos fundamentais de uma argumentação, de um processo, de uma época (neste caso, procuram-se os verbos e os advérbios, os quais de� nem o tempo). Comparar - descobrir as relações de semelhança ou de dife- renças entre as situações do texto. Comentar - relacionar o conteúdo apresentado com uma rea- lidade, opinando a respeito. Resumir - concentrar as ideias centrais e/ou secundárias em um só parágrafo. Parafrasear - reescrever o texto com outras palavras. Exemplo Título do Texto Paráfrases “O Homem Unido” A integração do mundo. A integração da humanidade. A união do homem. Homem + Homem = Mundo. A macaca- da se uniu. (sátira) Condições Básicas para Interpretar – Faz-se necessário: 1. Conhecimento Histórico – literário (escolas e gêneros lite- rários, estrutura do texto), leitura e prática. 2. Conhecimento gramatical, estilístico (qualidades do texto) e semântico. Na semântica (signi� cado das palavras) in- cluem-se: homônimos e parônimos, denotação e conota- Língua Portuguesa 5 ção, sinonímia e antonímia, polissemia, � guras de lingua- gem, entre outros. 3. Capacidade de observação e de síntese. 4. Capacidade de raciocínio. Interpretar X Compreender Interpretar Significa Compreender Significa Explicar, comentar, julgar, tirar conclusões, deduzir. Tipos de enunciados: através do texto, infere-se que... é possível deduzir que... o autor permite concluir que... qual é a intenção do autor ao a� rmar que... Intelecção, entendimento, atenção ao que realmente está escrito. Tipos de enunciados: o texto diz que... é sugerido pelo autor que... de acordo com o texto, é correta ou errada a a� rmação... o narrador a� rma... Erros de Interpretação – É muito comum, mais do que se imagina, a ocorrência de erros de interpretação. Os mais frequentes são: 1. Extrapolação (viagem). Ocorre quando se sai do contexto, acrescentado ideias que não estão no texto, quer por co- nhecimento prévio do tema quer pela imaginação. 2. Redução. É o oposto da extrapolação. Dá-se atenção ape- nas a um aspecto, esquecendo que um texto é um con- junto de ideias, o que pode ser insu� ciente para o total do entendimento do tema desenvolvido. 3. Contradição. Não raro, o texto apresenta ideias contrárias às do candidato, fazendo-o tirar conclusões equivocadas e, consequentemente, errando a questão. Observação: Muitos pensam que há a ótica do escritor e a ótica do leitor. Pode ser que existam, mas numa prova de con- curso o que deve ser levado em consideração é o que o autor diz e nada mais. Coesão - é o emprego de mecanismo de sintaxe que relacio- nam palavras, orações, frases e/ou parágrafos entre si. Em outras palavras, a coesão dá-se quando, através de um pro- nome relativo, uma conjunção (nexos), ou um pronome oblíquo átono, há uma relação correta entre o que se vai dizer e o que já foi dito. São muitos os erros de coesão no dia a dia e, entre eles, está o mau uso do pronome relativo e do pronome oblíquo átono. Este depende da regência do verbo; aquele do seu ante- cedente. Não se pode esquecer também de que os pronomes relativos têm cada um valor semântico, por isso a necessidade de adequação ao antecedente. Os pronomes relativos são mui- to importantes na interpretação de texto, pois seu uso incorreto traz erros de coesão. – Assim sendo, deve-se levar em consideração que exis- te um pronome relativo adequado a cada circunstância, a saber: 1. Que (neutro) - relaciona-se com qualquer antecedente. Mas depende das condições da frase. 2. Qual (neutro) idem ao anterior. 3. Quem (pessoa). 4. Cujo (posse) - antes dele, aparece o possuidor e depois, o objeto possuído. 5. Como (modo). Onde (lugar). Quando (tempo). Quanto (montante). Exemplo: Falou tudo quanto queria (correto). Falou tudo que queria (errado - antes do que, deveria aparecer o demonstrativo o). Vícios de Linguagem – há os vícios de linguagem clássicos (barbarismo, solecismo, cacofonia...); no dia a dia, porém, exis- tem expressões que são mal empregadas. – Por força desse hábito cometem-se erros graves como: 1. “Ele correu risco de vida”, quando a verdade o risco era de morte. 2. “Senhor professor, eu lhe vi ontem”. Neste caso, o prono- me oblíquo átono correto é “o”. 3. “No bar: Me vê um café”. Além do erro de posição do pro- nome, há o mau uso. – Algumas dicas para interpretar um texto: 1. Leia bastante. Textos de diversas áreas, assuntos distin- tos nos trazem diferentes formas de pensar. 2. Pratique com exercícios de interpretação. Questões simples, mas que nos ajuda a ter certeza que estamos prestando atenção na leitura. 3. Cuidado com o “olho ninja”, aquele que quando damos conta, já está no � nal da página, e nem lembramos o que lemos no meio dela. Talvez seja hora de descansar um pou- co, ou voltar a leitura num ponto que estávamos prestando atenção, e reler. 4. Ative seu conhecimento prévio antes de iniciar o texto. Qualquer informação, mínima que seja, nos ajuda a com- preender melhor o assunto do texto. 5. Faça uma primeira leitura super� cial, para identi� car a ideia central do texto, e assim, levantar hipóteses e saber sobre o que se fala. 6. Leia as questões antes de fazer uma segunda leitura mais detalhada. Assim, você economiza tempo se no meio da leitura identi� car uma possível resposta. 7. Preste atenção nas informações não-verbais. Tudo que vem junto com o texto, é para ser usado ao seu favor. Por isso, imagens, grá� cos, tabelas, etc., servem para facilitar nossa leitura. 8. Use o texto. Rabisque, anote, grife, circule... en� m, procu- re a melhor forma para você, pois cada um tem seu jeito de resumir e pontuar melhor os assuntos de um texto. Além dessas dicas importantes, você também pode grifar pa- lavras novas, e procurar seu signi� cado para aumentar seu vo- cabulário, fazer atividades como caça-palavras, ou cruzadinhas são uma distração, mas também um aprendizado. Não se esqueça, além da prática da leitura aprimorar a compre- ensão do texto e ajudar a aprovação, ela também estimula nos- sa imaginação, distrai, relaxa, informa, educa, atualiza, melhora nosso foco, cria perspectivas, nos torna re� exivos, pensantes, além de melhorar nossa habilidadede fala, de escrita e de me- mória. Então, foco na leitura, que tudo � ca mais fácil! Organização do Texto e Ideia Central Um texto para ser compreendido deve apresentar ideias seletas e organizadas, através dos parágrafos, composto pela ideia central, argumentação e/ou desenvolvimento e a conclusão do texto. – Podemos desenvolver um parágrafo de várias formas: 1. Declaração inicial; 2. De� nição; 3. Divisão; 4. Alusão histórica. Serve para dividir o texto em pontos menores, tendo em vista os diversos enfoques. Convencionalmente, o parágrafo é indicado através da mudança de linha e um espaçamento