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Educação infantil currículo

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Educação Infantil: Currículo
Responsável pelo Conteúdo:
 Prof.ª Dr.ª Márcia Pereira Cabral
Revisão Textual:
Prof.ª Me. Sandra Regina Fonseca Moreira
Referenciais Legais para a Organização 
Curricular da Educação Infantil
Referenciais Legais para a 
Organização Curricular da 
Educação Infantil
 
 
• Refletir sobre as orientações da LDB, do RCNEI e principalmente das DCN em relação à 
organização da Educação Infantil;
• Analisar a importância das diretrizes curriculares no que se refere aos direcionamentos 
para o processo de ensino-aprendizagem na Educação Infantil;
• Refletir sobre as orientações da LDB, do RCNEI e das DCN em relação à organização da 
Educação Infantil.
OBJETIVOS DE APRENDIZADO 
• Introdução;
• LDB em Vigor;
• Tipos de Educação;
• Educação Infantil;
• Modificações da LDB – Lei Federal nº 10.639 de 2003;
• Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil (RCNEI);
• Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Básica (DCNEI).
UNIDADE Referenciais Legais para a Organização 
Curricular da Educação Infantil
Introdução
Para trabalhar com Educação Infantil é imprescindível preparo e consciência para 
respeitar a legislação vigente, como já abordamos no capítulo anterior. Também é 
preciso acolher as crianças e conhecê-las, ampliar o atendimento e melhorar a qua-
lidade do serviço prestado à educação.
Para que esse trabalho possa ser realizado de forma a atender às necessidades de 
aprendizagem das crianças, alguns documentos são essenciais para a sistematização 
das áreas que devem ser trabalhadas: a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), 
os Referenciais Curriculares Nacionais para Educação Infantil (RCNEI) e as Diretrizes 
Curriculares Nacionais da Educação Básica (DCN).
Estudaremos cada um desses documentos a seguir.
LDB em Vigor
Como vimos em unidades anteriores, a Lei de Diretrizes e Bases, criada no regime 
ditatorial, permaneceu em vigor até 1996, quando o então presidente Fernando 
Henrique Cardoso promulgou a nova versão. A LDB 9394/96 reafirma o direito à 
educação gratuita a todos e estabelece as responsabilidades das instâncias federais, 
estaduais e municipais.
A Educação Infantil insere-se na educação básica, que é dividida em três etapas:
• Educação Infantil: creches (de 0 a 3 anos) e pré-escolas (de 4 e 5 anos):
 » Creches: gratuita, mas não obrigatória;
 » Pré-escolas: gratuitas e obrigatórias;
 » de responsabilidade municipal;
• Ensino Fundamental: anos iniciais (do 1º ao 5º ano) e anos finais (do 6º ao 9º ano):
 » obrigatório e gratuito;
 » deve ser gradativamente de responsabilidade municipal;
 » na prática, municípios costumam se responsabilizar pelos anos iniciais, e 
estados pelos finais;
• Ensino Médio: o antigo 2º grau (do 1º ao 3º ano), profissionalizante ou não:
 » responsabilidade estadual.
Tipos de Educação
Outro ponto importante da LDB é a determinação dos tipos de educação. São elas:
• Educação Especial: atende alunos com necessidades especiais (deficiências e 
superdotação, por exemplo), preferencialmente na rede regular de ensino;
8
9
• Educação a distância: atende alunos por meio de ferramentas de telecomunicação;
• Educação Profissional e Tecnológica: forma, atualiza e prepara os alunos 
para conhecimentos tecnológicos e práticos de determinada profissão;
• Educação de Jovens e Adultos: atende alunos que não frequentaram ou con-
cluíram o ensino regular no período adequado; 
• Educação Indígena: atende alunos de comunidades indígenas, adequando-se à 
cultura e língua de cada uma.
