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Planejamento e Controle da Produção I Responsável pelo Conteúdo: Prof.ª Dra. Brena Silva Revisão Textual: Prof. Me. Claudio Brites Just in Time Just in Time • Identificar os dispositivos necessários para a programação JIT. • Utilizar e dimensionar cartões kanban. OBJETIVOS DE APRENDIZADO • Origem do Just in Time; • Características Gerais do JIT; • Objetivos do Jit/Lean; • Princípios e Ferramentas do JIT. UNIDADE Just in Time Origem do Just in Time No Japão, após a derrota na Segunda Grande Guerra, foram empregados enormes esforços pela indústria e sociedade em sua totalidade no sentido da reconstrução e da retomada da atividade industrial, no que seriam as sementes do desenvolvimento do Just in Time. O Just in Time foi desenvolvido na Toyota Motor Co. por um gerente de produção chamado Tahiichi Ohno. Atribui-se a ele uma parcela considerável de contribuição ao milagre industrial japonês, o qual levou o Japão, que era, em 1945, um país arrasado por uma guerra da qual saiu derrotado, a se tornar uma das maiores potências industriais do mundo, apenas três décadas depois. Não é surpresa que o sistema revolucionário japonês tenha nascido e florescido na indústria automobilística. Isso, de certa forma, foi deliberado pelo poderoso Miti (Ministery for International Trade and Industry – ou Ministério de Comércio Exterior e Indústria), que definiu muito claramente as políticas industriais do Japão no pós-guerra, com a indústria automobilística em seu centro. O Miti proveu direcionamento estratégico, proteção alfandegária (carros importados eram taxados em até 40% na alfândega) e financiamento para as principais duas empresas automobilísticas japonesas da época: a Toyota e a Nissan (a Honda, na época fabricante de motocicletas, chegou a ter problemas com o Miti quando resolveu começar a produzir carros) (CORREA; CORREA, 2019). A ideia era criar um mercado interno forte e uma concorrência interna que forçasse as empresas a gradualmente substituírem importações e desenvolverem capacitação de pro- dução compatível com as necessidades de exportação de produtos japoneses (as primeiras exportações de veículos japoneses para os Estados Unidos, um fracasso inicial de vendas, aconteceram em 1957). Em 15 de agosto de 1945, o Japão perdeu a guerra; essa data, entretanto, também marcou um reinício para a Toyota. A Toyota era uma empresa que tradicionalmente produzia teares para a indústria têxtil (CORREA; CORREA, 2019). Ela começou a produção de automóveis em 1934, sendo que, em torno de 1940, inter- rompeu sua produção de veículos de passeio para apoiar o esforço nacional de guerra, produzindo apenas caminhões. Quando terminou a Segunda Grande Guerra, o líder e presidente da empresa à época, Toyoda Kiichiro falou: “Alcancemos os americanos em três anos (em termos de produtividade). Caso contrário, a indústria automobilística japonesa não sobreviverá”. Isso significava multiplicar a produtividade japonesa por oito ou nove, o que não é, de fato, tarefa fácil. O trabalho que estava sendo feito por cem trabalhadores deveria então passar a ser feito por apenas dez! Ohno e seus colegas perguntaram-se: será mesmo que um americano é capaz de um esforço físico dez vezes maior que um trabalhador japonês? (CORREA; CORREA, 2018). Por certo, os japoneses estavam desperdiçando alguma coisa. E uma coisa que não podia acontecer num ambiente de recursos escassos como o Japão do pós-guerra era desperdício. Se fossem capazes de eliminar todo e qualquer desperdício, a produtividade se decuplicaria. Essa se tornou a pedra fundamental do Sistema Toyota de Produção, reno meado mais tarde como Just in Time, numa clara racionalização da história – afinal, o nome de um sistema de produção desenvolvido no Japão é uma frase em inglês! Importante notar que os princípios 8 9 e a motivação para o desenvolvimento do JIT foram a necessidade colocada pelas condições históricas em que o Japão se viu no pós-guerra (CORREA; CORREA, 2019). Características Gerais do JIT O Just in Time (JIT) buscava um sistema de administração que pudesse coordenar, precisamente, a produção com a demanda específica de diferentes modelos e cores de veículos com o mínimo atraso. O sistema de “puxar” a produção a partir da demanda, produzindo em cada estágio somente os itens necessários, nas quantidades e no momento necessários, ficou conhecido no Ocidente como sistema Kanban, que é o nome dado aos cartões utilizados para autorizar a produção e a movimentação de itens, ao longo do processo produtivo, como será visto mais adiante (CORREA; CORREA, 2019). Contudo o JIT tornou-se mais do que uma técnica ou um conjunto de técnicas de administração da produção, sendo considerado como uma completa filosofia (que dora- vante chamaremos JIT/Lean), que inclui aspectos de administração de materiais, gestão da qualidade, arranjo físico, projeto do produto, organização do trabalho e gestão de recursos humanos, entre outros. Embora haja quem diga que o sucesso do sistema de administração JIT/Lean esteja calcado nas características culturais do povo japonês, mais e mais gerentes têm-se convencido de que essa filosofia é composta de práticas gerenciais que podem