da margem es- querda. Uma das partes bem distintas do parágrafo é o tópico fra- Língua Portuguesa 6 sal, ou seja, a ideia central extraída de maneira clara e resumida. Atentando-se para a ideia principal de cada parágrafo, assegura- mos um caminho que nos levará à compreensão do texto. Os Tipos de Texto – Basicamente, existem três tipos de texto: 1. Texto narrativo; 2. Texto descritivo; 3. Texto dissertativo. Cada um desses textos possui características próprias de construção, que pode ser estudado mais profundamente na tipologia textual. É comum encontrarmos queixas de que não sabem interpretar textos. Muitos têm aversão a exercícios nessa categoria. Acham monótono, sem graça, e outras vezes dizem: cada um tem o seu próprio entendimento do texto ou cada um interpreta a sua maneira. No texto literário, essa ideia tem algum fundamento, tendo em vista a linguagem conotativa, os símbolos criados, mas em texto não literário isso é um equívoco. Diante desse problema, seguem algumas dicas para você analisar, compre- ender e interpretar com mais pro� ciência. 1. Crie o hábito da leitura e o gosto por ela. Quando nós pas- samos a gostar de algo, compreendemos melhor seu fun- cionamento. Nesse caso, as palavras tornam-se familiares a nós mesmos. Não se deixe levar pela falsa impressão de que ler não faz diferença. Leia tudo que tenha vontade, com o tempo você se tornará mais seleto e perceberá que algumas leituras foram super� ciais e, às vezes, até ridícu- las. Porém elas foram o ponto de partida e o estímulo para se chegar a uma leitura mais re� nada. Existe tempo para cada momento de nossas vidas. 2. Seja curioso, investigue as palavras que circulam em seu meio. 3. Aumente seu vocabulário e sua cultura. Além da leitura, um bom exercício para ampliar o léxico é fazer palavras cruzadas. 4. Faça exercícios de sinônimos e antônimos. 5. Leia verdadeiramente. 6. Leia algumas vezes o texto, pois a primeira impressão pode ser falsa. É preciso paciência para ler outras vezes. Antes de responder as questões, retorne ao texto para sa- nar as dúvidas. 7. Atenção ao que se pede. Às vezes a interpretação está voltada a uma linha do texto e por isso você deve voltar ao parágrafo para localizar o que se a� rma. Outras vezes, a questão está voltada à ideia geral do texto. 8. Fique atento a leituras de texto de todas as áreas do co- nhecimento, porque algumas perguntas extrapolam ao que está escrito. Veja um exemplo disso: Texto: Pode dizer-se que a presença do negro representou sempre fa- tor obrigatório no desenvolvimento dos latifúndios coloniais. Os antigos moradores da terra foram, eventualmente, prestimosos colaboradores da indústria extrativa, na caça, na pesca, em deter- minados ofícios mecânicos e na criação do gado. Di� cilmente se acomodavam, porém, ao trabalho acurado e metódico que exige a exploração dos canaviais. Sua tendência espontânea era para as atividades menos sedentárias e que pudessem exercer- se sem regularidade forçada e sem vigilância e � scalização de estranhos. (Sérgio Buarque de Holanda, in Raízes) – Infere-se do texto que os antigos moradores da terra eram: a) os portugueses. b) os negros. c) os índios. d) tanto os índios quanto aos negros. e) a miscigenação de portugueses e índios. (Aquino, Renato. Interpretação de textos, 2ª edição. Rio de Janeiro: Impetus, 2003.) Resposta “C”. Apesar do autor não ter citado o nome dos ín- dios, é possível concluir pelas características apresentadas no texto. Essa resposta exige conhecimento que extrapola o texto. Tome cuidado com as vírgulas. Veja por exemplo a diferença de sentido nas frases a seguir: 1. Só, o Diego da M110 fez o trabalho de artes. 2. Só o Diego da M110 fez o trabalho de artes. 3. Os alunos dedicados passaram no vestibular. 4. Os alunos, dedicados, passaram no vestibular. 5. Marcão, canta Garçom, de Reginaldo Rossi. 6. Marcão canta Garçom, de Reginaldo Rossi. Explicações: 1. Diego fez sozinho o trabalho de artes. 2. Apenas o Diego fez o trabalho de artes. 3. Havia, nesse caso, alunos dedicados e não dedicados e passaram no vestibular somente os que se dedicaram, res- tringindo o grupo de alunos. 4. Nesse outro caso, todos os alunos eram dedicados. 5. Marcão é chamado para cantar. 6. Marcão pratica a ação de cantar. Leia o trecho e analise a a� rmação que foi feita sobre ele: “Sempre fez parte do desa� o do magistério administrar adoles- centes com hormônios em ebulição e com o desejo natural da idade de desa� ar as regras. A diferença é que, hoje, em muitos casos, a relação comercial entre a escola e os pais se sobrepõe à autoridade do professor”. Frase para análise. Desa� ar as regras é uma atitude própria do adolescente das es- colas privadas. E esse é o grande desa� o do professor moderno. - Não é mencionado que a escola seja da rede privada. - O desa� o não é apenas do professor atual, mas sempre fez parte do desa� o do magistério. Outra questão é que o gran- de desa� o não é só administrar os desa� os às regras, isso é parte do desa� o, há também os hormônios em ebulição que fazem parte do desa� o do magistério. - Atenção ao uso da paráfrase (reescrita do texto sem prejuízo do sentido original). - A paráfrase pode ser construída de várias formas, veja algumas delas: substituição de locuções por palavras; uso de sinônimos; mudança de discurso direto por indireto e vi- ce-versa; converter a voz ativa para a passiva; emprego de antonomásias ou perífrases (Rui Barbosa = A águia de Haia; o povo lusitano = portugueses). Observe a mudança de posição de palavras ou de expressões nas frases. Exemplos: - Certos alunos no Brasil não convivem com a falta de pro- fessores. - Alunos certos no Brasil não convivem com a falta de pro- fessores. - Os alunos determinados pediram ajuda aos professores. - Determinados alunos pediram ajuda aos professores. Explicações: - Certos alunos = qualquer aluno. Língua Portuguesa 7 - Alunos certos = aluno correto. - Alunos determinados = alunos decididos. - Determinados alunos = qualquer aluno. Questões 1. (MPE-SC – Promotor de Justiça – MPE-SC/2016) “A Família Schürmann, de navegadores brasileiros, chegou ao ponto mais distante da Expedição Oriente, a cidade de Xangai, na China. Depois de 30 anos de longas navegações, essa é a primeira vez que os Schürmann aportam em solo chinês. A negociação para ter a autorização do país começou há mais de três anos, quando a expedição estava em fase de planejamen- to. Essa também é a primeira vez que um veleiro brasileiro re- cebe autorização para aportar em solo chinês, de acordo com as autoridades do país.” (http://epoca.globo.com/vida/noticia/2015/03/bfamilia-schurmannb-navega-pe- la-primeira-vez-na-antartica.html) Para � car caracterizada a ideia