Figura 1
Fonte: Getty Images
Educação Infantil
A seção II da LDB 9394/96 descreve especificamente a educação infantil:
Art. 29. A educação infantil, primeira etapa da educação básica, tem 
como finalidade o desenvolvimento integral da criança até seis anos de 
idade, em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social, comple-
tando a ação da família e da comunidade.
Art. 30. A educação infantil será oferecida em: 
I – creches, ou entidades equivalentes, para crianças de até três anos de idade;
II – pré-escolas, para crianças de quatro a seis anos de idade. 
Art. 31. Na educação infantil a avaliação far-se-á mediante acompanha-
mento e registro do seu desenvolvimento, sem o objetivo de promoção, 
mesmo para o acesso ao ensino fundamental.
9
UNIDADE Referenciais Legais para a Organização 
Curricular da Educação Infantil
Modificações da LDB – 
Lei Federal nº 10.639 de 2003
A lei nº 10.639 foi um importante marco educacional no que tange o respeito e 
a valorização da cultura e da igualdade. Isso porque a sua promulgação garantiu o 
ensino da cultura e da história africana e indígena nas escolas.
Dos mais de 200 milhões de brasileiros, quase 20 milhões são negros e quase 90 
milhões são pardos, de acordo com dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia 
e Estatística). Isso significa que mais da metade da população tem descendência afri-
cana ou indígena e o reconhecimento disso em nível jurídico e escolar é fundamental 
para a evolução da educação como um agente modificador e social.
Confira o vídeo “A obrigatoriedade do estudo da história e cultura afro-brasileira e 
indígena”, da TV Brasil. Disponível em: https://youtu.be/_QE6ppxk0vQ
O que são os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN)?
Com o intuito de orientar os professores na rotina escolar, o Ministério da Educação elaborou 
pela primeira vez em 1997 os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN). Eles descrevem os 
conteúdos que devem ser idealmente trabalhados em cada série do ensino fundamental e 
médio, abrangendo tanto o ensino público quanto privado.
Os PCN buscam ter uma descrição dos conteúdos, mas ainda assim possuem modelos bas-
tante incisivos sobre o currículo. Sendo assim, eles devem ser apropriado pelos educadores 
como ideal normativo, ainda que trazido para a realidade de cada instituição de ensino, 
professor e alunos, para gerar o melhor resultado possível.
Essa perspectiva fez com que muitos teóricos e profissionais da educação apresentassem 
críticas aos PCN, apontando a maneira como a natureza diferenciada de cada contexto 
requer currículos próprios.
Note que não se pretende diminuir a importância dos PCN na educação brasileira, já 
que foram relevantes no contexto de sua criação. As críticas sobre sua aplicação giram, 
geralmente, no fato de que apresentam planos curriculares rígidos e foram elaborados 
sem discussões, ou seja, sem a consideração de profissionais da educação e da sociedade. 
Além disso, críticos mais recentes corroboram a necessidade de diretrizes mais dinâmicas 
quando se considera as modificações acontecidas na sociedade nas últimas décadas.
O programa Papo de Educador, do Teleduc, aborda as diferenças entre DCN, PCN e BNCC. 
Confirao vídeo “Diferenças entre BNCC, PCN e Diretrizes Curriculares”.
Disponível em: https://youtu.be/T1ztHC8f2Os
10
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Referencial Curricular Nacional
para Educação Infantil (RCNEI)
O RCN integra a série de documentos dos Parâmetros Curriculares Nacionais ela-
borados pelo Ministério da Educação. Foi criado na década de 1990, com o objetivo 
de apontar metas de qualidade no trabalho desenvolvido nas creches e pré-escolas. 
Além disso, dá subsídios para que possamos incorporar atividades educativas aos 
cuidados essenciais das crianças e suas brincadeiras, e, com isso, contribuindo para 
o desenvolvimento integral das identidades das crianças, propiciando crescimento 
como cidadãos cujo direito à infância é legalmente reconhecido.