ser aplicadas em qualquer parte do mundo. Algumas expressões são geralmente usadas para traduzir aspectos da filosofia Just in Time/Lean (CORREA; CORREA, 2019): • Produção sem estoques; • Produção enxuta (lean production); • Eliminação de desperdícios; • Manufatura de fluxo contínuo; • Esforço contínuo na resolução de problemas. JIT e Lean Production Mais recentemente, nos anos 90, a partir de um estudo feito por um consórcio de instituições de pesquisa do mundo todo, liderado pelo MIT (Massachusetts Institute of Technology), chamado IMVP (International Motor Vehicle Program), que estudou detalha- damente as práticas e as técnicas de gestão na indústria automobilística, na segunda me- tade da década de 1980, os líderes da pesquisa concluíram que, para os anos vindouros, os fabricantes de automóveis teriam que se conformar a um modelo que se configurava como dominante nas empresas líderes. Os pesquisadores batizaram esse “novo modelo” de Lean Production (traduzido no Brasil como “produção enxuta”) (CORREA; CORREA, 2019). Interessantemente, esse novo modelo diferia pouco dos princípios do Just in Time, desenvolvido na Toyota e adotado em fábricas do mundo todo. Fato é que, depois da publicação do livro que popularizou as conclusões do estudo, chamado A máquina que mudou o mundo, muitas pessoas passaram a adotar essa denominação para se referir aos modelos baseados no JIT e mesmo para tentar diferenciar o chamado lean production do Just in Time (CORREA; CORREA, 2019). 9 UNIDADE Just in Time Os proponentes da lógica de lean production mais recentemente, depois do ano 2000, têm desenvolvido algumas ferramentas adicionais, como o Value Stream Mapping (VSM), uma ferramenta para criar mais disciplina na aplicação dos princípios lean (CORREA; CORREA, 2019). Objetivos do Jit/Lean O JIT/Lean tem como objetivos operacionais fundamentais a qualidade e a flexibili- dade, tendo, como consequência, efeito substancial também no custo. Tudo isso é alcan- çado a partir de duas metas de gestão que são colocadas acima de qualquer outra: a melhoria contínua e o ataque incessante aos desperdícios (CORREA; CORREA, 2019). A atuação do sistema JIT/Lean no alcance desses dois objetivos dá-se de maneira inte- grada. Os objetivos de qualidade e flexibilidade, quando estabelecidos quanto ao processo produtivo, têm um efeito secundário sobre a eficiência, a velocidade e a confiabilidade do processo. A perseguição desses objetivos dá-se, principalmente, por meio de um meca- nismo de redução dos estoques, os quais tendem a camuflar os problemas do processo produtivo (CORREA; CORREA, 2019). Segundo Correa e Gianesi (2014), os estoques têm sido utilizados por outras filosofias de produção para evitar descontinuidades diante de problemasde produção como: • Problemas de qualidade: Quando alguns estágios do processo de produção apresentam problemas de qualidade, gerando refugo de forma incerta, o estoque permite que etapas posteriores possam trabalhar continuamente; • Problemas de quebra de máquina ou manutenção: Se a máquina para por problemas de manutenção, os estágios posteriores do processo que são “alimen- tados” por essa máquina teriam que parar, caso não houvesse estoques; • Problemas de preparação de máquina: Também chamado de tempo de set up, quando uma máquina processa operações em mais de um componente ou item, é necessário preparar a máquina a cada mudança de componente a ser processado. Essa preparação representa custos e tempos ao período inoperante do equipamento, à mão de obra requerida na operação de preparação, à perda de material no início da operação, entre outros. Assim, se não houvesse estoques em processos, as etapas posteriores de produção se “incomodariam” com o atraso de etapas anteriores. Em uma visão global, poderíamos ter diferentes etapas trabalhando em conjunto para solucionar problemas de qualidade, para melhorar a rapidez em uma preparação de máquina e planejar as manutenções dos equipamentos. Princípios e Ferramentas do JIT De acordo com Morgan e Liker (2008), o desenvolvimento de produtos da Toyota tem evoluído como um sistema vivo a fim de adequar-se ao seu entorno diferenciado. O modelo de sistemas sociotécnicos aqui utilizado para descrever o Sistema Toyota de 10 11 DP combina trê s subsistemas principais: 1) Processos, 2) Pessoal e 3) Ferramentas e Tecnologia, conforme apresenta a Figura 1. Em um modelo de sistema enxuto de desen- volvimento de produto, esses trê s subsistemas sã o inter-relacionados e interdependentes e influenciam a capacidade da organizaç ã o para atingir seus objetivos externos. 