de passado distante, a expres- são “há mais de três anos” deve ser reescrita: “há mais de três anos atrás”. ( ) Certo ( ) Errado Leia o texto e responda as questões 02, 03 e 05. Crônica Como o povo brasileiro é descuidado a respeito de alimen- tação! É o que exclamo depois de ler as recomendações de um nutricionista americano, o dr. Maynard. Diz este: “A apatia, ou indiferença, é uma das causas principais das die- tas inadequadas.” Certo, certíssimo. Ainda ontem, vi toda uma família nordestina estendida em uma calçada do centro da ci- dade, ali bem pertinho do restaurante Vendôme, mas apática,sem a menor vontade de entrar e comer bem. Ensina ainda o especialista: “Embora haja alimentos em quantidade su� cien- te, as estatísticas continuam a demonstrar que muitas pessoas não compreendem e não sabem selecionar os alimentos”. É isso mesmo: quem der uma volta na feira ou no supermercado vê que a maioria dos brasileiros compra, por exemplo, arroz, que é um alimento pobre, deixando de lado uma série de ali- mentos ricos. Quando o nosso povo irá tomar juízo? Doutrina ainda o nutricionista americano: “Uma boa dieta pode ser obti- da de elementos tirados de cada um dos seguintes grupos de alimentos: o leite constitui o primeiro grupo, incluindo-se nele o queijo e o sorvete”. Embora modestamente, sempre pensei também assim. No entanto, ali na praia do Pinto é evidente que as crianças estão desnutridas, pálidas, magras, roídas de verminoses. Por quê? Porque seus pais não sabem selecionar o leite e o queijo entre os principais alimentos. A solução lógica seria dar-lhes sorvete, todas as crianças do mundo gostam de sorvete. Engano: nem todas. Nas proximidades do Bob´s e do Morais há sempre bandos de meninos favelados que � cam só olhando os adultos que descem dos carros e devoram sorvetes enormes. Crianças apáticas, indiferentes. Citando ainda o ilus- tre médico: “A carne constitui o segundo grupo, recomendan- do-se dois ou mais pratos diários de bife, vitela, carneiro, gali- nha, peixe ou ovos”. Santo Maynard! Santos jornais brasileiros que divulgam as suas palavras redentoras! E dizer que o nosso povo faz ouvidos de mercador a seus ensinamentos, e continua a comer pouco, comer mal, às vezes até a não comer nada. Não sou mentiroso e posso dizer que já vi inúmeras vezes, aqui no Rio, gente que prefere vasculhar uma lata de lixo a entrar em um restaurante e pedir um � lé à Chateaubriand. O dr. Maynard decerto � caria muito aborrecido se visse um ser humano esco- lher tão mal seus alimentos. Mas nós sabemos que é por causa dessas e outras que o Brasil não vai pra frente. CAMPOS, Paulo Mendes. De um caderno cinzento. São Paulo: Companhia das Letras, 2015. p. 40-42. 2. (Prefeitura do Rio de Janeiro – RJ Assistente Adminis- trativo - Prefeitura do Rio de Janeiro– RJ/2016) O gênero crônica, em que se enquadra o texto, é frequentemen- te escrito em primeira pessoa e re� ete, muitas vezes, o posicio- namento pessoal de seu autor. Pode-se a� rmar que, na crônica de Paulo Mendes Campos, o “eu” que fala: a) confunde-se com o autor, tecendo críticas ao dr. Maynard b) distingue-se do autor, mostrando-se crítico e perspicaz c) distingue-se do autor, mostrando-se ingênuo e alienado d) confunde-se com o autor, valorizando a divulgação cientí- � ca pelos jornais 3. (Prefeitura do Rio de Janeiro – RJ Assistente Adminis- trativo - Prefeitura do Rio de Janeiro– RJ/2016) Pode-se a� rmar que o texto de Paulo Mendes Campos é argu- mentativo, uma vez que se caracteriza por: a) encadear fatos que envolvem personagens b) tentar convencer o leitor da validade de uma ideia c) caracterizar a composição de ambientes e de seres vivos d) oferecer instruções para o destinatário praticar uma ação 4. (Prefeitura do Rio de Janeiro – RJ Assistente Adminis- trativo - Prefeitura do Rio de Janeiro – RJ/2016) Em “Doutrina ainda o nutricionista americano...”, a palavra em destaque pode ser substituída, sem prejuízo do sentido, por: a) adestra, amestra, amansa b) educa, corrige, repreende c) catequiza, converte d) formula, ensina 5. Prefeitura de Chapecó – SC – Engenheiro de Trânsito – IOBV/2016) Por Jonas Valente*, especial para este blog. A Comissão Parlamentar de Inquérito sobre Crimes Ciberné- ticos da Câmara dos Deputados divulgou seu relatório � nal. Nele, apresenta proposta de diversos projetos de lei com a justi� cativa de combater delitos na rede. Mas o conteúdo des- sas proposições é explosivo e pode mudar a Internet como a conhecemos hoje no Brasil, criando um ambiente de censura na web, ampliando a repressão ao acesso a � lmes, séries e ou- tros conteúdos não o� ciais, retirando direitos dos internautas e transformando redes sociais e outros aplicativos em máquinas de vigilância. Não é de hoje que o discurso da segurança na Internet é usa- do para tentar atacar o caráter livre, plural e diverso da Internet. Como há di� culdades de se apurar crimes na rede, as soluções buscam criminalizar o máximo possível e transformar a navega- ção em algo controlado, violando o princípio da presunção da inocência previsto na Constituição Federal. No caso dos crimes contra a honra, a solução adotada pode ter um impacto trágico para o debate democrático nas redes sociais – atualmente tão importante quanto aquele realizado nas ruas e outros locais da vida off line. Além disso, as propostas mutilam o Marco Civil da Internet, lei aprovada depois de amplo debate na sociedade e que é referência internacional. (*BLOG DO SAKAMOTO, L. 04/04/2016) Após a leitura atenta do texto, analise as a� rmações feitas: I. O jornalista Jonas Valente está fazendo um elogio à visão equilibrada e vanguardista da Comissão Parlamentar que legisla sobre crimes cibernéticos na Câmara dos Deputa- dos. Língua Portuguesa 8 II. O Marco Civil da Internet é considerado um avanço em todos os sentidos, e a referida Comissão Parlamentar está querendo cercear o direito à plena execução deste marco. III. Há o temor que o acesso a � lmes, séries, informações em geral e o livre modo de se expressar venham a sofrer cen- sura com a nova lei que pode ser aprovada na Câmara dos Deputados. IV. A navegação na internet, como algo controlado, na visão do jornalista, está longe de se concretizar através das leis a serem votadas no Congresso Nacional. V. Combater os crimes da internet com a censura, para o jornalista, está longe de ser uma estratégia correta, sendo mesmo perversa e manipuladora. Assinale a opção que contém todas as alternativas corretas. a) I, II, III. b) II, III, IV. c) II, III, V. d) II, IV, V. Respostas 01. Errado O verbo haver já contém a ideia de passado. A adição do termo “atrás” caracteriza pleonasmo. 