Desta forma, o RCNEI está organizado por idade – de zero a três e de quatro a seis 
anos – com objetivos, conteúdos e orientações didáticas, diretamente ligados às faixas 
etárias, e não especificamente pela denominação “creche” e “pré-escola”. Além da 
organização por idades, o RCNEI organiza-se por âmbitos e eixos educacionais. 
Ao trazer orientações sobre o desenvolvimento na Educação Infantil, o Referencial 
Curricular Nacional para a Educação Infantil apresenta o brincar, a identidade e o meio 
como determinantes nas interaçõeshumanas, com indicação das bases que asseguram 
a construção de uma proposta pedagógica para cada faixa etária.
De acordo com Rossetti-Ferreira (2001, p. 191), como o próprio nome diz, ele é 
apenas um referencial, pois cada município e cada instituição deverão elaborar a sua 
proposta pedagógica de acordo com as características da sua realidade. Assim, res-
peitando o que está colocado no artigo da LDB sobre os princípios e fins da educação 
nacional, temos que o ensino será ministrado (e aí também se incluem as creches e 
pré-escolas) com base na autonomia institucional e no pluralismo de ideias e concep-
ções pedagógicas.
O Referencial Curricular Nacional é um documento oficial do MEC – Ministério 
da Educação, e foi elaborado em três volumes:
• Volume 1: leva o título “Introdução” e traz as concepções de creches e pré-
escolas no Brasil, de criança, educação, instituição e do profissional que atua 
nessa faixa etária. Destaca-se a importância da participação coletiva na cons-
trução do projeto educativo, por professores, profissionais e técnicos envolvidos 
com a Educação Infantil, num processo de gestão democrática. Além disso, a 
criança é entendida como um ser social, único e historicamente situado, que 
possui características particulares e diferenças específicas, sendo capaz de 
pensar, opinar, concordar ou não, construir seu conhecimento;
• Volume 2: faz referência ao âmbito da “Formação Pessoal e Social”, que está 
ligado às vivências e experiências que vão beneficiar a construção do indivíduo e 
seu desenvolvimento. Aborda processos de fusão e diferenciação, construção de 
vínculos e expressão da sexualidade. Destaca as maneiras que a criança se utiliza 
para aprender, como imitação, brincar, oposição, linguagem e apropriação da 
11
UNIDADE Referenciais Legais para a Organização 
Curricular da Educação Infantil
imagem corporal. São também destacados os objetivos que se espera alcançar 
de acordo com cada faixa etária, assim como os conteúdos que devem ser desen- 
volvidos, com as orientações didáticas para o professor, para que os objetivos 
possam ser alcançados;
• Volume 3: com o tema “Conhecimento de Mundo” , são apresentados seis docu- 
mentos sobre a construção de diferentes linguagens, assim como as relações 
estabelecidas com os objetos do conhecimento: Movimento, Música, Artes Visuais, 
Linguagem Oral e Escrita, Natureza e Sociedade e Matemática.
O artigo “O pedagogo-professor na educação infantil: desafios na relação teoria e 
prática do cuidar e educar” é uma boa pedida para quem quer saber mais sobre o tema. 
Disponível em: https://bit.ly/2MtICCq
Diretrizes Curriculares Nacionais 
da Educação Básica (DCNEI)
As DCN são originadas na Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), de 1996 
e têm como objetivos fornecer os fundamentos que devem reger a educação básica 
no país e tornar o ambiente escolar mais adaptado aos processos de desenvolvimento 
infantil. Elas devem orientar o planejamento curricular de cada escola, fornecendo 
todo o suporte necessário para a execucão dessa tarefa.
Um ponto muito importante é saber diferenciar as DCN dos PCN (Parâmetros 
Curriculares Nacionais). As diretrizes compõem um documento previsto em lei, que 
descreve instruções normativas para a educação básica. Os PCN, por sua vez, são 
tópicos por matéria e disciplina que deveriam ser trabalhados em cada série do ensino 
escolar; não tendo previsão legal.