1. Identi�que o valor de�nido pelo cliente para separar o valor agregado do desperdício 2. Concentre esforços no início do processo de desenvolvimento de produto para explorar integralmente soluções alternativas enquanto existe máxima �exibilidade de projeto 3. Crie um nivelamento de �uxo do processo de desenvolvimento de produto 4. Utilize padronização rigorosa para reduzir variação e criar �exibilidade e resultados previsíveis 5. Desenvolva um sistema de engenheiro–chefe para integrar o desenvolvimento de produto do início ao �m 6. Organize para balancear a competência funcional com a integração multifuncional 7. Desenvolva competência técnica superior em todos os engenheiros 8. Integre plenamente os fornecedores ao sistema de desenvolvimento de produto 9. Consolide o aprendizado e a melhoria contínua 10. Construa uma cultura de suporte à excelência e à melhoria ininterrupta 11. Adapte a tecnologia ao pessoal e ao processo 12. Alinhe a organização mediante comunicação simples e visual 13. Use ferramentas poderosas para padronização e aprendizado organizacional Processos Pe sso al Ha bit ad o Ferramentas e Tecnologia Sistema Enxuto de Desenvolvimento de Produto Figura 1 – Elementos do JIT Fonte: Adaptada de MORGAN; LIKER, 2008 O termo sistema sugere mú ltiplas partes interdependentes que interagem a fim de criar um todo complexo. Nã o é possí vel entender plenamente um sistema pela simples observaç ã o de suas partes individuais. Contudo, para que possamos compreender o JIT em termos de PCP, será necessário que, nesta apostila, abor- demos principalmente os pontos em que o JIT está relacionado ao PCP. Segundo Fernandes e Godinho (2010), os princípios do JIT são direta ou indireta- mente relacionados ao PCP. Dessa forma, podemos dividi-los em: • Princípios e ferramentas indiretamente relacionados ao PCP; • Princípios e ferramentas diretamente relacionados ao PCP. Princípios e Ferramentas Indiretamente Relacionados ao PCP Os princípios e ferramentas indiretamente vinculados ao PCP são muitas vezes asso- ciados à logística, gestão da qualidade, manutenção, desenvolvimento de produtos e layout e gestão de pessoas na organização como, por exemplo, trabalhadores multi-habilitados, liderança e autonomia. Esses princípios interferem na produtividade e, logo, impactam o PCP. Contudo, em muitas empresas, nas quais há divisão de tarefas, esses objetivos podem não estar atrelados ao departamento de PCP. Iremos comentar alguns a seguir. São eles, segundo Fernandes e Godinho (2010): Eliminação de Desperdícios Os principais desperdícios do JIT são, segundo Fernandes e Godinho (2010): • Superprodução: Produzir mais do que é necessário é uma das principais fontes de desperdício, por isso, lotes de produção pequenos são buscados; 11 UNIDADE Just in Time • Tempo de espera: A eficiência da máquina e da mão de obra pode ser utilizada para medir o tempo de espera do processo. Além disso, o tempo gasto para fabricar estoque desnecessário no momento também pode ser entendido como tempo de espera; • Transporte: A movimentação de materiais no interior da fábrica é um tipo de desper- dício que pode ser reduzido com mudanças no layout produtivo; • Processamento: Nem todas as operações no processo produtivo são realmente necessárias e, portanto, são fonte de desperdícios e devem ser eliminadas; • Estoque: É o tipo de desperdício que atrai maior atenção e deve ser eliminado ou pelo menos diminuído; • Movimento: Está relacionado aos movimentos desnecessários do trabalhador quando ele está realizando sua tarefa; • Produtos defeituosos: Defeitos são desperdícios, uma vez que o produto terá que ser feito novamente. Envolvimento dos Trabalhadores na Tomada de Decisão A filosofia JIT impõe novo papel à mão-de-obra da produção, a qual passa a ser respon sável por atividades antes atribuídas a departamentos de apoio. Segundo essa filosofia, se a empresa pretende fazer as coisas certas da primeira vez, são os operá- rios que as devem fazer, ou seja, são os operários que fabricam, montam, testam e movimentam. Portanto, os operários conhecem a fundo os problemas de se conseguir fazer certo da primeira vez. Assim, supervisores e gerentes têm o papel de apoiar, com conhecimento técnico mais sofisticado, o pessoal da linha, mas os operários devem ter autonomia para manutenções, identificação, análise e resolução de problemas do dia a dia (CORREA; GIANESI, 2014). Gestão da Qualidade Total (GQT ou TQM, do inglês Total Quality Management) O GQT pode ser definido como uma abordagem e filosofia de gestão integrada com um conjunto de práticas que enfatiza a melhoria contínua, o atendimento às expectativas e às necessidades dos clientes, a redução do retrabalho, o planejamento de longo prazo, o redesenho de processos, o benchmarking competitivo, o trabalho em equipe, a cons- tante medição dos resultados e um relacionamento próximo a fornecedores, clientes e demais agentes governamentais e setoriais do negócio. O desenvolvimento do TQM enquanto gerenciamento e controle da qualidade total foi desenvolvido para que a organização pudesse alcançar melhor resultado em termos de produtividade e eficiência, assim como o uso de ferramentas da qualidade, de manu- tenção, organização e programação da produção. O TQM pode contribuir reduzindo refugos, retrabalhos, desperdícios e gerenciamento de processos e rotina, por exemplo. Recebimento JIT Essa ferramenta está relacionada à chegada de itens na empresa no momento neces- sário para produção. Envolve uma relação de confiança com os poucos, mas bons forne- cedores que entregam suprimentos no momento certo e nos padrões acordados entre os parceiros. Na prática, a integração entre empresa e fornecedores minimiza o nível 12 13 de estoques e garante a qualidade dos produtos. Contudo ela pode exigir práticas como compar tilhamento de informações do