02. (C) Dentro da crônica existe o “ o Eu” introduzido pelo Autor Paulo Mendes Diferença: “o Eu” se mostra ingênuo (Aquele que é inocente, sincero, sim- ples.) e alienado (1-Cedido a outro dono, ou o que enlouque- ceu, 2-vendido.) Um exemplo é quando ele diz: “É o que exclamo depois de ler as recomendações de um nutricionista americano, o dr. Maynard” O autor não se mostra ingênuo e nem alienado, uma vez que, ele mesmo é quem escreve a Crônica. 03. (B) São características de textos: encadear fatos que envolvem personagens - NARRATIVO tentar convencer o leitor da validade de uma ideia - DISSERTA- TIVO ARGUMENTATIVO caracterizar a composição de ambientes e de seres vivos - DESCRITIVO oferecer instruções para o destinatário praticar uma ação - IN- JUNÇÃO/ INSTRUCIONAL 04. (D) Doutrina = conjunto coerente de ideias fundamentais a serem transmitidas, ensinadas. 05. (C) Sentido Literal e Sentido Não Literal Literal é o sentido da palavra interpretada ao pé da letra, isto é, de acordo com o sentido geral que ela tem na maioria dos contextos em que ocorre. É o sentido próprio da palavra. Exemplo: “Uma pedra no meio da rua foi a causa do acidente.” A palavra “pedra” aqui está usada em sentido literal. Não Literal é o sentido da palavra desviado do usual, isto é, aquele que se distancia do sentido próprio e costumeiro. Exemplo: “As pedras atiradas pela boca ferem mais do que as atiradas pela mão.” “Pedras”, nesse contexto, não está indicando o que usualmen- te indica, mas um insulto, uma ofensa produzida pela boca. Ampliação de Sentido Fala-se em ampliação de sentido quando a palavra passa a designar uma quantidade mais ampla de objetos ou noções do que originariamente. “Embarcar”, por exemplo, que originariamente era usada para designar o ato de viajar em um barco, ampliou consideravel- mente o sentido e passou a designar a ação de viajar em ou- tros veículos.Hoje se diz, por ampliação de sentido, que um passageiro: - embarcou num ter. - embarcou no ônibus das dez. - embarcou no avião da força aérea. - embarcou num transatlântico. “Alpinista”, na origem, era usado para indicar aquele que esca- la os Alpes (cadeia montanhosa europeia). Depois, por amplia- ção de sentido, passou a designar qualquer tipo de praticante do esporte de escalar montanhas. Restrição de Sentido Ao lado da ampliação de sentido, existe o movimento inverso, isto é, uma palavra passa a designar uma quantidade mais res- trita de objetos ou noções do que originariamente. É o caso, por exemplo, das palavras que saem da língua geral e passam a ser usadas com sentido determinado, dentro de um universo restrito do conhecimento.A palavra aglutinação, por exemplo, na nomenclatura gramatical, é bom exemplo de especialização de sentido. Na língua geral, ela signi� ca qualquer junção de elementos para formar um todo, porém em Gramática designa apenas um tipo de formação de palavras por composição em que a junção dos elementos acarreta alteração de pronúncia, como é o caso de pernilongo (perna + longa). Se não houver alteração de pronúncia, já não se diz mais aglu- tinação, mas justaposição. A palavra Pernalonga, por exemplo, que designa uma personagem de desenhos animados, não se formou por aglutinação, mas por justaposição. Em linguagem cientí� ca é muito comum restringir-se o signi� - cado das palavras para dar precisão à comunicação. A palavra girassol, formada de gira (do verbo girar) + sol, não pode ser usada para designar, por exemplo, um astro que gira em torno do Sol: seu sentido sofreu restrição, e ela serve para designar apenas um tipo de � or que tem a propriedade de acompanhar o movimento do Sol. Há certas palavras que, além do signi� cado explícito, contêm outros implícitos (ou pressupostos). Os exemplos são muitos. É o caso do adjetivo outro, por exem- plo, que indica certa pessoa ou coisa, pressupondo necessa- riamente a existência de ao menos uma além daquela indicada. Prova disso é que não faz sentido, para um escritor que nunca lançou um livro, dizer que ele estará autografando seu outro livro. O uso de outro pressupõe necessariamente ao menos um livro além daquele que está sendo autografado. Língua Portuguesa 9 Questões 1. (PC-CE – Delegado de Polícia Civil – VUNESP/2015) A morte do narrador Recentemente recebi um e-mail de uma leitora perguntando a razão de eu ter, segundo ela, uma visão tão dura para com os idosos. O motivo da sua pergunta era eu ter dito, em uma de minhas colunas, que hoje em dia não existiam mais vovôs e vo- vós, porque estavam todos na academia querendo parecer com seus netos. Claro, minha leitora me entendeu mal. Mas o fato de ela ter me entendido mal, o que acontece com frequência quando se discute o tema da velhice, é comum, principalmente porque o próprio termo “velhice” já pede sinônimos politicamente corre- tos, como “terceira idade”, “melhor idade”, “maturidade”, entre outros. Uma característica do politicamente correto é que, quando ele se manifesta num uso linguístico especí� co, é porque esse uso se refere a um conceito já considerado como algo ruim. A mar- ca essencial do politicamente correto é a hipocrisia articulada como gesto falso, ideias bem comportadas. Voltando à velhice. Minha leitora entendeu que eu dizia que idosos devem se afundar na doença, na solidão e no abando- no, e não procurar ser felizes. Mas, quando eu dizia que eles estão fugindo da condição de avós, usava isso como metáfo- ra da mentira (politicamente correta) quanto ao medo que te- mos de afundar na doença, antes de tudo psicológica, devido ao abandono e à solidão, típicos do mundo contemporâneo. Minha crítica era à nossa cultura, e não às vítimas dela. Ela cultua a juventude como padrão de vida e está intimamente associada ao medo do envelhecimento, da dor e da morte. Sua opção é pela “negação”, traço de um dos sintomas neuróticos descritos por Freud. Walter Benjamim, � lósofo alemão do século XX, dizia que na modernidade o narrador da vida desapareceu. Isso quer dizer que as pessoas encarregadas, antigamente, de narrar a vida e propor sentido para ela perderam esse lugar. Hoje os mais velhos querem “aprender” com os mais jovens (aprender a amar, se relacionar, comprar, vestir, viajar, estar nas redes so- ciais). Esse fenômeno, além de cruel com o envelhecimento, é também desorganizador da própria juventude. Ouço cotidiana- mente, na sala de aula, os alunos demonstrarem seu desprezo por pais e mães que querem aprender a viver com eles. Alguns elementos do mundo moderno não ajudam a combater essa desvalorização dos mais velhos. As ferramentas de infor- mação, normalmente mais acessíveis aos jovens, aumentam a percepção negativa dos mais velhos diante do acúmulo de conhecimento posto a serviço dos consumidores, que ques- tionam as “verdades constituídas do passado”. A