A primeira versão da DCNEI foi publicada em 2009, por meio da Resolução nº 5, 
de 17 de dezembro de 2009, que fixa as Diretrizes Curriculares Nacionais para a 
Educação Infantil.
Objetivo da DCNEI
A DCNEI de 2009 tem como objetivo:
1.1 Esta norma tem por objetivo estabelecer as Diretrizes Curriculares 
Nacionais para a Educação Infantil a serem observadas na organização 
de propostas pedagógicas na educação infantil. 
1.2 As Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil arti-
culam-se às Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Básica e re-
únem princípios, fundamentos e procedimentos definidos pela Câmara 
12
13
de Educação Básica do Conselho Nacional de Educação, para orientar as 
políticas públicas e a elaboração, planejamento, execução e avaliação de 
propostas pedagógicas e curriculares de Educação Infantil. 
1.3 Além das exigências dessas diretrizes, devem também ser observadas 
a legislação estadual e municipal atinentes ao assunto, bem como as nor-
mas do respectivo sistema. (BRASIL, 2009, p. 11)
Definições
A DCNEI também foi relevante na medida em que trouxe definições fundamentais 
para a educação infantil e que são norteadoras de seu ensino. São elas:
• Educação infantil: etapa inicial da educação básica, para crianças de 0 a 5 anos, 
oferecida em creches ou pré-escolas. As instituições podem ser públicas ou pri-
vadas, mas é dever do Estado garantir educação pública a todos os interessados. 
Pode ter jornada parcial ou integral;
• Criança: a criança é vista na DCNEI como um indivíduo histórico e de direitos. 
É a pessoa que constrói sua identidade pessoal ou coletiva através de suas inte-
rações e vivências;
• Currículo: “conjunto de práticas que buscam articular as experiências e os sabe-
res das crianças com os conhecimentos que fazem parte do patrimônio cultural, 
artístico, ambiental, científico e tecnológico, de modo a promover o desenvol-
vimento integral de crianças de 0 a 5 anos de idade” (BRASIL, 2009, p. 12);
• Proposta Pedagógica: a DCNEI traz o conceito de proposta pedagógica como 
orientadora das ações da instituição, contendo as metas de aprendizagem e de-
senvolvimento. Também conhecida como projeto político pedagógico, é feita de 
forma coletiva (direção, professores e comunidade). Sobre esse conceito, 
Art. 8. A proposta pedagógica das instituições de Educação Infantil deve 
ter como objetivo garantir à criança acesso a processos de apropriação, 
renovação e articulação de conhecimentos e aprendizagens de diferentes 
linguagens, assim como o direito à proteção, à saúde, à liberdade, à con-
fiança, ao respeito, à dignidade, à brincadeira, à convivência e à interação 
com outras crianças.
Um documento lançado em 2016, pelo Ministério da Educação, traz atualizações 
sobre a questão da Educação Infantil em uma perspectiva normativa. O texto traz 
uma seção entitulada Revisão das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Edu-
cação Infantil, que atualiza o conteúdo publicado na versão anterior do documento. 
Esse é o trecho da DCN que mais nos chama atenção para os objetivos dessa unidade 
e entraremos em detalhes sobre seu conteúdo a seguir.
A identidade do Atendimento na Educação Infantil
A legislação brasileira firma a educação infantil como um direito da criança e 
como um dever do Estado em provê-la. Ou seja, reconhece seu papel enquanto etapa 
13
UNIDADE Referenciais Legais para a Organização 
Curricular da Educação Infantil
formadora do desenvolvimento da criança e entende que todos devem ter acesso a 
esse ensino em modalidade gratuita.
É interessante ressaltar que as instituições de modalidade assistencial a pais tra-
balhadores, como as que funcionam em período noturno, podem existir, mas não 
simbolizam uma necessidade educacional e sim social. 
Contudo, esse tipo de atendimento, que responde a uma demanda legí- 
tima da população, enquadra-se no âmbito de “políticas para a Infância”, 
devendo ser financiado, orientado e supervisionado por outras áreas, 
como assistência social, saúde, cultura, esportes, proteção social. 