projeto, localizações próximas e parceria entre forne cedores e clientes. Busca de Melhorias A busca por melhorias contínuas é um dos pilares do JIT e envolve todas as áreasda organização. É uma prática também chamada de kaizen. Segundo Correa e Correa (2019), a palavra japonesa kaizen significa melhoramento, tanto contínuo quanto conti- nuado, e envolve a todos na organização, de gestores a trabalhadores de linha de frente. É um método gradual, incremental. Atividades de kaizen podem ser conduzidas numa variedade de maneiras e com uma variedade de objetivos, mas o aspecto essencial é que são orientadas para times de trabalho que, por meio de intenso envolvimento pessoal, sugerem, analisam, propõem e, se a alteração sugerida é aprovada pelo comitê compe- tente, implementam melhoramentos de forma contínua em aspectos como: processos; fluxos de trabalho; arranjo físico; método e divisão do trabalho; equipamentos e instala- ções; entre outros. Ferramentas de Controle de Qualidade Muitas ferramentas utilizadas no controle de qualidade foram desenvolvidas pela União de Japoneses de Cientistas e Engenheiros (JUSE, do inglês Japanese Union Scientists and Engineering). Essa associação em consonante com os pilares do JIT desenvolveram ferramentas como: diagrama de Ishikawa, poka-yoke, TPM e 5S. Desenvolveram o método PDCA, também conhecido como ciclo Deming. Projeto de Produtos O desenvolvimento de projeto de produtos na filosofia Just in Time busca reduzir a quantidade de peças a serem montadas ao mesmo tempo, quando há uma certa varie dade de itens. Isso é possível, pois o projeto do produto inclui o desenvolvi mento de peças padro- nizadas que podem ser combinadas para formar diferentes produtos. Podemos citar três técnicas utilizadas pelo JIT (CORREA; GIANESI, 2014): • Projeto Modular: Busca ao mesmo tempo projetar produtos com componentes em comum. Assim, é possível reduzir a quantidade de componentes necessários à fabricação. A variedade de produtos no JIT é conseguida com a combinação de um pequeno número de componentes; • Projeto visando à simplificação: O objetivo é projetar produtos que serão fáceis de fabricar e montar; • Projeto adequado à automação: Objetiva projetar produtos que tenham maior facilidade em se adaptar a uma possível automação na produção e montagem. Manutenção Produtiva Total (TPM, do inglês Total Productive Maintenance) A Manutenção Produtiva Total (TPM) é uma das ferramentas do JIT que atua no sen- tido de viabilizar o pleno funcionamento das máquinas no período previsto. Há manu- tenções que são praticadas pelos próprios operadores, como a manutenção autônoma e as manutenções preditivas e preventivas, que são programadas a fim de evitar paradas 13 UNIDADE Just in Time inesperadas. Há também a manutenção corretiva, que é evitada, mas pode acontecer e deve ser resolvida com as técnicas de resolução de problemas, propostas com o uso das ferramentas da qualidade, para que não ocorra mais; Além disso, técnicas e ferramentas do JIT como 5S (Seiri, Seiton, Seiso, Seiketsu, Shitsuke), FMEA (Failure Mode and Effect Analysis), OEA (Overall Equipament Efectiveness) e outras são usadas no contexto do TPM. Trabalhador Multi-Habilitado com Rodízio de Funções Dentro de uma equipe de trabalho, todos os trabalhadores devem ser treinados em várias funções (uns nas funções dos outros) para que haja intercambialidade de funções (FERNANDES; GODINHO, 2010). O objetivo é que todos estejam envolvidos no processo, compreendendo não só a sua função, mas todas as funções necessárias. Assim, é pos- sível substituir a mão de obra, em caso de falhas (faltas no trabalho), entregar etapas em processamento adequadas (já que o trabalhador entende não só o seu processo, como também o processo como um todo) e resolver problemas de processo com mais facilidade (já que todos conhecem todas as etapas do processo). Utilização de Fábricas Focalizadas Ao invés de se ter uma grande fábrica que produza todos os produtos, devem ser construídas pequenas fábricas especializadas. As vantagens são: maior facilidade de admi- nistração, menores custos, dentre outros. Além disso, inclui-se a utilização de máquinas pequenas e baratas em vez de grandes máquinas; as principais vantagens são: maior facilidade de manuseio, menores riscos nas decisões de investimento e custos menores (FERNANDES; GODINHO, 2010). Princípios e Ferramentas Diretamente Relacionados ao PCP Os princípios e ferramentas diretamente relacionados ao PCP envolvem decisões de programação e planejamento da produção: como deveremos organizar a nossa fábrica? Como serão emitidas as ordens de produção? Quais quantidades (tamanhos de lotes, estoques etc.)