própria es- trutura sobre a qual se funda a experiência moderna – ciência, técnica, superação de tradição – agrava a invisibilidade dos mais velhos. Em termos humanos, o passado (que “nada” ser- ve ao mundo do progresso) tem um nome: idoso. En� m, resta aos vovôs e vovós ir para a academia ou para as redes sociais. (Luiz Felipe Pondé, Somma, agosto 2014, p. 31. Adaptado) O termo empregado com sentido � gurado está em destaque na seguinte passagem do texto: a) Mas o fato de ela ter me entendido mal, o que acontece com frequência quando se discute o tema da velhice… (se- gundo parágrafo). b) O motivo da sua pergunta era eu ter dito, em uma de mi- nhas colunas, que hoje em dia não existiam mais vovôs e vovós… (primeiro parágrafo). c) Walter Benjamim, � lósofo alemão do século XX, dizia que na modernidade o narrador da vida desapareceu. (penúlti- mo parágrafo). d) A própria estrutura sobre a qual se funda a experiência mo- derna – ciência, técnica, superação de tradição – agrava a invisibilidade dos mais velhos. (último parágrafo). e) Minha leitora entendeu que eu dizia que idosos devem se afundar na doença, na solidão e no abandono… (quarto parágrafo). 2. (PC-CE – Escrivão de Polícia Civil – VUNESP/2015) Ficção universitária Os dados do Ranking Universitário publicados em setembro de 2013 trazem elementos para que tentemos desfazer o mito, que consta da Constituição, de que pesquisa e ensino são in- dissociáveis. É claro que universidades que fazem pesquisa tendem a reunir a nata dos especialistas, produzir mais ino- vação e atrair os alunos mais quali� cados, tornando-se assim instituições que se destacam também no ensino. O Ranking Universitário mostra essa correlação de forma cris- talina: das 20 universidades mais bem avaliadas em termos de ensino, 15 lideram no quesito pesquisa (e as demais estão re- lativamente bem posicionadas). Das 20 que saem à frente em inovação, 15 encabeçam também a pesquisa. Daí não decorre que só quem pesquisa, atividade estupidamente cara, seja ca- paz de ensinar. O gasto médio anual por aluno numa das três universidades estaduais paulistas, aí embutidas todas as despesas que con- tribuem direta e indiretamente para a boa pesquisa, incluindo inativos e aportes de Fapesp, CNPq e Capes, é de R$ 46 mil (dados de 2008). Ora, um aluno do ProUni custa ao governo algo em torno de R$ 1.000 por ano em renúncias � scais. Não é preciso ser um gênio da aritmética para perceber que o país não dispõe de recursos para colocar os quase sete milhões de universitários em instituições com o padrão de investimento das estaduais paulistas. E o Brasil precisa aumentar rapidamente sua população universitária. Nossa taxa bruta de escolarização no ní- vel superior beira os 30%, contra 59% do Chile e 63% do Uruguai. Isso para não mencionar países desenvolvidos como EUA (89%) e Finlândia (92%). Em vez de insistir na � cção constitu- cional de que todas as universidades do país precisam dedicar- -se à pesquisa, faria mais sentido aceitar o mundo como ele é e distinguir entre instituiçõesde elite voltadas para a produção de conhecimento e as que se destinam a difundi-lo. O Brasil tem necessidade de ambas. (Hélio Schwartsman. Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br, 10.09.2013. Adaptado) Assinale a alternativa em que a expressão destacada é empre- gada em sentido � gurado. a) ... universidades que fazem pesquisa tendem a reunir a nata dos especialistas... b) Os dados do Ranking Universitário publicados em setem- bro de 2013... c) Não é preciso ser um gênio da aritmética para perceber que o país não dispõe de recursos... d) ... das 20 universidades mais bem avaliadas em termos de ensino... e) ... todas as despesas que contribuem direta e indiretamen- te para a boa pesquisa... 3. (TJ-SP – Escrevente Técnico Judiciário – VUNESP/2014) Leia o texto para responder a questão. Um pé de milho Língua Portuguesa 10 Aconteceu que no meu quintal, em um monte de terra trazido pelo jardineiro, nasceu alguma coisa que podia ser um pé de capim – mas descobri que era um pé de milho. Transplantei-o para o exíguo canteiro na frente da casa. Secaram as pequenas folhas, pensei que fosse morrer. Mas ele reagiu. Quando estava do tamanho de um palmo, veio um amigo e declarou desdenho- samente que na verdade aquilo era capim. Quando estava com dois palmos veio outro amigo e a� rmou que era cana. Sou um ignorante, um pobre homem da cidade. Mas eu tinha razão. Ele cresceu, está com dois metros, lança as suas folhas além do muro – e é um esplêndido pé de milho. Já viu o leitor um pé de milho? Eu nunca tinha visto. Tinha visto centenas de milharais – mas é diferente. Um pé de milho sozinho, em um anteiro, espremido, junto do portão, numa esquina de rua – não é um número numa lavoura, é um ser vivo e independente. Suas raízes roxas se agarra mão chão e suas folhas longas e verdes nunca estão imóveis. Anteontem aconteceu o que era inevitável, mas que nos encantou como se fosse inesperado: meu pé de milho pen- doou. Há muitas � ores belas no mundo, e a � or do meu pé de milho não será a mais linda. Mas aquele pendão � rme, vertical, beijado pelo vento do mar, veio enriquecer nosso canteirinho vulgar com uma força e uma alegria que fazem bem. É alguma coisa de vivo que se a� rma com ímpeto e cer- teza. Meu pé de milho é um belo gesto da terra. E eu não sou mais um medíocre homem que vive atrás de uma chata máquina de escrever: sou um rico lavrador da Rua Júlio de Castilhos. (Rubem Braga. 200 crônicas escolhidas, 2001. Adaptado) Assinale a alternativa em que, nas duas passagens, há termos empregados em sentido � gurado. a) ... beijado pelo vento do mar (3º §) / Meu pé de milho é um belo gesto da terra. (3º §) b) Mas ele reagiu. (1º §) / na verdade aquilo era capim. (1º §) c) Secaram as pequenas folhas... (1º §) / Sou um ignorante (2º §) d) Ele cresceu, está com dois metros... (2º §) / Tinha visto centenas de milharais. (2º §) e) ... lança as suas folhas além do muro... (2º §) / Há muitas � ores belas no mundo (3º §) 4. (IF-SC – Técnico de Laboratório – IF-SC/2014) Assinale a opção em que NÃO há palavra usada em sentido conotativo. a) Tuas atitudes são o espelho do teu caráter. b) Regras podem ser estabelecidas para uma convivência pací� ca. c) Pipocavam palavras no texto, como se fossem rabiscos coloridos do próprio pensamento d) Choviam risadas naquela peça de humor. e) A sabedoria abre as portas do conhecimento. Respostas 1. D O sentido � gurado ou conotativo, é aquele em que se atribui à palavra ou expressão, um sentido ampliado, diferente do sen- tido literal/usual. d) A palavra “Indivisibilidade” foi usada com o sentido de “iso- lamento”, “exclusão” e, portanto, é o gabarito. 