(BRASIL, 2016, p. 84)
A Função Sociopolítica e Pedagógica da Educação Infantil
A DCN destaca que a Educação Infantil tem o papel de atuar no desenvolvimento 
do educando, em aspecto formacional e social, contribuindo para sua construção 
enquanto cidadão e indivíduo político em sua sociedade.
O documento destaca ainda o paradigma do desenvolvimento integral com a 
família, que aponta para a maneira como as vivências e aprendizagens da criança 
nessa idade são importantes para sua formação. Do ponto de vista institucional, é 
destacadoo papel do Estado em suprir as desigualdades sociais de seus alunos para 
garantir uma formação igualitária a todos.
Segundo as DCNEI, para que isso aconteça, efetivamente, as instituições de ensino 
devem ter propostas pedagógicas que o permitam: 
I – oferecendo condições e recursos para que as crianças usufruam seus 
direitos civis, humanos e sociais;
II – assumindo a responsabilidade de compartilhar e complementar a edu-
cação e cuidado das crianças com as famílias;
III – possibilitando tanto a convivência entre crianças e entre adultos e crian-
ças quanto a ampliação de saberes e conhecimentos de diferentes naturezas;
IV – promovendo a igualdade de oportunidades educacionais entre as 
crianças de diferentes classes sociais no que se refere ao acesso a bens 
culturais e às possibilidades de vivência da infância;
V – construindo novas formas de sociabilidade e de subjetividade compro-
metidas com a ludicidade, a democracia, a sustentabilidade do planeta e com 
o rompimento de relações de dominação etária, socioeconômica, étnico- 
racial, de gênero, regional, linguística e religiosa. (BRASIL, 2009, p. 18)
Tirinha Mafalda, disponível em: https://bit.ly/3cfZ8Au
14
15
A Visão de Criança: O Sujeito do Processo de Educação
As DCN são importantes ao considerar o papel da criança como um sujeito da 
educação, e não como um passivo dela. Ela considera ainda que o aluno está inse-
rido em seu contexto familiar, social e institucional e que todos esses aspectos são 
importantes para sua formação.
O conhecimento científico hoje disponível autoriza a visão de que desde o 
nascimento a criança busca atribuir significado a sua experiência e nesse 
processo volta-se para conhecer o mundo material e social, ampliando 
gradativamente o campo de sua curiosidade e inquietações, mediada pelas 
orientações, materiais, espaços e tempos que organizam as situações de 
aprendizagem e pelas explicações e significados a que ela tem acesso. 
(BRASIL, 2016, p. 07)
O trecho destaca a maneira como todos esses elementos estão interligados na 
educação infantil e, portanto, devem ser considerados. De acordo com a DCN, são 
as interações que desenvolvem aspectos integrados do desenvolvimento, como a 
motricidade, a linguagem, o pensamento, a afetividade e a sociabilidade.
Nesse ponto, as brincadeiras ganham papel de destaque, pois representam oportuni-
dades de lidar com o desconhecido e com o novo dentro do contexto vivido pela criança.
A documento ressalta ainda a necessidade de entender que cada criança tem seu 
tempo e que isso deve ser respeitado em todas as esferas de sua formação.
Tirinha Armandinho, disponível em: https://bit.ly/3dbfHih
Princípios Básicos para a Educação Infantil
Assim como no texto de 2009, a DCN de 2016 traz os seguintes princípios básicos 
para a educação infantil:
• Princípios éticos: valorização da autonomia, da responsabilidade, da solidarie-
dade e do respeito ao bem comum, ao meio ambiente e às diferentes culturas, 
identidades e singularidades;
• Princípios políticos: dos direitos de cidadania, do exercício da criticidade e do 
respeito à ordem democrática;
• Princípios estéticos: valorização da sensibilidade, da criatividade, da ludicidade e 
da diversidade de manifestações artísticas e culturais (BRASIL, 2016, p. 88-89).