? Como melhoraremos os tempos de set up e de produtividade? Qual será o sistema de coordenação de ordens? Essas perguntas são respondidas com os princípios e ferramentas que regem o JIT no âmbito do PCP. Os princípios do JIT são, segundo Fernandes e Godinho (2010): • Puxar a produção em todos os estágios do sistema produtivo; • Regular o fluxo de materiais de um sistema produtivo de forma que este fique line- arizado entre os estágios de produção e intra-estágios; • Trabalhar de acordo com um programa de produção nivelado para que a carga de trabalho seja uniforme; • Eliminar ao máximo a mão de obra indireta para executar as atividades do controle de produção, atribuindo aos operários grande responsabilidade. Já as principais ferramentas do JIT são, segundo Fernandes e Godinho (2010): 14 15 Tecnologia de Grupo ou Manufatura Celular No chão de fábrica, o JIT prega que deve ser utilizada a chamada Tecnologia de Grupo ou Manufatura Celular. Esse tipo de layout consiste na divisão de todos os componentes em famílias e todas as máquinas em grupos, de tal forma que todos os elementos de uma família possam ser processados em somente um grupo de máquinas. Cada um desses grupos de máquinas recebe o nome de célula. Isso é fundamental para se conseguir uma simplificação do fluxo de materiais no chão de fábrica, dentre outros benefícios (FERNANDES; GODINHO, 2010). Redução do Tempo de Set Up Os tempos de preparação (set up) das máquinas são vistos como desperdício e, por- tanto, devem ser combatidos. A estratégia do JIT, em vez de aceitar tempos de set up fixos, prega que os tamanhos de lote de produção devem ser pequenos e, para isso, me- lhorias devem ser conseguidas para a redução dos tempos de set up. A seguir, veremos um dos métodos propostos pela filosofia JIT para alcançar a redução do tempo de set up, que é o SMED (FERNANDES; GODINHO, 2010). Troca Rápida de Ferramentas (SMED, do Inglês Single Minute Exchange of Die) Existem oito técnicas do SMED. Podemos destacar os seguintes passos, segundo Fernandes e Godinho (2010): • Separação das operações de set up externo e interno: As operações de prepa- ração podem ser realizadas com a máquina funcionando (set up externo) ou podem ser realizadas com a máquina parada (set up interno); • Converter set up interno em set up externo: Deve-se tentar converter ao má- ximo os setups em externos, para que seja possível aproveitar o tempo de pro- dução da máquina; • Adotar operações paralelas: Muitas vezes, operações de um set up podem ser feitas paralelamente, reduzindo-se o tempo de set up total; • Eliminar ajustes: Deve-se reconhecer que ajuste é diferente de preparação. Ajustar significa mexer ou modificar a preparação. Isso deve ser evitado e, se possível, eliminado. Redução do Tamanho do Lote A prática da redução do tamanho do lote objetiva (FERNANDES; GODINHO, 2010): • Minimizar os investimentos com estoques; • Reduzir tempos de fluxo; • Reagir rapidamente às mudanças de demanda; • Auxiliar a descoberta de problemas de qualidade. Três conceitos importantes para essa questão são o tempo takt ou takt time, o tempo de ciclo e o nivelamento de linha (chamado de heijunka). 15 UNIDADE Just in Time O takt time pode ser definido como o tempo que sincroniza precisamente a veloci- dade de produção à velocidade da demanda. Ele é obtido pela relação entre o tempo disponível diário de produção e o número de peças requeridas por dia (FERNANDES; GODINHO,2010): ( ) ( ) tempodisponívelde produção diário Takt time demanda diário = O tempo de ciclo é definido como o tempo de execução da operação, ou das operações, na máquina, ou ponto mais lento. É o ritmo máximo possível, mantidas as condições normais (FERNANDES; GODINHO, 2010). O nivelamento ou balanceamento da linha, ou ainda heinjunka, busca alocar as ta- refas necessárias para a execução completa da montagem ou fabricação nos postos de trabalho que compõem a linha, de modo a garantir que todos os postos tenham cargas de trabalho equivalentes. Desse modo, o tempo de ciclo da linha (intervalo de tempo entre a finalização de dois itens consecutivos) é dado pelo tempo de ciclo das estações de trabalho, que devem ser iguais. Quando a linha está desbalanceada, determinada estação de trabalho tem um tempo de ciclo maior do que o das outras, fazendo com que esse seja o tempo de ciclo da linha. As estações que levam menos tempo para executar suas tarefas permanecem ociosas, pois somente recebem outro produto para processar a intervalos iguais ao tempo de ciclo da linha em sua totalidade. Como consequência, grande ênfase é dada ao balanceamento das linhas, visando aumentar a produtividade (CORRÊA; CORRÊA, 2019). Dispositivos do sistema Kanban A lógica de programação puxada é normalmente operacionalizada com o sistema Kanban. Esse sistema de programação foi inicialmente pensado por Taiichi Ohno, na década de 1960, então gerente de um setor da montadora Toyota no Japão, com base no sistema de atendimento ao cliente e na reposição de estoques das prateleiras dos supermercados que, na época, estavam sendo implantados em substituição aos antigos armazéns (TUBINO, 2017); Dada a sua origem, os dispositivos utilizados para operar o sistema Kanban têm seus nomes relacionados à dinâmica de operação dos supermercados, bem como à língua japonesa. Kanban, por exemplo, significa sinalização visual, ou cartão, em japonês. Existem várias formas de se trabalhar a programação puxada via sistema Kanban, sendo que, na forma-padrão, os dispositivos normalmente empregados, ilustrados na Figura 2, são (TUBINO, 2017): • Cartão Kanban; • Painel ou quadro Kanban; • Contenedor; • Supermercado. 