2. A nata:na.ta sf (lat matta) 1 Camada que se forma à superfície do leite; creme. 2 A melhor parte de qualquer coisa, o que há de melhor; a � na � or, o escol. N. da terra: nateiro; terra fértil. 3. A ... beijado pelo vento do mar (3º §) / Meu pé de milho é um belo gesto da terra. (3º §) Mas aquele pendão � rme, vertical, beijado pelo vento do mar, (que o vento bate no pé de milho) veio enriquecer nosso can- teirinho vulgar com uma força e uma alegria que fazem bem. É alguma coisa de vivo que se a� rma com ímpeto e certeza. Meu pé de milho é um belo gesto da terra. (Como nasce da terra, para o autor parece um presente desta). Sentido � gurado: A palavra tem valor conotativo quando seu signi� cado é ampliado ou alterado no contexto em que é em- pregada, sugerindo ideias que vão além de seu sentido mais usual. 4. B a) Atitudes são o espelho; b) CERTA; c) Pipocavam palavras no texto; d) Choviam risadas; e) Sabedoria abre as portas Inferências Com o advento das novas tecnologias a leitura e interpretação de textos ganham novos signi� cados e dimensões. Se antes liam-se somente textos literários, hoje é possível encontrar uma imensa gama de diferentes tipos de textos. Assim, o exer- cício da leitura demanda cada vez mais o levantamento de hi- póteses, comparações, associações e inferências. De acordo com o dicionário Houaiss o termo “inferir” signi� ca: concluir pelo raciocínio, a partir de fatos, indícios; deduzir. No contexto de interpretação de textos, a inferência enquadra-se na ação de analisar as informações implícitas e explícitas com o intuito de alcançar conclusões. Segue abaixo uma ilustração para análise exempli� cação. Na imagem há uma combinação de linguagem verbal e não verbal, juntas elas fornecem o insumo necessário para o bom entendimento e compreensão da temática. Em uma leitura super� cial, uma leitura sem inferências, o leitor poderia cair no erro de não perceber a intenção real do autor, a denúncia sobre a violência. Portanto, para realizar uma boa in- terpretação é necessário atentar-se aos detalhes e fazer certos questionamentos como: Língua Portuguesa 11 - Por que o Cristo Redentor sente-se “incomodado” e “ex- posto a riscos”? - O que signi� cam as balas que o cercam por todos os lados? - Por que o Cristo Redentor está usando colete à prova de balas? A partir de questionamentos como os citados acima é possível adentrar no contexto social, Rio de Janeiro violento, que ins- taura críticas e denúncias a determinada realidade. Portanto, ao inferir, o leitor é capaz de constatar os detalhes ocultos que transformam a leitura simples em uma leitura re� exiva. Questões 1. (Pref. De Teresina/PI – Professor Português – NUCE- PE/2016) Segundo o Inaf (Indicador de Alfabetismo Funcional), analfa- beto funcional é aquele que, mesmo sabendo ler e escrever frases simples, não possui as habilidades necessárias para satisfazer as demandas do seu dia a dia e se desenvolver pessoal e pro� ssionalmente. De acordo com as teorias de compreensão como atividade inferencial, compreender o texto é, essencialmente, uma atividade de relacionar conhecimentos, experiências e ações em um movimento interativo e negociado. Concebendo a compreensão como processo, a leitura realiza- -se a partir de diferentes horizontes. Nesse sentido, é correto a� rmar que o processo inferencial está: a) no horizonte máximo da leitura. b) no horizonte mínimo da leitura. c) na falta de horizonte da leitura. d) no horizonte problemático da leitura. e) no horizonte indevido da leitura. 2. (SEDU/ES – Professor – Língua Portuguesa – FCC/2016) Ensinar o leitor-aluno a � xar objetivos e a ter estratégias de leitura, de modo a perceber que essa depende da articulação de várias partes que formam um todo. É, então, um pressuposto metodoló- gico a ser considerado. O leitor está inserido num contexto e preci- sa considerar isso para compreender os textos escritos. Em sala de aula, con� guram-se como estratégias de preparação para a leitura as ações de descobrir conhecimentos prévios dos alunos, discutir o vocabulário do texto, explorar a seleção do tema do texto, do assunto tratado, levantar palavras-chave ligadas a esse tema/as- sunto, e exercitar inferências sobre o texto. (Espírito Santo (Estado). Secretaria da Educação. Ensino fundamental:anos � nais: área de Linguagens e Códigos / Secretaria da Educação. Vitória: SEDU, 2009, p. 69. v.1) O ato de “exercitar inferências sobre o texto” pressupõe de- senvolver atividades pedagógicas que permitam ao leitor-aluno a) destacar o que é do seu interesse no texto. b) localizar informações explícitas no texto. c) apreender informações implícitas no texto. d) produzir novo texto com base no texto lido. e) ler em voz alta o texto de leitura. 3. (AL-GO - Analista Legislativo - Analista de Redes e Co- municação de Dados – CS-UFG/2015) A armadilha da aceitação Existe um lugar quentinho e cômodo chamado aceitação. Olhando de longe, parece agradável. Mais do que isso, é absolutamente tentador: os que ali repousam parecem con- fortáveis, acolhidos, até mesmo com um senso de poder, como se estivessem tirando um cochilo plácido debaixo das asas de um dragão. “Elas estão por cima”, é o que se pensa de quem encontrou seu espacinho sob a aba da aceitação. Porém, é preciso ba- talhar para ter um espaço ali. Esse dragão não aceita qualquer um; e sua aceitação, como tudo nesta vida, tem um preço. Para ser aceita, em primeiro lugar, você não pode querer des- truir esse dragão. Óbvio. Você não pode atacá-lo, você não pode ridicularizá-lo, você não pode falar para outras pessoas o quanto seus dentes são perigosos, você não pode sequer fazer perguntas constrangedoras a ele. Faça qualquer uma dessas coisas e você estará para sempre riscada da lista VIP da aceitação. Ou, talvez, se você se humi- lhar o su� ciente, ele consiga se esquecer de tudo o que você fez e reconsidere o seu pedido por aceitação. A melhor coisa que você pode fazer para conseguir aceitação é atacar as pessoas que querem destruir o generoso distribuidor deste privilégio. Uma boa forma de fazer isso é ridicularizando- -as, e pode ser bem divertido � ngir que esse dragão sequer existe, embora ele seja algo tão monstruosamente gigante que é quase como se sua existência estivesse sendo esfregada em nossas caras. Reforçar o discurso desse dragão, ainda que você não saiba muito bem do que está falando, é o passo mais importante que você pode dar em direção à tão esperada aceitação. Reproduzir esse discurso é bem simples: basta que a men- sagem principal seja deixar tudo como está e há várias formas de se dizer isso, das mais rudimentares e manjadas às mais ela- boradas e inovadoras. Não dá pra reclamar de falta de opção. Pode ter certeza que o