Objetivos e Condições para a Organização Curricular
A revisão trazida na DCN reforça a educação infantil enquanto direito da criança e, 
por esse motivo, torna-se dever do Estado oferecê-la adequadamente e com igualdade 
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UNIDADE Referenciais Legais para a Organização 
Curricular da Educação Infantil
a todos os indivíduos. Deve-se ter o ensino à luz dos direitos humanos e prever a 
proteção e a provisão de suas necessidades, assim como os direitos fundamentais de 
participação social e cultural.
Com base nesse paradigma, a proposta pedagógica das instituições de 
Educação Infantil deve ter como objetivo principal promover o desenvol-
vimento integral das crianças de zero a cinco anos de idade garantindo a 
cada uma delas o acesso a processos de construção de conhecimentos e a 
aprendizagem de diferentes linguagens, assim como o direito à proteção, 
à saúde, à liberdade, ao respeito, à dignidade, à brincadeira, à convivência 
e interação com outras crianças. Daí decorrem algumas condições para a 
organização curricular. (BRASIL, 2016, p. 13)
Logo, destaca-se a natureza integral que a educação infantil deve ter, que se esta-
belece como o primeiro objetivo e condição da educação infantil.
A DCN estabelece como segundo item que “o combate ao racismo e às discrimina-
ções de gênero, socioeconômicas, étnico-raciais e religiosas deve ser objeto de cons-
tante reflexão e intervenção no cotidiano da Educação Infantil” (p. 89). Destacam-se 
ainda o reconhecimento das múltiplas formas de cultura e respeito às contribuições 
da família e da comunidade (item 3), atenção ao desrespeito à dignidade da criança na 
execução da proposta escolar (item 4) e o cumprimento, por parte do Estado, às suas 
obrigações para a garantia da educação de qualidade e em sua integralidade (item 5).
Parceria com as Famílias na Educação Infantil
Como já mencionamos, a família é a primeira esfera de interação da criança. 
Cabe aos educadores entender o papel que a família e cada um de seus membros 
tem para a vida da criança, considerando que eles próprios também são indivíduos do 
mundo e, portanto, também em processo constante de transformação e significação.
Assim, é preciso acolher e valorizar os pontos positivos de cada vivência, trabalhando 
de forma integrada. Da mesma maneira, identificações de possíveis problemas no 
núcleo familiar – como violência ou negligência – devem ser observadas e discutidas, 
caso se manifestem.
Organização das Experiências de Aprendizagem
Já percebemos que as formas de aprender e perceber o mundo são muitas. Além 
disso, o contexto de dinamicidade e alto fluxo informacional que vivemos hoje em dia 
acrescenta ainda mais dados e vivências a esse cenário. Portanto, organizar aquilo 
que foi aprendido é uma habilidade desafiadora para ser desenvolvida em crianças.
Assim, é preciso que a criança saiba organizar seu material e orientar-se pela 
escola, por exemplo, para apropriar-se dos conceitos que adquire para resolver situ-
ações cotidianas. Também é importante que seja percebido que as coisas aprendidas 
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17
não são verdades imutáveis, mas sim saberes apropriados para sua idade, sendo 
assim dinâmicos e provisórios.
Acompanhamento e Continuidade
A infância é um período de grandes mudanças e a educação deve contribuir nes-
sas etapas. Por isso, as instituições devem planejar e efetivar o acolhimento às crian-
ças ingressas; observar e mediar relações das crianças entre si e com adultos; efetuar 
um planejamento escolar transversal com os setores da escola ou creche; e contribuir 
em articulações com o Ensino Fundamental para facilitar a transição de seus alunos.