16 17 K K K K K K K Quadro Porta–Kanban Posto Fornecedor Posto Cliente Supermercado P1 P2 P3 Pn Figura 2 – Sistema de dispositivos Kanban Fonte: Adaptada de TUBINO, 2017 O sistema Kanban funciona com a montagem prévia pelo PCP de um estoque inter- mediário (supermercado) entre o fornecedor e o cliente, onde os itens são colocados em lotes-padrão dentro de contenedores com sinalizações (cartões Kanban). Uma vez que o cliente retire os itens de um contenedor para consumo, esvaziando-o, ele colocará o cartão Kanban na devida posição no quadro porta-Kanban e disponibilizará o contenedor vazio para reposição (TUBINO, 2017). Por seu turno, o fornecedor está autorizado a, sempre que houver cartões no quadro, segundo regras de prioridade, pegar um cartão e providenciar sua reposição, recolocando o contenedor com o lote-padrão e o cartão de volta no supermercado. Existem diferentes formas para operar o sistema puxado, decorrentes de adaptações desses dispositivos básicos a situações práticas específicas encontradas nas empresas (TUBINO, 2017). Cartão Kanban Em um sistema puxado, os cartões Kanban têm a função, conforme a finalidade a que se destinem, de substituir as ordens de produção, de montagem, de compra ou de movimentação. Em cada uma dessas situações, há necessidade de colocar as informações indispensáveis específicas para a produção, montagem, movimentação ou compra dos itens a que se destinam. O cartão Kanban terá sempre sua área de atuação restrita à relação entre o cliente e o fornecedor, que pode ser interno ou externo (TUBINO, 2017). De forma geral, os cartões Kanban convencionais são confeccionados de material durável para suportar o manuseio decorrente do giro constante entre os estoques do cliente e do fornecedor do item. Eventualmente, quando se empregam sistemas infor- matizados para gerenciar o sistema Kanban, em situações em que há uma variedade de itens muito grande para a operacionalização manual, o cliente pode destruir o cartão quando do uso dos itens e o fornecedor pode emitir um novo cartão em substituição ao mesmo (TUBINO, 2017). 17 UNIDADE Just in Time Figura 3 – Exemplo de cartão Kanban Fonte: Reprodução O cartão Kanban de produção ou de montagem, também chamado de Kanban em pro- cesso, é empregado para autorizar a fabricação ou montagem de determinado lote de itens. Esse tipo de cartão Kanban normalmente necessita, para operar, de (TUBINO, 2017): • Especificação do processo e do centro de trabalho fornecedor, onde este item é produzido; • Descrição do item, com seu código e especificação; • Local onde o lote deve ser armazenado após a produção; • Tamanho-padrão do lote que será fabricado; • Tipo de contenedor para esse item; • Número de emissão desse cartão em relação ao número total de cartões de produção para esse item; • Relação dos materiais necessários para a produção desse item e local onde se deve buscá-los; • Código de barras que, ao ser lido, agilizará o fluxo de informações do banco de dados do ERP. Um segundo tipo de cartão Kanban é o de movimentação, também chamado de cartão Kanban de transporte, retirada ou requisição, que permite que as movimen- tações de itens dentro da fábrica sejam incluídas na lógica do sistema puxado. Dessa forma, o fluxo de informações para a movimentação, assim como para a produção, se dá sem a interferência do pessoal do PCP (TUBINO, 2017). Assim como no cartão Kanban de produção, no cartão Kanban de movimentação, devem constar apenas informações indispensáveis para a movimentação dos itens entre os dois supermercados (TUBINO, 2017). Dentre as informações, tem-se o(a) (TUBINO, 2017): • Descrição do item, com seu código e especificação; • Especificação do centro de trabalho fornecedor onde o item é produzido, e o local no supermercado onde se encontra armazenado o lote a ser movimentado; 18 19 • Especificação do centro de trabalho cliente onde o item será consumido, e o local onde se deve depositar o lote requisitado; • Tamanho do lote que será movimentado; • Tipo de contenedor para esse item; • Número de emissão desse cartão em relação ao número total de cartões de movi- mentação para esse item; • Código de barras que, ao ser lido, agilizará o fluxo de informações do banco de dados do ERP. Esse cartão funciona como uma requisição de materiais, autorizando o fluxo de itens entre dois supermercados do sistema produtivo que foram projetados para armazenar o mesmo tipo de item (TUBINO, 2017). Dinâmica do cartão Kanban de movimentação Quando se consegue desenvolver em parceria com os fornecedores externos o sis- tema puxado para acionar as reposições de itens comprados, usa-se o chamado cartão Kanban de fornecedores. O uso do sistema puxado com os fornecedores simplifica e racionaliza todas as atividades logísticas de reposição dos itens comprados, visto que os fornecedores parceiros ficam previamente autorizados a repor os lotes-padrão, na maioria das vezes, diretamente na linha de produção do cliente, a partir do recebimento dos cartões Kanban (TUBINO, 2017). Dessa forma, além das informações usuais em um cartão Kanban de movimentação, o cartão Kanban de fornecedor possui informações detalhadas quanto à forma e ao mo- mento em que o fornecedor terá acesso às instalações do cliente para promover a entrega do lote. As informações básicas de um cartão Kanban de fornecedor são as seguintes (TUBINO, 2017): • Nome e código do fornecedor autorizado a fazer a entrega; • Descrição do item a ser entregue, com seu código e especificação; • Especificação do centro de trabalho onde o lote do item deve ser entregue, e local onde se deve depositar o lote requisitado; • Lista de horários, ou ciclos diários, em que se devem fazer asentregas dos lotes; • Tamanho do lote que será entregue; • Tipo de contenedor para esse item; • Número de emissão desse cartão em relação ao número total de cartões de forne- cedor para tal item; • Código de barras que, ao ser lido, agilizará o fluxo de informações do banco de dados do ERP, inclusive as financeiras, para registro e pagamento do fornecimento. A operacionalização do sistema Kanban com fornecedores é semelhante às apre- sentadas para o sistema interno, sendo que os fornecedores terão um ponto de coleta dentro da fábrica, um coletor ou um quadro porta-Kanban, onde recolherão os seus cartões e contenedores vazios e, dentro de períodos preestabelecidos, retornarão com os cartões e os contenedores cheios para depositá-los nos respectivos supermercados (TUBINO, 2017). A Figura 4 apresenta a lógica de funcionamento dos tipos de Kanban. 19 UNIDADE Just in Time – Re preenchido Kanban Box Cliente / Consumidor / Sink Kanban Signal Fornecedor / Produtor / Fonte Figura 4 – Lógica de sequência de ações com o Kanban Painel ou Quadro Porta-Kanban O painel ou quadro porta-Kanban é utilizado em conjunto com o cartão Kanban dentro do sistema de programação puxado para sinalizar e sequenciar a necessidade de reposições dos supermercados. No quadro porta-Kanban, projeta-se uma coluna para cada item existente no respectivo supermercado. Essas colunas são subdivididas em linhas, ou células, onde os cartões Kanban são fixados (TUBINO, 2017). Dependendo da quantidade de cartões planejados, pode-se colocar um cartão Kanban por célula ou, em situações em que se utilizam muitos cartões por item, estabelecer um número-padrão de cartões por célula. Geralmente, como o dimensionamento do número de Kanbans no sistema é um processo dinâmico, algumas dessas células, ou até mesmo colunas, podem, no momento, não estar sendo usadas. O quadro porta-Kanban é sinalizado com três faixas de cores: verde, amarela e ver- melha. A faixa vermelha reserva espaço para os cartões que compõem o estoque de segurança do sistema. A faixa amarela permite afixar os cartões referentes à quantidade de itens suficientes para abastecer a demanda do cliente durante o tempo necessário para uma produção em ritmo normal desse item (lead time de reposição), ou seja, essa quantidade somada aos estoques de segurança compõe o ponto de pedido. Já na faixa verde, disponibiliza-se espaço para colocar os demais cartões dimensionados para esse item. Essas três faixas são utilizadas para sequenciar de forma visual a reposição dos supermercados, à medida que, quanto mais perto da faixa vermelha os cartões de um item estiverem, mais urgente é a sua reposição (TUBINO, 2017). A Figura 5 apresenta um exemplo de painel Kanban. 20 21 Quadro Kanban Informação Figura 5 – Painel Kanban Supermercado e Contenedores Além do cartão Kanban e do quadro porta-Kanban, o sistema Kanban utiliza como dispositivo de controle um local predeterminado de armazenagem, chamado de super- mercado, onde os contenedores com os lotes-padrão e os cartões Kanban dos itens são colocados à disposição dos clientes, conforme apresenta a Figura 6 (TUBINO, 2017). Figura 6 – Exemplo de supermercado Kanban Fonte: Reprodução Como a implantação do sistema Kanban tende a diminuir a quantidade de itens esto- cados, pela redução do tamanho e pelo aumento do giro dos lotes, os supermercados podem ser posicionados dentro do chão de fábrica, o mais perto possível dos fornecedores e clientes, evitando-se os almoxarifados centrais, com a vantagem de se acelerarem os tempos de movimentação na entrega e no consumo dos lotes, que, por si só, levam à nova redução dos estoques, num ciclo de melhoramentos contínuos pregado pela estratégia da manufatura enxuta (TUBINO, 2017). 21 UNIDADE Just in Time É importante, nessas situações, em que se está implantando o sistema Kanban em substituição a um sistema logístico já existente, procurar mudar o mínimo possível a situação atual, adaptando os atuais contenedores e locais de armazenagem, evitando, assim, resistências iniciais e demoras desnecessárias na implantação, até porque, na maioria das vezes, o sistema antigo continuará a valer para determinado grupo de itens em que não se aplica a programação puxada (TUBINO, 2017). Dimensionamento do Sistema Kanban Para o planejamento e a montagem dos supermercados que ficarão à disposição dos clientes no sistema Kanban, precisam-se definir duas variáveis: o tamanho do lote para cada cartão e o número de lotes, ou cartões, que comporão o supermercado desse item. Em situações em que não é possível produzir lote a lote, deve-se definir também uma terceira variável que é o número de lotes de disparo da produção (TUBINO, 2017). Inicialmente, há necessidade de se estabelecer o tamanho do lote para cada item, pois, com base nele, é que se dimensionará o número total de lotes ou cartões circulando no sistema (TUBINO, 2017). Na