dragão da aceitação dará cambalhotas de felicidade. Nada o agrada mais do que ver gente impedindo que as coisas mudem. Uma vez aceita, você estará cercada de outras pessoas tão le- gais quanto você, todas acolhidas nesse lugar quentinho cha- mado aceitação. Ali, você irá acomodar a sua visão de mundo, como quem coloca óculos escuros para relaxar a vista, e irá assistir numa boa às pessoas se dando mal lá fora. É claro que elas só estão se dando tão mal por causa do tal dragão; mas se você não pode derrotá-lo, una-se a ele, não é o que dizem? O que ninguém diz quando você tenta a todo custo ser aceita é que nem isso torna você imune. Ser aceita não é garantia nenhuma de ser poupada. Você pode tentar agradar ao dragão, você pode caprichar na reprodução e perpetuação do discurso que o mantém acoco- rado sobre este mundo, você pode até se estirar no chão para se fazer de tapete de boas-vindas, mas nada disso irá adiantar, especialmente porque esse discurso só foi feito para destruir você. E aí é que a aceitação se revela como uma armadilha. Tudo o que você faz para ser aceita por aquilo que es- maga as outras sem dó só serve para deixar você mais perto da boca cheia de dentes que ainda vai te mastigar e te cuspir para fora. Pode demorar, mas vai. Porque só tem uma coisa que esse dragão realmente aceita: dominar e oprimir. Então, se ele sorrir para você, não se engane: ele não está te aceitando. Está apenas mostrando os dentes que vai usar para fazer você em pedaços depois. VALEK, Aline. Disponível em: < http://www.cartacapital.com.br/blogs/escri- to- rio-feminista/a-armadilha-da-aceitacao-4820.html >. Acesso: 13 fev. 2015. (Adaptado). No texto, o uso das palavras “aceita” e “riscada”, no feminino, conduz à inferência de que: Língua Portuguesa 12 a) a forma nominal dessas palavras se restringe à � exão no feminino b) essas palavras concordam em gênero com palavras a que se referem. c) os interlocutores imediatos do texto são do sexo feminino. d) tais palavras concordam com o sexo da escritora do texto. 4. 04. (IF/RJ – Administrador – BIO-RIO/2015) Saltando as muralhas da Europa De um lado está a Europa da abundância econômica e da esta- bilidade política. De outro, além do Mediterrâneo, uma extensa faixa assolada pela pobreza e por violentos con� itos. O pre- cário equilíbrio rompeu-se de uma vez com o agravamento da guerra civil na Síria. Da Síria, mas também do Iraque e do Afega- nistão, puseram-se em marcha os refugiados. Atrás deles, ou junto com eles, marcham os migrantes econômicos da África e da Ásia. No maior � uxo migratório desde a Segunda Guerra Mundial, os desesperados e os deserdados saltam as muralhas da União Europeia. Muralhas? Em tempos normais, os portais da União Europeia estão abertos para os refugiados, mas fechados para os imi- grantes. Não vivemos tempos normais. Os países da Europa Centro-Oriental, Hungria à frente, fazem eco à xenofobia da extrema-direita, levantando as pontes diante dos refugiados. Vergonhosamente, a Grã-Bretanha segue tal exemplo, ainda que com menos impudor. A Alemanha, seguida hesitantemente pela França, insiste num outro rumo, baseado na lógica demográ� ca e nos princípios humanitários. Angela Merkel explica a seus parceiros que a Eu- ropa precisa agir junta para passar num teste ainda mais difícil que o da crise do euro. “O futuro da União Europeia será mol- dado pelo que � zermos agora, alerta a primeira-ministra alemã. (Mundo, outubro 2015) De alguns segmentos do texto o leitor pode fazer uma série de inferências. A inferência inadequada do segmento “O precário equilíbrio rompeu-se de uma vez com o agravamento da guerra civil na Síria” é: a) já havia uma guerra civil na Síria há algum tempo. b) existia um tênue equilíbrio nas tensões da região. c) haviam ocorrido rompimentos em países do local referido. d) a guerra civil na Síria envolvia outros países vizinhos. e) um con� ito interno de um país pode afetar nações próxi- mas. 5. (EBSERH – Advogado - Instituto AOCP/2015) [...] a alegria Seu sintoma mais bonito é nos jogar para fora, de encontro ao mundo e a nós mesmos IVAN MARTINS A alegria vem de dentro ou de fora de nós? A pergunta me ocorre no meio de um bloco de carnaval, en- quanto berro os versos imortais de Roberto Carlos, cantados em ritmo de samba: “Eu quero que você me aqueça neste in- verno, e que tudo mais vá pro inferno”. Estou contente, claro. Ao meu redor há um grupo de amigos e uma multidão ruidosa e colorida. Ainda assim, a resposta so- bre a alegria me ilude. Meu coração sorri em resposta a essa festa ou acha nela apenas um eco do seu próprio e inesperado contentamento? Embora simples, a pergunta não é trivial. Se sou capaz de achar em mim a alegria, a vida será uma. Se ela precisa ser buscada fora, permanentemente, será outra, provavelmente pior. Penso no amor, fonte permanente de júbilo e apreensão. Quando ele nos é subtraído, instala-se em nós uma tristeza sem tamanho e sem � m, que tem o rosto de quem nos deixou. Ela vem de fora, nos é imposta pelas circunstâncias, mas tor- na-se parte de nós. Um luto encarnado. Um milhão de carna- vais seriam incapaz de iluminar a escuridão dessa noite se não houvesse, dentro de nós, alguma fonte própria de alegria. Nem estaríamos na rua, se não fosse por ela. Nem nos animaríamos a ver de perto a multidão. Ficaríamos em casa, esmagados por nossa tristeza, remoendo os detalhes do que não mais existe. Ao longe, ouviríamos a batucada, e ela nos pareceria remota e alheia. Nossa alegria existe,entretanto. Por isso somos capazes de cantar e dançar quando o destino nos atinge. Nossa alegria se manifesta como força e teimosia: ela nos põe de pé quando nem sairíamos da cama. Ela se expõe como esperança: acreditamos que o mundo nos trará algo melhor esta manhã; quem sabe esta noite; domingo, talvez. Ela nos torna sensível à beleza da mulher estranha, ao sorriso feliz do amigo, à conversa simpática de um vizinho, aos problemas do colega de trabalho. Nossa alegria cria interesse pelo mundo e nos faz perceber que ele também se interessa por nós. Por mínima que seja, essa fonte de luz e energia é su� ciente para dar a largada e começar do zero. Um dia depois do outro. Todos os dias em que seja necessário. Quando se está por baixo, muito caído, não é fácil achar o interruptor da nossa alegria. A gente tem a sensação de que alegria se extinguiu e com ela o nosso desejo de transar e de viver, que costumam ser a mesma coisa. Mas a alegria está lá - feita de boas memórias, do amor que nos deram, do carinho que a gente deu aos outros. Existe como presença abstrata, mas calorosa, que nos dirige aos outros, que nos faz olhar para fora. É isso a alegria: algo de dentro que nos leva ao mundo e nos permite