Educação Indígena e no Campo
A educação de crianças indígenas e do campo é preconizada nos parágrafos 2 e 3 
do artigo 8 da DCN:
§ 2º. Garantida a autonomia dos povos indígenas na escolha dos modos 
de educação de suas crianças de 0 a 5 anos de idade, as propostas peda-
gógicas para os povos que optarem pela Educação Infantil devem:
I – proporcionar uma relação viva com os conhecimentos, crenças, valores, 
concepções de mundo e as memórias de seu povo;
II – reafirmar a identidade étnica e a língua materna como elementos de 
constituição das crianças;
III – dar continuidade à educação tradicional oferecida na família e articular-se
às práticas socioculturais de educação e cuidado coletivos da comunidade;
IV – adequar calendário, agrupamentos etários e organização de tempos, ati-
vidades e ambientes de modo a atender as demandas de cada povo indígena.
§ 3º. As propostas pedagógicas da Educação Infantil das crianças filhas 
de agricultores familiares, extrativistas, pescadores artesanais, ribeirinhos, 
assentados e acampados da reforma agrária, quilombolas, caiçaras,povos 
da floresta, devem:
I – reconhecer os modos próprios de vida no campo como fundamentais para 
a constituição da identidade das crianças moradoras em territórios rurais;
II – ter vinculação inerente à realidade dessas populações, suas culturas, 
tradições e identidades, assim como a práticas ambientalmente sustentáveis;
III – flexibilizar, se necessário, calendário, rotinas e atividades respeitando 
as diferenças quanto à atividade econômica dessas populações;
IV – valorizar e evidenciar os saberes e o papel dessas populações na pro-
dução de conhecimentos sobre o mundo e sobre o ambiente natural;
V – prever a oferta de brinquedos e equipamentos que respeitem as carac-
terísticas ambientais e socioculturais da comunidade.
17
UNIDADE Referenciais Legais para a Organização 
Curricular da Educação Infantil
Brincadeiras
As brincadeiras, em seu potencial lúdico e de aprendizagem, ganham destaque na 
DCN. Confira o que diz a lei:
Art. 9. As práticas pedagógicas que compõem a proposta curricular da 
Educação Infantil devem ter como eixos norteadores as interações e a 
brincadeira, garantindo experiências que:
I – promovam o conhecimento de si e do mundo por meio da ampliação 
de experiências sensoriais, expressivas, corporais que possibilitem movi-
mentação ampla, expressão da individualidade e respeito pelos ritmos e 
desejos da criança;
II – favoreçam a imersão das crianças nas diferentes linguagens e o pro-
gressivo domínio por elas de vários gêneros e formas de expressão: gestual, 
verbal, plástica, dramática e musical;
III – possibilitem às crianças experiências de narrativas, de apreciação 
e interação com a linguagem oral e escrita, e convívio com diferentes 
suportes e gêneros textuais orais e escritos;
IV – recriem, em contextos significativos para as crianças, relações quan-
titativas, medidas, formas e orientações espaço-temporais; 
V – ampliem a confiança e a participação das crianças nas atividades 
individuais e coletivas;
VI – possibilitem situações de aprendizagem mediadas para a elaboração 
da autonomia das crianças nas ações de cuidado pessoal, auto-organização, 
saúde e bem-estar;
VII – possibilitem vivências éticas e estéticas com outras crianças e grupos 
culturais, que alarguem seus padrões de referência e de identidades no 
diálogo e reconhecimento da diversidade;
VIII – incentivem a curiosidade, a exploração, o encantamento, o ques-
tionamento, a indagação e o conhecimento das crianças em relação ao 
mundo físico e social, ao tempo e à natureza;
IX – promovam o relacionamento e a interação das crianças com diversi-
ficadas manifestações de música, artes plásticas e gráficas, cinema, foto-
grafia, dança, teatro, poesia e literatura;
X – promovam a interação, o cuidado, a preservação e o conhecimento 
da biodiversidade e da sustentabilidade da vida na Terra, assim como o 
não desperdício dos recursos naturais;
XI – propiciem a interação e o conhecimento pelas crianças das manifes-
tações e tradições culturais brasileiras;
XII – possibilitem a utilização de gravadores, projetores, computa- 
dores, máquinas fotográficas, e outros recursos tecnológicos e midiáticos. 