estratégia da manufatura enxuta, de forma geral, e no sistema de programação puxada via Kanban, em particular, onde se monta o supermercado antes do consumo, deve-se procurar trabalhar com lotes menores possíveis (TUBINO, 2017). Na prática, preservando o princípio geral de lotes econômicos os menores possíveis, normalmente existem alguns fatores do chão de fábrica relacionados à logística de arma- zenagem e fornecimento que irão balizar a definição do tamanho do lote no sistema Kanban, entre eles, o tamanho do contenedor onde serão colocados os itens, o tamanho do lote de produção do equipamento fornecedor, as limitações de peso para movimentações manuais, a dinâmica de consumo pelo cliente, entre outros. Como o sistema Kanban irá conviver e, muitas vezes, ocupar espaços conjuntos com itens que estão sendo controlados de forma empurrada, na implantação do sistema, deve-se inicialmente tentar aproveitar a estrutura física atual disponível na empresa (TUBINO, 2017). Definidos os tamanhos dos lotes por cartão Kanban, pode-se então projetar quantos desses lotes serão necessários no supermercado para manter sempre o cliente abastecido. Existem várias fórmulas para se projetarem os supermercados, mas, mantendo o princípio da simplicidade inerente às ferramentas da estratégia da manufatura enxuta, a Fórmula 1 apresenta uma das alternativas mais simples para esse cálculo, sendo que refinamentos para cada aplicação específica podem ser feitos em cima de cada uma das variáveis da fórmula (TUBINO, 2017): ( )1k d D N N S Q = ´ ´ + Onde: • Nk: Número total de cartões Kanban no supermercado; • D: emanda média do item; • Q: Tamanho do lote do cartão Kanban ou capacidade do contenedor; 22 23 • Nd: Número de dias de cobertura da demanda no supermercado; • S: Segurança no sistema em percentual de cartões. Exemplo 1 Suponha uma célula com quatro máquinas que trabalham com o Kanban e produzem o produto A. A demanda diária do produto é de 1.500 peças. A capacidade do conte- nedor que move as peças entre as máquinas é de 12 peças. O tempo de produção médio unitário é de aproximadamente 9,2 minutos (0,02 dias de oito horas) e o tempo médio de espera e transporte diário é de aproximadamente 48 minutos (0,1 dia de oito horas). A empresa utiliza um coeficiente de segurança de 5%. Qual o número de Kanbans R e P necessários? Sendo Kanbans R os cartões de requisição ou movimentação e os Kanbans P, os de produção. Resolução: ( )1k d D N N S Q = ´ ´ + ( )1500 0,02 0,1 1,05 15,75 16 12k N cartõesKanban= ´ + ´ = » Se quisermos calcular quantos cartões devem ser para produção e quantos cartões são para a movimentação, deveremos calcular Nk considerando que o número de dias de cobertura (Nd) será somente o especificado ou para produção ou para movimentação, conforme segue: ( )1500 0,02 1,05 2,625 3 12p N cartõesKanbande produção= ´ ´ = » ( )1500 0,1 1,05 13,125 13 12m N cartõesKanbandemovimentação= ´ ´ = » Lembre-se: O Nk é o total de cartões Kanban. Logo, a soma de k p m N N N= + . Assim, devemosanalisar as aproximações feitas do resultado do número de cartões para que essa soma seja verdadeira. Por exemplo, se aproximássemos o número de cartões de movimentação para 14 cartões, o total de cartões Kanban deveria ser 17 e não 16. Contudo, por regra de aproximação, arredondamos para baixo e assim a soma está verdadeira. 23 UNIDADE Just in Time Material Complementar Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Vídeos Explicando o sistema Kanban com um cartão – Parte 1 SILVA, M. J. Explicando o sistema Kanban com um cartão – Parte 1 https://youtu.be/Z-caz_C8Myw Explicando o sistema Kanban com um cartão – Parte 2 SILVA, M. J. Explicando o sistema Kanban com um cartão – Parte 2 https://youtu.be/RDquVKDtVkQ Leitura Administração da Produção SLACK, N.; BRANDON-JONES, A..; JOHNSTON, R. CAP. 15: Produção Enxuta. In.: Administração da Produção. 8. ed. São Paulo: Ed. Atlas, 2002. (e-book) A máquina que mudou o mundo WOMACK, J. P. JONES, D. T. ROOS, D. Cap. 1, 2, e 3. In.: A máquina que mudou o mundo. São Paulo: Campus, 2004. Sistema Toyota de Produção GUINATO, P. Sistema Toyota de Produção. Produção. vol.5, no.2, São Paulo, 1995. 24 25 Referências CCA, C. E. CCA Express. Disponível em: http://www.ccaexpress.com.br/blog/siste- ma-Kanban-na-logistica/. Acesso em: 12/02/2021. CORRÊA, H. L.; CORRÊA, C. A. Administração de produção e operações: manufa- tura e serviços: uma abordagem estratégica. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2019. ________.; GIANESI, I. G. N. Just in Time, MRP II e OPT. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2014. FERNANDES, F. C. F.; GODINHO, M. F. Planejamento e controle da produção. São Paulo: Atlas, 2010. MANUFACTUS, M. SOLUTIONS. Manufactus – Manufacturing Solutions. Dispo- nível em: https://www.Kanban-system.com/pt-br/sistema-Kanban-e-controle-de-puxa- da/. Acesso em: 12/02/2021. MORGAN, J. M.; LIKER, J. K. Sistema Toyota de desenvolvimento de produto: integrando pessoas, processo e tecnologia. Porto Alegre, RS: Artmed, 2008. TUBINO, D. F. Planejamento e controle da produção: teoria e prática. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2017. 25
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