o gozo e a reconhecimento de nós mesmos, no rosto do outro. Empatia e simpatia. Amor. Se a alegria vem de dentro ou de fora? De dentro, claro. Mas seu sintoma mais bonito é nos jogar para fora, de encontro à música e à dança do mundo, ao encontro de nós mesmos. Adaptado de http://epoca.globo.com/colunas-e-blogs/ivan-martins/noti- cia/2015/02/dentro-de-nos-balegriab.html Em relação ao texto, é correto a� rmar que: a) somente por meio de inferência é possível concluir que o questionamento inicial do texto é respondido. b) não há elementos linguísticos no texto que comprovem a resposta ao questionamento inicial que o autor faz. c) o questionamento inicial não é respondido no decorrer do tex- to, propositalmente, � cando como uma re� exão para o leitor. d) no texto o autor responde explicitamente seu questiona- mento inicial. e) não é possível, durante a leitura, de� nir se o questiona- mento inicial do texto é respondido. Respostas 01. A Questão parece difícil pois a redação não é muito boa. Pergun- tando da seguinte forma � ca mais fácil de entender: “É possível fazer uma conclusão ou uma dedução do texto a partir de”...viu, � cou mais fácil achar a resposta. Torna-se óbvio que só podemos deduzir um texto quando le- mos o máximo de seu argumento. Língua Portuguesa 13 02. C Inferir signi� ca adivinhar, levantar hipóteses sobre determinado assunto. É isso que o aluno fará com o texto. 03. C Interlocutor, signi� ca cada uma das pessoas que participam de uma conversa, de um diálogo. E estas palavras estão no feminino. 04 D GUERRA CIVIL subentende CONFLITOS INTERNOS, logo, pode-se inferir que “a guerra civil na Síria NÃO envolvia ou- tros países vizinhos”. A alternativa “D” não apresenta este entendimento. A inferência inadequada é dizer que “a guerra civil na Síria en- volvia outros países vizinhos”. 05. D Se a alegria vem de dentro ou de fora? De dentro, claro. Ponto de Vista do Autor O Ponto de Vista na literatura é o ângulo sob o qual o autor irá narrar sua trama. Existem três formas básicas de mostrar uma narração: primeira pessoa, segunda pessoa e terceira pessoa. Primeira pessoa Quando um personagem narra a história a partir de seu próprio ponto de vista, o escritor está usando a primeira pessoa. Nesse caso, lemos o livro com a sensação de termos a visão do per- sonagem podendo também saber quais são seus pensamen- tos, o que causa uma leitura mais íntima. Da mesma maneira que acontece nas nossas vidas, existem algumas coisas das quais não temos conhecimento e só descobrimos ao decorrer da história. Segunda pessoa Na segunda pessoa, o autor costuma falar diretamente com o leitor, como um diálogo. É um caso mais raro e faz com que o leitor se sinta quase como outro personagem que participa da história. Terceira pessoa Esse ponto de vista coloca o leitor numa posição externa, como se apenas observasse a ação acontecer. Os diálogos não são como na narrativa em primeira pessoa, já que nesse caso o autor relata as frases como alguém que estivesse apenas con- tando o que cada personagem disse. Significação das Palavras Quanto à signi� cação, as palavras são divididas nas se- guintes categorias: Homônimos: são palavras que têm a mesma pronúncia, e às vezes a mesma gra� a, mas signi� cação diferente. Exemplos: - São (sadio), são (forma do verbo ser) e são (santo). - Aço (substantivo) e asso (verbo). Só o contexto é que determina a signi� cação dos homônimos. A homonímia pode ser causa de ambiguidade, por isso é con- siderada uma de� ciência dos idiomas. O que chama a atenção nos homônimos é o seu aspecto fônico (som) e o grá� co (gra� a). Daí serem divididos em: 1. Homógrafos Heterofônicos: iguais na escrita e diferentes no timbre ou na intensidade das vogais. - Rego (substantivo) e rego (verbo). - Colher (verbo) e colher (substantivo). - Jogo (substantivo) e jogo (verbo). - Apoio (verbo) e apoio (substantivo). - Para (verbo parar) e para (preposição). - Providência (substantivo) e providencia (verbo). - Às (substantivo), às (contração) e as (artigo). - Pelo (substantivo), pelo (verbo) e pelo (contração de per+o). 2. Homófonos Heterográ� cos: iguais na pronúncia e diferen- tes na escrita. - Acender (atear, pôr fogo) e ascender (subir). - Concertar (harmonizar) e consertar (reparar, emendar). - Concerto (harmonia, sessão musical) e conserto (ato de consertar). - Cegar (tornar cego) e segar (cortar, ceifar). - Apreçar (determinar o preço, avaliar) e apressar (acelerar). - Cela (pequeno quarto), sela (arreio) e sela (verbo selar). - Censo (recenseamento) e senso (juízo). - Cerrar (fechar) e serrar (cortar). - Paço (palácio) e passo (andar). - Hera (trepadeira) e era (época), era (verbo). - Caça (ato de caçar), cassa (tecido) e cassa (verbo cassar = anular). - Cessão (ato de ceder), seção (divisão, repartição) e sessão (tempo de uma reunião ou espetáculo). 3. Homófonos Homográ� cos: iguais na escrita e na pronúncia. - Caminhada (substantivo), caminhada (verbo). - Cedo (verbo), cedo (advérbio). - Somem (verbo somar), somem (verbo sumir). - Livre (adjetivo), livre (verbo livrar). - Pomos (substantivo), pomos (verbo pôr). - Alude (avalancha), alude (verbo aludir). Parônimos: são palavras parecidas na escrita e na pronúncia. coro e couro, cesta e sesta, eminente e iminente, degradar e degredar, cético e séptico, prescrever e proscrever, descrição e discrição, in� igir (aplicar) e infringir (transgredir), sede (vontade de beber) e cede (verbo ceder), comprimento e cumprimen- to, deferir (conceder, dar deferimento) e diferir (ser diferente, divergir, adiar), rati� car (con� rmar) e reti� car (tornar reto, corri- gir), vultoso (volumoso, muito grande: soma vultosa) e vultuoso (congestionado: rosto vultuoso). Polissemia: Uma palavra pode ter mais de uma signi� cação. A esse fato linguístico dá-se o nome de polissemia. Exemplos: - Mangueira: tubo de borracha ou plástico para regar as plan- tas ou apagar incêndios; árvore frutífera; grande curral de gado. - Pena: pluma; peça de metal para escrever; punição; dó. - Velar: cobrir com véu; ocultar; vigiar; cuidar; relativo ao véu do palato. Língua Portuguesa 14 Podemos citar ainda, como exemplos de palavras polissêmi- cas, o verbo dar e os substantivos linha e ponto, que têm de- zenas de acepções. Sentido Próprio e Sentido Figurado: as palavras podem ser empregadas no sentido próprio ou no sentido � gurado. Exemplos: - Construí um muro de pedra. (sentido próprio). - Ênio tem um coração de pedra. (sentido � gurado). - As águas pingavam da torneira, (sentido próprio). - As horas iam pingando lentamente, (sentido � gurado). Denotação e Conotação: Observe as palavras em destaque nos seguintes exemplos:
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