(BRASIL, 2009)
18
19
Avaliação
A avaliação na educação infantil tem um papel fundamental para entender o su-
cesso das metodologias analisadas e o desempenho dos alunos. Por isso, o tema será 
abordado com profundidade na próxima Unidade.
Em Síntese
Nesta unidade, você conheceu as disposições da LDB, os Referenciais Curriculares Nacionais 
para a Educação Infantil – RCNEI e as Diretrizes Nacionais para a Educação Infantil (DCNEI).
Pudemos entender que a criança deve ser vista como construtora de sua identidade a partir 
de diferentes particularidades expressas no meio em que vive. Assim, a escola e o pro-
fessor devem planejar ações educativas que possam efetivamente auxiliar o processo 
de construção da identidade e da autonomia desta criança, pensando em sua interação 
com o ambiente, a cultura e a sociedade.
Além disso, a revolução informacional causada pela internet e pelos demais avanços tec-
nológicos trouxeram à tona múltiplas formas de obtenção de conteúdo e conhecimento. 
Ou seja, simplesmente trabalhar tópicos e temas não é mais o ponto único da educação; 
desenvolver habilidades de interpretação e pensamento crítico, por exemplo, passam a 
ser igualmente importantes.
Grande parte da população brasileira tem acesso à internet. Isso significa que as crianças 
têm ao seu dispor uma quantidade enorme de informações e, desse modo, elas precisam 
saber pesquisá-las e interpretá-las de maneira correta. 
Entender como a ciência é construída e que nenhum saber nasce pronto – correntes 
teóricas dialogam e, por vezes, se contradizem. A educação do século XXI, nesse sentido, 
visa não somente a informação, mas sim o desenvolvimento de competências que per-
mitam aos alunos entender, viver e produzir conhecimento nesse novo cenário.
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UNIDADE Referenciais Legais para a Organização 
Curricular da Educação Infantil
Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
 Livros
Educação Infantil: Fundamentos e Métodos
OLIVEIRA, Z. R. de. Educação Infantil: fundamentos e métodos. São Paulo: 
Cortez, 2002.
 Leitura
Noção de Criança e Infância: Diálogos, Reflexões, Interlocuções
CASTRO, M. G. B. de. Noção de criança e infância: diálogos, reflexões, 
interlocuções. Universidade Federal Fluminense, Niterói/RJ.
https://bit.ly/30cNKms
O Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil no Contexto das Reformas
CERISARA, A. B. O referencial curricular nacional para a educação infantil no 
contexto das reformas. Educação & Sociedade, Campinas, v. 23, n. 80, p. 326-
345, set. 2002.
https://bit.ly/3cv2gZq
O Cuidar, o Educar e o Brincar na Organização do Trabalho Pedagógico na Educação Infantil
MORENO, G. L; PASCHOAL, J. D.; OLIVEIRA, M. R. F. O cuidar, o educar e 
o brincar na organização do trabalho pedagógico na educação infantil. 2016.
https://bit.ly/2BwpPUJ
A Legislação, as Políticas Nacionais de Atendimento na Instituição de Educação Infantil no Brasil e o Desafio 
de Cuidar e Educar a Criança de O a 5 Anos
GUIMARÃES, C. M.; GARMS, G. M.Z. A legislação, as políticas nacionais de 
atendimento na instituição de educação infantil no Brasil e o desafio de cuidar e 
educar a criança de o a 5 anos. Cadernos de Educação da Infância, Lisboa, 
n. 94, p. 49 – 59, set/dez 2011.
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Referências
BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental.
Referencial curricular nacional para a educação infantil. Brasília: MEC/SEF, 
1998. V.1 e 2.
________. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Lei nº. 11.274/2006. 
Brasília, 2006
________. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Diretrizes 
curriculares nacionais para a educação infantil /Secretaria de Educação Básica. 
Brasília: MEC, SEB, 2016.
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